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ARROZ DO CÉU

– GUIÃO DE LEITURA
Guião de leitura do conto “Arroz do Céu”
de José Rodrigues Miguéis, Gente da Terceira Classe
Ao longo dos passeios de Nova York, por sobre as estações e galerias do subway, abrem-
se grandes respiradouros gradeados por onde cai de tudo: o sol e a chuva, o luar e a neve,
luvas, lunetas e botões, papelada. chewing gum, tacões de sapatos de mulheres que ficam
entalados, e até dinheiro. Às vezes, lá no fundo, no lixo acumulado ou em poças de água
estagnada, brilham moedas de níquel e mesmo de prata. Os garotos ajoelham de nariz
colado às grades, tentando lobrigar tesouros na obscuridade donde sopra um hálito
húmido e oleoso e o cheiro dos freios queimados. Fazem prodígios de habilidade e
obstinação para pescar as moedas perdidas. Alguns têm êxito nisso, mas depois
engalfinham-se em disputas tremendas sobre a posse e a partilha do tesouro: nunca se
sabe quem foi que viu primeiro.

Outros, quando a colheita promete, chegam a arriscar nisso algum capital: juntam as
posses, e entram dois, é quanto basta, no subway; uma vez lá dentro, trepam sub-
repticiamente aos respiradouros, o que é uma difícil operação de acrobacia, para colher
aquele dinheiro-de-ninguém, enquanto um ou mais camaradas vigilantes os vão guiando cá de fora. Também os há
que entram sem pagar, por entre as pernas da freguesia e agachando-se por baixo dos torniquetes.

O limpa-vias trabalhava há muitos anos no subway, sempre de olhos no chão. Uma toupeira, um rato dos canos.
Picava papéis na ponta de um pau com um prego, e metia-os no saco. Varria milhões de pontas de cigarros, na
maioria quase intactos, de fumadores impacientes, raspava das plataformas o chewing gum odioso, limpava as
latrinas, espalhava desinfectantes, ajudava a pôr graxa nas calhas, polvilhava as vias de um pó branco e misterioso, e
todas as vezes que o camarada da lanterna soltava um apito estrídulo – lá vem o comboio! – Ele encolhia-se contra a
parede negra, onde escorriam águas de infiltração, na estreita passagem de serviço. Até já tinha ajudado a recolher
pedaços de cadáveres, de gente que se atirava para debaixo dos trens, e a transportar
os corpos exangues de velhos que de repente se lembravam de morrer de ataque
cardíaco, nas horas de maior ajuntamento, uns e outros perturbando o horário e
provocando a curiosidade casual e momentânea dos passageiros apressados. Sempre
de olhos no chão, bisonho e calado, como quem nada espera do Alto, e não esperava. A
vida dele vinha toda do chão imundo e viscoso. Nem sequer olhava a lívida claridade
que resvala dos respiradouros para o negrume interior, onde tremeluzem lâmpadas
eléctricas, entre as pilastras inumeráveis daquela floresta subterrânea metalizada:
nunca lhos tinham mandado limpar. Eram provavelmente o domínio exclusivo de
operários especializados, membros de outro sindicato, que ele não conhecia. Nem
talvez soubesse que existiam os respiradouros. Era estrangeiro, imigrante, como tanta
gente. Não brincara nem vadiara na voragem empolgante das ruas da grande cidade, e
vivia perfeitamente resignado à sua obscuridade. Devia aquele emprego a um camarada
que era membro dum clube onde mandavam homens de peso, mas ele de política não
entendia nada, nem fazia perguntas. Como tinha nascido na Lituânia, ou
talvez na Estónia, só falava em monossílabos; e, debaixo da pátina oleosa e negra que o ar do subway nela imprimira
com o tempo, a sua face era incolor e a raça indistinta. Antes disso tinha trabalhado em escavações, um «toupeira».
Este emprego era muito melhor, embora também fosse subterrâneo. E não tinha que falar o inglês, que mal entendia.

Ora, à esquina de certa rua, no Uptown, há uma igreja, a de São João Baptista e do Santíssimo Sacramento, a todo o
comprimento de cuja fachada barroca e cinzenta os respiradouros do subway formam uma longa plataforma de aço
arrendado. Os casamentos são frequentes, ali, por ser chique a paróquia e imponente a igreja. O arroz chove às

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cabazadas em cima dos noivos, à saída da cerimónia, num grande estrago de alegria. Metade dele some-se logo pelas
grelhas dos respiradouros, outra parte fica espalhada nas placas de cimento do passeio. Depois dos casamentos, o
sacristão ou porteiro da igreja, de cigarro ao canto da boca, varre o arroz para dentro das grades, por comodidade.
Provavelmente é irlandês, o arroz não lhe interessa, nem se ocupa de pombos: pombos é lá com os italianos, que,
apesar de se dizerem católicos, são uma espécie de pagãos. O que se derramou no pavimento da rua, lá fica: é com os
varredores municipais.

Volta e meia há casório, sobretudo no bom tempo, ou aos domingos. E um desperdício de arroz, não sei donde vem o
costume: talvez seja um prenúncio votivo de abundância, ou um símbolo do «crescei e multiplicai-vos» (como arroz).
A gente pára a olhar, e tem vontade de perguntar: «A como está hoje o arroz de primeira cá na freguesia?»

Aquela chuva de grãos atravessa as grades, resvala no plano inclinado do respiradouro,


e, se não adere à sujidade pegajosa ou ao chewing gum (o bairro é pouco dado a
mastigar o chicle), ressalta para dentro do subterrâneo, numa estreita passagem de
serviço vedada aos passageiros.

A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe
debaixo das botifarras, o limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para
dentro do saco cilíndrico, com um aro na boca. Mas como ia agora por ali com mais
frequência, notou que a coisa se repetia. O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil colares desfeitos no
escuro da galeria. O homem matutou: donde é que viria tanto arroz? Intrigado, ergueu os olhos pela primeira vez
para o Alto, e avistou a vaga luz de masmorra que escorria da parede. Mas o respiradouro, se bem me compreendem,
obliquava como uma chaminé, e a grade, ela própria, ficava-lhe invisível do interior. Era dali, com certeza, que caía o
arroz, como as moedas, a poeira, a água da chuva e o resto. O limpa-vias encolheu os ombros, sem entender.
Desconhecia os ritos e as elegâncias. No casamento dele não tinha havido arroz de qualidade nenhuma, nem cru,
nem doce, nem de galinha.

Até que um dia, depois de olhar em roda, não andasse alguém a espiá-lo, abaixou-se,
ajuntou os bagos com a mão, num montículo, e encheu com eles um bolso do macaco.
Chegado a casa, a mulher cruzou as mãos de assombro: alvo, carolino, de primeira!
Dias depois, sempre sozinho, varreu o arroz para dentro de um cartucho que apanhara
abandonado num cesto de lixo da estação, e levou-o para casa. Pobres, aquela fartura
de arroz enchia-lhes a barriga, a ele, à patroa e aos seis ou sete filhos. Ela habituou-se,
e às vezes dizia-lhe: «Vê lá se hoje há arroz, acabou-se-nos o que tínhamos em casa.»
Confiada naquele remedeio de vida!

O limpa-vias nunca perguntou donde é que chovia tanto grão, sobretudo no bom tempo, pelo Verão, e aos domingos,
que até parecia uma colheita regular. Embrulhava-o num jornal ou metia-o num cartucho, e assim o levava à família.
Ignorando que lá em cima era a Igreja de São João Baptista e do Santíssimo Sacramento, e como tal de bom-tom, não
sabia a que atribuir o fenómeno. Pelo lado da raiz, no subway, os palácios, os casebres e os templos não se
distinguem.

E foi assim que aquela chuva benéfica, de arroz polido, carolino, de primeira, acabou por lhe dar a noção concreta de
uma Providência. O arroz vinha do Céu, como a chuva, a neve, o sol e o raio. Deus, no Alto, pensava no limpa-vias, tão
pobre e calado, e mandava-lhe aquele maná para encher a barriga aos filhos. Sem ele ter pedido nada. Guardou
segredo – é mau contar os prodígios com que a graça divina nos favorece. Resignou-se a ser o objecto da vontade
misericordiosa do Senhor. E começou a rezar-lhe fervorosamente, à noite, o que nunca fizera: ao lado da mulher.
Arroz do Céu...

O Céu do limpa-vias é a rua que os outros pisam.

In Gente da Terceira Classe, Lisboa, Editorial Estúdios Cor, 1971, pp. 67-71 (1ª ed. 1962)

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TESTE DE COMPREENSÃO DO CONTO

"ARROZ DO CÉU" DE JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS

Depois de teres ouvido / lido o conto, resolve a seguinte ficha para verificar se o compreendeste bem.

A. Indica se as seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas CORRIGINDO AS FALSAS:

1. O limpa-vias é um homem que varre as ruas da cidade.


2. A família do limpa-vias é composta por ele, mulher, 3 filhos e uma avó.
3. A primeira vez que o limpa-vias viu o arroz, apanhou-o e levou-o para casa.
4. O limpa-vias costuma apanhar o arroz e leva-o para casa para a família comer.
5. O arroz que o limpa-vias apanha vem de um armazém de arroz.
6. Para o limpa-vias o arroz é uma dádiva do Céu.

B. Selecciona a melhor opção das apresentadas:

1. O limpa-vias é originário da: 4. O limpa-vias costumava levar o arroz para casa:


a) Alabama ou Alasca. a) no boné.
b) Polónia ou Letónia. b) num balde.
c) Ucrânia ou Geórgia. c) num cartucho de papel.
d) Estónia ou Lituânia d) no bolso.
2. Nos respiradouros caem: 5. Pelos respiradouros do metropolitano caía arroz
a) peúgas, latrinas, neve. proveniente de:
b) luvas, botões, pastilha elástica, dinheiro. a) um mercado abastecedor da cidade;
c) botões, papeladas, óculos. b) uma igreja de fachada barroca;
d) luvas, sapatos, latas.
c) um armazém de arroz.
3. Devido ao seu trabalho, a sua face era: 6. A família do limpa-vias ficou:
a) incolor e a raça indistinta. a) pouco satisfeita pois não gostava de arroz.
b) de cor amarela e a raça oriental. b) pouco satisfeita pois já comia muito arroz.
c) de cor negra e a raça africana. c) satisfeita, pois assim não passava fome.
d) de raça cigana. d) satisfeita, porque só comia arroz.

C. Para saberes se compreendeste bem o conto "Arroz do Céu", preenche a seguinte grelha:

ESPAÇO DA AÇÃO

PRINCIPAIS MOMENTOS
DA AÇÃO DO CONTO.

4 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


I. ESTRUTURA / AÇÃO
1. O conto “Arroz do Céu” pode ser dividido em cinco partes. Delimita cada uma dessas partes e distingue o assunto
de cada uma delas.

Parágrafos do texto Assunto

1.2.Delimita as seguintes partes da narrativa :


introdução (ou situação inicial), desenvolvimento (ponto culminante) e conclusão (desenlace).

Segmentos do texto Assunto

INTRODUÇÃO
(Acontecimentos
principais -situação
inicial: o dia-a-dia
de um limpa-vias )

DESENVOLVIMENTO
(acontecimento
inesperado:
-mudança na vida
familiar)

CONCLUSÃO
(situação final)

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ESPAÇO
1. No início do conto é feita a localização espacial da acção. Indica-a.
2. Por que razão é que os garotos dedicam tanto tempo aos respiradores?
2.1. Que estratégias utilizam os garotos para alcançar o que se encontra lá em baixo?

3.Os respiradouros por onde cai o arroz são o elemento de ligação entre o subway e o Uptown.
Contudo, o arroz não tem a mesma importância para estas duas partes da cidade.
3.1. Faz corresponder as seguintes expressões ao subway e ao Uptown, tendo em conta o significado que o
arroz tem em cada um desses espaços.
“chuva benéfica”, “trabalho”, “obscuridade”, “prenúncio votivo de abundância”, “mundo abastado”,
“imponente igreja”, “chão imundo e viscoso” , “cerimónias”, “enchia-lhes a barriga”, “sustento”,
“lívida claridade”, “símbolo do “crescei e multiplicai-vos” , ” maná”, “desperdício”, pobreza”, “grande
estrago de alegria”, “arroz carolino, de primeira”, “negrume interior”

CONCLUSÃO:
A acção deste conto passa-se em Nova Iorque, e dentro da cidade são apresentados dois espaços distintos.
Subway Uptown
↓ ↓
Símbolo do mundo ao Símbolo do mundo ao
qual o Limpa-vias pertence qual o Limpa-vias não pertence
↓ ↓
6 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis
O LIMPA-VIAS RECOLHE O MUNDO ABASTADO
QUE OUTROS DESPERDIÇAM QUE DESPERDIÇA

SÃO DOIS MUNDOS QUE SE TOCAM, MAS NUNCA SE MISTURAM.

EMPRÉSTIMOS
São elementos lexicais que podem ser internos a uma língua ou estrangeirismos adoptados por essa língua.
A palavra janela é um empréstimo da própria língua, porque além do seu significado comum (Abre a janela
para arejar a casa), passou a designar também uma área do ecrã do computador, por tradução do inglês
window. O mesmo se passa com o vocábulo rato (o animal e o periférico de entrada que envia informação
para o computador).
Os estrangeirismos são palavras que a língua não conseguiu adaptar: marketing, software, ballet,
croissant… Na língua portuguesa, os estrangeirismos mais significativos são os anglicismos e os galicismos,
palavras inglesas e francesas.

1. No conto “Arroz do céu” surge ainda outro estrangeirismo. Identifica-o e diz qual o seu significado.
2. Repara no seguinte exemplo: O meu hobby preferido é fazer natação.
O meu passatempo preferido é fazer natação.
2.1.O estrangeirismo foi substituído por uma palavra portuguesa. Tendo em conta este exemplo,
reescreve as seguintes frases:
a) Tens que utilizar uma password para aceder ao programa.
b) O staff da minha empresa é muito competente.
c) Hoje, a Luísa foi a um casting.
d) Este produto tem um bom slogan.
3. Completa as seguintes frases com as palavras que te são dadas:
Paparazzi; performance; bluff; skinhead, stock; check up; check in
a) O António fez no jogo de cartas.
b) Amanhã vou fazer um de rotina para ficar mais descansada.
c)No jornal, informaram que dois jovens foram incomodados por um indivíduo que pertencia a um grupo
.

7 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


d) Tenho que chegar ao aeroporto duas horas mais cedo para fazer o .
e) A loja de discos tem pouco .
f) Adorei a do actor principal da peça de teatro.
g) Os actores de Hollywood normalmente são perseguidos pelos .

AS PERSONAGENS
1. Faz o levantamento das personagens do conto, inscrevendo-as no quadro que se segue:

PERSONAGENS PRINCIPAIS PERSONAGENS SECUNDÁRIAS PERSONAGENS FIGURANTES


Personagens mais importantes, cujas Personagens menos importantes, cujas personagens que estão presentes
acções têm importância para o acções não têm tanta importância para mas não intervêm nos
desenrolar dos acontecimentos, o desenrolar dos acontecimentos; são acontecimentos da história: têm
modificando / alterando de alguma normalmente adjuvantes ou oponentes como único objectivo ilustrar o
forma a situação inicial da história. É da personagem principal. ambiente e o espaço social, cultural,
o herói. …

2. Na primeira apresentação da personagem principal é aqui feita, ficamos a saber:

a sua profissão o local onde é exercida o trabalho diário do limpa-vias.

.
3. Para caracterizar o Limpa-vias, o narrador utiliza a expressão “uma toupeira, um rato dos canos”. Isto
significa que…

a) O Limpa-vias gostava de andar dentro dos canos.


b) O Limpa-vias passava muito tempo no subterrâneo.
c) O Limpa-vias era peludo e cheirava mal.

4. Identifica o recurso estilístico presente na expressão acima mencionada.


4.1. Transforma-o de modo a obteres uma comparação.
4.2. De acordo com a informação que se segue, identifica o modo de caracterização presente na expressão
acima referida:
Caracterização Directa A Caracterização Indirecta
As personagens são caracterizadas é inferida pelo leitor a partir dos actos,
directamente, quando as suas atitudes e comportamentos da
características são apresentadas personagem ao longo da acção.
explicitamente pelo narrador, por O retrato é traçado, principalmente o
outras personagens ou por elas psicológico e o social, recorrendo a
próprias. factos e / ou atitudes.

8 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


5. Caracteriza o limpa-vias, utilizando as seguintes expressões do conto:
“estrangeiro”, “raça indistinta”, “imigrante”, “só falava em monossílabos”, “pobre”, “patina oleosa e negra”,
“face incolor”, “sempre de olhos no chão”, “bisonho e calado”, “resignado”

Retrato físico Retrato psicológico Condição social

- Indicação de particularidades como


hábitos, sentimentos, temperamento,
- Indicação de particularidades como
- Indicação de particularidades relacionamento com os outros… - A
profissão, estatuto económico, nível
como altura, estatura, cor dos caracterização psicológica feita de forma
cultural… - A caracterização social feita de
olhos.. - É geralmente feita de directa, é, normalmente, realizada
forma directa, é, normalmente, realizada
forma directa, mas o facto de a através de adjectivos como sensato,
através de adjectivos como rico, pobre,
personagem ser apresentada a teimoso, obstinado, perspicaz, tolerante,
culto, desfavorecido, desempregado… -
carregar grandes pesos indica agressivo… - Quando é realizada de
Quando é realizada de forma indirecta, é o
uma constituição física forma indirecta é ao leitor que cabe a
leitor que tem de inferir a qualidade de
robusta, dando-nos, assim, atribuição das qualidades de corajosa a
pobreza em relação a uma personagem que
uma característica física de uma personagem que é apresentada a
mora numa rua estreita, sem sol e com as
forma indirecta. salvar sozinha a sua casa em chamas,
casas em ruína.
quando todas as outras já haviam
desistido

Ao longo do conto, o Limpa-vias mostra desconhecer algumas das utilidades do arroz.


6. Atenta nos 7º, 8º e 9º parágrafos e preenche o quadro:
6.1.Assinalando tudo o que o Limpa-vias desconhecia.
6.2.Apontando as razões para o desconhecimento dos aspectos apresentados.

6.1 O Limpa-vias desconhecia… 6.2 porque…

9 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


7. O desconhecimento destes aspectos levou o Limpa-vias à mudança: quer a nível das atitudes
perante o concreto, quer a nível das suas crenças.
7.1. Completa o esquema com a evolução das suas reacções relativamente ao arroz, de acordo com
o modelo.

A primeira vez → ignorou-o porque considerou-o lixo

Vezes seguintes → …………………………… porque ………………………………………...

Um dia → ……………………………………… porque ………………………………………...

A partir desse dia → ……………………………. porque ………………………………………...

8. A evolução do Limpa-vias teve outras consequências. Recorda a frase “Sempre de olhos no chão (…)
como quem nada espera do Alto e não espera.”
8.1. Justifica a utilização de maiúscula na palavra Alto.
8.2.Que podemos concluir relativamente à fé do Limpa-vias?
8.3. Comprova com elementos do texto que a importância do arroz conduziu o Limpa-vias a uma
mudança relativamente à sua fé.
8.4.Esta mudança implicou ainda outras atitudes. Completa as frases com palavras tuas.

Guardou segredo, pois…


Resignou-se à vontade de Deus porque…
Começou a rezar-lhe para …

9. Sublinha, neste excerto, a frase que caracteriza o arroz.

“A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe debaixo das
botifarras, o limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico, com um
aro na boca. Mas como ia agora por ali com mais frequência, notou que a coisa se repetia. O arroz limpo e
polido brilhava como as pérolas de mil colares desfeitos no escuro da galeria. O homem matutou: donde é
que viria tanto arroz?”

9.1. Qual o recurso estilístico presente na frase que sublinhaste? Completa a frase que se segue:

O arroz é descrito de uma forma muito sugestiva, trata-se de uma . O arroz é


a pérolas, realçando o que ambos têm em comum: a brancura e o brilho.

9.2. Se pensares um pouco existem outras coisas igualmente brilhantes: lâmpadas, estrelas, velas. Tudo
isto brilha intensamente no escuro.

10 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


1. O narrador compara o arroz a pérolas e não a lâmpadas, velas ou estrelas porque…

a) …as lâmpadas e as velas são pouco brilhantes.


b) …as pérolas são mais raras e muito valiosas.
c) …as estrelas estão demasiado longe.

2. A comparação entre as pérolas e o arroz significa que…

a) para o Limpa-vias o arroz era tão raro e tão valioso como pérolas.
b) o Limpa-vias encontrava colares de pérolas desfeitos junto com o arroz.
c) o sonho do Limpa-vias era ter muitas pérolas.

9. O “arroz do céu” teve duas consequências na vida do limpa-vias: uma, é de ordem material; outra,
espiritual. Indica uma e outra.

10. Assim, a imagem que o limpa-vias tem do arroz também muda ao longo da acção. Completa o texto
com palavras / expressões retiradas do quadro 2.

Texto lacunar quadro 2

Primeiro, o arroz foi visto como ……………………………….……..…, mas começa


a destacar-se porque era …………………………………..…….…, polido e brilhava,
ao contrário dos detritos. Depois, passou a ser um ………….…………………..…: divina / limpo
alvo, carolino, de primeira! A importância que ganhou na subsistência da lixo / maná
família e a sua origem possivelmente …………………….……………..…, deu-lhe alimento de
uma imagem de …………………………………………., isto é, de alimento dado qualidade
pelos deuses.

11. Como deves ter reparado, os últimos parágrafos do conto têm várias expressões com significado
religioso. Relê-os atentamente e, seguidamente, escreve nos espaços vazios as palavras ou
expressões ligadas à religião, preenchendo o esquema.

11 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


Campo lexical

Ao seleccionares as
palavras e ao agrupá-las
em volta do conceito de
religião, acabaste de criar
um campo lexical. Como
podes ver, trata-se de um
conjunto de palavras que
se podem associar à
volta de uma ideia,
conceito ou realidade.

Palavras parónimas
Uma das palavras usadas para caracterizar o limpa-vias foi “imigrante”. Sabes qual o seu significado?

Imigrante Emigrante
▼ ▼
pessoa que imigra: que vem estabelecer-se pessoa que emigra; que deixa o seu país
num país que não é o seu. para se estabelecer noutro.

Estados Unidos da América


← Estónia ou Lituânia

12 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


Palavras parónimas: são palavras semelhantes a nível fónico e a nível gráfico, mas que não são equivalentes a
nível do significado ( têm grafia e som semelhantes e são passíveis de confusão dada essa semelhança).
1. Faz corresponder as seguintes palavras e o seu significado correcto, de modo a obteres pares de
palavras parónimas.
( sono, ascender, emergir, extracto largura, incidente, evadir, ilegível, iminente, rebelar,
cumprimento, crer, parecer, apreender, discrição, mandado, assassínio )
PARÓNIMAS SIGNIFICADO SENTIDOS PARÓNIMAS SIGNIFICADO
comprimento INSTRUIR-SE / ASSIMILAR sonho
HOMICIDA / HOMICÍDIO
MOSTRAR / INSURGIR
descrição VIR À SUPERFÍCIE / MERGULHAR mandato
MEDIDA / SAUDAÇÃO

assassino DESCREVER / DISCRETO perecer


PERÍODO DE ACÇÃO POLÍTICA / ORDEM

querer FUGIR / APODERAR-SE aprender


QUE NÃO SE PODE LER / SER

elegível VONTADE DE DORMIR / SONHAR imergir


PRESTES A ACONTECER / ELEVADO

eminente ACREDITAR / PRETENDER invadir


ILUMINAR / ELEVAR

revelar QUE PODE SER ELEITO acender


MORRER / APARENTAR

estrato CAMADA / ALGO EXTRAÍDO, SEPARADO acidente


ACONTECIMENTO CASUAL GRAVE /
ACONTECIMENTO CASUAL SEM GRAVIDADE
2. Atenta nas frases seguintes e classifica as palavras sublinhadas:
a) A mulher do limpa-vias comprou uma saia linda. O limpa-vias saía muito tarde do trabalho.
b) O limpa-vias está sem dinheiro. Os seus pais deram-lhe cem euros.
c) A sua mulher foi ao banco pedir um empréstimo. O limpa-vias sentou-se num banco a descansar.
d) O limpa-vias arrumou o arroz na despensa. Ele vai pedir dispensa do serviço nocturno.

ACERCA DE – CERCA DE- HÁ CERCA DE


1. Escreve-se ACERCA DE: com o sentido de “a respeito de” (O limpa-vias falou acerca do arroz à mulher.)
2. Escreve-se CERCA DE: com o sentido de “mais ou menos” (Ele recolheu cerca de um quilo de arroz.)
3. Escreve-se HÁ CERCA DE: com o sentido de “intervalo de tempo” (O limpa-vias trabalha há cerca de 3
meses no subway.)

13 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


Exercícios:
Falámos tudo e mais Foi de três dias que ele reparou no
alguma coisa. arroz.
Não sei nada disso. Portugal tem de 10 milhões de
Estive em Nova-Iorque de um habitantes.
mês. Foi um grande casamento: estavam lá 500
O seminário foi da pobreza. pessoas.
O que me dizes de irmos O seu trabalho é de quê?
de metro? Já não ando de metro de 6 meses.

CONTUDO – COM TUDO


1. Escreve-se CONTUDO:- quando se trata da conjunção adversativa (tal como “MAS”, “PORÉM”)
O limpa-vias trabalha, contudo não ganha o suficiente para sustentar a família.
2. Escreve-se COM TUDO:- quando se trata de uma preposição seguida de um pronome indefinido.
Naquele dia, o limpa-vias ficou tão feliz que se esqueceu do saco com tudo lá dentro!
Nasci à beira-mar, não sei nadar. isto desarrumado, nem penses que vais sair!
Arruma o quarto como estava. o que tens feito, bem mereces um descanso.
o que reuni na Internet, já posso Estudei bastante, parece que não sei nada.
fazer um bom trabalho; não me Fiquei transtornada o que me contaste.
posso limitar a copiar o que encontrei. Tenho dinheiro e não sou feliz.

DEMAIS – DE MAIS
1. Escreve-se DEMAIS: com o sentido de “os outros”, “os restantes”
O limpa-vias e os demais emigrantes vivem com muitas dificuldades.
2. Escreve-se DE MAIS: com o sentido de “demasiado”, “a mais”
O limpa-vias trabalha de mais.
Isto é . Não corras que ficas com
o aluno saiu da sala e os ficaram lá dor de barriga.
dentro. Portugal e os países da Europa
Estou cansada para te aturar. são muito procurados pelos emigrantes.
Estás a comer .

SE NÃO - SENÃO
1. Escreve-se SE NÃO: quando SE é uma conjunção e NÃO é um advérbio ( com o sentido de “caso não”.
(Se não tivesse encontrado o arroz, passaria fome.)
2. Escreve-se SENÃO: com o sentido de “apenas”, “excepto” (Ninguém ligava àquele arroz, senão o
limpa-vias.)
Perdes o comboio, te apressares. Não sei nadar de costas.
encontrar arroz, a família não terá Não tinham nada para comer,
jantar. arroz.
percebes, diz. Não dizes asneiras.

A CARTA

14 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


A CARTA
Querida mãe, querido pai. Então que tal? Espero que não demorem a mandar
Nós andamos do jeito que Deus quer Novidade na volta do correio
Entre dias que passam menos mal A ribeira corre bem ou vai secar?
Em vem um que nos dá mais que fazer Como estão as oliveiras de "candeio"?
Mas falemos de coisas bem melhores
Já não tenho mais assunto pra escrever
A Laurinda faz vestidos por medida
Cumprimentos ao nosso pessoal
O rapaz estuda nos computadores
Um abraço deste que tanto vos quer
Dizem que é um emprego com saída
Sou capaz de ir aí pelo Natal
Cá chegou direitinha a encomenda
Pelo "expresso" que parou na Piedade
Pão de trigo e linguiça pra merenda
Sempre dá para enganar a saudade
1. Acabaste de ouvir uma canção que se chama “POSTAL DOS CORREIOS”; observa a estrutura da carta e
rescreve a canção, obedecendo a essa estrutura e introduzindo os elementos necessários.

- para saudar ou
apresentar
brevemente o
objectivo da carta;

- para tratar - para encerrar o


com algum assunto e fazer
pormenor o
despedidas
assunto
principal,
introduzir
outros assuntos
e apresentar
argumentos, se
necessário;

Além da necessidade de respeitar a estrutura da carta, é fundamental a utilização das fórmulas


de tratamento e dos registos de língua adequados ao destinatário e à situação

2. Como sabes, o limpa-vias é imigrante em Nova Iorque. O seu país de origem é a Estónia ou a Lituânia
e, provavelmente, deixou lá alguns familiares. Hoje, ele resolveu escrever uma carta à mãe, contando
a sua nova vida em Nova York.
1. Redige a carta que o limpa-vias escreveu à mãe.

15 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


O NARRADOR
Para se partilhar uma história é necessário contá-la.
O narrador é uma entidade imaginária que conta a história. É uma das três entidades da história, sendo
as outras o autor e o leitor. O leitor e o autor habitam o mundo real. A função do autor é criar um mundo
alternativo, com personagens, cenários e acontecimentos que formem a história. A função do leitor é
entender e interpretar a história. Já o narrador existe no mundo da história (e apenas nele) e aparece de
uma forma que o leitor possa compreendê-lo.

1. Lê o seguinte excerto:
“Volta e meia há casório, sobretudo no bom tempo, ou aos domingos. É um desperdício de arroz, não sei donde
vem o costume: talvez seja um prenúncio votivo de abundância, ou um símbolo do «crescei e multiplicai-vos»
(como arroz). A gente pára a olhar, e tem vontade de perguntar: «A como está hoje o arroz de primeira cá na
freguesia?»
“Aquela chuva de grãos atravessa as grades, resvala no plano inclinado do respiradouro, e, se não adere à
sujidade pegajosa ou ao chewing gum (o bairro é pouco dado a mastigar o chicle), ressalta para dentro do
subterrâneo, numa estreita passagem de serviço vedada aos passageiros.”

2. Quem conta este excerto da história do limpa-vias?


a) O limpa-vias b) O autor c) O sacristão d) O narrador

Narrador participante / não participante


O narrador pode contar a história de diferentes maneiras. Completa o texto com o vocabulário que te é dado.

1. Pode participar na história que está a narrar e VOCABULÁRIO 2. Pode contar uma história
nesse caso é um narrador . na qual não participa e
Assim, se for a personagem principal da história Heterodiegético nesse caso é um narrador
que conta, é um narrador de . Homodiegético .
Se for apenas uma das personagens secundárias é Autodiegético Este narrador narra a acção
um narrador de . na pessoa.

1. Identifica no excerto as oito formas verbais que te indicam que estamos na presença de um narrador não
participante.
“A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe debaixo das botifarras, o
limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico, com um aro na boca. Mas como
ia agora por ali com mais frequência, notou que a coisa se repetia. O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de
mil colares desfeitos no escuro da galeria. O homem matutou: donde é que viria tanto arroz?”
2. Se o narrador fosse o limpa-vias as formas verbais passariam para a 1ª pessoa e estaríamos perante um
narrador participante. Imagina então que o narrador é o limpa-vias e transforma o texto.

“A primeira vez que aquele arroz derramado no chão, e os bagos a debaixo das
botifarras, não caso; com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico, com um aro na boca.
Mas como agora por ali com mais frequência, que a coisa se repetia.
O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil colares desfeitos no escuro da galeria. E :
donde é que viria tanto arroz?”

Posição do objetivo subjetivo


narrador não toma posição face aos toma posição, declara ou sugere a sua posição de
acontecimentos: é isento e adesão ou recusa, fazendo comentários, revelando a
imparcial. sua opinião; é parcial.

3. Relê o conto e transcreve passagens do texto onde sejam evidentes cada uma destas posições.

16 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


CLASSE DOS VERBOS
Os verbos são palavras variáveis que exprimem:
1. Acções – “Intrigado, ergueu os olhos pela primeira vez para o alto”
DEFINIÇÃO 2. Qualidades – “O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil
colares”
FLEXÃO MODOS TEMPOS NÚMERO PESSOAS

MODOS TEMPOS
PRESENTE PRETÉRITO PRETÉRITO PRETÉRITO FUTURO Existem
IMPERFEITO PERFEITO MAIS QUE IMPERFEIT ainda as
PERFEITO O formas
eu estudo eu estudava eu estudei eu eu verbais não
INDICATIVO
estudara estudarei finitas:
que eu que eu se/quando *Infinitivo
CONJUNTIVO (pessoal e
estude estudasse eu estudar
eu impessoal)
CONDICIONAL *gerúndio
estudaria
estuda / *particípio
estude passado
IMPERATIVO /estudemos
/ estudai /
estudem
VERBOS REGULARES: MANTÉM O RADICAL
1ª CONJUGAÇÃO 2ª CONJUGAÇÃO 3ª CONJUGAÇÃO
Verbos de tema em –a Verbos de tema em -e Verbos de tema em -i
FORMAS ESPECIAIS DE CONJUGAÇÃO
Conjugação Pronominal Conjugação Pronominal verbos defectivos
CONJUGAÇÃO (Verbo conjugado com Reflexa (Verbos que só se conjugam
pronome pessoal. EXº: (Verbo conjugado com em algumas pessoas. EXº
amá-lo) pronome reflexo. EXº: chover)
lavar-se)
VERBOS IRREGULARES: NÃO MANTÊM O RADICAL
verbos verbos verbos verbos transitivos verbos
SUBCLASSES intransitivos transitivos transitivos DIRECTOS E copulativos
DIRECTOS INDIRECTOS INDIRECTOS
TPC: Copia o seguinte quadro no caderno diário e conjuga os verbos
REPETIR e VARRER
PRESENTE PRETÉRITO PRETÉRITO PRETÉRITO FUTURO
IMPERFEITO PERFEITO MAIS QUE IMPERFEITO
PERFEITO
INDICATIVO
CONJUNTIVO
CONDICIONAL
IMPERATIVO

17 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


CONJUGAÇÃO PRONOMINAL
1. As formas verbais sublinhadas, no seguinte excerto, encontram-se na conjugação pronominal.

“A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe debaixo das botifarras,
o limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico…”
“Embrulhava-o num jornal ou metia-o num cartucho, e assim o levava à família.”

1. Rescreve o texto substituindo os pronomes pessoais pelas palavras que lhes correspondem.
2. Identifica a função dessas palavras, nas frases que escreveste.

Pronome pessoal:
O pronome pessoal refere-se aos participantes do discurso, através de uma das três pessoas gramaticais, ou
representa um nome anteriormente expresso. Varia quanto à pessoa, ao número, ao género e à função. No
quadro que se segue encontram-se todas as formas do pronome pessoal e as funções sintácticas que
podem desempenhar:

Pronomes pessoais
FUNÇÕES SINTÁCTICAS
Número Pessoa COMPLEMENTO COMPLEMENTO
SUJEITO
DIRETO INDIRETO
primeira eu me mim, comigo
singular segunda tu te ti, contigo
terceira ele, ela o, a, lhe, se ele, ela, si, consigo

primeira nós nos nós, connosco


plural segunda vós vos vós, convosco
terceira eles, elas os, as, lhes, se eles, elas, si, consigo

2. Sublinha os pronomes pessoais presentes nas seguintes frases:


a) trepam sub-repticiamente aos respiradouros (…)para colher aquele dinheiro-de-ninguém, enquanto um ou
mais camaradas vigilantes os vão guiando cá de fora. Também os há que entram sem pagar, por entre as
pernas da freguesia (..).
b) Ele picava papéis na ponta de um pau com um prego, e metia-os no saco.
c) Nem sequer olhava a lívida claridade que resvala dos respiradouros (…) nunca lhos tinham mandado limpar.
d) Até que um dia, depois de olhar em roda, não andasse alguém a espiá-lo, abaixou-se, ajuntou os bagos com a
mão, num montículo, e encheu com eles um bolso do macaco.

2.1.Preenche o quadro com os pronomes pessoais que sublinhaste, colocando-os na coluna


adequada, consoante a sua função sintáctica.

SUJEITO COMPLEMENTO DIRETO COMPLEMENTO INDIRETO

18 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


CONJUGAÇÃO PRONOMINAL ( transformações dos pronomes o, a, os, as )

Quando juntamos pronomes aos verbos, há algumas regras que temos que ter em conta:
1 – Quando a forma verbal termina em vogal, o pronome não sofre alterações.

ex: Vi o filme. > Vi-o


2 - Quando a forma verbal termina em R, S, ou Z, estas consoantes caem e o pronome
verbo + lo,
pessoal passa a ser: -lo, -la, -los, -las.
la, los, las
ex: Vou ver o Luís. > Vou vê-lo.
Tu contas histórias. > Tu conta-las.
Ele faz os trabalhos de casa. > Ele fá-los.

3 - Se a forma verbal terminar em M ou em ditongo nasal (õe, ão), o pronome tomará as verbo +
formas: -no, -na -nos, -nas. no, na,
ex: Os alunos viram o filme. > Os alunos viram-no nos, nas
O João põe o livro na estante. > O João põe-no na estante.

4 – Quando a forma verbal estiver no modo condicional, o pronome coloca-se entre o radi- verbo +
cal do verbo e as terminações verbais (-ia, -ias, -ia, -íamos, -íeis, –iam). No entanto, como o pronome
radical termina em R, este cai e o pronome ganha um L, tomando a forma -lo, -la, -los, -las. + ia,
ias, ia,
ex: Eu levaria a bicicleta para a escola. > Eu levá-la-ia para a escola. íamos,
Tu convidarias os teus amigos para a festa. > Tu convidá-los-ias para a festa. íeis, iam.

5 - Quando a forma verbal estiver no futuro, o pronome coloca-se entre o radical do verbo
e as terminações verbais (-á, -ás, -á, -emos, -eis, –ão). No entanto, como o radical termina verbo +
em «R», este cai e o pronome ganha um L, tomando a forma -lo, -la, -los, -las. pronome
+ ei, ás,
ex: Ele entregará a encomenda a tempo. > Ele entregá-la-á a tempo. á, emos,
Eles pedirão a prenda à mãe. > Eles pedi-la-ão à mãe. eis, ão.
6 – Se a frase estiver na negativa, o pronome vai para antes do verbo, sem sofrer
alterações (tal como nalguns casos em que a frase está na forma interrogativa).

ex: Ele não levou o livro para a aula. > Ele não o levou para a aula
Já leste o livro todo?. > Já o leste todo?

CASOS ESPECIAIS:
Sempre que na frase se encontrem em contacto duas formas de pronome pessoal,
complemento directo e indirecto, elas contraem-se formando uma só palavra (em qualquer
_!
( formas
tempo verbal). contraídas )

ex: Já li o livro. Posso emprestar-to ( te o )


Encontraste a peça? Então dá-ma. (me a)

6. Substitui as expressões destacadas pelo pronome correspondente e faz as alterações necessárias:


Os rapazes tiraram as moedas do respiradouro. ele pôs o arroz dentro do saco.
Ele levará o arroz para casa. Aquele arroz mataria a fome à família e si próprio.
O limpa-vias contou tudo à mulher. A mulher pediu-lhe arroz.
Os colegas do limpa-vias não viram o lixo no chão. O limpa-vias vai arrumar o arroz na despensa.
O limpa-vias metia os papéis no saco. O sacristão não varre o arroz quando acabam os casamentos.

19 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


Desenlace do conto “Arroz do Céu”
1. O “arroz do céu” teve duas consequências na vida do limpa-vias: uma, é de ordem material; outra, espiritual.
1. Indica uma e outra.

.
“O céu do limpa-vias é a
rua que os outros pisam”

A frase final é profundamente irónica, dando a entender que há um Céu para os ricos
e outro Céu (muito mais baixo) para os pobres.
Preenche o esquema-síntese do conto com
palavras/expressões QUE OS CARACTERIZEM,
OPONDO-OS, segundo o modelo:
M SUBWAY
U
UPTOWN
N
M
D
U
O
N ABUNDÂNCIA
D D OBSCURIDADE
O O
CONSUMISMO
D L
O I FOME
S
O
ALEGRIA MMP
U LUXO A
T
R
V REMEDEIO
I
O
A
S

20 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


NARRATIVA ABERTA VS NARRATIVA FECHADA

História completa — Geralmente a história


começa por preparar o leitor para o que se vai
passar em algumas linhas iniciais (introdução). Só
então se narram os acontecimentos
(desenvolvimento) e, finalmente, também em Pode acontecer que o destino das
personagens fique suspenso,
poucas linhas, o leitor sente, através de um incompleto, A história não é
desenlace ( conclusão), opinião ou parecer, que totalmente solucionada (não se
conhecendo o final) ou
termina a história (conclusão ou final). permitindo ao leitor imaginar
uma continuação ou um final.
Sendo assim, trata-se de uma
Narrativa fechada — A este tipo de narrativa com narrativa aberta.
introdução, desenvolvimento e conclusão, damos o
nome de narrativa fechada porque sabemos a
sorte final das personagens.

É uma narrativa fechada porque a história foi


solucionada até ao pormenor, até um ponto que
sentimos como acabada.

21 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


Lê um possível desenlace para o conto Arroz do Céu:

Confiado naquele remedeio de vida, o limpa-vias vivia agora obcecado por aquele arroz
que Deus, lá no Alto, lhe mandava para encher a barriga dos filhos.
Todos os dias, levava um saco no bolso e apanhava, fervorosamente, todo o arroz que
encontrava.
Mas, certo dia, embrenhado na recolha do arroz, só tendo olhos para os bagos alvos, não se
apercebeu da chegada fatal do metropolitano das 17 horas.
Ajoelhado no meio da via, repentinamente, viu iluminarem-se os bagos; agora, nas suas
mãos, os bagos pareciam ouro!
Depois, um violento embate, sombras, trevas, uma sensação de entorpecimento, a
lembrança da mulher e dos filhos à espera do arroz do céu.
Em casa, a mulher e os filhos daí a pouco saberiam: aquela chuva de arroz polido,
carolino, de primeira, nunca mais os alegraria.

1. Um director de jornal enviou, ao local do sinistro, um jornalista pouco experiente que, embora tenha
recolhido todos os dados, tem muitas dificuldades em redigir uma notícia bem estruturada.
1.1.Partindo dos apontamentos do jovem jornalista e da informação sobre as características da
notícia, na página seguinte, ajuda-o a escrever a notícia.

O limpa-vias Antunius Juri de A reforçar esta hipótese foi


Eram 17 horas quando adiantado o facto de ter
de repente o condutor 43 anos de idade imigrante foi
atropelado por um sido encontrado no local
do metropolitano John do sinistro arroz espalhado
Smith, se deu conta de metropolitano tendo morte
imediata. pelo chão assim como um
um vulto na via; saco com arroz na mão do
travou de imediato sinistrado.
mas não conseguiu
evitar o embate. O limpa-vias que residia num dos
subúrbios de Nova Iorque deixa a As circunstâncias
mulher e os sete filhos sem desta morte
quaisquer recursos. permanecem
Um limpa-vias
obscuras: as
sucumbiu ontem à
autoridades locais
tarde na linha do O condutor afirma ainda que o referem a
metro em Nova limpa-vias nem sequer se possibilidade de o
Iorque. apercebeu da aproximação do limpa-vias ter
veículo pois que não fez tropeçado e caído na
qualquer tentativa de fuga. linha aí permanecendo

2. Como reparaste, o jornalista também não pontuou o seu texto. Ajuda-o novamente.

3. Dá um título preciso e sugestivo à notícia.

22 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


A NOTÍCIA
Notícia - estrutura e linguagem

A notícia é um texto de carácter informativo do domínio da Comunicação Social. Caracteriza-


se pela actualidade, objectividade, brevidade e interesse geral. Relata, por vezes, situações
pouco habituais. É redigida na 3.a pessoa. As informações são, geralmente, apresentadas por
ordem decrescente de importância.

A estrutura da notícia

Uma notícia bem estruturada deve ser constituída por:


1. A notícia é encabeçada por um TÍTULO que deve ser muito preciso e expressivo, para
chamar a atenção do leitor. Este título relaciona-se, habitualmente, com o que é
tratado no LEAD e pode ser acompanhado por um antetítulo ou por um subtítulo.

2. LEAD, CABEÇA ou PARÁGRAFO-GUIA - primeiro parágrafo, no qual se resume o


que aconteceu. É a parte mais importante da notícia e o seu objectivo é, não só captar
a atenção do leitor, mas ainda fornecer-lhe as informações fundamentais.
Neste parágrafo deverá ser dada resposta às seguintes perguntas essenciais: quem?, o
quê?, onde?, quando?

3. CORPO DA NOTÍCIA - desenvolvimento da notícia, onde se faz a descrição


pormenorizada do que aconteceu.
Nesta segunda parte, deverá responder-se às perguntas: como?, porquê?

ANTETÍTULO
TÍTULO
SUBTÍTULO
→quem?
LEAD → o quê?
→onde?
→quando?
CORPO DA
NOTÍCIA →como?
→ porquê?
→consequências?
→etc.…

O esquema acima refere-se à técnica da pirâmide invertida - é habitual representar-se


graficamente a notícia por esta pirâmide invertida.
Na prática, aparecem muitas notícias que não respeitam a estrutura atrás apresentada.

Características da linguagem da notícia

A linguagem a utilizar na notícia deverá respeitar os seguintes princípios:


- ser simples, clara, concisa e acessível, utilizando vocabulário corrente e frases curtas;
-recorrer prioritariamente ao nome e ao verbo, evitando sobretudo os adjectivos
valorativos;

23 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis


Este guião foi elaborado com base na seguinte bibliografia:
Uma análise do conto “Arroz do Céu” Maria Filomena Ruivo Ferreira Santos
Ilustrações a partir da Escola Virtual, Porto Editora
ficha formativa da Professora Paula do Aido Almeida
Manual: Oficina da língua 7, Carla Marques e outros, edições Asa

Algumas soluções / sugestões:

Nova Iorque, 19 de Novembro de 2006


Querida mãe,
Espero que, quando receberes esta carta, estejas de perfeita saúde.
Bem sei que esperavas notícias minhas mais cedo, mas nem sempre posso escrever quando
quero. A nossa vida por cá continua muito difícil. Ainda não entendo muito bem o inglês e sinto-
me muito sozinho. Além disso, o dinheiro é pouco e quase não chega para comer. Mas
ultimamente temos tido uma ajuda vinda do Céu. Tem caído muito arroz para dentro da estação
de metro onde trabalho. Não sei bem o que se passa, mas acho que Deus não se esqueceu de
nós…
Gostávamos muito de ir passar o Natal convosco, mas infelizmente não temos dinheiro para a
viagem. Pelo menos, este ano temos arroz com fartura para a ceia de Natal.
Tenho de terminar. Estou cheio de saudades vossas e mal posso esperar pela hora de vos voltar
a ver e a abraçar.
Um grande abraço cheio de saudade
OOteu filho

MORTE NA LINHA DO METRO


Um limpa-vias sucumbiu ontem à tarde na linha do metro em Nova Iorque.
O limpa-vias Antunius Juri de 43 anos de idade imigrante foi atropelado por um metropolitano
tendo morte imediata.
Eram 17 horas quando de repente o condutor do metropolitano John Smith, se deu conta de um
vulto na via; travou de imediato mas não conseguiu evitar o embate. O condutor afirma ainda que
o limpa-vias nem sequer se apercebeu da aproximação do veículo pois que não fez qualquer
tentativa de fuga.
As circunstâncias desta morte permanecem obscuras: as autoridades locais referem a
possibilidade de o limpa-vias ter tropeçado e caído na linha aí permanecendo inconsciente. A
reforçar esta hipótese foi adiantado o facto de ter sido encontrado no local do sinistro arroz
espalhado pelo chão assim como um saco com arroz na mão do sinistrado.
O limpa-vias que residia num dos subúrbios de Nova Iorque deixa a mulher e os sete filhos sem
quaisquer recursos.

24 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis

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