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Universidade Federal do Rio de Janeiro 

Escola de Comunicação 
Língua Portuguesa I (LEV110) 
Professora: Anna Lyssa do Nascimento Donato Machado

Nos parágrafos iniciais do texto, Bagno afirma que a palavra “norma” possui dois
significados: “preceito estabelecido” e “uso corrente”. Inúmeros autores ressaltam o
fato do substantivo “norma” derivar dois adjetivos, “normativo” e “normal” os
quais correspondem, respectivamente, às duas variantes da palavra “norma”. Por
trás da palavra “norma culta” se encontram dois conceitos que explicam os dois
significados opostos da palavra. Afinal, “norma culta” se refere ao que é
normal/frequente ou ao que deveria ser regra imposta?
O antropólogo canadense, S. Aléong, define o normativo como um ideal
definido por um juízo de valor, ao contrário do normal, o qual é um conceito
matemático de frequência e comportamentos observados no cotidiano da
população.
Após tal definição de Aléong, Bagno define normativo como uma linguagem
idealizada e o normal como uma linguagem de uso corrente.
Bagno destaca o conceito de senso comum ou tradicional, é aquele que tem
forte circulação na sociedade. Apesar disso, se destaca como um forte preconceito,
de que só existe uma maneira certa de falar a língua, descartando todas as variantes
linguísticas e diferenças regionais, e referindo-se às regras gramaticais usadas para
falar a língua. Essas regras estampam os livros de gramática, que por sua vez se
baseiam somente na atividade linguística escrita, de um grupo pequeno de pessoas,
os importantes estilistas da língua. Esses gramáticos acabam criando um modelo de
língua, um certo padrão a ser seguido por qualquer pessoa que queira usar a língua
de uma forma “correta”.
Celso Cunha e Lindley Cintra ao lançarem sua Nova Gramática do
Português (1985) relatam que trata de uma descrição do português atual (falado na
época) na sua forma culta, da maneira como escritores portugueses, brasileiros e
africanos vêm usanddo desde o Romantismo até os dias atuais. Já Rocha Lima, em
sua Gramática normativa da língua portuguesa (1989) ressalta que essa tem
fundamento nas obras de grandes autores, as quais possuem na linguagem um ideal
de perfeição, onde se espelha o uso da língua. 
Apesar disso, a definição de “língua culta” feita por diversos autores, muitas
vezes não possui relevância, já que essa definição é associada com escrita literária,
há mais de 2500 anos por estudiosos da língua. Ao estudarem a língua de
reconhecidos escritores do passado e ignorarem completamente a língua falada,
usando somente a linguagem literária como material de investigação, os fundadores
da disciplina gramatical plantaram a semente do preconceito linguístico, já que
viam de maneira negativa as mudanças linguísticas, principalmente na língua
falada. Por isso, atualmente, as pessoas usam a língua escrita como aferição da
língua falada. 
Apesar disso, hoje, principalmente na sociedade brasileira, o uso da linguagem
literária como “modelo a ser seguido” é ultrajante, uma vez que somos um povo
com pouco hábito de leitura. Em contrapartida, somos uma nação conduzida pela
oralidade, que por sua vez é muito influenciada pelos meios de comunicação orais,
como rádio e televisão. 
Desse modo, corrobora-se que a primeira concepção de “norma culta” é um
conceito abstrato, que não corresponde a nenhum conjunto de regras reais que
ditam a atividade linguística. 
Temos então, o segundo conceito de “norma culta” estabelecido pela língua
falada por cidadãos que pertencem às frações mais favorecidas da população. São
essas: pessoas com ensino superior completo e com antecedentes biográfico-
culturais urbanos. Nas últimas três décadas, pesquisas mostram que há uma grande
diferença entre o que as pessoas chamam de “norma culta” - associação com a
tradição gramatical e o que pesquisadores profissionais denominam “norma culta” -
termo que designa formas linguísticas existentes na realidade social. Os cidadãos
que usam “norma culta” baseados na gramática, buscam em todas as manifestações
linguísticas (escritas e faladas) esse padrão de língua, que supostamente todos
deveriam ter como obrigação conhecer e respeitar.  Na atualidade, como é
praticamente impossível encontrar esse modelo ideal de língua escrita e falada, os
defensores da norma culta (normativa) acreditam que praticamente todas as
pessoas, de todas as classes sociais, falam “errado”. 
No senso comum, as pessoas associam às coisas cultas tudo aquilo que vem
de classes sociais privilegiadas. Quando usamos a palavra “culto(a)” para adjetivar
uma pessoa, significa que essa possui muita cultura, seja ela livresca, artística,
musical, etc.  Dessa forma, ao darmos o título de “culta” à certa norma, língua ou
maneira de escrever, estamos dizendo que as outras formas de escrita e fala seriam
“incultas”. Em contrapartida, para caracterizar pessoas com baixa escolaridade,
moradores rurais ou de zonas periféricas desprivilegiadas, é usada a expressão 
“língua/norma popular”.
Do ponto de vista literal, popular e culto não são antônimos, mas do ponto
de vista social sim. Logo pergunta-se: o povo brasileiro é somente os 135 milhões
de pessoas que não possuem acesso à escolaridade, lazer, moradia e alimentação
digna? Ou toda a nação brasileira de 175 milhões de pessoas? Temos com isso uma
dicotomia entre “culto” e “popular” errônea e dogmática, criada por uma sociedade
extremamente desigual e preconceituosa. 

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