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A Sociologia.

• A Sociologia como ciência eminentemente moderna.

• Surge a partir da necessidade de compreensão dos


novos fenômenos que surgem com o advento daquilo
que denominamos de “modernidade”.

• O que seria a modernidade?

• “A modernidade possui tantos sentidos quantos forem os


pensadores ou jornalistas. Ainda assim, todas as definições
apontam, de uma forma ou de outra, para a passagem do
tempo. Através do adjetivo moderno, assinalamos um novo
regime, uma aceleração, uma ruptura, uma revolução no
tempo. Quando as palavras “moderno”, “modernização”, e
“modernidade” aparecem, definimos, por contraste, um
passado arcaico e estável.” (LATOUR, 1994, p. 15).
A Batalha de
Alexandre em Isso –
Albrecht Altdofer.
A Batalha de Alexandre em
Isso (alemão: Alexanderschlacht) é
uma pintura a óleo sobre painel de
1529 do pintor Albrecht Altdorfer.
Ela retrata a Batalha de Isso em
333 a.C. em que Alexandre, o
Grande, conseguiu uma decisiva
vitória contra Dario III e alcançou
uma vantagem crucial em sua
campanha contra a Pérsia.
Analistas modernos sugerem que a
pintura, através de seu grande uso
de anacronismos, tinha a intenção
de conectar a heroica vitória de
Alexandre ao conflito europeu
contemporâneo contra o Império
Otomano. A derrota de Solimão, o
Magnífico, no Cerco de Viena pode
ter sido uma inspiração para
Altdorfer.
Uma nova temporalidade?
Ao analisar a obra de Altdofer,
Friedrich Schlegel, poeta e crítico
literário alemão que viveu entre
os séculos XVIII e XIX, comentou
que aquele quadro retratava:
“A mais sublime aventura da
antiga cavalaria”.

Ao descrever a obra de Altdofer


dessa forma, Schlegel confere
uma distância histórica entre si e
a obra. Segundo o historiador
Reinhart Koselleck, isto denota
que nos trezentos anos que os
separam transcorreu mais tempo,
ou melhor, um tempo de
natureza diferente daquele que
transcorrera entre Altdorfer e a
Batalha de Issus, por ele
representada em seu quadro.
A Sociologia como ciência moderna.

• Reinhart Koselleck – historiador alemão do século XX.

• A modernidade como aceleração do tempo histórico.

• Para o historiador alemão Reinhart Koselleck, a característica


mais marcante da modernidade seria a mudança na
percepção da temporalidade ocorrida no ocidente.

• Segundo Kosseleck, a modernidade seria uma temporalidade


na qual percebe-se um crescente distanciamento entre o
“espaço de experiência” (passado) e o “horizonte de
expectativa” (futuro).
SOCIOLOGIA – Revisão dos autores Clássicos
Principais pontos: Karl Marx.

A modernidade como Capitalismo.

• Abordagem voltada para as dinâmicas e conflitos sociais (contradição).


“Luta de classes”.
- Valor Trabalho: Todo valor é gerado pelo trabalho. O valor de um bem só
pode ser aferido pela quantidade de trabalho socialmente necessário para
sua produção.
- Alienação – processo de alienação do operário de seu papel no processo
produtivo.
- Mais valia – expropriação de valor perpetrada pela burguesia em face
trabalho dispendido pelo proletariado no processo produtivo.
• Infraestrutura – Base econômica da sociedade, sob a qual se ergue uma
Superestrutura ideológica (política, religião Direito etc.).
• A classe burguesa domina a superestrutura ideológica da sociedade e a
molda conforme suas necessidades econômicas de classe. Em toda
sociedade “A ideologia dominante é a ideologia da classe dominante”. 5
SOCIOLOGIA – Revisão dos autores Clássicos
Principais pontos: Alexis de Tocqueville.
A modernidade como Igualdade. Obra: “A Democracia na América.”
• Ao observar a sociedade americana, Tocqueville percebe
diferenças marcantes em relação à França. Seus costumes, suas
leis e sua cultura demarcam uma forte igualdade entre seus
cidadãos.
• Poder judiciário como um poder forte e presente (diferentemente
de como ele se conforma na Europa) a reivindicar uma dignidade
que remetia à nobreza europeia.
• Com todas as limitações institucionais, o Poder Judiciário nos EUA
tinha grande poder político e sua atuação repercutia de forma
intensa na sociedade.
• Fator cultural do precedente.
• - ligado a segurança jurídica. Para os americanos a justiça tem de
ser “Una”. Os mesmos fatos devem ser julgados da mesma maneira
pelos tribunais.
SOCIOLOGIA – Revisão dos autores Clássicos
• Principais pontos: Max Weber.

A modernidade como Racionalização;

Crítica ao determinismo social (indivíduo tem liberdade de ação);


Multicausalidade da realidade social.

• Tipos ideais de ação social:

- Ação racional com relação aos fins - (tipicamente moderna)

- Ação racional com relação aos valores;

- Ação Afetiva.

- Ação Tradicional.

• O direito moderno é fruto do processo de racionalização. Um direito que


se desvincula da religião e se liga a uma lógica do mundo baseada na
racionalidade. Isto se dá através da Formulação de regras universais; da
generalidade das regras; da burocratização.
A SOCIOLOGIA de Emile Durkheim
• Emile Durkheim e a modernidade como diferenciação/
especialização.
- Sumário. (resumo dos assuntos a serem abordados).
- Emile Durkheim (1858-1917): Seu método e objeto. Investigação
acerca das formas pelas quais a sociedade mantém-se unida na
modernidade.
- Precursor da institucionalização da sociologia.
- Estudo da relação entre indivíduo e sociedade.
- Diante das mudanças sociais, estava interessado na solidariedade
social que, em cada sociedade, seria o elemento a garantir a
coesão social.
- Solidariedade como integração em grupos e regulação da vida
social por valores comuns. Direito como a “moralidade
cristalizada” de cada sociedade.
- Preocupação com a modernidade: Anomia.
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A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
1. Dados biográficos
- Émile Durkheim (1858-1917): Francês, de família judia, de longa
linhagem de rabinos, optou pela carreira acadêmica e teve formação em
filosofia.
- Responsável pela institucionalização da sociologia na França.
- Principal questão: a integração do indivíduo à sociedade na
modernidade, a coesão social.

2. Pressupostos teórico-metodológicos: como enfrenta sua questão?


Bases fundamentais
- Influência do evolucionismo: metáfora biológica e a evolução social.
- Rejeição a explicações racionalizantes e individualistas.
- Preocupado em estabelecer uma metodologia científica para a
investigação sociológica.
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A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
- Em sentido amplo entende a sociologia como a ciência da moral.
• Consciência Coletiva: “O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns
à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema
determinado que tem vida própria; podemos chama-lo de consciência
coletiva ou comum”.
- Moral: conjunto de regras que determinam o comportamento de forma
imperativa.
- O princípio e a fonte da moralidade estão na solidariedade social, que
se expressa através de duas formas:
- Costumes: deveres que os indivíduos tem uns com os outros, por
pertencerem a um grupo social (família, profissão, estado).
- Direito: depende de uma ética mais geral, pois reproduz os tipos de
solidariedade social essenciais às sociedades.
- Sociologia: ciência que tem como objeto os fatos sociais:
- Estes são maneiras de agir, pensar e sentir, fixas ou não, que estão
presentes na sociedade e exercem sobre o indivíduo uma coercitividade
exterior. 10
A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
2. Pressupostos teórico-metodológicos: como enfrenta sua questão?
• Trabalho do sociólogo: por em evidência e analisar esses
comportamentos que são regularidades socialmente determinadas.
- Regras do método sociológico:
- “Tratar os fatos sociais como coisas”: o sociólogo deve observar seu
objeto de estudos “de fora”, situando-se à distância dos fatos sociais
que analisa.
- Defende que o plano do social não é transparente e
imediatamente inteligível;
- O sociólogo precisa desfazer-se de preconceitos e falsas
evidências adquiridas na experiência cotidiana;
- É preciso explicar os fatos sociais por fatos sociais anteriores;
- Método das variações concomitantes: comparar as variações
daquilo que se estuda.

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A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
3. Emergência do mundo moderno
• Preocupação com a origem e manutenção da sociedade moderna
- Como explicar que vários indivíduos constituam uma sociedade? Como se
chega a esta condição da existência social que é o consenso? Como as
sociedades poderiam manter sua integridade e a sua coerência na
modernidade?
- O principal traço da época é o enfraquecimento dos laços tradicionais
(família, religião).
• Sua resposta indica a distinção de duas formas de solidariedade social:
- Solidariedade mecânica (ou por similitude): caracterizada pela semelhança
entre os indivíduos do corpo social.
- Típica das sociedades “primitivas” em que na consciência de seus
indivíduos predomina, em numero e grau, os sentimentos comuns a toda
coletividade.
- Seus membros tem os mesmos sentimentos, os mesmos valores,
reconhecem os mesmos objetos como sagrados e etc.
- A coerência é garantida porque seus membros ainda não se diferenciaram
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A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
3. Emergência do mundo moderno
- Solidariedade orgânica: se caracteriza por seu consenso
- Típica das sociedade industriais ou “superiores”
- A consciência individual e a coletiva encontram-se diferenciadas,
cabendo à divisão do trabalho social o papel de promover a
coesão social.
- Uma forma privilegiada de estudar essas formas de solidariedade é
através do direito, tido como indicador da evolução social.
- Direito repressivo: aquele que pune faltas e crimes.
- Típico das sociedades com solidariedade mecânica.
- Crime é o que é proibido pela consciência coletiva e criminoso
é aquele que descumpre leis de um determinado grupo.
- Um ato é criminoso quando ofende os estados fortes da
consciência coletiva.
- A pena tem a função de satisfazer a consciência comum, ferida
pelo ato cometido por um dos membros da coletividade. 13
A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
3. Emergência do mundo moderno
- A divisão do trabalho tem, antes de tudo, a função de produzir
solidariedade social.
- O progresso da indústria, das artes e da ciência, bem como os
serviços econômicos são coisas menores diante do efeito moral que
ela produz.
- Para o autor, ela gera integração do corpo social e permite
atender às necessidades de ordem e harmonia, constituindo-se num
fator primário de coesão e solidariedade.
- A diferenciação social é a condição criadora da liberdade individual.
- Só com a perda da rigidez da consciência coletiva que o indivíduo
pode ter certa autonomia de julgamento e ação.
- O problema das sociedades modernas e seu individualismo: como
manter um mínimo de consciência coletiva, sem a qual a
solidariedade orgânica levaria à desintegração social.
- Anomia: desintegração social e a debilidade dos laços sociais. 14
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

1. A sociologia das profissões


- Contexto de surgimento: mudanças ocorridas na forma de
organização do trabalho no século XIX
- As primeiras reflexões estruturadas datam da década de 1930 a
partir de teorias funcionalistas.
- Influência de Durkheim: as profissões desempenhariam funções
específicas dentro do corpo social em prol da harmonia e de seu
bom funcionamento (abordagem funcionalista).
- A principal preocupação do funcionalismo é com o
funcionamento da estrutura social, de forma que há pouca
atenção aos indivíduos e suas interações.
- Profissão: conjunto específico e preciso de atributos, cabendo
à sociologia a demonstração destes aspectos. Seu principal
interesse era por demonstrar o valor social das profissões a partir
da análise das funções que desempenhavam na sociedade.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

1. A sociologia das profissões


- Apesar de ter lançado os primeiros pressupostos para a análise das
profissões, o funcionalismo sofreu várias críticas.
- Ao apenas enumerar hierarquicamente os atributos constitutivos
da profissão, os funcionalistas não promoveriam uma articulação
destas características.
- Ao dar pouco importância ao indivíduo e, consequentemente, ao
trabalho empírico, correm o risco de apenas reproduzir ideologias
profissionais e não entender como as profissões se constituem e
se articulam para garantir seus privilégios na sociedade.
- Outra corrente importante a elaborar uma sociologia das profissões
foi o interacionismo simbólico que, em oposição ao funcionalismo,
analisa as profissões com foco nos indivíduos e suas interações.
- Enfatizam a socialização profissional, que é composta pela
tanto pela formação como pela atuação.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

2. Sociologia das profissões jurídicas


• Os primeiros estudos datam da virada do século XIX para o século
XX, a partir dos seguintes temas:
- Qualidade do ensino jurídico;
- Consolidação das profissões jurídicas no mercado de trabalho
como um campo de atuação intelectualmente fecundo e
economicamente próspero;
- Ética dos profissionais.
• Ao longo do século XX, sob inspiração do funcionalismo, os
estudos tenderam a uma análise moral das profissões jurídicas.
- No início dos século, as preocupações giravam em torno da
mercantilização da profissão, o que lhe afastaria de um objetivo
vocacional tido como uma função social nobre, que era a luta
pela realização da justiça.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

• 2. Sociologia das profissões jurídicas


• Após a II Guerra Mundial, são raros os estudos sobre as
profissões jurídicas, cuja retomada se dá apenas nas
décadas de 1960 e 1970.

• Desde então as pesquisas tem como foco os reflexos das


transformações operadas nas sociedades, cujos temas
principais guardam relação com as dinâmicas políticas,
com as transformações operadas com a globalização e
com feminização destas profissões.

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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3. Maria da Glória Bonelli


- Dados biográficos:
- Professora da Universidade de São Carlos (UFSCAR)
- Formação em ciências sociais (UNICAMP)
- Estuda as profissões jurídicas desde fins dos anos 1990
- Um de seus principais temas de pesquisas é a profissionalização das
carreiras jurídicas
- Um de seus principais referenciais teóricos é a sociologia das
profissões do sociólogo americano Eliot Freidson (1923-2005), a
partir da qual irá analisar diversas carreiras como a de advogado, de
promotor, de juiz, de delegado e etc.
3.1. A sociologia das profissões de Eliot Freidson:
• Sua abordagem das profissões se liga a questões de poder e
estratégia política e não a questões funcionais.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.1 A sociologia das profissões de Eliot Freidson:


• Profissão: trabalho especializado, pago e realizado em tempo
integral, que possui uma base teórica e fundamenta-se no
conhecimento técnico científico.
• “Poderíamos definir a profissionalização como um processo pelo
qual uma ocupação organizada, geralmente mas nem sempre por
alegar uma competência especial e cuidar da qualidade de seu
trabalho e de seus benefícios para a sociedade, obtém o direito
exclusivo de realizar um determinado tipo de trabalho,
controlar o treinamento para ele e o acesso a ele além de
controlar o direito de determinar e avaliar a maneira como o
trabalho é realizado”.
• O principal traço de uma profissão é o de manter o controle
(monopólio do exercício) sobre determinada atividade e o que
diz respeito a ela.

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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.1 A sociologia das profissões de Eliot Freidson:


- As profissões tem como marca o fato de serem um grupo
ocupacional organizado que reivindica eficazmente perante
a sociedade o monopólio do exercício de uma atividade.
- Chancela e proteção do Estado. (O artigo 47 da lei de
contravenções penais - decreto-lei 3.688 de 1941 – prevê a
contravenção de exercício ilegal da profissão).
- Controle da divisão do trabalho (quem faz, como faz), do
mercado de trabalho (quem pode exercer a atividade) e
delimitar suas fronteiras tanto internas quanto externas
(médico: pediatra/ dermatologista/ anestesista/ cirurgião;
professor: de sociologia/ química/ matemática; Juiz:
criminal/ trabalhista/ cível).
- Manutenção da estrutura profissional com base nas associações
profissionais, no controle de seu exercício, no credenciamento, na
licença, no registro e nos cursos superiores.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.1 A sociologia das profissões de Eliot Freidson:


- Freidson propõe três tipos-ideais de organização do trabalho:
1º) Lógica de mercado: regido pela livre concorrência e, em
tese, controlado pela liberdade de escolha dos consumidores.
- Valoriza-se o saber prático, a competição e a eficiência;
- A entrada no mercado de trabalho não é controlada.
2º) Burocracia: gerenciado pelo princípio da administração
racional-legal, com controle hierárquico.
- Principais valores: administração, padronização e
eficiência;
- Há um maior controle da autonomia, ante a necessidade
de uma supervisão por parte do estado.

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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
3.1 A sociologia das profissões de Eliot Freidson:

3º) Profissionalismo: regido pelo princípio ocupacional,


cujos principais são:

• Valorização da expertise: conhecimento


especializado abstrato;

• Credencialismo: formação em instituições de


ensino superior;

• Autonomia para a realização das atividades;

• Independência em relação aos clientes, ao estado


e ao mercado na prestação dos serviços;

• Controle do mercado de trabalho. 26


SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.1 A sociologia das profissões de Eliot Freidson:


• Para o autor, a ideologia profissional é o principal instrumento
das profissões para adquirir poder econômico e político,
necessários para conquistar ou manter seu status.
- Não basta simplesmente o conhecimento para obtê-los, sendo
necessário sua conquista por persuasão.
- Ideologia: crenças acreditadas por aqueles que as professam
- Ideologia profissional: defesa da expertise como
diferencial, valorizando seu tipo de conhecimento e
qualificando os profissionais para a autonomia de suas
atividades.
3.2 Profissionalismo e política:
• A partir dos anos 1980 o profissionalismo passou ter mais ligação
com a política, em razão de transformações que culminaram com
a globalização da política liberal e de valores democráticos.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.2 Profissionalismo e política


- Neste cenário, as profissões jurídicas despontam por serem talvez
as principais profissões a desempenharem uma ação política,
exatamente pela peculiaridade de sua atividade.
- As profissões jurídicas atuam politicamente quando se engajam
em movimentos políticos ligados a ideias associados ao
liberalismo, à legalidade, aos direitos civis e ao controle dos
demais poderes.
• Ativismo Judicial.
- Pode ser identificado como uma postura proativa do Poder
Judiciário de interferência significativa e regular em questões
políticas que competem formalmente aos demais poderes.
- Está ligado a “inércia” dos demais poderes (geralmente o
legislativo).
- Denota a existência de um conflito entre os poderes.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.
- Em diversos trabalhos Maria da Glória Bonelli investigou como se
constituiu a organização profissional de diversas carreiras;
- Para ela, em todos há uma dimensão política, fruto da
interação das carreiras com o Estado e a política convencional.
- Foco de abordagem na dimensão conflituosa da relação entre
as profissões do “mundo do direito”. (Artigo: “a competição
profissional no mundo do Direito”).
- “Mundo do Direito”: compreende aquele universo de carreiras
que trabalham na esfera da justiça: Magistrados, advogados,
promotores de justiça, funcionários judiciais e etc.
- Neste trabalho a autora busca compreender “as formas como
as interdependências dessas diversas especializações no mundo
do trabalho judicial condicionam seus conflitos e disputas.
Observa também as tensões entre judiciário e legislativo.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
• 3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.

• Artigo: “A competição profissional no mundo do Direito”


(1998).
• Desenho da pesquisa:

• Realizada através de entrevistas com os profissionais do Direito


em uma comarca de médio porte do interior paulista;

• Comarca denominada de “Branca”, composta por 2 municípios e


2 distritos. População em 1991 – 177 mil habitantes.

• Possui 4 varas cíveis e 2 varas criminais, além de um juizado de


pequenas causas (que é acumulado pelos juízes das varas cíveis por
sistema de rodízio).

• Entrevistas com juízes, promotores de justiça, advogados,


delegados e funcionários de cartório.
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.

• Identifica, na relação mantida entre esses profissionais, uma


interação competitiva dada pela posição que eles ocupam no
universo das profissões.

- A própria estrutura que estas profissões formam ao se relacionarem


umas com as outras no “mundo do Direito” gera tanto a
interdependência entre elas quanto as diferentes perspectivas que
elas adotam sobre a justiça e seu funcionamento.

• A competição profissional é enfocada tanto a nível


interprofissional (entre as diferentes profissões) quanto ao
nível intraprofissional (dentro do âmbito de uma mesma
carreira profissional).
3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.

• Percebe a existência de um processo intenso


de socialização no Mundo do Direito por
parte dessas diferentes profissões.
(Socialização esta que se perfaz predominantemente
pelo ambiente do fórum, através da prática
profissional, mas também pela universidade).
• Socialização no Muno do direito:
- linguagem própria;
- jeito de agir;
- aparência e forma de vestir semelhantes (em muitos
casos).

• Observa que o processo de recrutamento tende


a priorizar a homogeneização de cada uma das
diferentes carreiras/profissões.
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.


- Advogados(as):
- Em sua trajetória de profissionalização os advogados tiveram
embates tanto com o princípio de mercado, enfrentando a livre
concorrência e tendo dificuldades para controlar jurisdicionalmente
o mercado de trabalho, quanto com o burocrático, enfrentando o
Estado que procurava sujeitá-los à sua supervisão.
- Segundo a autora, as duas maiores associações fizeram frente à
lógica do mercado, à burocracia e à política convencional:
- O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) despontou como uma
associação de uma elite portadora da excelência profissional;
- OAB assumiu o papel de associação da grande massa de
profissionais, mantendo-se ao longo do processo de
democratização do país como porta-voz da opinião pública e
posicionando-se com autonomia ante o Estado.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
• 3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.

- Advogados(as):

• “Para o exercício da advocacia, os laços sociais e as conexões locais


parecem ser mais relevantes, já que é necessário se obter clientela.”
• Dificuldade para alcançar “sucesso” na profissão para os advogados
que ingressaram tarde na prática profissional (após os 40 anos).
• Tensões intraprofissionais motivadas por disputa por clientes, pelas
desigualdades de oportunidades, de favorecimentos, de “panelinhas”
e outras decorrentes da segmentação profissional.
• Tensões interprofissionais, principalmente com os juízes, atribuindo
a esta carreira aspectos presentes no imaginário coletivo que estão
ligados ao funcionário público acomodado e ligando esse aspecto á
morosidade do poder judiciário.
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.


- Magistratura:
• Os magistrado foram os pioneiros na construção e afirmação
da autonomia profissional, apoiada no controle do
treinamento e das credenciais para a entrada no mercado
de trabalho, na valorização da expertise, convertendo
autoridade técnica em mandato moral, e na ideologia de
servir ao bem comum com independência;
• Enfrentou uma polarização sobre a concepção profissional
dominante: neutralidade do conhecimento técnico ou
compromisso com causas sociais e políticas.
• Juiz como “boca da lei”?
• Ou, Juiz como “ator político” fundamental para efetivação
dos direitos?

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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
• 3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.

- Magistratura.
• Competição intraprofissional. Entre os magistrados tal forma
de competição foi identificada de duas formas:

• A primeira, reflete uma tensão entre primeira e segunda


instâncias do Poder Judiciário;

• A segunda, estabelece um contraponto entre o comportamento


de dois “tipos de magistrados”, aqueles que são dedicados,
sérios e se dedicam ao trabalho, e aqueles identificados com o
lado negativo do funcionário público, que faz “corpo mole”, ou
seja, o mínimo necessário para continuar sua trajetória.
- O “juiz funcionário” é uma construção do outro, uma forma de
usar o estereótipo para se diferenciar e assim valorizar sua
atividade.
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.


- Magistratura:
• Competição Interprofissional:
- Se estabelece especialmente em relação ao Poder Legislativo.
Identifica que certos problemas e críticas direcionadas ao Poder
Judiciário – como a morosidade da justiça – tem como fundamento
na realidade o estado da legislação, que seria ultrapassada e
inadequada para o andamento eficaz do sistema de justiça.
• Judicialização da Política: Conflitos políticos são levados ao
judiciário para sua resolução. Aumento do impacto de decisões
judiciais em causas políticas e sociais.
• Ativismo Judicial : Seria, portanto, uma forma do judiciário
resolver questões que são prerrogativas de outros poderes, e
geralmente, por inércia ou falta de vontade política deles, o
judiciário se presta a resolver.
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS

• 3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.


• - Promotores(as) de Justiça:
• Os promotores se tencionam prioritariamente com os juízes,
comentando com certa ironia a característica passiva desse poder.
• Entretanto, pode-se perceber uma tensão também em relação ao
legislativo, uma vez que tendem a compartilhar da opinião os
magistrados quanto a inadequação das soluções legais existentes a
lidar com as questões de que tratam.
• Outros aspectos observados são:
- Autonomia no desenvolvimento de sua atividade
- Foi assinalado a existência de certa fiscalização recíproca em
relação as atividades do promotor e do magistrado. Que é
estabelecida por meio das decisões dos magistrados e recursos
processuais.
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
• 3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.
• - Funcionários Judiciais:
- Em geral esses funcionários são bacharéis em Direito ou estão cursando
Direito em uma universidade. Tendo já alguma socialização anterior
dentro do campo.
• Competição intraprofissional:
- Geralmente se dá em relação aos novos membros do corpo de
funcionário, que são criticados pela ineficiência e desconhecimento.
- Há também conflitos entre escreventes e auxiliares judiciários, onde os
primeiros buscam reforçar sua qualificação ao desqualificar o cargo
imediatamente superior.

• Competição interprofissonal:
- Os profissionais do cartório concentram sua artilharia contra os
advogados, que são caracterizados como desconhecedores dos trâmites
legais.

• Deferência em relação à magistratura:


- Proveniente tanto da relação de subordinação quanto da distância entre
essas carreiras na pirâmide profissional.
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
• 3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.
• Competição interprofissional. Considerações gerais.
- Ao examinar essas profissões atuando em interação no mundo do
direito, a autora observa que a competição interprofissional se
manifesta condicionada pelo lugar que o profissional ocupa nesse
“campo”.
- É uma certa interdependência em das posições profissionais que
estrutura a disputa por enfoques, perspectivas, privilégios, monopólios
sobre objetos, campos de atuação e poder de decisão.
-Portanto, há uma maior tensão entre aquelas carreira que estão em
posições próximas. Geralmente, reproduz uma certa hierarquia das
posições sociais do campo, uma vez que em geral são os que estão em
posição imediatamente inferiores em poder ou em prestígio social que
colocam em questão as posições dos que estão imediatamente acima.
• O conflito é decorrente da existência objetiva desses diferentes
lugares no sistema das profissões e não se restringe necessariamente
a concepções de âmbito individual.
SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES JURÍDICAS
• 3.3 Profissionalismo e carreiras jurídicas: Maria da Glória Bonelli.
• Competição intraprofissioonal. Considerações gerais.
- Forma como os profissionais demarcam internamente suas
diferenças.
- Demarcação de estereótipos da conduta profissional que
desaprovavam de forma a se distinguir deste modelo e
construir a imagem de sua trajetória de forma afirmativa.
- Uso dessa construção – da imagem do mau profissional – de
forma a se distinguir e defender uma dignidade profissional,
não só individual, mas também coletiva, no sentido de que as
críticas geralmente direcionadas à sua profissão se dão em
função de maus profissionais (Corruptos, inativos, morosos,
incompetentes, apadrinhados, antiéticos e inescrupulosos).

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