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Carlos Leão
No entanto, uma crítica inicial que podemos fazer ao texto e à sua forma metafórica é
a sua extraordinária possibilidade em se transformar em ruído, no âmbito de uma
pesquisa documental numa base de dados, o que levantaria problemáticas de seleção
de documentação nessa mesma pesquisa. A capacidade de um artigo de relevância e
cariz científico se tornar “invisível” aos olhos do investigador fica aqui bem patente.
Talvez numa pesquisa acerca de culinária o investigador tivesse mais sorte, pelo que
se conclui que o título não contém os referentes conceptuais que o corpo do texto
pretende transmitir. Chamo também a atenção para o facto deste texto mostrar
claramente, que o uso de metáforas definitivamente não é a melhor forma de transmitir
informação científica. Esta forma de escrita torna as ideias dúbias e de interpretação
pessoal variada, isto quando se pretende isenção e rigor.
Estas rotinas e esta organização simples e repartida será modificada pela chegada de
um misterioso personagem que não é mais que a representação simbólica e
metafórica da chegada de uma revolução industrial, com consequências sociais, ao
Mas os problemas estavam só no início. Como fazer com que toneladas de alimentos
mantivessem a frescura e a qualidade igual à das sopas individuais? Como poderiam
limpar o gigante caldeirão? Rapidamente soluções exigentes foram surgindo para dar
resposta a problemas complicados de manutenção e funcionamento da referida
máquina.
O nosso caldeirão, que não é mais que o nosso grande primeiro computador, que
ocupava o tempo dos engenheiros e técnicos especializados, era também uma gigante
central de processamento de informação. Os dados eram pois introduzidos lentamente
e lentamente a máquina lá ia processando e trazendo novas problemáticas a resolver
pelo Homem. Podemos pois imaginar as dificuldades que enfrentavam as empresas
Outra questão surge entre os aldeões, pois já não conseguiam comer a sopa que
continha os sabores que mais gostavam. A diversidade dos gostos e a impossibilidade
de o grande caldeirão os satisfazer também se tornou uma problemática. Aqui vemos
refletida a noção de que a centralização elimina por vezes características individuais
em prol da unificação de ideias comuns, e para que isso não acontecesse de forma
tão perentória tiveram de ser desenvolvidos novos algoritmos, novos softwares, novas
soluções cada vez mais exigentes, fazendo com que a relação custos/benefícios fosse
analisada continuamente.
Parece que um dos pontos fulcrais da metáfora prende-se com a dificuldade dos
aldeãos em se deslocarem ao mesmo tempo para ir buscar a sopa, trazendo uma
longa demora e fazendo com que a sopa chegue a casa fria. Aqui vejo novamente um
grande paralelismo às problemáticas da centralização, na nossa realidade. O facto de
a informação no início estar condicionada a poucos sítios, devido ao preço e dimensão
dos computadores, trouxe a dificuldade de acesso aos mesmos. A solução
encontrada, nesta aldeia, para o problema da partilha da sopa e sua distribuição foi a
instalação de uma rede de tubagens que transportariam a sopa a todas as habitações.
A solução pareceu inteligente mas pouco eficaz, uma vez que o povo não deixou por
isso de querer comer à mesma hora. O tráfego também afetava a rede. O facto de
todos abrirem a torneira ao mesmo tempo levava muitas vezes à não obtenção do
precioso bem ou a que este aparecesse frio novamente e ainda em casos de avaria
ficavam sem sopa durante dias.
Também na realidade passou pela criação de uma rede (as origens da world wide web
ou rede de alcance mundial, mais conhecida como internet), a solução da nossa
distribuição e divulgação de informação. As problemáticas que observamos na história
também se repetem na nossa vida. Ainda hoje nos debatemos com dificuldades de
Na história que o autor nos conta podemos ver pois o grande caldeirão e as torneiras
em cada casa como um sistema centralizado de informação, que veio reunir toda a
informação num só lugar, podendo ser acedido de um terminal, uma clara analogia ao
modelo de distribuição, largamente utilizado na sociedade atual pela maioria das redes
informáticas. Quanto aos caldeirões pequenos podemos facilmente encontrar a sua
analogia com o modelo de repartição, em que a informação se encontra repartida por
variadas fontes, vários lugares distintos de uma mesma empresa, cidade, país.
No entanto, esta mesma história vem alertar-nos para vários fenómenos problemáticos
da utilização massiva do primeiro modelo, o de centralização: a uniformização da
informação, onde dificilmente obteremos variadas escolhas, tendendo invariavelmente
para uma igualdade algo exagerada, e onde pode sobressair alguma perda de
identidade e informação. A escolha das maiorias faz lentamente desaparecer as
escolhas ou identidades individuais. Outra das problemáticas que aqui observamos
metaforizadas na história é a dificuldade nas comunicações quando os fluxos atingem
níveis elevados de utilização pelos internautas. Estas dificuldades podem mesmo
originar percas de tempo infindáveis e mesmo percas de informação. E finalmente as
avarias ou falhas dos sistemas centrais que além de fazerem todo o processo parar e
até ficar irremediavelmente perdido, podem também fazer aumentar drasticamente os
custos de manutenção e desenvolvimento desses mesmos sistemas. Aqui ressalta o
facto de que, se o computador central avariar todo o sistema é penalizado.
Creio que este sistema de centralização é realmente eficaz para muitas situações,
sendo por isso usado com frequência pela sociedade atual. No entanto, acarreta as
suas limitações como qualquer sistema. Tentarmos fugir dele ou nem sequer tirar
partido das suas vantagens seria um erro crasso de evolução individual, colocando-
nos numa situação de completa inadequação às exigências e características do
mundo atual.
Seremos confrontados muitas vezes com situações em que outros modelos mais
individuais, apesar de mais limitados, nos serão vantajosos devido às nossas
diferenças particulares, mas esta escolha e adequação será sinal de que não nos
deixámos absorver pelos desígnios da informatização mas pelo contrário esta se
tornou uma poderosa aliada e sabemos usá-la em nosso partido.
A tecnologia começou a entrar nas nossas vidas já vão muitos anos e jamais voltará
atrás. O facto de ainda persistentemente lhe chamarmos novas tecnologias começa a
ser problemático, até porque a grande franja da população que preparamos para fazer
a continuidade da evolução, não nasceu a conhecer outra, como as anteriores
gerações.
Outra questão a refletir passa pelo facto dos estudantes nos dias de hoje mais
facilmente conviverem com a Web e as tecnologias, relegando para um patamar
secundário outros suportes como livros, revistas, jornais... Alguns dados apresentados
por Michael Wesch (2007) num vídeo publicado na web revelam que um estudante
que esteja online em média 3,5 horas por dia lê 8 livros por ano e em contrapartida
2300 páginas da Web. De onde podemos será que este estudante “retira” mais
informação? Claro que podemos sempre argumentar que a pertinência da informação
disponível da Web é relativa, o que vem de encontro ao que foi abordado de alguma
forma por Bruno Lussato. Mas não nos cabe a nós, seres humanos e ainda
O grande desafio do professor, passa irremediavelmente por refletir sobre todas estas
problemáticas emergentes que estão longe de ser estáticas. É nosso dever descobrir
até onde podemos ir com os nossos alunos, uma vez que brevemente terão de usar
estas ferramentas com a facilidade e destreza com que usam o lápis para escrever e
fazer apontamentos, ou abrem um livro para ler. Rapidamente todas estas
competências se tornarão em processos naturais e intrínsecos ao ser humano, e tal
como no “passado”, serão os educadores a auxiliar nos primeiros passos do início
desta “tecno-educação”.
Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=dGCJ46vyR9o&eurl
Wesch, M. (2007), Web 2.0 ... The Machine is Us/ing Us: [online] [consult 2008-04-11]
Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=6gmP4nk0EOE