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br
Índice
Í
CApa Política 28
Em fevereiro, as casas legislativas de todo
o país voltaram aos seus trabalhos. No
plano nacional, muita coisa estará em jogo
em 2011, projetos que podem mudar a
vida dos brasileiros – para melhor ou para
pior. É hora de acompanhar os trabalhos
daqueles que, eleitos por nós ou não,
serão nossos representantes nacionais nos
próximos quatro anos.
14 Águas Atitude
Um mergulho na vida
18 Resíduos
11 Atitudes 38
Empresas • ONGs • Governo
Oscar no lixo
22 Carros
“Mude seu jeito de andar”
24 Tecnologia
O carro que nasce da semente
36 Religião
A Criação geme em dores de parto
50 Turismo
Turismo estratégico
60 Natureza Especial
Gigantes pela própria natureza
72 Artigo
Eduardo Brandão
74 Tecnologia
77 Artigo
Delson Amador
78 Velho Ambiente
80 Da Redação
Estados
Espírito santo 64
Um olho no petróleo e outro na praia
T
Uma publicação da Novo Ambiente Editora e Produtora Ltda.
CNPJ/MF.: 12.011.957/0001-12 oda edição da Revista Novo Ambiente nos
Rua Professor João Doetzer, 280 - Jardim das Américas - 81540-190 - Curitiba/PR causa orgulho. Mas algumas representam
Tel/Fax: (41) 3044-0202 - atendimento@revistanovoambiente.com.br
revistanovoambiente.com.br marcos fundamentais. Nesta, falamos das
nossas águas, do lixo que leva ao Oscar, de automó-
Ano 01 - Edição 09 - Fevereiro/2011 - Distribuição dirigida e a assinantes
veis com menos emissões e de novos conceitos au-
Impressão - Posigraf A tiragem desta edição de 30 mil exemplares
Tiragem - 30 mil exemplares é comprovada pela BDO Auditores Independentes. tomobilísticos, da importância da religião na cons-
Diretoria-Geral cientização ambiental, de serviços ambientais, do
Dagoberto Rupp
dagoberto@revistanovoambiente.com.br turismo sustentável, de exemplos de um estado que
RELAÇões de mercado financeiro sabe conciliar a extração mineral e petrolífera com a
João Rodrigo Bilhan Jaqueline Karatchuk
rodrigo@revistanovoambiente.com.br jaqueline@revistanovoambiente.com.br preservação de suas riquezas naturais. Falamos de
Paula Santos
ADMINISTRATIVo
Mônica Cardoso
direitos daqueles que não têm voz – os animais –,
paula@revistanovoambiente.com.br monica@revistanovoambiente.com.br de qualidade de vida, de preservação. É também o
comercial (DEC)
Paulo Roberto Luz João Augusto Marassi
início da nossa série de matérias que mostrarão 11
paulo@revistanovoambiente.com.br joao@revistanovoambiente.com.br atitudes em verde e amarelo encabeçadas pelo Po-
João Claudio Rupp Rodrigo Nardon
joaoclaudio@revistanovoambiente.com.br nardon@revistanovoambiente.com.br der Público, ONGs e empresas e destinadas ao país e
conselho editorial
Dagoberto Rupp João Claudio Rupp
a você como brasileiro. A TAM e suas pesquisas para
dagoberto@revistanovoambiente.com.br joaoclaudio@revistanovoambiente.com.br um novo combustível menos impactante, a cidade
João Rodrigo Bilhan João Augusto Marassi
rodrigo@revistanovoambiente.com.br joao@revistanovoambiente.com.br de São José do Rio Preto, que mostra que a preven-
Carlos Marassi Fábio Eduardo C. de Abreu
marassi@revistanovoambiente.com.br fabio@revistanovoambiente.com.br ção é o melhor caminho para evitar tragédias com a
Paulo Roberto Luz
paulo@revistanovoambiente.com.br
Edemar Gregorio
edemar@revistanovoambiente.com.br
chuva, e as ONGs engajadas em ampliar o debate em
torno do novo Código Florestal.
Auditoria e controller - Marilene Velasco Projeto gráfico - Rafael de Azevedo Chueire
mara@revistanovoambiente.com.br rafael@revistanovoambiente.com.br Iniciamos uma nova seção, de tecnologia, para
editor-Chefe - Edemar Gregorio
edemar@revistanovoambiente.com.br
revisão - Karina Dias Occaso
karina@revistanovoambiente.com.br atender aos e-mails de estudantes e profissionais
Central de Jornalismo
que procuram em nossas páginas soluções confiáveis
Carlos Marassi Estanis Neto para o futuro de suas carreiras. A matéria de capa
marassi@revistanovoambiente.com.br estanis@revistanovoambiente.com.br
Fernando Beker Ronque Marcelo Ferrari trata de um assunto que nem sempre está entre os
fernando@revistanovoambiente.com.br ferrari@revistanovoambiente.com.br
Davi Etelvino Oberti Pimentel
nossos preferidos, mas que, definitivamente, muda
davi@revistanovoambiente.com.br
Leandro Dvorak
oberti@revistanovoambiente.com.br
Uirá Lopes Fernandes
os rumos de nossas vidas: a política. Como viver ig-
leandro@revistanovoambiente.com.br uira@revistanovoambiente.com.br norando-a?
Paulo Negreiros Dagoberto Rupp Filho
negreiros@revistanovoambiente.com.br dagoberto.filho@revistanovoambiente.com.br Sim, existem denúncias e elogios. Análise crítica,
Leonardo Pepi Santos Carolina Gregorio
leo@revistanovoambiente.com.br carol@revistanovoambiente.com.br opinião e comprometimento. É o fruto de nossos
Leonilson Carvalho Gomes
leonilson@revistanovoambiente.com.br trabalhadores braçais das letras, das imagens, dos
atendimento e assinaturas desenhos, da diagramação. É o fruto de um intenso
Mari Iaciuk
mari@revistanovoambiente.com.br
Raquel Coutinho Kaseker
raquel@revistanovoambiente.com.br
esforço, de debates, de paixão, de empenho para tra-
ILUSTRAÇÕES Webdesign zer a você uma publicação que acompanha as neces-
Marco Jacobsen Fernando Beker Ronque
marcojabsen@revistanovoambiente.com.br fernando@revistanovoambiente.com.br sidades de um novo tempo.
logística Tudo isso parece apenas propaganda própria,
Juliano Grosco
juliano@revistanovoambiente.com.br mas, como registram as primeiras linhas, é orgulho
Juvino Grosco Ricardo Adriano da Silva
jgrosco@revistanovoambiente.com.br ricardo@revistanovoambiente.com.br mesmo. Não o orgulho arrogante, mas o simplório,
Marcelo C. de Almeida
marcelo@revistanovoambiente.com.br
Tiago Casagrande Ramos
tiago@revistanovoambiente.com.br
de homens e mulheres comuns, que sentem que
Alexsandro Hekavei
alex@revistanovoambiente.com.br
Aélcio Luiz de Oliveira Filho
aelcio.filho@revistanovoambiente.com.br
estão fazendo diferença no mercado editorial e tra-
Bem-Estar zendo resultados em diferentes escalas para um país
Clau Chastalo
clau@revistanovoambiente.com.br
Maria Telma da C. Lima
telma@revistanovoambiente.com.br chamado Brasil. Obrigado pelo privilégio.
Ana Cristina Karpovicz Paulo Fausto Rupp
cris@revistanovoambiente.com.br paulofausto@revistanovoambiente.com.br
Maria C. K. de Oliveira Janete Ramos da Silva
maria@revistanovoambiente.com.br janete@revistanovoambiente.com.br Boa leitura!
Central de Jornalismo
FSC
Desenvolvimento com equilíbrio
7 Fevereiro/2011
Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Revista, sendo de total responsabilidade do autor.
Sustentabili... o quê?
Sustentabilidade ainda é uma palavra desconhecida para
56% dos consumidores brasileiros. Os dados são da pes-
quisa “O consumidor brasileiro e a sustentabilidade: ati-
tudes e comportamentos frente ao consumo consciente,
percepções e expectativas sobre a responsabilidade social
empresarial – pesquisa 2010”, realizada por iniciativa dos
institutos Akatu e Ethos. Apenas 16% dos entrevistados
souberam definir o conceito de sustentabilidade.
O conceito foi criado em 1987, por representantes dos
governos membros da Organização das Nações Unidas
(ONU). Eles definiram ação sustentável como sendo aquela
que atende às necessidades do presente sem comprometer
a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas pró-
prias necessidades.
No meio
Solução para o lixo hospitalar
Transformar lixo hospitalar em lixo comum. Esse é o traba-
lho do recém-lançado Newster 10, um esterilizador de resí-
duos de saúde infectados que tritura e esteriliza esses ma-
teriais sem produzir efeitos poluidores ao meio ambiente,
além de reduzir sensivelmente os gastos com a destinação
do lixo hospitalar, já que trata os resíduos e torna possível
descartá-los em lixo comum.
O aparelho em funcionamento tem a capacidade para
transformar resíduos com peso entre 15 kg e 18 kg por 25
ou 30 minutos. Os resíduos sofrem decomposição térmica
de proteínas, ruptura de membranas celulares e modifica-
ção química dos componentes celulares. Para isso, a tecno-
logia utiliza uma câmara hermética, com pressão atmosfé-
rica a altas temperaturas, em um ambiente úmido. O ma-
terial, depois de tratado, tem redução aproximada de 70%
de seu volume e de 30% do peso, livre de corpos cortantes,
com aspecto irreconhecível. Com isso, o sistema proporcio-
na segurança e a diminuição de riscos de infecção hospita-
lar. No Brasil, o aparelho é distribuído pela Traadex Impor-
tação e Exportação de Produtos Manufaturados Ltda.
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Fevereiro/2011 8
Protocolo de Nagoya
O Brasil assinou o Protocolo de Nagoya sobre Acesso
a Recursos Genéticos e a Repartição Justa e Equitati-
va dos Benefícios Advindos de sua Utilização. O Pro-
tocolo foi adotado na 10.a Conferência das Partes na
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), reali-
zada em outubro de 2010 em Nagoya, no Japão. Uma
vez em vigor, o documento estabelecerá as bases para
um regime internacional eficaz para acesso e reparti-
ção dos benefícios oriundos do uso da biodiversidade,
bem como dos conhecimentos tradicionais a ela as-
sociados. Como tal, representa um importante passo
para a conservação da biodiversidade no plano global
e a luta contra a biopirataria, com especial relevância
para países como o Brasil, detentor de alta diversida-
de biológica. Para que entre em vigor, o Protocolo ne-
cessita ser ratificado por ao menos 50 países.
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Fevereiro/2011 10
Foto: Revista Novo Ambiente/Leonardo Pepi
No meio
Novo Turismo da Bahia
A Secretaria de Turismo do Estado da Bahia e
a Bahiatursa serão reestruturadas nos próxi-
mos meses. O Secretário da pasta, Domingos
Leonelli, aponta que é uma decisão do governo
remodelar, atualizar e modernizar a gestão do
turismo no estado, dando mais agilidade à má-
quina administrativa. Hoje, a Bahia é o segun-
do estado brasileiro que mais recebe turistas
estrangeiros e possui, principalmente na região
de Salvador, o imenso desafio de preservar um
riquíssimo patrimônio histórico, uma gigantes-
ca produção industrial que gira em torno do
polo de Camaçari, e preservar as belezas que
encantam gente de todos os cantos do planeta.
Agricultura em quadrinhos
Duas publicações da Fundação Oswaldo Cruz/Ministé-
rio da Saúde trazem quadrinhos institucionais, elabo-
rados pelo Studio Cortez, que tratam de meio ambien-
te, agricultura e agrotóxicos. Jovem Neno é uma revista
em quadrinhos que tem o objetivo de alertar crianças
entre 9 e 10 anos e, por consequência, seus pais para
os riscos que o trabalho infantil agrícola pode trazer à
saúde. A revista retrata situações nas lavouras que re-
presentam os perigos relacionados ao uso do agrotóxi-
co. Já a fotonovela Menina Veneno também aborda os
perigos relacionados ao uso de agrotóxicos com uma
linguagem voltada para os adultos.
Fevereiro/2011
Águas Exposição
Cenário da exposição Água na Oca, que acontece no Parque do Ibirapuera - Espaço Oca.
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Fevereiro/2011 14
Fotos: Revista Novo Ambiente/Leonardo Pepi
Um m e rg u l ho
na v i d a
Ela está no ar que respiramos, e nosso corpo é composto por até
80% dela. Três dias sem uma única gota pode significar a morte.
Ela cai do céu, jorra do chão, muda de forma e, em estado
puro, não possui cor, cheiro ou forma definida. Imergir em seu
universo molhado pode ser tão satisfatório quanto perigoso. Ela
é a suposta grande “mãe” da vida sob os olhos da ciência e tem
poder de bênção para algumas religiões. De quebra, torna nosso
planeta azul, se visto do espaço.
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Fevereiro/2011 16
Para o curador da exposição no Brasil, Marcello Dan- A exposição também abraça, com sensibilidade
tas, “fazer uma exposição sobre a água é como montar educativa, a curiosidade de crianças de todas as idades,
uma exposição sobre a vida, um assunto igualmente por meio de jogos interativos em painéis e projeções de
grandioso e infindável. Eleger a abordagem diante da luzes, e os pequenos podem tocar com as mãos algumas
amplitude do tema é a essência desse projeto”. instalações e aprender enquanto se divertem.
A Água na Oca traz ainda outro privilégio exclusivo Dividida em quatro eixos temáticos – Mundo
aos seus espectadores: vislumbrar espécies de peixes já D´Água; O Desaguar; Infiltração; e Última Fronteira –, a
extintas na natureza. A beleza do raro peixe do sudeste exposição, que conta com o apoio de empresas como
asiático Labeo-bicolor alegra os olhos ao mesmo tempo Petrobrás, IBM, Bradesco e Movimento Cyan (Ambev),
em que entristece, quando o descritivo interativo sob é realizada pelo Instituto Sangari em parceria com o
seu aquário nos informa: “Lindo peixe que habitava uma Museu de História Natural de Nova York e traz ainda um
pequena área de rios de montanha, hoje degradada pela programa educativo com monitores, para visitas de alu-
construção e barragens, poluição e assoreamento. A es- nos das redes pública e privada de ensino.
pécie foi extinta na natureza, mas ainda sobrevive graças Aos interessados, fica o aviso: um único dia pode
à aquicultura ornamental desenvolvida na região, que cria ser pouco para tanta imersão, mas, ainda assim, vale-
e exporta milhões de indivíduos todos os anos”, esclarece rá cada segundo. Como nos alerta um dos descritivos
o texto que pode ser acessado em um tablet de última ge- da exposição: “a água nos lembra que a mais ances-
ração diante do aquário, apenas a um toque dos dedos. tral experiência estética do homem veio do reconhe-
Aliás, a seção dos aquários é uma atração à parte. Simu- cimento de sua imagem no espelho d´água”. Olhar
lando bacias hidrográficas de diferentes locais do planeta, para a água com carinho, portanto, é olhar para nós
como a Amazônia, África, Ásia e outras, cada aquário traz mesmos e relembrar que estamos todos mergulha-
as espécies de plantas e peixes do local representado. dos na vida.
Oscar no lixo
Ela tem 35 cm de altura e pesa 4 kg. É feita de estanho
folheado a ouro 14 quilates e representa um cavaleiro
segurando sua espada na vertical, junto ao peito, sobre
um pedestal no formato de um rolo de filme.
A
descrição anterior, se resumida ao prêmio físico que re-
presenta, atende pelo nome de Oscar. Apesar de grandes
obras-primas e de brilhantes diretores, o Brasil ainda não
conquistou nenhuma estatueta dessa, mas na edição de 2011 temos
um forte concorrente, na categoria de Melhor Documentário. Lixo Ex-
traordinário (Waste Land) contou com a participação fundamental de
dois brasileiros como coeditores, João Jardim e Karen Harley.
Fotos: Ascom
• Não precisa
• Eficiência esquecer na tomada
O Leaf pode ser considerado, sob muitos aspec- Considerado um grande problema por parte da
tos, um carro eficiente. Para se ter uma ideia, 60% do maioria dos proprietários e possíveis compradores,
plástico usado em seu interior é material reciclado, o tempo de recarga das baterias de um carro elétri-
em sua maioria proveniente de garrafas plásticas. Ao co promete não ser um calvário de horas para quem
fim do seu ciclo de vida, 99% do material empregado comprar um Leaf. Em meia hora plugado, ele consegue
em sua montagem pode voltar a ser utilizado em gar- reter 80% da carga a ser utilizada. A tecnologia embar-
rafas ou até mesmo em outros Leafs. Suas baterias cada (que inclui faróis de LED, os quais, além de reduzir
a demanda energética, ainda foram projetados para
diminuir o arrasto aerodinâmico e os níveis de ruído) é
em boa parte responsável por um número mínimo que
impressiona: US$ 0,03 por milha de custo operacional.
Nas mesmas condições, os custos para um carro “nor-
mal” lá no Tio Sam sobem para US$ 0,12. Empolgantes,
os atrativos do modelo chamaram atenção inclusive
do Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que aventou
a possibilidade de adquirir algumas unidades para a
Companhia de Engenharia de Tráfego, a CET, durante o
lançamento do Logan 2011, da Renault.
Ainda sem previsão de estreia nas concessio-
nárias, o Leaf pode tornar-se em breve, também no
Brasil, um ícone de sustentabilidade sobre rodas.
Quem respira agradece.
O carro que
nasce da semente
Imagens: Divulgação
P
ara a geração 1990 em diante, a expressão
“efeito estufa” é muito familiar. Tal tema
das aulas de ciências remete ao calor pro-
vocado pelos raios de sol que não conseguem esca-
par da Terra, devido a gases como o CO2, liberados
pela queima de combustíveis minerais e pela respi-
ração de plantas e animais. A queima de combustí-
veis fósseis é responsável por cerca de dois terços da
emissão de CO2 mundial, além de outros gases tóxi-
cos ao meio ambiente.
Outro ponto importante do impacto ambiental
causado por veículos provém da escassez de petró-
leo, recurso natural não renovável e principal fonte
de combustível para automotores, obrigando a hu-
manidade a procurar por alternativas como o bio-
combustível, produzido a partir de plantas. Em larga
escala, isso significaria utilizar áreas de plantio para
produção de combustível em vez de alimento, ou até
mesmo florestamento.
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Fevereiro/2011 26
capa Política
Desenvolvimentista,
sustentável,
ou uma coisa não exclui a outra?
O
perfil desenvolvimentista da Presiden-
te Dilma Rousseff prevaleceu na mensa-
gem apresentada ao Congresso no início
das atividades parlamentares. O contrário é que seria
estranho, pois permanece fiel à postura que apresen-
tou durante as eleições. Mas, diante da evidente pres-
são nacional (quando Marina Silva tirou sua vitória no
primeiro turno) e internacional (o mundo se debruça
sobre o Brasil como se fôssemos um guia para a nova
era de sustentabilidade), Dilma flexibilizou e acabou
Fotos: Revista Novo Ambiente/Paulo Negreiros
Congresso Nacional.
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Fevereiro/2011 30
Distribuição da Câmara dos
PMDB • 79 Deputados por partidos
PT • 88
B• 53
PSD
Outros
• 18
PRB • 8
DEM • 43
PPS • 12
15
PV • Enquanto muitos políticos
B • 15 entenderam que este é o rumo
do 7 de toda sociedade que almeja
PC •1
1
•4
C ser evoluída e se adaptam com
PS
PR
1
PDT 41
•28 • a palavra sustentabilidade em seus
PP
PSB • 34 projetos e discursos sem saber muito
bem o que significa, apenas que se trata
de ser um conceito de grande aceitação e que
camufla projetos contra a marcação cerrada das
ONGs e órgãos ambientais.
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Fevereiro/2011 32
• Código Mineral
O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,
lançou, na segunda semana de fevereiro, o Plano
Nacional de Mineração 2030, que norteará o setor
mineral brasileiro nos próximos 20 anos. Em 2010, o
setor mineral atingiu um faturamento de US$ 157 bi-
lhões e gerou divisas que alcançaram US$ 51 bilhões,
correspondendo a 25% do total das exportações bra-
sileiras. Isso representa 4% do PIB brasileiro. No ano
passado, a Vale, que tem como principal atividade a
mineração, ultrapassou a Petrobras em valor de mer-
cado, tornando-se a maior empresa do Brasil.
Pode-se esperar, portanto, um lobby muito forte
das empresas do setor durante a aprovação do novo
Código de Mineração, que pode entrar em votação
ainda este ano e, estranhamente, não tem causado
grandes repercussões entre os ambientalistas.
• Energia
Apagões. Essa será uma pauta para o ano todo.
Ampliação da capacidade energética ou sistemas in-
teligentes de distribuição que não nos deixem reféns
de um único ponto de transmissão? Provavelmente
os dois, e, para um país que quer estar entre as cinco
potências do mundo na próxima década, sediar uma
Copa do Mundo e uma Olimpíada, este é um assun-
to indispensável.
O rápido crescimento do mercado e o baratea-
mento na geração de energia limpa até certo ponto
são surpreendentes. Mas é bom ficar de olho nos
lobbys e argumentos distorcidos por conta daque-
les que, muitas vezes por interesses próprios ou de
pequenos grupos, lutarão com unhas e dentes para
que usinas sujas possam receber liberações para po-
luir e jogar toneladas de CO2 na atmosfera.
A construção da usina de Belo Monte ainda vai
dar muito pano pra manga. Depois de 25 anos de
tentativas, a obra conseguiu licença prévia do Iba-
ma. Se por um lado uma gigantesca lista de condi-
ções foi assumida, como uma compensação am-
biental de nada menos de R$ 3,5 bilhões, por outro
Foto: Revista Novo Ambiente/Oberti Pimentel
A Criação geme
em dores de parto
Ilustração: Revista Novo Ambiente/Marco Jacobsen
“
Senhor Deus, nosso Pai e Criador. Pecado- à esquecida Rurópolis, no interior do Pará. É uma
res que somos, não respeitamos a Vossa grande rede intrinsecamente ligada ao exercício so-
obra, e o que era para ser garantia da vida cial, político e, claro, espiritual, e que tem poder para
está se tornando ameaça. A beleza está sendo mu- disseminar conhecimento. Na pior das hipóteses, vai
dada em devastação e a morte mostra a sua presen- evitar que a devastação aconteça por desconheci-
ça no nosso planeta. Que nesta quaresma nos con- mento ambiental. E se Deus mesmo permitiu o livre
vertamos e vejamos que a Criação geme em dores arbítrio, então agora seus fiéis, munidos de informa-
de parto, para que possa renascer segundo o Vos- ções que os permitem a escolha, poderão decidir de
so plano de amor, por meio da nossa mudança de que lado estão: contra ou a favor da Criação.
mentalidade e de atitudes.” Sob orientações destas O material de apoio, como as publicações e
sábias palavras, um trecho da oração tema da Cam- apresentações, é substancioso e bem direcionado.
panha da Fraternidade de 2011, o combate ao aque- Levar informações sobre os perigos atmosféricos é
cimento global e à devastação da natureza ganhou o primeiro passo de uma possível ação, individual e
um dos mais fortes aliados dos últimos tempos: a interna, que leva ao movimento coletivo.
Igreja Católica, que lançou-se à luta pela saúde do Como a oração do começo deste texto propõe, é
planeta. Durante este ano, a campanha ecumênica hora de um puxão de orelha com objetivos claros e
coordenada pela Confederação Nacional de Bispos pragmáticos para a CNBB: iniciar urgentemente uma
do Brasil (CNBB) vai ter como tema a conscientiza- nova postura diante da natureza, e isso se dá no dia
ção ambiental. a dia, quando se produz milhões de tonelada de lixo,
Em um país onde três quartos da população é milhares de árvores são derrubadas e toneladas de
adepta da primeira religião cristã que existiu, levar esgoto são lançadas sobre os rios. Não é preciso ser
conceitos – mesmo que básicos – sobre sustentabi- cristão para saber que a devastação da obra de Deus
lidade, lixo e alterações climáticas ao conhecimento é uma séria blasfêmia, mas, se Ele deu um assoprão
de mais de 140 milhões de brasileiros católicos faz nas narinas daquele primeiro homem caprichosa-
muita diferença. A Igreja Católica possui milhares mente moldado no barro, é porque tinha grandes
de igrejas, praticamente em todos os mais de 5 mil esperanças nele, e fica mais fácil acreditar nesses pla-
municípios brasileiros, da megalópole São Paulo nos vendo fraternidade ambiental na pauta do dia.
Menos poluição:
embarque imediato
Os aviões são verdadeiros dragões cuspindo fogo pelas ventas
com estrondos assustadores pelos ares. Mas também são anjos da
mobilidade; afinal, que outra maneira de deslocar pessoas a distâncias
tão grandes seria mais eficiente e eficaz que voando? A poluição
causada pelas aeronaves vai além da sonora, emitindo toneladas de
carbono na atmosfera a cada ano. Uma solução que promete mudar
o cenário cinza dos aviões surge dentro do próprio setor em um bom
exemplo de busca alternativa sustentável.
P
Avião da TAM sendo abastecido. asse alguns minutos, horas ou dias na casa
de alguém que more nas imediações de um
aeroporto intensamente movimentado para
descobrir quanto barulho as turbinas proporcionam aos
moradores locais. E se você olhar com atenção, desco-
brirá diariamente uma pequena camada de pó cinza (fu-
ligem) sobre os móveis, proveniente da poluição atmos-
férica do entorno aeroportuário.
Dados da Organização Internacional da Aviação Civil
(Icao, na sigla em inglês) presentes no Relatório Ambien-
tal – Aviação e Mudanças Climáticas, de 2010, mostram
alguns números da contribuição da aviação civil na emis-
são de gases de efeito estufa (GEE).
Bioquerosene nacional
É na alternativa do uso de biocombustíveis de avia-
ção que vem um bom exemplo do setor privado. O pri-
meiro voo experimental da América Latina que utilizava
biocombustível de aviação produzido a partir do óleo
de pinhão-manso ocorreu no fim de 2010 e foi realiza-
do por uma aeronave da empresa áerea brasileira TAM,
com sucesso.
Além da TAM, as multinacionais Airbus, CFM Inter-
national (joint venture das empresas GE/Estados Unidos
e Snecma do Safran-Group/França), Curcas, Brasil Eco-
diesel e Air BP também participam do projeto, que vai
muito além do voo experimental bem-sucedido em uma
aeronave Airbus A320.
Foram 45 minutos de voo sobre o oceano Atlântico,
em espaço aéreo nacional, que trouxeram boas pers-
pectivas ao cenário da aviação civil global. Mais que uma
atitude positiva, a ação pode representar uma reinven-
ção para o setor e a indústria da aviação.
Fotos: Ascom
39 Fevereiro/2011
Centro Tecnológico da TAM em São Carlos/SP.
revistanovoambiente.com.br
Fevereiro/2011 40
Um novo mercado O projeto prevê a utilização de diversas fontes de
matéria-prima, com destaque para o pinhão-manso.
Toda solução traz consigo novos desafios, e o pi- A TAM destinou um espaço de 4,35 hectares de terra
nhão-manso é protagonista fundamental da emprei- agricultável para cultivo experimental da planta, com
tada. Segundo dados da assessoria de comunicação o objetivo de estudar as melhores práticas agrícolas e
da TAM, a biomassa vegetal, fonte do bioquerosene material genético, de forma a garantir sua produção
de aviação utilizado no voo experimental, é 100% na- sustentável.
cional, oriunda de projetos de agricultura familiar e de O terreno ocupa menos de 1% da área total da
fazendas de porte significativo do interior do Brasil, fazenda onde está instalado o Centro Tecnológico da
que se dedicam à cultura pioneira do pinhão-manso. TAM em São Carlos, no interior paulista. Os estudos de
Conhecido pelo nome científico de Jatropha cur- sustentabilidade serão conduzidos pela Universidade
cas L., o pinhão-manso é uma planta que não concor- de Yale, dos EUA, e serão patrocinados pela Airbus.
re com a cadeia alimentar porque é imprópria para Além desta atitude positiva, a companhia aérea
consumo humano e animal, podendo ser consorciada também apoia projetos socioambientais e selecionou
com pastagens e culturas alimentícias. oito iniciativas brasileiras: Ecoturismo Comunitário na
As empresas envolvidas no projeto já trabalham Amazônia (Pará), Embarque nas Trilhas da Caatinga
com o objetivo de analisar a viabilidade da imple- (Ceará), Acolhida na Colônia (Santa Catarina); Ecotu-
mentação de um projeto integrado de produção sus- rismo de Base Comunitária na APA de Guaraqueçaba
tentável de bioquerosene de aviação no Brasil, desde (Paraná); Oh... Linda Cidade para o Turismo Sustentá-
a produção agrícola e industrial até a distribuição, vi- vel (Pernambuco); Estrelas-do-Mar (Espírito Santo, Rio
sando à substituição parcial e gradual do combustível de Janeiro, Sergipe e Bahia); Peixe-Boi: Conhecer para
fóssil pelo renovável. Proteger (Alagoas); e Paraty (Rio de Janeiro).
Consumo
• A média de combustível (querosene de aviação) consumido por minuto voado é de 49 kg, e a média de
querosene queimado por milha náutica (1,852 km) nos voos é de 11 kg.
• O problema é que cada quilograma de combustível “queimado” nas turbinas gera quase o triplo de car-
bono em emissões, segundo outra conta presente no próprio relatório. O estudo lembra a importância
de se otimizar ao máximo o peso das aeronaves como forma de economizar combustível e, consequente-
mente, diminuir as emissões.
• Toda a frota combinada comercial voa cerca de 57 mil horas por ano. Assim, salvar 1 kg em todos os
voos comerciais poderia salvar cerca de 170 mil toneladas de combustível e 540 mil toneladas de CO2 por
ano, explica a página 41 do relatório.
• A Icao afirma, corroborada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que as emissões anuais do setor
da aviação civil representam apenas entre 2% e 3% das emissões de carbono totais no mundo, e 12% das
emissões globais do setor de transportes. Pode não parecer muito, mas não é pouco.
• Ao discutir as opções para a redução de emissões, a organização internacional traz algumas observa-
ções que podem dissipar as nuvens de fuligem. Destacam-se a projeção de crescimento de demanda,
melhorias de eficiência no consumo de combustível da frota aérea, mudanças de modais e videoconfe-
rências para se evitar voos, e o uso de biocombustíveis para a aviação.
Vozes da
floresta
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Fevereiro/2011 42
Foto: Revista Novo Ambiente/Leonardo Pepi
A
bancada ruralista é a maior do Congresso Nacional,
com cerca de 150 deputados, um número pelo me-
nos três vezes maior que a bancada ambientalista.
Se dependesse do peso dos votos dos ruralistas, o novo Código
Florestal, proposto pelo Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), es-
taria aprovado com, no máximo, algumas alterações – e talvez o
seja, mas certamente não com a folga numérica que a propor-
cionalidade sugere. Isso porque, além da representação políti-
ca, a sociedade civil aprendeu a se articular por meio do Tercei-
ro Setor, cujas instituições são costumeiramente chamadas de
organizações não governamentais (ONGs). Mais carismáticas
e mais próximas das realidades locais, as ONGs passaram a ser
um canal de expressão dinâmico, interferindo, fiscalizando e
mobilizando grandes grupos em favor de ações sociais e am-
bientais, sem fins lucrativos.
Nesta primeira matéria da série sobre ações desse seg-
mento, a Revista Novo Ambiente aponta o exemplo vindo do
trabalho não de uma, mas de sete ONGs ambientalistas em
atividade no país. Elas criaram a frente SOS Florestas, para evi-
tar que o novo Código seja aprovado às pressas, tal qual im-
põe a bancada ruralista e tal qual se apresenta. “As questões
que afligem os ruralistas são de ordem formal e fiscal. Eles
apenas querem continuar com as mesmas práticas agrícolas
do passado que resultaram na devastação de todos os biomas
nacionais. Graças a essas práticas agrícolas, como foi visto, mi-
lhões de hectares que poderiam gerar alimentos hoje não se
prestam a isso. Também querem se livrar das multas e outras
punições que receberam por não cumprir a lei – isto é, que-
rem anistia pelos crimes cometidos com o patrimônio natural
da nação”, aponta explicação do SOS Florestas.
Em geral, as ONGs contam com o apoio da parcela mais
participativa da sociedade, aquela que julga que o papel do ci-
dadão não é apenas votar e esperar passivamente resultados
durante quatro anos, não é cruzar os braços diante de resulta-
dos insatisfatórios atingidos por seus representantes políticos.
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Fevereiro/2011 44
Conheça as ONGs que fazem parte da frente SOS Florestas
Rio Preto no
rumo certo
Vem do interior paulista uma iniciativa governamental que mostra ser
possível transformar a realidade local com atitude preventiva. Uma obra
em fase final vai canalizar as águas de um rio que já causou enchentes
destruidoras que levaram a vida de duas pessoas. A Revista Novo
Ambiente foi até lá para registrar a ação e ressaltar uma boa notícia.
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Fevereiro/2011 46
Fotos: Revista Novo Ambiente/Leonardo Pepi
A
tragédia de 18 de janeiro de 2010, em São A Av. Alberto Andaló foi palco das cenas, divulga-
José do Rio Preto, município que apre- das em todo o país, de uma mulher sendo resgatada
senta bons índices de qualidade de vida e por voluntários. A cena marcante mostra a moto da
desenvolvimento humano, no oeste paulista, ganhou mulher sendo levada pela enxurrada; em seguida,
destaque nacional. Era uma segunda-feira. O forte ela própria acaba presa embaixo de um veículo, mas
temporal chegou à cidade e em poucas horas encheu escapa quase por milagre, pelas mãos de seus insis-
o principal rio e seus afluentes. Duas vidas foram le- tentes salvadores. Foram mais de 130 mm de chuvas
vadas pelas enxurradas. Um bombeiro que tentava naquelas horas, mais de 20 vezes o equivalente a
resgatar uma vítima da enchente foi levado pelas todo o mês de janeiro do ano anterior (2009).
águas, outro homem ficou preso dentro do carro na As dificuldades vividas por São José do Rio Preto
inundação. Foi a primeira vez que São José do Rio ganharam destaque nacional nos principais veículos
Preto registrou mortes desse tipo, por enchentes. de comunicação. Um ano depois, uma medida do go-
Segundo moradores, naquela noite fatídica a verno municipal, em parceria com o setor privado e o
chuva foi além do “normal”. “É comum termos chu- governo federal, representa uma boa notícia para a
vas e temporais muito fortes no verão, mas naquele cidade e seus habitantes.
dia, além de muito forte, a tromba d´água durou mais O governo municipal de São José do Rio Preto atua
de três horas”, nos explicou um morador que trabalha em parceria com a Constroeste Construtora e Participa-
como frentista em um posto localizado em uma das ções e conta com recursos do governo federal, por meio
avenidas alagadas na época, a Av. Philadelpho Mano- do Programa Drenagem Urbana Sustentável, com parti-
el Gouveia Neto. Outras duas das principais avenidas cipação do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica
da cidade, a Bady Bassitt e a Alberto Andaló, também Federal. A obra está na fase final e será capaz de tornar
foram invadidas pelas águas torrenciais. as enchentes violentas de Rio Preto meras lembranças.
Solução em execução Como sempre, o planejamento
O projeto, segundo o atual Prefeito, Valdomiro Mas por que Rio Preto está enfrentando as chuvas
Lopes (PSB-SP), teve início antes mesmo que ele as- torrenciais de 2011 sem sofrer como no passado? A
sumisse o cargo. Agora, em estágio avançado, a obra resposta é a palavra repetida tantas vezes por estudio-
da Ação Antienchente já está mostrando diferenças sos, especialistas, urbanistas, arquitetos, engenheiros,
positivas quando as chuvas chegam. administradores e acadêmicos: planejamento.
Alguns habitantes que conversaram com nossa “Quando perdemos duas vidas para as enchen-
reportagem contam que, desde o início das obras, tes de 2010, ficamos muito sensibilizados e iniciamos
“não encheram mais” as avenidas que são beneficia- um plano para que aquilo não se repetisse”, lembra
das pela Canalização do Rio Preto, Interceptor de Es- o atual Prefeito. Com sua equipe, ele criou um Banco
gotos e Drenagem Superficial. de Projetos e um Grupo Gestor para conceber, ava-
Dividida em dois trechos e com entrega previs- liar e acompanhar projetos importantes para o mu-
ta para o fim de março, a própria obra ironicamente nicípio e para vislumbrar a São José do Rio Preto do
vem sofrendo com as chuvas de 2011. Se não fossem futuro, 30, 40 anos adiante.
tão frequentes, a obra poderia até ser entregue an- “Rio Preto não tinha projetos grandes prontos para
tes do prazo, como nos declarou um dos engenheiros sabermos o que fazer e quanto custariam, para questões
da Constroeste, Denner Fernandes Beato. “Mesmo como esta das enchentes. Hoje nós sabemos, tanto que
com as chuvas, entregaremos no prazo, pois foi bem o fruto apareceu no nosso primeiro ano de governo,
adiantada no início”, acrescenta. quando começamos a fazer gestões junto ao governo
Após um levantamento que apontou a necessidade federal e ao governo do estado e conseguimos as pri-
de ampliação da calha em 2,5 km de extensão, a canali- meiras verbas; entre elas, a do canal do rio Preto, que é a
zação totaliza 5 km (somando-se os trechos das margens principal obra antienchente da cidade, porque ela vai in-
sob intervenção) e, após concluída, ampliará a capacida- teragir no rio de maior volume de águas da cidade, para
de de vazão das águas em quatro vezes – dos atuais 80 onde convergem todos os outros córregos e afluentes”,
m³ para 320 m³ por segundo, além do aumento de 9 m contou Valdomiro Lopes para nossa equipe de reporta-
para 20 m na largura da calha, no trecho em obras. gem, durante entrevista exclusiva.
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Fevereiro/2011 50
Fotos: Revista Novo Ambiente/Leonilson Gomes
Turismo
estratégico
Em franco crescimento e com a arrecadação que ultrapassou os US$
5 bilhões em 2010, a indústria turística brasileira e todo seu aparato
de periféricos abrem 2011 com excelentes perspectivas, apesar das
catástrofes ocorridas no início deste ano. Neste contexto, o Ministério do
Turismo, sob a batuta do Ministro Pedro Novais Lima e sua equipe, tem a
enorme responsabilidade de incrementar ainda mais estas cifras, apoiado
no planejamento estratégico, elencado como principal instrumento de
trabalho da nova gestão.
D Região Serrana
esenvolvimento regional, inclusão e pre-
servação do patrimônio cultural. Sob uma
perspectiva integrada e encabeçada pelo
viés sustentável, está a efígie da nova cúpula que assu- O Ministro do Turismo, Pedro Novais, anunciou
me o cada vez mais destacado e relativamente recen- medidas para auxiliar na recuperação da infraestru-
te Ministério do Turismo. Não há menção a choque de tura turística da Região Serrana do Rio de Janeiro,
gestão nem presunção de saltos arrojados: a tônica atingida pelas chuvas no mês passado. Durante reu-
é manter o avanço sólido e paulatino do setor, traba- nião com prefeitos, parlamentares e autoridades de
lhando infraestrutura e capacitação profissional de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo, o ministro
forma simultânea, para evitar lacunas do check in ao garantiu a liberação de recursos de emendas parla-
check out, que, mais do que bagagens e souvenires, mentares para os três municípios.
embarcam nas aeronaves as impressões pessoais do “Daremos prioridade à liberação das emendas
visitante sobre todo um país e sua gente. que os parlamentares direcionaram para as três
Para iniciar a estruturação das ações que tornarão cidades da serra fluminense”, disse Novais. Outras
possível o fomento turístico pretendido, já no dia 31 de medidas anunciadas pelo Ministro foram a realização
janeiro de 2011 profissionais do Ministério do Turismo de eventos para a promoção dos destinos da região e
e da Fundação Getúlio Vargas reuniram-se para definir programas de qualificação profissional para aumentar
as diretrizes básicas do novo Plano Nacional de Turis- a competitividade dos produtos e serviços locais. O
mo, o PNT 2011-2014. Com cinco focos principais – que Ministro informou que apoiará a realização de even-
compreendem a preparação para a Copa, a geração de tos como o Salão do Turismo de Teresópolis, previsto
postos de trabalho, o aumento da entrada de divisas, para maio. Os prefeitos manifestaram a expectativa
o aumento do número de brasileiros em viagens de que as cidades estejam prontas para re-
nacionais e o aumento da competitividade dos ceber turistas no início da temporada
destinos turísticos –, o plano será ainda ava- de inverno, em abril.
liado pela Presidente Dilma Rousseff, assim
que for finalizado e analisado por represen-
tantes de vários setores ligados à ativida-
de. A propagada integração nas ações já
parece ter começado, pelo visto, de den- O ex-Ministro Luiz Eduardo Barreto e o
tro para fora. atual Ministro do Turismo, Pedro Novais.
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Fevereiro/2011 52
Foto: Abr/Valter Campanato
Especial Direito Animal
Cão vítima de crueldade acolhido pela Sociedade Protetora dos Animais em Curitiba, Paraná.
Animais
Foto: Revista Novo Ambiente/Oberti Pimentel
Q
uem vê um poodle branco com roupi-
nhas de babados e lacinhos coloridos
mal consegue imaginar o que levou o
ser humano a se aproximar dessa espécie tão dis-
tinta da nossa. Os antepassados destes bichos que
hoje tanto estimamos eram espécimes de lobos de
temperamento mais manso que apresentaram ca-
racterísticas favoráveis à guarda e à caça. Caíram nas
graças do Homo sapiens quando se revelaram úteis,
há milhares de anos.
A participação dos animais em nosso cotidiano
foi essencial para nossa sobrevivência e evolução.
Pode-se traçar uma linha da história humana apenas
analisando a relação homem-animal. Aos poucos, o
ser humano reduziu sua dependência da caça, mas
entrou em cena a pecuária. No Egito Antigo, os ga-
tos eram idolatrados como representações divinas,
e milhares de múmias de pets já foram encontradas
(no caso dos egípcios, também alguns animais de es-
timação incomuns, como girafas e babuínos), mos-
trando o afeto que despertavam naquela civilização.
Porém, durante a Idade Média, assistiu-se, além da
caça às bruxas, a caça aos gatos, que ganharam um
estigma de maldição que alimenta muitas supersti-
ções acerca destes felinos até hoje.
Hoje, o uso mais comum de cavalos nas cidades é para o transporte de materiais recicláveis, levando-os a viver em ambientes nada adequados.
O Decreto de 1930, instituído pelo Presidente Ge- III. Obrigar animais a trabalhos excessivos ou superio-
túlio Vargas, ficou conhecido como a “Lei de Proteção res às suas forças e a todo o ato que resulte em sofri-
ao Animal”. É um código com um bom nível de deta- mento para deles obter esforços que, razoavelmente,
lhamento, que demonstra que existia uma preocupa- não se lhes possam exigir senão com castigo;
ção real sobre as condições a que eram submetidos
os animais de trabalho e de estimação no Brasil. Qua- IV. Golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente,
se 80 anos depois, o decreto ainda é válido, porém qualquer órgão ou tecido de economia, exceto de
sua aplicação é ignorada pela sociedade e pelas auto- castração, só para animais domésticos, ou opera-
ridades desde então, e os animais continuam a sofrer ções outras praticadas em benefício exclusivo do
atrocidades. Confira alguns pontos desse decreto e animal e as exigidas para defesa do homem, ou
acesse o documento completo em nosso site. no interesse da ciência;
V. Abandonar animal doente, ferido, extenuado
Art. 1.o
ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe
Todos os animais existentes no país são tutelados
tudo o que humanitariamente se lhe possa pro-
pelo Estado.
ver, inclusive assistência veterinária;
Art. 3.o VI. Não dar morte rápida, livre de sofrimentos
Consideram-se maus-tratos: prolongados, a todo animal cujo extermínio seja
necessário para consumo ou não;
I. Praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer
animal;. VII. Abater para consumo ou fazer trabalhar os
animais em período adiantado de gestação;
II. Manter animais em lugares anti-higiênicos ou que
lhes impeçam a respiração, o movimento ou o des- IX. Atrelar animais a veículos sem os apetrechos
canso, ou os privem de ar ou luz; indispensáveis, como sejam balancins, ganchos e
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Fevereiro/2011 58
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos proporcionem ainda uma ampla qualidade de vida aos
pode render detenção, de três meses a um ano, e mul- pets”, afirma Mariana Hagel, Gerente de Marketing da
ta. Somam-se os seguintes parágrafos: unidade de Pequenos Animais da Bayer Saúde Animal,
§ 1.o – Incorre nas mesmas penas quem realiza expe- sobre a doação de 770 caixas de medicamentos para o
riência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que canil da Polícia Militar de São Paulo. Nessa lista, estão
para fins didáticos ou científicos, quando existirem re- incluídas desde empresas de produtos de cosméticos,
cursos alternativos. como Revlon, Avon e Natura, até fábricas de produtos
§ 2.o – A pena é aumentada de um sexto a um terço, se de limpeza, ração animal e farmacêuticos.
ocorre morte do animal. Outras empresas também oferecem patrocínio
a ONGs protecionistas e doam seus produtos para
causas animais. É o caso da marca de rações Pedi-
ONGs e empresas do bem gree, que possui a campanha “Doar é tudo de bom”,
por meio da qual parte da renda da venda de seus
produtos é destinada a animais carentes. A marca
Empresas ambientalmente responsáveis são uma pertence ao grupo Mars, que também produz cho-
das maiores esperanças quando se trata da defesa dos colates famosos como M&M’s, alimentos humanos,
direitos dos animais. Mais de 1.200 empresas assinaram ingredientes farmacêuticos e bebidas. A multinacio-
a lista da ONG Peta, confirmando que em seus regimen- nal, comprometida com o uso ético de animais em
tos internos estão banidos os testes em animais com suas experiências, possui um centro de pesquisas no
seus produtos. “Nossa empresa reconhece e apoia pro- qual desenvolve a “ciência de cuidados”, para manter
jetos que contribuam para o bem-estar da população e o bem-estar dos animais sob sua tutela.
Gigantes
pela própria
natureza
Os mais altos e mais antigos seres vivos são silenciosos, imóveis e alguns
deles poderiam, se falassem, contar toda a história da humanidade. Alguns
exemplares estão por aqui desde que o Homo sapiens deu o ar de sua graça
sobre o planeta. Imponentes, arrebatadoras, surpreendentes, as árvores,
além de fundamentais para o equilíbrio natural da biosfera, são mais
emocionantes do que parecem.
I
magine ter a oportunidade de sentar-se de- de apenas 4 m de altura, mas que se estima que tenha
baixo da macieira que inspirou Newton em quase 10 mil anos de vida. E, impressionantemente co-
sua descoberta das leis da gravidade univer- muns, existem muitos registros de árvores que alcan-
sal. Imagine ter a possibilidade de que uma maçã çaram e até ultrapassaram a marca dos 3 mil anos de
caia sobre sua cabeça e também o inspire genialmen- existência. Elas acompanharam o ser humano desde
te, por que não? Bem, a parte da maçã fica a cargo seus primórdios, passando incólumes por milênios de
da imaginação, pois tal árvore não dá frutos há muito nosso desenvolvimento muitas vezes destrutivo, fir-
tempo. Mas a macieira que ajudou a revolucionar o memente cravadas em suas raízes teimosas ou criando
mundo em 1665 continua em pé, e a entidade ingle- novas raízes à medida que seus troncos tombados to-
sa de proteção ambiental National Trust promove cavam o solo, em um ciclo de vida ininterrupto.
passeios guiados até o ponto natural histórico da ci- Não raro, as mesmas árvores que duram mui-
dade de Woolsthorpe Manor, na Inglaterra. tas eras são também plantas imensas, imponentes,
Apesar de mais famosa, essa macieira centenária que espalham seus galhos por todo o nosso humilde
é apenas um pequeno exemplo da longevidade das ár- campo de visão. Árvores gigantes são as maiores for-
vores, que atravessam silenciosas e imponentes várias mas de vida da Terra, e as altitudes que elas alcan-
e várias gerações. Há na Suécia uma árvore conífera çaram são comparáveis a grandes prédios modernos.
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Jequitibá-rosa, com cerca de 3 mil anos e 40 m de altura, localizado no
Parque de Vassurunga, em Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo.
A árvore mais velha do
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tissim
estados Espírito Santo
Um olho no petróleo
e outro na praia
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Fotos: Revista Novo Ambiente/Oberti Pimentel
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Navios atracam no porto de Vitória para transportar minérios e petróleo.
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entrevista Renato Casagrande
Governador do Espírito Santo
NA: O Espírito Santo está sobre a maior bacia petro- gestão específica para as áreas de demanda, como
lífera do Brasil, a bacia de Campos. A curta distância as regiões de Anchieta, Aracruz e a região das mon-
do litoral à serra, por outro lado, abriga um patri- tanhas, bem como debates sobre propostas, mode-
mônio natural ímpar, imprescindível ao turismo no los e planos de desenvolvimento específicos para es-
estado. Como é a coexistência sustentável entre es- tas regiões, para que a atividade econômica venha,
tas atividades? mas que ao mesmo tempo contribua para preservar
o patrimônio natural.
Casagrande • O Espírito Santo tem uma riqueza
grande. Temos um litoral belíssimo, com muitas en- NA: As chuvas não tiveram um impacto tão forte aqui
seadas e montanhas próximas ao mar. Esta beleza, como no restante do Sudeste, por exemplo, mas uma
este potencial, é interdependente da proteção dos das primeiras ações do seu governo foi solicitar ao Mi-
recursos naturais. Se eles não forem garantidos, nistro Aloísio Mercadante uma série de recursos para
protegidos, não teremos condições de explorar esta prevenção e alerta para emergências climáticas, certo?
indústria turística, ainda incipiente, de forma ade-
quada. Temos o desafio de conciliar a atividade do Casagrande • Certo. Não foi algo tão devastador,
petróleo e gás com a preservação das belezas natu- mas, infelizmente, cinco pessoas perderam a vida
rais. Conciliar grandes projetos siderúrgicos e estas por causa das chuvas e outras tantas sofreram pre-
belezas. Ressalto que, respeitando a legislação am- juízos. Assim como outros estados, estamos fadados
biental, tudo é possível. a enfrentar, no final e início de ano, chuvas intensas,
bem como períodos de estiagem prolongada na
NA: Em quais pontos o senhor pretende trabalhar? metade dele. Logo, o trabalho de obras de preven-
ção e de alerta às emergências climáticas também
Casagrande • Fazer uso de tecnologias eficientes é é importante. Por isso, já estive no governo federal
uma das saídas, assim como regular a ocupação do conversando com o Ministro de Ciência e Tecnolo-
solo. Com o avanço das taxas de crescimento, au- gia, Aloísio Mercadante, para esboçar o que seria a
menta também a demanda por moradias, e serviços implantação de um sistema estadual de prevenção
da administração pública também aumentam. Regu- e alerta a estas emergências. Se necessário, sinali-
lar o fluxo desta ocupação é um dos desafios que te- zei inclusive que o estado vai adquirir o radar mete-
mos pela frente para que possamos promover o tu- orológico para que tenhamos o sistema implantado
rismo com sustentabilidade. Estabeleceremos uma aqui o mais rápido possível.
Economia Serviços Ambientais
É de graça,
mas custa caro
E
les não têm preço, ou, como gostam de dessem substituir o valioso “setor de drenagem e
dizer alguns economistas, um “número saneamento natural”?
seco” que possa expressar seu valor. Afi- As mudanças acontecem e se aceleram a cada
nal, quanto custam a luz e a energia fornecidas pelo ano. Terras com florestas intactas e preservadas
sol em nossas vidas? E quanto podemos pagar pelos poderiam, no passado, ser consideradas “impro-
ventos? Qual é o preço de um rio capaz de receber dutivas” e, no entanto, seus proprietários recebem
uma hidrelétrica que abastecerá milhões de pessoas dinheiro para mantê-las como estão. A economia
com energia elétrica? E se este mesmo rio secar um ecológica busca precificar os serviços ambientais
dia, qual é o prejuízo, em reais ou dólares? para fechar a conta do futuro. Se não conseguirmos
E para o setor de cosméticos, em grande parte precificar os lucros advindos dos serviços da nature-
dependente das riquezas presentes na biodiversida- za nem os prejuízos da destruição do meio ambiente,
de, qual seria o prejuízo do desaparecimento de es- deixaremos uma conta em aberto a ser paga em um
pécies de plantas e outros seres vivos que compõem futuro cada vez mais presente.
matéria-prima fundamental para o desenvolvimento Sugestões, ideias, métodos e questionamentos já
de produtos com alto valor de venda? E o que seria do existem no meio acadêmico e científico e em diversos
Vale do Silício sem o mineral disponível na natureza? setores produtores de conhecimento. Descontar do
E se os solos e terras mundo afora não mais fos- PIB dos países, por exemplo, os gastos com poluição,
sem capazes de drenar e absorver a água das chu- enchentes, desmatamentos. Outra ideia que ganha
vas com a comprovada competência que possuem força é internalizar a questão ambiental e incluir sua
de executar tal serviço, quantos milhões ou bilhões discussão nos debates econômicos e de desenvolvi-
de reais seriam necessários para as obras que pu- mento e não mais encará-la separadamente.
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Fevereiro/2011 68
Não faz muito tempo, emprego era
na indústria, na produção, e alguns no
comércio. Vieram os serviços, setor
que rapidamente cresceu e ganhou
força, empregando mais. Ironicamente,
a sociedade e os mercados, que
conseguiram precificar tantos serviços
diferentes existentes no mundo, sofrem
hoje para precificar outros que sempre
existiram gratuitamente, mas que, se mal
gerenciados, tornam-se extremamente
custosos – os serviços ambientais.
Relatórios recentes da Organização das Nações 2,2 trilhões. Números como estes acabam por cair no
Unidas (ONU) afirmam que 60% dos serviços natu- esquecimento, já que não representam quantias pal-
rais do mundo foram degradados e que a demanda páveis para a grande maioria dos humanos.
atual por mais recursos está na casa dos 35% acima Um dos pontos-chave provavelmente reside no
da real capacidade planetária em nos atender. fato de que, como coloca o editorial de Sérgio Pio Ber-
Em seu artigo “Desenvolvimento sustentável: nardes (Diretor Nacional dos cursos de graduação em
qual a estratégia para o Brasil?”, o professor Ricardo Relações Internacionais com Ênfase em Marketing e
Abramovay, do Departamento de Economia da Facul- Negócios) no Caderno Especial – A Sustentabilidade
dade de Economia e Administração da Universidade e os Novos Interesses das Nações, da Escola Superior
de São Paulo (FEA/USP) e Coordenador do Núcleo de de Propaganda e Marketing (ESPM), em sua segunda
Economia Socioambiental (Nesa), lembra: “Desen- edição (2010), “essa interação de economia e ambien-
volvimento sustentável é o processo de ampliação te, necessariamente, importa em uma diminuição no
permanente das liberdades substantivas dos indiví- ritmo de crescimento econômico, o que de forma al-
duos em condições que estimulem a manutenção e a guma é desejado pelos países em desenvolvimento”.
regeneração dos serviços prestados pelos ecossiste- Talvez a diminuição no ritmo do crescimento não seja
mas às sociedades humanas”. recusada somente pelos países em desenvolvimento,
Segundo outro estudo da ONU, em parceria com mas por todos os países. Resta a todos a tarefa de se-
uma consultoria inglesa, os prejuízos causados nos guir pensando e buscando o valor financeiro dos servi-
serviços prestados pelos ecossistemas – ou, em outras ços ambientais, antes que se percam por completo os
palavras, os danos ambientais – das 3 mil maiores em- valores éticos na forma de utilizá-los. Senão, o que é
presas do mundo são representados pela cifra de US$ de graça hoje nos custará muito caro amanhã.
• Vento
Poliniza plantas ao levar sementes para outros locais, dis-
persa poluição atmosférica concentrada em grandes cen-
tros urbanos, é provedor de energia para as usinas eólicas,
ator meteorológico fundamental para o clima,
motor para embarcações à vela.
São apenas alguns exem-
plos dos serviços am-
bientais não precifica-
dos do vento.
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Fevereiro/2011 70
• Florestas • Biodiversidade
Madeira, frutos, alimentos, abrigo para um nú- Presente em todos os ambientes naturais do pla-
mero infindável de espécies de animais, plantas, neta, nos mares, nas florestas, rios, desertos e
microrganismos, insetos, e ainda executam a ta- onde mais pudermos imaginar, provê recursos e
refa extremamente importante nos dias atuais de conhecimentos de variados tipos para indústrias
capturar carbono (CO2) do ar e trocar o gás nocivo de cosméticos, centros de pesquisas de materiais,
à nossa saúde por oxigênio, tudo isso sem cobrar nanotecnologia, medicamentos e saúde, e ainda
nem um centavo. Ainda prestam o serviço de re- esconde tesouros nunca descobertos capazes de
frescar a superfície terrestre e equilibrar o clima, trazer lucros inimagináveis para a humanidade,
manter a umidade relativa do ar e fornecer vapor desde que não sejam destruídos antes mesmo de
d´água para as chuvas junto com os rios, mares serem desvendados.
e áreas alagadas, além de terem papel crucial na
drenagem das águas, graças à alta capacidade de
absorção de seus solos.
• Agricultura
Terras e áreas agricultáveis nos garantem
a produção de alimentos de qualidade.
• Rios
Ainda que a terra tenha preço definido, no Além das semelhanças com os mares no pro-
caso de fazendas, sítios, chácaras e outras vimento de alternativas de transporte, são as
propriedades, é serviço ambiental natural artérias capazes de levar água doce aos gran-
o fato de podermos nela plantar e colher des sistemas de abastecimento de água dos
boa parte do almoço e jantar de amanhã. centros urbanos. Além de ajudarem a matar
Sem a disponibilidade de espaço para as nossa sede, recebem, sem reclamar, as usi-
culturas agrícolas, onde plantaríamos nas e centrais hidrelétricas que nos
para colher milhões de toneladas de grãos abastecem com energia elétrica
como soja, arroz, feijão, milho ou outras por tempo indeterminado.
culturas como a cana-de-açúcar, fornece-
dora do etanol, do açúcar?
Artigo Eduardo Brandão
Pelo resgate à
qualidade de vida
Temos no Distrito Federal, entre parques e Uni- Nos últimos 20 anos, mais de 570 áreas irregu-
dades de Conservação, mais de 70 áreas. Dessas, 68 lares como esta se formaram na cidade. E 25% da
já foram instituídas como parques, mas o que vemos população brasiliense moram nestes locais. Não po-
são locais abandonados – e que deveriam ser a ga- demos mais permitir que este tipo de ação destrua
rantia de qualidade de vida para nós brasilienses. nossas nascentes e rios. Precisamos urgentemente
A falta de políticas públicas ambientais transformou protegê-los.
a Capital do país em algo bem diferente do planejado O Governador Agnelo Queiroz está empenha-
por Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Assim como as catás- do nesta luta, pois uma das bandeiras do governo é
trofes do Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estados devolver a qualidade de vida à população. Uma das
brasileiros, Brasília, apesar de plana, também apresenta soluções é o resgate e criação de parques.
áreas de risco. A maior causa é o desvelado desrespeito A Secretaria do Meio Ambiente traz um novo
ao meio ambiente. Brasília tem exemplos de invasões conceito para implantação imediata e sem custos
que foram criadas aos olhos de todos – tanto população altos – são os parques perimetrais e os lineares.
quanto poder público – e sobre as quais nada foi feito. A Trata-se de algo moderno e muito simples. Os peri-
Região Administrativa de Vicente Pires é hoje uma cida- metrais serão criados entre a área de proteção am-
de com mais de 65 mil habitantes e que foi erguida em biental e o perímetro urbano, recuperando locais
cima de nascentes que teriam capacidade de abasteci- degradados com a formação de um cinturão verde.
mento maior do que o nosso lago Paranoá. Pistas de cooper, áreas de convivência, bancos de
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Fotos: Ascom
areia, parquinhos, além da plantação de vegetação
nativa, darão a concepção do parque. Desta forma,
evitamos novas invasões e ainda criamos uma opção
de esporte e cultura para a vizinhança. Neste proje-
to, o maior parceiro é a população local, que atuará
como um fiscal diário.
Outra novidade são os parques lineares – se-
guem o mesmo princípio de preservação, só que às
margens de córregos e rios, respeitando as Áreas de
Proteção Permanente (APPs). Estes parques serão
criados ao longo das águas, formando uma área de
proteção, e assim poderemos recuperar a paisagem
e as matas ciliares das margens destes rios, evitando
inclusive o assoreamento do lago Paranoá, onde de-
semboca suas águas.
Sabemos que, hoje, 80% da população moram
no perímetro urbano, e esta invasão repentina nas
cidades só poderia mesmo resultar em catástrofes
como as do Rio de Janeiro. A falta de planejamento
urbano e o consequente desrespeito ao meio am-
biente precisam de cuidados imediatos. Somente
com a atenção devida às cidades é que consegui-
remos reduzir os problemas ambientais. Além do
cuidado com as matas e águas, cabe a nós cidadãos
sabermos que uma cidade só poderá ser realmente
sustentável quando souber equilibrar as dimensões Eduardo Brandão é engenheiro civil, formado pela Universidade de
social, ambiental e econômica. A ênfase dispensada Brasília, e atualmente é Secretário de Estado do Meio Ambiente do
a qualquer um desses três grupos pode conduzir ao Distrito Federal e Presidente Nacional do Partido Verde (PV).
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Fotos: Divulgação
Ad nauseum. Ad eternum?
T alvez o leitor mais atento possa me julgar um
tanto repetitivo acerca de alguns assuntos.
Porém, folgo em refrescar a memória dos que por-
rantir o que me referi como “segurança energética
do país”. Somos um país sem “no break” cuja deman-
da energética só aumenta.
ventura possam fazer tal juízo que busco apenas uma Em 2001, o apagão ocorreu por ocasião de um
referência atualizada para fazer um pequeno excer- grande período de estiagem que obrigou a nação a
to, não tão ligado a opiniões pessoais, mas a consta- racionar energia. Racionar é como tentar emagrecer
tações profissionais, uma vez que a experiência com passando fome, desrespeitando as necessidades do
equipes multidisciplinares ao longo dos anos nos faz organismo, expondo-o à inanição e a danos às vezes
procurar sempre enxergar as coisas de forma pano- irreparáveis. Até para atitudes de contenção, é neces-
râmica. Encerro esta breve justificativa limitando-me sário um planejamento e – aqui me repito mais uma
a dizer que antes fosse eu o responsável pelo pres- vez – não somos bons planejadores. Neste início de
sionamento contínuo das mesmas teclas, mas infe- ano, de novo as chuvas, não sua falta, mas sua abun-
lizmente eu me repito, porque os assuntos que me dância desmedida, ganharam as primeiras páginas
forçam a dedilhar o teclado, de tempo em tempo, dos noticiosos. Temos diante de nós algo que suplanta
são os mesmos. escalas previstas e que nos cobra ações mais sólidas
Temos diante de nós a memória recente dos no- do que “empurrar com a barriga”. Ações profiláticas
ticiários sobre o apagão que fez com que o Nordeste necessárias, mesmo sendo tomadas, ainda podem ser
brasileiro voltasse por algumas horas aos tempos do insuficientes para as grandes alterações climáticas que
candeeiro. Inevitáveis são as lembranças e os para- presenciamos e que ainda estão por vir.
lelos traçados com o apagão de 2001, ocorrido por De todos os lados, chove também a cobrança por
motivos bem diferentes, é verdade, mas que gera os explicações para o “lapso” energético nordestino. Co-
mesmos efeitos danosos e, portanto, fica arquivado branças que vêm inclusive do próprio governo, como
em “nossos sistemas” na mesma pasta, sem maiores quem foi pego de surpresa pela própria falta de dili-
preocupações discriminatórias ou de critério. Há exa- gência e precauções. Vem à cabeça a cena do incauto
tos cinco meses, cinco edições atrás, resolvi discorrer motorista que tateia o fundo do porta-malas apenas
um pouco sobre o setor que escolhi como profissão. para descobrir que o pneu de socorro está murcho.
No referido artigo, eu aludi às grandes qualidades da Um misto de frustração e raiva. É nestas horas que
matriz energética brasileira; no entanto, apontando pouco importa quem deixou de calibrar o estepe. O
a necessidade de sistemas redundantes, paralelos, mais importante é garantir que ele esteja cheio sem-
acionados em momentos de crise, impulsionados pre. Para isso, é preciso um mínimo de disciplina e –
por insumos e formas diversas, como forma de ga- olha a repetição de novo aí – planejamento.
Ilustração: Revista Novo Ambiente/Marco Jacobsen
Esquentando...
Ainda que soe repetitiva, a questão do aquecimen-
to global, infelizmente, segue na ordem do dia. E o
pior: as temperaturas subindo. São dados da Agên-
cia Espacial Norte-Americana (Nasa), que vêm no-
vamente alertar para o aumento do calor no plane-
ta. Em dezembro de 2010, a agência divulgou novo
estudo em que compara as médias de temperatu-
ras de diferentes décadas, desde o início da Revolu-
ção Industrial. A conclusão é de que a temperatura
média global subiu 0,8 oC desde 1880, segundo o
Instituto Goddard de Estudos Espaciais. As análises
foram feitas usando dados disponíveis de 6.300 es-
tações meteorológicas do mundo, medições das
temperaturas do mar feitas em navios e satélites
e observações de estações na Antártica. Os dados
são colocados em um programa de análise que cal-
cula a tendência. A temperatura global depende,
basicamente, de quanta energia o planeta recebe
do Sol e quanta ele irradia de volta ao espaço, e
esta energia irradiada pela Terra está relacionada Queimando...
à composição química da atmosfera, em especial
pela quantidade de gases de efeito estufa. Além da Na Austrália, até o fechamento desta edição, mais
média global ao longo dos anos, o estudo aponta, de 64 casas haviam sido consumidas pelos incên-
ainda, que 2010 foi o ano mais quente já registrado dios no oeste do país, e outras 35 haviam sido da-
dos últimos 130 anos (1880-2010). nificadas. O calor e os fortes ventos causados pela
passagem do ciclone Yasi ajudaram a alastrar as
chamas. A Autoridade de Incêndio e Serviços de
Emergência da Austrália (Fesa, da sigla em inglês)
divulgou o controle de diversos focos de incêndio
no dia 7 de fevereiro, quando mais de mil hectares
de florestas já tinham sido queimados. Agências de
notícias australianas apontavam surpresa de mui-
tos habitantes da região com a rapidez e intensida-
de com que o fogo se alastrou. O ciclone Yasi tam-
bém causou o pior alagamento dos últimos 50 anos
na Austrália, responsável pela morte de 35 pessoas
e mais de US$ 6,5 bilhões em prejuízos, além de co-
locar em risco outras 20 mil moradias.
Invasão argentina
A região da Califórnia, nos Estados Unidos, sofre
desde 1907 com uma invasão peculiar. Formigas
argentinas levadas por navios cargueiros literal-
mente tomaram o sul da Califórnia até a fronteira
com o México, estendendo-se até São Francisco,
formando uma “supercolônia”. A invasão foi com-
batida diversas vezes com o uso de pesticidas,
em vão. A presença das formigas invasoras causa
estragos na vida de espécies como o lagarto de
chifres, que se alimenta de outra espécie de for-
miga, afugentada pelas invasoras. Se, de um lado,
a população do lagarto diminui, de outro, espé- Extinguindo...
cies de insetos, pestes, e pulgões proliferam, pois
são protegidos pelas formigas argentinas,a apre- A lista de animais e plantas em extinção ou já extin-
ciadoras de um tipo de mel produzido por eles. tos parece não parar de crescer. Na Nova Zelândia,
Tal desequilíbrio tem causado grandes problemas país mundialmente reconhecido por seu turismo
agrícolas, já que estes insetos (pulgões, colchoni- de “esportes radicais” e natureza exuberante, qua-
lhas...) atacam plantações de laranja da região. se metade das espécies de aves nativas desapare-
As formigas são agressivas a ponto de afugentar ceram desde 1839. Não bastasse a tristeza desta
todas as outras espécies de formigas, e altamen- notícia, o quadro se mostrou pior quando cientis-
te adaptáveis a ambientes rurais ou urbanos. O tas dos Estados Unidos notaram o desaparecimen-
uso intenso de pesticidas acabou por se mostrar to de plantas de florestas do leste norte-america-
ineficiente, além de arriscado, por poluir o solo no. A pesquisa os levou até as aves do outro lado
e os lençóis freáticos ou fontes de água potável. do mundo, na Nova Zelândia. A extinção delas re-
Agora, a Universidade da Califórnia corre por so- presenta o desaparecimento de polinizadores das
luções alternativas, com o mapeamento genético plantas. Somem os pássaros, morrem as plantas.
e o estudo do comportamento da praga, na espe- A introdução de gatos, algumas espécies de gam-
rança de encontrar um modo de controlar a ex- bás, ratos e doninhas nas ilhas da Nova Zelândia
pansão exagerada da supercolônia. por colonizadores europeus foi a responsável pela
extinção de aves como a tui, a araponga e o A (“ave
pontuda”, em tradução livre), que eram todas aves
com bicos e línguas longas, perfeitamente adequa-
das para polinizar algumas plantas, como o arbusto
Rhabdothamnus solandri, ou gloxínia neo-zelan-
desa, conhecido por suas flores de cor laranja bri-
lhante. O estudo aponta, entretanto, que nem tudo
está perdido: as aves resistem em pequenas ilhas
próximas da Nova Zelândia, onde as espécies exó-
ticas de mamíferos não chegaram nem os coloniza-
dores se interessaram em aportar. As informações
são da Scientific American.
E
sse quero-quero de olhos vermelhos aí ao lado vive
Olhos no poder
exatamente na frente do maior centro de poder do
Brasil, a Praça dos Três Poderes. Ele está com esses
olhos atentos porque sua sob as asas da sua fêmea estão qua-
tro ovos. Ele está alerta ao futuro de sua espécie, e não é ne-
cessário mais linhas para dizer que isso nos oferece uma me-
táfora muito boa. Estar atento às ações do coração político do
país para o bem das nossas próximas gerações.
Existem bichos que sabem coexistir sem causar estragos,
nós ainda precisamos aprender muito sobre isso. É certo que a
fama do quero-quer o não o coloca como o animal mais simpá-
tico do mundo, mas é um bicho, como diriam os antigos, “ra-
çudo”. Gosta dos campos típicos dos cerrados e não abre mão
deles. Quando se pergunta por que esse pássaro vem fazer seu
ninho junto às construções humanas, talvez a resposta seja o
contrário, isto é, ele não arredou o pé das áreas ocupadas por
seus ancestrais, nem mesmo quando toneladas de concreto
foram colocadas sobre elas. Talvez ele se pergunte: por que os
humanos vieram fazer a casa deles aqui no meu gramado?
E lugar de quero-quero é mesmo diante dos espaços onde
as decisões são tomadas. Quero dignidade, quero um futu-
ro decente e limpo para meus filhos, quero educação, quero
respeito, quero saneamento e quero um planeta saudável.
Elegemos porque queremos algo, e se os nossos não foram
eleitos, queremos com os mesmos direitos. Queremos porque
pagamos ao Estado aquela que está entre as maiores cargas
tributárias do planeta. Queremos porque o exercício da polí-
tica deveria ser um sacerdócio, a escolha daquele que, entre
milhões, quer dedicar sua vida ao bem comum. Queremos que
as falácias não mais abusem da nossa boa fé, que elas não fa-
çam com que nossos ideais sejam sinônimo de ingenuidade ou
estupidez.
Um novo quadriênio político nacional começou. É hora
de ter olhos de quero-quero. É hora de incentivarmos nossos
representantes ou deixarmos muito claro quando estivermos
descontentes. Agora, só nos resta a pressão da opinião públi-
ca, e, para isso, temos que estar atualizados e dispostos a de-
dicar um pouco mais de tempo à política democrática, pois ela
é a forma mais correta de mudar o mundo, a menos que você
considere o autoritarismo como solução. É hora de separar o
picareta do bom político, daquele que possui grandes projetos
para a sociedade mas que muitas vezes é jogado no balaio de
maçãs podres e, assim, tem seu espírito desmotivado.
Mantendo uma equipe permanente em Brasília, a Revista
Novo Ambiente discutirá com profundidade, durante este ano,
o trâmite político de assuntos relacionado às causas sustentá-
veis. Energia, habitação, preservação, mobilidade, biodiversi-
dade, alimentos, indústria. Tentaremos aprender um pouco
mais com esse bicho de olhos arregalados e atenção constan-
te, que defende com suas garras e esporas o futuro de seus
filhos, mesmo que o ambiente se apresente hostil.
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Foto: Revista Novo Ambiente/Oberti Pimentel