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31/01/2021 Três desafios para regular a circulação de notícias falsas - 16/01/2018 - Pablo Ortellado - Folha

Pablo Ortellado (/colunas/pablo-ortellado/)

Três desafios para regular a circulação de notícias falsas


16.jan.2018 às 7h40

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relatado (http:/
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31/01/2021 Três desafios para regular a circulação de notícias falsas - 16/01/2018 - Pablo Ortellado - Folha

várias iniciativas da Polícia Federal, do Executivo, do Legislativo e do Judiciário para regulamentar a


circulação das chamadas
noticias falsas, (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1950458-escalada-de-fake-news-vai-de-atentado-do-mst-a-ameaca-de-estupro-na-
papuda.shtml)

principalmente no período eleitoral. Há três desafios que as medidas precisam enfrentar e cujos riscos
são muito maiores do que o remédio que podem trazer.

1. Definição

O termo fake news, em português, notícias falsas, ganhou difusão em dezembro de 2016 no contexto
da
campanha presidencial americana. (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/09/1922591-noticias-lixo-dispararam-durante-eleicao-
americana-diz-estudo.shtml)

É um termo que nasceu na


cobertura jornalística (http://www1.folha.uol.com.br/cenarios/2017/12/1943619-em-ano-de-eleicao-indefinida-jornalismo-sera-lente-que-
distingue-noticia-e-fake-news.shtml)

e na dinâmica do debate político e, por isso, nunca foi propriamente definido.

Primeiro, o termo foi utilizado para se referir a


sites maliciosos (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/02/1859808-como-funciona-a-engrenagem-das-noticias-falsas-no-brasil.shtml)
que promoviam informação equivocada travestida de jornalismo —sites que se disseminaram no
contexto da campanha eleitoral americana, principalmente para atacar adversários. Depois, o próprio
Donald Trump passou a utilizar o termo para se referir a veículos da grande imprensa que faziam
matérias que ele não considerava adequadas.

O termo se tornou assim excessivamente elástico, sendo utilizado tanto para se referir ao post de um
blog que promovia boatos sobre Hillary Clinton, como para se referir a uma matéria investigativa do
"New York Times".

Para escapar da imprecisão, alguns teóricos têm tentado dar consistência ao conceito circunscrevendo
o fenômeno àquelas matérias inverídicas que aparentam ser fruto de apuração jornalística e cujo erro
advém não de uma apuração ruim ou descuidada, mas de uma intenção maliciosa (busca de lucro
econômico ou benefício político).

Embora essa definição mais precisa seja mais útil, ela ainda é incapaz de dar conta do fenômeno.
Quase todos os sites aos quais queremos nos referir ao utilizar a expressão "site de notícias falsas"
apenas ocasionalmente produzem notícias falsas, no sentido circunscrito de mentiras travestidas de
notícias.

A maior parte do que é produzido regularmente g por esses sites são matérias recheadas de pequenas
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distorções: exageros, manchetes apelativas, sensacionalistas ou em desacordo com o texto,
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especulações apresentadas como fatos, efalsas atribuições OK de outros procedimentos de
e uma miríade
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fraude e logro. O uso do termo "notícias falsas" aponta só para a ponta mais extrema e visível de um
problema que é maior e mais nuançado.

Embora possamos suspeitar que há motivação política ou econômica por trás de algumas dessas
notícias enganosas, é difícil comprovar a má-fé e garantir que não se trata apenas de erro. Como, na
prática, separar uma informação falsa, fruto de um erro de apuração, daquela que foi produzida
intencionalmente, de forma maliciosa?

Além disso, qual o grau de erro que deve ser objeto de algum tipo de
sanção? (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/10/1924600-para-obama-censura-e-pior-solucao-para-crise-das-fake-news-na-internet.shtml)
Um exagero apoiado nos fatos deveria ser aceito? Uma frase tirada de contexto e lançada na
manchete? Uma especulação apresentada de maneira a parecer um fato concreto?

Como se vê, a linha é difícil de ser traçada e uma série desses expedientes são também utilizados pela
chamada "imprensa profissional".

2. Extensão

Essas considerações nos levam ao segundo ponto, a dimensão do fenômeno das notícias falsas. Nosso
problema não é apenas identificar o erro, avaliar o grau do erro e determinar a intenção. O problema é
também de escala.

O Brasil tem hoje três agências de verificação de fatos, o que no jargão do meio se conhece como fact-
checking: as agências Lupa, (http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/) Aos fatos e Pública. Estamos falando de três
iniciativas profissionais, vinculadas ao International Fact Checking Network, com jornalistas
exclusivamente dedicados à tarefa de apurar e verificar o embasamento factual do que disse um
político ou do que alegou um artigo.

Se somarmos tudo o que as três iniciativas produziram na última semana, não chegamos a dez
verificações. Enquanto isso, todo dia se produzem no Brasil de 3.000 a 5.000 notícias de política
nacional, entre as matérias que são produzidas pela grande imprensa, pelo jornalismo digital e pela
imprensa alternativa, tanto a de esquerda, como a de direita.

A desproporção entre tudo o que se produz e a estrutura existente para verificar é muito grande.
Estamos falando de pelo menos 20 mil matérias por semana, podendo chegar a quase o dobro disso,
contra uma estrutura disponível capaz de verificar apenas uma dezena, ou seja, 0,05% do total. Para
dizer sem rodeios, é impossível verificar com rigor as notícias de política que o Brasil produz
diariamente.

Para escapar desse problema, podemos g supor uma abordagem diferente que enfatize não as matérias,
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veículos responsáveis pelas matérias, retirando do ar os sites que reiteradamente produzem
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Quando olhamos para a propriedade e para o desenvolvimento desses sites engajados que promovem
a desinformação, vemos que frequentemente seus operadores tem um portfólio de vários domínios
que vão utilizando e descartando quando passam a ter problemas com a Justiça ou quando as
plataformas os punem. Vimos isso recentemente, em abril, quando o Facebook mudou seu algoritmo
para degradar o desempenho de sites que tinham certas condutas maliciosas e em seguida vários
operadores passaram a descartar domínios antigos e migrar para outros mais novos que contornam as
exigências da plataforma. Com a hospedagem no exterior e a adoção de serviços de anonimização,
estabelecer quem está por trás de cada site de notícias falsas não é trivial e seguramente toma mais
tempo do que a duração do período eleitoral.

3. Competência

Quem deveria ser responsável pela regulação da circulação de notícias falsas? As polícias judiciárias,
como as polícias civis e a Polícia Federal? O Judiciário, por meio dos tribunais eleitorais? Uma
força-tarefa, (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1947872-pf-cria-grupo-para-auxiliar-outros-orgaos-no-combate-as-fake-news.shtml)
como se propôs, incluindo o exército e os órgãos de inteligência?

Creio que não é necessário discorrer sobre o grave risco à liberdade de expressão que consiste no
Estado ter o poder de definir qual notícia é legítima e qual não é e poder censurar ou perseguir o
emissor. Isso simplesmente não condiz com uma democracia liberal, em qualquer acepção do termo.

Além desse argumento de princípio, que deveria ser suficiente, há ainda outro, de natureza prática e
operativa. Dado os problemas de definição e de escopo, uma abordagem orientada a sanção (multa,
censura ou punição da chapa) seguiria apenas dois caminhos: seria inócua ou cometeria
arbitrariedades. Ou bem cometeria abusos reiterados buscando a eficiência, ou seria cuidadosa e
estéril, já que não teria como processar o grande volume do que é produzido.

Se tivermos que escolher entre as principais propostas que estão sobre a mesa, o melhor é não fazer
nada e ficar como estamos. O desafio imposto pelos sites de notícias falsas não tem solução fácil e a
abordagem mais adequada que inclui transparência, educação e autorregulação apenas mitiga o
problema.

Pablo Ortellado
Professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, é doutor em filosofia.

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