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UM ESTUDO À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO IMPACTO DA

SEPARAÇÃO DE PAIS NA APRENDIZAGEM DOS FILHOS


Drª.Mônica Dias Palitot¹
Ms.Francisco de Assis Toscano de Brito²
RESUMO
Esta pesquisa refere-se à relação família - aprendizagem, pois considerada o alicerce da
sociedade e ponto de partida na formação da personalidade a família vem sofrendo
alterações na sua forma de existir. Se antes os laços matrimoniais eram tidos como
indissolúveis aos olhos de Deus e dos homens, hoje temos o divórcio aceito como
“normal” pela sociedade e com leis próprias para regulá-lo. No entanto, por mais
comum que venha sendo sua ocorrência, nos dias atuais, a separação dos pais traz em
seu bojo conseqüências e mudanças profundas para todos os membros da família, sendo
que os mais atingidos são os filhos, principalmente no que concerne a aprendizagem.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram utilizados os aportes teóricos das
representações sociais, estas são estabelecidas na conexão entre o social e o psicológico,
é a forma de como adquirimos os eventos da vida cotidiana, do nosso meio ambiente,
quais sejam o conhecimento do senso comum. Jodelet (2001) coloca que as
representações sociais consistem num conhecimento elaborado e compartilhado
socialmente, nos quais transmitimos através da comunicação verbal, e que nos permite
compreender e explicar acontecimentos do nosso meio, levando em consideração os
fatores situacionais no que concerne a construção do mundo social. O presente estudou
buscou identificar as conseqüências da separação dos pais na aprendizagem dos alunos.
A pesquisa foi desenvolvida em quatro escolas públicas da cidade de João Pessoa- PB,
Brasil. O contingente da amostra estudada (crianças inseridas no contexto escolar do
ensino fundamental) foi definido por meio dos Professores dos respectivos alunos. Foi
utilizada como instrumento a Entrevista Semi-estruturada. Os dados foram analisados e
interpretados através da Análise de Conteúdo Temática de Bardin (1977). As
Representações Sociais identificadas indicaram que a separação dos pais influencia
diretamente na aprendizagem e no comportamento do aluno, além de ressaltar a
importância da integração família e escola. Conclui-se que embora venha crescendo o
número de alunos com pais separados a escola ainda não está pronta para lidar com esta
nova realidade, ainda não conseguiu na prática realizar seu papel de dar apoio e preparar
para a vida, função esta que vai muito além de transmitir apenas conteúdos teóricos.
Palavras-chaves: separação dos pais; aprendizagem; representações sociais.

1-Doutora em Psicologia Social – UFPB, Mestre em Educação - UFPB. Profª do Curso


de Psicopedagogia –UFPB. Coordenadora de Pesquisa do NESMEP – Núcleo de
Estudos Saúde Mental e Psicometria.
2-Mestre em Políticas Públicas pelo Programa de Pós Graduação em Serviço Social-
UFPB, Profº de Sociologia e de Antropologia da FACENE – PB.
Introdução
A convivência em situação familiar tem conseqüências psicológicas
marcantes, tanto para os pais bem quanto para os filhos, influenciando-os durante todas
as fases do desenvolvimento, desde a infância até a fase adulta e em todos os espaços de
relacionamento social. Dentre os espaços de relacionamento social que sofre a
influência da convivência familiar, destaca-se a escola, principalmente no que se refere
ao processo educativo e de aprendizagem, fato que demonstra a sua importância,
enquanto locus de apoio para os alunos face aos problemas e dificuldades gerados fora
da escola, mas que nela influencia (Almeida, 2006)
Tendo em vista os altos índices de separação de pais a sociedade vem ao
longo da história mudando as suas concepções no que tange às questões como família,
casamento, separação dos pais e re-casamento (PALITOT, 2003). Mediante a
necessidade de compreensão destas novas percepções fundamentamos esse estudo à luz
da Teoria das Representações Sociais Moscovici (2003) por esta afirmar ser "uma
modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de
comportamentos e a comunicação entre indivíduos" (p. 26). Neste direcionamento
Bonfim e Almeida (2005) explicam que é modalidade particular porque só é
representação social o conhecimento advindo do senso comum, ou seja, elaborado
socialmente na vida cotidiana e que tem como função interpretar e agir sobre a
realidade.
A representação social encontra-se em um referencial de pensamento
preexistente, dependendo, portanto, de um sistema de crenças, valores e imagens. Do
ponto de vista cognitivo, fenômenos novos podem ser incorporados a "modelos
explicativos e justificativos que são familiares e conseqüentemente aceitáveis. Esse
processo de troca e composição de idéias (que ocorre por meio do discurso) é
sobretudo necessário, pois ele responde às duplas exigências dos indivíduos e das
coletividades" (Moscovici, p. 216). Por um lado, constroem-se sistemas de pensamento
e de compreensão e, por outro, adotam-se visões consensuais de ação, mantendo o
vínculo social e a continuidade da idéia.

Assim, a Teoria das Representações Sociais oferece condições para o


entendimento e discussão acerca das novas configurações familiares que emergem no
contexto social, tendo em vista que a representação é construída, fazendo as pessoas
darem sentido à sua vivência e ao seu comportamento. A teoria de Moscovici se torna
pertinente ao trabalho em questão por oportunizar que as representações sociais e o
conceito de família sejam evocados pelos professores possibilitando uma reflexão
dentro do binômio família/educação, sendo importante reconhecer que família e escola
são instituições, que no mínimo, se contextualizam com as representações sociais.

Elegeu-se no contexto deste trabalho, como objeto de investigação apreender


as representações sociais de professores do ensino fundamental acerca da influência da
separação dos pais no comportamento em sala de aula e no rendimento escolar dos
alunos.

Método

Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, seguindo os preceitos éticos


da Resolução nº 196/96 CNS/MS, que trata da pesquisa com seres humanos. Esta
pesquisa contou com a participação de 15 professoras, atuantes na terceira série do
ensino fundamental, de escolas públicas estaduais do município de João Pessoa-Pb.

Foi aplicada uma entrevista semi-estruturada, composta, na primeira parte, de


perguntas fechadas, cujas respostas receberam um tratamento quantitativo e resultando
nos dados de caracterização geral dos participantes. A segunda parte da entrevista
aborda aspectos como mudanças de comportamento dos alunos advindos de famílias
cujos pais são separados, problemas mais freqüentes na sala de aula, freqüência do
contato dos professores com os pais destes alunos e os problemas de aprendizagem
observados, as matérias em que apresentam maiores dificuldades e também a questão da
socialização dos mesmos. A partir das interlocuções dos participantes foram criadas
categorias para cada dimensão pesquisada, a partir de critérios descritos por Bardin
(2002) para a análise de conteúdo.

Resultados e discussões

Os dados obtidos na primeira etapa da entrevista demonstram que em média


havia 5,7 alunos, por professor, filhos de pais separados ou em processo de separação;
estes índices demonstram que a criança se encontra em um mundo já estruturado pelas
representações sociais de sua comunidade, possuindo um lugar neste conjunto de
relações e práticas. Evidenciando também a necessidade da escola se adequar cada vez
mais a esta realidade, às novas representações de família que vão surgindo, para que
neste período de ruptura familiar possa oferecer à criança uma fonte de educação e
estabilidade emocional.(PALITOT,2003) Todos os professores informaram haver
psicólogos, e em sua fala enfatizam a importância destes profissionais, embora apenas
um pouco mais da metade encaminhem os alunos a estes profissionais (66%).

Os resultados provenientes da segunda parte das entrevistas fizeram emergir


quatro categorias e sete subcategorias. A primeira categoria refere-se às manifestações
comportamentais com duas subcategorias: presença de comportamentos agressivos e
comportamentos de retraimento. A primeira objetivada pelos elementos: agressividade
(34,76%), rebeldia (16,33%), desobediência (14,29%), distração (14,29%), falta de
motivação (10,20%), difíceis de lidar (17,65%), estes comportamentos, segundo os
professores, fazem com que estes alunos sejam tidos como “alunos problemas”, sendo
que este tipo de rótulo poderá ser de extrema importância na construção da identidade
da criança, pois este é um modo de organizar significados que irá possibilitar à pessoa
se posicionar como ator social. E a segunda objetivada nos elementos: isolamento
(4,08%), timidez (4,08%) e depressão (3%), carentes (23,54%). Observou-se que estas
subcategorias influenciam tanto na aprendizagem quanto nas relações sociais entre os
professores e seus pares.
A segunda categoria relaciona-se as manifestações cognitivas expressa pela
subcategoria problemas de concentração, objetivada pelo: baixo índice de rendimento
escolar (21,31%), distração (19,67%), conversas (16,39%), desatenção (32,35%), falta
de compromisso com as atividades (26,46%). É inegável a influência que um professor
exerce sobre seus alunos, principalmente no ensino fundamental, e a necessidade destes
possuírem habilidades para ajudarem seus alunos a superarem estas dificuldades. Não
há como compreender a educação, deixando de lado a análise das relações sociais
estabelecidas entre professores e alunos. Assim, cada vez mais se torna amplo o papel e
a responsabilidade assumidos pela escola e por seus protagonistas, os professores; além
de que o diálogo entre a família e a escola com voltas a encontrar um equilíbrio no
desempenho escolar torna-se imprescindível.
A terceira categoria diz respeito aos distúrbios de aprendizagem, com duas
subcategorias: dificuldade de raciocínio matemático e nas atividades escolares em
geral. A primeira é objetivada na assimilação da aritmética (34,21%), dificuldade na
compreensão do conteúdo (31,58%); e a segunda em dificuldade na leitura oral
(23,68%) e disortografia (7,9%). Segundo Duveen(2002), é somente quando apreciamos
as conseqüências das dificuldades e fracasso na escola, que o sentido, no qual as
representações sobre a matemática também expressam uma identidade social, se torna
aparente.
A quarta categoria refere-se ao comportamento relacional dos pais com a
escola apresentada com duas subcategotias: a ausência de compromisso, nesta
subcategoria observou-se o déficit de contato (40%), só aparecem quando convocados
(26,67%) e a segunda referente ao compromisso com apenas (13,33%). Dos contatos
realizados 100% das vezes só comparecem as mães, os pais segundo os professores são
totalmente ausentes da escola. Diante desta realidade a teoria das representações sociais
oferece subsídio para entendimento e discussão acerca das novas configurações
familiares que adentram no contexto social.
Sempre que há comunicação, existe também o processo de influência social,
e nesse aspecto, pode ser observado que novas formas de representações sociais são
criadas. Conseqüentemente, elas não são estáticas e, sim, dinâmicas, o que permite às
pessoas reavaliarem suas crenças, imagens, percepções, adequando-as ao contexto
social em que se encontram (Moscovici, 2003).

Considerações finais

PALITOT (2003), afirma que embora sendo a separação dos pais um


processo comum na sociedade atual, cria inevitavelmente problemas sérios de
ajustamento para os adultos e crianças envolvidos e no desenvolvimento deste estudo
apreende-se representações sociais negativas referentes ao impacto dessas separações na
aprendizagem dos filhos, objetivadas nos problemas ensino-aprendizagem e das
mudanças percebidas pelos professores nestes alunos.
Na escola, essa dinâmica interacional deve ganhar uma outra dimensão, visto
que as professoras irão compartilhar linguagens e sentidos de mundo diversos que serão
auxiliadores na elaboração, construção e, caso necessário, na reconstrução das
representações sociais, ao lado de seus alunos e suas respectivas famílias. Acredita-se
que esta pesquisa possa contribuir para que o tema família seja abordado e discutido sob
outros olhares, bem como possa oferecer suporte para a realização de projeto de
intervenção psicoeducacional capaz de mobilizar e sensibilizar os educadores para que
possam rever sua atuação pedagógica.
Referências

ALMEIDA, S. F. C; SANTOS, M.C.A.B.; ROSSI,T. M. F. Representações sociais de professores do


ensino fundamental sobre violência familiar. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 22, n. 3, 2006.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições, 2002.

BONFIM, Z. A. C. e ALMEIDA, S. F. C. de. Representação social: conceituação, dimensão e funções.


Revista de Psicologia, 9(1-2), 75- 89, 2005.

DUVEEN, Gerard. Crianças enquanto atores sociais: as representações sociais em


desenvolvimento.In:Guareschi,P.&Jovchelovitch,S(Orgs).Psicologia Social:Textos em Representações
Sociais. Petrópolis:Vozes, 2002.

MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: UFMG,


1999.

MORENO, MªC.CUBERO, R.Relaçoes sociais nos anos escolares:família, escola e colegas.In: COLL,
C.PALACIOS, J.MARCHESI, A.(Org.).Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia
evolutiva. Artmed: Porto Alegre, 1995.

MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2006.

PALITOT, M.D. Separação de pais: impacto na aprendizagem dos filhos –alunos da rede pública . João
Pessoa, 2003.132f. Dissertação Mestrado em Educação-UFPB.

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