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BOTÂNICA ECONÔMICA
Bibliografia
CDD – 581.6
630.28
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forma, sem a prévia autorização.
SUMÁRIO
1 Introdução....................................................................................................................5
2 Domesticação ..............................................................................................................6
6 Plantas ceríferas........................................................................................................23
9 Condimentos..............................................................................................................31
10 Plantas taníferas......................................................................................................34
18 Bioprospecção .........................................................................................................53
19 Bibliografia ...............................................................................................................58
1
INTRODUÇÃO
a. História da domesticação
i. A decisão de domesticar
A origem da domesticação e a razão porque em determinado momento da
história os seres humanos adotaram este processo são questões ainda bastante
obscuras e fonte de inúmeras especulações.
Os registros fósseis e arqueológicos existentes atestam a ocorrência das
primeiras domesticações com sucesso no final do Pleistoceno, cerca de 13.000 atrás.
Se houve tentativas anteriores ou não é algo a ser desvendado. Os primeiros
processos de domesticação parecem coincidir com o aumento da imprevisibilidade
climática, diminuição das populações de espécies animais de grande porte (que eram
preferidas pelas sociedades de caçadores-coletores) e aumento da ocupação
humana de habitats disponíveis. Tais mudanças parecem estar fortemente
relacionadas com a transição do comportamento de caça e coleta, e o nomadismo
associado a isto, para o cultivo de plantas e criação de animais, implicando em
agrupamentos humanos mais sedentários.
A transição da coleta e caça para o cultivo de plantas e criação de animais
resultou inicialmente em mais trabalho, menor estatura de adultos, condição nutritiva
pior e maior carga de doenças para a população humana. Apesar destes problemas,
a longo prazo, os benefícios secundários advindos do sedentarismo produziram
sociedades mais complexas e tecnificadas resultando no domínio destas sobre
aquelas baseadas na coleta e caça.
b. Conseqüências da domesticação
Inúmeras e importantes foram as conseqüências da domesticação. Em termos
das sociedades humanas, a domesticação permitiu uma maior produção de alimento
localmente, resultando no abandono do nomadismo e fixação do homem. O
sedentarismo assim produzido, associado a mais intensa produção de alimento e
conseqüente possibilidade de diversificação de atividades, originou sociedades mais
diversificadas e complexas, estratificadas socialmente, com sistemas de governo
mais organizados e exércitos permanentes, literalmente extinguindo as sociedades
de caçadores-coletores.
Indiretamente, outros problemas surgiram, por exemplo, o surgimento de novas
doenças epidêmicas, cujo aparecimento só foi possível devido aos grandes
adensamentos populacionais. Outro fator que contribuiu para o aparecimento destas
doenças foi o contato mais íntimo com os animais domésticos, sendo estes
reconhecidamente a origem da maioria das doenças epidêmicas modernas. Por outro
lado, como um produto secundário destas epidemias, as populações humanas
sedentárias tornaram-se, por seleção, mais resistentes a estas doenças, e estas, por
sua vez, se tornaram o principal fator de extermínio das populações indígenas que
tiveram contato com as sociedades eurasianas em expansão.
c. O futuro da domesticação
A existência de um relativamente pequeno número de espécies domesticadas
gera em nós a expectativa que, graças à tecnologia atual e conhecimento científico,
um número maior de espécie poderia ser domesticado nestes tempos modernos.
Contrariamente a isto, inúmeros esforços modernos de domesticação de plantas e
animais têm tido poucos resultados práticos, e as espécies mais recentemente
domesticadas (“blueberries”, macadâmia, pecans e morangos) são relativamente
pouco importantes quando comparadas às espécies domesticadas no passado.
Apesar disto, é possível que o conhecimento genético-ecológico-ambiental nos
permita sucesso na domesticação de alguns organismos cujas tentativas passadas
foram frustadas.
Uma outra faceta da domesticação são os seus efeitos negativos sobre os
genótipos humanos selecionados anteriormente pelas centenas de milhares de anos
baseados na caça e coleta. Na sociedade atual, genótipos que anteriormente eram
benéficos entre coletores-caçadores, hoje levam ao aparecimento de doenças como
a diabetes tipo II e a hipertensão devido à conservação de sais no corpo. A baixa
freqüência de diabetes tipo II entre europeus parece ser produto do expurgo de
genótipos favoráveis a esta doença (através da morte prematura dos indivíduos
portadores destes genótipos) ao longo de maior tempo de convivência com culturas
agrícolas domesticadas. Em outras sociedades, onde a exposição a altas
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Mais de 70% das terras cultivadas estão ocupadas pela produção de cereais,
que respondem por mais de 50% das calorias consumidas pelo homem. Entre as
plantas indispensáveis à civilização humana da forma que a conhecemos, destacam-
se três cereais: trigo, arroz e milho.
Os cereais são importantes fontes de carboidratos devido ao endosperma
amiláceo de seus grãos. Por outro lado, têm baixo teor protéico e são pobres em
cálcio, vitamina A (exceto o milho amarelo) e vitamina C. Sendo assim, sua grande
importância está na excelente fonte de carboidratos que representam. As grandes
civilizações do Oriente Médio tiveram seu poder calcado na cultivo de trigo e cevada.
Já nas Américas, o milho foi essencial à pujança dos impérios ali formados. Na Ásia
oriental, em países como a China e o Japão, o arroz representou e ainda representa
a base alimentar daqueles povos.
ii. Sassafrás
O safrol é uma essência originalmente extraída da espécie norte-americana de
Lauraceae Sassafras albidum (Nutt.) Nees. Esta essência é utilizada na indústria
farmacêutica, perfumaria e indústria química.
No Brasil o safrol foi encontrado na canela-sassafrás (Ocotea odorifera (Vellozo)
Rohwer, Lauraceae), abundante no sul do país. A exploração predatória desta
espécie levou a redução acentuada de suas populações nativas, até a proibição de
sua exploração em 1991.
Mais recentemente foi encontrado o safrol na Piperaceae Piper hispidinervum
C.D.C., existente na região amazônica (no Acre principalmente). Nesta condição,
estas piperáceas comportam-se como pioneiras, formando povoamentos quase
puros em áreas de clareiras e prestando-se assim a exploração comercial.
iii. Candeia
A espécie Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish (Compositae) é usada
para a extração de um óleo essencial cujo princípio ativo é o alfabisabolol, muito
utilizado na indústria de cosméticos e fármacos. Esta espécie ocorre em regiões de
campos com altitude variando de 1.000 a 1.700 m (Pérez et al. 2004), sendo comum
nas bordas das matas de galeria que ocorrem nestas regiões, embora também possa
ocupar áreas de interflúvios nestas regiões.
iii. Eucalipto
Diversas espécies do gênero Eucalyptus (Myrtaceae) produzem óleos
essenciais. Este gênero é originário da Austrália, mas é cultivado em todo o mundo,
inclusive no Brasil, onde existem várias espécies plantadas com sucesso. Além de
Plantas aromáticas 27
seus óleos essenciais, a maior importância dos eucaliptos está na produção de
celulose, carvão para siderurgia e outros fins, madeira para mourões e construções,
inclusive podendo ser usada em indústria moveleira.
Os óleos de eucalipto são diversificados, assumindo inclusive importância
taxonômica. Entre os óleos extraídos de espécies de eucalipto podemos citar o
eucaliptol ou cineol (Eucaliptus globulus Labil), usado para inalações; o felandreno
(E. phelandra B & Sm. e outros), usado em desinfetantes e desodorantes; piperitona
(E. dives Schauer e outros), transformado posteriormente em timol e mentol; um
quarto grupo de óleos usado em perfumaria vem de E. marthuri Deane & Maid.
(geraniol e acetato de garanila) e de E. citriodora Hook. (citronelal).
d. Óleos cítricos
Das plantas do gênero Citrus (Rutaceae) extraem-se diversos óleos essenciais
comercializados e valorizados no mundo inteiro. Os óleos podem ser extraídos das
cascas, das folhas ou das flores. Os óleos das folhas (petitgrain) são empregados na
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perfumaria e saboaria fina. Os óleos das flores (neroli) são extremamente apreciados
pela indústria de perfumaria fina.
Tradicionalmente estes óleos eram produzidos em países europeus
mediterrâneos, principalmente na Itália, na ilha da Sicília e sul da França. Hoje, a
produção se estendeu a outros países e continentes.
e. Outras plantas
Inúmeras outras plantas existem no Brasil com potencial para a exploração de
óleos essenciais. Entre as famílias com maior potencial estão Myrtaceae, Lauraceae,
Verbenaceae e Lamiaceae, embora as essências não estejam limitadas a estas
famílias.
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INFUSÕES (ABIC 2007; MACFARLANE 2003;
ODARDA 2007)
d. Outras espécies
a. Pimenta-do-reino
A pimenta-do-reino constitui-se dos frutos de Piper nigrum L. (Piperaceae)
colhidos de vez e, então, secos. Esta planta é cultivada em grande escala na Ásia e
África. No Brasil, foi trazida e cultivada por colonos japoneses, que atualmente
abastecem o mercado interno.
b. Pimenta-de-macaco e pimenta-de-bugre
Espécies do gênero Xylopia (Annonaceae) produzem frutos utilizados como
substitutos da pimenta-do-reino. Entre estas espécies X. aromatica (Lam.) Mart., que
ocorre nos cerrados, é a mais utilizada. Os seus frutos são ralados e aplicados em
carnes, sendo, no entanto, menos picantes que a pimenta-do-reino.
d. Noz-moscada
Extraída da moscateira (Myristica fragrans Houtt.), da família Myristicaceae, a
noz moscada é quase exclusivamente produzida na ilha de Granada, no Caribe. No
Brasil, tem-se uma espécie de Lauraceae (Cryptocarya moschata Mart.), cujas
sementes apresentam propriedades semelhantes a noz moscada verdadeira.
e. Canela
A canela é extraída de duas espécies da família Lauraceae, Cinnamomum
zeylanicum Breyne, originária do Ceilão, e C. cassia Nees, originária China, sendo
cultivada em toda a Ásia Tropical.
f. Louro
O louro (Laurus nobilis L., Lauraceae) tem origem mediterrânea e suas folhas
são tradicionalmente usadas na culinária brasileira.
g. Gengibre
O rizoma desta planta (Zingiber officinale Rosc., Zingeberaceae) originária da
Índia e Indochina é usado como condimento culinário e em bebidas alcoólicas.
i. Baunilha
A baunilha é extraída comercialmente da Orchidaceae Vanilla planifolia Andr.,
de origem mexicana, embora existem inúmeras outras espécies pertencentes a este
gênero e possuidoras do mesmo aroma.
As plantas são trepadeiras cultivadas tradicionalmente no México há séculos.
No entanto, o maior produtor é Madagascar. Tradicionalmente a cultivo se dá em
matas derrubadas onde se deixam algumas árvores para servirem de suporte. Para
que ocorra a produção de frutos, a polinização é efetuada manualmente.
Normalmente os frutos são secos em um processo complicado e vendidos a países
como os EUA, o maior consumidor.
Condimentos 33
j. Cravo-da-índia
O cravo-da-índia constitui-se dos botões florais secos da espécie de Myrtaceae
Syzygium aromaticum Merr. & Per. Tais botões são extremamente apreciados como
condimento, graças à presença do eugenol. Uma outra aplicação deste produto é na
Medicina e Odontologia como analgésico. Em herbários, tradicionalmente emprega-
se o cravo-da-índia como repelente de insetos pragas.
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PLANTAS TANÍFERAS (RIZZINI & MORS,
1995)
Várias plantas são capazes de produzir taninos, mas apenas umas poucas são
utilizadas comercialmente devido à concentração destes produtos. Os taninos têm a
propriedade de embeber tecidos, couros e peles, tornando-se menos putrescíveis,
por isso são largamente utilizados na curtição de couros.
a. Acácia-negra
De origem australiana, esta planta (Acacia decurrens Willd., Leguminosae) foi
introduzida em diversos outros países para a produção de taninos. Entre estes
países estão o Brasil e a África do Sul. Esta espécie é provavelmente a mais
importante na produção de taninos. No Brasil, ela é cultivada principalmente no Rio
Grande do Sul, ocupando áreas extensas e sendo a espécie mais importante na
produção de taninos no país.
b. Barbatimão
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov. (Leguminosae) é uma espécie
extremamente comum em cerrados. Tradicionalmente esta espécie tem suas
populações naturais exploradas para a extração de taninos. Ramos e árvores são
cortados, tendo suas cascas extraídas. Após o corte ocorre a regeneração abundante
desta espécie.
c. Quebracho
O quebracho (Schinopsis lorentzii (Griseb.) Engl., Anacardiaceae) já foi
considerada a até a década de 40 a espécie mais importante para a extração de
taninos. Neste caso, tais substâncias são extraídas do lenho e não da casca. O
quebracho tem a sua ocorrência em áreas confluentes do Paraguai, Argentina e
Brasil e, embora até hoje, este seja um produto importante de exportação do
Paraguai e Argentina, o quebracho perdeu relevância para outras matérias primas
mais comuns e exploráveis.
Plantas taníferas 35
d. Outras espécies
b. Fibras de folhas
Várias espécies pertencentes às monocotiledôneas possuem folhas cujas fibras
encontram diversos empregos na confecção de tecidos e cordas. Normalmente as
folhas destas plantas são colhidas, malhadas em cepo e lavadas abundantemente
em água. Após a secagem, são “penteadas” em máquinas especiais.
Duas espécies de Agavaceae do gênero Agave são especialmente importantes
para isto, A. furcroides Lem., mais explorado no México e A. sisalana Perr., mais
cultivado no Brasil. As plantas deste grupo estão adaptadas a climas mais secos, se
dando bem no Nordeste brasileiro. Após alguns anos, estas plantas emitem um
enorme pendão floral que, ao invés de produzir flores, originam uma quantidade
enorme de bulbilhos, sendo estes utilizadas no plantio.
O Brasil é o segundo produtor mundial de sisal, sendo o produto empregado na
confecção de cordas, barbantes, chapéus, redes, etc. Além disto, partes da planta
podem ser empregadas para a alimentação animal ou na produção de pasta
celulósica. No México, o eixo da inflorescência é empregado na produção da tequila.
Outras plantas produzem fibras de folhas úteis, entre elas cabe destacar o
abacá (Musa textilis Neé, Musaceae), chamada também de banana têxtil, que é um
dos produtos agrícolas mais importantes nas Filipinas. Tem-se ainda o caroá
(Neoglaziovia variegata (Arr. Cam.) Mez., Bromeliaceae) e espécies de Sensevieria
(Liliaceae).
c. Fibras de entrecasca
Várias plantas produzem fibras encontradas no caule entre a casca e o
periciclo, às vezes incluindo este último.
O linho (Linum usitatissimum L., Linaceae), além da extração de óleo, é
cultivado para produção de fibras utilizadas em tecidos. Outra espécie, usada da
mesma forma é o cânhamo (Cannabis sativa subsp. sativa L., Cannabinaceae), que
não possui o princípio ativo da maconha (Cannabis sativa subsp. indica (Lam.) Small
& Crong.).
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A juta é extraída de duas espécies de Corchorus (Malvaceae), C. olitorius L. e
C. capsularis L., ambas originárias da Ásia e cultivadas principalmente na Índia, em
terrenos alagadiços. A fibra é extraída colhendo-se a planta debaixo da água e
pondo-a a secar. Após a secagem é colocada novamente na água para que ocorra
putrefação, sendo então removido os detritos, tornando-se as fibras facilmente
destacáveis. Lava-se novamente e processa-se a secagem. A juta é utilizada para
confecção de sacarias para cereiais, café, etc. Atualmente, a juta tem sido produzida
no Brasil na região do baixo Amazonas.
O Ramie ou rami (Boehmeria nivea (L.) Gaud., Urticaceae) é originário da Ásia,
mas ocorrendo de forma sub-espontânea no Brasil. No exterior, é principalmente
cultivado na Japão, China e Índia. No Brasil, vem sendo cultivado desde a década de
50, principalmente por imigrantes japoneses. As suas fibras são extremamente
resistentes e são separadas quimicamente, sendo utilizadas para fabricação de
roupas de baixo, estofamento, barbante e papel.
Outras espécies podem ser utilizadas neste sentido, como é o caso de algumas
malváceas tais como guaxima (Urena lobata L.), malvas (Sida rhombifolia L., entre
outras espécies do gênero Sida) e mamorana (Pachira aquatica Aubl.).
d. Fibras de palmeiras
As palmeiras (Palmae) são importantes fornecedoras de fibras. Entre elas cabe
destacar as piaçavas, extraídas das bainhas das plantas, principalmente das
espécies Attalea funifera Mart. (na Bahia), Leopoldinia piassaba Wall. (na Amazônia).
Outras palmeiras podem ser úteis para isto, principalmente aquelas do gênero
Oenocarpus.
Outras fibras são extraídas do coco-da-bahia (Cocos nucifera L.), do mesocarpo
do fruto, das folhas do tucum (Astrocaryum tucumã Mart.), da carnaúba (Copernica
cerifera (Arr. Cam.) Mart.) e do buriti (Mauritia spp.).
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PLANTAS CORTICEIRAS (RIZZINI
& MORS, 1995)
a. Henê
Desde o início da cosmética, o henê, extraído da Lythraceae Lawsonia inermis
L., alcançou e ainda alcança uma posição de proeminência. Originário do Oriente
Próximo, ainda hoje é utilizado em tinturas de cabelos.
O cultivo desta espécie é mais expressivo na África e Ásia Austral, podendo ser
cultivado no Brasil também.
b. Urucum
O urucum (Bixa orellana L., Bixaceae) é uma espécie neotropical que possui
sementes revestidas de arilo vermelho-cinabarina, rico em bixina, um pigmento
insípido e inócuo utilizado para colorir alimentos. Freqüentemente, este produto é
vendido como colorau. O pigmento foi no passado utilizado pelos índios para pinturas
no corpo, sendo utilizado, como veículo, óleos animais ou vegetais, já que ele é
lipossolúvel. Uma de suas propriedades interessantes é sua ação como filtro solar
em relação aos raios ultravioletas.
c. Pau-campeche
Haematoxylon campechianum L. (Leguminosae) é uma espécie nativa da
América Central que produz um pigmento de cor negra extremamente duradouro, a
hemateína, por isto sua importância. Além disto, desta espécie se extrai a
hematoxilina, utilizada em laboratórios de histologia como corante.
Plantas tintoriais 41
d. Pau-brasil
Intimamente ligado a história de nosso país, o pau-brasil (Caesalpinia echinata
Lam., Leguminosae), além de emprestar o nome a nação, forneceu durante um longo
tempo um pigmento vermelho, a brasileína, de grande importância no comércio dos
séculos XVI e XVII. A exploração desta espécie foi tão intensa, que até hoje é rara na
Mata Atlântica.
e. Outras espécies
e. Plantas inseticidas
Plantas com princípios inseticidas já foram mais utilizadas antes do advento de
inseticidas sintéticos. Neste sentido, plantas com presença de rotenona, como é o
caso de Derris urucu (Killip et Smith) Macbride (Leguminosae), já foram cultivadas e
comercializadas no passado.
Uma outra planta ainda muito utilizada é o piretro (Chrysanthemum
cinerariaefolium Bocc., Compositae), de onde se extrai piretróides.
Do tabaco (Nicotiana tabacum L., Solanaceae) se utiliza a nicotina e outros
alcalóides úteis na combate a insetos. Outras plantas extremamente tóxicas são
espécies do gênero Ryania (Salicaceae), entre as quais R. acuminata Eiclh e R.
speciosa Vahl. são as mais conhecidas, possuindo os nomes populares de mata-
cachorro ou mata-calado. Seu composto ativo é a rianodina.
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f. Plantas alucinógenas
Algumas plantas possuem substâncias que provocam um estado alterado de
consciência, alucinações, sonhos, etc. Muitas destas plantas foram e são utilizadas
em cerimônias religiosas. Entre elas, uma das mais famosas é a cactácea mexicana
Lophophora williamsii (Lem.) Coult., chamada de mescal ou peytl, cujo alcalóide
psilocibina provoca potentes alucinações.
No Brasil, o toe (Datura insignis Barb. Rodr., Solanaceae) foi e é utilizado pelos
índios como alucinógeno devido a substância escopolamina. Ainda no Brasil, o caapi
ou iagê (Banisteriopsis caapi (Spruce) Morton, Malpighiaceae), devido à presença de
harmina, produz alucinações fortes e é utilizada em rituais religiosos.
Na caatinga, plantas do gênero Mimosa (Leguminosae), tais como M. verrucosa
Benth. (jurema branca) e M. hostilis Benth. (jurema-preta), possuem em sua casca o
alucinógeno dimetiltriptamina. Uma outra leguminosa comum em todo o Brasil com
compostos alucinógenos é Anadenanthera peregrina (L.) Speg., o angico-vermelho,
cujas sementes torradas e reduzidas a pó possuem elevada dose do alcalóide
bufotenina.
g. Plantas alergênicas
Um dos grandes obstáculos ao emprego da mamona na confecção de rações
são os compostos alergênicos de sua proteína. Outras plantas podem ter compostos
alergênicos problemáticos, como é o caso da caviúna-vermelha (Machaerium
scleroxylon Tul, Leguminosae) que, apesar de sua valiosa madeira, o contato
progressivo com o lenho sensibiliza os indivíduos que lidam constantemente com
esta espécie. Algumas anacardiáceas como as do gênero Lithraea, na América do
Sul, Toxicondendron¸ na América do Norte e Rhus, na Ásia têm alto potencial
sensibilizador para o tegumento cutâneo.