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DO CABIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NAS DECISÕES

INTERLOCUTÓRIAS

Os embargos de declaração constituem um instrumento


concedido às partes para requerer ao magistrado que
esclareça obscuridade, contradição ou omissão da sentença
proferida. Seu objetivo é de esclarecer ou explicar os
pronunciamentos judiciais.

O Código de Processo Civil adotava duas posições quanto aos


embargos: a) nos artigos 464 e 465 estabelecia que cabiam
embargos contra sentença que contivesse obscuridade,
dúvida, contradição ou omissão, e que deveriam ser
interpostos no prazo de 48 horas contadas da publicação da
sentença; b) nos artigos 535 a 538, determinava que os
embargos de declaração poderiam ser pospostos contra
acórdão que também contivesse obscuridade, dúvida,
contradição ou omissão; todavia, neste último caso, o prazo
para propô-los era de cinco dias.

Com o advento da Lei nº 8.950/94 (que alterou o Código de


Processo Civil), os embargos foram unificados no artigo
535, e são cabíveis quando houver, na sentença ou acórdão,
obscuridade, contradição ou omissão, devendo ser
interpostos no prazo de 5 (cinco) dias.

O pressuposto de admissibilidade dessa espécie de recurso é


a existência de obscuridade ou contradição na decisão, ou
omissão de algum ponto sobre que devia pronunciar-se.
"Obscuro é o ato decisório ambíguo, capaz de propiciar
interpretações díspares; contraditório é aquele cujas
asserções, porque contrastantes, se apresentam de
entendimento inconciliável, e omisso é o que silencia
acerca de pontos argüidos, hipótese inexistente na
hipótese" (EDMS n. 5.884, da Capital, rel. Des. Francisco
Oliveira Filho).

Quanto ao objeto, pode-se dizer que, todo e qualquer


pronunciamento jurisdicional pode ser objeto de embargos:
sentenças, acórdãos ou decisões interlocutórias. Com
relação a estas últimas (interlocutórias), há divergência
doutrinária sobre cabimento de embargos, porém, nada mais
justo esta possibilidade, pois não muito raro, decisões
interlocutórias também apresentam obscuridade, contradição
ou omissão.

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alinhar decisões com posicionamentos do STJ e STF
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Não se deve, porém, confundi-las com os despachos,


que são irrecorríveis (artigo 504, CPC), pois apenas
impulsionam o processo.

A decisão interlocutória, segundo estabelece o artigo 162,


§ 2º, do Código de Processo Civil "é o ato pelo qual o
juiz, no curso do processo, resolve questão incidente."

No dizer de Wambier [1], conceitua-se decisão interlocutória


como o pronunciamento do magistrado de cunho decisório,
independentemente de seu conteúdo específico (desde que não
seja o conteúdo encontrável na previsão dos arts. 267 e
269), e que, por isso, não tem o efeito de encerrar o
processo ou o procedimento em primeiro grau."

Nesta mesma linha, Vechiato diz que interlocutória,


incidental ou intermediária é a "decisão proferida no curso
do processo, sem extingui-lo, resolvendo as questões
incidentes ou determinando medidas ordinatórias para o
prosseguimento da demanda." [2]

Para Chiovenda [3], interlocutórias são as "que não põem fim


à relação processual, mas provêem no curso dela sobre
determinado ponto da causa;"

Com base nestes conceitos, ao causídico surge a seguinte


pergunta: o que fazer para correção de imprecisões contidas
na decisão interlocutória ? Agravar ou embargar ?

O questionamento surge da redação do artigo 535, do Código


de Processo Civil:

"Art. 535. Cabem embargos de declaração quando:

I - houver na sentença ou no acórdão obscuridade ou


contradição;

II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o


juiz ou tribunal." (g.)
Inicialmente, se fizéssemos apenas uma interpretação "en
passant" e gramatical do artigo supracitado, poderíamos
dizer que não são admissíveis embargos de declaração em
decisões interlocutórias; entretanto, "o jurista há de
interpretar as leis com o espírito ao nível do seu tempo,
isto é, mergulhado na viva realidade ambiente, e não
acorrentado a algo do passado, nem perdido em alguma
paragem, mesmo provável, do distante futuro".(PONTES DE
MIRANDA, Código 1939, vol. XII, p. 23).

A nosso ver é perfeitamente possível que os operadores do


Direito optem pelos embargos declaratórios em face das
decisões interlocutórias, desde que, sempre observando os
pressupostos de admissibilidade.

Ora, é claro que a parte poderia recorrer ao recurso de


agravo, porém, data venia, muito mais simples e célere os
embargos declaratórios, tendo uma tramitação muito mais
prática que o agravo, que, em alguns casos, pode revestir-
se de efeito suspensivo, até decisão final, contribuindo
com a demora na solução do feito.

Ademais, se os jurisdicionados têm direito à prestação


jurisdicional, "é evidente que essa prestação há de correr
de forma completa e veiculada através de uma decisão que
[4]
seja clara" , muito embora esta decisão seja
interlocutória.

Para Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery [5], "o ato
judicial embargável é a decisão interlocutória, a sentença
e o acórdão (...) Embora se refira apenas à sentença e
acórdão, os vícios apontados na norma comentada não podem
subsistir na decisão interlocutória, que deve ser corrigida
por meio de EDcl."

Por sua vez, Humberto Theodoro Júnior [6] leciona que


"qualquer decisão comporta embargos declaratórios, porque,
como destaca Barbosa Moreira, é inconcebível que fiquem sem
remédio a obscuridade, a contradição ou a omissão existente
no pronunciamento jurisdicional. Não tem a mínima
relevância ter sido a decisão proferida por juiz de 1º grau
ou tribunal superior, em processo de conhecimento, de
execução ou cautelar, nem importa que a decisão seja
terminativa, final ou interlocutória."

Nesta mesma esteira, Félix Sehnem também entende que "não


se pode permitir que a insegurança gerada por defeitos no
pronunciamento, que impeçam a sua compreensão e dificultam
o andamento do feito, permaneçam sem conserto. Portanto,
pode a parte, através de embargos, pedir o esclarecimento
ou a complementação de uma decisão interlocutória. [7]"
Como se vê, a posição adotada pela maioria dos
doutrinadores é pela da admissibilidade de se interpor
embargos declaratórios contra decisões interlocutórias e, a
jurisprudência também não desvirtua. Os Tribunais Pátrios
têm se manifestado:

"PROCESSUAL CIVIL – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA – CABIMENTO DE


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTERRUPÇÃO DO PRAZO RECURSAL –
PRECEDENTES – 1. Recurso Especial interposto contra V.
Acórdão segundo o qual não cabem embargos declaratórios de
decisão interlocutória e que não há interrupção do prazo
recursal em face da sua interposição contra decisão
interlocutória. 2. Até pouco tempo atrás, era discordante a
jurisprudência no sentido do cabimento dos embargos de
declaração, com predominância de que os aclaratórios só
eram cabíveis contra decisões terminativas e proferidas
(sentença ou acórdãos), não sendo possível a sua
interposição contra decisões interlocutórias e, no âmbito
dos Tribunais, em face de decisórios monocráticos. 3. No
entanto, após a reforma do CPC, por meio da Lei nº 9.756,
de 17.12.1998, D.O.U. De 18.12.1998, esta Casa Julgadora
tem admitido o oferecimento de embargos de declaração
contra quaisquer decisões, ponham elas fim ou não ao
processo. 4. Nessa esteira, a egrégia Corte Especial do
Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de ser
cabível a oposição de embargos declaratórios contra
quaisquer decisões judiciais, inclusive monocráticas e, uma
vez interpostos, interrompem o prazo recursal, não se
devendo interpretar de modo literal o art. 535, CPC, vez
que atritaria com a sistemática que deriva do próprio
ordenamento processual. (ERESP nº 159317/DF, Rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 26.04.1999) 5.
Precedentes de todas as Turmas desta Corte Superior. 6.
Recurso provido." (STJ – Resp 478459 – RS – 1ª T. – Rel.
Min. José Delgado)

"Os embargos declaratórios são cabíveis contra qualquer


decisão judicial e, uma vez interpostos, interrompem o
prazo recursal (...)" (STJ – Resp 111.637-MG – rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira)

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – DECISÃO PRELIMINAR QUE ANALISA A


CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO – POSSIBILIDADE DESDE QUE PRESENTES OS
PRESSUPOSTOS DO ART. 535 DO CPC." (TJSC, Embargos de
declaração no agravo de instrumento n. 00.011859-1, de
Gaspar, Relator Des. Ruy Pedro Schneider)

"RECURSO – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTERPOSIÇÃO CONTRA


DECISÃO INTERLOCUTÓRIA – ADMISSIBILIDADE – Interrupção do
prazo recursal de agravo. Preliminar de intempestividade
repelida. Inteligência dos artigos 535, I, e 538, caput, do
Código de Processo Civil. Toda decisão judicial, inclusive
a decisão interlocutória, de que trata o artigo 162, § 2º
do Código de Processo Civil, comporta embargos de
declaração, cuja só interposição interrompe o prazo doutro
recurso." (TJSP – AI 186.589-4 – 2ª CDPriv. – Rel. Des.
César Peluso)

Nota-se, portanto, que a jurisprudência de nossos Tribunais


é, em sua maioria, pela admissibilidade do oferecimento de
embargos de declaração contra qualquer decisão judicial,
inclusive as interlocutórias, afinal, posicionamento este
mais coerente, caso contrário, permitir-se-ia que as partes
ficassem inertes perante decisões omissas, obscuras ou
contraditórias, ou muito mais, apostaríamos numa provável
procrastinação e eternização do processo.

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WAMBIER, Luiz Rodrigues, ALMEIDA, Flávio Renato Correia de,


TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil. vol.
I. 3 ed. rev., atual. e ampl. 3ª tiragem. São Paulo :
Revista dos Tribunais, 2000-2001.

NOTAS
1
WAMBIER, Luiz Rodrigues, ALMEIDA, Flávio Renato Correia
de, TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
vol. I. 3 ed. rev., atual. e ampl. 3ª tiragem. São Paulo :
Revista dos Tribunais, 2000-2001. p. 177.
2
VECHIATO JÚNIOR, Walter. Curso de Processo Civil. Volume
II. Juarez de Oliveira, 2002, p. 05.
3
CHIOVENDA, Giuseppe, LIEBMAN, Enrico Tullio, CAPITANIE,
Paolo. Instituições de direito processual civil : as
relações processuais a relação ordinária de cognição. 2.
ed. Campinas : Book Seller, 2000.
4
WAMBIER, Luiz Rodrigues, ALMEIDA, Flávio Renato Correia
de, TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil.
vol. I. 3 ed. rev., atual. e ampl. 3ª tiragem. São Paulo :
Revista dos Tribunais, 2000-2001. p. 696.
5
NERY JÚNIOR, Nelson, NERY, Rosa Maria Andrade. Código de
processo civil comentado e legislação processual civil
extravagante em vigor. 6ª. ed. rev. e ampl. São Paulo :
Revista dos Tribunais, 2002, p. 902.
6
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual
Civil. Vol. I, 21 ed. Rio de Janeiro : Forense, p. 587.
7
SEHNEM, Felix. Embargos declaratórios. Jus Navigandi,
Teresina, a. 7, n. 61, jan. 2003. Disponível em:
<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3681>. Acesso
em: 25 fev. 2004.

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