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PERNAMBUCO
PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO – PSB - 40, órgão de direção local de Partido Político, com sede na
Rua Marinete Ferreira de Britto, 55, Cohab, Sirinhaém- PE, CEP 55580-000, inscrito no CNPJ nº
15.866.918/0001-95, neste ato representado pelo seu Presidente o Sr. Franz Araújo Hacker, brasileiro,
CPF nº 711.450.104-82 (instrumento procuratório anexo e certidão de composição – Doc. 01), vem,
respeitosamente e tempestivamente, com fundamento no art.30-A, § 1º daLei nº 9.504/97, propor a
presente:
1. DA TEMPESTIVIDADE
Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no
prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a
abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com as normas desta
Lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de
2009) (Vide Emenda Constitucional nº 107, de 2020) Inclusive, também levando em conta
o disposto no parágrafo único do artigo 7º da Resolução Nº 23.632, de 19 de novembro de
2020:
Porém, a Emenda Constitucional 107/20, tendo em vista os infortúnios causados pela pandemia global,
modificou o prazo acima, da seguinte forma:
§ 3º Nas eleições de que trata este artigo serão observadas as seguintes disposições:
(...)
Resta, portanto, tempestiva a seguinte ação tendo em vista a mudança vigente para as eleições 2020.
Em que pese a referida ação pretender uma análise da prestação de contas sob uma ótica judicial e
não administrativa é pacifico que ambos os processos são independentes não há litispendência,
conexão ou mesmo vinculação entre ambos:
Porém, embora a parte Autoria tenha optado por não realizar a impugnação das contas de campanha dos
Representados, acredita firmemente que apenas as omissões mencionadas em tópico próprio, por si, serão
suficientes para atrair a desaprovação das contas que ainda estão em análise:
É preciso ressaltar, em primeiro plano, que os Impugnados utilizaram 46% dos valores percebidos, grande parte
dos valores tidos como receita foram provenientes do FEFEC – cerca de R$ 74,000,00 (setenta e quatro mil
reais), em uma suposta empresa de serviços de comunicação e estratégia.
Segundo o DivulgCand os gastos chegam ao valor de R$ 39.850,00 (trinta e nove mil oitocentos e cinquenta
reais):
Há alguns pontos sombrios sobre a procedência da suposta empresa contrata, o primeiro dele e que salta aos
olhos, é o fato de ter sido aberta em 14/02/2020 e, ter tido suas atividades encerradas em 26/11/2020
segundo a receita federal, vejamos:
Ou seja, pode-se dizer que a Empresa fora aberta apenas para o período eleitoral, o que, por si, claro, embora
seja um fato estranho não configura nenhum crime, mas é difícil acreditar que uma empresa, com a qual a
candidata despendeu recursos no montante apontado, funcionasse em um apartamento residencial na cidade
do Recife, vejamos o endereço acima mencionado:
Não há dúvidas de que a tal empresa funcionava em um apartamento residencial e, portanto, não tinha uma
sede, não se tratava de uma agência de publicidade e, tampouco, de acordo com as pesquisas realizadas é
possível afirmar que possuía funcionários já que nem ao menos o CNPJ é cadastrado como Empregador na
Caixa Econômica:
Dentre os serviços prestados, segundo nota fiscal nos autos, para os Representados está:
Porém, é interessante ressaltar que, no tocante aos vereadores e aos partidos, não há qualquer comprovação
de serviços prestados pela tal empresa. Explique-se: em consulta as redes sociais dos vereadores eleitos e dos
suplentes não há nada que indique um trabalho profissional ligado a mídias sociais, filmagens ou fotografias
profissionais.
Há apenas um card para cada candidato (uma foto dele com a candidata a prefeita e o vice), bem como, os
candidatos repostavam alguns conteúdos do perfil da própria candidata, ou seja, não há indícios de que a
Empresa produzisse qualquer tipo de conteúdo próprio para os vereadores:
O candidato Leonardo Ximenes tinha 2 perfis distintos na rede social Facebook
(https://www.facebook.com/leo.compesa.3 e https://www.facebook.com/leonardoximeness), porém
utilizada um perfil para repostar o que publicava no outro, vejamos:
Em seu segundo perfil há apenas duas postagens que não foram republicadas, ambas tem conteúdo político,
uma delas parece ter sido filmada profissionalmente, ou seja, em toda a campanha nos dois perfis do candidato
eleito há apenas um único vídeo que aparenta ter sido filmado profissionalmente, além disso, não há, conforme
já demonstrado, em sua prestação de contas nenhum gasto relativo a produção de vídeos, tampouco, existe
doação neste sentido seja da majoritária ou seja do serviço em si, portanto, admitir que o vídeo foi produzido
pelo candidato ou pela empresa e que não consta em sua prestação é demonstrar que se omitiram recursos.
Instagram do candidato durante a campanha
(https://instagram.com/leonardo.ximenes_?igshid=1ir2l9knm94h2):
O senhor Bruno (candidato sob a alcunha Bruno de Dedéu) também não parece ter tido qualquer
assessoramento em suas redes sociais que fosse além do card oficial com a majoritária no Facebook:
Seu perfil do Instagram, durante às eleições, não possuiu conteúdo próprio, além do card oficial que é a única
coisa que parece ter sido feita para os vereadores, republicando apenas os conteúdos da candidata ao cargo
de Prefeita:
Entre os suplentes, quanto ao Sr. Gutemberg Augusto, em diligências a parte apenas encontrou um perfil no
Facebook que não é atualizado desde 2017
(https://www.facebook.com/gutembergaugustosantosdesantana.berg) e outro que não possui postagens no
período político (https://www.facebook.com/gutemberg.santana.315), já seu perfil no Instagram
(https://instagram.com/gutembergsantanaoficial?igshid=5arld7nurwqn) conta com apenas 6 postagens sendo
a última (o card oficial de candidato) a única no período político:
Leonardo Ximenes:
(https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2020/2030402020/25836/170000843427/integra/
despesas):
O senhor Bruno de Dedéu, aparentemente, não declarou despesas ou receitas em sua campanha, embora
tenha sido eleito:
Dentre os suplentes não há registro da Empresa na prestação de contas dos candidatos ao legislativo algo
extremamente necessário e imprescindível se de fato esse serviço foi doado pela majoritária aos candidatos a
vereador aliás a maioria dos candidatos sequer registra qualquer gasto ou receita nas contas de campanha:
O artigo 35, XV, § 8 é claro ao afirmar que: “Os gastos efetuados por candidato ou partido político em benefício
de outro candidato ou outro partido político constituem doações estimáveis em dinheiro, observado o dis-
posto no art. 38, § 2°, da Lei n° 9.504/1997.” Logo, caberia no caso em questão que se constasse na prestação
de contas dos vereadores os valores individualizados da tal doação dos serviços da Empresa mencionada.
Aparentemente, o serviço foi prestado apenas para a chapa majoritária, sendo assim, seu valor é muito além
do que se praticou na região. Apenas para se ter ideia da vultuosidade dos gastos realizados pelos candidatos
com a tal empresa na região o serviço apenas é comparável a cidade de Ipojuca na qual a prefeita eleita, Célia
Sales1, declarou gastos de 30 mil com uma agência que realiza o trabalho de assessoria de imprensa (mais
amplo que os serviços declarados pelos Representados), vejamos:
1
https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2020/2030402020/24430/170000718888
A diferença é que a MBR é uma agência de publicidade consolidada: http://www.mbrcomunicacao.com.br .
Aliás, os serviços de mídias sociais da Sra. Célia Salles foram realizados pela agência Usina de Filmes e o valor
é espantosamente menor que o declarado pelos Impugnados:
Somando ambos os serviços na cidade de Ipojuca, o que só se admite por argumentar já que o trabalho de
assessoria de imprensa inclui produção áudio visual, social mídia, design e trabalhos jornalísticos, houve um
dispêndio de 39.600,00 apenas um pouco maior que o dos Impugnados por serviços, aparentemente,
prestados por uma empresa que não possui nem ao menos sede comercial funcionando em prédio residencial,
provavelmente, na casa do seu sócio fundador.
A grande diferença está no ponto da cidade de Ipojuca contar com 76,990 eleitores enquanto Sirinhaém têm
27.667 2. Logo, Ipojuca possui 64% a mais de eleitores que Sirinhaém, portanto, é impossível
justificar gastos similares nos mesmos serviços.
Nos municípios vizinhos, entre os eleitos, não há registros, para tal serviço, que tenham montantes ao menos
equivalentes aos despendidos pelos Impugnados. Na cidade de Tamandaré, por exemplo, o Prefeito Eleito
(Isaias Honorato3) registrou um gasto de R$ 7.500,00 a título de fotografias, filmagens e guia de rádio:
2
https://www.tre-pe.jus.br/eleicoes/estatisticas-de-eleitorado/estatistica-do-eleitorado-municipio
3
https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2020/2030402020/23280/170001075307
4
https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2020/2030402020/25372/170000853783
É necessário que os gastos eleitorais sejam comprováveis, inclusive em seu art. 44 a Resolução 23.609/19 assim
dispõe: “A autoridade judicial pode, a qualquer momento, mediante provocação ou de ofício, determinar a
realização de diligências para verificação da regularidade e efetiva realização dos gastos informados pelos
partidos políticos ou candidatos”, ou seja, existe uma preocupação de que os serviços tenham sido
efetivamente prestados, principalmente, tendo em vista que os Impugnados receberam valores do FEFEC que
nada mais é do que dinheiro público para financiar as campanhas eleitorais:
A preocupação se justifica para evitar a prática de se “criar” despesas a fim de retirar o dinheiro legalmente
depositado pelos partidos e dar a ele destinos diversos e obscuros.
A segunda maior despesa da campanha dos Impugnados é contraída frente a André de Freitas Eireli, gastou-se,
a este título, o total de 16.104,00 o equivalente a 19% dos gastos das contas mencionadas.
Chama atenção, em primeiro plano, que a dita Empresa possua um Cnae (Classificação Nacional de Atividades
Econômicas) bastante amplo, e sua principal atividade seria comercio atacadista de produtos de higiene,
limpeza e conservação domiciliar:
Entre os Cnaes secundários há sim a possibilidade de impressão para uso publicitário, entre outras diversas
atividades:
A Empresa também possuí diversos endereços cadastrados a depender de onde se busque existe ao menos
três endereços:
Na Caixa Econômica a Gráfica aparece na verdade como uma confecção e está endereçada em Ipojuca:
Em diligência a parte, conforme vídeo anexo, demonstra que não há no local mencionado qualquer gráfica:
Já na internet se encontra um segundo endereço no Cabo de Santo Agostinho:
Porém, no local indicado existe uma loja de produtos diversos, não havendo, porém qualquer menção a
nenhuma gráfica:
Em São Lourenço da Mata se diligenciou no endereço abaixo:
Existe no local uma Empresa chamada Premium, porém, segundo os moradores que estava em
frente à loja quando esta parte diligenciou (Vídeo – São Lourenço 1) o que funciona, na verdade, é
uma local de venda de produtos para cesta básica e não uma gráfica.
Resta, portanto, a parte Impugnada justificar afinal como sua segunda maior fornecedora é uma empresa de
origem tão duvidosa quanto a primeira.
Já uma busca pela sua Coligação “Coragem para Mudar Sirinhaém” se obtém ao menos 12 resultados entre
representações que a parte ingressou ou que se defendeu:
Em todos esses processos tanto os candidatos como a Coligação foram assistidos por Advogados, igualmente,
em sua prestação de contas há a necessidade de acompanhamento jurídico, porém, não há nenhum valor
declarado a este título.
Também é sabido que existe a necessidade de um profissional de contabilidade a fim de que se proceda a
realização da prestação de contas em si (id. 61971139 – processo de prestação de contas 0600716-
19.2020.6.17.0026). Porém, também não há a este título nenhum pagamento na prestação dos Impugnados:
Os partidos que compõe a Coligação também não declararam nenhum tipo de consultoria jurídica e/ou contábil
que pudesse justificar algum tipo de doação de serviços, aliás, nenhum dos partidos da Coligação Pra Mudar
Sirinhaém prestou contas após o pleito, vejamos, por exemplo, os dois que tinham candidatos:
Há outras omissões relevantes na prestação de contas da candidata, como, por exemplo, a utilização do Mini
trio Veneza (vídeos anexos):
Embora seja um equipamento caro há registro de seu uso em algumas ocasiões sem, no entanto, existir
qualquer menção ao tal carro na prestação de contas da candidata. Aliás, o único carro de som registrado em
suas contas foi locado a uma construtora cujo Cnae nem ao menos abrange esse tipo de atividade, vejamos:
As omissões são fortes indícios de que valores circularam fora das contas de campanha dos Representados
em total arrepio ao que dita a legislação vigente a jurisprudência:
As máculas aqui postas vão muito além da contabilidade em si e perpassam a própria higidez do processo
eleitoral. Ademais atentam diretamente contra o equilíbrio e a normalidade do pleito, principalmente, em
uma eleição que foi definida por uma pequena vantagem de votos:
Os valores aqui postos em questão, sob perspectiva matemática, equivalem a 65% do que foi gasto pelos
candidatos sendo, de fato, bastante expressivo no universo dos seus gastos eleitorais:
“Agravo regimental. Recurso especial. Eleições 2016. Vereador. Representação. Art. 30-A Lei
9.504/97. Arrecadação e captação ilícita de recursos. 1. No decisum monocrático,
mantiveram-se sentença e acórdão unânime do TRE/RJ no sentido da perda do diploma de
vereador do agravante por arrecadação e gastos ilícitos de recursos de campanha nas Eleições
2016 (art. 30-A da Lei 9.504/97). [...] Tema de fundo. Doações fraudulentas. Uso de ‘laranjas’.
Totalidade de recursos arrecadados. Reexame. Impossibilidade. Súmula 24/TSE. 4. O uso de
"laranjas" para encobrir os verdadeiros doadores de campanha configura inequívoca
arrecadação de recursos de origem não identificada a ensejar a perda do diploma (art. 30-A
da Lei 9.504/97). Precedentes. 5. In casu, o TRE/RJ, por unanimidade, assentou que as
diversas doações feitas em período crítico (setembro e outubro de 2016) para a campanha do
agravante foram simuladas, visto que se empregou engenhosa sistemática em que pessoas
físicas, após receberem depósitos não identificados em suas contas-correntes, repassaram
esses valores para o candidato. 6. O ilícito encontra-se sobejamente comprovado ante as
conclusões postas no aresto a quo: a) os recursos depositados nas contas dos 11 doadores e
as transferências realizadas quase sempre na mesma data ou em datas muito próximas são
de idêntico valor; b) as doações não refletem a capacidade econômica dos cedentes; c) foi
oportunizado ao agravante e às testemunhas apresentarem provas documentais da origem
dos recursos, o que não foi feito. 7. Os valores envolvidos não são módicos. A teor
do decisum regional, 100% dos recursos obtidos pelo agravante (R$ 59.400,00) advêm de
doações ilícitas, reconhecendo-se a prática de "caixa dois". Esse também foi o montante
exato declarado como gastos de campanha, o que se revela grave e compromete a igualdade
e a legitimidade do certame [...].”
(Ac. de 11.4.2019 no AgR-REspe nº 44.565, rel. Min. Jorge Mussi.)
Portanto, a gravidade das condutas nesta ação descritas são suficientes para ensejar as duras penalidades
legais previstas.
A parte autora fez o possível, dentro de suas possibilidades, para demonstrar os ilícitos praticados, porém é
urgente a necessidade de que o judiciário lance mão de seus poderes a fim de realizar a quebra do sigilo
bancário e fiscal das empresas mencionadas.
Com os dados obtidos é possível que se descubra, principalmente, como esse dinheiro foi utilizado pelas
empresas mencionadas. Explique-se: se os valores foram posteriormente sacados e, portanto, haveria a
comprovação de que foram retirados das contas de campanha a fim de serem devolvidos aos candidatos.
São claros os indícios de fatos ilícitos somados a necessidade real de esclarecimento dos fatos ora postos:
“Eleições 2010. Agravo regimental. Agravo. Doação. Campanha eleitoral. Pessoa jurídica.
Limite legal. Inobservância. Legitimidade ativa. Decadência. Não ocorrência. Sigilo fiscal.
Quebra. Legalidade. Rendimentos. Pessoa física. Somatório. Impossibilidade. Cálculo.
Desprovimento [...] 3. A quebra de sigilo fiscal é procedimento administrativo no qual o
exercício do contraditório sobre as provas obtidas é postergado ou diferido para a
representação - processo judicial - dela decorrente. 4. É legítima a quebra do sigilo fiscal
deferida pelo órgão originariamente competente para o julgamento da ação. 5. É vedado o
somatório do faturamento da pessoa jurídica com os rendimentos das pessoas físicas que a
criaram. 6. Agravo regimental não provido.”(Ac. de 3.4.2014 no AgR-AI nº 280863, rel. Min.
Luciana Lóssio e no mesmo sentido o Ac. de 27.3.2014 no AgR-REspe nº 81230, rel. Min. Dias
Toffoli e o Ac. de 28.11.2013 no REspe nº 3693, rel. Min. Henrique Neves, red. designado Min.
Luciana Lóssio.)
Por fim, deve prevalecer o interesse público diante de fatos que, sem dúvida, comprometeram o pleito local:
DOS REQUERIMENTOS
Destarte, a Impugnante, com lastro no bom direito ressaltado nesta peça, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, requerer:
1- Que seja dado provimento a Representação a fim de levar a cassação do diploma dos Repre-
sentados;
3- Que seja oficiado o Ministério Público Eleitoral, a fim de investigar se há indícios de irregula-
ridades que possam configurar crimes (art. 75 parágrafo único Rel. 23.607/19);
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Rio Formoso-PE, 13 de janeiro de 2020.
LUÍSA LEITE
OAB/PE 34.366