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Hipertrofia cardíaca
José Geraldo Mill, Dalton Valentim Vassallo

Resumo antitrombóticos, em pacientes com fibrilação atrial, é


similar à demonstrada na prevenção secundária. Nos
Os antitrombóticos possuem utilidade fortemente pacientes de alto risco, o emprego de anticoagulantes orais
embasada para a prevenção do acidente vascular encefálico é mandatório na ausência de contra-indicações, sendo,
(AVE) isquêmico. Fármacos antiplaquetários possuem nesse caso, a aspirina uma segunda opção. A aspirina tem
benefício documentado por metanálises e ensaios clínicos efeito modesto, mas consistente na fase aguda do AVE,
randomizados em prevenção secundária. A magnitude do sendo ainda controverso o papel de outros antitrombóticos
benefício de prevenção primária de AVE com fármacos nesse contexto.

Palavras-chave: Antitrombóticos; Acidente vascular encefálico.

Recebido: 03/11/00 – Aceito: 14/02/01 Rev Bras Hipertens 8: 63-75, 2001

Hipertrofia cardíaca 2000; Machida et al., 2000), indução etc. (sobrecarga pressórica), ou le-
hormonal (Tiroxina, isoproterenol) sões orovalvulares ou congênitas
Constitui-se num mecanismo adap- (Pereira, 1993; Brown et al., 1992; como a insuficiência aórtica, comu-
tativo do coração, em resposta a um Oliveira, 1999; Vassallo et al., 1988) nicação interatrial, etc. (sobrecarga
aumento de sua atividade ou de ou condições de débito alto como as de volume) (Cooper IV, 1987; Mann
sobrecarga funcional. De maneira observadas na anemia e fístulas et al., 1988; Pereira, 1993; Weber et
sucinta, podemos dizer que esta arteriovenosas (Pereira, 1993; Epstein al., 1991);
adaptação pode se dar em resposta a: e Oster, 1986); C) Resultante de mecanismos
A) Aumento de necessidade meta- B) Aumento de carga pressórica intrínsecos de natureza genética, tais
bólica que impõe um aumento do débito ou de volume, condição observada como as hipertrofias idiopáticas que
cardíaco. Esta é a condição observada como resposta adaptativa a condições podem ocorrer mesmo na ausência de
em resposta ao exercício físico (Pen- patológicas como a hipertensão ar- sobrecargas (Widgren et al., 1993;
pargkul et al., 1980; Russel et al., terial, estenose ou coartação de aorta, Rapp, 2000).

Correspondência:
Dalton Valentim Vassallo
Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas, CBM/UFES
Av. Marechal Campos, 1468 – Maruípe – CEP 29040-090 – Vitória - ES.
Tel.: (0xx27) 335-7350 – Fax: (0xx27) 335-7330
E-mail: daltonv2@terra.com.br

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O resultado desse aumento de deverá adaptar-se a condições para tólica. Em outras hipertrofias, como a
trabalho do coração traduz-se num lidar com maior volume de sangue. provocada pelo exercício, as caracte-
aumento de massa cardíaca devido ao Neste caso, mantidas as condições de rísticas do estroma não se alteram e,
crescimento dos miócitos e/ou do encurtamento da parede ventricular, a conseqüentemente, não ocorre pre-
estroma conjuntivo (Pereira, 1993; Jalil existência de um volume cavitário maior juízo funcional (Weber et al., 1991;
et al., 1989; Weber et al., 1990). Quando permitirá uma fração ejetada maior, Woodwiss et al., 1998).
relacionada a condições fisiopatológicas, embora o aumento de raio tenda a
como a hipertensão arterial, a hipertrofia reduzir a capacidade de desenvolvi-
cardíaca assume importância devido mento de pressão. Fisiopatologia da
ao fato de que, sua presença associa- hipertrofia miocárdica
se ao aumento de risco de morbi- Miócitos
mortalidade, tendo como conseqüência Proteínas contráteis
a ocorrência de morte súbita, arritmias Com relação aos miócitos, o seu As células musculares cardíacas
ventriculares, isquemia miocárdica e crescimento, na hipertrofia, pode se adultas crescem pela deposição de
disfunção ventricular sistólica e fazer de duas maneiras, pela adição novos sarcômeros e demais consti-
diastólica. Portanto, a presença de de sarcômeros em série ou em tuintes citoplasmáticos, tendo em vista
hipertrofia constitui-se em um impor- paralelo (Russel et al., 2000). Cumpre que são células que perderam, em sua
tante fator de risco (Milanez, 1995; ressaltar que tal crescimento não é
quase totalidade, a capacidade de se
acompanhado de multiplicação de
Saraiva, 1997; Frimm, 1998). multiplicar. A grosso modo, as hiper-
miócitos. A adição de sarcômeros,
trofias decorrem da sobrecarga de
em série, permite que a célula au-
Tipos de hipertrofias pressão e/ou volume. O miocárdio
mente de comprimento, ocorrência
interpreta essas sobrecargas de modo
principal nas hipertrofias excêntricas,
Com relação ao coração como um diferenciado, de modo que o resultado
e a adição em paralelo aumenta a
todo as hipertrofias podem ser final nessas situações é bastante
secção transversa das células, ocor-
consideradas, de modo genérico, como diferente, tanto em termos de mudanças
rência principal nas hipertrofias con-
concêntricas e excêntricas (Sponitz e na geometria ventricular quanto nas
cêntricas.
Sonnenblick, 1973; Weber et al., 1991). modificações bioquímicas produzidas
Nas hipertrofias concêntricas ocorre nos componentes subcelulares, tais
aumento de massa ventricular Estroma conjuntivo
como as miofibrilas.
decorrente de aumento da espessura Com relação ao papel do estroma A sobrecarga pressórica (aumento
da parede e redução dos diâmetros conjuntivo, alguns aspectos devem ser da pós-carga) constitui um poderoso
cavitários. Tal condição surge em considerados. Primeiro, é importante estímulo para a síntese protéica. Neste
decorrência de um aumento de lembrar que os miócitos, embora caso, o remodelamento ventricular
resistência à ejeção ou à sobrecarga representem 75% do volume celular segue um padrão concêntrico, onde o
de pressão. Nas hipertrofias excên- do miocárdio, o seu número é pequeno volume do miócito aumenta em
tricas ocorre um aumento de massa ven- se comparado ao número de fibro- conseqüência, principalmente, do
tricular e da espessura da parede blastos, já que estes contribuem com aumento do diâmetro celular. Isso
ventricular, mas com aumento dos mais de 70% do número de células no ocorre porque os novos sarcômeros
diâmetros cavitários. Esta condição coração (Pelouch et al., 1994). Além são depositados em paralelo aos já
surge em decorrência de sobrecarga disso, a complacência da parede existentes e, conseqüentemente, o raio
de volume. Na hipertrofia concêntrica ventricular depende da quantidade, da de cada miofibrila irá aumentar. Em
a redução dos diâmetros cavitários distribuição e da composição do colá- conseqüência, o diâmetro dos miócitos
permite ao ventrículo desenvolver geno que forma o estroma conjuntivo onde este processo irá ocorrer também
maior pressão. Este fato pode ser (Milanez, 1995; Saraiva, 1997; Frimm, irá aumentar (Anversa et al., 1985).
compreendido considerando-se a Lei 1998). Considerando que as fibras Na vigência de aumento agudo da
de Laplace (P = T/R). Nesse caso, a colágenas de maior rigidez podem pressão arterial, como no caso da
tensão ativa produzida pela maior aumentar em determinados tipos de coartação experimental da aorta
massa ventricular é maior e, sendo hipertrofia, essa condição pode torácica em ratos, o aumento da síntese
menor o raio da cavidade, a pressão provocar deficiência no processo de de proteínas contráteis, como a
resultante torna-se maior. No caso da relaxamento do miocárdio, levando ao miosina, já pode ser detectado 3 a 4
hipertrofia excêntrica, o ventrículo aparecimento da insuficiência dias- horas após a imposição da sobrecarga

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hemodinâmica (Imamura et al., 1994). sarcômeros, destacando-se aqui o deano, a angiotensina II, o TGF-β
De início, o aumento da síntese protéica aumento da proporção da isoforma V3 (fator de crescimento transformante
é secundário à melhoria no processo da miosina em relação à isoforma V1;2 β), o IGdF-1 (fator de crescimento
translacional. Em um segundo os genes que aumentam a eficiência similar à insulina) e a endotelina-1 são
momento, entretanto, aumenta a do metabolismo energético e, final- potentes estimulantes da síntese
transcrição de gens para uma série de mente,3 os genes que aumentam a protéica no miocárdio e, portanto, são
proteínas que irão caracterizar, do expressão dos componentes do sistema também indutores de hipertrofia. Tem
ponto de vista bioquímico, o miócito renina-angiotensina próprio do co- sido feito um grande esforço na
hipertrofiado. ração, aí incluindo a enzima conversora tentativa de se encontrar o elo final
Nas hipertrofias secundárias à de angiotensina (ECA), o angio- pelo qual todos esses agentes poderiam
sobrecarga de volume, como ocorre tensinogênio e o receptor AT1 (Mill et interferir numa mesma direção na
na insuficiência mitral ou após infarto al., 1999). Dessa forma são criadas expressão gênica e induzir hipertrofia.
do miocárdio, a hipertrofia segue um todas as condições para haver aumento Durante algum tempo, o mais sério
padrão predominantemente excên- da produção e da ação da angiotensina candidato a exercer esse papel foi a
trico, isto é, o comprimento do miócito II nos miócitos e no interstício angiotensina II (Sudgen, 1999), uma
aumenta proporcionalmente mais do miocárdico. A reprogramação da vez que o bloqueio dos receptores
que o seu diâmetro, pois os novos expressão gênica, especificamente em AT1 era capaz de atenuar signifi-
sarcômeros são depositados em série relação aos itens 1 e 2, parece ocorrer cativamente não só a hipertrofia
com os preexistentes na miofibrila numa tentativa aparente de poupar produzida pela injeção de angiotensina
(Anversa et al., 1985). O aumento da substratos de alta energia e melhorar II como também as hipertrofias
pré-carga também constitui estímulo o desempenho mecânico do músculo secundárias à administração de
para a síntese protéica só que, neste ventricular frente à maior demanda de qualquer um dos agentes citados acima.
caso, o processo é bem mais lento trabalho ao qual está submetido. Entretanto, o desenvolvimento de
(ocorre ao longo de dias no rato). A ativação gênica, descrita acima, cepas de camundongos transgênicos
Além disso, existem evidências ocorre numa fase mais precoce das desprovidos do receptor AT1 não
experimentais de que o aumento do hipertrofias. Em fases mais avançadas, confirmou essa hipótese porque esses
conteúdo protéico, pelo menos no início em geral quando o miocárdio hiper- animais ainda desenvolvem uma
de desenvolvimento do processo trofiado começa a apresentar os pri- hipertrofia importante frente a vários
hipertrófico, seja decorrente também meiros sinais de queda no desempenho tipos de agentes químicos e mesmo
de uma redução da proteólise (Matsuo mecânico, isto é, nas fases iniciais de após sobrecarga hemodinâmica
et al., 1998). Observa-se, desta ma- transição da fase de hipertrofia com- (Hamawaki et al., 1998).
neira, a importância do balanceamento pensada para insuficiência cardíaca, Mais recentemente, a calcioneurina
dos processos de proteossíntese e começam a ocorrer alterações (para tem sido considerada como um possível
proteólise no conteúdo protéico total mais ou para menos) da expressão de mediador final do crescimento hi-
de uma célula. certos gens codificadores de proteínas pertrófico, uma vez que camundongos
Nas hipertrofias patológicas, isto mais diretamente envolvidas na transgênicos com expressão au-
é, naquelas que são secundárias a um homeostase iônica dos miócitos. mentada de calcioneurina desenvol-
desequilíbrio hemodinâmico (aumento Observa-se nestas condições uma vem rapidamente uma hipertrofia
da pré-carga e/ou da pós-carga), expressão aumentada dos gens miocárdica de grande intensidade
ocorre uma complexa reprogramação codificadores do fator atrial natriu- (Molkentin et al., 1998). Entretanto, a
da expressão gênica nos miócitos rético e do trocador Na+/Ca2+. Si- ciclosporina A, um inibidor específico
(Swynghedauw, 1999). Essa reprogra- multaneamente, diminui a expressão da calcioneurina, não conseguiu inibir
mação inclui a re-expressão de um dos gens codificadores da ATP-ase a hipertrofia miocárdica em vários
conjunto de gens que são mais pre- do retículo sarcoplasmático e dos re- modelos experimentais de sobrecarga
valentes durante a vida intra-embrio- ceptores β-1 adrenérgicos (Swynghe- cardíaca (Zhang et al., 1999).
nária. Essa é a razão pela qual o dauw, 1999). Olhados em seu conjunto, os dados
desequilíbrio hemodinâmico faz com O estímulo inicial que desencadeia disponíveis mostram que a hipertrofia
que os miócitos passem a exibir um o processo de re-expressão gênica miocárdica é produzida por alterações
“padrão fetal” de composição protéica. pode ser químico ou mecânico. Muitos específicas na expressão de vários
Neste padrão estão incluídos1 os genes agentes químicos, como os agonistas gens. Os tipos de gens e a intensidade
que modificam a composição dos β-adrenérgicos, o hormônio tireoi- da expressão de cada um deles podem

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variar não só com a natureza do A transdução entre o estímulo cativas na fase 0 do PA cardíaco, de
estímulo indutor da hipertrofia como mecânico (aumento do estresse de modo que o limiar de excitabilidade e
também em decorrência do curso parede) e o desencadeamento do os parâmetros de propagação do PA
temporal do processo. Dessa forma, processo hipertrófico é ainda pouco permanecem estáveis, mesmo em
diferentes fenótipos, tanto morfoló- conhecida. Aparentemente as proteínas graus avançados de hipertrofia
gicos como funcionais, podem ser que ocupam o espaço extracelular e as (Wickenden et al., 1998).
encontrados em diferentes fases de que compõem o citoesqueleto ocupam Um quadro totalmente diferente
evolução do crescimento hipertrófico. um papel central neste processo. O ocorre em relação à repolarização
Essa é a razão pela qual, em deter- estresse imposto à matriz extracelular ventricular e, conseqüentemente, em
minado momento, encontra-se o mio- e ao citoesqueleto nas sobrecargas de relação à duração do PA. O curso
cárdio hipertrofiado com desempenho pressão ou volume é capaz de ativar temporal da repolarização em miócitos
sistólico normal ou até aumentado. canais iônicos sensíveis à deformação cardíacos depende de um fino balanço
Em outros momentos esse desempe- (stretch-operated ion channels). Um entre correntes de entrada ou despo-
nho encontra-se deprimido. Os dados desses canais, que produz uma corrente larizantes e as correntes de saída ou
disponíveis até aqui parecem indicar de entrada de Ca e Na nas células, repolarizantes. As principais correntes
não existir uma única via final comum parece ser capaz de estimular a síntese de entrada fluem através dos canais
que determinaria a reprogramação na protéica e induzir hipertrofia em culturas de Ca do tipo L (ICa,L), dos canais de
expressão gênica. Os dados experi- de miócitos cardíacos (Molkentin et al., Na de inativação lenta (INa/janela) e do
mentais sugerem que esse controle 1998). Entretanto, dados obtidos com o trocador Na/Ca (INa/Ca) que, no seu
seja feito por vias paralelas, muitas uso de inibidores dos canais iônicos modo invertido de operação, promove
vezes redundantes (Lorell e Cara- operados pelo estiramento (Gd3+) em a entrada de 3 íons Na+ em troca da
bello, 2000). Esse conceito é impor- miócitos em cultura não confirmaram extrusão de um íon Ca2+. As correntes
tante porque mostra que a atenuação um papel central desses canais na de saída fluem através dos diferentes
do crescimento hipertrófico ou sua transdução entre sinais mecânicos e tipos de canais de K: canal de potássio
reversão podem ser feitas sob diversas hipertrofia miocárdica (Yamasaki et de corrente transiente (Ito), retificador
maneiras. Assim, o controle da al., 1995). O mesmo pode ser dito em retardado (IK), retificador anômalo
hipertrofia pode ser feito, inicialmente, relação à possível alcalinização (IK1), além de pequenas correntes que
pela redução da sobrecarga hemo- intracelular, pela inibição do trocador podem ocorrer em função da abertura
dinâmica (pressórica ou volumétrica) Na +/H + , no desenvolvimento da de canais de Cl (ICl) ou da Na-K/
ou com drogas que interfiram em todo hipertrofia (Ito et al., 1997). ATPase que produz entrada de 3 íons
o aparato químico/hormonal que Na+ em contrapartida à extrusão
potencia o processo hipertrófico frente Características celular de 2 íons K+.
a uma sobrecarga mecânica. Assim, eletrofisiológicas do Um dos achados mais consistentes
quando é usado um estímulo fisiologi- miocárdio hipertrofiado em praticamente todas as hipertrofias
camente relevante, como a diminuição estudadas até aqui consiste no pro-
da sobrecarga pressórica, a reversão O potencial de ação (PA) cardíaco longamento da duração do PA. Esse
da hipertrofia pode ser potenciada pode ser esquematicamente dividido prolongamento parece ser mais
com o uso de bloqueadores do sistema em duas fases. A fase inicial (fase 0) importante, e mais precoce, nos mo-
renina-angiotensina (bloqueadores da é totalmente dependente da passagem delos que produzem hipertrofias
ECA e antagonistas AT1), bloquea- de Na+ através de canais específicos concêntricas, isto é, quando o miocárdio
dores da calcioneurina ou do sistema para o meio intracelular, migração é submetido a aumento do estresse
adrenérgico, bloqueadores da produ- iônica esta que se faz favoravelmente sistólico (Aronson, 1990; Cerbai et al.,
sção da proteína Gsq e, finalmente, a um enorme gradiente eletroquímico. 1994; Wickenden et al., 1998). A
bloqueio da proteína-quinase/c-Jun (Hill Essa fase é responsável tanto pela grosso modo, o aumento de duração
et al., 2000). Seriam, portanto, cinco inversão da polaridade da membrana do PA poderia ser produzido por um
sistemas que atuariam em paralelo, às durante a excitação celular como pela aumento das correntes de entrada e/
vezes sinergisticamente, no controle da propagação da onda excitatória para ou diminuição ou retardo nas correntes
expressão de gens que codificam as células vizinhas. Estudos feitos em de saída. Dada a multiplicidade de
proteínas que conferem propriedades diversos modelos experimentais e no canais iônicos envolvidos no processo
anatômicas e funcionais específicas miocárdio humano hipertrofiados não de repolarização, não se conseguiu,
para o miocárdio hipertrofiado. têm encontrado alterações signifi- até aqui, definir um mecanismo espe-

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cífico que seria responsável pelo contribuição do trocador Na/Ca na pequeno aumento de ICa,L observado
prolongamento de duração do potencial configuração do PA é mais importante neste modelo experimental de hiper-
de ação em todos os modelos de hiper- no miocárdio humano do que em outras trofia, consegue-se assim explicar o
trofia cardíaca. espécies, como o rato, por exemplo. O aumento de duração do PA nestas
Em termos relativos, a corrente modo reverso de funcionamento do circunstâncias. Os mesmos achados
lenta de cálcio através de canais do trocador parece estar mais diretamente em relação à IK têm sido encontrados
tipo L (ICa,L) é a principal corrente de envolvido nos prolongamentos acen- em ratos após coartação de aorta e no
entrada durante o platô do PA. O tuados de duração do potencial de miocárdio ventricular humano com
estudo de miócitos isolados hiper- ação nas miocardiopatias dilatadas, hipertrofia (Näbauer e Kääb, 1998).
trofiados, tanto por sobrecarga de fato este que parece estar ligado ao Um fato que deve ser levado em
volume secundária ao infarto do maior aparecimento de oscilações no consideração em relação aos dados
miocárdio em ratos (Santos e cols. início da fase 3 de repolarização do do miocárdio humano é que não há
1995), como na sobrecarga de pressão PA no músculo ventricular e em fibras estudos em miócitos isolados do
(Cerbai et al., 1998), mostra que, em de Purkinje (Wickenden et al., 1998; coração humano com hipertrofia pura.
valores absolutos, a ICa,L encontra-se Mattiello et al., 1998). Essas oscilações Os estudos disponíveis referem-se a
normal. A correção desta corrente na repolarização (early afterdepola- células retiradas de corações normais
para a área de membrana, entretanto, rizations) tendem a gerar extra-sís- (doadores de transplante onde o
mostra uma redução dos valores da toles precoces (coincidentes com a coração não foi usado) ou de corações
corrente máxima, sem alteração nas onda T) e seriam responsáveis pelo com graus avançados de insuficiência
cinéticas de ativação e inativação. aparecimento de algumas arritmias (corações explantados). Dessa forma,
Como a densidade do receptor para as ventriculares graves em tais pacientes. as generalizações de dados obtidos
dihidropiridinas (que faz parte dos A maior parte do aumento de em modelos animais para o homem
canais de Ca do tipo L) não está duração do PA no miocárdio hipertro- devem ser feitas com cautela, tendo
alterada no miocárdio hipertrofiado, a fiado parece se dever, portanto, a uma em vista que há importantes diferenças
diminuição da densidade de ICa,L seria redução ou retardo nas correntes de na participação relativa das diversas
muito provavelmente secundária ao saída. Em alguns animais (rato, coelho, correntes de K+ quando a eletrofisio-
fato de que na hipertrofia aumenta a gato, cão e homem) onde Ito é mais logia celular do miocárdio de diferentes
área total da membrana, mas a importante para o processo de repolari- espécies é comparada.
expressão dos canais de cálcio do tipo zação, tem-se encontrado uma redução
L não aumentaria na mesma propor- sistemática desta corrente em diversos Retículo sarcoplasmático
ção. Essa redução relativa da corrente modelos de hipertrofia (Aronson,
da ICa,L poderia contribuir para reduzir 1980; Cerbai et al., 1994; Qin et al., O retículo sarcoplasmático (RS)
a eficiência contrátil nas grandes 1996). Logo, a redução de Ito pode ser constitui uma organela com papel
hipertrofias, principalmente pelo fato considerada como implicada no essencial no acoplamento excitação-
de que a corrente veiculada através aumento de duração do PA em mió- contração no miocárdio. A concen-
de canais do tipo L possui um papel citos hipertrofiados. tração de Ca2+ no interior do RS é da
muito importante na liberação do cálcio Os dados referentes às demais mesma ordem de grandeza daquela
armazenado no retículo sarcoplas- correntes de K não são tão conclusivos observada no meio extracelular (1-2
mático (Eisner et al., 2000). e parecem depender da espécie estu- mM), indicando que existe um enorme
O aumento de uma corrente de dada e do tempo de evolução da gradiente de concentração deste íon
entrada pela inversão do sentido de hipertrofia. Os estudos mostram tanto através da membrana desta organela.
operação do trocador Na/Ca parece uma diminuição da corrente do O RS tem papel fundamental tanto na
contribuir mais para o aumento de retificador retardado (IK), como tam- liberação quanto na recaptura de Ca2+
duração do potencial de ação em fases bém mudanças nas suas cinéticas de que irá ativar as proteínas contráteis.
mais avançadas de hipertrofia, ativação e inativação. Assim, por No coração, o potencial de ação
notadamente em situações em que a exemplo, em miócitos isolados de gatos dispara uma série de eventos que
insuficiência cardíaca já é manifesta submetidos à bandagem da artéria culminarão com a contração e o
(Mattiello et al., 1998), até porque, pulmonar, IK apresentava-se reduzida relaxamento dos miócitos. Durante o
nessas condições, encontra-se au- e com cinética de ativação mais lenta platô do potencial de ação abrem-se
mentada a expressão e síntese do e inativação mais rápida (Kleinam et os canais de cálcio do tipo L. A
trocador. É importante ressaltar que a al., 1989). Juntamente com um ativação de tais canais no fundo dos

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túbulos T produz elevação localizada perfície de membrana, eleva simul- observados por este ângulo. Assim,
de Ca2+ na vizinhança das cisternas taneamente o Ca2+ na vizinhança de Xiao e McArdle (1994) encontraram
do RS. Esse fato produz a abertura de todas as vesículas do RS e, conseqüen- aumento da densidade de ICa,L em
canais de cálcio rianodina-dependentes temente, sincroniza a liberação da Ca- ratos SHR com dez semanas de vida,
da membrana das vesículas do RS, induzida por Ca de modo que ocorre enquanto outros investigadores
fenômeno conhecido como “liberação um aumento uniforme de Ca2+ em encontraram resultados opostos
de Ca2+-induzida por Ca2+” (Fabiato, todo o citosol (Eisner et al., 2000). estudando miócitos cardíacos de ratos
1985). Tem-se demonstrado que o Com isso obtém-se uma ativação SHR mais velhos (Boobsby et al.,
influxo de Ca2+ através de canais do uniforme de todos os sarcômeros com 1993; Cerbai et al., 1994). Em nosso
tipo L é, reconhecidamente, o evento otimização da produção de força e laboratório estudamos o desempenho
primordial para a liberação rápida de encurtamento nos miócitos (Santana do músculo papilar isolado do ventrículo
Ca2+ armazenado no RS, apesar de et al., 1996; Balke & Shorolfsky, 1998). esquerdo de ratos SHR com 12
que ainda restam muitas dúvidas em A despeito de intensas pesquisas semanas de vida e encontramos um
relação aos mecanismos moleculares relacionadas ao papel do RS no aumento de força em comparação
pelos quais o Ca2+ citosólico modula a acoplamento excitação-contração no com músculos não hipertrofiados em
abertura dos canais sensíveis à miocárdio hipertrofiado, um quadro todos os valores de Ca2+ testados
rianodina (Balke e Shorofsky, 1998). completo dessas alterações ainda não (Figura 1). Curiosamente, quando a
O relaxamento começa no momento foi definido. Os estudos demonstram participação do RS no acoplamento
em que uma série de fenômenos, que que, de modo geral, a densidade de excitação-contração foi suprimida pela
ocorrem praticamente ao mesmo corrente de Ca2+ através de canais do adição de rianodina ao meio de
tempo, tendem a reduzir os níveis de tipo L mantém-se estável pelo menos perfusão (para bloquear os canais
Ca2+ no citosol: fechamento de canais nos estágios iniciais de hipertrofia. Os rianodina-dependentes e assim eliminar
de Ca do tipo L, extrusão de Ca2+ resultados conflitantes da literatura a participação do RS na elevação do
através do trocador Na-Ca e início do podem ser clareados se forem cálcio citosólico durante a ativação
processo de recaptura de Ca2+ pelas
vesículas do RS através da ATPase
Ca/Mg-dependente (Sipido e Wier, EAB 140
1991). 135
A idéia de que a elevação localizada EAB
de Ca 2+ nas proximidades das
vesículas do RS constituiria o me-
canismo fundamental de controle de
abertura dos canais rianodina-de- EAB 90
pendentes foi inicialmente demons-
85
trada através da injeção microion- EAB
toforética de Ca2+ em miócitos car-
HT NT
díacos isolados (O’Neill et al., 1990) e Efeito do avental branco
Hipertensão do Normotensão do
tem encontrado suporte importante na avental branco avental branco

visualização desta liberação local de Figura 1 – Força de contração desenvolvida no músculo papilar do ventrículo
Ca2+ através do uso de indicadores esquerdo de ratos em diferentes concentrações de cálcio. Os dados foram colhidos
fluorescentes (Chen et al., 1993). A em músculos obtidos de ratos-controle (barras cruzadas, n = 17), ratos com
liberação espontânea de Ca2+ por hipertensão arterial espontânea (SHR, barras cheias, n = 13) e de ratos com infarto do
vesículas do RS produz, nestes casos, miocárdio (barras hachuriadas, n = 12). Os dados fornecem médias ± epm. Os dados
um sinal luminoso que denota o do painel A foram colhidos com os músculos perfundidos com solução normal de Krebs
e estimulados na freqüência de 0,5 Hz. Observar que a força desenvolvida no SHR é
aumento local da concentração de
maior que nos controles. Estes, por sua vez, desenvolvem mais força do que os músculos
Ca2+. O sinal luminoso que indica esse
de animais infartados. Os dados do painel B foram colhidos nos mesmos mús-
processo tem recebido a denomina- culos em presença de 1 mM de rianodina e correspondem à tensão máxima produzida
ção de spark. Numa célula em re- por estímulo tetânico (5 Hz, 30 s). Observar que, agora, quando o Ca2+ liberado do
pouso os spark ocorrem numa retículo sarcoplasmático não mais interfere na ativação contrátil, a força desen-
distribuição aleatória. O PA, ao dis- volvida nos músculos de animais SHR e controles é similar. (*)P < 0,05 vs controles;
parar a corrente ICa,L em toda a su- (+)P < 0,05 vs SHR (Adaptado de Mill et al., 1998).

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contrátil) o melhor desempenho do celular. Nesses casos, a participação pouco conhecido. As fibras colágenas
músculo dos ratos SHR desapareceu do RS no fornecimento de Ca 2+ maduras são formadas por três cadeias
(Mill et al., 1998). Os dados sugerem, ativador para o sistema contrátil estaria alfa que se entrelaçam formando uma
portanto, que o aumento de de- deprimida, contribuindo assim para a tripla hélice. Esse arranjo helicoidal
sempenho contrátil observado no perda da eficiência contrátil do deve-se à presença do aminoácido
miocárdio hipertrofiado em diferentes miocárdio hipertrofiado. glicina a cada terceira posição na
modelos experimentais parece se Em conclusão, pode-se dizer que estrutura primária da proteína. O
dever a uma “participação extra” do nas fases iniciais da hipertrofia parece arranjo tridimensional é estabilizado
RS na ativação do sistema contrátil. O haver maior participação do RS no pelos resíduos de hidroxiprolina que
mesmo não foi observado nos músculos fornecimento de cálcio ao sistema constituem o principal componente,
papilares de ratos com hipertrofia contrátil fazendo com que o desem- em massa, da molécula de colágeno.
induzida por infarto do miocárdio. penho mecânico do músculo hipertro- A fibra colágena corresponde a um
Nesse caso, o pior desempenho mecâ- fiado seja igual ou até melhor em alinhamento específico de moléculas
snico desses músculos foi similar antes relação ao miocárdio normal. Em fases de colágeno.
e após a inibição do RS com rianodina mais avançadas da hipertrofia, notada- O colágeno I, que constitui cerca
(Figura 1). mente quando começa a haver perda de 80% do colágeno cardíaco (Pelouch
Os dados de literatura permitem de eficiência do sistema de recaptação et al., 1994), é o mais rígido de todos,
supor que na fase compensada da de Ca2+ pelo RS (principalmente pela sendo o principal responsável pela
hipertrofia cardíaca a participação do diminuição da expressão gênica da rigidez da câmara cardíaca como um
RS no fornecimento de Ca2+ ativador Ca/Mg-ATPase), o fornecimento de todo. O colágeno do tipo III forma
do sistema contrátil estaria normal ou Ca ao sistema contrátil começa a agregados mais finos do que o tipo I e
até mesmo otimizada em relação ao entrar em colapso e os miócitos hiper- constitui cerca de 12% do colágeno
miocárdio normal. Isso ocorreria ou trofiados começam a apresentar um cardíaco. Como esse colágeno forma
porque o RS sofreria aumento de vo- desempenho contrátil reduzido em pontes entre feixes de colágeno do
lume proporcional ao aumento do comparação com miócitos normais. tipo I, que se alinha longitudinalmente
volume celular, ou o conteúdo de Ca2+ ao longo de feixes de miócitos, o
em cada vesícula estaria aumentado, Alterações da matriz colágeno III exerce um papel im-
ou ainda o processo de liberação de extracelular na hipertrofia portante na manutenção do alinha-
Ca 2+ induzida por Ca 2+ estaria mento dos feixes de miócitos. O colá-
miocárdica
potenciado. Não há dados disponíveis geno do tipo IV localiza-se apenas nas
na literatura que permitam eleger um A matriz miocárdica está intima- membranas basais e se liga à laminina.
dos fatores acima como prepon- mente ligada à função contrátil do O colágeno do tipo V forma fibras
derantes. Entretanto, como a liberação coração porque está envolvida na pequenas intimamente associadas com
espontânea de Ca2+ (sparks) é mais sustentação dos miócitos e da rede as células musculares lisas dos vasos
freqüente e de maior amplitude em capilar. Além disso, a matriz extrace- sanguíneos. O colágeno VI se distribui
miócitos hipertrofiados de ratos SHR lular também é a principal determinante como filamentos delgados que se
(Shorofsky et al., 1997), situação similar da rigidez do miocárdio e, portanto, orientam perpendicularmente a outras
ao que se observa em miócitos isolados exerce um papel extremamente fibras colágenas num arranjo que
submetidos à ouabaína (o que aumenta importante na função diastólica das lembra uma rede. A elastina cardíaca
a carga de Ca nas vesículas do RS), câmaras cardíacas. forma estruturas menos ordenadas. É
pode-se supor que na fase compen- Os principais componentes da também rica em glicina e prolina, mas
sada de hipertrofia o desempenho matriz cardíaca são os diferentes tipos contém apenas 5% de hidroxiprolina
contrátil se mantenha estável por uma de moléculas de colágeno, proteogli- (Pelouch et al., 1994). Essa a razão
maior liberação de Ca2+ do RS. Com canos, fibronectina e elastina, além de pela qual a concentração de hidro-
o avançar da hipertrofia, ou naquelas outras glicoproteínas, muitas delas xiprolina no miocárdio constitui um
hipertrofias de rápido desenvolvi- associadas ao glicocálice dos miócitos. método ainda muito usado para se
mento, como ocorre após o infarto do No coração são encontrados os determinar a proporção de colágeno
miocárdio (Mill et al., 1997), não haveria colágenos dos tipos I, III, IV, V e VI. em relação aos demais componentes
uma compensação suficiente de Basicamente o que distingue estes do miocárdio.
crescimento do volume do RS para diferentes tipos é o arranjo pós- A rede colágena exerceria no mio-
acompanhar aumento do volume translacional, cujo controle ainda é cárdio as seguintes funções (Milanez,

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1995): 1) conexão dos feixes adjacentes das artérias e arteríolas intramio- renina-angiotensina-aldosterona tem
de miócitos, mantendo o alinhamento cárdicas, estando presente, particular- sido considerado um forte estimulante
dos elementos contráteis; 2) formação mente, em agressões tóxicas/infeccio- da formação da matriz cardíaca, pois
de uma trama com rigidez maior do que sas ao miocárdio e no diabetes. A tanto a angiotensina II como a
os miócitos, evitando que os mesmos fibrose intersticial pode aparecer como aldosterona estimulam a síntese de
sejam excessivamente estirados e, uma progressão da primeira ou colágeno no miocárdio (Weber & Brilla,
eventualmente, rompidos; 3) contribui- secundariamente à deposição de fibras 1991). A degradação de colágeno é
ção para o estiramento passivo do colágenas espessas à distância da rede feita por enzimas do grupo das
miocárdio durante o enchimento vascular. Aparentemente este segundo metaloproteinases, cuja atividade
ventricular; 4) constituição de uma rede processo está mais associado à fibrose depende de balanço entre substâncias
que fomenta a transmissão de força miocárdica que ocorre secundaria- ativadoras (serina-proteinases como
gerada pelos miócitos à câmara mente à sobrecarga hemodinâmica, tripsina, plasmina e cateptsina G) e
cardíaca; 5) participação no processo principalmente na hipertensão arterial. inativadoras (inibidores endógenos de
de gerar pressão tissular que se opõe à O aumento de tecido fibroso, proteinases). Em conclusão, pode-se
pressão hidrostática intravascular, principalmente quando há deposição dizer que ainda são pouco conhecidos
evitando a formação de edema; 6) de conjuntos espessos de colágeno do os fatores que atuam no balancea-
contribuição no processo de realon- tipo I, produz diversas conseqüências mento do colágeno cardíaco, razão
gamento do miocárdio no início da para o funcionamento do miocárdio. pela qual as intervenções terapêuticas
diástole. Durante a sístole, os compo- Inicialmente, tende a haver uma maior específicas sobre a matriz cardíaca
nentes da matriz são comprimidos, o dificuldade para o fluxo sanguíneo em são ainda muito incipientes. Esse consti-
que produz armazenamento de energia decorrência da redução da compla- tui um campo importante da pesquisa
elástica. A liberação desta energia no cência vascular. Além disso, aumenta básica e clínica em cardiologia até
início da diástole contribui para o a distância média capilar-miócito. porque um componente de insuficiência
alongamento dos miócitos, contribuindo Portanto, a fibrose representa um fator diastólica tem alta prevalência na maior
para uma queda mais rápida da pressão de agravamento da hipóxia miocárdica parte das hipertrofias, notadamente
intraventricular no início da diástole, que se torna particularmente maléfica aquelas com perfil anatômico con-
fato que facilita o enchimento ven- nos casos em que o consumo de O2 cêntrico.
tricular na fase inicial da diástole. Esse pelo miocárdio está aumentado, como
fator torna-se mais importante em a hipertensão arterial (Goldstein e
freqüências cardíacas elevadas, quando Sabbah, 1994). O espessamento da Alterações funcionais
a participação do fase rápida inicial é rede colágena entre as fileiras de resultantes da
mais relevante para o enchimento miócitos também pode dificultar a hipertrofia
ventricular total. transmissão de tensão mecânica de
No desenvolvimento de hipertrofia, um feixe para outro, além de dificultar Conforme discutido anteriormente,
quer seja por sobrecarga sistólica ou a transmissão lateral do impulso o desenvolvimento de hipertrofia
diastólica, sempre tende a haver elétrico (Pelouch et al., 1994). Final- acompanha-se de alterações que
também acúmulo de colágeno no mente, o aumento da rigidez do podem acarretar benefícios e male-
interstício miocárdico. Isso, entretanto, miocárdio eleva também a rigidez da fícios. Segundo Ferreira et al. (1993),
não é obrigatório. Nas hipertrofias câmara ventricular, dificultando o en- alguns dos benefícios resultantes da
secundárias ao hipertiroidismo, chimento diastólico e predispondo ao hipertrofia são: a) aumento da
treinamento físico aeróbico ou desenvolvimento da insuficiência capacidade de trabalho ventricular; b)
acromegalia, a proporção de colágeno ventricular diastólica. normalização do estresse da parede.
em relação aos demais componentes São ainda muito pouco conhecidos Dentre os malefícios destacam-se: a)
do miocárdio mantém-se constante. os mecanismos que controlam a quan- diminuição da complacência ventri-
A deposição de tecido fibroso no tidade de colágeno na matriz extra- cular (insuficiência diastólica); b)
miocárdio segue dois padrões distintos, celular cardíaca, qual o tipo de colá- indução à insuficiência coronária; c)
os quais são observados em estudos geno a ser sintetizado e como e onde diminuição da contratilidade (insufi-
morfométricos: a fibrose perivas- ele será depositado. A quantidade de ciência sistólica) (Hamrell e Alpert,
cular e a fibrose intersticial (Weber, colágeno na matriz cardíaca depen- 1986; Katz, 1991; Ferreira et al., 1993).
1989). A primeira caracteriza-se por de de um fino balanço entre os proces- O aumento da capacidade de
acúmulo de colágeno na adventícia sos de síntese e degradação. O sistema trabalho do miocárdio hipertrofiado

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deve-se à maior massa ventricular. redução do desenvolvimento de força. e Na/H+) (Cooper IV, 1987: Katoh et
Esse aumento visa garantir o débito O terceiro motivo pode ser evidenciado al., 1992; Cabral et al., 1993; Magyar et
cardíaco frente a uma sobrecarga com mesmo em fases compensadas de al., 1995; Zhu, 1997; Oliveira, 1999).
menor consumo de oxigênio. Tal hipertrofia. Observa-se quando cor- Miócitos de corações hipertro-
situação pode ser encarada como rigimos a pressão desenvolvida pela fiados e skinned-fibers. Com estas
adaptativa. Será benéfica enquanto massa ventricular. Nesse caso, evi- preparações podemos avaliar o
durar a adaptação da atividade fun- dencia-se a necessidade de mais massa resultado final de ações indutoras de
cional à demanda aumentada. Quanto para gerar pressão no ventrículo hi- hipertrofia, assim como as alterações
à normalização do estresse de parede, pertrofiado do que no ventrículo normal que ocorrem em função do tempo de
dois aspectos devem ser considerados. (Kioshi et al., 1994). duração da hipertrofia (Ventura-
O primeiro é o estresse de parede (S), Klapier et al., 1988; Zhu, 1997).
que é um dos principais determinates Músculos papilares e corações
do consumo de oxigênio miocárdico. O Modelos para estudo de isolados. Permitem estudar, princi-
segundo é que ele representa a tensão hipertrofia palmente, efeitos sobre a atividade
passiva da parede miocárdica corrigida mecânica e elétrica do coração
pela sua espessura. S = P . R / 2h, sendo Considerando ser a hipertrofia hipertrofiado (Vassallo et al., 1985 e
S = estresse de parede, P = pressão, R cardíaca um importante mecanismo 1988; Hamrell e Alpert, 1993; Kioshi
= raio da cavidade e h = espessura da de adaptação do coração à sobrecarga et al., 1994). Assim, efeitos sobre o
parede. Como podemos ver, o estresse de trabalho e ser um fator de risco de estado inotrópico, velocidade de
é diretamente proporcional à pressão morbi-mortalidade, justifica-se o contração, sensibilidade a arritmias,
e ao raio e inversamente proporcional empenho na criação e estudo de resistência a hipóxia, etc. podem ser
à espessura da parede. Dessa forma, modelos experimentais, indutores de estudados. Além disso, estudos com
quando o raio da cavidade diminui hipertrofia, que visam explicar os corações isolados nos permitem
(hipertrofias concêntricas) e a parede mecanismos envolvidos na sua gênese avaliar alterações de complacência
aumenta de espessura (o aumento de e manutenção. De uma maneira geral ventricular. Por exemplo, embora o
h ocorre tanto nas hipertrofias temos dois tipos de modelos indutores desenvolvimento de força e de
concêntricas quanto nas excêntricas), para estudo da hipertrofia: in vivo e in pressão possam estar normais, a
o estresse de parede diminui. vitro. velocidade de contração se reduz e a
Com relação aos malefícios, um de relaxamento aumenta com
dos primeiros que se evidencia é a Modelos in vitro hipertrofia, a complacência se reduz,
diminuição da complacência ventri- a sensibilidade a arritmias aumenta,
cular. O fato reflete um prejuízo no Nestes estudamos, principalmente, etc. (Alpert e Mulieri, 1988; Hamrell
relaxamento do ventrículo que pode os mecanismos moleculares respon- e Alpert, 1993) .
ocorrer por fatores diversos, tais como sáveis por disparar ou induzir o processo
redução na capatação de cálcio pelo hipertrófico. Por exemplo, miócitos Modelos in vivo
retículo sarcoplasmático, turgência isolados de corações normais esti-
miocárdica promovida pelo aumento mulados por agentes indutores de Com estes modelos estudamos,
da pressão de perfusão coronariana e, hipertrofia, tais como hormônios ou principalmente, a indução de hiper-
dependendo do grau de hipertrofia, agentes simpatomiméticos (tiroxina, trofia por mecanismos patológicos e
por isquemia miocárdica. Referindo- isoproterenol), ou agentes físicos, como fisiológicos. Tomemos alguns exem-
se à isquemia, esta ocorre quando o o estiramento e as alterações mecâni- plos.
aumento da irrigação miocárdica não cas. Aqui podemos estudar efeitos Hipertrofias induzidas por hi-
mais consegue compensar as ne- resultantes de estimulação de recepto- pertensão. Podem ser obtidas, por
cessidades metabólicas resultantes do res e as cascatas de reações que exemplo, quando promovemos altera-
aumento de massa ventricular. Segue- induzem hipertrofia, resultantes das ções na função renal, seja por provocar
se a isto a insuficiência sistólica. A ações de AMPc, PKA, PKC, for- distúrbios no sistema renina-angio-
capacidade do ventrículo gerar pressão mação de fatores de transcrição, síntese tensina-aldosterona, ou aumentando a
reduz-se por vários motivos. O primeiro de RNAm responsáveis por formação retenção de sódio. Os modelos usados
é a redução na velocidade de de novas isoformas da miosina, efeitos com maior freqüência são:
encurtamento dos miócitos; o segundo, sobre diversas enzimas, como a NKA 1R1C (1 rim, 1 clipe): um rim é
que ocorre mais tardiamente, é a e trocadores iônicos (Trocador Na/Ca retirado e a artéria renal do rim rema-

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nescente é estreitada com um clipe Hipertensão neurogênica- induzida massa miocárdica, como no infarto do
(Vassallo et al., 1988; Goldblatt, 1995; por desnervação sino-aórtica que miocárdio (Leite et al., 1995). Pode ainda
Pickering e Mann, 1995). promove um aumento do tônus ser induzida por estímulos hormonais.
2R1C (2 rins, 1 clipe): os dois rins simpático (Vassallo et al., 1991). Dois modelos são comumente utilizados,
permanecem e um deles tem a artéria resultantes de tratamento com hormônio
renal estreitada com um clipe (El- Hipertrofias de natureza tireoideano ou com agentes simpatomi-
Dahr et al., 1993, Goldblatt, 1995; méticos, como o isoproterenol (Vassallo
genética
Pickering e Mann, 1995). et al., 1988; Brown et al., 1992; Pereira,
Ligadura em oito: o rim direito é O componente genético é um dos 1993; Oliveira, 1999). A hipertrofia indu-
retirado e o rim esquerdo sofre uma fatores importantes na hipertensão zida com isoproterenol apresenta uma
ligadura em forma de oito com fio não em humanos. Em modelos animais, e característica particular pois ocorre sem
absorvível (Hinojosa e Haywood, 1986). podendo também ser encontrada em que haja hipertensão associada.
Redução de massa renal: 5/6 da ratos espontaneamente hipertensos
massa renal é removida e o animal (SHR), a hipertrofia começa a se Hipertrofia por
submete-se a uma sobrecarga salina desenvolver antes da hipertensão. O exercício
(Griffin et al., 1994). modelo mais conhecido é o SHR de
Coartação da aorta: é outro mo- Okamoto-Aoki. Outras cepas de ratos Finalmente, a hipertrofia pode ser
delo muito usado; a aorta é coartada hipertensos já foram descritas, desencadeda por estímulos fisioló-
num nível predeterminado e a hiper- também capazes de promover gicos. São modelos induzidos por
trofia se desenvolve em resposta ao hipertrofia, tais como Dahl sal- exercício físico como natação, exer-
aumento agudo da pós-carga (Ven- sensitivo e sal-resistente, Lyon, Milan, cício com esteira ou exercício
tura-Clapier et al., 1988). etc. (Widgren et al., 1993; Rapp, isométrico (Penpargkul et al., 1980;
Doca-sal: neste caso, a hipertensão 2000). Russel et al., 2000; Machida et al.,
é induzida em animais uninefrectomi- 2000). Essas hipertrofias se desen-
zados que recebem injeções semanais Outras hipertrofias volvem com melhoria da atividade
de desoxicorticosterona (Doca) contrátil do miocárdio, não produzindo
juntamente com sobrecarga salina na A hipertrofia pode ainda ocorrer como alterações deletérias, comuns nas
água de beber (Brownie, 1990). mecanismo compensatório à perda de hipertrofias de natureza patológica.

Abstract

Cardiac hypertrophy is an adaptive process resulting occur at the myocytes and extracellular matrix level. They
from an increase of activity or functional overload, produced also describe pathophysiological changes occuring at
by volume or pressure overload. Then, this process can be cellular level (electrophysiological, excitation-contraction
triggered by increased metabolic needs, such as during coupling, extracellular matrix, etc) as well as the functional
physical exercise, or in response to pathological conditions alterations resulting from hypertrophy development. This
like hypertension, cardiac valvular disease, myocardial study also describes different models, used in vivo and in
infarction, etc. In this work the authors revised different vitro, to induce hypertrophy by physiological or patho-
kinds of hypertrophy and the adaptive changes which physiological mechanisms.

Keywords: Cardiac hypertrophy; models; myocytes; extracellular matrix; functional alterations; physiopathological
mechanisms.

Rev Bras Hipertens 8: 63-75, 2001

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