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PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MP

(Aula nº 2 – 04/12/10)

Não há dificuldade de se reconhecer a legitimidade do Ministério Público, na matéria de


interesses difusos e coletivos. O problema reside, na maior parte dos casos, nos interesses individuais
homogênios, em que se discute se o Ministério Público poderia ou não atuar coletivamente.
Quando o interesse é disponível, há uma dificuldade em reconhecer essa legitimidade
do Ministério Público e se exige a denominada relevância social.
Há vedação no art. 1º, parágrafo único, Lei nº 7347/85, de ação civil pública em matéria
tributária. Mas existem decisões admitindo o Ministério Público em matéria tributária, quando se
constrói a defesa do patrimônio público.
Art. 1º, Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza
institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados.
(Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
O que se veda é o Ministério Público, na ação civil pública, defenda, individualmente, o
contribuinte. Pode ele defender o patrimônio público, quando houver possibilidade de desvio de
recursos que podem ser importantes para a realização dos direitos fundamentais. Nesses casos
especiais, então, pode-se vislumbrar a atuação do Ministério Público, porque seria difícil vislumbrar a
advocacia pública. Exemplo: termo de ajuste firmado entre o Governo do DF e uma sociedade
empresária isentando-a ou concedendo-a benefício fiscal.
Em relação ao consumidor, há autorização no CDC, para que o Ministério Público o
defenda.
No Estatuto do Idoso, há previsão de atuação do Ministério Público, de modo
extrajudicial e judicial. A extrajudicial se dá de modo individual e coletivo. Há também previsão de
atuação do Ministério Público em direitos individuais homogêneos, o que nos retira daquela discussão
de pode ou não?, porque, aqui, a lei já colocou o Ministério Público como legitimado.
Em matéria de criança e adolescente, o ECA, Lei nº 8069/90, prevê a atuação do
Ministério Público, para defesa coletiva desse grupo.
O STF, em 2007, num julgamento, tratou da certidão parcial de tempo de serviço para
Previdência Social. O relator Celso Melo decidiu que o Ministério Público Federal tem legitimidade
para ajuizar ação civil pública, em defesa de direitos individuais homogêneos, desde que esteja
configurado o interesse social relevante.
Em 20/02/2008, o STF discutiu-se no acórdão o seguinte: o STJ já tem entendimento
pacificado que o Ministério Público é parte legítima para defesa de interesses individuais homogêneos,
exigindo apenas que tal proteção esteja vinculada ao reconhecimento de relevante interesse social.

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Em relação à taxa de iluminação pública, o STF decidiu que o Ministério Público não
tem legitimidade para propor ação civil pública com objetivo de impedir cobrança de taxa de serviço
público, cuja obrigação é de natureza tributária. Também é incabível a ação civil pública, se utilizada
como substituto de ação direta de inconstitucionalidade de lei municipal.
No RJ, o Ministério Público chegou a questionar a decisão do STJ nesse sentido.
Em provas do MP, o professor aconselha defender a ampliação da atuação do Ministério
Público!!
A última parte do art. 127, caput, da CRFB/88, trata da defesa dos direitos individuais
indisponível. A sede da legitimidade ativa do Ministério Público está na CRFB/88.
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
A discussão que há é se existe necessidade de uma legislação infraconstitucional, para
explicar as hipóteses em que o Ministério Público pode ou não atuar. A CRFB/88 é uma lei e já
autoriza, pois, o Ministério Público a atuar na matéria de interesse individual indisponível. Então, se se
fizer uma interpretação ampliativa, qualquer matéria que se enquadre nessa condição permite a atuação
do Ministério Público.
Isso pode gerar um aparente conflito com a Defensoria. Houve casos de pedido de
medicamento, em que foi questionada a legitimidade ativa do Ministério Público. O STJ chegou a
decidir que o Ministério Público é parte ilegítima para defender interesse de uma única pessoa, caberia,
assim, às defensorias públicas a atuação e defesa do interesse das pessoas carentes. Não é o Ministério
Público parte legítima para propor ação civil pública como representante de uma pessoa necessitada.
Esse julgado envolvia a entrega de medicamento a uma pessoa.
Segundo a Constituição, o Ministério Público poderia entrar com uma medida
necessária para defender, porque se trata de trata de direito individual indisponível. Agora, como se
resolve essa questão quando a defensoria atua também? O STJ proferiu essa decisão, mas depois a
Primeira Seção pacificou o entendimento das turmas de direito público no sentido de que o Ministério
Público possui legitimidade para ajuizar medidas judiciais para defender direitos individuais
indisponíveis, ainda que em favor de pessoa determinada (Recurso Especial nº 684162/RS).
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. TRATAMENTO MÉDICO. MENOR. DIREITO INDIVIDUAL
INDISPONÍVEL. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
CONFIGURAÇÃO. PRECEDENTES DO STF E STJ. EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA PROVIDOS.
1. A Primeira Seção deste Tribunal Superior pacificou o entendimento das
Turmas de Direito Público no sentido de que o Ministério Público possui
legitimidade para ajuizar medidas judiciais para defender direitos individuais
indisponíveis, ainda que em favor de pessoa determinada: EREsp 734.493/RS,

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Rel. Min. Castro Meira, DJ de 16.10.2006; EREsp 485.969/SP, Rel. Min. José
Delgado, DJ de 11.9.2006.
2. No mesmo sentido são recentes precedentes desta Corte Superior: EREsp
466.861/SP, 1ª Seção, Rel. Min Teori Albino Zavascki, DJ de 7.5.2007; REsp
920.217/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 6.6.2007; REsp
852.935/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 4.10.2006; REsp
823.079/RS, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 2.10.2006; REsp
856.194/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ de 22.9.2006; REsp
700.853/RS, 1ª Turma, Rel. p/ acórdão Min. Luiz Fux, DJ de 21.9.2006; REsp
822.712/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 17.4.2006.
3. Embargos de divergência providos.
(EREsp 684162/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 24/10/2007, DJ 26/11/2007, p. 112)
No RJ, houve um caso onde o Ministério Público do Estado, na pessoa do Procurador-
geral, através da Assessoria de Recursos Constitucionais, levou a questão até o STF, porque o Recurso
Especial não foi admitido no TJ do RJ. No STJ, quando do julgamento do Agravo de instrumento que
inadmitiu o Recurso Especial, por decisão do relator, conheceu do agravo. O relator ressaltou a
legitimidade do Ministério Público para defesa dos direitos individuais indisponíveis, mesmo quando a
ação buscar tutela de pessoa individualmente considerada.
Casos similares a esse que podem também gerar discussão dizem respeito a alimentos,
em especial, alimentos daqueles que estão sob o poder familiar.
1) Estrutura legislativa:
Quem tem iniciativa legislativa para apresentar projetos de lei sobre a organização, as
atribuições e o estatuto ou regime jurídico do Ministério Público?
Ministério Público tem autonomia em relação ao Poder Executivo, Poder Judiciário.
Essa autonomia engloba também a autonomia legislativa.
A regra geral da Constituição é que os integrantes do legislativo tenham iniciativa
legislativa. Então, um deputado ou senador pode apresentar projeto de lei de modo amplo. Mas
existem matérias que são restritas. Por isso, a pergunta: Quem tem iniciativa legislativa para
apresentar projetos de lei sobre a organização, as atribuições e o estatuto ou regime jurídico do
Ministério Público?
No 25º concurso do Ministério Público, perguntaram na prova específica o seguinte:
Dentre as conclusões de CPI instituída com escopo de apurar fato irregular relacionado à saúde, no
Estado do RJ, estava a necessidade de criação de uma promotoria de justiça da saúde, o que ocorreu
por iniciativa de deputado estadual, relator da referida CPI. Após dois anos da sanção da lei que
criou o cargo acima, o procurador de justiça requereu ao procurador-geral de justiça a abertura de
edital de remoção para o órgão criado. Emita parecer na qualidade de integrante da assessoria de
assuntos instituições da chefia do parquet.

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Indicação de resposta: como o Ministério Público tem autonomia legislativa, pode
decidir o momento para exercer a iniciativa de um projeto de lei. Art. 61, § 1º, II, d, da CRFB/88, e art.
128, § 5º, da CRFB/88.
Art. 61, § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis
que:
II - disponham sobre:
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem
como normas gerais para a organização do Ministério Público e da
Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
Esse primeiro dispositivo faz referência ao Presidente da República. Percebe-se, assim,
que não existe uma lei orgânica para o Ministério Público, não seguindo o modelo do Poder Judiciário.
Se não há indicação do tipo de leis a que o caput do parágrafo primeiro se refere, deve-se entender lei
ordinária, que vai tratar de organização do MPU e DPU, além de normas gerais para os Ministérios
Públicos Estaduais.
O segundo artigo prevê:
Art. 128, § 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é
facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização,
as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas,
relativamente a seus membros:
I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo
senão por sentença judicial transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do
órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o
disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários,
percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública,
salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

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f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em
lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Esse segundo dispositivo fala de lei complementar e não mais lei ordinária. Fala da
União e dos Estados. Entrega essa iniciativa aos procuradores-gerais, explicando que é para
organização, atribuição e estatuto de cada Ministério Público.
É preciso conjugar esses dois artigos para se saber como tratar essa matéria. No fim das
contas, ter-se-á uma lei para o MPU, uma lei de normas gerais e uma lei para cada estado.
São conclusões, portanto, da conjugação desses dois dispositivos:
a) tanto o Presidente da República quanto o PGR possuem iniciativa para apresentar
projeto de lei complementar sobre a organização, atribuições e estatuto do MPU (a lei complementar
nº 75/93 é de iniciativa do PGR).
b) somente o Presidente da República possui iniciativa para apresentar projeto de lei
ordinária que disponha sobre normas gerais para os Ministérios Públicos Estaduais. A Lei nº 8625/93
se aplica ao MP estaduais. É, pois, uma lei orgânica com normas gerais que vai balizar a construção da
legislação especifica por cada Ministério Público estadual. É uma lei ordinária, só se aplica a ela o art.
61, § 1º, II, d, da CRFB/88.
c) no âmbito estadual, o respectivo PGJ possui iniciativa para apresentar projeto de lei
complementar para dispor sobre a organização, as atribuições e o estatuto de seu Ministério Público,
suplementando a legislação nacional. Majoritariamente, entende-se que o governador também tenha tal
iniciativa, por simetria ao modelo federal, desde que indicado na Constituição Estadual. Exemplo: RJ –
art. 112, § 1º, II, c, da Constituição Estadual. No RJ, a Lei orgânica do Ministério Público é Lei
complementar nº 106/203.
O professor recomenda a leitura dessas três leis!
No âmbito estadual, o procurador-geral exerce a iniciativa, mas, na lei do Ministério
Público do RJ, ele antes deve passar esse projeto de lei por um órgão colegiado interno, pelo Colégio
de Procuradores de Justiça. Ver art. 19, I, g, e XI, da Lei complementar nº 106/203, que mostram que o
PGJ, antes de encaminhar o projeto de lei, deve submetê-lo ao órgão especial do Colégio de
Procuradores de Justiça.
Art. 19 - Compete ao Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça:
I – aprovar:
g) projetos de Lei de iniciativa do Ministério Público;
XI - fixar percentual, no limite máximo de 15% dos integrantes da carreira do
Ministério Público para o exercício de cargos e funções de confiança;
Voltando à pergunta da prova do Ministério Público, a CPI estadual concluiu que a
saúde estava uma porcaria e que era preciso criar uma promotoria de justiça especializada nessa área.
Então, mandou o projeto de lei e criou a promotoria. A iniciativa, como se vê, foi de um deputado
estadual. Um promotor estava querendo que se abrisse vaga, para que ele concorresse à remoção para

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esse órgão de execução. Resposta: a lei foi fruto de um projeto de lei com vício de iniciativa. É um
vício formal de inconstitucionalidade. Deputado estadual não pode querer organizar ou tratar de
atribuições do Estatuto do Ministério Público.
Para criar promotoria, não é preciso, hoje, lei em sentido formal passando pelo processo
legislativo. Criar promotoria é um ato que decorre da autonomia. É ato interna corporis. O que o
procurador-geral não pode é criar cargo.
Ação declaratória incidental nº 4203, proposta em 17/02/2009: combateu a Lei nº 5388,
de 16/02/2009. Essa lei é estadual, do RJ. O projeto estabelecia a obrigatoriedade da declaração de
bens e rendas, para o exercício de cargos, empregos e funções, nos poderes legislativo, executivo,
judiciário, Ministério Público e Defensorias. Na verdade, ela estabelecia que os integrantes desses
órgãos encaminhassem as suas declarações de bens para a Assembléia Legislativa. O PGJ oficiou,
entregou uma representação, ao PGR, já que o primeiro só pode iniciar o controle concentrado no
âmbito estadual. O Presidente da AMPERJ oficiou o Presidente da CONAMP. Os dois receberam
textos jurídicos sobre o assunto. O primeiro texto foi formulado por José dos Santos Carvalho Filho
mostrando a inconstitucionalidade da medida. O outro texto foi uma construção que passou pela mão
de vários promotores. A ação declaratória incidental foi proposta em 17/02/2009, um dia após a
publicação da lei, pelo CONAMP, pedindo liminarmente a suspensão da eficácia da lei. Não havia
urgência, porque a entrega desses dados só ocorreria em junho ou julho. A liminar foi deferida, em
18/05/2009, suspendendo a eficácia da lei, mas não totalmente. Foi dito que nenhuma instituição
externa precisa mandar, só a interna, pois, caso contrário, seria intervenção não prevista na
Constituição.
Argumentos do Carvalinho:
a) a iniciativa foi de deputado estadual, o que movimenta com estatuto, regime jurídico.
Houve, então, vício de iniciativa.
b) usaram a espécie normativa inadequada, porque, para tratar de questões de Ministério
Público, a lei deveria ser complementar.
c) além disso, a lei ainda apresentou vício material, porque criou mais um mecanismo
de controle não previsto em lugar nenhum.
2) Quais os limites do poder de emenda legislativa nos projetos de lei sobre
organização, atribuições ou estatuto ou regime jurídico do Ministério Público?
Respeitada a questão da iniciativa e apresentado o projeto de lei corretamente, quando
esse projeto de lei começa a tramitar, qual é o limite para mudança desse projeto? Ou tudo pode ser
modificado?
Iniciado o projeto de lei, ele pode ser rejeitado ou alterado. Se o projeto tiver relação
com uma iniciativa reservada, se se admitir um amplo poder de emenda, não adianta a iniciativa ser
reservada, como é o caso dos projetos que envolvam o Ministério Público. Há duas restrições nesse
tipo de projeto de lei. O primeiro limite é a impossibilidade de aumento de despesa. O segundo é a
impossibilidade de inovação temática ou de mudança radical na proposta original.

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Para exemplificar, vejam a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3946/MG, de
12/09/2007, e a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4062/SC, de 04/06/2008.
PROJETO - INICIATIVA - EMENDAS - MODIFICAÇÃO SUBSTANCIAL.
Surge a relevância da matéria veiculada e o risco de manter-se com plena
eficácia o ato normativo questionado quando encerre alteração substancial,
mediante emenda parlamentar, de projeto reservado a certa iniciativa.
PROJETO - MINISTÉRIO PÚBLICO - EMENDA. Mostra-se relevante pedido
de suspensão de eficácia de diploma legal quando notada modificação
substancial do projeto inicialmente encaminhado pelo Procurador-Geral de
Justiça, a implicar, até mesmo, aumento de despesa.
(ADI 3946 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado
em 12/09/2007, DJe-165 DIVULG 18-12-2007 PUBLIC 19-12-2007 DJ 19-12-
2007 PP-00014 EMENT VOL-02304-01 PP-00064)
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA
CAUTELAR. LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL. INICIATIVA DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADUAL. EMENDA PARLAMENTAR.
AUMENTO DE DESPESA. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. FUMUS
BONI IURIS E PERICULUM IN MORA. CAUTELAR DEFERIDA. A
jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que gera
inconstitucionalidade formal a emenda parlamentar a projeto de lei de
iniciativa do Tribunal de Justiça Estadual que importa aumento de despesa.
Precedentes. Medida cautelar deferida.
(ADI 4062 MC, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno,
julgado em 04/06/2008, DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008
EMENT VOL-02324-02 PP-00298 JC v. 35, n. 116, 2009, p. 184-190)
No primeiro caso, o PGJ mandou para a Assembléia Legislativa um projeto de lei para
reformular a lei do Ministério Público de MG. Quando o projeto chegou lá, foi todo modificado pelos
parlamentares, aumentaram despesas, criaram órgãos, remanejaram função. O Procurador-geral pediu
ao PGR para entrar com Ação Direta de Inconstitucionalidade, que foi proposta. Após a medida
cautelar foi deferida e os efeitos da nova lei foram suspensos, de modo que voltou a vigorar a anterior.
No segundo caso, também houve aumento de despesa e aumento substancial da
proposta original. Ou seja, o poder de emenda legislativa foi exercido fora dos limites que o STF
reconhece através de sua jurisprudência em projetos de lei desse tipo, que tem uma iniciativa
reservada.
3) Legislação em espécie:
a.1) Constituição: o Ministério Público está num conjunto de artigos, principalmente no
art. 127 ao art. 130-A, da CRFB/88.
CAPÍTULO IV

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DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
Seção I
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares,
provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e
funcionamento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta
orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias,
o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente,
ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em
desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo
procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a
realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 128. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.

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§ 1º - O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da
República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da
carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela
maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois
anos, permitida a recondução.
§ 2º - A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do
Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria
absoluta do Senado Federal.
§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e
Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da
lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma
recondução.
§ 4º - Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios
poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder
Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada
aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente
a seus membros:
I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo
senão por sentença judicial transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do
órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o
disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários,
percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública,
salvo uma de magistério;

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e) exercer atividade político-partidária; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em
lei. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95,
parágrafo único, V. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo
as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na
forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis
com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria
jurídica de entidades públicas.
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste
artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes
da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo
autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos

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Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito,
no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a
ordem de classificação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas
aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma
de investidura.
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de
quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um
mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I o Procurador-Geral da República, que o preside;
II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a
representação de cada uma de suas carreiras;
III três membros do Ministério Público dos Estados;
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo
Superior Tribunal de Justiça;
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil;
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados
pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da
atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento
dos deveres funcionais de seus membros, cabendolhe:
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público,
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
recomendar providências;
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou
órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-
los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao

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exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de
Contas;
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do
Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços
auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da
instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a
remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos
proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa;
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de
membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos
de um ano;
V elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias
sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o
qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional,
dentre os membros do Ministério Público que o integram, vedada a
recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas
pela lei, as seguintes:
I receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos
membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;
III requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes
atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
oficiará junto ao Conselho.
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público,
competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado
contra membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus
serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do
Ministério Público.
a.2) art. 96, III; art. 102, I, b; art. 105, I, a; art. 108, I, a; entre outros, todos da
CRFB/88.
Art. 96. Compete privativamente:
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns
e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

12
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente,
os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-
Geral da República;
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e,
nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público
da União que oficiem perante tribunais;
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar
e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os
membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;
b) Lei complementar nº 75/1993, Lei orgânica do Ministério Público da União. É
utilizada para concursos do Ministério Público Federal, Ministério Público do trabalho, Ministério
Público militar, Ministério Público do DF ou territórios.
c) Lei nº 8625/93, Lei orgânica nacional do Ministério Público, estabelece normas
gerais para os Ministérios Públicos Estaduais. Portanto, ela é fruto daquela competência concorrente
do art. 24, da CRFB/88, onde cabe à União estabelecer normas gerais e aos Estados suplementar essa
legislação.
Essa lei revogou a Lei complementar nº 40/81, que era a antiga lei orgânica do
Ministério Público. Como uma lei ordinária revogou uma lei complementar? Entre 1981 e 1993, a
CRFB/88 passou a exigir lei ordinária para normas gerais que se aplicassem aos ministérios públicos
estaduais. Portanto, a lei complementar nº 40/81 foi recepcionada pela CRFB/88 como lei ordinária e,
por isso, foi revogada por uma lei ordinária.
d) No RJ, Lei complementar nº 106/2003, lei orgânica do Ministério Público do Estado
do RJ.
O art. 80, da lei nacional, diz que é possível aplicar aos estados subsidiariamente a lei
do MPU quando o assunto não tiver tratamento por lá. Então, o candidato também deve conhecer a lei
do MPU para concursos estaduais.

13
Art. 80. Aplicam-se aos Ministérios Públicos dos Estados, subsidiariamente,
as normas da Lei Orgânica do Ministério Público da União.
A lei que autoriza o uso subsidiário dos estados é uma lei de normas gerais. Então, há
quem diga que, quando o art. 80 autoriza essa utilização da lei do MPU nos estados, não se pode
considerar que é uma autorização para usar toda a lei. Porque só parte da lei tem característica de
norma geral.
OBS: o art. 80, da Lei nº 8625/93, autoriza o uso subsidiário da Lei complementar nº
75/93 nos estados, porém, tal autorização deve ser interpretada no sentido de alcançar apenas as
normas gerais.
A nossa lei atual substituiu a Lei complementar nº 28/82, que era a antiga lei orgânica
do Ministério Público do RJ. Quando fez isso, preservou alguns artigos dessa antiga lei. Isso tem
previsão legal, no art. 175, da Lei complementar nº 106/2003.
Art. 175: Os artigos da Lei Complementar n.º 28, de 21 de maio de 1982, que
cuidam das atribuições dos órgãos de execução do Ministério Público,
permanecerão em vigor até a edição das Resoluções que dispuserem sobre as
novas atribuições.
O art. 175, da Lei complementar nº 106/2006, preservou os artigos da Lei complementar
nº 28/82, que tratam das atribuições dos órgãos de execução do Ministério Público até que resoluções
posteriores disponham sobre o tema.
Hoje, temos a lei orgânica vigente e a antiga, que não morreu completamente, porque
alguns de seus artigos foram preservados. A lei não falou em quais exatamente. O art. 175 falou em
artigos que tratem das atribuições dos órgãos de execução. Mas podemos dizer quais. São eles: art. 23
ao art. 43, da Lei complementar nº 28/82.
Quando vier uma resolução posterior dispondo sobre aquele tema, o art. 23 ao art. 43
perde eficácia. Não se pode falar em revogação, aqui. Resolução é um ato interno. Atribuição de órgão
de execução é dizer, por exemplo, que a primeira promotoria de justiça de Belford Roxo vai trabalhar
com Jecrim, enquanto a segunda vai trabalhar com violência doméstica e etc. Isso é uma mudança que
atende ao planejamento. É uma questão interna corporis. Hoje, como fruto da autonomia do Ministério
Público, essa matéria é tratada por resolução interna, que não vai para Assembléia Legislativa. Na
época da Lei complementar nº 28/82, antes da CRFB/88, isso ia para ALERJ.
Então, a razão do art. 175 é que, aqui, está se tratando de atribuição de órgão de
execução. E isso pode ser feito por ato interno.
Qual a diferença de atribuição do Ministério Público para atribuição do órgão de
execução do Ministério Público? Atribuição do órgão de execução do Ministério Público é matéria
interna corporis, que é decorrência da autonomia. O outro tem previsão legal. Então, quando é
publicada uma lei nova, isso é atribuição do Ministério Público.
Em provas, levar todas essas leis.

14
e) Resoluções, recomendações, enunciados, teses, avisos e demais atos normativos
internos do Ministério Público do RJ. O que aumenta o livro de legislação indicado pelo professor são
esses atos.
Para atualizar esses atos, deve-se acompanhar no portal do Ministério Público do RJ.
f) Resoluções, recomendações do CNMP. O regimento interno do CNMP também é
uma resolução.
4) Estrutura organizacional do Ministério Público Brasileiro:
Teremos como foco o art. 128, da CRFB/88. No inciso I, tem os ramos do MPU. No
inciso II, tem os MPE.
Existem duas estruturas e dois conceitos que não se enquadram na estrutura do
Ministério Público Brasileiro.
O primeiro grupo a ser analisado é o Ministério Público Eleitoral. O Ministério Público
tem importante atuação no processo eleitoral. Não existe uma carreira própria para o Ministério
Público Eleitoral. Não é carreira autônoma.
No 23º concurso do Ministério Público, perguntou-se: em face do art. 128, da
CRFB/88, pode-se falar na existência de um Ministério Público Eleitoral? Essa pergunta também já
foi objeto de prova oral do Ministério Público.
Resposta: O MPE não é instituição dotada de autonomia. Então, se não é ramo
autônomo do Ministério Público, ele é uma função exercida pelo Ministério Público Federal, segundo
o art. 72, da Lei complementar nº 75/93.
Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto
à Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as
fases e instâncias do processo eleitoral.
Parágrafo único. O Ministério Público Federal tem legitimação para propor,
perante o juízo competente, as ações para declarar ou decretar a nulidade de
negócios jurídicos ou atos da administração pública, infringentes de vedações
legais destinadas a proteger a normalidade e a legitimidade das eleições,
contra a influência do poder econômico ou o abuso do poder político ou
administrativo.
Matéria eleitoral é federal. O problema é que não existe Ministério
Público Federal em todas as cidades do Brasil, mas existem eleições em todas as
cidades. A solução que foi dada foi interpretar a lei do MPU no sentido de que,
nas cidades de justiça federal de primeiro grau, como não tem Ministério Público
Federal, vai exercer eleitoral é o Ministério Público Estadual. Ele vai exercer essa
função a título de delegação.
No primeiro grau da justiça eleitoral, cabe ao Ministério Público
Estadual exercer a função de Ministério Público Eleitoral. Isso se conclui
interpretando o art. 79, caput, da Lei complementar nº 75/93.

15
Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que
oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona.
Essa função é exercida por acumulação. Então, há uma remuneração
adicional por tal, que não esbarra no teto constitucional. É uma função que
muitos ficam satisfeitos em exercer. Há um movimento tentando levar de volta
para o MPF, inclusive no primeiro grau.
Tomando por base o art. 128, da CRFB/88, podemos fazer o seguinte
esquema:

TSE
Atuam o MPF e o Procurador-geral eleitoral, que é função exercida por acumulação pelo PGR
TER´s
Atuam o MPF e o Procurador-regional eleitoral.
Se o estado for um dos cinco estados onde tem TRF, exercerá a função de Procurador-regional
eleitoral, o Procurador-regional da República. Nos demais estados onde não tem TRF, exercerá a
função algum procurador da república.
Juntas eleitorais e Juízes eleitorais
Atuam o Ministério Público Estadual e o Promotor Eleitoral, que é algum promotor de justiça ou
promotor de justiça substituto.

Ministério Público junto ao Tribunal de contas também não está no art. 128, da
CRFB/88. Ministério Público junto ao tribunal de contas, num primeiro momento, houve um
entendimento similar ao que foi usado para o Ministério Público Eleitoral. Então, inicialmente, foi
enquadrado como uma função a ser exercida pelo Ministério Público comum.
Aqui, não se exerce a função com acumulação, o promotor é deslocado para atuar.
Esse primeiro momento foi encampado pela Lei do Ministério Público do RJ, no art. 42,
pela Lei complementar nº 106/2003. Entendia-se que, dentro dos integrantes do Ministério Público do
Estado do RJ, cabiam aos procuradores de justiça exercer a função.
Art. 42 - Cabe aos Procuradores de Justiça exercer as atribuições do
Ministério Público junto ao Tribunal de Justiça e ao Tribunal de Contas do
Estado, desde que não cometidas ao Procurador-Geral de Justiça.
§ 1.º - É obrigatória a presença de Procurador de Justiça nas sessões de
julgamento dos processos em que oficie o Ministério Público.
§ 2.º - Incumbe aos Procuradores de Justiça correição permanente da atuação
dos membros do Ministério Público em exercício nos órgãos de execução
junto ao primeiro grau de jurisdição, sem prejuízo do disposto no art. 30, II,
desta Lei.

16
§ 3.º - A atribuição a que se refere o art. 39, IV, poderá ser exercida,
concorrentemente, pelo Procurador de Justiça que oficie no feito.
Isso vigorou durante um período, até que, num segundo momento, chamado a intervir, o
STF decidiu de forma diversa.
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2884/RJ, de 12/12/2004, o STF decidiu que
o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas era uma carreira específica, que necessitava de
concurso público.
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - A
QUESTÃO PERTINENTE AO MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL JUNTO
AO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL: UMA REALIDADE
INSTITUCIONAL QUE NÃO PODE SER DESCONHECIDA -
CONSEQÜENTE IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL DE O
MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL SER SUBSTITUÍDO, NESSA
CONDIÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO COMUM DO ESTADO-
MEMBRO - AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE.
OS ESTADOS-MEMBROS, NA ORGANIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS
RESPECTIVOS TRIBUNAIS DE CONTAS, DEVEM OBSERVAR O MODELO
NORMATIVO INSCRITO NO ART. 75 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.
- Os Tribunais de Contas estaduais deverão ter quatro Conselheiros eleitos
pela Assembléia Legislativa e três outros nomeados pelo Chefe do Poder
Executivo do Estado-membro. Dentre os três Conselheiros nomeados pelo
Chefe do Poder Executivo estadual, apenas um será de livre nomeação do
Governador do Estado. Os outros dois deverão ser nomeados pelo Chefe do
Poder Executivo local, necessariamente, dentre ocupantes de cargos de
Auditor do Tribunal de Contas (um) e de membro do Ministério Público junto
à Corte de Contas local (um). Súmula 653/STF. - Uma das nomeações para os
Tribunais de Contas estaduais, de competência privativa do Governador do
Estado, acha-se constitucionalmente vinculada a membro do Ministério
Público especial, com atuação perante as próprias Cortes de Contas. O
MINISTÉRIO PÚBLICO ESPECIAL JUNTO AOS TRIBUNAIS DE CONTAS
NÃO SE CONFUNDE COM OS DEMAIS RAMOS DO MINISTÉRIO
PÚBLICO COMUM DA UNIÃO E DOS ESTADOS-MEMBROS. - O
Ministério Público especial junto aos Tribunais de Contas - que configura
uma indiscutível realidade constitucional - qualifica-se como órgão estatal
dotado de identidade e de fisionomia próprias que o tornam inconfundível e
inassimilável à instituição do Ministério Público comum da União e dos
Estados-membros. - Não se reveste de legitimidade constitucional a
participação do Ministério Público comum perante os Tribunais de Contas dos

17
Estados, pois essa participação e atuação acham-se constitucionalmente
reservadas aos membros integrantes do Ministério Público especial, a que se
refere a própria Lei Fundamental da República (art. 130). - O preceito
consubstanciado no art. 130 da Constituição reflete uma solução de
compromisso adotada pelo legislador constituinte brasileiro, que preferiu não
outorgar, ao Ministério Público comum, as funções de atuação perante os
Tribunais de Contas, optando, ao contrário, por atribuir esse relevante
encargo a agentes estatais qualificados, deferindo-lhes um "status" jurídico
especial e ensejando-lhes, com o reconhecimento das já mencionadas
garantias de ordem subjetiva, a possibilidade de atuação funcional exclusiva e
independente perante as Cortes de Contas. A QUESTÃO DA EFICÁCIA
REPRISTINATÓRIA DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
"IN ABSTRACTO". - A declaração final de inconstitucionalidade, quando
proferida em sede de fiscalização normativa abstrata, importa - considerado o
efeito repristinatório que lhe é inerente - em restauração das normas estatais
anteriormente revogadas pelo diploma normativo objeto do juízo de
inconstitucionalidade, eis que o ato inconstitucional, por juridicamente
inválido (RTJ 146/461-462), não se reveste de qualquer carga de eficácia
derrogatória. Doutrina. Precedentes (STF).
(ADI 2884, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em
02/12/2004, DJ 20/05/2005 PP-00005 EMENT VOL-02192-03 PP-00379 RTJ
VOL-00194-02 PP-00504)
Nessa ação, o STF declarou a inconstitucionalidade parcial do art. 42. O trecho “e ao
Tribunal de Contas do Estado” foi declarado inconstitucional. O artigo ficou assim:
Art. 42 - Cabe aos Procuradores de Justiça exercer as atribuições do
Ministério Público junto ao Tribunal de Justiça e ao Tribunal de Contas do
Estado, desde que não cometidas ao Procurador-Geral de Justiça.
Todos aqueles procuradores que estavam atuam no Tribunal de Contas tiveram de
voltar. A partir de então, foi feito concurso público para prover as vagas, considerando o Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas como uma carreira específica. Decidiu-se que essa carreira não
era dotada de autonomia. Era uma carreira específica dentro da estrutura do Tribunal de Contas.
Então, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas não é Ministério Público. Por
isso, o STF deu o nome de Ministério Público Especial. Por isso, a natureza jurídica é de carreira
própria dentro da estrutura do Tribunal de Contas.
O art. 130, da CRFB/88, ajuda a confundir tudo.
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas
aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma
de investidura.

18
Esse artigo quis conceder aos integrantes do Ministério Público junto ao Tribunal de
Contas um regime jurídico semelhante ao dos integrantes do Ministério Público Comum. O art. 130, da
CRFB/88, não tratou do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, mas sim dos integrantes do
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.
O STF já decidiu que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas não tem
autonomia, está inserido na estrutura do Tribunal de Contas.
Visto isso, trataremos agora do Ministério Público Brasileiro.
No pedido de providências nº 04/2005, o CNMP disse que não tinha competência para
apreciar o pedido da requerente, já que a mesma havia feito concurso para o Ministério Público junto
ao Tribunal de Contas e não para o Ministério Público.
MPU MPE´S
Chefia: chefe do MPU é o Procurador-geral da Chefia: chefe do MPE é o PGJ. O art. 128, § 3º, da
República. Para tanto, a CRFB/88 exige mais de CRFB/88, fala em integrante da carreira, deixando
35 anos e que a pessoa seja integrante da carreira o resto das características para a lei orgânica do
do MPU, que tem quatro ramos (MPF, MPT, Estado. No RJ, exige-se dois anos de atividade
MPM e MPDF). Até 1988, o PGR não precisava para concorrer.
ser integrante do MPU.
Escolha: é indicado pelo Presidente Escolha: há formação de uma lista triplica, pelo voto de todos
da República e pela maioria os integrantes da carreira, além da escolha do governador. Não
absoluta do Senado Federal (art. tem, aqui, participação do Poder Legislativo. Ação Direta de
128, § 1º, da CRFB/88). No âmbito Inconstitucionalidade nº 3727/RN e Ação Direta de
do PGR, não tem lista tríplice. Só Inconstitucionalidade nº 3888/RO, ambas de 12/05/2010: o
que o Presidente da República deve legislativo queria participar da escolha do PGJ, queria seguir o
apontar, deve escolher dentre os modelo do PGR. O STF, por vislumbrar ofensa ao art. 128, §
integrantes da carreira. 3º, da CRFB/88, julgou procedente o pedido formulado na Ação
Direta de Inconstitucionalidade, para declarar a
inconstitucionalidade da expressão “após a aprovação do seu
nome pela maioria absoluta dos membros da Assembléia
Legislativa”. Isso é uma forma de controle externo do
Ministério Público. Além desse, pode-se indicar como exemplo
de controle externo a participação da OAB no concurso de
ingresso no Ministério Público. Controle externo do Poder
Judiciário: art. 28, do Código de Processo Penal.
Destituição: é o mesmo modelo da Destituição: no caso estadual, tem-se um procedimento interno,
escolha. O Presidente da República na lei orgânica respectiva, e depois se tem maioria absoluta da
destitui junto com a maioria Assembléia Legislativa (art. 128, § 4º, da CRFB/88). Na Ação
absoluta do Senado Federal (art. Direta de Inconstitucionalidade nº 2622/RO, o STF disse que
128, § 2º, da CRFB/88). Essa não poderia o governador participar da destituição do PGJ, pois
destituição é antes do prazo final são modelos diferentes o federal e o estadual. O procedimento

19
do mandato. do RJ está previsto no art. 17, II, e no art. 12, da Lei
complementar nº 106/2003. Tem-se, até o final da destituição,
quatro votações. Hoje, no TJ, tem 107 procuradores de justiça.
O Ministério Público tem um total de 907 membros ativos.
Com isso, maioria absoluta é 94 membros. São necessários 94
votos para aprovar a destituição. Depois, exige-se quórum de
2/3, ou seja, 125 votos, para aprovar a destituição. Para
Assembléia Legislativa julgar o mérito, deve-se ter um juízo de
admissibilidade de 1/3 na ALERJ. Num último momento,
exige-se maioria absoluta para destituir.
Mandato: Procurador-geral exerce Mandato: segundo o art. 128, § 2º, da CRFB/88, o mandado do
mandato? A CRFB/88, no art. 128, PGJ é de 2 anos, permitida uma recondução.
§ 3º, diz que o PGR tem mandato
de 2 anos, permitida a recondução.
A crítica ao termo mandato é que o
mais correto seria investidura por
tempo determinado. Se o PGR
morre no meio do período, não tem
ninguém para completar o período,
motivo pelo qual se deve fazer uma
nova eleição. O outro argumento é
que não se trata de uma
representatividade, como é a do
Chefe do Poder Executivo, do
deputado. É uma questão mais
interna. Existe previsão expressa da
interrupção da condução como
Chefe da instituição, no caso de
desvio.
Em relação aos ramos do MPU, o MPF tem como chefe o próprio PGR. O sistema de
escolha, destituição e investidura dos chefes do MPT e do MPM é similar e encontra-se,
respectivamente, nos arts. 88 e 121, da Lei complementar nº 75/93. Quanto ao MPDF, há um sistema
híbrido, previsto no art. 128, §§ 3º e 4º, da CRFB/88, e art. 176, da Lei complementar nº 75/93.
O PGR, além de ser chefe do MPU, também é chefe do MPF. A chefia do MPT e do
Ministério Público militar é similar. Tem o procurador-geral do trabalho e o procurador-geral militar.
Ele é escolhido por lista tríplice. A decisão é do PGR. A destituição também é do PGR e do Conselho
Superior.
O MPDF tem um sistema híbrido, porque a escolha do PGJ do DF e Territórios é feita,
primeiro, por lista tríplice e depois pelo Presidente da República e não pelo governador do DF. E a

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destituição não passa pela Câmara Legislativa do DF. Passa pelo Presidente da República e pelo
Senado Federal, por maioria absoluta.
Em linhas gerais, o Ministério Público do Trabalho vai atuar na Justiça do Trabalho. O
Ministério Público Militar, na Justiça do Trabalho. O Ministério Público Estadual atua na parte
residual. O Ministério Público Federal atua na Justiça Federal. Essa é a regra geral.
5) Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP):
O CNMP foi criado pela emenda constitucional nº 45/2004, que tratou da reforma do
judiciário. Alguns motivos desencadearam essa reforma. Entre eles, uma reforma no tribunal de SP,
superfaturada.
Logo após a criação do CNMP, foi estipulado um prazo para o funcionamento desse
conselho. O início das atividades se deu em junho de 2005. Antes disso, o STF julgou uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (nº 3367/DF, julgada em 13/04/2005) que questionava a criação desse
conselho. Nessa, alegou-se, principalmente, (i) a violação da separação dos poderes, por conta da
composição do conselho, e (ii) interferência no exercício da atividade-fim.
EMENTAS: 1. AÇÃO. Condição. Interesse processual, ou de agir.
Caracterização. Ação direta de inconstitucionalidade. Propositura antes da
publicação oficial da Emenda Constitucional nº 45/2004. Publicação
superveniente, antes do julgamento da causa. Suficiência. Carência da ação
não configurada. Preliminar repelida. Inteligência do art. 267, VI, do CPC.
Devendo as condições da ação coexistir à data da sentença, considera-se
presente o interesse processual, ou de agir, em ação direta de
inconstitucionalidade de Emenda Constitucional que só foi publicada,
oficialmente, no curso do processo, mas antes da sentença. 2.
INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Emenda Constitucional nº
45/2004. Poder Judiciário. Conselho Nacional de Justiça. Instituição e
disciplina. Natureza meramente administrativa. Órgão interno de controle
administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura. Constitucionalidade
reconhecida. Separação e independência dos Poderes. História, significado e
alcance concreto do princípio. Ofensa a cláusula constitucional imutável
(cláusula pétrea). Inexistência. Subsistência do núcleo político do princípio,
mediante preservação da função jurisdicional, típica do Judiciário, e das
condições materiais do seu exercício imparcial e independente. Precedentes e
súmula 649. Inaplicabilidade ao caso. Interpretação dos arts. 2º e 60, § 4º, III,
da CF. Ação julgada improcedente. Votos vencidos. São constitucionais as
normas que, introduzidas pela Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro
de 2004, instituem e disciplinam o Conselho Nacional de Justiça, como órgão
administrativo do Poder Judiciário nacional. 3. PODER JUDICIÁRIO.
Caráter nacional. Regime orgânico unitário. Controle administrativo,

21
financeiro e disciplinar. Órgão interno ou externo. Conselho de Justiça.
Criação por Estado membro. Inadmissibilidade. Falta de competência
constitucional. Os Estados membros carecem de competência constitucional
para instituir, como órgão interno ou externo do Judiciário, conselho
destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da
respectiva Justiça. 4. PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de Justiça.
Órgão de natureza exclusivamente administrativa. Atribuições de controle da
atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura.
Competência relativa apenas aos órgãos e juízes situados, hierarquicamente,
abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminência deste, como órgão
máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão
sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos art. 102, caput, inc. I,
letra "r", e § 4º, da CF. O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma
competência sobre o Supremo Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o
órgão máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujeito. 5.
PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de Justiça. Competência.
Magistratura. Magistrado vitalício. Cargo. Perda mediante decisão
administrativa. Previsão em texto aprovado pela Câmara dos Deputados e
constante do Projeto que resultou na Emenda Constitucional nº 45/2004.
Supressão pelo Senado Federal. Reapreciação pela Câmara. Desnecessidade.
Subsistência do sentido normativo do texto residual aprovado e promulgado
(art. 103-B, § 4º, III). Expressão que, ademais, ofenderia o disposto no art. 95,
I, parte final, da CF. Ofensa ao art. 60, § 2º, da CF. Não ocorrência. Argüição
repelida. Precedentes. Não precisa ser reapreciada pela Câmara dos
Deputados expressão suprimida pelo Senado Federal em texto de projeto que,
na redação remanescente, aprovada de ambas as Casas do Congresso, não
perdeu sentido normativo. 6. PODER JUDICIÁRIO. Conselho Nacional de
Justiça. Membro. Advogados e cidadãos. Exercício do mandato. Atividades
incompatíveis com tal exercício. Proibição não constante das normas da
Emenda Constitucional nº 45/2004. Pendência de projeto tendente a torná-la
expressa, mediante acréscimo de § 8º ao art. 103-B da CF. Irrelevância.
Ofensa ao princípio da isonomia. Não ocorrência. Impedimentos já previstos à
conjugação dos arts. 95, § único, e 127, § 5º, II, da CF. Ação direta de
inconstitucionalidade. Pedido aditado. Improcedência. Nenhum dos
advogados ou cidadãos membros do Conselho Nacional de Justiça pode,
durante o exercício do mandato, exercer atividades incompatíveis com essa
condição, tais como exercer outro cargo ou função, salvo uma de magistério,

22
dedicar-se a atividade político-partidária e exercer a advocacia no território
nacional.
(ADI 3367, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em
13/04/2005, DJ 17-03-2006 PP-00004 EMENT VOL-02225-01 PP-00182
REPUBLICAÇÃO: DJ 22-09-2006 PP-00029)
Segundo o STF: a) os conselhos são órgãos administrativos. Com isso, não têm
competência para interferir na atividade-fim. b) a Constituição pode criar mecanismos de freios e
contrapesos, sistema de controle externo. Além disso, no CNJ, foram previstos quinze conselheiros, no
CNMP, quatorze.
Composição do CNMP: Quatorze conselheiros – PGR é o presidente. Quatro
representantes do MPU, um de cada ramo. Três representantes dos Ministérios Públicos estaduais.
Dois juízes indicados um pelo STF e outro pelo STJ. Dois advogados indicados pelo Conselho Federal
da OAB. Dois cidadãos, um indicado pelo Senado Federal e outro pela Câmara dos Deputados.
Todos têm período de dois anos, mais uma recondução. O sistema de escolha está no
art. 130A, caput, I ao VI e § 1º, da CRFB/88.
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de
quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um
mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I o Procurador-Geral da República, que o preside;
II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a
representação de cada uma de suas carreiras;
III três membros do Ministério Público dos Estados;
IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo
Superior Tribunal de Justiça;
V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil;
VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados
pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.
Em relação à composição, houve um problema retratado no mandado de segurança nº
26715, julgado pelo STF, no dia 18/06/2007. Na vaga de cidadão, foi indicado pela Câmara dos
Deputados um membro do Ministério Público. O argumento do mandado de segurança era de não se
poderia ter mais um membro do Ministério Público. O objetivo era equilibrar as participações.
DECISÃO: Trata-se de mandado de segurança preventivo, com pedido de
liminar, impetrado "contra iminente ato" do Senhor Presidente da Câmara dos

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Deputados, a ser praticado no procedimento referente à indicação, por aquela
Casa legislativa, de membro destinado a compor, na qualidade de cidadão
(CF, art. 130-A, VI), o Conselho Nacional do Ministério Público. Sustenta-se
que a inclusão, na Ordem do Dia, da indicação em referência poderá
transgredir a norma inscrita no art. 130-A da Constituição da República, pois
o eminente Senhor Presidente da Câmara dos Deputados admitiu a
possibilidade de os Senhores Líderes das Bancadas Parlamentares
submeterem, à apreciação dessa Casa Legislativa, nomes de membros do
próprio Ministério Público, não obstante se cuide de vaga constitucionalmente
reservada a representante da sociedade civil (CF, art. 130-A, VI). A parte ora
impetrante assim justificou a pretensão mandamental que deduziu, em caráter
preventivo, perante esta Suprema Corte (fls. 06/07): "8.- Como se observa, a
Constituição Federal, no intuito de tornar translúcido o critério democrático e
pluralista do CNMP, reservou duas vagas a cidadãos brasileiros, eleitos pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal; 9.- Por óbvio, que ao referir-
se expressamente a cidadãos, a Constituição Federal pretendeu afastá-los dos
membros do Ministério Público, os quais já têm reservadas 08 (oito) vagas no
CNMP; 10.- É evidente que os membros do Ministério Público e do Poder
Judiciário somente podem participar do CNMP e do CNJ dentro das vagas
destinadas ao Ministério Público e à Magistratura Nacional respectivamente,
caso contrário não haveria necessidade de reserva de vagas a cidadãos,
membros do Ministério Público e da Magistratura em incisos apartados do
artigo 130-A da CF; 11.- Se os Membros do Ministério Público pudessem
concorrer às vagas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal como
simples cidadãos, seria o mesmo que admitir a possibilidade de ampliação da
sua representação de 8 para 10 membros, o que significaria evidente fraude
ao comando constitucional que estabeleceu quantitativamente a participação
de vários matizes na composição do CNMP; 12.- A indicação dos Promotores
de Justiça (...) fere frontalmente a Constituição Federal, desvirtuando a
necessária composição mista dos membros do Conselho Nacional do
Ministério Público - CNMP, além de causar desequilíbrio entre os próprios
representantes do Ministério Público, haja vista que o Ministério Público
Estadual terá mais representantes do que originariamente estabelecido na
Constituição; 13.- Quando a Constituição Federal estabelece que as vagas
destinadas ao Congresso Nacional devem ser preenchidas por cidadãos, fica
claro que o objetivo da norma é o de permitir a participação direta de
membros não vinculados ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário;"
(grifei) Sendo esse o contexto, passo a examinar questão prévia concernente à

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cognoscibilidade desta ação mandamental. Registro, preliminarmente, que a
presente causa revela-se suscetível de conhecimento por esta Suprema Corte,
considerada a existência, no caso, de fundamento constitucional que dá
suporte a este mandado de segurança. Esse particular aspecto da controvérsia
parece legitimar, afastado o caráter "interna corporis" do procedimento em
questão, o exercício, pelo Supremo Tribunal Federal, da jurisdição que lhe é
inerente, em face da natureza jurídico-constitucional do litígio em causa, em
cujo âmbito se discute a possibilidade, ou não, de a Câmara dos Deputados
indicar membro do próprio Ministério Público para preenchimento, no
Conselho Nacional do Ministério Público, de vaga constitucionalmente
reservada a representante da sociedade civil (CF, art. 130-A, VI), vale dizer,
vaga reservada, com exclusividade, a cidadão. A natureza eventualmente
política da escolha, pela Câmara dos Deputados, de cidadão destinado a
compor, na qualidade de representante da sociedade civil, o Conselho
Nacional do Ministério Público não impede que o Supremo Tribunal Federal
conheça da presente controvérsia mandamental, eis que o substrato em que o
litígio se apóia - além de impregnado de índole jurídica - reveste-se de
qualificação eminentemente constitucional (interpretação do art. 130-A, VI, da
Constituição da República), a justificar, por isso mesmo, a cognoscibilidade
da matéria, consoante diretriz jurisprudencial prevalecente nesta Suprema
Corte (RTJ 173/805-810, 806 - RTJ 175/253 - RTJ 176/718, v.g.). Não custa
assinalar, neste ponto, a propósito do controle jurisdicional dos atos
parlamentares, que a discrição dos corpos legislativos não pode exercer-se -
conforme adverte CASTRO NUNES ("Do Mandado de Segurança", p. 223, 5ª
ed.) - nem "(...) fora dos limites constitucionais (...)", nem "(...) ultrapassar as
raias que condicionem o exercício legítimo do poder". Lapidar, sob tal
aspecto, o magistério, erudito e irrepreensível, de PEDRO LESSA, que foi um
dos mais eminentes Ministros do Supremo Tribunal Federal ("Do Poder
Judiciário", p. 65/66, 1915, Livraria Francisco Alves): "Em substância:
exercendo atribuições políticas, e tomando resoluções políticas, move-se o
poder legislativo num vasto domínio, que tem como limites um círculo de
extenso diâmetro, que é a Constituição Federal. Enquanto não transpõe essa
periferia, o Congresso elabora medidas e normas, que escapam à competência
do poder judiciário. Desde que ultrapassa a circunferência, os seus atos estão
sujeitos ao julgamento do poder judiciário, que, declarando-os inaplicáveis
por ofensivos a direitos, lhes tira toda eficácia jurídica." (grifei) Revelando-se
cognoscível, desse modo, em princípio, o presente mandado de segurança,
impende analisar o pleito liminar que a parte ora impetrante deduziu nesta

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sede processual. E, ao fazê-lo, tenho para mim, em face do indiscutível relevo
jurídico-constitucional do tema em exame e da potencial ocorrência de grave
dano, que se impõe deferir, desde logo, o provimento cautelar ora postulado.
O receio exposto pela parte ora impetrante - e exposto, por ela, com aparente
razão, nesta sede mandamental - decorre da manifestação formal da
Presidência da Câmara dos Deputados, que, em resposta à consulta sobre "se
seria possível escolher membro do Ministério Público para ocupar a vaga de
indicação da Câmara no Conselho Nacional do Ministério Público", assim se
pronunciou (fls. 16): "Se a indicação da Câmara pode recair em cidadão de
notável saber jurídico e reputação ilibada, pode um membro do Ministério
Público ser o indicado, já que não há vedação expressa para tanto." (grifei)
Entendo, sempre em caráter meramente delibatório, que essa compreensão do
tema, revelada pelo eminente Senhor Presidente da Câmara dos Deputados,
transgrediria a "ratio" subjacente à norma que, inscrita no art. 130-A da
Constituição da República, estabeleceu, para o Ministério Público, um órgão
de fiscalização externa, legitimado pela participação, nele, de pessoas
estranhas à própria Instituição. Com efeito, o Conselho Nacional do
Ministério Público, por ser órgão de colegialidade heterogênea, possui
composição mista, de que participam membros da própria Instituição e
pessoas a ela estranhas, de tal modo que não se desequilibre, no âmbito do
CNMP, a relação de proporcionalidade que necessariamente nele deve existir
entre os integrantes do Ministério Público (que não podem exceder a oito,
incluído o eminente Procurador-Geral da República, que o preside) e aqueles,
em número de seis, que representam outras corporações profissionais
(Magistratura e Advocacia) e a sociedade civil ("... dois cidadãos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
e outro pelo Senado Federal"), totalizando "(...) quatorze membros nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal (...)" (CF, art. 130-A). Parece-me, sempre em
juízo de sumária cognição, que assistiria razão ao ora impetrante, pelo fato de
os Senhores Líderes de outras Bancadas Parlamentares haverem formalizado
a indicação, para a vaga reservada a representante da sociedade civil, de dois
ilustres integrantes do Ministério Público, o que poderia resultar - caso um
deles fosse o escolhido pela Câmara dos Deputados - em ruptura da relação
de proporcionalidade constitucional entre os membros componentes do
Conselho Nacional do Ministério Público. É que, em tal ocorrendo, o CNMP
passaria a contar, em sua composição interna, não com 08 (oito) membros da
Instituição (incluído o eminente Procurador-Geral da República), mas, sim,

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com 09 (nove) integrantes do "Parquet", ainda que um destes participasse, em
referido órgão de fiscalização externa, como representante da sociedade civil,
na condição de cidadão. Mais do que isso, a escolha, pela Câmara dos
Deputados, de um Promotor de Justiça para a vaga reservada a cidadão (CF,
art. 130-A, VI) introduziria um fator de ruptura na própria relação numérica
que deve existir, no âmbito do CNMP, entre os representantes do Ministério
Público da União (em número de quatro, além do eminente Procurador-Geral
da República) e os do Ministério Público dos Estados, que passariam,
presente o contexto em exame, a possuir 04 (quatro) membros, e não apenas
os 03 (três) determinados pelo art. 130-A, III, da Constituição da República.
Vale referir, neste ponto, a lúcida manifestação dos Drs. RICARDO CÉSAR
MANDARINO BARRETTO e HUGO CAVALCANTI MELO FILHO, eminentes
Magistrados e Conselheiros do próprio CNMP, exposta em comunicação
dirigida ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados (fls.
14/15): "Registra o art. 130-A da Constituição da República que o Conselho
Nacional do Ministério Público é composto de quatorze membros nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma
recondução, sendo o Procurador-Geral da República, que o preside; quatro
membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de
cada uma de suas carreiras; três membros do Ministério Público dos Estados;
dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo
Superior Tribunal de Justiça; dois advogados, indicados pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; e dois cidadãos de notável saber
jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
outro pelo Senado Federal. Como se depreende da norma constitucional, a
Emenda n.º 45 instituiu o controle social do Ministério Público, sem
comprometer a sua autonomia e independência, elegendo composição
heterogênea, representativa dos setores diretamente relacionados com as
atribuições do Ministério Público, e, principalmente, reservando dois assentos
a cidadãos brasileiros de reputação ilibada e notório saber jurídico, como
forma de manter o equilíbrio da representação e o distanciamento do espírito
corporativo de suas decisões, próprio de todas as instituições. Noticia-se que
mais de um membro do Ministério Público considera a possibilidade de
concorrer à indicação pela Câmara dos Deputados. Parece-nos, 'data venia',
que eventual escolha de membro do Ministério Público por qualquer das casas
do Congresso Nacional, quebraria o equilíbrio da composição do CNMP.
Com efeito, o acréscimo de mais um membro, além dos oito já assegurados

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pela Constituição, para a vaga destinada a cidadão terminaria por ampliar a
representação do próprio Ministério Público, em detrimento do controle social
evidentemente pretendido por nossa Carta Política. Por isso mesmo,
configuraria flagrante ofensa às disposições do artigo 130-A, inciso VI e § 1.º
da Constituição da República. Para que tenha Vossa Excelência plena noção
das indesejáveis conseqüências de uma escolha assim, poderíamos ter
membros do Ministério Público indicados pela Câmara dos Deputados, pelo
Senado e, ainda, para as duas vagas reservadas a representantes da Ordem
dos Advogados do Brasil, uma vez que se assegura o exercício da advocacia a
promotores e procuradores admitidos na carreira antes da promulgação da
Constituição de 1988. Assim, no limite, a representação do Ministério Público
saltaria de oito para doze membros, circunstância que inviabilizaria,
inevitavelmente, o propósito constitucional, transformando o Conselho
Nacional do Ministério Público em mais uma instância correicional." (grifei)
É preciso ter presente que a exigência constitucional de colegialidade
heterogênea na formação e composição do Conselho Nacional do Ministério
Público traduz, na perspectiva do processo de fiscalização social das
instituições republicanas, um consectário do postulado democrático e do valor
fundamental do pluralismo, que dele emana. O Conselho Nacional do
Ministério Público foi concebido - e assim há de ser preservado - como um
"locus" eminentemente plural, ou seja, como um espaço essencialmente
qualificado pela diversidade corporativa e social dos membros que o
integram, e que para ele são escolhidos com o objetivo maior de construir e
consolidar, em nosso sistema institucional, um modelo eficaz e transparente,
viabilizador da fiscalização externa da atuação administrativa e financeira do
Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais dos que compõem
essa importantíssima Instituição da República. Tenho para mim, desse modo,
que assume extrema relevância a fundamentação que dá suporte à presente
impetração, pois dela se pode depreender - considerado o contexto ora em
exame - uma possível descaracterização da colegialidade heterogênea, ínsita à
própria composição e essencial à eficácia mesma do controle social que, por
meio do CNMP, deve ser exercido, pela coletividade, sobre o Ministério
Público. Cabe assinalar, finalmente, que também concorre, na espécie, o
pressuposto legitimador concernente ao "periculum in mora", eis que é
iminente a escolha, pela Câmara dos Deputados, de um cidadão para compor
o Conselho Nacional do Ministério Público, conforme prescreve o art. 130-A,
VI, da Constituição da República. Sendo assim, em face das razões expostas,
defiro o pedido de medida liminar, em ordem a suspender, cautelarmente, até

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final julgamento da presente ação de mandado de segurança, o procedimento
de escolha, pela Câmara dos Deputados, de um cidadão que deverá compor o
Conselho Nacional do Ministério Público, nos termos previstos no art. 130-A,
inciso VI, da Constituição Federal, exceto se as indicações dos Senhores
Líderes das bancadas parlamentares não recaírem sobre membros do próprio
Ministério Público. Comunique-se, com urgência, encaminhando-se cópia da
presente decisão ao eminente Senhor Presidente da Câmara dos Deputados. 2.
Requisitem-se informações ao eminente Senhor Presidente da Câmara dos
Deputados (Lei nº 1.533/51, art. 7º, I, c/c a Lei nº 4.348/64, art. 1º, "a").
Publique-se. Brasília, 18 de junho de 2007. Ministro CELSO DE MELLO
Relator
(MS 26715 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 18/06/2007,
publicado em DJ 26/06/2007 PP-00033)
Hoje, tem a Lei nº 11883/2008, que diz que os conselheiros detentores de vínculo com
o Poder Público ou que percebem proventos em órgãos federais, estaduais ou municipais, manterão a
remuneração ou proventos no órgão de origem, acrescidas das diferenças entre estes e de menor valor
e o subsídio.
Em relação à composição, há, ainda, a Lei nº 11372/2006, que também é criticada. Tem
alguns dispositivos dizendo que os conselheiros terão as mesmas prerrogativas das conferidas em lei
aos membros do Ministério Público. A CRFB/88 conferiu aos conselheiros julgamento por crime de
responsabilidade junto ao Senado Federal, mas não falou nada da parte comum. Essa lei diz que, para
esses crimes comuns, os conselheiros terão a mesma prerrogativa dos membros do Ministério Público.
A maior dificuldade do CNMP envolvendo sua criação foi o conflito com os Ministérios
Públicos.
Competências do CNMP: próxima aula

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