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2003
PASIN/BORGES
174 A NOVA DEFINIÇÃO DE PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA
1. Introdução
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Um dos países que mais tem lançado mão dessa forma de realização de
empreendimento é a Irlanda, onde o National Development Plan (NDP) de
2000-2006 identificou a PPP como um componente necessário para a reali-
zação dos investimentos priorizados [National Roads Authority (2003)]. No
caso irlandês, como em muitos dos casos europeus [Ecosoc (2003)], a
justificativa para o uso da PPP envolveu:
• o compartilhamento de risco com o setor privado;
• a redução do prazo para a implantação dos empreendimentos (uma vez
que, ao contar com recursos privados, as inversões deixavam de estar
sujeitas exclusivamente às possibilidades de aporte do setor público);
• o estímulo à introdução de inovações, modernizações e melhorias por
parte do setor privado;
• a possibilidade de realização de um maior número de projetos;
• a liberação de recursos públicos para outros projetos prioritários sem
condições de retorno financeiro e sem capacidade de serem realizados
por meio da PPP; e
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3. O Caso Brasileiro
O Brasil já teve, em épocas antigas e recentes, práticas que poderiam ser
definidas como PPP, em uma concepção abrangente. Desde os tempos de
colônia, passando pelo Império, as ordens e irmandades religiosas cuidam
de assistência social, cemitérios, orfanatos e educação, recebendo dotações
de cofres públicos e contribuições privadas. Sindicatos e órgãos de classe
ou patronais também atuaram e ainda atuam assim. Empresários recebiam
títulos de nobreza em função de investimentos em áreas de atuação do
Estado.
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Esse projeto de lei foca o debate nos aspectos jurídicos, mas a discussão do
tema extravasa em muito a mera definição legal, por influir em aspectos
culturais e financeiros sobre a gestão e as fontes de financiamento para
investimentos do setor público.
Parece importante que a PPP seja uma opção final, quando não for possível
transferir o risco comercial para o parceiro privado. Não existe a menor
dúvida de que, se não for assim, a PPP será não uma alternativa, mas a única
opção aceitável pelas empreiteiras do setor privado, que só consentirão em
participar de concessões sem risco de mercado. Foi assim em outros lugares
do mundo e não será diferente no Brasil.
Outro aspecto que traz mais luz sobre o tema da PPP é o exame das esferas
de poder em que o processo pode ser executado. Existiram e existem PPPs
no Brasil no âmbito tanto federal quanto estadual e municipal. Os processos
podem ser completamente diferentes, dependendo da esfera de competência
e ainda em uma mesma esfera legal, estando sujeitos a sucessivos programas
em diferentes governos.
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1 É interessante observar que, mesmo dentro dos grupamentos listados, é possível estabelecer
subgradações.
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2 Embora nem todo project finance derive de atividade afeita ao setor público.
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3 Por exemplo, o Estado brasileiro pode preferir distribuir os medicamentos que produz através da
rede privada de farmácias, em vez de criar uma rede estatal concorrente.
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Para que uma PPP tenha lugar, o parceiro privado exigirá que lhe seja
assegurado o retorno do capital investido. Se essas taxas não forem atrativas,
o Estado deverá cobrir a diferença até torná-las competitivas com outras
atividades. No projeto de lei levado a consulta pública em outubro de 2003,
esse retorno pode ser através de pagamentos diretamente em dinheiro,
cessão de créditos não-tributários, outorga de direitos sobre bens públicos
ou em face da administração pública e outros admitidos em lei. Entre esses
últimos, podem ser citados o pagamento de dividendos, vantagens fiscais
ou parafiscais e ganhos na cadeia de produção do parceiro privado. Na
verdade, a literatura lista tantas formas quanto a criatividade, a legislação e
os valores culturais consigam enumerar.
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Cabe atentar para o fato de que uma PPP exigirá, em geral, prazos dilatados
de planejamento, elaboração, implantação e operação (em alguns países,
chegaram a ser de seis a dez anos para os grandes projetos), que não con-
dizem com as esperanças, que o tema PPP desperta hoje, de constituir-se em
uma ampla solução para todos os problemas de investimento do país. Sua
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8. Conclusão
A definição de PPP ainda não foi concluída, em termos acadêmicos nacio-
nais, em todas as ciências afetadas, confundindo-se, por força da literatura
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estrangeira (que tem outras bases legais e culturais), ora com concessão, ora
com project finance, ora designando toda atividade que envolva parceiros
públicos e privados. As descrições também não traduzem suas técnicas
específicas, diante da diversidade das experiências. Não se deve confundir,
ainda, escalas, pois misturar soluções de projetos locais com aquelas dire-
cionadas para projetos de grande envergadura gera o risco de generalizações
perigosas, diante dos diferentes graus de fiscalização e de envolvimento das
comunidades atingidas.
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Para que sua aplicação seja coroada de sucesso, a PPP deve proporcionar ao
setor público alguma economia mensurável de recursos, ganho identificado
de eficiência ou geração de relevante externalidade positiva com sua reali-
zação.
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