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PROBLEMÁTICA DA OBESIDADE
1
Ednara Gonçalves de Oliveira
Leila Daniele Fernandes da Silva Mesquita
RESUMO
Na atualidade, a obesidade tem sido considerada uma doença, de
componentes médicos e sociais prementes, que apresenta índices
epidêmicos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Discutir formas de
enfrentamento dessa questão no âmbito do Serviço Social revela-se
fundamental. Predominam abordagens dos aspectos biológicos da
patologia, quando na verdade, as nuances da obesidade envolvem
aspectos sociais dentre eles estigmatização, discriminação e até
mesmo, reclusão social dos indivíduos obesos. Nesse sentido, a
presente comunicação, propõe-se a discutir a problemática da
obesidade dando ênfase a seus aspectos sociais e destacando o
papel do Serviço Social frente à questão.
Palavras chaves: Serviço Social, Obesidade, Respostas profissionais
ABSTRACT
Nowadays, obesity has been considered a disease, of pressing
medical and social components, that shows epidemic levels
worldwide, including Brazil. The discussion of methods of dealing with
it in the Social Work scope shows itself fundamental. The approaches
of the biological aspects of the pathology predominate, when it,
actually, involves social matters such as stigmatization, discrimination,
and even social reclusion of obese individuals. In this sense, the
article intends to discuss obesity issue, emphasizing its social
aspects, especially the role played by the Social Work facing this
subject.
INTRODUÇÂO
1
Assistente Social, discente do Programa de Pós-graduação de Serviço Social da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Endereço: Rua Ambrosina de Lima nº 17, Bom Jesus, Rio Grande do Norte. Telefone: (84)3523-2284/
(84)8868-8433/ (84)3608-2223. E-mail: ednara.oliveira@yahoo.com.br,
narainaholiveira@gmail.com, narasso.ufrn@hotmail.com.
2
A obesidade configura-se hoje como uma problemática social, podendo ainda ser
entendida como uma expressão das mudanças ocorridas no mundo do trabalho, exigindo do
trabalhador mais rapidez e flexibilidade inclusive nos horários e nos modos de se alimenta,
das apelações exacerbadas ao consumo que leva os indivíduos a comerem e não
necessariamente a se alimentarem devidamente. A indústria alimentícia sai vitoriosa desta
ofensiva que instaura, não apenas modos de vida, mas modos de consumir e de se
alimentar em consonância com os interesses do grande capital mundializado. Na maioria
dos casos, o excesso de peso está relacionado ao excesso de comida e tem se agravado
por conta do modo de se alimentar: a pressa, o sedentarismo, o estresse da vida nos
grandes centros urbanos têm se revelado fatores que agravam a obesidade e suas
conseqüências. Para MOTTA (1998, p. 29):
Estas mudanças - seja em termos de ajustes seja em termos de
reestruturação industrial - determinam novas formas de domínio do capital
sobre o trabalho, realizando uma verdadeira reforma intelectual e moral,
visando a construção de outra cultura do trabalho e de uma nova
racionalidade política e ética compatível com a sociabilidade requerida pelo
atual projeto do capital.
Por sua vez, James (APUD SANTOS, 2003, p. 03) defende que existe uma relação
entre globalização e crescimento dos casos de obesidade. Ao referir-se a essa questão, o
autor propõe um novo conceito: globobesidade. Na sua concepção, os efeitos resultantes
dos processos de globalização chegam aos indivíduos carregados de uma lógica própria,
contraditória e antagônica, pondo por terra os sistemas vigentes, alterando o mundo do
trabalho, o espaço social, as famílias, as crenças e religiões. Como se sabe o consumo é
baseado nas necessidades materiais, regendo do vestir ao que comer. As campanhas
publicitárias, os “modernos” modos de vida, incitam a um consumo cada vez mais
dispendioso.
Felippe (1994, p. 35) refere-se ao “consumo imposto e desleal de produtos”,
basicamente porque não há necessidade de consumi-los e porque a lei da oferta é extensa.
Para o autor, a “indústria dos alimentos é poderosa e possui certa forma de motivar os
consumidores cada vez mais pra o consumo”.
nesse contexto, a mídia se destaca por sua grande influência com relação à
problemática da obesidade, mas tem um discurso extremamente contraditório. Por um lado,
como ressalta Fellipe (2001, p.11), “os meios de comunicação de massa bombardeiam as
pessoas com imagens que associam a felicidade à figura esbelta”. Por outro, alardeiam
benesses de alimentos, fast foods, dos eletrodomésticos milagrosos. Em geral, os alimentos
com maior teor de gordura, com maiores quantidades de aditivos químicos e conservantes
são aqueles mais acessíveis em termos de preço, fazendo com que a obesidade por má
alimentação constitua também um problema para as camadas mais pobres.
A problemática aqui tratada revela a pertinência e necessidade de uma reflexão
desta natureza no âmbito do serviço social, no sentido de ir além do tratamento das
expressões fenomênicas da obesidade, questionando os fundamentos da sociabilidade que
a produz e sustenta, com modos de vida e de se alimentar que produz o obeso e,
contraditoriamente, o relega, o discrimina.
Na literatura do Serviço Social, esta temática tem sido pouco trabalhada, existindo
apenas algumas produções cientificas na última década em decorrência do significante
aumento do número de casos de obesidade registrados no Brasil e no mundo. Para Fellipe
(1994, p. 32), uma das poucas autoras do Serviço Social a trabalhar o tema,
O peso social da obesidade é político e econômico é, portanto, social. O
peso social, pois diz respeito á relação entre as pessoas, envolve estigmas,
discriminação, preconceito, na produção e reprodução dos indivíduos.
além do aparente percebendo-as como reflexo das contradições entre as classes sociais e
as novas formas de não inclusão.
O novo contexto caracteriza-se também pelas novas roupagens que assumem as
refrações da questão social que necessitam de um arsenal de instrumentos teóricos,
políticos, técnicos e metodológico para o enfrentamento das questões que são postas ao
Serviço Social. Neste sentido:
[...] isso requer um sujeito profissional que tem competência para propor,
para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu
campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais. Requer ir
além das rotinas institucionais para buscar apreender, no movimento da
realidade, as tendências e possibilidades, ali presentes, passíveis de serem
apropriadas pelo profissional, desenvolvidas e transformadas em projetos
de trabalho (IAMAMOTO, 2006).
tratamento da patologia e maior politização e compreensão crítica da doença por parte dos
profissionais, dos pacientes e dos familiares confirmando a importância da intervenção
profissional, e do trabalho do Serviço Social
3. À GUISA DE CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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