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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Qualidade do concreto em modelos de estacas escavadas


Mauro Leandro Menegotto
Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Chapecó, Brasil, maurolm@unochapeco.edu.br

Marcelo Alexandre Gusatto


Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Chapecó, Brasil, mgusatto@unochapeco.edu.br

Silvio Edmundo Pilz


Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Chapecó, Brasil, sep@superip.com.br

Roberto Carlos Pavan


Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Chapecó, Brasil, pavan@unochapeco.edu.br

RESUMO: Este trabalho buscou quantificar os efeitos na integridade de estacas escavadas e o que
ocorre com a resistência do concreto ao longo de seu comprimento, quando durante a concretagem
não são tomados os devidos cuidados prescritos pelas normas técnicas perante a existência lama na
perfuração. Em laboratório, foram criados dois modelos de estacas com 15 cm de diâmetro e 4 m de
altura sendo um concretado sem e outro com a presença de lama na ponta. Após o período de cura
do concreto, os modelos de estacas foram conduzidos até uma serra para corte de concreto para
extração dos corpos de prova. Para cada um dos modelos foram obtidos 12 corpos de prova ao
longo do seu comprimento, com os quais realizou-se uma análise visual e a determinação da
resistência à compressão do concreto. Constatou-se que a presença da lama durante a concretagem
interfere diretamente no desempenho e na continuidade na ponta da estaca, devido à redução
considerável da resistência do concreto. Observou-se, também, em ambos os modelos de estacas,
uma redução da resistência do concreto devido ao fato do concreto ser simplesmente lançado do
topo, sem cuidados com o adensamento e com a segregação do concreto. Sendo assim, as
prescrições da NBR 6122 não deveriam ser negligenciadas em obras, como a utilização de um
processo para retirada de toda a lama ou água do fundo da escavação ou ser adotado um processo de
concretagem submersa com o emprego de tremonha.

PALAVRAS-CHAVE: estacas escavadas, patologias em fundações profundas, concretagem de


estacas.

1 INTRODUÇÃO uma má execução da concretagem.


Também, de acordo com Milititsky, Consoli
Uma obra de fundações deve suportar os e Schnaid (2005), as falhas de execução
esforços oriundos da estrutura e das ações constituem o segundo maior responsável pelos
externas e transmitir estes esforços ao maciço problemas de comportamento das fundações,
de solo de forma segura, confiável e econômica. ficando atrás apenas das falhas decorrentes de
Porém, a maneira como se procede a execução uma má investigação do subsolo. Estes autores,
de fundações profundas é um fator fundamental entre outros problemas correntes de execução,
para que a sua integridade e desempenho sejam destacam ainda para as estacas escavadas: as
satisfatórios. Esta afirmação baseia-se em um falhas na integridade ou continuidade das
estudo realizado por Logeais (1971), que estacas; a limpeza da base inadequada,
evidenciou que dentre as patologias encontradas resultando em comprometimento do contato
nas fundações das estruturas investigadas, cerca entre o concreto e o material abaixo dele, com a
de 15% originam-se de defeitos na execução e conseqüente redução da resistência de ponta da
tais defeitos são principalmente resultados de estaca; a presença de água na perfuração por

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ocasião da concretagem, sem o emprego de com concreto em todo comprimento do fuste. Já


lama bentonítica, resultando em elemento com no segundo modelo, antes da concretagem, foi
problema de integridade ou baixa resistência; a acrescentado lama até uma altura de 40 cm,
falta de integridade do fuste ao ser utilizado cerca de 10% da altura do molde. Esta lama
concreto com baixa trabalhabilidade em estacas possuía características idênticas às encontradas
armadas. nos canteiros de obras, ou seja, uma mistura
Este trabalho buscou quantificar os efeitos fluida de solo e água.
na integridade de estacas escavadas e o que Para a concretagem dos modelos foi
ocorre com a resistência do concreto ao longo utilizado um concreto preparado em laboratório
de seu comprimento, quando a concretagem não com traço 1:2:3, de cimento CP-II, areia média
é realizada tomando-se os devidos cuidados a grossa, brita nº 1 e uma relação água/cimento
perante a existência de lama na perfuração. de aproximadamente igual a 0,75, para uma
Em ocasiões correntemente encontradas em resistência prévia estipulada em 20 MPa. Deste
obras de cidades do interior do Brasil este concreto foram retirados três corpos de prova
problema ocorre, pois, visando uma maior como testemunhos para verificação da
rapidez na execução ou mesmo por falta de resistência (controle tecnológico), de acordo
conhecimento, empresas do ramo realizam a com os requisitos da Norma NBR 7680/2007.
concretagem de estacas escavadas Em seguida, o concreto foi simplesmente
simplesmente lançando o concreto do topo do lançado do topo dos moldes, com um balde,
furo e com a presença de água e/ou lama sem qualquer tipo de vibração durante e após a
acumulada no fundo da perfuração. concretagem.
Depois de 21 dias da concretagem, o
suficiente para o endurecimento do concreto e
2 CONFECÇÃO DOS MODELOS DE sua ideal cura, estas estruturas de concreto
ESTACAS foram deitadas no piso com extremo cuidado
para que não se rompessem, e conduzidas até
O estudo experimental desenvolveu-se em uma serra para corte de concreto para extração
laboratório, onde foram criados dois modelos dos corpos de prova, de acordo com os
de estacas com 15 cm de diâmetro e 4 m de requisitos da NBR 7680/2007. No sentido de
profundidade. As ações tomadas em laboratório preservar as características dos modelos, a
foram as mais próximas das tomadas em obra, extração foi precedida de um escoramento
com o objetivo dos modelos terem adequado nas partes que não se apoiariam na
características mais próximas possíveis de uma serra e o corte foi realizado com disco
estaca real. devidamente refrigerado com água. Para os dois
Para a construção destes modelos, foram modelos foi possível confeccionar 12 corpos de
utilizados moldes a partir de tubos e caps de prova, com 14,5 cm de diâmetro e 30 cm de
PVC com diâmetro nominal de 150 mm, arame altura.
recozido e cordas. Os caps foram colados no Depois de alguns dias, os moldes de PVC
fundo dos dois tubos para impedir a fuga de foram retirados restando apenas os corpos de
material pela parte inferior dos moldes. Em prova de concreto, os quais foram identificados
seguida, foi realizado um cintamento dos e posteriormente realizados uma análise visual
moldes com o arame recozido, com dos mesmos e os ensaios de resistência à
espaçamentos entre 10 e 30 cm para aumentar a compressão.
resistência dos tubos e impedir que eles Na data prevista, 28 dias após a
estourassem durante a concretagem. Depois os concretagem, os corpos de prova foram
modelos foram erguidos e amarrados em um capeados com enxofre, para regularização da
pórtico, para garantia de sua estabilidade e para superfície, e levados à prensa eletro-hidráulica
que fossem impedidos de sofrer qualquer tipo para a realização do ensaio de compressão
de deslocamento. axial. Nesta prensa, os corpos-de-prova foram
O primeiro modelo foi preenchido apenas colocados entre os pratos e receberam um

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esforço axial até atingir a ruptura. Obtida a área


da seção transversal destes corpos de prova e a
carga de ruptura, foi possível determinar qual a
resistência à compressão de cada um dos corpos
de prova, segundo os procedimentos da norma
NBR 5739/2007.

3 ANÁLISE VISUAL DOS MODELOS


DE ESTACAS
Figura 2. Corpos-de-prova do modelo de estaca com
presença de lama
3.1 Modelo de Estaca Apenas Com Concreto

A Figura 1 apresenta os corpos de prova obtidos


4 RESISTÊNCIA DO CONCRETO AO
a partir do modelo de estaca concretado sem a
LONGO DOS MODELOS DE ESTACAS
presença de lama. Através da análise visual,
constata-se uma regularidade e continuidade no
4.1 Modelo de Estaca Apenas Com Concreto
concreto do modelo, apenas contendo algumas
falhas de integridade na parte superior.
Através dos ensaios de resistência à compressão
realizados nos corpos de provas (CP) obtidos do
modelo de estaca sem a presença de lama no
fundo do tubo foram obtidos os valores das
cargas de ruptura e das resistências do concreto
expressos na Tabela 1. O CP-01 e o CP-12
representam, respectivamente, o fundo e o topo
do modelo de estaca. Também, encontram-se na
Tabela 1 os valores de carga e resistência média
obtidos dos três corpos de prova retirados como
testemunhos antes da concretagem dos modelos
Figura 1. Corpos de prova do modelo de estaca apenas (CP-T).
com concreto
Tabela 1 - Resistências do modelo concretado sem lama
3.2 Modelo de Estaca Com Presença de Carga de Ruptura Resistência
CP
Lama (kN) (MPa)
12 303,7 18,4
A Figura 2 apresenta os corpos de prova obtidos 11 375,5 22,7
a partir do modelo de estaca concretado com a 10 416,1 25,2
presença de lama. Através da análise visual, é 09 384,7 23,3
possível constatar que a lama no fundo afetou 08 343,0 20,8
totalmente na integridade e continuidade da
07 369,9 22,4
ponta do modelo de estaca e que o acúmulo de
lama impediu que o concreto lançado ocupasse 06 372,2 22,5
o seu lugar. O primeiro corpo de prova obtido 05 366,2 22,2
da ponta apresentava muita lama misturada com 04 342,3 20,7
agregado graúdo e uma consistência muito 03 360,8 21,9
mole. 02 347,5 21,0
01 353,8 21,4
CP-T 516,5 29,2

Analisando-se os valores de resistência do

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concreto ao longo do modelo observa-se certa transmitir as cargas da ponta da estaca para o
homogeneidade nos resultados do CP-01 até o solo.
CP-09, apresentado valores variando de 20,7 a A partir do CP-03, o efeito da lama começou
23,3 MPa. O CP-10 foi o que obteve a maior a diminuir, pois o corpo de prova já apresentou
resistência, pois devido à sua posição no uma boa resistência e percebeu-se uma certa
modelo sofreu uma menor interferência da homogeneidade entre o concreto e o pouco de
segregação do agregado graúdo na hora do lama que subiu durante a concretagem.
lançamento do concreto que os outros corpos de Assim, excluindo os CP-01 e o CP-02, no
prova. geral os corpos de prova tiveram uma redução
A partir do CP-11, a resistência do concreto nas resistências, no intervalo de 28,6 a 21,2
foi diminuindo até o CP-12, o qual apresentou MPa, quando comparados aos corpos de prova
falhas na sua integridade, e uma queda razoável teste (CP-T), que obtiveram uma resistência
na sua resistência, ficando abaixo da resistência média de 29,2 MPa, fato que não interferiria no
estipulada na dosagem do concreto. desempenho da estaca, já que a resistência
prévia estipulada era de 20 MPa.
4.2 Modelo de Estaca Com Presença de Nos corpos de prova do meio do modelo,
Lama analisa-se que foram os que obtiveram as
maiores resistências, fato que se deve a uma
Os resultados do ensaio de resistência à menor segregação do concreto durante o
compressão para os corpos de prova do modelo lançamento, a lama não exercer nenhum efeito e
de estaca com a presença de lama são expressos um melhor adensamento pelo próprio peso do
na Tabela 2. Também, neste caso o CP-01 e o concreto lançado nas camadas posteriores.
CP-12 representam, respectivamente, o fundo e Já a partir do CP-08 até o do topo, constata-
o topo da estaca. se uma diminuição gradativa da resistência do
concreto em relação aos corpos de prova do
Tabela 2 – Resistências do modelo concretado com lama meio do modelo, ocorrendo devido a não
Carga de Ruptura Resistência utilização de qualquer método de adensamento
CP
(kN) (MPa)
do concreto.
12 402,0 24,3
11 403,7 24,5 4.3 Comparação dos Modelos de Estacas
10 410,4 24,9 Com e Sem a Presença de Lama
09 440,9 26,7
08 431,7 26,1 Uma comparação dos modelos de estaca
07 472,5 28,6 concretadas com e sem a presença de lama no
06 457,3 27,7
fundo do molde pode ser feita, já que em ambos
os casos o concreto utilizado foi o mesmo.
05 441,4 26,7
O gráfico da Figura 3 apresenta a variação
04 443,5 26,9
do percentual de resistência do concreto dos
03 350,7 21,2 modelos de estacas em relação ao valor médio
02 0 0,0 dos resultados obtidos dos três corpos de prova
01 0 0,0 retirados como testemunhos (CP-T).
CP-T 516,5 29,2 Em geral, o modelo de estaca apenas com
concreto apresentou resistências menores do
Na ponta do modelo, pode-se observar que a que o concretado com a presença de lama. Isto
lama interferiu diretamente na integridade dos pode ter ocorrido pela diferença do tempo de
corpos de prova, sendo que o CP-01 e o CP-02 amassamento do concreto ter sido inferior, uma
não apresentaram nenhuma resistência, já que a vez que o modelo sem a presença de lama foi
lama impediu que o concreto ocupasse seu concretado inicialmente, permanecendo o
lugar. Numa situação de obra este fato impede restante do concreto na betoneira até a
que o concreto desempenhe sua função de concretagem do modelo de estaca com lama.

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concreto em modelos de estacas escavadas


12 quando concretadas com a presença de lama no
fundo da perfuração.
11 Sem lama Constatou-se experimentalmente que a
Com lama presença da lama durante a concretagem foi
10
extremamente prejudicial ao desempenho e
9 continuidade na ponta da estaca, implicando na
redução considerável da resistência do
8 concreto. Em situações de obra, isso seria muito
Corpo de Prova

desfavorável, já que a ponta de estacas


7
escavadas é responsável por transmitir ao solo
6
até 20% da carga da estaca.
Observou-se, também, em ambos os modelos
5 de estacas concretados com e sem lama, uma
redução da resistência do concreto devido ao
4 fato do concreto ser simplesmente lançado do
3
topo, sem cuidados com o adensamento e com a
segregação do concreto.
2 Sendo assim, as prescrições da NBR
6122/1996 não deveriam ser negligenciadas em
1 obras, como a utilização de um processo para
0 20 40 60 80 100
% de resistência do concreto
retirada de toda a lama e/ou água do fundo da
escavação ou ser adotado um processo de
Figura 3. Percentual de resistências do concreto das
concretagem submersa com o emprego de
estacas em relação ao CP-T
tremonha. Porém, caso ao final da perfuração
ainda exista água ou lama no fundo do furo que
Constata-se que a presença da lama foi
não possa ser retirada pela sonda, deveria ser
prejudicial ao desempenho na ponta do modelo
lançado um volume de concreto seco para
de estaca, uma vez que o concreto não
obturar o furo e desprezada a contribuição da
apresentou nenhuma resistência.
ponta da estaca na sua capacidade de carga.
Mas em ambos os casos, ocorreram
Portanto, perante a importância deste
diminuições das resistências simplesmente pelo
elemento de fundação, a maneira como se
fato do concreto ser lançado do topo, de uma
procede a execução de estacas escavadas é um
grande altura, o que implicou em segregação do
fator de caráter fundamental para que sua
agregado graúdo. Portanto, em ambos os casos
integridade e desempenho sejam assegurados e
é aconselhável a utilização de um funil de
patologias sejam evitadas.
comprimento adequado durante a concretagem
da estaca, conforme prescrito pela NBR
6122/1996 e muitas vezes negligenciado em
REFERÊNCIAS
obra.
No topo de ambos os modelos, verifica-se a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
tendência de redução da resistência do concreto TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto - Ensaios de
após passar por um valor maior depois da compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de
metade da altura uma vez que o concreto não Janeiro, 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
foi vibrado.
TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de
fundações. Rio de Janeiro, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS TÉCNICAS. NBR 7680: Concreto - Extração, preparo
e ensaio de testemunhos de concreto. Rio de Janeiro,
2007.
O desenvolvimento deste trabalho possibilitou
LOGEAIS, L. 1971). Patologia das fundações:
analisar o que ocorre com a resistência do fundações superficiais e fundações profundas.

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Crónicas do Bureau Securitas e da Socotec. Annales


de L’Institut Technique du Batiment et des Travaux
Publics. n. 280. Série: obras de estrutura, n. 8. Abril.
Disponível em: <http://www.quintacidade.com/wp-
content/uploads/2008/05/patologias-das-
fundacoes.pdf >. Acesso em: 27 jul. 2009.
MILITITSKY, J.; CONSOLI, N.C.; SCHNAID, F.
(2005) Patologia das Fundações. São Paulo: Oficina
de Textos, 207 p.

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