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INTRODUÇÃO
Este texto tem por objetivo oferecer a você dores, cujas disputas muitas vezes se parecem
um conjunto mundial e intercultural de conhe- com a conhecida história dos cegos que encon-
cimentos para lhe ajudar a explorar a nature- tram um elefante. Ao tocar uma parte do ele-
za humana. Em todos os capítulos desta quin- fante, cada um deles supunha que a parte sob
ta edição apresentamos uma variedade de fer- seus dedos continha a chave para a aparência
ramentas para que você possa adquirir uma total do animal.
maior compreensão tanto de sua própria per- Na versão original da fábula, os cegos
sonalidade quanto da de outras pessoas. eram filósofos enviados a um estábulo com-
pletamente escuro por um sábio rei (que pro-
vavelmente estava cansado de suas divergên-
UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVA cias acadêmicas). Cada um dos filósofos in-
DA TEORIA DA PERSONALIDADE sistia que sua experiência limitada, e a teoria
baseada naquela experiência, era a totalida-
Abordamos cada teoria da maneira mais de da verdade.
positiva e favorável possível. Cada capítulo foi Nós utilizamos uma abordagem diferen-
lido e avaliado por teóricos e praticantes de cada te. Partimos do pressuposto de que cada teo-
sistema para assegurar que nosso modo de tratá- ria tem algo relevante para cada um de nós.
lo fosse relativamente abrangente e preciso. Em Por exemplo, aqueles que recebem seu salá-
alguns casos, os melhores profissionais dos Es- rio conforme suas horas de trabalho podem
tados Unidos escreveram o capítulo segundo descobrir que o conceito de B. F. Skinner de
nossas especificações. Evitamos tanto quanto programas de reforço elucida seu comporta-
possível a tendência de criticar ou depreciar mento no local de trabalho. Contudo, é pro-
qualquer teoria. Ao contrário, procuramos des- vável que a leitura de Skinner não ajude as
tacar as virtudes e a eficácia de cada aborda- pessoas a compreender por que participam de
gem. Também procuramos não ser partidários serviços religiosos. Para isso, os textos de Carl
nem irrefletidamente ecléticos. Entretanto, nos- Jung sobre o poder dos símbolos e o signifi-
sas escolhas foram intencionalmente tendencio- cado do self provavelmente serão mais úteis.
sas. Incluímos os pensadores cuja importância Assim, em momentos diferentes ou em dife-
e utilidade são evidentes na psicologia e deixa- rentes áreas de nossas vidas, cada teoria pode
mos de lado outros pensadores conhecidos que oferecer orientação, elucidação ou clareza.
pareciam menos úteis ou menos compatíveis É provável que você sinta muito mais afi-
com o objetivo geral deste volume. nidade por alguns pensadores apresentados
Cada um dos pensadores deste livro ofe- neste livro do que por outros. Cada pensador
rece algo de especial valor e relevância, iso- está escrevendo sobre determinados padrões
lando e esclarecendo diversos aspectos da na- básicos da experiência humana; com freqüên-
tureza humana. Achamos que cada um deles é cia, sobre padrões provenientes de suas pró-
essencialmente “correto” em sua própria área prias vidas. É possível que você aprecie aque-
de conhecimento. Não obstante, apresentamos las teorias que se concentram em padrões que
algumas divergências cruciais entre os pensa- mais se assemelham aos seus.
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Cada capítulo discute uma teoria ou pers- adiante por várias gerações de pensadoras.
pectiva que contribui para nosso conhecimento Entre as de maior prestígio está o grupo de
geral do comportamento humano. Estamos con- Stone Center, cujo trabalho teórico de amplo
vencidos de que, além de nosso padrão biológi- reconhecimento é apresentado no Capítulo 7,
co inato de crescimento e desenvolvimento, pos- “A psicologia das mulheres”.
suímos uma tendência para o crescimento e de- William James, contemporâneo de Freud
senvolvimento psicológico. Esta tendência, des- e Jung, estava mais interessado na própria
crita por diversos psicólogos como um esforço consciência do que em seus conteúdos. Em
para a auto-realização – o desejo de compreen- sua exploração de como a mente funciona,
der a si mesmo e a necessidade de utilizar ao James foi um precursor dos psicólogos
máximo nossa própria capacidade –, é um de cognitivos. Foi também o fundador dos estu-
nossos pressupostos e caracteriza este texto de dos da consciência, campo em que os pesqui-
modo especial. sadores investigam temas como os estados al-
terados de consciência, incluindo sonhos, me-
ditação e biofeedback.
TEORIAS DA PERSONALIDADE Pensadores norte-americanos posteriores,
tais como George Kelly, Carl Rogers e Abraham
Antes de Freud e dos outros grandes pen- Maslow, ocuparam-se com as questões de saú-
sadores da personalidade, não havia, no oci- de e desenvolvimento psicológico. Nas convin-
dente, grande interesse pelas teorias da perso- centes palavras de Maslow, “é como se Freud
nalidade. As doenças mentais eram considera- tivesse nos fornecido a metade doente da psi-
das conseqüências inexplicáveis de possessão cologia e agora devêssemos completá-la com
“alienígena” ou demoníaca de indivíduos que, sua metade saudável” (Maslow, 1968, p. 5).
em outros aspectos, eram considerados racio-
nais e lógicos. De fato, os primeiros médicos
especializados no tratamento de doentes men- EXPANDINDO O ALCANCE DA
tais eram chamados de “alienistas”. TEORIA DA PERSONALIDADE
Uma das maiores contribuições de Freud
foi insistir que os eventos mentais são regidos Nos últimos anos, três abordagens da na-
por regras e por uma estrutura de causa e efei- tureza e do funcionamento humanos tornaram-
to. Ele observou os pensamentos e comporta- se cada vez mais importantes: a psicologia cog-
mentos irracionais e inconscientes de seus pa- nitiva, a psicologia das mulheres e as aborda-
cientes e percebeu que eles se enquadravam gens não-ocidentais. Nossa inclusão dessas áre-
em certos padrões. Freud inaugurou, assim, as visa estender os limites e o alcance das pers-
uma “ciência do irracional”. Além disso, ele re- pectivas tradicionais sobre a teoria da perso-
conheceu que a maioria dos padrões de com- nalidade.
portamento observados em pacientes neuróti-
cos e psicóticos pareciam ser variantes intensi-
ficadas dos padrões mentais observados em Psicologia cognitiva
pessoas normais.
Jung, Adler e muitos outros desenvolve- A psicologia cognitiva tornou-se impor-
ram as idéias de Freud. Na teoria de Jung, o tante em muitas áreas da psicologia, inclusive
inconsciente do indivíduo inclui não apenas na teoria da personalidade. Ela oferece tanto
memórias pessoais (como Freud havia enfati- um modo de analisar o funcionamento da pró-
zado), mas também material do inconsciente pria mente quanto um modo de apreciar a ri-
coletivo de toda a humanidade. Alfred Adler e queza e complexidade do comportamento hu-
outros concentraram sua atenção no ego como mano. Se pudermos melhor compreender como
um sofisticado mecanismo de adaptação ao am- pensamos, observamos, nos ocupamos e lem-
biente interno e externo. bramos, seremos capazes de compreender mais
Karen Horney explorou a psicologia do claramente como estes blocos de construção
ego e também foi pioneira no desenvolvimen- cognitivos acarretam medos, ilusões, trabalhos
to da psicologia das mulheres. Em certo sen- criativos e todos os comportamentos e eventos
tido, expandiu a teoria psicanalítica para in- mentais que nos fazem ser quem somos.
cluir as mulheres. Seu trabalho foi levado
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talhados dos estados da consciência, dos ní- efeitos psicológicos, fisiológicos e espirituais de
veis de desenvolvimento e dos estágios de ilu- uma variedade de idéias, atitudes, comporta-
minação que vão além dos mapas psicológi- mentos e exercícios.
cos ocidentais tradicionais. Além disso, afir- Entretanto, a vitalidade e importância
mam possuir técnicas para induzir esses esta-
dessas psicologias tradicionais repousa na cons-
dos e condições. (Walsh, 1989, p. 547-548)
tante testagem, reformulação e modificação de
suas idéias iniciais para ajustarem-se a novos
Estes capítulos oferecem a você a oportu-
contextos e situações interpessoais, bem como
nidade de considerar, avaliar e, em certa me-
a diferentes condições culturais. Em outras pa-
dida, vivenciar essas perspectivas da persona-
lavras, estas psicologias seculares ainda são
lidade no contexto de um curso de psicologia
pertinentes, ainda mudam e se desenvolvem.
crítico e comparativo. Temos muitos indícios
Carl Jung escreveu, “o conhecimento da
do interesse e tempo que os estudantes já es-
psicologia oriental [...] forma a base indispen-
tão dedicando a essas questões.
sável para uma análise crítica e uma conside-
O estudo das psicologias orientais. Por ração objetiva da psicologia ocidental” (em
que estudar religiões em um curso de psicolo- Shamdasani, 1996, p. x-xi). Acreditamos que
gia? Para muitos, a palavra religião tem fortes o desenvolvimento de uma psicologia comple-
conotações de dogma rígido, moralidade con- ta repousa em nosso estudo e compreensão do
vencional, etc. Essas idéias não parecem parti- pensamento oriental.
cularmente compatíveis com a psicologia.
Experiência transpessoal. Cada um des-
É importante lembrar que, neste caso,
tes sistemas se concentra no desenvolvimento
estamos lidando com psicologias orientais e não
transpessoal, ou desenvolvimento além do ego
com religiões orientais. A ioga, o zen-budismo
e da personalidade. Eles partilham com a psico-
e o sufismo originaram-se da necessidade co-
logia transpessoal (ver Capítulo 15) a crença
mum de explicar a relação entre experiência
de que é possível, através da meditação e de
religiosa e vida cotidiana. Os guias espirituais
outras disciplinas da consciência, entrar em pro-
estavam entre os primeiros psicólogos no oci-
fundos estados de consciência que estão além
dente e no oriente. Eles precisavam compreen-
(trans) de nossa experiência pessoal cotidiana.
der a dinâmica emocional e pessoal de seus alu-
Em contraste, os psicólogos ocidentais geralmen-
nos, bem como suas necessidades espirituais. A
te discutem o desenvolvimento em termos de
fim de compreender as questões que seus alu-
fortalecimento do ego: maior autonomia, auto-
nos defrontavam, os guias utilizavam primeira-
determinação, auto-realização, liberdade de pro-
mente suas próprias experiências, princípio que
cessos neuróticos e um estado mental saudá-
vemos respeitado, na atualidade, na análise di-
vel. Entretanto, os conceitos de desenvolvimento
dática à qual os psicoterapeutas se submetem.
transpessoal e de fortalecimento do ego podem
Esses sistemas realmente diferem da maio-
ser mais complementares do que antagônicos.
ria das teorias da personalidade ocidentais por
O pioneiro pensador da personalidade,
sua maior preocupação com valores e conside-
Andras Angyal (1956, p. 44-46), discute cada
rações morais e por sua ênfase na recomenda-
um desses pontos de vista.
ção de viver-se de acordo com certos modelos
espirituais. Devemos viver dentro de um códi- Visto de uma dessas perspectivas [o pleno de-
go moral, argumentam, porque uma vida mo- senvolvimento da personalidade], o ser hu-
ralmente codificada tem efeitos definidos, re- mano parece estar se esforçando basicamente
conhecíveis e benéficos à nossa consciência e para afirmar e expandir sua autodetermina-
bem-estar geral. Entretanto, todas as três psi- ção. Ele é um ser autônomo, uma entidade
cologias vêem a moral e os valores de um modo autodesenvolvida, que se afirma ativamente,
pragmático, até mesmo iconoclasta. Cada uma em vez de reagir passivamente, como um cor-
dessas tradições enfatiza a futilidade e insen- po físico, aos impactos do mundo circundante.
satez de se valorizar mais a forma exterior do Esta tendência fundamental se expressa no
empenho da pessoa em consolidar e aumen-
que a função interior. tar seu autogoverno, em outras palavras, exer-
Essas psicologias, como suas equivalen- cer sua liberdade e organizar os elementos per-
tes ocidentais, provêm da observação cuida- tinentes de seu mundo a partir do centro au-
dosa da experiência humana. Elas se assentam tônomo de governo que é o seu self. Tal ten-
sobre séculos de observações empíricas dos dência – a qual denominei “tendência para a
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raizadas na infância, bem como em experiên- próximos cinco capítulos). Entretanto, existem
cias posteriores fundamentais. comprovações empíricas de diversas idéias im-
Aprendemos que é mais fácil compreen- portantes, tais como os conceitos de identida-
der uma teoria se soubermos mais a respeito de e desenvolvimento humano, de Erikson, e o
de seu criador. Assim, as biografias apresenta- conceito de auto-realização, de Maslow.
das em cada capítulo permitem que o leitor Mais do que dados empíricos, o campo
desenvolva uma idéia sobre a pessoa antes de da teoria da personalidade contém um imenso
começar a estudar sua teoria. Você descobrirá volume de idéias brilhantes, observações cla-
que a teoria de Skinner (ou de Freud ou de ras, métodos inovadores de tratamento e ex-
Rogers, etc.) faz muito mais sentido quando posições perspicazes de conceitos que nos aju-
compreendemos sua origem na experiência de dam a compreender a complexa realidade de
vida de seu criador. quem somos.
O leitor poderá observar que raramente
citamos pesquisas. Praticamente todos os pen-
Antecedentes intelectuais sadores são extremamente críticos quanto à
validade e utilidade das pesquisas eventual-
Qualquer teoria deve parte de sua gêne- mente realizadas sobre suas teorias (Corsini e
se e de seu desenvolvimento às idéias dos ou- Wedding, 1989). Em vez disso, utilizamos o
tros. Toda teoria foi desenvolvida em uma de- espaço limitado de que dispomos para cada
terminada sociedade, em uma determinada teoria para torná-la o mais compreensível, cla-
época na história, época em que algumas ou- ra e vívida possível.
tras teorias e conceitos influenciaram o pen-
samento de praticamente todos os escritores
Dinâmica
e investigadores. Uma idéia é na verdade parte
de um ecossistema de teorias e conceitos re-
lacionados. Muitas vezes é mais fácil apreciar Somos sistemas vivos, e não estáticos.
o campo de ação de uma teoria se conhece- Chamamos de crescimento psicológico nossos
mos as principais correntes intelectuais de sua modos de procurar obter maior saúde e cons-
época. Por exemplo, a maioria das teorias de- ciência e de obstáculos ao crescimento as for-
senvolvidas no final do século XIX foram for- mas pelas quais o crescimento é retardado,
temente influenciadas pelos princípios dar- obstruído, desviado, impedido ou corrompido.
winistas de evolução, seleção natural e sobre- Todas as teorias incluídas neste livro de-
vivência do mais apto. senvolveram um conjunto de intervenções, cha-
madas de terapia, aconselhamento ou práticas
espirituais, para ajudar as pessoas a superar os
Principais conceitos obstáculos e retornar ao crescimento normal.
Embora sejam subprodutos fascinantes da teo-
A parte principal de cada capítulo explo- ria, estas intervenções não são discutidas mi-
ra a teoria, iniciando-se com um resumo de seus nuciosamente, porque este é um texto sobre a
principais conceitos. Estes são a base sobre a teoria da personalidade, e não sobre psicote-
qual repousa cada teoria e são os elementos que rapia.
os psicólogos citam quando distinguem as teo-
rias. Os conceitos também são o que cada pen-
sador concordaria serem suas contribuições mais Estrutura
importantes para a compreensão humana.
Esta seção é chamada “Principais concei- Procuramos ser consistentes a fim de
tos”, e não “Principais fatos”. Seria estimulan- ajudá-lo a comparar e contrastar as diferentes
te dizer que os principais conceitos cobertos teorias, sem, contudo, ser rígidos ao ponto de
neste livro repousam, após muitos anos de pes- sermos injustos com as teorias. Embora todas
quisa, em bases factuais. Infelizmente não é as teorias do livro possam afirmar que inclu-
assim. Ainda não existe muita comprovação em todos os principais aspectos do funciona-
objetiva para a existência do id, dos arquéti- mento humano, constatamos que cada uma
pos, da sublimação, do complexo de inferiori- delas enfoca mais claramente algumas áreas e
dade ou da projeção (principais conceitos dos negligencia quase totalmente outras. Muitas
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vezes o que dizemos sob um determinado títu- sas intenções (“Vou concluir a tempo a leitura
lo se resume essencialmente a “Esta teoria não de todo o material das aulas desta semana”) e
discute isto”. os resultados (“Vi dois filmes, fui a uma festa
ótima, li um pouco, e só dei uma olhada no
Corpo. Embora este seja um livro sobre
resto”). Muitas teorias tratam desta luta hu-
teorias psicológicas, todas elas se baseiam no
mana fundamental: como transformar inten-
estudo de seres humanos corporificados, que
ção em ação.
respiram, comem, ficam tensos e relaxam. Al-
William James fez da vontade um con-
gumas teorias atentam para o quanto o corpo
ceito central em sua psicologia. Para James, a
físico influencia os processos psicológicos, ou-
vontade é uma combinação de atenção e es-
tras nem tanto.
forço. Ela é um instrumento importante para
Wilhelm Reich é provavelmente o pensa-
concentrar a consciência. Segundo James, a
dor ocidental mais preocupado com o corpo.
vontade pode ser sistematicamente fortalecida
Embora em seu trabalho posterior Freud te-
e treinada. Já Skinner considerava a vontade
nha dado menor relevo à libido, Reich tomou
um conceito confuso e irrealista, pois para ele
o conceito freudiano de libido como seu prin-
todas as ações são determinadas, mesmo que
cípio central. Para Reich, a liberação da
não saibamos o suficiente para compreender
bioenergia bloqueada é a principal tarefa da
como ou por quê. Portanto, a vontade não tem
psicoterapia. Reich afirmava que mente e cor-
lugar na teoria de Skinner.
po são uma coisa só; todos os processos psico-
lógicos, pressupôs ele, são parte de processos Emoções. Descartes escreveu: “Penso,
físicos e vice-versa. logo existo”. A psicologia acrescenta: “Sinto,
logo sou plenamente humano”. A teoria psico-
Relacionamentos sociais. Quando dize-
lógica possui muitas formas de considerar os
mos que os seres humanos são animais sociais,
efeitos das emoções sobre todas as outras ati-
estamos sugerindo que extraímos significado
vidades físicas e mentais.
e satisfazemos nossas necessidades básicas es-
Para Maslow e para as psicologias orien-
tando uns com os outros – nas famílias, nos
tais, existem dois tipos de emoções: positivas
grupos de divertimento, nas amizades, nos gru-
e negativas. Maslow considera a calma, a ale-
pos de trabalho, nos casais e nas comunida-
gria e a felicidade emoções positivas. Ele es-
des. Algumas teorias consideram estes grupos
creveu que elas facilitavam a auto-realização.
sumamente importantes, enquanto outras fo-
De modo análogo, a tradição da ioga distingue
calizam o mundo interior do indivíduo e ten-
as emoções que conduzem a maior liberdade e
dem a ignorar as relações sociais. Por exem-
conhecimento daquelas que aumentam a ig-
plo, Karen Horney, que estava profundamente
norância.
interessada nos determinantes culturais da per-
sonalidade, definia neurose em termos de re- Intelecto. As teorias da personalidade
lacionamentos sociais. Ela analisou três padrões muitas vezes enfocam os seus aspectos irracio-
neuróticos clássicos: aproximar-se das pessoas, nais. É interessante observar como os pensa-
ir contra as pessoas e afastar-se das pessoas. dores interpretam o funcionamento “racional”
Embora quase todos os capítulos se concen- de formas muito diferentes e constatar que eles
trem em torno da questão do desenvolvimen- diferem amplamente quanto à importância que
to individual, o capítulo sobre a psicologia das dão à racionalidade.
mulheres examina a centralidade dos relacio- Para o pensador George Kelly, o intelec-
namentos entre indivíduos. As questões levan- to é um elemento importante na construção
tadas nesse capítulo têm repercussão sobre to- de nossas concepções da realidade, sendo um
dos os demais e devem ser mantidas em men- conceito central em sua teoria. No sufismo,
te durante a leitura do livro. existem diversos níveis de intelecto, o que
inclui a curiosidade, a lógica e a compreen-
Vontade. Saint Paul disse: “Aquilo que eu
são empírica. Também existe o intelecto de-
faria, eu não faço. Aquilo que eu não faria, eu
senvolvido, que inclui o coração da mesma
faço”. Ele estava refletindo sobre a discrepân-
forma que a cabeça.
cia entre suas intenções e sua capacidade de
realizá-las. Self. O conceito de self é de difícil compreen-
Cada um de nós tem um interesse seme- são, nunca totalmente apreendido por nenhum
lhante pelo que em nós se interpõe entre nos- teórico. Ele é mais do que o ego, mais do que o
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Cada capítulo inclui uma bibliografia co- Pela primeira vez incluímos alguns, e pos-
mentada. O capítulo em si é apenas uma intro- sivelmente os mais importantes, endereços da
dução para um intrincado e complexo sistema internet para cada teoria. Também sugerimos
de pensamento. Esperamos que você persiga alguns sites que são tão incrivelmente tenden-
as teorias que achar mais interessantes e valio- ciosos e opiniáticos que não pudemos deixar
sas. Para facilitar este segundo passo, sugeri- de incluí-los.
mos livros que nos parecem mais úteis para
compreender cada teoria.
Uma das melhores coisas que um profes- Referências bibliográficas
sor pode fazer pelos alunos é afastá-los de lei-
turas de segunda categoria e direcioná-los para Incluímos as referências bibliográficas ao
os livros mais úteis e/ou melhores de uma de- final de cada capítulo, em vez de reuni-las ao
terminada área. (Despendemos uma enorme final do volume. Nossos alunos nos disseram
quantidade de tempo examinando os livros que que nosso texto lhes serve de referência para
são menos úteis sobre cada teoria, e achamos outras aulas, bem como para seu estudo pessoal
que você não precisa fazer o mesmo.) de determinados pensadores. Por isso, manti-
vemos as referências neste formato separado.
REFLEXÃO PESSOAL
Questionário de História de Vida
Este é o primeiro de uma série de exercícios para prepará-lo para alguns dos conceitos apresentados. Até
certo ponto, desenvolvemo-nos e somos condicionados por nossa experiência passada e, assim, abordamos
qualquer material já inclinados a aceitar ou rejeitar algumas partes dele. Antes de ler este livro, talvez seja útil que
você recapitule algumas das principais forças em seu próprio desenvolvimento. Registre suas respostas às per-
guntas a seguir. Responda as perguntas da maneira mais livre e plena possível, pois este exercício se destina a
seu uso pessoal.
1. Qual o significado de seu nome? Você tem o nome de algum parente? Seu nome tem um significado
especial para você ou para sua família?
2. Que apelido(s) você prefere? Por quê?
3. Qual é sua identificação étnica e/ou religiosa? Se ela é diferente da de sua família, fale sobre a diferença.
4. Descreva seus irmãos e o que sente em relação a eles.
5. Descreva seus pais (padrasto/madrasta) e o que sente a respeito deles.
6. Com que membro da família você é mais parecido? Em quê?
7. Qual sua situação de vida atualmente – trabalho, moradia, e assim por diante?
8. Você tem sonhos ou devaneios recorrentes? Como são eles?
9. Que homens ou mulheres do passado você mais gosta e admira? Por quê? Quem você considera um
modelo ideal?
10. Que livros, poemas, músicas ou outras obras de arte mais lhe influenciaram? Quando e como?
11. Que acontecimentos ou experiências interiores trouxeram ou lhe trazem mais alegria?
12. Que acontecimentos ou experiências interiores trouxeram ou lhe trazem mais tristeza?
13. Que ocupação você mais gostaria de ter caso pudesse fazer o que quisesse? Por quê?
14. Que ocupação seria a pior possível para você, algo que você detestaria fazer? Por quê?
15. Existe alguma coisa em você mesmo que você gostaria de mudar?
16. O que você mais gosta em você?
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