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REVISTA BRASILEIRA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO / BRAZILIAN JOURNAL OF BEHAVIOR ANALYSIS, 2006, VOL.2, N .

1, 1-19 O

O LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL1

THE HUMAN SIDE OF ANIMAL BEHAVIOR

KENNON A. LATTAL
WEST VIRGINIA UNIVERSITY, USA

RESUMO
Um elemento importante na pesquisa comportamental com animais não humanos é que ela contribui para a
compreensão do comportamento humano, o que aqui chamamos de o lado humano do comportamento animal.
Este artigo examina as origens da comparação do comportamento humano com o de outros animais, as maneiras
como tais comparações são descritas e considerações que surgem de avaliações da validade dessas comparações. A
justificativa para tal comparação se originou no reducionismo da fisiologia experimental e no entendimento das
similaridades de todas as formas de vida promulgado pela biologia evolucionária darwiniana. Mais recentemente
foram adicionadas outras observações, tais como a simplicidade relativa do comportamento animal, afetadas por
restrições impostas às comparações resultantes pela ausência do comportamento verbal em animais. A construção
de comparações do comportamento humano com o de animais pode ser estruturada com base na distinção de
Skinner (1957) entre as formas metafórica e genérica do tato estendido. Tanto a comparação sistemática quanto a
ordinária do comportamento humano e animal são congruentes com a abordagem do tato estendido de Skinner.
A consideração mais geral ao avaliar comparações do comportamento humano e animal é que seja estabelecida uma
base funcional para a similaridade proposta. Análises sistemáticas e evidências convergentes podem contribuir
também para a aceitação dessas comparações. Na análise final, portanto, conclusões sobre o lado humano do
comportamento animal não são dedutivamente derivadas e raramente são avaliadas com base em seu valor pragmático
e heurístico. Tais conclusões representam uma contribuição valiosa para o entendimento do animal humano e para
o desenvolvimento de soluções práticas para problemas no comportamento humano aos quais grande parte da
psicologia se dedica.
Palavras-chave: comportamento animal, comportamento humano, extensão, metáfora, modelo, analogia,
simulação, extrapolação, generalização, avaliação

ABSTRACT
An important element of behavioral research with nonhuman animals is that insights are drawn from it about
human behavior, what is called here the human side of animal behavior. This article examines the origins of
comparing human behavior to that of other animals, the way in which such comparisons are described, and
considerations that arise in evaluating the validity of those comparisons. The rationale for such an approach
originated in the reductionism of experimental physiology and the understanding of the commonalities of all life
forms promulgated by Darwinian evolutionary biology. Added more recently were such observations as the
relative simplicity of animal behavior, tempered by the constraints placed on resulting comparisons by the absence
of verbal behavior in animals. The construction of comparisons of human behavior to that of animals may be
framed on the basis of Skinner´s (1957) distinction between the metaphorical and generic forms of the extended
tact. Both ordinary and systematic comparisons of animal and human behavior are congruent with Skinner´s
extended tact framework. The most general considerations in evaluating comparisons of animal and human
behavior is that a functional basis for the claimed similarity be established. Systematic analysis and convergent
evidence also may contribute to acceptability of these comparisons. In the final analysis, conclusions about the
human side of animal behavior are nondeductively derived and often are assessed based on their heuristic and
pragmatic value. Such conclusions represent a valuable contribution to understanding the human animal and in
developing practical solutions to problems of human behavior to which much of psychology is dedicated.
Key words: animal behavior, human behavior, extension, metaphor, model, analogue, simulation, extrapolation,
generalization, evaluation

1 Artigo originalmente publicado em 2001 no The Behavior Analyst, 24 (2),147-161, que autorizou a publicação da tradução (Copyright by the Association
for Behavior Analysis International). Tradução feita por Érik Luca de Mello, Jair Alvércimo M. Mello e Fernando Luca de Mello com a supervisão da
professora Josele Abreu-Rodrigues, autorizada pelo autor.

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K. A. LATTAL

Os macacos de apego de Harlow, os pom- lhor entendimento dos processos ou métodos


bos supersticiosos de Skinner, os macacos exe- por meio dos quais os dois são comparados. A
cutivos de Brady e os cachorros desamparados despeito do seu papel central, tais processos
de Seligman estão entre as imagens mais co- têm sido freqüentemente assumidos mais do
nhecidas na psicologia (Brady, Porter, Conrad, que discutidos, e muito raramente avaliados.
& Mason, 1958; Harlow, 1958; Seligman, Essa revisão, portanto, examina o processo de
1974; Skinner, 1948). Cada um tem sido su- relacionar o comportamento humano ao de
gerido para retratar o comportamento huma- outros animais. Três questões são importantes
no cotidiano em animais não humanos (daqui no processo, e cada uma é considerada separa-
em diante descrito como animais), visando re- damente. Como a prática de relacionar o com-
velar o lado humano do comportamento ani- portamento animal e humano se originou e
mal. Somente cerca de 7% das páginas de pe- como ela continua sendo justificada? Como
riódicos publicados pela Associação America- foram estabelecidas as similaridades entre o
na de Psicologia têm tratado do comportamento comportamento animal e humano? E como as
animal (N. Miller, 1985). Apesar dessa pequena similaridades apontadas são avaliadas?
porcentagem, o impacto de tal trabalho no
entendimento do comportamento humano ORIGENS E JUSTIFICATIVAS PARA RELACIONAR
tem sido substancial. Essa pesquisa tem ajuda- O COMPORTAMENTO ANIMAL E H UMANO

do a construir tanto uma ampla estrutura


conceitual para o entendimento e a interpreta- Origens
ção do comportamento humano (e.g., Skinner, Precedentes históricos freqüentemente
1953) quanto áreas específicas de pesquisa de estabelecem práticas no início do desenvolvi-
problemas de comportamento humano (e.g., mento de uma disciplina que determinam o
Branch & Hackenberg, 1998; Domjan, 1987; desenvolvimento e as práticas posteriores da
Epstein, 1986; Keehn, 1986; Maser & disciplina. Tal é o caso com a psicologia e o
Seligman, 1977; N. Miller, 1975). Tal traba- estudo de animais. É, portanto, para esses even-
lho, contudo, não existe sem controvérsia. tos iniciais que eu me volto primeiro, ao consi-
Mesmo que as contribuições tenham sido nu- derar como a psicologia e, mais tarde, a análise
merosas, os críticos têm notado deficiências e do comportamento, desenvolveram a prática de
limitações em basear uma ciência do compor- relacionar o comportamento humano e animal.
tamento humano, em maior ou menor exten- O uso de observações sistemáticas e da
são, em conclusões sobre um entendimento de pesquisa com animais para tirar conclusões so-
mecanismos comportamentais derivados da bre o comportamento humano começou com a
pesquisa animal (e.g., Chomsky, 1959; fisiologia do século XIX, quando, por exemplo,
Gardner, 1985; Lowe, 1983; Schwartz, o fisiologista francês Bernard observou que “sem
Schuldenfrei, & Lacey, 1978). [o] estudo comparativo de animais, a medicina
Um aspecto central tanto para respon- prática pode nunca adquirir caráter científico”
der aos críticos quanto para desenvolver cone- (1865/1957, p. 126). As relações próximas en-
xões adicionais, amplas e específicas, entre o tre a medicina, a fisiologia e os primeiros anos
comportamento animal e humano, é um me- da psicologia experimental e, particularmente,

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LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

a ênfase em uma abordagem reducionista para ais através das espécies e a dificuldade mais geral
estudar o funcionamento humano na fisiologia de definir inteligência nos humanos ou nos
e na medicina contribuíram para o desenvolvi- animais, originou ultimamente uma nova ci-
mento da experimentação animal na psicologia. ência do comportamento humano e animal
Em 1895, Meyer, um psiquiatra que tinha usa- baseada na aprendizagem. Watson, que usou
do ratos brancos na condição de patologista ratos como sujeitos para sua dissertação e que
médico, sugeriu a utilidade do rato como um posteriormente trabalhou extensivamente com
sujeito para Kline. Kline tornou-se o primeiro psicologia comparativa, afirmou que a apren-
psicólogo a usá-los, por volta de 1897, em de- dizagem era “o grande problema em toda a
monstrações de laboratório para uma aula de psicologia humana”. A isto ele acrescentou “e
psicologia comparativa na Universidade de Clark. qualquer fato que nós possamos coletar sobre
Um colega de Kline, Small, construiu o primei- os modos como o animal aprende será útil para
ro labirinto para ratos e conduziu os primeiros nós” (1910, p. 351). Ele ainda observou que
experimentos em psicologia usando esses ani- “o homem emite seus primeiros passos [no
mais como sujeitos (Boakes, 1984; ver Small, aprendizado de uma nova habilidade] exata-
1900). No contexto da presente discussão, é irô- mente da mesma maneira como o animal” (p.
nico que o labirinto da Small tenha sido 352) e “não é uma questão difícil mostrar que
construído e nomeado com base em um labi- há uma importância prática para o estudo [da
rinto construído para a diversão de aristocratas psicologia animal]” (p. 353).
no palácio de Hampton Court, na Inglaterra. Muito embora a carreira de Watson pos-
Concomitante com os avanços na fisio- teriormente tenha mudado, a nova psicologia
logia do sistema nervoso que contribuíram para da aprendizagem, baseada amplamente no es-
o entendimento do comportamento, a teoria tudo dos animais, ganhou um forte apoio na
evolucionária de Darwin e o naturalismo do psicologia americana. O interesse na aprendi-
século XIX levaram ao interesse teórico na in- zagem como um problema central para a psi-
teligência e na mente dos animais (Boakes, cologia culminou nas grandes teorias da apren-
1984). Esse interesse, por sua vez, seguiu dois dizagem dos anos 30, propostas por Tolman,
caminhos gerais. Um levou à moderna etologia, Hull, Guthrie e Skinner. Cada um desses teó-
com sua ênfase no estudo do comportamento ricos articulou e refinou a noção de que as
animal em ambientes naturais. O outro levou aprendizagens humana e animal tinham a mes-
à psicologia comparativa que começou com o ma natureza básica. Tolman (1938), por exem-
estudo comparativo da mente e sua evolução, plo, refletiu o otimismo sobre a nova psicolo-
conforme exemplificado pelo trabalho seminal gia da aprendizagem quando ele observou que,
de Thorndike (1898) sobre a inteligência ani-
mal. Este último caminho introduziu as tradi- Tudo o que é importante na psicologia (exceto,
ções de descrições objetivas rigorosas e de aná- talvez, tópicos como a construção de um
lises experimentais no estudo psicológico do superego, isto é, tudo com exceção de tópicos
comportamento animal. que envolvem sociedade e palavras) pode ser in-
Entre outras coisas, os problemas em vestigado, em essência, por meio da análise ex-
fazer comparações comportamentais não trivi- perimental e teórica contínua dos determinantes

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K. A. LATTAL

do comportamento do rato em um ponto de uma amplitude maior de problemas e variáveis


escolha no labirinto. Isto posto, eu concordo com pode ser investigada com animais do que com
o professor Hull e também com o professor humanos devido ao código de ética diferente
Thorndike (p. 34). para experimentos com animais em oposição
àqueles com sujeitos humanos (Domjan &
Justificativas Burkhard, 1986). Outros têm sugerido que o
Observadores contemporâneos das rela- uso de animais elimina os efeitos de expectati-
ções entre o comportamento humano e animal va por parte do sujeito (Mazur, 1986; Zajonc,
incluem muitos autores de livros recentes de 1969), uma observação que tem relação com a
psicologia da aprendizagem. Esses autores jus- ausência de linguagem nos animais.
tificam o uso de animais, pelos menos em parte, Essa ausência está no centro de um gran-
com base na sua importância para o desenvolvi- de corpo de objeções às tentativas de relacionar
mento de princípios comportamentais que são o comportamento animal ao comportamento
comuns entre muitas espécies. A relevância di- humano. Alguns psicólogos reagiram positiva-
reta da experimentação animal para o compor- mente à ausência de linguagem. Zajonc (1969),
tamento humano é tanto implícita ou explícita por exemplo, sugeriu que essa ausência forçou o
em muitos desses livros, repetindo a observação uso de medidas não verbais do comportamento.
de Skinner (1953) de que “Nós estudamos o A norma entre muitos outros psicólogos, contu-
comportamento dos animais porque é mais sim- do, varia entre a advertência justificada e a cau-
ples... As condições podem ser melhor contro- tela ao relacionar o comportamento de animais
ladas” (p. 38; cf. Catania, 1992; Lieberman, não verbais àqueles de humanos verbais:
1990; Mazur, 1986; Schwartz, 1989). “O mais
simples” é raramente definido com precisão. Por meio de suas respostas de linguagem o indi-
Entre seus significados implícitos encontram- víduo se tornou uma parte integrante de um
se: (1) variáveis definidas mais facilmente ou em sistema de condições que estende seu ambiente
menor número estão envolvidas no controle do virtualmente sem limite em termos de espaço e
comportamento animal em comparação ao com- tempo. Um animal, por outro lado, pode reagir
portamento humano multiplamente determi- somente às condições imediatas do ambiente
nado, (2) variáveis são mais facilmente contro- durante sua vida e somente dentro dos limites
ladas no estudo do comportamento animal em espaciais de seus próprios órgãos do sentido.
oposição ao do comportamento humano, ou (3) (Weiss, 1929, pp. 169-170)
os processos envolvidos no comportamento ani-
mal são de alguma maneira mais básicos. Sempre se paga um preço pela conveniência de
Também são dadas outras razões para o uma abordagem dada a um problema. O preço a
estudo dos animais. Domjan e Burkhard ser pago por tanta experimentação com animais
(1986) acrescentaram que os fatores genéticos é negligenciar o fato de que os sujeitos humanos
podem ser controlados em estudos de apren- são mais brilhantes, são capazes de usar a lingua-
dizagem com animais (embora, na prática, eles gem – e provavelmente aprendem diferentemente
não sejam freqüentemente considerados). Ou- por causa desses avanços sobre os animais inferiores
tra justificativa apresentada algumas vezes é que (Hilgard, 1948, p. 329)

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LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

A indisponibilidade da linguagem como meio comportamentais entre as espécies são fáceis de


cognitivo para os animais estabelece que os mo- se encontrar, mas as similaridades encontradas
delos de cognição animal vão diferir em muitos são freqüentemente mais responsáveis pelo avan-
aspectos importantes de seus pares humanos. ço das ciências. É para a análise dessas similari-
(Roitblat, Beve, & Terrace, 1984, p. 9) dades que nós agora nos voltamos.

Tais observações cuidadosas certamen- AMPLIANDO CONCEITOS E PRINCÍPIOS


te têm fundamento. Por outro lado, há tam-
bém perigo em enfatizar as diferenças em ter- Relacionar o comportamento humano e
mos da ausência do comportamento verbal em animal envolve estender os conceitos e princípi-
outros animais à custa de negligenciar ou os desenvolvidos em um conjunto de circuns-
desconsiderar similaridades válidas. Por exem- tâncias para outro. Como parte de sua análise
plo, em trabalho experimental, as diferenças do comportamento verbal, Skinner (1957) pro-
entre o comportamento humano e animal em pôs o tato estendido como um processo no qual
tarefas básicas, tais como esquemas de as práticas verbais - por exemplo, conceitos, prin-
reforçamento, têm sido citadas como evidên- cípios ou rótulos - são colocadas sob o controle
cia a favor da descontinuidade entre os ani- de novas circunstâncias. Tais tatos estendidos
mais e os humanos com base, pelo menos em ocorrem quando, após uma resposta verbal ter
parte, na linguagem (Lowe, 1983). Contudo, sido reforçada na presença de um estímulo, “um
em contrapartida, outros autores, tais como estímulo novo que possui [uma característica
Perone, Galizio e Baron (1988), têm sugerido comum com um estímulo original]... evoca uma
cautela em concluir rapidamente que há resposta [verbal similar]” (p. 91). Dois tipos de
descontinuidades entre o comportamento tato estendido, identificados por Skinner, são
humano e o de outros animais. Eles sugerem, genéricos e metafóricos. A extensão genérica é
por exemplo, que diferenças nos procedimen- comparável à generalização de estímulo à medi-
tos de estudos sobre desempenhos em esque- da que um estímulo novo é suficientemente si-
mas de reforçamento de sujeitos humanos e milar a um estímulo previamente correlacionado
animais podem explicar pelo menos alguns com o reforço e, assim, o estímulo novo passa a
aspectos das diferenças nos desempenhos e, controlar uma resposta verbal similar àquela re-
assim, identificar a fonte de algumas das forçada na presença do estímulo antigo. Ela tam-
descontinuidades propostas (cf. Joyce & bém se relaciona com a análise de Sidman (1960)
Chase, 1990; LeFrancois, Chase, & Joyce, da replicação sistemática uma vez que as condi-
1988). A observação de Zajonc (1969) de que ções sob as quais um fenômeno é inicialmente
“a existência de tais descontinuidades é hoje observado são estendidas por meio da variação
mais uma questão de opinião e conjectura do das dimensões da situação original. Extensão
que um fato estabelecido” (p. 3), permanece metafórica “ocorre por causa do controle exerci-
relevante em tais discussões. A linguagem cer- do pelas propriedades do estímulo, as quais,
tamente acrescenta uma camada de complexi- embora presentes no reforçamento, não entram
dade que requer uma análise contínua, mas, na contingência considerada pela comunidade
como Sidman (1960, p. 55) notou, diferenças verbal” (Skinner, 1957, p. 92).

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K. A. LATTAL

Esses dois tipos de extensão podem ser o uso desses termos para descrever o comporta-
usados para descrever como o comportamento mento humano também controlam seu uso no
humano e animal têm sido relacionados entre caso do comportamento animal. Naturalmen-
si. Essas extensões, além disso, podem ser te, nem todas as declarações sobre similarida-
identificadas como ordinárias, isto é, baseadas des entre comportamento humano e animal são
em observação informal e casual, e em descri- antropomórficas. Por exemplo, dizer que um
ção conceitualmente relaxada, ou podem ser cão e um ser humano estão com fome, cansa-
consideradas sistemáticas. As últimas são apoi- dos ou com sono pode significar similaridade
adas por uma estrutura conceitual que está fun- literal e não comparação antropomórfica.
damentada tipicamente em observações Extensões genéricas que são
naturalísticas e observações baseadas na experi- antropomórficas estão sujeitas a várias críticas (ver
mentação. Kennedy, 1992). Uma das mais antigas é a de
Morgan (1894): “De maneira alguma devemos
COMPARAÇÕES ORDINÁRIAS ENTRE O COM- interpretar uma ação como resultado da prática
PORTAMENTO ANIMAL E HUMANO de uma habilidade psíquica superior, se esta pode
ser interpretada como o resultado da prática de
As comparações entre o comportamento uma habilidade inferior na escala psicológica” (p.
humano e aquele de outros animais em ativi- 53). Outra crítica é que muitas das característi-
dades diárias freqüentemente são iniciadas com cas atribuídas antropomorficamente a animais
observações do comportamento animal, que é, são ambíguas no comportamento humano do
então, identificado com processos ou caracte- qual elas derivam. Por exemplo, mesmo concei-
rísticas normalmente associados com seres hu- tos psicológicos centrais como ansiedade são de-
manos. Tais comparações ordinárias são finidos de muitas maneiras diferentes na litera-
antropomórficas ou metafóricas e são os exem- tura científica, tornando as descrições do com-
plos mais elementares de tentativas de se rela- portamento animal baseadas nesses termos ain-
cionar o comportamento humano e animal. da mais confusas. Uma pessoa pode definir ver-
gonha como uma “emoção social que parece exi-
Antropomorfismo gir o conhecimento de como uma pessoa é vista
O gato está envergonhado? O pássaro por outra”. Supostamente, esse conhecimento está
está triste? Declarações antropomórficas são faltando no gato, o que adiciona um significado
afirmações de similaridades literais assumidas excedente ao termo quando aplicado ao com-
ou isomorfismos entre o comportamento hu- portamento animal. A pergunta mais abrangente
mano e animal. Respostas afirmativas para as nesse caso é se essa definição de vergonha é viável
duas perguntas acima sugerem similaridades até mesmo para o ser humano. Ela requer
literais: o gato está envergonhado e o pássaro autoconhecimento? A vergonha é uma emoção
está triste. Essas asserções são baseadas na ex- ou um comportamento em um contexto? Como
tensão de características humanas nominais para “o conhecimento da aparência de alguém” é de-
outras espécies, o processo que Skinner (1957) terminado?
rotulou de extensão genérica: é assumido que as A despeito da lógica irresistível da regra
características comportamentais que controlam de Morgan (1894) e de outras críticas ao

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LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

antropomorfismo por cientistas comportamentais, bém é sinérgica uma vez que a natureza do
descrições antropomórficas do comportamento conceito original muda quando a metáfora é
animal têm praticantes e defensores contemporâ- estendida. Sendo assim, quando afirmamos que
neos (e.g., Griffin, 1984), e também históricos o cachorro está com ciúmes, a definição de ci-
(Romanes, 1882; ver também Baenninger, úmes, mesmo que seja imprecisa, é modifica-
1994; Heyes, 1987, e Kennedy, 1992, para da para incluir este novo uso. Como Skinner
comentários adicionais mais aprofundados so- (1957, p. 93) notou também, uma vez refor-
bre antropomorfismo na etologia e na psicolo- çada, uma resposta verbal metafórica deixa de
gia comparativa contemporâneas). ser uma metáfora.
A extensão metafórica pode facilitar a
Metáfora emergência de novos conceitos a partir de con-
Considere as duas respostas seguintes: “o ceitos antigos (Catania, 1992; Schon, 1963).
cachorro está com ciúmes” e “o cachorro está Catania observou que “boa parte do vocabulário
agindo como se estivesse com ciúmes”. No con- técnico evoluiu metaforicamente de fontes con-
texto da discussão anterior, a primeira afirma- cretas do dia-a-dia” (p. 273). Zuriff (1985) foi
ção é antropomórfica se apresentada como sen- ainda mais longe notando que “muito longe de
do literalmente verdadeira. Se, por outro lado, serem pejorativos, os adjetivos ‘metafórico’ e
a primeira resposta significa o que a segunda ‘analógico’ estão no núcleo do pensamento cien-
resposta diz, então é uma metáfora. A segun- tífico mais sofisticado” (pp. 221-222). Alguns
da afirmação é um símile, o qual está incluído dos conceitos mais familiares na psicologia são
aqui em forma de metáfora (ver Skinner, baseados em metáforas, desde a comparação en-
1957). Davidson (1984) notou que “um tre o inconsciente e um iceberg feita por Freud, e
símile nos diz o que uma metáfora meramen- o fluxo de consciência de James, até a confiança
te nos sugere ... O significado figurativo de da teoria do processamento de informações na
uma metáfora é o sentido literal de um símile” metáfora do computador. Até mesmo o concei-
(p. 253). No sentido funcional de aplicar ou to de reforço foi originado de metáfora.
estender um conceito para um novo contexto O controle fraco de estímulos da exten-
e para facilitar a descrição, de acordo com su- são metafórica também faz com que tal exten-
gestões anteriores de Skinner (1957) e são seja importante na linguagem do dia-a-dia
Goodman (1968; citado em Davidson, p. e na literatura. Ela permite uma economia de
255), metáfora e símile são considerados jun- expressão a tal ponto que diversas conotações
tos aqui. Na versão de metáfora ou de símile podem ser resumidas em uma única palavra ou
da afirmação acima sobre o que é descrito frase. Esse resumo de conotações que a metáfo-
como ciúmes no cachorro, existe controle de ra permite na linguagem e na literatura tam-
uma resposta verbal por propriedades do estí- bém se manifesta na extensão de conceitos ci-
mulo que mais tipicamente controlam essa entíficos, como citado no parágrafo anterior. Tal
resposta na presença do comportamento hu- extensão metafórica na ciência, entretanto, é
mano; conseqüentemente, elas [metáfora e uma faca de dois gumes e talvez tenha sido por
símile] são consistentes com a análise de ex- isso que Skinner (1957) defendeu que a exten-
tensão metafórica de Skinner. Tal extensão tam- são metafórica “é uma das grandes diferenças

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K. A. LATTAL

entre ciência e literatura” (p. 99). A própria diferentes refletem comparações feitas por meio
flexibilidade que permite extensão também do uso de extensão genérica ou metafórica. A
permite ambigüidade e significado adicional no Tabela 1 apresenta exemplos de investigações
vocabulário científico, resultando em defini- baseadas nesses dois métodos de extensão jun-
ções confusas de termos como ansiedade e ciú- tamente com a descrição das comparações usa-
me descritos acima (ver também Mandler & das ou sugeridas pelo investigador. Propõe-se
Kessen, 1959). que todos os tipos nominais de comparação na
Tabela 1 sejam categorizados em dois grupos.
COMPARAÇÕES SISTEMÁTICAS ENTRE O COMPOR- No primeiro estão as comparações envolvendo
TAMENTO A NIMAL E HUMANO extensões metafóricas e inclui analogias, simu-
lações e modelos. No segundo grupo estão aque-
Em contraste às comparações las comparações envolvendo extensões genéri-
antropomórficas e metafóricas casuais do com- cas e inclui as extrapolações e homologias.
portamento humano e animal, em muitos ca-
sos as relações estabelecidas entre o comporta- Comparações baseadas em extensão metafórica
mento de humanos e o de outros animais são Extensões metafóricas envolvem o que
baseadas em observações mais sistemáticas e pode ser chamado, na linguagem ordinária, de
formais, do tipo que ocorrem no contexto da descrições novas de processos comportamentais
análise experimental. Adicionalmente, tais com- de animais. No caso da comparação do com-
parações têm uma base conceitual que mais portamento humano e animal, tais extensões
comumente é a psicologia da aprendizagem (cf. tipicamente começam com uma observação do
Domjan, 1987). Ao invés do objetivo de sim- comportamento humano que, por sua vez, con-
ples descrição que caracteriza as comparações duz a uma tentativa de construir aspectos do
antropomórficas e casualmente metafóricas do comportamento no laboratório animal. Como
comportamento humano e animal, o objetivo resultado, uma propriedade do estímulo (nes-
da comparação sistemática é a previsão, ou te caso, o comportamento do animal) controla
mesmo o controle, do comportamento (cf. um comportamento verbal, normalmente ou
Epstein, 1986). tipicamente associado com um comportamen-
Grosch e Neuringer (1981) observaram to humano, que não se “encaixa na contingên-
que relações sistemáticas entre o comportamento cia considerada pela comunidade verbal”
humano e animal podem ser estabelecidas por (Skinner, 1957, p. 92) com respeito ao com-
meio de processos de raciocínio tanto portamento dos animais. Assim, um rótulo
extrapolativo quanto analógico. Estes são, res- como autocontrole, tipicamente controlado por
pectivamente, outros dois termos para exten- aspectos do comportamento humano, vem a ser
são genérica e metafórica (Skinner, 1957; ver usado para descrever o comportamento dos
também Zuriff, 1985, pp. 220-222), respec- animais sob determinadas condições.
tivamente. Muito embora na literatura da psi- Tais construções são descritas diversa-
cologia experimental, relacionar sistematica- mente como modelos, analogias ou simulações.
mente o comportamento humano e animal seja O uso de diferentes termos para descrever essas
descrito de formas diferentes, essas descrições construções levanta a questão importante de se

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LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

Tabela 1

Exemplos de classes de comportamento humano ou conceitos tipicamente associados ao comporta-


mento humano que têm sido estudadas com animais e descrições atribuídas a tais comparações por
seus autores ou sugeridas por eles.

esses termos implicam em um método distinto Grosch e Neuringer (1981), por exemplo, ob-
de comparação do comportamento animal e servaram que seu experimento “explorou um
humano. Analogias e modelos são, ambos, des- modelo animal de autocontrole” e no parágrafo
crições ou representações incompletas do su- seguinte afirmaram que seu “experimento usou
posto fenômeno sob investigação, mas elas são a... abordagem da analogia” (p. 3). Mace
incompletas de diferentes maneiras. Uma ana- (1994) observou que “modelos animais [de de-
logia tem um caráter “como se”, comparável a sordens comportamentais] têm sido usados por
um símile. Em contraste, um modelo tenta re- pesquisadores comportamentais com resultados
presentar somente alguns dos aspectos - aque- promissores... Por exemplo, desamparo apren-
les essenciais – do fenômeno que está sendo dido fornece uma analogia e explicação experi-
representado. Modelos e analogias são consi- mental para a depressão” (pp. 544-545). Falk
derados como logicamente distintos na cons- e Tang (1980) descreveram igualmente como
trução formal de teorias. Em tais construções, as homologias podem servir como modelos.
a seqüência de desenvolvimento começa com Epstein (1986) igualou modelos e simulações
uma metáfora, depois muda para analogias, e observando que “Algumas simulações mimetizam
finalmente, muda para modelos construídos os fenômenos de modos relativamente arbitrá-
mais precisa ou formalmente (e.g., Pribram, rios. Em um extremo estão os modelos” (p. 132).
1980). As relações entre metáfora, analogia e O mesmo procedimento que Epstein discutiu
modelo nas comparações do comportamento com uma simulação da comunicação social,
humano com aquele de animais, contudo, não Lubinski e Thompson (1987) identificaram
são tão precisas. Os termos analogia e modelo, como um modelo daquele processo. (Os itálicos
freqüentemente são usados indiscriminadamente. foram adicionados em cada uma das citações).

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K. A. LATTAL

O termo modelo tem sido usado para ser a descrição mais acurada do método das
descrever os estudos animais de sintomas asso- comparações.
ciados com a patologia comportamental dos
humanos (e.g., Keehn, 1986), talvez por causa Comparações baseadas na extensão genérica
das conexões da psicologia clínica com a psi- Extensões genéricas, como vimos, envol-
quiatria e da psiquiatria, por sua vez, com a vem o controle de uma resposta verbal por estí-
medicina em geral. Na última, a pesquisa ani- mulos que são similares àqueles associados an-
mal sobre processos fisiológicos e doenças é ge- teriormente com reforçamento. Quando essas
ralmente rotulada como um modelo da doença extensões são sistemáticas, elas são denomina-
sob estudo. O termo, entretanto, pode ser atra- das pelos pesquisadores de extrapolação, exten-
ente para descrever as comparações do compor- são ou generalização. Ao contrário da extensão
tamento humano-animal devido ao status de metafórica, a extensão genérica começa, na
sua associação com modelos animais de fun- maior parte do tempo, com observações de um
ções fisiológicas e doenças. Modelo também é processo comportamental em animais, as quais
associado com descrições quantitativas relati- são, então, estendidas ao comportamento hu-
vamente precisas do comportamento. A preci- mano. Uma observação feita por Ferster (1966)
são das comparações do comportamento hu- ilustra a abordagem: “Se a maior característica
mano com o modelo animal, contudo, não é da depressão clínica é uma freqüência reduzida
maior do que o que é descrito como uma ana- do comportamento sob controle normal do
logia animal ou uma simulação. ambiente, para aplicar uma análise experimen-
Assim, modelo, analogia e simulação são tal do comportamento nós temos que determi-
usados, mais ou menos, de maneira nar primeiro como os processos
indiscriminada, não havendo razão para afir- comportamentais básicos podem aumentar ou
mar que um é diferente ou mais preciso do que diminuir a freqüência do comportamento” (p.
os outros. Ao descrever as comparações do com- 346). Sendo assim, o termo ‘extinção’, bem
portamento animal e humano esses termos es- como o processo, desenvolvido em laboratório,
tabelecem ocasião para imprecisão e confusão se estende ao comportamento humano em con-
conceitual (cf. Hineline, 1980). Isso não im- dições naturais.
plica que, em outros contextos, os termos têm Assim como o que ocorre com os diferen-
o mesmo uso ou significado (cf. Kaplan, 1964/ tes termos usados para descrever extensões me-
1998; Mandler & Kessen, 1959; Pribram, tafóricas sistemáticas, os diferentes termos usa-
1980), só que eles não têm sido usados de ma- dos para descrever extensões genéricas não
neiras sistematicamente diferentes quando apli- conotam diferentes métodos de se fazer compa-
cados à comparação do comportamento huma- rações. Conseqüentemente, cada um dos três
no e animal. O uso de diferentes termos é con- pode ser considerado como um exemplo de um
trolado por idiossincrasia e, talvez, por contin- único método de comparação baseado na exten-
gências científicas e sociais locais, e não por as- são genérica. O processo envolve o estabeleci-
pectos sistemáticos da comparação que está sen- mento de um princípio comportamental, a aná-
do feita. O aspecto comum dos três termos é lise dos componentes de um comportamento
sua base na extensão metafórica e essa parece humano ocorrendo naturalmente, e finalmente,

10
LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

a utilização do princípio comportamental deri- central de sua monografia sobre inteligência


vado no laboratório para explicar os componen- animal que a “associação animal é homóloga à
tes. Sendo assim, um princípio comportamental associação da psicologia humana” (p. 108).
é extrapolado, estendido ou generalizado da aná- Mais recentemente, psicólogos e analistas de
lise do comportamento animal para aquela de comportamento também têm descrito
humanos. O comportamento humano, então, é homologias comportamentais (e.g., Falk &
descrito como sendo reestruturado, Tang, 1980). Preocupado com a possível simi-
reconceitualizado ou sintetizado (cf. Catania, laridade entre parabenizar a si mesmo com uma
1983), em termos dos princípios básicos. Uma recompensa por completar um trabalho e re-
vez que os princípios básicos com freqüência são forçar as respostas de animais com comida,
primeiramente formulados com base na experi- Malott (1993) observou:
mentação com animais, uma similaridade entre
o comportamento humano e animal é inferida. Ganhar uma porção de comida depois de colocá-
la no seu garfo é homólogo ao seu cachorro ga-
Homologias e extensão genérica nhar uma porção de comida depois de rolar...
Na biologia evolutiva, estruturas Ambas são contingências de reforçamento de
homólogas são aquelas que apresentam origens ação direta. Elas têm a mesma função. ... Mas
filogenéticas similares (e.g., a asa de um pássa- [recompensar a si próprio por escrever um traba-
ro e a pata dianteira de um cavalo) a despeito lho] é somente análogo ao seu cachorro ganhar
de terem funções diferentes (e.g., voar e cami- uma porção de comida depois de rolar. ... O
nhar). Essas estruturas podem ser contrastadas controle que sua contingência exerce sobre sua
àquelas denominadas de análogas, as quais pos- redação futura é um análogo, governado por re-
suem funções similares a despeito de suas ori- gras, do reforçamento e requer habilidades lin-
gens filogenéticas diferentes (e.g., as asas de uma güísticas. A contingência do seu cachorro é
abelha e as asas de um beija-flor) e são resulta- reforçamento e não requer linguagem... Essas duas
dos de evolução paralela (Lorenz, 1974). Ao contingências são somente análogos superficiais
aplicar essas descrições a comparações entre o (não são homólogos fundamentalmente relacio-
comportamento humano e o de outros animais, nados). (pp. 9-10).
padrões comportamentais que aparentam ser
similares, mas que são controlados por proces- Homologias podem ser reclassificadas
sos comportamentais diferentes, são considera- como instâncias de extensão genérica. O pri-
dos análogos. Padrões comportamentais que não meiro exemplo de Mallot (1993) ilustra o pon-
parecem necessariamente ser os mesmos, mas to. O estímulo comum é “ganhar uma porção
que são controlados por processos de comida após uma ação” e a resposta verbal
comportamentais idênticos, são considerados controlada por ambos seria “reforçamento”. As
homólogos (cf. Lattal, 1998). extensões descritas na Tabela 1 como analogias
Thorndike (1898) parece ter sido o pri- são mais parecidas com extensões metafóricas
meiro psicólogo a aplicar o termo homologia do que com a definição estrutural oferecida por
na comparação entre o comportamento animal Mallot, ilustrando novamente a ambigüidade
e humano quando ele colocou como aspecto do excesso de termos usados na descrição das

11
K. A. LATTAL

relações entre comportamento animal e huma- mal, particularmente as antropomórficas e me-


no. Essa consideração das homologias comple- tafóricas, são feitas com base na similaridade su-
ta a revisão de como as relações do comporta- perficial da aparência ou topografia do compor-
mento humano e animal têm sido construídas. tamento. O uso da estrutura como base para
Nós agora nos voltamos para como tais cons- comparação não se limita, no entanto, ao
truções podem ser avaliadas. antropomorfismo e à metáfora. Marks (1977),
por exemplo, fez a observação ambígua que “para
AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES PROPOSTAS ENTRE serem úteis, modelos de psicopatologia devem
COMPORTAMENTO HUMANO E ANIMAL compartilhar uma forte semelhança com suas
contrapartidas naturais” (p. 174). Se uma seme-
Avaliar afirmações de similaridade entre o lhança de topografia ou forma está sendo
comportamento humano e aquele de outros sugerida, a observação é contrária à posição dos
animais em princípio não é diferente da avalia- analistas do comportamento de que similarida-
ção de afirmações sobre outras similaridades e des estruturais entre comportamento humano e
diferenças entre espécies ou de como qualquer animal não são necessárias e nem suficientes para
estudo de comportamento em laboratório está comparações válidas ou úteis entre ambos. Pri-
relacionado ao comportamento em ambientes meiro, qualquer similaridade na aparência pode
fora do laboratório. Lorenz (1974) sugeriu que ser superficial. Segundo, um critério estrutural
“falsa analogia não existe: uma analogia pode impediria a análise de muitos fenômenos
ser mais ou menos detalhada e, conseqüente- comportamentais característicos de humanos
mente, mais ou menos informativa” (p. 230). com animais. Terceiro, empregar um critério es-
Uma observação similar pode ser feita para as trutural para tais comparações é se comprome-
extensões metafóricas e genéricas entre compor- ter com o que Bachrach (1965) chamou de erro
tamento humano e animal descritas acima. A analógico, um ponto reafirmado de maneira di-
força de relações propostas entre comportamen- ferente por Mallot (1993, discutido acima). Duas
to humano e animal não pode ser baseada em instâncias do comportamento podem parecer si-
sua falseabilidade e nem no critério impossível milares na topografia ou forma, mas as variáveis
das duas serem isomórficas. Outras dimensões controladoras podem ser diferentes. Um cachor-
devem ser consideradas quando relações pro- ro letárgico pode ser criado com facilidade, mas
postas entre comportamento animal e humano igualar a letargia do cachorro à depressão huma-
são avaliadas. na com base em uma aparência similar é cometer
um erro de analogia. A depressão psicológica em
Estrutura versus função humanos e animais pode compartilhar algumas
Provavelmente, a consideração mais uni- características, mas essas características são fun-
versal entre os analistas do comportamento é se cionais ao invés de necessariamente similares em
as similaridades propostas entre o comportamen- forma. De maneira complementar, comporta-
to humano e animal são focalizadas na estrutura mentos com aparências diferentes em humanos
ou na função. Essa é, em parte, a distinção entre e animais podem ser controlados por variáveis
analogias e homologias discutida acima. Muitas ou processos comportamentais similares. Por
comparações do comportamento humano e ani- exemplo, a forma da vingança em humanos pode

12
LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

envolver planejamento e outras formas de com- descrita como o acúmulo de evidência conver-
portamento verbal (e.g., O Conde de Monte Cris- gente (e.g., Pierce & Epling, 1994). W. Miller,
to de Dumas). O que nós estudaríamos como Rosellini e Seligman (1977) sugeriram que si-
vingança em ratos e pombos provavelmente te- milaridades nos sintomas, etiologia, cura e pre-
ria uma topografia ou aparência diferente. Ain- venção podem resultar em um bom teste de
da assim, as variáveis funcionais de controle, em um modelo de depressão animal: “Conforme
ambos os casos, poderiam ser as mesmas. dois fenômenos convergem em um ou dois dos
critérios, os pesquisadores podem, então, tes-
A natureza sistemática da comparação tar o modelo procurando por similaridades pre-
De maneira geral, os analistas do com- vistas nos outros critérios” (p. 144). Um exem-
portamento preferem observações sistemáticas plo de uma comparação cuidadosamente
sob condições controladas em vez de observa- construída na qual várias similaridades entre
ções mais informais ou casuais. Na maioria dos comportamento humano e animal foram
casos, observações sistemáticas resultam de ex- identificadas e posteriormente confirmadas ex-
perimentos em laboratório onde “as proprieda- perimentalmente, é o trabalho de Grosch e
des definidoras [dos fenômenos] e... a ampli- Neuringer (1981). Eles demonstraram que as
tude da aplicabilidade pode ser refinada” variáveis de controle do autocontrole em pom-
(Catania, 1983, p. 59). Observações mais bos eram paralelas a variáveis similares no
criteriosas e úteis das relações entre o compor- autocontrole em humanos demonstradas em
tamento humano e animal, contudo, também uma série de experimentos conduzidos por
provêm de observações naturalísticas sistemá- Mischel (e.g., 1974). Do mesmo modo, a ques-
ticas do comportamento no contexto tão de pontos de similaridade foi o foco de dis-
evolucionário (e.g., Lorenz, 1974). O papel cussão referente ao valor de uma simulação pro-
heurístico de uma observação antropomórfica posta sobre comunicação entre pombos
informal ou de uma metáfora casual, entretan- conduzida por Epstein, Lanza e Skinner (1980)
to, não pode ser descartado categoricamente. (e.g., Savage-Rumbaugh, 1986).
Essas últimas observações são limitadas em ter- O que pode ser chamado de níveis de si-
mos do foco e da precisão, mas elas podem ser- milaridade é uma outra dimensão de uma com-
vir, subseqüentemente, como uma primeira paração quantitativa. Considere a anorexia ner-
aproximação a comparações mais sistemáticas vosa, a qual já foi discutida em três níveis. Pri-
entre comportamento animal e humano. meiro, é uma falha em comer. Segundo, envolve
mudanças fisiológicas que podem ter função cau-
Dimensões quantitativas sal. Terceiro, a anorexia, pelo menos nos huma-
A afirmação de similaridades entre o com- nos, envolve determinantes ambientais, bem
portamento humano e animal é freqüentemente como determinantes fisiológicos. Estudos com
fortalecida se o comportamento envolve múlti- animais envolvendo esses diferentes níveis pro-
plas similaridades. Isso não é necessário, entre- varam ser diferencialmente úteis no tratamento
tanto, para estabelecer similaridades entre com- dessa desordem. Simplesmente criar circunstân-
portamento animal e humano, mas é útil. Essa cias nas quais um animal deixa de comer (uma
abordagem de similaridade múltipla às vezes é abordagem estrutural) não é necessariamente útil

13
K. A. LATTAL

para esclarecer a anorexia humana, porque a fa- heurística de [afirmações de similaridades en-
lha em comer no animal, assim como nos hu- tre dois fenômenos],” mas ele então levantou a
manos, pode ser uma função de muitas variá- seguinte questão,
veis. Identificar a base fisiológica da anorexia em
animais (e.g., Mrosovsky & Sherry, 1980) pode O que, então, distingue este caso do “caso das
ser mais útil, porém não considera os folhas de chá” onde a extrapolação é inválida?
determinantes ambientais da desordem em hu- Em ambos os casos, pode-se supor que o cientis-
manos. Estudos com animais que focalizam ta forneceu uma defesa da derivação apontando
determinantes ambientais em sincronia com va- similaridades supostas específicas entre os [dois ]
riáveis fisiológicas, ou seja, aqueles que envol- domínios ... A diferença é que em um dos casos,
vem níveis múltiplos, podem ser considerados outros vêem as similaridades, e no último caso,
os mais eficazes no desenvolvimento de progra- eles não vêem. (p. 221)
mas de tratamento (e.g., Pierce & Epling, 1994).
A maioria das comparações do compor-
Dimensões qualitativas tamento humano-animal, como Zuriff (1985)
Embora uma relação proposta entre o aponta, “não são dedutivamente derivadas” (p.
comportamento de humanos e de outros ani- 221), o que deixa os critérios para a avaliação
mais possa indicar apenas algumas similarida- da relação em aberto. Sidman (1960), colo-
des específicas (ou até mesmo uma) entre as cou da seguinte maneira: “a indução não é um
espécies, ela pode ainda estimular uma análise processo lógico, é um processo
experimental e conceitual das possíveis simila- comportamental... a avaliação de generaliza-
ridades. Tais similaridades qualitativas envol- ção é uma questão de julgamento” (p. 59).
vem considerações heurísticas e pragmáticas, ao Hebb e Thompson (1954) apresentaram um
invés de lógicas, ao avaliar comparações argumento comparável como se segue:
comportamentais animal-humano. Como
Catania (1983) apontou, O experimento animal pode clarear um proble-
ma humano sem “provar” nada. Ele pode cha-
O sucesso da [analogia] é... julgado não somente mar a atenção para facetas do comportamento
com base nos resultados empíricos mas também humano que não tenham sido percebidas; pode
na extensão em que o entendimento refinado do apontar pressupostos problemáticos, mas implí-
fenômeno tem implicações para situações huma- citos; pode sugerir um novo princípio de com-
nas, fora do laboratório, das quais a analogia emer- portamento. (p. 533)
giu. (p. 59)
Outras considerações
Esse é o critério de “trabalho útil” do Validade de face: A questão da aparência.
pragmatismo (James, 1955). De maneira se- Considerando que a similaridade estrutural
melhante, Zurif (1985) observou que uma entre o comportamento animal e humano não
extrapolação de um fenômeno para outro pode é condição necessária e nem suficiente para uma
ser considerada como uma “idéia brilhante e comparação entre o comportamento humano e
como uma demonstração da fertilidade animal, qual é o papel da validade de face? Uma

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LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

similaridade na topografia ou aparência física uma série bem sucedida de conclusões sobre a
entre comportamento humano e animal é útil depressão humana baseada naquele trabalho
ao fazer essas comparações? A validade de face (Seligman, 1974). A espécie animal certamen-
tem um efeito negativo se uma sugestão de si- te não é uma consideração irrelevante ao serem
milaridade é feita apenas nessa base, na ausên- feitas comparações do comportamento huma-
cia de similaridades funcionais do tipo previa- no-animal, mas também não é essencial.
mente descrito. Isso ocorre particularmente por O uso de espécies também se relaciona à
causa do potencial para comparações de valida- questão da validade de face já discutida, à me-
de de face serem usadas em situações aplicadas dida que alguns rótulos, originados do com-
com humanos a despeito de seu valor científico portamento humano, são mais prováveis de se-
questionável. rem aceitos do que outros ao serem aplicados
Dada uma base funcional para a compa- ao comportamento animal. Rótulos relaciona-
ração, entretanto, similaridades na aparência dos a respostas afetivas ou emocionais dos hu-
podem aumentar o impacto da comparação, manos, tais como amor, medo e depressão têm
particularmente quando se descreve o trabalho sido usados freqüentemente, e com grande acei-
para não cientistas. A validade de face de um tação, em estudos psicológicos com primatas e
fenômeno provavelmente também contribui caninos. A justaposição de outros rótulos e es-
muito para que outros “vejam” a similaridade pécies, tais como a empatia das vacas e a angús-
afirmada. Na verdade, algumas das mais bem tia das minhocas, é mais provável de evocar con-
sucedidas comparações do comportamento trovérsia e ceticismo quanto a sua utilidade e
humano e animal inclui, em adição a similari- validade. Miles (1983) apresentou uma análi-
dades funcionais, ao menos similaridades su- se útil dos efeitos de descrições diferentes usa-
perficiais na aparência (e.g., Harlow, 1958; das em comparações do comportamento hu-
Seligman, 1974). mano-animal.
Seleção de uma espécie. As duas espécies Nomeação do comportamento animal. Os
principais dos laboratórios de psicologia, o rato rótulos associados ao comportamento animal no
e o pombo, freqüentemente têm sido usadas laboratório afetam o entendimento do compor-
na investigação animal do comportamento hu- tamento humano de outras formas também. A
mano. Isso freqüentemente ocorre por questões maioria dos resultados experimentais está aberta
de disponibilidade e conveniência. Em outros a muitas estruturas conceituais e interpretações
casos, espécies específicas têm sido especialmen- diferentes. Discutir autocontrole em vez de sim-
te úteis, seja por planejamento ou ples conformidade a um modelo quantitativo de
serendipidade. Mineka (1987), por exemplo, comportamento de escolha (Rachlin & Green,
usou macacos para desenvolver um modelo ani- 1972), depressão em vez de transferência de
mal de comportamento fóbico porque a forte aprendizagem (Seligman, 1974), ou transmis-
reação que os macacos apresentam diante de são cultural em vez de aprendizagem por meio
cobras é medida facilmente. Talvez as reações da imitação (Lefebvre e Giraldeau, 1994), pode
específicas de cães ao choque inevitável, com- atrair uma audiência mais ampla e facilitar a pro-
binadas com as reações emocionais humanas aos babilidade da extensão ser reconhecida. Um dos
cães submetidos a tais procedimentos, levou a experimentos mais amplamente citados em psi-

15
K. A. LATTAL

cologia é o de análise do comportamento supers- Toda pesquisa comportamental com animais,


ticioso em pombos feito por Skinner (1948). entretanto, não pode, e não deve, ser justificada
Kellogg (1949) notou corretamente o potencial ou avaliada em termos de relevância imediata e
para problemas mentalistas e antropomórficos direta para a compreensão do comportamento
levantados pelo uso do conceito de superstição humano. A pesquisa animal em psicologia e em
por Skinner, mas se Skinner não o tivesse descrito análise do comportamento tem, no mínimo,
dessa maneira, seu trabalho provavelmente não um valor similar para o desenvolvimento de
teria alcançado sua visibilidade atual. Além disso, teoria e para a compreensão do comportamen-
estudos como o de Skinner, que tentam relacio- to animal. O estudo de animais não pode ob-
nar seus resultados a processos comportamentais viamente, suplantar o estudo dos humanos.
humanos interessantes, também estimulam o
desenvolvimento conceitual e pesquisas ao suge- CONCLUSÃO
rir relações entre o comportamento humano e as
diferentes áreas de investigação dentro da análi- Alcançar generalidade estendendo obser-
se do comportamento. Como já foi citado, o vações através de variáveis, ambientes e espécies
impacto é particularmente convincente quando é uma função importante da ciência (Sidman,
o rótulo verbal é apoiado por uma análise expe- 1960). A prática bem estabelecida na psicologia
rimental cuidadosa e completa. de estudar o comportamento animal para
Nomear o comportamento animal em aprofundar o conhecimento do comportamento
termos de supostas contrapartidas humanas, humano exemplifica essa função. Solicitações
mesmo quando questionável por algum moti- recentes de expansão de tais práticas enfatizam
vo, pode também ter o efeito positivo de forçar sua relevância contínua tanto para a ciência quan-
a questão da definição do conceito humano em to para a prática da análise do comportamento
estudo. Baseado em uma análise conceitual e (e.g., Lattal & Doepke, 2001; Mace, 1994). Ao
demonstração brilhantes, Epstein (1986) con- longo de uma grande quantidade de processos e
siderou uma instância de um pombo bicando problemas comportamentais cruciais, um deno-
uma marca no peito, visível somente no espe- minador comum é o método pelo qual o com-
lho, como um exemplo de autoconceito, por- portamento humano é relacionado ao de outros
que uma forma similar de comportamento ti- animais. A despeito da variedade, às vezes con-
nha sido assim denominada nos humanos por fusa, de termos utilizados para descrever esses
alguns investigadores. Embora o uso do rótulo métodos, os processos exemplificam tatos esten-
de autoconceito feito por Epstein possa ser con- didos, especialmente aqueles que Skinner (1957)
troverso nesse contexto, seu trabalho desafiou descreveu como extensão genérica ou metafóri-
aqueles que usam tais rótulos a definir mais ca. A significância de tais extensões é afetada pelos
precisamente seus conceitos. métodos com os quais elas são alcançadas, com
As funções das pesquisas com animais. Pes- uma forte tendência para observações controla-
quisa básica com animais relacionada ao estu- das e sistemáticas em vez de observações casuais
do da aprendizagem e dos substratos fisiológi- ou ordinárias, e comparações funcionais em vez
cos do comportamento também contribui para de estruturais. Conclusões a respeito do lado
o entendimento do comportamento humano. humano do comportamento animal não são de-

16
LADO HUMANO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

rivadas dedutivamente e freqüentemente são ava- Domjan, M., & Burkhard, B. (1986). The principles of
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PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO NO BRASIL
BRAZILIAN GRADUATE PROGRAMS IN BEHAVIOR ANALYSIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO

Áreas de concentração:
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
NEUROCIÊNCIAS E COMPORTAMENTO

DEPARTAMENTO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

COORDENADORA: ELENICE S. HANNA

Cursos: MESTRADO E DOUTORADO

DOCENTES DA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM


ANÁLISE DO COMPORTAMENTO:

David Alan Eckerman


Elenice Seixas Hanna
Jorge Mendes de Oliveira Castro
Josele de Oliveira Abreu Rodrigues
Laércia Abreu Vasconcelos
Lincoln da Silva Gimenes

Informações adicionais e-mail: ppg.cdc@gmail.com

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