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DESAFIOS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NO

AMBIENTE EMPRESARIAL

João Veríssimo da Silva Júnior


Gilberto de Andrade Corrêa

Monografia apresentada à Faculdade de


Engenharia de Guaratinguetá, Universidade Estadual
Paulista como parte dos requisitos para obtenção do
certificado de Especialista em Informática Empresarial

Orientador - Edgard Dias Batista Júnior

Guaratinguetá
2001
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecemos a Deus, fonte da vida e da graça.


Agradecemos pela nossa vida, nossa inteligência, nossa família e nossos
amigos,
ao Sr. Paulo Celso Mathias que sempre colaborou conosco no que foi
possível,
aos nossos pais e familiares que apesar das dificuldades enfrentadas,
sempre incentivaram nossos estudos,
ao nosso orientador, Prof. Dr. Edgard Dias Batista Júnior que jamais
deixou de nos incentivar. Sem a sua orientação, dedicação e auxílio, o estudo
aqui apresentado seria praticamente impossível.
SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
RESUMO
ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................10

2. AS BASES CONCEITUAIS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ....................................13

2.1 ESTRUTURA GENÉRICA PARA COMÉRCIO ELETRÔNICO.............................18

2.2 COMÉRCIO ELETRÔNICO ORIENTADO PARA O CONSUMO..........................20

2.3 AMBIENTE DIGITAL ..........................................................................................23


2.3.1 INTERNET......................................................................................................24
2.3.2 INTRANET E EXTRANET..............................................................................24
2.3.3 WORLD WIDE WEB.......................................................................................25
2.3.4 SERVIÇOS ON-LINE ......................................................................................25

2.4 COMÉRCIO ELETRÔNICO NA INTERNET.........................................................26

2.5 ESTRUTURA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO .....................................................29


2.5.1 PLANEJAMENTO...........................................................................................30
2.5.2 SEGURANÇA .................................................................................................32
2.5.3 MARKETING ...................................................................................................38
2.5.4 LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO....................................................................38
2.5.5 ASPECTOS LEGAIS .......................................................................................40

3. COMÉRCIO ELETRÔNICO E O AMBIENTE EMPRESARIAL.................................42

3.1 GLOBALIZAÇÃO ................................................................................................42

3.2 ECONOMIA DIGITAL .........................................................................................43

3.3 MERCADO ELETRÔNICO...................................................................................47

3.4 INTEGRAÇÃO ELETRÔNICA .............................................................................49

3.5 PERSONALIZAÇÃO EM MASSA ........................................................................50

3.6 ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS...........................................................................51


3.7 PROCESSO DE COMPRAS ELETRÔNICAS........................................................52

3.8 NEGÓCIOS ELETRÔNICOS ................................................................................55

4. DESAFIOS E OPORTUNIDADES DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NO AMBIENTE


EMPRESARIAL ...........................................................................................................58

4.1. QUAIS OS RISCOS DA ADOÇÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ?..................63


4.1.1 COMO GERENCIAR O POTENCIAL CONFLITO COM OS CANAIS DE
DISTRIBUIÇÃO TRADICIONAIS ? ........................................................................63
4.1.2. QUAIS AS PRESSÕES QUE A ADOÇÃO DA INTERNET IMPÕE SOBRE O
PROCESSO LOGÍSTICO ? ......................................................................................64

4.2. COMO ESTAR PRESENTE NA INTERNET SEM PERDER O FOCO NOS


NEGÓCIOS PRINCIPAIS ? ........................................................................................65

4.3 COMO PODE UMA EMPRESA SE BENEFICIAR DA INTERNET ?.....................68


4.3.1 ESTUDO DA CADEIA DE VALOR .................................................................68
4.3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS INEFICIÊNCIAS NA CADEIA DE VALOR ...............69
4.3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS OPORTUNIDADES ...................................................69
4.3.4 IMPLEMENTAÇÃO DAS OPORTUNIDADES................................................71

4.4 QUAIS OS ERROS MAIS COMUNS QUE UMA EMPRESA PODE COMETER AO
DEFINIR SUA ESTRATÉGIA NA INTERNET ?.........................................................73

4.5 QUAIS OS DESAFIOS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS NO COMÉRCIO


ELETRÔNICO ? .........................................................................................................74

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................82
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 Comparação entre Internet e os Serviços On-line. ............................................26


LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 Comércio Eletrônico nos Processos de Negócio da Empresa. ............................75

Figura 4.2 Avaliação da Importância dos Aspectos de Comércio Eletrônico. ......................75

Figura 4.3 Avaliação das Contribuições de Comércio Eletrônico. ......................................76


RESUMO

Em todo o mundo, as empresas buscam novas formas de otimizar a produção,


comercialização e distribuição dos seus bens e serviços, de forma a garantir
ganhos de produtividade e a redução de custos, para competir no mercado
globalizado. Com a globalização da economia, outro fenômeno vem
conquistando espaços em vários países, inclusive no Brasil: o Comércio
Eletrônico, uma forma de fazer negócios através do computador. As
facilidades cada vez crescentes de acesso das diversas nações à Rede Mundial
de Computadores (Internet) tendem a transformar o Comércio Eletrônico em
uma das mais significativas portas de negócios, fazendo com que ocorra uma
revolução silenciosa, que está mudando a forma pela qual faremos negócios no
século XXI. Para alguns empresários e executivos, essa realidade ainda parece
distante. No entanto, cada vez mais, as empresas estão se dando conta de que a
Internet representa não apenas uma ameaça à forma tradicional de se fazer
negócios, mas, sobretudo, uma imensa oportunidade. A atuação do Comércio
Eletrônico no mercado mundial tem crescido de forma exponencial desde a
popularização da Internet e sua afirmação como meio de fazer negócios. A
situação do Brasil nesse cenário não é diferente. Cada vez mais empresas estão
investindo em vendas pela Internet. Mas em que consiste a revolução
silenciosa a que estamos assistindo? Quais os desafios que as empresas estão
enfrentando na era da Internet ? No presente trabalho, vamos explorar algumas
das formas pelas quais o Comércio Eletrônico muda as formas tradicionais
das empresas fazerem negócios entre si e cria novos modelos de negócios e
novas formas de organização.

PALAVRAS-CHAVE : Comércio Eletrônico, Internet, Negócios


ABSTRACT

By world wide, the companies are searching new ways to optimize the
production, market and distribution of their goods and services, to ensure
productivity incomes and cost reduction to compete in the globalized trade.
With the globalization of economy, another phenomenon is getting space in
several countries, including Brazil: the electronic commerce (e-commerce), a
way of dealing by computer. The increasing facilities for different nations
access in the WWW (Internet) tends to turn e-commerce one of the most
significant business doors, bringing a silent revolution, which has been
changing the way every business will be done in the XXI century. Some
businessmen and executives, this reality seems to be distance. However, day
after day, the companies are aware that Internet represents not only a threat to
traditional form of making commerce, but also, above all, an huge
opportunity. The e-commerce actions in the world market has grown
exponentially since the popularization of Internet and its affirmation as a
means of business. The situation of Brazil in this scenery hasn’t been different.
Every time more companies are investing in sales by Internet. But what is the
purpose of the silent revolution we have been watching? What are the
challenges the companies have been facing in the Internet era? In the present
work, we want to explore some ways in which e-commerce can change the
traditional forms of the companies to deal with one another and create new
models of business and new forms of organization.

KEYWORDS: Electronic Commerce, Internet, Business


1. INTRODUÇÃO

O ambiente empresarial, tanto mundial como nacional, tem passado


por profundas mudanças nos últimos anos; as organizações passaram a realizar
seus planejamentos e a criar suas estratégias voltadas para o futuro de forma
que alterem as bases da competitividade empresarial.

Atualmente, algumas das características do novo ambiente


empresarial, tais como globalização, integração interna e externa das
organizações, entre outras, têm confirmado as tendências da criação e
utilização do Comércio Eletrônico, que já são considerados como uma
realidade. Nesse novo ambiente empresarial, as organizações dos vários
setores têm realizado ativamente operações e processos influenciados pelas
transformações externas.

Assim, seja pelo novo ambiente empresarial ou por força das


influências entre os setores, todas as organizações têm sido afetadas pela nova
realidade do Comércio Eletrônico. Essa situação tem exigido das organizações
grande esforço para a assimilação e utilização das tecnologias de informação
referentes ao Comércio Eletrônico, em sua operacionalização e em sua
estratégia competitiva.

A atuação do Comércio Eletrônico no mercado mundial tem crescido


de forma exponencial desde a popularização da Internet e sua afirmação como
meio de fazer negócios.

A situação do Brasil nesse cenário não é diferente, cada vez mais


empresas estão investindo em vendas pela Internet. Mas em que consiste a
revolução silenciosa a que estamos assistindo? Quais os desafios que as
11

empresas estão enfrentando na era da Internet? No Capítulo 4, procuramos


responder a essas questões tão atuais, consistindo no principal objetivo da
presente monografia. Também neste capítulo, apresentamos uma breve análise
sobre a situação atual do Comércio Eletrônico no Brasil e no mundo, onde
discutiremos sobre os desafios no Ambiente Empresarial, os riscos e erros que
as empresas podem cometer na implantação do Comércio Eletrônico e as
diversas maneiras em que uma empresa pode se beneficiar no uso da Internet.
Na procura das respostas àquelas importantes questões, fica evidente a
necessidade de apresentarmos as bases conceituais do Comércio Eletrônico.
Assim sendo, no Capítulo 2 apresentamos as definições e os aspectos
fundamentais do Comércio Eletrônico.

No Capítulo 3, apresentamos uma síntese do Comércio Eletrônico no


Ambiente Empresarial, com destaque para: e-business, considerado como uma
estratégia de inserção da empresa na Internet, visando automatizar suas
atividades em diversas áreas, como as comunicações internas e externas, a
transmissão de dados, controles internos, treinamento de pessoal, contatos com
fornecedores e clientes, etc. e o e-procurement (processo de compras), uma
área responsável pelo gerenciamento da maior parte do orçamento das
empresas e pelas negociações de contratos com os fornecedores.

A presente monografia aborda o Comércio Eletrônico mais de um


enfoque administrativo do que de Tecnologia de Informação, ou seja, aborda-
se como estão sendo considerados os vários aspectos gerenciais e estratégicos
da utilização do Comércio Eletrônico, bem como: seu valor, benefícios
estratégicos e contribuições para o sucesso das empresas. Com base no
conhecimento da situação atual e em sua análise, são identificados as
principais tendências da utilização do Comércio Eletrônico. Assim sendo, o
aspecto técnico relacionado ao Comércio Eletrônico não constitui o foco
principal deste trabalho, e sua descrição será limitada ao necessário para a
12

visão administrativa. De uma maneira especial, analisa-se o posicionamento


de especialistas na área de Comércio Eletrônico, tais como o Prof. A. L.
Albertin, da Fundação Getúlio Vargas e a Profa. A. Rocha e o Prof. R. C.
Mello, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre outros.
2. AS BASES CONCEITUAIS DO COMÉRCIO
ELETRÔNICO

“O Comércio Eletrônico (CE) é a realização de toda a cadeia de valor


dos processos de negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação
intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos
objetivos de negócio. Os processos podem ser realizados de forma completa
ou parcial, incluindo as transações negócio-a-negócio, negócio-a-consumidor
e intra-organizacional, numa infra-estrutura predominantemente pública de
fácil e livre acesso e baixo custo. O CE também pode ser definido como a
compra e a venda de informações, produtos e serviços por meio de redes de
computadores. O conceito de CE engloba a realização de toda a cadeia de
valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, não se restringindo
simplesmente à realização de transações comerciais de compra e venda de
produtos e serviços. Algumas vezes, esta abrangência não é reconhecida e
acaba-se tendo uma visão errônea e restrita de todo o potencial deste novo
ambiente.”(Albertin, 2000a)

Segundo Kalakota e Whinston (1997), dependendo de para quem se


pergunte, CE pode ter definições diferentes:

De uma perspectiva de comunicações, o CE é a entrega de


informações, produtos/serviços, ou pagamentos por meio de linhas de telefone,
redes de computadores ou qualquer outro meio eletrônico;

De uma perspectiva de processo de negócio, o CE é a aplicação de


tecnologia para a automação de transações de negócio e fluxos de dados;

De uma perspectiva de serviço, o CE é uma ferramenta que endereça


14

o desejo das empresas, consumidores e gerência para cortar custos de serviços,


enquanto melhora a qualidade das mercadorias e aumenta a velocidade da
entrega do serviço;

De uma perspectiva on-line, o CE provê a capacidade de comprar e


vender produtos e informações na Internet e em outros serviços on-line.

Segundo Albertin (2000a), “os sistemas de CE podem ter valor


significativo como uma alavanca para novas estratégias de gerenciamento de
clientes, principalmente porque eles conectam compradores e vendedores,
apoiam a troca de informações entre eles, eliminam os limites de tempo e
lugar, apoiam a interatividade, podendo adaptar-se dinamicamente ao
comportamento do cliente, e podem ser constantemente atualizados.

Atualmente, existem basicamente dois grupos de opiniões e postura


sobre o uso de CE. No primeiro, estão as empresas que acreditam que a
Internet possui empresas que vendem um produto específico e seus
vendedores ganham muito dinheiro, ou ainda aquelas que acreditam que os
investimentos no CE devem ser realizados para o futuro, e que seu uso não
apresenta praticamente nenhum valor no presente.

No segundo grupo, estão as empresas que acreditam que podem obter


significativo valor no presente, com o uso do CE. Existem vários exemplos de
empresas nesse grupo, que estão explorando o CE para fins de comunicação
entre filiais, conectividade com clientes, clientes e fornecedores, propaganda,
realização de transações comerciais etc. Essas empresas não têm deixado o
ambiente de CE por obterem valor para seu negócio, o que não acontece no
primeiro grupo.

As tecnologias de CE não estão restritas à Internet, pois também são


15

consideradas todas as tecnologias de mídia interativa, isto é, a combinação de


um meio inteligente e o suporte de dados em multimídia (texto, som, figuras,
vídeo, etc.), conectados numa rede aberta.

As diretrizes do CE são orientadas para tecnologia e para negócios,


sendo, que estes últimos têm sido muito vagos. O usual é avaliar uma nova
tecnologia num contexto antigo, ou seja, olhar como esta tecnologia permite
fazer as coisas atuais de maneira diferente. Nesse enfoque, o CE seria
considerado como um substituto das maneiras tradicionais de comprar
mercadorias e serviços. Mas, como cada nova tecnologia, o CE também
permite novas possibilidades, impossíveis até então, especialmente por sua
natureza interativa.”

“Considera-se que ainda não está claro quais aplicações de CE as


empresas utilizarão internamente. Elas não compram Tecnologia de
Informação (TI) e Tecnologia de Comunicação simplesmente porque ela é
nova ou porque é tida como interessante pela imprensa. As empresas adotam
tecnologia para economizar dinheiro e aumentar seus lucros. Os
administradores estão perguntando: Como os mercados eletrônicos podem ser
utilizados para atingir os objetivos organizacionais, tais como melhor
coordenação interna, resolução mais rápida de problemas e melhoria na
tomada de decisão? Como eles podem auxiliar para servir melhor os clientes?
Como eles podem ser utilizados para melhorar a interação com fornecedores e
distribuidores? O que acontecerá com os processos de negócio atualmente
estabelecidos, após a implantação de novas aplicações?

Os desenvolvedores de aplicações de CE organizacional precisam


considerar essas questões para aumentar suas chances de sucesso.

O ambiente tradicional de negócio está mudando rapidamente, com os


16

consumidores e negócios procurando flexibilidade para mudar os parceiros de


negócio, plataformas, carreiras e redes. Muitas empresas estão olhando para
fora de suas organizações quando estão elaborando suas estratégias de
negócios. Essas atividades incluem estabelecer conexões eletrônicas privadas
com clientes, fornecedores, distribuidores, grupos de indústria e mesmo com
concorrentes, para incrementar a eficiência das comunicações de negócio, para
expandir a participação no mercado, e manter a viabilidade de longo prazo no
ambiente de negócio atual. A Infovia1 expandirá essa tendência para outro
nível: ela permitirá ao negócio trocar informações entre conjuntos de clientes e
fornecedores, em constante mudança, e pesquisar colaboradores no governo e
no meio acadêmico em bases globais. Ela certamente se tornará uma
ferramenta de negócio tão poderosa que nenhuma organização poderá
sobreviver sem ela.” (Albertin, 2000a)

As pressões dos acionistas por um desempenho melhor, a


competitividade entre as empresas, a constante busca na redução de estoques e
custos de produção, a exigência cada vez maior por parte dos clientes, as
mudanças legais globais, os problemas no acompanhamento das mudanças
tecnológicas e a redução do ciclo de vida dos produtos a fim de realizar o
desenvolvimento de outros novos, influenciam nos negócios e têm levado as
empresas a reestruturarem-se. (Albertin, 2000a)

“As organizações consideram as reduções da força de trabalho ou


downsizing como a forma de obter eficiência e agilidade operacionais. A
necessidade de diminuição de tempo de reação para atender aos eventos
ambientais (consultas de clientes, novos produtos, concorrentes, etc.),
geralmente, resulta numa diminuição da gerência média e empregados de
linha, os quais a alta gerência considera como dificultadores da flexibilidade

1
Uma via de informação. A Internet com toda a sua complexa estrutura. (Sawaya, 1999)
17

organizacional e não contribuidores diretos para os lucros.” (Albertin, 2000a)

Como forma de enfrentar essas pressões, as organizações estão


buscando maior envolvimento com o mercado eletrônico, e para tanto devem
adaptar-se rapidamente ao tipo de serviços que os consumidores realmente
gostariam de ter ou estariam dispostos a pagar para tê-los, se eles querem
aplicações que tragam mudanças sociais, que proporcionem entretenimento,
que sejam educativas, ou que eduquem assim como entretenham e também
quanto os consumidores estariam dispostos a pagar por esses serviços e qual
deve ser o preço dos produtos. (Albertin, 2000a)

“Os desejos dos consumidores são difíceis de ser previstos,


determinados ou decifrados no mercado eletrônico, do qual a forma, a
estrutura e a população ainda estão nos estágios iniciais.

Considera-se que as aplicações de CE vencedoras serão as que


puderem mudar a forma pela qual os consumidores pensam e a maneira pela
qual eles fazem negócio. Um exemplo poderia ser as aplicações orientadas
para a interação social. A história tem ensinado que as tecnologias mais bem
sucedidas são as que tiveram maior aceitação social. A televisão, o mais bem
sucedido milagre tecnológico desde o automóvel, tornou-se rapidamente tão
vital que sua aquisição atingiu níveis elevados.

Acredita-se que os mercados que serão mais bem sucedidos são os que
contribuem para a eliminação do isolamento e tédio, ou melhoria da educação
e carreira dos consumidores, por exemplo, televisão interativa ou serviços de
computador on-line, serviços de bate-papo on-line, canais de compra
residencial, correio eletrônico, jornais com serviços on-line etc.” (Albertin,
2000a)
18

2.1 ESTRUTURA GENÉRICA PARA COMÉRCIO


ELETRÔNICO

Segundo Kalakota e Whinston (1997), a estrutura genérica para


Comércio Eletrônico, pode ser definida em camadas de funcionalidade ou
serviços aproveitando as tecnologias existentes, assim como, redes e software
de comunicação.

Albertin (2000a) define estas funcionalidades ou serviços como:

Camada de aplicações. Pode ser categorizada em três classes:


negócio-a-negócio, negócio-a-consumidor e intra-organizacional. As
transações negócio-a-negócio são denominadas de categoria de transações de
ligação de mercado. Nessa categoria, os negócios, governos e outras
organizações dependem de comunicação computador-a-computador, como
uma forma rápida, econômica e segura para conduzir as transações de negócio.
As transações negócio-a-negócio incluem o uso de Intercâmbio Eletrônico de
Dados (Electronic Data Interchange - EDI) e Correio Eletrônico para comprar
mercadorias e serviços, adquirir informações e consultar serviços, submeter
requerimentos de propostas e receber propostas. As transações negócio-a-
consumidor são denominadas de categoria de transações de mercado. Numa
transação de mercado, os consumidores aprendem sobre produtos por meio de
publicação eletrônica; compra-os, utilizando dinheiro e sistemas eletrônicos de
pagamento seguros; e os têm entregue. Além disso, também estabelecem sua
fidelidade. Tudo isso de forma bastante diferente da tradicional. As
transações intra-organizacionais são denominadas de categoria de transações
dirigidas a mercado. A empresa torna-se dirigida ao mercado pela completa
dispersão das informações da empresa sobre seus clientes e concorrentes,
espalhando a tomada de decisão estratégica e tática de modo que todas as
unidades possam participar, monitorando continuamente o comprometimento
19

de seus clientes, fazendo do aumento da satisfação do cliente um objetivo


contínuo.

Camada de serviço de informação. Provê a integração de serviço por


meio da noção de intermediários de informação, os quais devem ter um maior
desenvolvimento devido a crescente fragmentação de recursos de informação.
Utiliza-se a noção de intermediação de informação para representar um
intermediário que provê integração de serviços entre clientes e provedores de
informação, dadas algumas restrições, tais como baixo preço, serviço rápido e
maximização de lucro para um cliente.

Camada de mensagem. Considerada importante pois é um tipo de


serviço crítico para qualquer negócio. Serviço de mensagem é o software
presente entre a infra-estrutura de rede e os clientes ou aplicações de CE,
mascarando as peculiaridades do ambiente. Em outras palavras, o serviço de
mensagem é uma estrutura para a total implementação de aplicações portáveis,
liberando o usuário dos aspectos técnicos do sistema. De forma geral, os
produtos de serviço de mensagem não são aplicações que resolvem problemas;
eles são facilitadores das aplicações que resolvem problemas. Denomina-se
serviço integrado de mensagens um grupo de serviços de computador que, por
meio do uso de rede, envia, recebe e combina mensagens, fax e grandes
arquivos de dados.

Camada de intermediação. É um conceito referente ao conteúdo e a


mídia e é relativamente novo; ela é o mediador final entre os diversos
softwares, permitindo-os se comunicarem. Sua importância decorre das
mudanças e dos avanços da TI, tais como redes, tecnologia cliente-servidor,
comunicação entre plataformas diferentes etc. Outra razão da importância da
intermediação é a mudança da computação, de centrada em aplicação para
centrada em dados. Seus elementos são: transparência, em que o usuário não
20

deve tomar ciência de que ele está acessando múltiplos sistemas;


gerenciamento e segurança de transação, em que as categorias utilizadas são
de autenticação, autorização, integridade, automação, consistência, isolamento
e durabilidade; e gerenciamento e serviços de objeto distribuído, necessários
com o surgimento e a utilização da orientação para objetos, estes definidos
como uma combinação de dados e instruções que agem nos dados,
considerada uma evolução do conceito tradicional de programação de funções
e procedimentos.

Camada de infra-estrutura de infovia. É basicamente descrita como


o meio eletrônico de alta capacidade e interatividade (duas direções), para a
residência ou escritório, que é capaz simultaneamente de dar suporte a um
grande número de aplicações de CE e prover conectividade interativa, do tipo
telefone, entre usuários e vários tipos de serviços.

2.2 COMÉRCIO ELETRÔNICO ORIENTADO PARA


O CONSUMO

Segundo Albertin (2000a), a convergência de recursos financeiros,


comércio e redes está formando um mercado de consumo global. O CE
orientado para o consumo está em seus estágios iniciais, sendo que a questão
não é mais se ele irá acontecer, mas a velocidade e a amplitude com que irá
difundir-se.

“Aplicações de consumo estão surgindo e sendo utilizadas cada vez


mais pelas empresas. Alguns exemplos disso são: lojas on-line e shopping
centers eletrônicos, em que os consumidores podem, a partir de seus
computadores pessoais, entrar em lojas eletrônicas, ver produtos, ler
descrições, etc. Entretanto, esses sistemas iniciais não são muito amigáveis ou
21

bem integrados, limitando sua utilização e fazendo com que o consumidor


gaste tempo e dinheiro procurando por lojas e informações.

Esses sistemas iniciais, às vezes, somente provêem informações e têm


falta de meios para aceitar pedidos via teclado. Idealmente, consumidores têm
que executar uma transação por uma ação no botão de comprar para autorizar
o pagamento, e a conta bancária da loja on-line então o recebe
automaticamente na forma preferida de pagamento do consumidor (cartão de
crédito, cartão de débito ou cheque eletrônico). A segurança dos pagamentos
on-line permanece como a maior barreira para essa facilidade. Os
consumidores podem pagar com cartão de crédito, transmitindo os dados
necessários via modem, mas interceptar mensagens na Internet, ou outros
meios públicos, é fácil para um hacker2. Pode ser relativamente seguro enviar
um número de cartão de crédito criptografado, mas isto requer adaptação de
padrões de codificação (ou criptografia), ou acordos específicos entre
compradores e vendedores.

Para fazer CE orientado para consumo mais efetivamente é necessário


melhor entendimento dos componentes do negócio, desde a pesquisa e
descoberta iniciais do produto/serviço via catálogos on-line até o
gerenciamento do ciclo pedido/entrega, incluindo o componente, muito
importante, de pagamento/faturamento.

Pode-se citar 4 tipos de aplicações que ilustram o papel operacional da


evolução em áreas muito diferentes: gerenciamento de finança pessoal ou
home banking; home shopping; home entertainment; e microtransações de
informação.

2
Pessoa que transgride os limites de utilização de um sistema geralmente para demonstrar

suas capacidades tecnologicas .


22

Gerenciamento de finança pessoal e home banking. A tecnologia


para pagamento de contas, por computador ou telefone, é infinitamente mais
sofisticada que qualquer aspecto do mercado financeiro de poucos anos atrás.

Home shopping. Esse é um exemplo freqüentemente citado de CE,


que tem sido amplamente utilizado e tem gerado ganhos substanciais para
muitas empresas, que estão desenvolvendo shopping centers on-line. Esses
shopping centers permitem a um consumidor entrar em lojas on-line, olhar os
produtos, olhar um reflexo num espelho digital, e comprar com entrega
imediata contra faturamento em cartão de crédito. O modelo operacional
desses serviços ainda está para ser determinado, mas as empresas de varejo
estão atentas para o potencial criado pela possibilidade de transmitir enormes
quantidades de informações digitais para as residências e prover controle
interativo aos lojistas. Os atuais processos de venda baseados em televisão ou
em catálogos impressos, deverão sofrer grandes alterações para aproveitar as
vantagens da tecnologia.

Home entertainment. Essa é outra área de aplicações de CE. Para


melhor entendimento, considera-se o seguinte cenário. Um cliente deseja
assistir a um filme, ele passa os olhos por um guia on-line que contém
milhares de filmes, vídeos de música, documentários, novelas, concertos e
eventos esportivos. Após selecionar um filme específico de um distribuidor
que opera um servidor correspondente, ele envia um requisição para o
distribuidor. O distribuidor informa-o de que só aceita cartões de crédito para
pagamento. O cliente então envia seu número de cartão de crédito com a data
de expiração, utilizando mensagem criptografada. O distribuidor valida o
cartão de crédito e transfere o filme para o seu aparelho de TV interativo (set-
top box), com as proteções necessárias para prevenir qualquer cópia ou
reprodução do filme. Esse mesmo cenário também serve para caracterizar
jogos interativos.
23

Microtransações de informação. Para atender às necessidades dos


clientes, os provedores de serviços, dos quais o produto é informação entregue
pela Infovia, estão criando uma indústria inteiramente nova. A maioria vende
qualquer forma de informação digital que possa ser enviada por uma rede de
um tipo ou de outro: dados, fotos, programas de computadores e serviços.”
(Albertin, 2000a)

2.3 AMBIENTE DIGITAL

Segundo Ravindran et al. (1996), o ambiente digital pode ser definido


como sendo a teia mundial de redes de computadores e serviços de informação
em que as pessoas de lugares completamente diferentes podem comunicar
interativamente, podem pedir produtos e serviços, e empresas podem realizar
transações de negócios com seus fornecedores e instituições financeiras, entre
muitas outras possibilidades.

Neste ambiente existem dois tipos de produtos ou serviços que podem


ser oferecidos, produtos homogêneos e padronizados, como canetas, papel de
impressora, etc, e produtos específicos, como equipamentos para fins especiais
ou sistemas de software sob encomenda.

A economia possui mecanismos para diferenciar as tendências de


comércio e os elementos de custos envolvidos nestes mecanismos são os
seguintes: custo de comunicação entre fornecedores (externos) e compradores;
custo de preparação de proposta para os vendedores; avaliação de custo para
os compradores; custo interno de produção e custo de coordenação interna.

A TI (particularmente, as tecnologias conectadas em rede) tem


diminuído o custo e o tempo de comunicação, não determinando a redução de
24

outros elementos, como por exemplo a redução de custos com aquisição de


componentes eletrônicos.

2.3.1 INTERNET

Como considerado por Albertin (2000a), a Internet é a estrutura


principal do ambiente digital.

A Internet foi iniciada como um sistema de comunicação militar, com


objetivos estratégico-militares do Departamento de Defesa americano.
Idealizada como um sistema de comunicação de informações em 1969,
quando foi possível compartilhar pesquisas acadêmicas, entre diversas
entidades acadêmicas, dando acesso a diversos computadores de qualquer
lugar do mundo, esta infra-estrutura global e descentralizada de comunicação
englobou posteriormente a área comercial, proporcionando mudanças no
conceito de tempo e espaço, tanto em termos sociais como empresariais.

A Internet hoje é um sistema de distribuição de informação espalhado


em vários países. Sua infra-estrutura atinge não só aplicações de TI, mas
também serviços baseados em computador, tais como o e-mail. Ela é
considerada como uma combinação entre serviços postais, sistema de
telefonia, pesquisa bibliográficas, comércio e centro de entretenimento,
permitindo as pessoas compartilhar, vender e comprar informações, serviços e
produtos.

2.3.2 INTRANET E EXTRANET

A intranet pode ser definida como sendo uma rede corporativa com
características similares a Internet, já a extranet é considerada como parte de
uma ou mais intranets corporativas que tenham sido expandidas pela Internet,
25

ou seja, comunica-se pala Internet.

As aplicações de CE utilizando-se de intranets ou extranets, envolvem


todos os sistemas de informações corporativos, as empresas podem se
beneficiar utilizando estas aplicações, na área de marketing, logística,
finanças, recursos humanos e até mesmo no gerenciamento de fluxo de
trabalho, proporcionando diversas vantagens, como menor custo, facilidade de
uso, baixa manutenção, etc, mas também pode trazer desvantagens, como por
exemplo uma menor integração com a base de dados corporativa.

2.3.3 WORLD WIDE WEB

A World Wide Web (Web ou WWW) é considerada como uma


coleção de documentos distribuídos, chamados de páginas, localizados em
computadores (denominados de servidores) de todo o mundo. Para utilizar a
WWW, além de conectar-se à Internet, um usuário precisa de um software
especial chamado de software navegador (por exemplo o Internet Explorer),
por meio deste software os usuários podem localizar e visualizar os
documentos armazenados nos servidores.

2.3.4 SERVIÇOS ON-LINE

As pessoas, freqüentemente, confundem-se sobre a diferença entre a


Internet e os serviços on-line. Enquanto a utilização da Internet está
largamente relacionada com o ambiente educacional e, mais recentemente,
com o comercial; uma enorme quantidade de empresas prestadoras de serviços
on-line, voltada para o consumo, tem operado com relativa obscuridade nos
últimos anos.

A tabela a seguir apresenta as principais diferenças entre os serviços


26

on-line e a Internet.

Tabela 1.1 Comparação entre Internet e os Serviços On-line.


Internet Serviços On-line
Características Conteúdo e interface do Conteúdo e interface do usuário
chaves usuário independente do intrinsecamente ligados ao
serviço serviço
Fonte(s) de Primariamente Subscritores baseados em taxas
receita subscritores baseados em fixas e variáveis de acesso e
taxas fixas de acesso provedores de acesso
Características Usuários mais técnicos Usuários consumidores e
do usuário que podem sobreviver corporativos menos técnicos
sozinhos
Modelo de Relativamente plano: Baixo (por volta de US$ 10)
preço US$ 20/mês para para as primeiras 5 horas,
consumidor e US$ 500- depois US$ 2-3/hora adicional,
1.000/mês para e extra para conteúdo específico
corporações
Vantagens Oportunidade para Conteúdo mais rico e aberto
inovação e facilidade de para acesso da Internet
uso
Lealdade do Alta Baixa
cliente
Fonte: Kalakota e Whinston (1997).

2.4 COMÉRCIO ELETRÔNICO NA INTERNET

Segundo Albertin (2000a), na Internet, vários serviços, como correio


eletrônico, transferência de arquivos, ligação remota, grupos eletrônicos de
27

discussão, estão disponíveis e são integrados, e possuem um custo de


comunicação muito pequeno, se comparado com as facilidade de poder utilizar
a qualquer tempo e em qualquer lugar que contenha uma infra-estrutura
adequada, isto faz com que a Internet seja popular, contendo uma população
de usuários estimada em dezenas de milhões.

Fazer negócio em um ambiente digital, como a Internet, pode ser


estimulante, mas também frustrante, pois ao mesmo tempo em que para
algumas empresas o CE na Internet (CE/I) é um crescimento natural,
proporcionando melhorias e redução de custos, para outras este é um empenho
difícil, principalmente pelo fato de sentirem a necessidade de regras
específicas, pois como a Internet foi desenvolvida por uma comunidade com
perfil científico, as regras raramente eram escritas, pois os usuários podiam
facilmente entendê-las, já com o avanço da Internet para os meios comerciais
e domésticos, tornou-se necessário a criação de um conjunto de regras, é o
caso por exemplo das formas eletrônicas de pagamentos, sem uma regra
específica, às possibilidades de fraude, roubo, evasão de taxas, etc,
representando um risco para as instituições financeiras e o governo.

Os riscos do CE/I, podem estar não só na falta de regras específicas e


eficientes, mas também nas brechas de segurança, proporcionada pela
estrutura aberta da Internet. Existe uma busca de tecnologia que garanta total
segurança na Internet, mecanismos eficientes de segurança estão sendo
disponibilizados e melhorados, e devem ser utilizados cada vez com mais
freqüência pelas empresas.

Na Internet existem basicamente duas categorias, as de consumo e a


comercial/governo. Os consumidores são os indivíduos que navegam em um
ambiente digital à procura de uma grande variedade de informação, produtos e
serviços. Os comerciais/governo representam um mercado potencial, maior
28

que o de consumo, pois além de produtores de conteúdos, também são


considerados consumidores, constituindo negócios entre empresas ou com
usuários consumidores.

apesar das enormes facilidades apresentadas pelo CE/I, ainda existem


algumas barreiras a serem derrubadas, como por exemplo a falta de conteúdo,
como disse Albertin (2000a) “as organizações precisam perceber que os
clientes vêem um site3 porque ele está disponível, mas eles voltarão se existir
valor.”. O valor a que referido não está ligado apenas a bonitos gráficos,
vídeo digital ou imagens em três dimensões, mas principalmente à habilidade
de entregar valor num preço razoável.

Acredita-se que a Internet estará possibilitando criar, no futuro, um


mercado perfeito, uma vez que permitirá localizar produtos, comparar preços e
efetuar pagamentos, com muita facilidade.

O CE/I apresenta características diferentes do mundo real, numa


primeira visão, ele pode ser considerado somente como o processo que acelera
as transações de compra ou venda, sendo esta uma visão quantitativa. Mas
essa rapidez tem o poder de redesenhar as empresas, criar consumidores,
eliminar restrições geográficas, provocar mudanças culturais etc., e isto passa
a ser qualitativo. Um bom exemplo disso é o e-mail, comparando-o com o
correio tradicional.

Um exemplo de CE/I, muito estudado pelas empresas do mundo todo,


é a livraria virtual Amazon, talvez, o melhor modelo para o sucesso de amanhã
no CE. Ela tem demonstrado várias particularidades, que lhe proporcionam

3
Computador conectado à Internet que contém informações que possam ser acessadas
através de ferramentas de navegação. No mundo virtual, é um endereço cuja porta de entrada é sempre

sua home page. (Sawaya, 1999).


29

um aumento substancial em suas vendas. Ela matem um catálogo de cerca de


2,5 milhões de livros, 10 vezes mais do que as maiores livrarias do mundo
físico, porém seu estoque possui aproximadamente os 400 mais vendidos, a
maioria ela pede eletronicamente para um grande distribuidor, fisicamente
próximo a ela, ou diretamente as editoras. Além disso a Amazon aposta na
fidelidade do consumidor, que procura não só preços baixos, mas também
informações. Outro aspecto interessante é o espaço físico em que esta
empresa ocupa, apenas dois andares de um pequeno prédio em Seattle/EUA.

A eliminação de intermediários e a aproximação dos compradores e


dos vendedores, está criando um mercado mais próximo do perfeito, com
muita informação a baixo custo de transação, Abertin (2000) cita isto como
um dos aspectos mais interessantes do CE/I, segundo ele o CE/I é considerado
muito dinâmico, há alguns anos, poucos acreditavam que ele se tornaria o
modelo preferido de negócio na Internet. E com certeza nos próximos anos
aparecerão outras direções e empresas inovadoras.

2.5 ESTRUTURA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO

Conforme verificado por Albertin (2000a), o CE é considerado como


tendo grande potencial para novas estratégias e oportunidades de negócio,
tanto dentro das organizações com redução de custo e melhoria de processos,
como no relacionamento com novos clientes, com novos canais de vendas,
novos produtos e serviços, novas formas de relacionamento, e até mesmo em
novas oportunidades em novos escopos de negócio. Assim, o aumento da
complexidade do CE e, consequentemente, das organizações que o adotam,
deve significar mais oportunidade do que risco.

Os principais aspectos da análise da intensidade com que o CE tem


30

permeado as organizações são: planejamento, segurança, marketing, logística


de distribuição e aspectos legais. Tais aspectos são detalhados a seguir.

2.5.1 PLANEJAMENTO

Segundo Plasencia (2000), “estabeleça objetivos realistas, pense


primeiro no público que deseja atingir, no que lhe vai oferecer”, uma grande
parte das pequenas e médias empresas ainda não entrou na Internet, porque
não sabem como implantar a sua presença na WWW. Mas de início, uma
vantagem da WWW é que com um pequeno investimento, obtêm-se uma
presença na Internet com simplicidade, funcionalidade, eficácia e qualidade,
onde, estará abrindo portas a outras possibilidades futuras e, talvez os clientes,
os negócios, surjam de onde menos esperamos.

Devemos procurar colocar questões como: Precisamos de um site?


Para que o queremos? Queremos apenas comunicar a nossa presença? Utilizar
a WWW como um meio adicional de publicidade? Queremos dirigir aos
nossos clientes habituais, ou captar novos clientes? Uma boa idéia é analisar
os sites da concorrência e pensar em que aspectos estes podem ser úteis,
estudar o modo como a concorrência muda a forma de realizar negócios na
WWW e como isto irá modificar a empresa, o que acontece se a concorrência
ver a página, ela irá conhecer as estratégias de negócio? De quanto em quanto
tempo deveremos atualizar o conteúdo do site? Na WWW as coisas mudam
rapidamente e as mensagens devem ser curtas, claras, eficazes e relevantes. O
estilo da Internet é informal, os discursos técnicos não geram interesse. A
formalidade na WWW é através da eficácia, da rapidez e da transparência.

O feedback é essencial, para isso, é preciso envolver os clientes


também no desenvolvimento do site, estudar as exigências, as queixas e as
sugestões. É recomendável criar um site em função dos interesses dos clientes,
31

proporcionar informação sobre as atividades ou negócios da empresa, além de


oferecer dados, artigos, etc. No momento de entrar no ambiente digital, o mais
indicado é contar com uma assessoria externa de empresas especializadas que
realize o design do site, ou que se encarreguem dos aspectos técnicos.
Novamente, temos de colocar perguntas e tomar decisões. Essas empresas vão
oferecer assessoria sobre os conteúdos que devem aparecer no site?, Será que
a idéia do negócio, a imagem da empresa é fácil de levar para a Internet? Já
esta definido os elementos de design da empresa como, logotipo, slogan o
endereço de acesso ?

Selecionar o fornecedor de acesso, especialmente agora, com a


avalanche de ofertas de acesso gratuito. Há que estudar bem este tema. O site,
a princípio pode ser pequeno, mas poderá crescer muito, eleger um bom
fornecedor desde o início será um elemento sempre a favor. O fornecedor
deverá permitir esse crescimento, e contar com a possibilidade futura de ter
acesso a um domínio próprio, prestar serviços comerciais, utilizar servidores
externos ou, inclusive gerir o próprio servidor. Outro aspecto muito importante
é verificar a qualidade e a velocidade das ligações oferecidas por cada
fornecedor.

Se a empresa apresenta mudanças, necessariamente o site deverá se


renovar, pois a manutenção do site é o contato com a realidade do negócio na
Internet, sendo assim outras perguntas surgem: é melhor que a manutenção se
faça externamente, por parte de uma agência de consultoria, ou adquirir as
competências necessárias para poder fazê-lo por si mesma? A outra questão é,
de quanto em quanto tempo deve atualizar e mudar o seu site? Em relação à
primeira questão: poder integrar na nossa empresa os recursos e as
capacidades requeridas para satisfazer as nossas necessidades e as dos clientes
é o desejável. Mas, se não pudermos, a segunda melhor opção é estabelecer
sinergias e acordos com outras empresas que possam ajudar-nos,
32

complementar o nosso negócio com o seu e vice-versa. Para responder à


segunda pergunta. Bem, são os visitantes do nosso site e a evolução dos sites
e do negócio dos concorrentes que nos darão as respostas.

2.5.2 SEGURANÇA

Os clientes esperam do CE uma enorme eficiência, qualidade,


velocidade e principalmente segurança, devendo esta ser tratada com muita
atenção e particularidade. A segurança faz parte de um processo, ela não é
considerada um produto. Qualquer sistema é uma série de interconexões. A
segurança precisa estar presente em cada componente desta interconexão,
alguns conjuntos de procedimentos, de acordo com Sêmola (2000), são
fundamentais para garantir a segurança:

Conscientização. Os altos executivos da empresa devem empenhar-


se para demonstrar para os funcionários que a mudança de cultura e a
segurança do sistema é o fator crítico de sucesso da empresa.

Análise do Negócio. Utilizando de entrevistas para analisar o fluxo


de informações, os processos críticos e visando o negócio da empresa
baseados em um plano diretor de segurança bem definido.

Análise das Vulnerabilidades. Necessita identificar e analisar as


instalações do prédio como: instalações elétricas, acesso a locais restritos,
condições de segurança em caso de incêndio e a existência de documentos de
política corporativas e normas de qualidade que devam ser consideradas como
regras para tomada de decisões críticas. Servidores, estações de trabalho,
firewalls, roteadores, switches (dispositivos de rede que podem enviar pacotes
diretamente à porta do endereço de rede associado), links (linha ou canal para
transmissão de dados) e equipamentos de conectividade em geral são
33

analisados tecnicamente a procura de vulnerabilidades que potencializem as


ameaças.

Política de Segurança. Trata das normas, diretrizes, procedimentos e


instruções para que seja garantida a utilização dos recursos disponibilizados
para os usuários, assim como deve contemplar comportamentos, proibições e
punições por má utilização de informações e recursos. Deve estar de acordo
com a cultura da empresa e seus recursos tecnológicos. Regras de manutenção
e criação de senhas, rotinas de backup (cópia dos arquivos importantes para os
casos onde os originais sejam danificados) e a definição de trilhas de auditoria
são alguns dos pontos abordados.

Classificação da Informação. Baseado no perfil de negócio e do


ambiente corporativo a classificação da informação completa a política de
segurança e descreve os procedimentos para a manipulação, transporte e
armazenamento das informações, classificando-as por exemplo em
confidencial, restrito, interno e de divulgação, onde todos terão condições de
manipular as informações de maneira clara e objetiva.

Campanhas de Divulgação. Para atingirmos a eficácia da política de


segurança na empresa, é necessário divulgarmos a todos os setores da empresa
as normas, procedimentos e instruções do dia-a-dia em campanhas de
divulgação, informativos internos, palestras, etc, para que possamos fazer com
que todos os setores da empresa recebam a mesma informação de forma
padronizada e reflita os desafios que isto irá trazer para a continuidade do
sucesso da empresa.

Implementação de Segurança. Utiliza-se ferramentas de hardware e


software para implementar a política de segurança de acordo com as
vulnerabilidades conhecidas e com as necessidades do negócio. Tais
34

ferramentas englobam, antivírus, hot-fixes e patches (correção de sistemas


operacionais), certificados digitais, criptografia, roteador e firewall, que são
algumas das soluções de hardware e software que podem ser aplicadas para
garantir a segurança.

Aplicação da Política de Segurança. É a aplicação da


conscientização e divulgação da política de segurança da empresa, na prática
significa aplicar e instruir todos os funcionários de uma determinada empresa,
sobre as diretrizes, normas, procedimentos e instruções que regem a política
de segurança.

Termo de Sigilo. Representa um compromisso entre a empresa e o


funcionário, para que sejam utilizados de forma correta os recursos
tecnológicos a ele disponibilizados, comprometendo-o com o sucesso da
empresa.

Teste de Invasão. Implementada a segurança e tendo um aval de um


especialista, aplicam-se ferramentas de invasão mais difundidas e conhecidas
para avaliar o ambiente corporativo, podendo citar: sniffer (grampo digital),
Denial of Service (negação de serviço), Trojan Horses (cavalos de tróia),
Trashing (análise de lixo) e engenharia social.

Plano de Contingência. Com o objetivo de minimizar o impacto de


um desastre e proporcionar a continuidade dos processos ou das informações
vitais para a empresa, é necessário elaborar um plano de contingência com
ações e procedimentos que tenham sido previstos e previamente testados,
assim como, planos de retorno, quando a situação estiver estabelecida ao seu
normal.

Administração de Segurança. A busca pela segurança deve ser uma


35

atividade constante, afinal, quando uma nova tecnologia se incorpora ao


ambiente corporativo, novas vulnerabilidades a acompanham. Desta forma, as
macro etapas: análise, política e implementação, devem ser refeitas visando a
atualização. Segurança é um processo cíclico.

Tudo isto se deve ao fato da Internet ser o sistema mais complexo que
já foi desenvolvido, com milhões de computadores conectados em uma rede
física muito mais complexa, cada computador possui centenas de sistemas,
estando conectado a outro através de outros sistemas mais complexos ainda, e
assim sucessivamente, aceitando entrada de milhões de usuários no mundo
inteiro, às vezes no mesmo instante. Atrás destes sistemas deve haver uma
infra-estrutura com o mínimo de segurança, com uma política e classificação
de informações próprias, além das ferramentas técnicas de segurança
desenvolvidas para cada componente de cada sistema, para que não se
manifestem problemas, como os relacionados por Bhimani (1996):

Bisbilhotice. Os ataques na WWW podem resultar no roubo de


informações de contas, tais como números de cartões de crédito, número de
contas de clientes ou informações sobre saldo e extrato de contas.
Similarmente, tais ataques podem resultar no roubo de serviços normalmente
limitados a subscritores, tais como produtos baseados em informação.

Espionagem de senhas. Os ataques de espionagem de senhas podem


ser utilizados para se obter acesso a sistemas nos quais informações
proprietárias são armazenadas, sendo que o uso crescente de algoritmos fortes
de criptografia tem inibido esse tipo de ataque.

Modificação de dados. Os ataques de modificação de dados podem


ser utilizados para modificar os conteúdos de certas transações (por exemplo,
alterar o sacador em um cheque eletrônico ou alterar o valor que está sendo
36

transferido para uma conta bancária). Tais ataques também podem ser
utilizados para modificar certos pedidos por meio da rede.

Falsificação. Os ataques de falsificação podem ser utilizados para


permitir a uma parte mascarar-se como uma outra. Em tal situação, um
criminoso pode estabelecer uma loja de fachada e coletar milhares, às vezes
milhões, de números de cartões de crédito, números de contas ou outras
informações de clientes sem levantar suspeitas.

Repúdio. O repúdio de transações pode causar maiores problemas


com sistemas de faturamento e acordos de processamento de transações. Por
exemplo, se uma parte não cumpre um acordo após o fato, a outra parte pode
incorrer no custo de processamento de transação sem se beneficiar dela.

Realmente, segurança é um assunto amplo e complexo, pois não


trabalha somente com uma parte de um sistema, mas com todos eles. Ela deve
estar presente nos processos, nas informações, nas aplicações, na empresas,
nos produtos e principalmente nas pessoas, pois a Internet se misturou a quase
todos os sistemas da sociedade, manipulados por pessoas. Por isso a Internet é
tão difícil de se proteger, e quanto mais complexa e segmentada ela se torna,
mais difícil fica a sua proteção. Segundo Albertin (2000a), para reduzir essas
ameaças de segurança, vários métodos de proteção são utilizados. O problema
no caso do CE é muito simples: se consumidores e clientes conectam um
computador na Internet, podem conectar-se facilmente a qualquer lugar que a
WWW alcance. Essa é a boa notícia. A má notícia é que sem um controle de
acesso apropriado, qualquer um pode fazê-lo também. No sentido de resolver
esse problema, alguns métodos de proteção, também chamados de autorização
ou controle de acesso, têm sido desenvolvidos:

Segurança baseada na confiança. Significa confiar em todo o


37

mundo e não fazer nada extra para proteção.

Segurança através de obscuridade. Utiliza a noção de que qualquer


rede pode ser segura, uma vez que a ninguém de fora de seu grupo de
administração é permitido achar qualquer coisa sobre seus detalhes
operacionais.

Esquemas de senha Provêem uma barreira em primeiro nível para a


intrusão acidental, mas fazem pouco no caso de ataques deliberados,
especialmente quando palavras comuns ou nomes próprios são selecionados
como senhas.

Sistemas biométricos São considerados mais seguros de autorização,


envolvendo alguns aspectos únicos do corpo de uma pessoa, que incluem
comparação de impressão digital, impressões da palma da mão, padrões de
retina, verificação de assinatura e reconhecimento de voz. São sistemas muito
caros.

Nenhum sistema é 100 % seguro, nenhum fornecedor pode dizer que


um determinado produto torna a rede segura, ou que protege totalmente o CE.
Pois a segurança é muito ampla, por exemplo: de nada adianta os sistemas de
CE estarem com todas as ferramentas de segurança implementadas, se algum
administrador com acesso a informações sigilosas, seja malicioso ao ponto de
atacar ou distribuir informações a que tem acesso. Estes funcionários,
podendo ser internos de uma empresa, consultores ou fornecedores de maior
confiança dos diretores, sabe como os sistemas funcionam e onde estão os
pontos fracos de um sistema supostamente eficiente.

Para a segurança, não basta automatizarmos um ou mais processos,


precisa-se estar atento aos tipos de ataques. É necessário identificar os
38

possíveis ataques, que ferramentas estão disponíveis, que procedimentos são


os melhores, etc. Pois o CE/I não tem fronteiras e nem leis específicas em
vários países, o que torna a segurança um aspecto de enorme importância.

2.5.3 MARKETING

A capacidade de personalizar o atendimento em larga escala através


de mecanismos automáticos, é um dos grandes atrativos da Internet em termos
de marketing. O principal desafio é encontrar a melhor maneira de viabilizar
esse conceito, não só do ponto de vista de marketing, mas também do ponto de
vista tecnológico.

Ao definir uma estratégia de personalização, é necessário antes de


tudo pensar em uma forma de gerenciar o relacionamento com os clientes de
uma maneira direta. De acordo com Dias (2000), é necessário estar atento a
quatro passos básicos. O primeiro é elaborar pesquisas de mercado ou traçar o
perfil do cliente através das informações que ele transmite ao site enquanto
utiliza, para identificar o cliente. Depois deve-se diferenciá-los, dividindo-os
em grupos ou tratando-os individualmente, para que se possa construir
serviços para interagir de forma personalizada com os clientes, interação esta
que pode ser considerada como o terceiro passo, temos como exemplo o caso
da American Airlines, que oferece ofertas especiais personalizadas aos seus
clientes, a partir de pesquisas adquiridas em seu próprio site, formando total
interação entre empresa e cliente. E por fim, é necessário estar atento a infra-
estrutura tecnológica, que aliado aos passos anteriores e a um bom
planejamento, fazem com que um programa de marketing seja um
investimento altamente lucrativo para uma empresa.
39

2.5.4 LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO

Logística é um processo de gerenciar estrategicamente a aquisição,


movimentação e armazenagem de materiais, de modo a poder maximizar a
lucratividade através do atendimento dos pedidos a baixo custo.

Os fornecedores de serviços logísticos estão em constante fase de


desenvolvimento. Os seus esforços estão voltados para a implementação de
soluções integradas que permitam, em cada momento, a melhor comunicação
entre a empresa e os seus clientes. O CE é responsável por uma revolução que
começa a transformar profundamente, as empresas de logística. Na verdade, o
crescimento do CE a médio prazo procura novos serviços e ferramentas para o
espaço on-line e não simplesmente uma adaptação do existente off-line.
Aspectos de integração dos serviços da empresa fornecedora com os da
empresa cliente, que solicita que o seu produto seja entregue, como,
solicitação dos pedidos on-line, o controle dos estoques, a implementação de
meios de pagamento são alguns pontos para o sucesso do negócio logístico,
onde, não foram profundamente adaptados para o CE. A falta de automação
dos processos logísticos e os atrasos nas entregas, em paralelo como os
problemas de descoordenação na atenção ao cliente final, produzem queixas e
descontentamentos que não auxiliam em nada a confiança destes serviços.
Isto faz com que, para as empresas que procuram um operador logístico para a
distribuição dos seus produtos, o trabalho de coordenação de estoques e
serviços acabe por ser mais complexo, o qual, sem dúvida influencia a
qualidade do serviço recebido pelo cliente final (Plasencia, 2000).

Naturalmente não existe uma solução ideal e final para todos os


setores da logística. No entanto, antes da escolha de um bom fornecedor de
serviços de distribuição, é preciso considerar variáveis importantes como a
comunicação, o preço, capacidade do fornecedor, recursos tecnológicos,
40

recursos humanos e rapidez de entrega (Lopes, 2000).

2.5.5 ASPECTOS LEGAIS

Existe a convicção da necessidade de proteção legal para os conteúdos


das bases de dados. Todavia, uma vez que essa lei mudaria profundamente as
regras existentes sobre a extração e reutilização de dados, existe a necessidade
de se ter um cuidado considerável para que não passe inadvertidamente de um
estado de pouca proteção de conteúdos de bases de dados para um estado de
superproteção.

Considera-se que, no momento, deve-se elaborar, na comunidade


internacional de políticas sobre a propriedade intelectual, um tratado que
proteja as bases de dados comercialmente significativas, para evitar a violação
de dados. Dada a natureza global da Internet e outros elementos da infra-
estrutura de informação emergente, o argumento de melhor enfoque é adotar
uma norma geral neste momento e redefinir os detalhes de sua aplicação no
futuro.

Albertin (2000a) ressalta a importância do aspecto de segurança no


nível de nação, mencionando que alguns sistemas tecnológicos internacionais,
uma vez instalados, irão então diluir a autonomia e soberania das nações. Um
dos exemplos citados é o caso das redes eletrônicas de informações. Para
reduzir os custos na manufatura e responder rapidamente a mudanças de
mercado, as corporações dependem do fluxo das informações que orientam a
produção de seus materiais e componentes, o cronograma da fabricação,
junção e teste das partes, a alocação de mão-de-obra e a distribuição de
produtos acabados. Essas informações precisam atravessar as fronteiras das
nações desmedidamente e de forma instantânea.
41

Para atender a esse novo ambiente, os governos das nações devem


trabalhar ativamente para criarem ou permitirem a criação dessa nova
realidade. Contudo, esse novo ambiente também exigirá um grande esforço
em relação à segurança nacional, seja pelas informações estratégicas ou pelos
aspectos econômicos e sociais.

Os aspectos legais, por exemplo, a regulamentação de um setor, pode


restringir a aplicação do CE, seja pela obrigatoriedade de documentos e
presença física, ou pela não-consideração de suas formas de negócio e seus
processos.
3. COMÉRCIO ELETRÔNICO E O AMBIENTE
EMPRESARIAL

O ambiente empresarial tem vivenciado várias mudanças nos últimos


anos, as quais têm definido novos contornos para os vários setores da
economia e seus relacionamentos internos e externos, inclusive com os
clientes e/ou consumidores.

O ambiente empresarial atual, por um lado, tem exigido que a


Tecnologia da Informação (TI) ofereça soluções e suporte para suas novas
necessidades, e, por outro lado, exige a identificação e aproveitamento de
novas oportunidades que a TI oferece.

Algumas das principais características do novo ambiente empresarial


são: globalização, economia digital, mercado eletrônico, integração eletrônica,
personalização em massa, estratégias de negócio, processo de compras e
negócios eletrônicos. Essas características, detalhadas a seguir, estão
diretamente relacionadas com o CE, principalmente por este ser um de seus
grandes facilitadores e viabilizadores.

3.1 GLOBALIZAÇÃO

De acordo com Daniels e Daniels (1996), a globalização é mais do


que fazer negócios em determinado número de países em todo o mundo. A
globalização envolve fazer negócios em todo o mundo, de uma nova maneira,
equilibrando as qualidades de seus produtos ou serviços com a necessidades
específicas das diversas bases de clientes locais. Fazer negócios dentro desse
escopo implica determinar quem são os consumidores globais ou os clientes
globais de seus produtos e serviços. Esses consumidores globais podem ser
43

grandes clientes com operações em muitos países, que querem contratos


globais de vendas e de prestação de serviços ou podem ser pessoas em todo o
mundo que, pelo acesso à infra-estrutura de informação global, passaram a
desejar os mesmos produtos, independentemente do local em que vivem ou
estão.

3.2 ECONOMIA DIGITAL

Segundo argumentado por Tapscott (1996), a economia para a era da


inteligência em rede é uma economia digital. Na velha economia, o fluxo de
informação era físico: dinheiro, cheques, faturas, notas de embarque,
relatórios, reuniões face a face, mapas, fotografias etc. Na nova economia, a
informação, em todas suas formas, torna-se digital - reduzida a bits
armazenados em computadores e correndo na velocidade da luz, por meio das
redes. O novo mundo de possibilidades, então criado, é tão significativo como
a invenção da própria linguagem, o antigo paradigma em que todas as
interações fisicamente ocorriam.

A nova economia é também a economia de conhecimento, baseada


nas aplicações do conhecimento humano a tudo que produz e como se produz.
Na nova economia, o valor adicionado da economia será cada vez mais criado
pelo cérebro e menos pelos músculos.

A nova economia está criando tendências conflitantes, exigindo que as


organizações repensem suas missões. Ambientes virtuais e vários outros
fatores estão pressionando a estrutura de custo de grandes empresas. O tempo
para alcançar o mercado é crítico quando os produtos têm uma vida
competitiva de um ano, um mês, uma semana, ou algumas horas, como no
caso de produtos financeiros. A inovação, mais que o acesso a recursos ou
44

capital, tem-se tornado crítica. Os clientes têm mudado, criando a expectativa


de que as empresas precisam prover melhor qualidade, produtos adequados,
rapidez, num preço mais baixo, com melhor serviço e garantia de
responsabilidade social.

Na economia digital, a competição não vem somente dos


concorrentes, ela vem de qualquer lugar. Quando a informação se torna digital
e em rede, as barreiras caem e nenhum negócio está a salvo de riscos.
(Albertin, 2000a)

Segundo Albertin (2000a), a nova economia pode ser diferenciada da


antiga a partir de 12 temas, apresentados a seguir, os quais possibilitam uma
melhor compreensão da transformação de negócio, que é exigida das empresas
que buscam seu sucesso.

Conhecimento. A nova economia é uma economia de conhecimento;


apesar da TI possibilitar este tipo de economia o conhecimento é criado por
seres humanos. Este conhecimento (contido nos produtos e nos serviços) está
em crescimento, e a informação e a tecnologia tornam-se parte dos produtos e
serviços. Na nova economia, os ativos-chave das organizações são os ativos
inteligentes, os chamados trabalhadores de conhecimento.

Digitalização. A digitalização está baseada no conceito de que a


comunicação, interna e externa à organização, e as transações passam a ser
baseadas em sistemas binários. Obviamente, essa situação tem por base o
sistema binário que os computadores utilizam para o tratamento das
informações. Por exemplo, pode-se trocar os sistemas de telefonia analógicos,
por comunicação digital, que é mais eficiente e compatível com a forma de
tratamento dos computadores digitais.
45

Virtualização. No CE as características físicas podem tornar-se


virtuais, alterando as formas de se fazer negócios, os tipos de organizações e
os relacionamentos possíveis. Permitindo que uma empresa deixe de ser
fundamentalmente baseada em sua forma física, para passar a ser virtual, por
exemplo: as lojas tradicionais passam a ser lojas virtuais, aonde os vendedores
e clientes também são virtuais. O CE é essencialmente virtual, uma vez que as
transações e os processos são realizados num ambiente virtual, sem nenhuma
necessidade da existência de ambiente físico correspondente.

Molecularização. A molecularização está relacionada com a


substituição das estruturas convencionais por conjunto de entidades e
indivíduos. As empresas deixam de ter sua estrutura organizacional
tradicional, hierárquica e dividida em áreas funcionais, passando a ter suas
funções realizadas por grupos de trabalhos, entidades externas ou
comunidades de profissionais, etc., que passam a ser moléculas a interagirem
para o cumprimento do objetivo organizacional.

Integração/Interconexão em Rede. A nova economia é uma


economia em rede, integrando moléculas em conjuntos que se conectam em
rede com outros para a criação de riqueza. O CE, que é a realização de toda a
cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, evidencia
o ambiente digital baseado numa Infovia que permite a integração e a
interconexão em rede de todos os componentes dos processos de negócio.
(Albertin, 2000a)

Desintermediação. Nesta Nova Economia, não haverá a eliminação


total dos intermediários (desintermediação); mas, com a possibilidade de
acesso direto entre as partes envolvidas e a facilidade de surgimento de novos
intermediários, aqueles que não adicionarem valor tendem a desaparecer
rapidamente. A competência de intermediação simples, mesmo que
46

eletrônica, é destruída, e a competência de adicionar valor na intermediação


deve ser construída.

Convergência. No passado alguns setores econômicos e tecnológicos


atuavam de maneira separada ou no máximo tinham alguma atuação integrada.
Essa situação foi tida como tendência em anos não muito distantes, porém
agora já se configura como uma realidade a ser considerada pelas empresas
que desejam inserir-se no ambiente digital. Os computadores, com sua
redução de custo, miniaturização, etc, passaram a ser amplamente utilizados
por todos os níveis de empresas. Essa situação passou a exigir que esse setor
voltasse sua atenção para a comunicação entre esses equipamentos. Por outro
lado, o setor de comunicação, passou a ser exigido em prover maiores e
melhores meios de comunicação de uma forma geral e especificamente entre
os computadores e suas várias redes. Com a crescente comunicação entre os
computadores, ganhou mais importância a área de conteúdo. Com isso, os
setores econômicos passaram a convergir para formar uma integração tão forte
que praticamente representa um novo setor composto dessas três áreas, não
sendo mais possível administrar essas áreas de forma distinta e isolada. Isto
também é verificado no ambiente essencialmente tecnológico, que passou a
integrar definitivamente essas três tecnologias e suas soluções, como uma
coisa só.

Inovação. O CE representa, com suas propostas revolucionárias, uma


grande oportunidade de negócio para as empresas que souberem inovar em
seus produtos, serviços, estruturas, modelos de negócio, etc., buscando sempre
aproveitar todas as oportunidades oferecidas por este novo ambiente.

Presunção. O CE, que em sua essência, é a realização de todos os


processos de negócios numa infra-estrutura de informação e comunicação, de
livre e fácil acesso e baixo custo, passa a ser o modelo de negócio que
47

considera e pode realizar a colaboração dos consumidores e clientes nos


processos produtivos e comerciais.

Proximidade. O CE, ao basear-se na intensa comunicação entre os


vários participantes dos processos de negócio, aproxima-os de uma forma até
então impossível pelas restrições de custo e dificuldades técnicas e
organizacionais. Um exemplo claro sobre a proximidade de informação é a
troca eletrônica de dados.

Globalização. A globalização, contribuiu para que percebêssemos o


mundo como um lugar único e próximo, à disposição das empresas e pessoas
que usufruíssem de suas oportunidades.

Dissonância. As empresas com menor poder de investimento passam


a competir localmente com as empresas virtuais, a criação de novas empresas
passa a ser cada vez mais rápida, atraindo muitas vezes um volume muito
grande de investimento, etc. Em relação à tecnologia, além de estarmos
experimentando uma conectividade nunca vista, também estamos enfrentando
as dificuldades referentes às padronizações tecnológicas, necessárias para a
integração entre os sistemas tradicionais e as novas tecnologias, alinhar as
oportunidades tecnológicas com as estratégias e os modelos de negócio, etc.

3.3 MERCADO ELETRÔNICO

Como definido por Malone, Yates e Benjamin (1987), o mercado


coordena o fluxo de materiais e serviços entre fornecedores e forças de
demanda, e transações externas entre diferentes indivíduos e empresas. As
forças de mercado determinam o projeto, o preço, e a quantidade, para dado
produto, que servirão como entrada em outro processo: o comprador de um
48

produto ou serviço compara as muitas possíveis fontes e faz sua escolha


baseada na melhor combinação desses atributos.

O que transforma um mercado em mercado eletrônico é a abrangente


utilização da Tecnologia de Informação e comunicação, que literalmente anula
espaço, permitindo o uso de objetos de informações interativos e onipresentes
e independentes de localização. As ofertas presentes na forma de catálogo
eletrônico de produtos, por exemplo, na forma de um hipertexto da WWW,
estão disponíveis simultânea e globalmente.

Albertin (2000a) definiu o mercado eletrônico como o lugar de


mercado colocado em ação por meio da Tecnologia da Informação e
Comunicação (Telemática). Os mercados eletrônicos contribuem para a
realização de um mercado econômico ideal como um lugar abstrato para
trocas de informações completas, em que os custos de transação são baixos.

O mercado eletrônico é caracterizado pelas seguintes facilidades:

Onipresença. Por estar aberto 24 horas, todos os dias e por qualquer


usuário que tem acesso à WWW, independente de sua localização;

Fácil acesso à informação. Reduz os custos de aquisição e de análise


de informação permitindo melhor gerenciamento; e

Baixo custo de transação. Em todas as fases das transações de


mercado, como processamento de pedidos, manipulação de formulários,
cotação de preços entre outros.

O mercado eletrônico é um fato que esta se tornando mais


predominante a cada dia. A teoria econômica suporta o argumento comum de
49

que esses sistemas guardam grande promessa de melhoria de coordenação


inter-organizacional no mercado. Essas eficiências econômicas poderão criar
oportunidades potenciais para intermediários de informação, permitindo às
empresas a especialização de sistemas, redes instaladas e bases de clientes,
para tornar-se utilidade de informação e possivelmente dominar a condição de
serviço de intermediação.

O mercado eletrônico não é teórico e irreal, ele é de fato inevitável,


sua contínua proliferação e evolução alterará toda nossa economia.
Certamente, os executivos têm que analisar suas tendências e estar preparados
para saber agir diante do novo mercado.

3.4 INTEGRAÇÃO ELETRÔNICA

Segundo Albertin (2000a), a integração eletrônica refere-se à escolha


estratégica de empresas para explorar e desenvolver relacionamentos inter-
organizacionais que visem a objetivos de negócio específicos. Ela está
relacionada com um conjunto de decisões de negócio (incluindo seleção de
parceiros para interconexão, adoção de padrões de EDI comuns ou
proprietários para troca de informação, etc.) que alavanca o novo ambiente
tecnológico para obter vantagens de uma empresa específica no mercado. A
integração eletrônica, então, é enriquecida com os padrões técnicos de EDI,
mas tem uma orientação de negócio distinta. Integração eletrônica é mais do
que EDI e mais que uma automação de tarefas. Existe um engano conceitual
de que a integração eletrônica refere-se à troca eficiente de dados entre
múltiplos parceiros, que é equivalente ao EDI. Considerar a integração
eletrônica como meramente troca de informação, num nível operacional, é
ignorar as oportunidades de negócios disponíveis por meio de alavancagem
tecnológica ou alavancagem de informação, ou ambas.
50

“As organizações precisam direcionar seus esforços para a integração


parcial a fim de obterem os benefícios mais importantes, evitando custos
desnecessários. A decisão de integração não deve ser considerada como uma
opção, mas deve haver um esforço para determinar o nível ideal para cada
empresa.” (Albertin, 2000a)

3.5 PERSONALIZAÇÃO EM MASSA

Segundo Kotha (1995), existe um interesse crescente em distinguir a


“produção em massa” da “personalização em massa” (mass customization),
como dois enfoques distintos para a estratégia competitiva. Albertin (2000a)
argumenta que, na produção em massa, baixos custos são obtidos
primeiramente por meio de economia de escala - unidades menores de custos
de um produto ou serviço com maiores saídas - e de processos mais rápidos de
produção. Na personalização em massa, baixos custos são obtidos
primeiramente por meio de economia de escopo - a aplicação de um processo
específico para produzir uma grande variedade de produtos ou serviços mais
baratos e rapidamente.

Os avanços na automação de manufaturas tornaram-se possíveis com


o surgimento de novas tecnologias, tais como os sistemas de manufatura
flexível (flexible manufaturing systems - FMS) e a manufatura apoiada por
computador (computer aided manufacturing - CAM). Considera-se que muitos
gerentes ainda vêem as promessas das tecnologias avançadas somente do
ponto de vista da produção em massa. Aqueles que puderem articular esses
conceitos e criar uma rede dinâmica que permita a realização desse tipo de
ligação terão sucesso em mover suas organizações, além da melhoria contínua,
para a nova área competitiva da personalização em massa, que será viabilizada
pelo CE.
51

3.6 ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS

Holland et al. (1994), argumentam que os aspectos técnicos não são


mais considerados como um problema significativo para as implementações.
A inovação gerencial, as alianças estratégicas, a aprendizagem organizacional
e as mudanças são agora os aspectos críticos. As empresas criam vantagens
competitivas percebendo e descobrindo novos e melhores meios de competir
num setor e levando-os ao mercado, o que é percebido como inovação.
Inovação pode ser definida como a inclusão de melhorias em tecnologia e
melhores métodos ou formas de fazer as coisas. Uma das formas típicas de
inovação é a utilização de tecnologia para a criação de novas possibilidades,
por exemplo, para a criação de novos canais de distribuição e novos produtos.
As vantagens competitivas dependem de como as empresas organizam e
desempenham suas atividades. A empresa cria valor para seus clientes por
meio do desempenho dessas atividades. Elas podem ser agrupadas em
categorias que formam a cadeia de valor. As estratégias orientam a forma pela
qual a empresa desempenha as atividades individuais e organiza toda sua
cadeia de valor.

Porter (1990) define que as empresas que competem em mercados


internacionais, criam e sustentam vantagens competitivas de forma global, não
ficando confinadas em seus próprios países. A escolha dos locais onde as
atividades relacionadas com os canais de distribuição serão desempenhadas, e
como elas serão coordenadas, pode contribuir significativamente para a
estratégia competitiva das empresas. As forças estratégicas competitivas têm
sido utilizadas como arma das organizações, possibilitando explorar seu
potencial nas várias dimensões internas e externas. Ele definiu as seguintes
forças competitivas: ameaças de novos mercados, ameaças de produtos ou
serviços substitutos, poder de negociação dos fornecedores, poder de
negociação dos compradores e a rivalidade entre as empresas existentes.
52

Também, definiu as seguintes estratégias competitivas genéricas para


enfrentar as cinco forças competitivas: liderança no custo total - torna mais
fácil a eliminação de intermediários graças ao contato direto com o cliente;
diferenciação – auxilia em um novo canal de promoção de produtos utilizando
as tecnologias disponíveis e; enfoque - permite acesso a mercados
tradicionalmente de difícil competitividade.

As tendências tecnológicas têm grandes implicações para as


estratégias de competitividade das organizações. Dessa forma, a nova prática
competitiva requer um enfoque significativamente diferente daquele praticado
no passado recente.

“Para construir qualquer tipo de sistema de CE, é requerida uma


estratégia, isto é, uma visão de objetivos a alcançar, uma clara e racional visão
do valor de negócio e uma imagem do processo a atingir como objetivo. Essa
estratégia tem que incluir o entendimento do impacto do CE na estrutura de
uma indústria, o potencial para novos modelos de negócios e as oportunidades
para vantagem competitiva.” (Albertin, 2000a)

3.7 PROCESSO DE COMPRAS ELETRÔNICAS

Atualmente, o processo de compras exerce uma das mais importantes


atividades de negócios entre as empresas. Isso porque ela é responsável pelo
gerenciamento da maior parte do orçamento das organizações e pelas
negociações de contratos com os fornecedores.

A importância dessa área vem aumentando ainda mais, à medida que o


volume e complexidade das compras crescem. E isso está acontecendo devido
ao fato das organizações, em busca de maior eficiência, estarem se
53

concentrando em suas atividades-chave, terceirizando as demais funções que


agregam valor ao negócio de forma indireta. Paralelo a isso, a Internet com
sua interatividade e disponibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana, já
provou ser uma oportunidade única para o estabelecimento de um
relacionamento ágil, dinâmico e extremamente abrangente entre compradores
e os seus fornecedores.

De acordo com Rocha e Mello (2000), toda vez que uma empresa
realiza uma compra espera-se que sejam atingidos os seguintes objetivos:
produtos e/ou serviços de qualidade correta, preço correto, entrega no
momento correto, quantidade correta e fonte correta.

Quanto maior a complexidade do processo de compras, medida pelo


número de fornecedores e de produtos e serviços adquiridos, mais difícil se
torna atingir os cinco objetivos acima. Essa complexidade pode implicar em
um custo muito elevado e/ou na perda de eficiência no processo de compras.
Isto faz com que, cada vez mais, as organizações percebam que a otimização
do processo de compras pode significar a diferença entre ser um ganhador ou
um perdedor no mercado.

À medida que isso acontece, observa-se uma crescente adoção dos


recursos da Tecnologia da Informação, especialmente os relacionados à
conectividade e interatividade como meio de otimizar o processo de compras
das organizações (e-procurement).

A utilização de e-procurement é possível e recomendada para compra


de todos os tipos de produtos e serviços relacionados às atividades produtivas
(materiais diretos) e de apoio (materiais indiretos) de uma empresa. A maior
vantagem oferecida pelo e-procurement é manter compradores e fornecedores
em contato direto, constante e instantâneo, tornando o processo mais simples e
54

mais eficiente. Esta enorme vantagem só é possível de ser obtida porque o


sistema pode transformar os processos de comunicação baseados em papéis
em trocas eletrônicas.

Os custos de processamento e de recursos humanos são gerados por


processos internos e externos. São considerados como processos internos:
definição dos produtos a serem comprados, preparação e colocação de
cotações e pedidos, fluxo de trabalho (workflow) de aprovação e registros e
controles nos sistemas de gestão. E como processos externos: análise de
propostas, fechamento de concorrências, acompanhamento de entregas e
realização de pagamentos.

Um processo de compra eletrônica permite a realização de atividades


administrativas de forma automática. Assim é possível obter os seguintes
benefícios: redução do homem/hora dedicado ao processo de compras em
todas as áreas da empresa, redução dos custos de telefone e fax, redução de
custos de processamento de pedidos, ganho de agilidade devido à realização
do workflow de aprovação interno de forma automática, maior uniformidade
no processo de compras, maior transparência no processo de negociação e
aprovação de pedidos, redução da taxa de devolução de mercadorias e redução
do re-trabalho.

E, o que é mais importante, a automação de atividades administrativas


disponibiliza os recursos humanos da empresa para se dedicar a atividades-
chave e que agregam maior valor ao negócio, como a negociação de preços e
condições exclusivas, análise de performance e desenvolvimento de novos
fornecedores (strategic sourcing), entre outras.

Existem basicamente duas alternativas de infra-estrutura tecnológica


disponíveis para que uma empresa adote o e-procurement: o EDI e a Internet.
55

No entanto, o surgimento do EDI serviu para que o conceito da inter-


conectividade entre empresas como forma de reduzir os custos das transações
e, ainda, os preços das mercadorias transacionadas, se transformasse em um
beneficio inquestionável. O que restava era buscar uma alternativa que
reduzisse o custo e a complexidade técnica do próprio sistema, para que o
referido conceito pudesse ser adotado por um universo maior de usuários.

Foi neste ambiente que começaram a surgir as soluções de e-


procurement baseadas na Internet. Essas soluções estão provando ser uma
resposta ao problema, por disponibilizar uma infra-estrutura que permite às
empresas automatizar seus processos de compras, transformando
gradativamente a maneira como se relacionam com seus fornecedores.

O e-procurement na Internet é muito mais acessível, já que através


dele empresas, inclusive as pequenas, podem reduzir seus custos de transação
no processo de compras, sendo responsável por um crescimento significativo
na realização de compras por meio eletrônico em todo o mundo.

A aceleração do CE é impressionante, significando uma mudança


radical na forma de operar das empresas que o adotam, desta forma, as
empresas para agilizarem processos internos e externos, estão procurando no
CE a forma de se adaptarem e permanecerem no mercado cada vez mais
exigente

.
3.8 NEGÓCIOS ELETRÔNICOS

Negócios Eletrônicos (e-business) é a soma dos recursos da Internet


com os sistemas de TI das empresas, integrando e otimizando a automatização
dos processos, ampliando o alcance e abrangência dos sistemas corporativos e
56

permitindo a criação de novas aplicações. Adicionando aos sistemas


corporativos os recursos da WWW em suas diversas formas: Internet, Intranet e
Extranet. Abre-se o acesso aos dados e informações da empresa, permitindo a
interação com clientes, fornecedores e revendedores.

O e-business muda tudo. Muda a maneira de apresentar o produto, de


processar vendas, atender os consumidores. Agiliza as consultas e
características de um serviço. Essa é, no entanto, apenas uma parte do e-
business. É a parte mais visível, como a ponta do iceberg. Rapidamente se
percebe que as empresas precisam integrar essa ponta, o contato com o cliente,
aos sistemas corporativos, automatizando o processo como um todo.

No modelo ideal de automação do negócio, ao submeter um pedido de


compra pela Internet, o cliente deflagra um processo de controle de estoque
em emissão de documentos fiscais e lançamentos contábeis, integrando o
processo da venda com os sistemas da companhia, passando pela autorização
de remessa, logística e avaliação do tempo de entrega e satisfação do cliente. E
isso, logicamente, não pode ser feito apenas com uma página escrita em
HTML 4. Muitas ferramentas já estão disponíveis no mercado, algumas com
boa qualidade e efetivamente facilitando a criação de páginas , mas isso é só
uma pequena parte do e-business.

A aplicação mais óbvia do e-business é o CE. É possível identificar


com precisão qual informação é pedida por uma pessoa, por meio da
tecnologia Push5. Um exemplo de uso do Push é o sistema de busca que

4
HTML é uma linguagem usada para desenvolver uma página a ser publicada na Internet.
5
Push é a tecnologia que permite que os computadores façam a busca na Internet por
documentos, sem que o internauta precise acessar algum site. Por meio de uma personalização o
equipamento sabe de quanto em quanto tempo deve se conectar para receber as informações de um
canal predeterminado.
57

seleciona notícias relacionados aos assuntos procurados pelo usuário. O


e-learning (treinamento a distância) é mais outra importante aplicação do
e-business. O conceito de workgroup, grupo de trabalho cooperativo,
finalmente pode ser implantado em equipes espalhadas geograficamente,
dentro e fora da empresa. Não só o correio eletrônico, mas a possibilidade de
enviar desenhos, formulários, listas e tabelas agilizam espetacularmente o
negócio. O escritório virtual, em que o funcionário pode trabalhar em casa em
algumas tarefas, como redigir um texto, certamente aumenta a produtividade
da empresa. O mesmo acontece com o vendedor. Este pode, a qualquer tempo,
consultar a lista de preços na matriz, negociar uma condição especial de
pagamento, obter uma aprovação de crédito, estando frente a frente com o
cliente, ao qual entrega a proposta, impressa ali mesmo, para ser assinada.
4. DESAFIOS E OPORTUNIDADES DO COMÉRCIO
ELETRÔNICO NO AMBIENTE EMPRESARIAL

De acordo com Rocha e Mello (2000), há uma revolução silenciosa


ocorrendo nem sempre à nossa vista, que está mudando a forma pela qual
faremos negócios no século XXI. Para alguns empresários e executivos, essa
realidade ainda parece distante. No entanto, cada vez mais, as empresas estão
se dando conta de que a Internet representa não apenas uma ameaça à forma
tradicional de se fazer negócios, mas, sobretudo, uma imensa oportunidade.
Os números apresentados a seguir, extraídos da pesquisa IBOPE –
março/2000, evidenciam essa revolução:

Nos EUA, 17,4 milhões de pessoas compram produtos e serviços pela


Internet, mas a expectativa é de que no ano 2003 esse número alcance a casa
dos 46 milhões.

Atualmente, 24% das empresas americanas vendem produtos pela


Internet, esperando-se que esse número aumente para 56% até o final do ano
2000.

O Comércio Eletrônico entre empresas, internacionalmente, já


representa 160 bilhões de dólares ao ano e deverá crescer para 2,5 trilhões até
o ano 2003.

No Brasil, as mudanças também estão ocorrendo a uma velocidade


nunca vista.

O Brasil responde por cerca de 50% do uso da Internet em toda a


América Latina, com cerca de 4,5 milhões de usuários. Estima-se atualmente
em 330.000 o número de consumidores on-line no Brasil. Esse número
59

aumentará para mais de 1 milhão em 2003. Cerca de 88% do Comércio


Eletrônico latino-americano é conduzido no Brasil, que movimentou cerca de
130 milhões de dólares em 1999, acreditando-se que chegará a 2 bilhões de
dólares em 2003. Estima-se ainda que, tanto na América Latina quanto no
Brasil, o Comércio Eletrônico continue crescendo a taxas de até 200% ao ano.
(Boston Consulting Group, 2000)

Entre as 500 maiores empresas brasileiras, mais de 300 já dispõem de


sites, ainda que apenas 10% utilize o site como canal de distribuição e somente
cerca de 6% realize transações completas pela Internet. (Ibope, 2000)

E os números não param de subir, em 1999 o faturamento do CE no


Brasil foi cerca de 500 milhões de dólares, e a projeção para 2003 é de 2.500
milhões de dólares, de acordo com o instituto IDC Brasil.

Esses números mostram que não é mais possível ignorar o impacto da


Internet nos negócios e que as empresas que não se moverem rapidamente
podem perder posição no mercado. Em particular, o CE entre empresas é o
maior segmento de negócios na Internet e o que cresce mais rapidamente. As
empresas efetuam transações de compra e venda de produtos ou serviços, e
essas transações podem ser realizadas através da Internet de forma mais
eficiente e eficaz.

Mas em que consiste a revolução silenciosa a que estamos assistindo?


Vamos explorar algumas das formas pelas quais o CE muda as formas
tradicionais das empresas fazerem negócios entre si e gera novos modelos de
negócios e novas formas de organização.

“A Internet permite ampliar o tamanho do mercado que a empresa


atinge no momento. As tradicionais barreiras geográficas que limitavam o
60

comércio entre as empresas estão desaparecendo. No Brasil, esse problema é


particularmente relevante devido às dimensões continentais do país, à grande
presença das pequenas e médias empresas e da grande concentração
geográfica dos produtores o que torna difícil a um fornecedor cobrir
amplamente o mercado. A Internet possibilita conectar fornecedores e
compradores sediados em todo o país. No limite, não há porque imaginar que
qualquer empresa não possa operar em qualquer mercado, sem incorrer nos
custos e correr os riscos de estabelecer diversos e onerosos escritórios ou
representações comerciais.

Por outro lado, não são apenas as barreiras geográficas que se vêem
reduzidas ou eliminadas. Devido aos altos custos de busca nos mercados
tradicionais, estima-se que 90% dos pedidos realizados sejam atendidos por
apenas 20% dos fornecedores. Isso significa que as empresas não estão
atingindo uma ampla gama de fornecedores potenciais. Muitas empresas
pequenas e médias, que não podem dispor de estruturas de compra
sofisticadas, acabam pagando mais e comprando produtos menos adequados a
suas necessidades, porque não têm tempo nem recursos para realizar uma
busca ampla entre os fornecedores. A Internet permite modificar essa situação
e as pequenas e médias empresas podem comprar em condições semelhantes
às grandes.

Essa particularidade da Internet é o que torna fascinante e assustadora


a revolução silenciosa citada anteriormente, abrindo oportunidades incríveis
de negócios. Um exemplo disso é a General Eletric que coloca seus pedidos na
Internet para fornecimento de um determinado componente, a que tem acesso
fornecedores em todo o mundo. Com isso amplia dramaticamente as opções de
fontes de suprimento, aumentando o escopo da oferta, obtendo melhores
preços e reduzindo seu custo de fabricação.” Rocha e Mello (2000)
61

A Internet permite realizar transações a um custo menor. Isto se deve


a um conjunto de fatores. Em primeiro lugar, os custos de busca são muito
menores do que nos mercados tradicionais. Isso significa que é possível, para a
empresa compradora, contatar e receber cotações de várias empresas a um
custo insignificante. Por outro lado, os custos de acesso a compradores
também são muito mais baixos para a empresa fornecedora, o que lhe permite
vender a preços mais competitivos e ainda assim melhorar a lucratividade.
Além disso, a disponibilidade de informação e a possibilidade de comparar
preços, qualidade e serviços produzem uma saudável competição entre os
fornecedores. Finalmente, maior eficiência é obtida em todo o processo de
compra pela redução do número de intermediários. As seguintes informações
apresentadas na revista Exame, fevereiro/2000, constatam essas tendências:

De acordo com a Goldman Sachs Investment Research, dependendo


do tipo de produto envolvido, estima-se que o uso da Internet reduza os custos
no processo de compra entre 2% a 39%.

A Alcoa, uma grande transformadora de alumínio, no Brasil, reduziu o


custo da transação por item pedido de R$ 4,36, incorrido no seu processo de
compras tradicional, para R$ 1,17, quando implantou o e-procurement.

A Electrolux, fabricante de eletrodomésticos, reduziu seus custos de


estoques e fretes, no Brasil, em 40% e 25% respectivamente, ao adotar os
meios eletrônicos de transação com seus fornecedores.

A cadeia de supermercados Pão de Açúcar, obteve as seguintes


reduções com a adoção do sistema eletrônico de transações: o índice de
produtos faltantes em suas prateleiras, de 20% para 3%, e o tempo de estoque
das mercadorias em 15%. Além disso, a reposição dos itens nas lojas, que
tardava de 4 a 5 dias para ser feita, hoje é uma tarefa executada em 2 dias.
62

A Internet permite melhorar o controle de estoque. Os fornecedores,


ao venderem diretamente aos clientes, podem reduzir os estoques
intermediários. Os compradores, acessando os fornecedores, podem fazer seus
pedidos com maior velocidade, obtendo resposta mais rápida, o que também
possibilita uma redução de estoques de matérias-primas e componentes. Como
observou o Sr Paulo Celso Matias, Gerente de Integração de Novas
Tecnologias, da BASF S/A, o controle dos estoques passa a ser feito com base
nas vendas, e não nas compras.

A Internet permite adotar o marketing personalizado Considerado


como um dos elementos mais importante nas mudanças produzidas pela
Internet nos negócios. A possibilidade de interagir com cada cliente e adaptar
os produtos e serviços a seus desejos e necessidades pode constituir-se em um
forte diferencial competitivo. A Dell Computer é o melhor exemplo do
marketing personalizado. A empresa mantém uma relação direta com seus
consumidores institucionais, montando cada computador de acordo com as
especificações de cada empresa que é sua cliente. O objetivo da Dell é atender
o melhor possível ao cliente e, ao mesmo tempo, evitar desperdícios. Para tal,
a empresa usa a Internet, para receber os pedidos dos clientes, passar os
pedidos aos seus fornecedores, que providenciam o faturamento e entrega dos
componentes à fábrica. Outro exemplo prático é no MetalSite
(www.metalsite.com), o comprador especifica o tipo de aço que deseja
adquirir, um engenheiro especialmente designado define as especificações do
produto e a MetalSite então avalia e seleciona os fornecedores, em qualquer
parte do mundo, capazes de atender ao pedido.

Tudo isso torna o CE entre empresas um desafio e uma oportunidade.

A seguir procuramos respostas a uma série de questões relacionadas


com os desafios e as oportunidades do CE no ambiente empresarial.
63

4.1. QUAIS OS RISCOS DA ADOÇÃO DO


COMÉRCIO ELETRÔNICO ?

Embora o CE seja uma realidade, não é uma solução miraculosa, e


algumas adaptações devem ser feitas para que a empresa possa operar de
forma eficiente utilizando esse meio de fazer negócios. Dois assuntos
principais merecem ser considerados: potencial conflito com os canais de
distribuição tradicionais e problemas logísticos.

4.1.1 COMO GERENCIAR O POTENCIAL CONFLITO COM


OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO TRADICIONAIS ?

De acordo com Rocha e Mello (2000), em primeiro lugar é


fundamental entender que algumas das funções realizadas pelos canais
tradicionais não são passíveis de substituição através de mecanismos
eletrônicos.

Funções como distribuição e armazenagem e merchandising no ponto-


de-venda, serão realizadas por empresas que possuam competências nessas
áreas.

Ao entender profundamente a cadeia de comercialização de cada setor


será possível estabelecer quais entidades agregam valor em que atividades e a
resposta para as empresas que enxergam a Internet como oportunidade será
focar nestas atividades e não no papel tradicional dos intermediários que era o
de levar as ofertas dos fabricantes aos compradores. A especialização em
logística, merchandising e outras áreas permitirá às empresas que possuem
competência desenvolver os seus negócios de maneira produtiva e lucrativa.

Aos fabricantes caberá gerenciar a evolução e mudança de foco dos


64

seus parceiros atuais de maneira a garantir a máxima penetração das suas


marcas e o aumento da eficiência do processo de distribuição.

O conflito só existirá se a postura dos participantes do sistema atual de


distribuição for a de enxergar a Internet como uma ameaça e não como
plataformas tecnológicas que vieram para automatizar processos e liberar
tempo para algumas atividades que agregam enorme valor e hoje não contam
com o tempo e atenção ideais para sua realização.

A comunicação constante e franca entre os membros dos canais de


distribuição é a chave para garantir que a transição das práticas atuais para as
futuras dar-se-á de maneira produtiva e com ganhos de eficiência para todos.

A forma de remuneração entre os membros do processo de


distribuição também será modificada já que os portais têm sua remuneração
não via compra, estocagem e remarcação de preço, mas sim via cobrança de
um serviço de aproximação, facilitação e ampliação de relacionamentos
comerciais concentrados num só local virtual, de forma eficiente, conveniente
e simples.

4.1.2. QUAIS AS PRESSÕES QUE A ADOÇÃO DA


INTERNET IMPÕE SOBRE O PROCESSO LOGÍSTICO ?

Essa é uma questão crítica do CE. As empresas bem sucedidas no uso


da Internet para realizar transações com seus clientes necessitam dispor de
uma eficiente retaguarda logística. A pressão dos custos faz com que seja
necessária grande eficiência no processo de produção e distribuição, mantendo
estoques reduzidos. Então, o tempo se torna um elemento estratégicamente
vital. Ao embarcar no CE a empresa terá que realizar uma profunda revisão
em seus processos logísticos de maneira a maximizar as reduções de custos
65

que a Internet propicia e adequar-se para o atendimento de um maior número


de pedidos com maior freqüência.

Por exemplo: em uma empresa que possua desvalorização diária de


seus componentes de estoque, manter excesso de estoque seria muito
arriscado. Parte fundamental da operação da empresa é, então, voltada para
fazer com que os componentes necessários à fabricação do produto final sejam
enviados no tempo certo para o local certo, minimizando os custos de
estocagem (just-in-time).

4.2. COMO ESTAR PRESENTE NA INTERNET SEM


PERDER O FOCO NOS NEGÓCIOS PRINCIPAIS ?

Com o crescimento acelerado da Internet, é cada vez mais evidente


que as empresas não podem ignorar esse novo canal de vendas e marketing.
Não se trata apenas de uma questão de modernidade, mas de um desafio para a
competitividade. As diferenças entre a chamada Nova Economia e a Economia
Tradicional tendem a desaparecer: uma deverá fundir-se na outra, constituindo
uma única e mesma economia. Isso se dará por dois motivos: de um lado, a
consolidação das empresas da Nova Economia; de outro, o ingresso maciço
das empresas da Economia Tradicional na Internet, seja através de sites
próprios, seja utilizando Mercados Digitais para realizar seus negócios e
otimizar seus processos internos e seus relacionamentos com parceiros,
fornecedores, funcionários e clientes.

Já se observou que as empresas de Internet bem sucedidas não vieram


da economia tradicional, mas que são novos negócios, conduzidos por
empreendedores, que utilizaram o conhecimento obtido nas indústrias onde
atuavam para redesenhar a cadeia de valor, usando a Internet como ferramenta
66

de transformação das práticas existentes. De acordo com Rocha e Mello


(2000), isso é natural, já que é mais fácil para novos empreendedores
aceitarem os riscos de desenvolver novos negócios ou novas tecnologias do
que para as empresas já existentes.

A Internet é considerada uma grande oportunidade de negócios para


muitas empresas, desde que elas saibam aproveitá-la. Com a evolução do CE
as empresas deverão se preocupar em manter o foco em seus negócios,
construir vantagens competitivas e desenvolver estratégias empresariais que
lhes permitam defender, manter e recriar essas vantagens.

Do ponto de vista das empresas da economia tradicional que desejam


ter uma presença na Internet, aproveitando as imensas oportunidades abertas
por esse novo canal de marketing, uma questão fundamental deve ser
considerada: o foco no negócio. Manter o foco no negócio é essencial:
empresas sem foco são incapazes de competir a longo prazo no mercado. A
globalização, a mudança tecnológica e a diversificação de estilos de vida
abrem novas oportunidades para empresas focadas. A força desses três fatores
permite às empresas trabalhar em nichos especializados de mercado, já que,
quanto maior o mercado, maior o nível de especialização requerido. E a
Internet, permite explorar melhor do que nunca essas oportunidades, criando
vantagens competitivas que sejam sustentáveis a longo prazo.

De acordo com Rocha e Mello (2000), para que as empresas estejam


presentes na Internet sem perder o foco, é preciso não esquecer algumas das
principais lições da estratégia empresarial, apresentadas a seguir:

A primeira delas refere-se ao próprio posicionamento do negócio e sua


viabilidade a longo prazo. Não importa o potencial de vendas pela Internet se,
a longo prazo, o negócio não se tornar viável.
67

A segunda lição da estratégia empresarial refere-se à impossibilidade


da empresa servir a todos os segmentos do mercado com igual competência.
Todos os mercados são segmentáveis e essa tendência é reforçada pelo
fenômeno da globalização e pela capilaridade da Internet. As empresas
focadas sabem escolher os segmentos em que são mais capazes de atuar e
servem esses segmentos melhor do que qualquer outra empresa e, muitas
vezes, uma alta participação em um mercado pode ser ilusória, significando
apenas que a empresa consegue atrair consumidores em todos os segmentos,
mas que não é líder em nenhum deles, comprometendo sua posição a longo
prazo. Por exemplo: embora as empresas norte-americanas dominem os
primeiros lugares no ranking europeu de empresas de Internet mais visitadas,
as preferências em cada país vão para empresas locais. Quando se trata de
realizar compras pela Internet, os consumidores nos vários países europeus
preferem fornecedores locais. É possível que isso venha a mudar no futuro,
com a explosão do CE na Europa, mas hoje a presença das empresas de
Internet norte-americanas no mercado europeu não se encontra assegurada.

A terceira lição refere-se à necessidade de haver ajuste estratégico


entre as operações na Internet e as competências essenciais da empresa.

Concluindo, atuar na Internet de forma criativa, que proporcione


benefícios para a empresa a longo prazo, deve ter uma avaliação criteriosa da
estratégia empresarial. Um dos principais riscos de uma estratégia mal
concebida na Internet é a perda de foco, que pode comprometer a saúde e a
competitividade da empresa. A Internet deve ajudar a ajustar o foco do
negócio, no âmbito de suas competências essenciais, permitindo servir melhor
aos funcionários, acionistas, fornecedores e, sobretudo, aos seus clientes
(Rocha e Mello, 2000).
68

4.3 COMO PODE UMA EMPRESA SE BENEFICIAR


DA INTERNET ?

Em qualquer negócio, seja ele digital ou tradicional, a essência da


competição reside na capacidade da empresa fazer uma oferta ao cliente que
produza satisfação e, a longo prazo, fidelidade. Isto pode ser feito basicamente
de duas formas: aumentando o valor percebido pelo cliente na aquisição do
produto ou serviço, em comparação com a oferta dos concorrentes, ou,
alternativamente, oferecendo o mesmo produto ou serviço a menor preço. Se a
empresa for capaz de fazer uma coisa ou outra, ela estará obtendo vantagem
competitiva. Outro aspecto fundamental, gerado pela Internet, decorre das
enormes possibilidades de novos negócios ou da extensão dos negócios atuais.
Então, o desafio é o de como aproveitar essas oportunidades e criar vantagem
competitiva através da Internet, explorando as três dimensões: interatividade,
onipresença e velocidade? Não há resposta simples para essa questão, já que
cada negócio é essencialmente distinto e são muitas as formas pelas quais uma
empresa pode se diferenciar favoravelmente de seus concorrentes aos olhos
dos clientes. No entanto, segundo Rocha e Mello (2000), baseados nas práticas
das melhores empresas, alguns recursos podem ser úteis, como o estudo da
cadeia de valor, a identificação das ineficiências na cadeia de valor, a
identificação das oportunidades e a implementação das oportunidades que
serão apresentados a seguir.

4.3.1 ESTUDO DA CADEIA DE VALOR

Estudar a cadeia de valor do setor ou sub-setor em que a empresa


opera, desde os fornecedores até o cliente final. Uma cadeia de valor consiste
do conjunto de atividades ou funções exercidas pelos vários participantes de
uma cadeia produtiva. Estudar a cadeia de valor de um negócio significa
identificar, no contexto do setor ou sub-setor que se examina, quais são as
69

funções exercidas por cada elemento na cadeia produtiva. Quantos e quais os


tipos de fornecedores existentes e que funções são exercidas por cada um ? E
as empresas fabricantes de produtos ou fornecedoras de serviços ao mercado
final, que funções realizam? E os distribuidores ou outros intermediários? Os
clientes do setor realizam algumas funções para poder comprar o produto?
Quais? (Rocha e Melo, 2000)

4.3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS INEFICIÊNCIAS NA CADEIA


DE VALOR

Em toda cadeia de valor podem ser encontradas áreas onde ocorrem


ineficiências, que fazem com que os produtos ou serviços sejam mais caros ou
não sejam ofertados da forma mais desejável, conveniente e satisfatória para o
cliente. A pergunta é: onde ocorrem essas ineficiências? Que falhas podem ser
identificadas, por exemplo, no acesso das empresas aos clientes atuais e
potenciais? No tempo de atendimento ou prestação de serviço? Onde os custos
poderiam ser reduzidos? Ao identificar ineficiências na cadeia de valor de um
setor, uma empresa pode encontrar formas de se diferenciar de seus
concorrentes ou de reduzir seus custos, atacando exatamente essas
ineficiências. (Rocha e Melo, 2000)

4.3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS OPORTUNIDADES

A Internet está permitindo a muitas empresas reconfigurar a cadeia de


valor de um setor, reduzindo as ineficiências detectadas. Vejamos algumas
ineficiências que podem ser superadas e como algumas empresas utilizaram
essas ineficiências para gerar vantagem competitiva através da Internet:

Variedade. Não foi por acaso que se desenvolveu o varejo virtual, já


que as lojas do mundo real apresentam uma seleção cada vez mais
70

padronizada de artigos à escolha do cliente. As livrarias e as lojas de CD


virtuais existem porque os consumidores que iam às livrarias e lojas de CD
reais não encontravam uma grande variedade de produtos disponíveis à sua
escolha. Eles encontravam os mais vendidos. Mas tinham dificuldade em
encontrar outros produtos, de interesse apenas para segmentos específicos do
mercado. Por exemplo, a maior loja da cadeia de livrarias Barnes and Noble
tem em suas prateleiras em torno de 200.000 livros, enquanto a
www.Amazon.com oferece mais de quatro milhões de livros a seus clientes.
Mas se a Amazon possibilitou aos consumidores de livros terem acesso a uma
variedade infinitamente maior de produtos, ela também criou enormes
possibilidades de negócios para as editoras menores, ao ampliar o mercado
que elas poderiam atingir. Nos mercados industriais virtuais isto também
acontece. Por exemplo, os portais verticais, que são sites com conteúdo
específico que reúnem um público segmentado, como o
www.planetavida.com.br sobre saúde e o www.agrosite.com orientado à
agropecuária, que oferecem a seus compradores o acesso a uma variedade
enorme de alternativas de produtos e serviços. E proporcionam aos
fornecedores o acesso a um número incomparavelmente maior de clientes,
reduzindo os custos de transação.

Conveniência. O sucesso dos shopping centers deriva de uma


preferência dos consumidores por compras em uma única parada (one stop
shopping). A lógica dos portais na Internet é semelhante. Eles podem ser
vistos como megashopping centers. Têm mais visibilidade e são mais
facilmente localizáveis, por isso as empresas aderem aos portais. Nos portais
verticais, por exemplo, as empresas de determinado setor podem adquirir
todos os insumos necessários a seu processo de fabricação, além de obter
diversos outros serviços. Já os portais horizontais oferecem às empresas a
possibilidade de comprar materiais de consumo e outros tipos de produtos e
serviços, necessários as suas operações do dia-a-dia, que não são específicos
71

de nenhuma indústria, mas podem ser utilizados por qualquer empresa, tais
como produtos para manutenção e limpeza, material de escritório, serviços de
propaganda, etc..

Redução de Custos. Dependendo do tipo de negócio, há muitos


custos que podem ser reduzidos pelo uso da Internet. Considerem-se os custos
de marketing de uma empresa. A Internet permite reduzir os gastos com
propaganda e promoção, fazendo-se uso de seus recursos. Por exemplo, ainda
que o custo de desenvolver um catálogo para a Internet seja mais elevado do
que o de um catálogo comum, o custo de produção e distribuição do catálogo
eletrônico é praticamente nulo.

4.3.4 IMPLEMENTAÇÃO DAS OPORTUNIDADES

Finalmente, é necessário verificar de que formas as oportunidades


identificadas se ajustam às competências da empresa e ao seu negócio e de que
forma aproveitá-las.

Esse passo é crucial. Não basta identificar as oportunidades, é preciso


que a empresa disponha das capacidades e recursos necessários para explorá-
las. Então, considere em que medida sua empresa dispõe de recursos humanos,
tecnologia, conhecimento ou tudo o mais que seja necessário para desenvolver
essa oportunidade.

É preciso verificar se há consistência entre o negócio principal e a


exploração da nova oportunidade identificada. As atenções da alta gerência
podem se dividir entre o negócio tradicional e o virtual? O negócio virtual é
complementar ao negócio tradicional? Haverá perda de foco? A empresa pode
adotar uma estratégia sustentável a longo prazo de atuação na Internet?
Existem alternativas no mercado que proporcionem os benefícios da nova
72

maneira de operar sem os custos e riscos envolvidos em um site próprio?

Em alguns casos, as empresas podem focar algumas de suas


competências essenciais para desenvolver negócios na Internet. No entanto, o
vôo solo, pode ser mais difícil. A visibilidade do site próprio tende a ser
pequena, porque está competindo com milhares de outros sites. Rocha e Melo
(2000), observam que um site próprio é limitado por seu escopo, já que é mais
difícil para os clientes potenciais encontrarem o site e a variedade de produtos
oferecida é necessariamente limitada. Sua credibilidade também é mais
reduzida do que a de um portal que abrigue muitos fabricantes independentes,
já que, nesses últimos, a oferta é muito mais abrangente e é maior a dedicação
da equipe.

Alguns empresários se iludem, considerando que, se seu site pode ser


acessado através das ferramentas de busca na Internet, as visitas ao site e as
compras virtuais dos clientes estarão garantidas. Esses empresários se
esquecem de que estão competindo com milhares de outros sites semelhantes e
que poucos usuários da Internet, em particular nos mercados industriais,
dispõem de tempo para pesquisar sites desconhecidos.

Outra alternativa é participar de portais independentes, que resolvem


os problemas de visibilidade, variedade e credibilidade. Segundo o Gartner
Group (2000), os portais eletrônicos ou mercados virtuais, serão a força mais
importante na explosão do CE entre empresas nos próximos cinco anos. Isto
porque os portais eletrônicos business to business adicionam valor, ao utilizar
processos, sofisticados para atuar como mediadores (neutros) entre
compradores e vendedores, constituindo-se, segundo a Forrester Research
(2000), em redes poderosas de comércio virtual. Estas redes dominarão o CE
entre empresas nos próximos anos, já que oferecem todas as ferramentas para
integrar o mundo digital ao físico, como logística, acesso a crédito e
73

liquidação financeira.

4.4 QUAIS OS ERROS MAIS COMUNS QUE UMA


EMPRESA PODE COMETER AO DEFINIR SUA
ESTRATÉGIA NA INTERNET ?

Apesar de todas as oportunidades, participar da Internet não é uma


tarefa fácil para uma empresa. Rocha e Mello (2000) destacam quatro
armadilhas que precisam ser evitadas para que não se perca tempo e dinheiro,
são elas: crescimento, diversificação, modernidade e tecnologia.

Crescimento. Devido ao grande volume de capital disponível para


novos empreendimentos na Internet e ao rápido crescimento do número de
usuários, a Internet tornou-se particularmente atraente. A pressão para o
crescimento de negócios na Internet é imensa, e vem de todos os lados. Há
uma obsessão em "chegar na frente", ganhar mercado mais rápido do que os
demais, estabelecer uma identidade de marca na Internet, desenvolver uma
imagem junto aos consumidores, ser top-of-mind. Além disso, há as pressões
relativas aos custos: é preciso lucrar o mais rápido possível. Ainda, como a
velocidade de crescimento de negócios na Internet tem sido considerada um
bom indicador de desempenho pelo mercado financeiro, os negócios de
Internet precisam crescer rapidamente para satisfazer os seus investidores. No
entanto, o crescimento pode levar à perda de foco da empresa em seu negócio.

Diversificação. Excessiva diversificação pode levar a empresa a


perder o foco, atuando em negócios para os quais não dispõe de recursos ou
capacidades distintas. Esse foi um erro cometido pelas empresas tradicionais
nas décadas de 70 e 80, ao diversificarem seus produtos, inclusive no Brasil.
Fenômeno similar se observa hoje, com a entrada de muitas empresas em
74

negócios de Internet totalmente desconectados de seu negócio principal. Essas


empresas também correm o risco de perder o foco.

Modernidade. Muitas empresas consideram que devem estar na


Internet porque isso é um símbolo de modernidade, porque os clientes esperam
que a empresa disponha de um site, atuem no CE, etc. Tudo isso pode ser
verdade, mas não se constitui em razão suficiente para se iniciar um negócio
isolado de CE. A modernidade deve ser o resultado das práticas adotadas pela
empresa e da adoção do CE como ferramenta de transformação, e não da
existência de site próprio.

Tecnologia. Centralizar as decisões sobre Internet com a área de


tecnologia pode trazer problemas para as empresas, pois as decisões de
negócio e estratégias para entrada na Internet não dependem exclusivamente
das ferramentas tecnológicas. A entrada na Internet é uma decisão de negócio
que envolve todas as áreas da empresa e que deve ser liderada por
profissionais que tenham a habilidade de conhecer os processos empresariais
tanto os internos (back office) como os externos (front office). Além disso é
fundamental o acesso irrestrito aos profissionais das diversas áreas para que se
possa extrair o máximo valor da Internet tanto em termos de redução de custos
quanto de maximização do processo de atendimento aos clientes.

4.5 QUAIS OS DESAFIOS DAS EMPRESAS


BRASILEIRAS NO COMÉRCIO ELETRÔNICO ?

Albertin (2000b) realizou, durante o segundo semestre de 1999, a


versão 1999/2000 da Pesquisa de CE no Mercado Brasileiro, analisando
aproximadamente 150 empresas, dos vários setores: Serviços (49%), Indústria
(41%) e Comércio (10%); e portes: Grande (43%), Média (35%) e Pequena
75

(22%). As empresas participantes atuam no ambiente tradicional e no


ambiente de CE, em maior ou menor nível.

As aplicações de CE mais intensamente utilizadas pelas empresas


pesquisadas ainda são basicamente aquelas que já podem ser consideradas
como bastante assimiladas neste novo ambiente, por exemplo, correio
eletrônico e troca eletrônica de dados. A Figura 4.1 apresenta o percentual das
principais aplicações dentre as empresas pesquisadas.

Figura 4.1 Comércio Eletrônico nos Processos de Negócio da Empresa.

Fonte: Albertin (2000b)

Aspectos de Comércio Eletrônico. Os aspectos de CE representam


os fatores a serem estudados e tratados na utilização das aplicações de TI. A
Figura 4.2 apresenta a síntese das avaliações dos aspectos de CE de forma
consolidada para os casos estudados, recebendo pontuações que variam de 0
(avaliação péssima) a 5 (avaliação ótima).

Figura 4.2 Avaliação da Importância dos Aspectos de Comércio Eletrônico.

Fonte: Albertin (2000b)


76

Os aspectos que receberam as maiores avaliações, em relação a sua


relevância para a utilização com sucesso das aplicações de CE, foram os de
Privacidade e Segurança, Relacionamento com Clientes e Alinhamento
Estratégico. Os demais foram também considerados relevantes, mas num
nível inferior. A conclusão é que, apesar de todos os aspectos serem críticos,
aqueles relativos a clientes e modelos de negócio são os mais relevantes. O
aspecto de Privacidade e Segurança foi considerado como o mais relevante
pelas empresas.

Contribuições de Comércio Eletrônico. As contribuições de CE


representam o resumo das oportunidades estratégicas e operacionais que essas
aplicações de TI oferecem para as empresas. O Figura 4.3 apresenta a síntese
das avaliações das contribuições de CE de forma consolidada para os casos
estudados.

Figura 4.3 Avaliação das Contribuições de Comércio Eletrônico.

Fonte: Albertin (2000b)

As contribuições que receberam as maiores avaliações em relação a


suas importâncias foram as de Relacionamento com Clientes, Estratégia
Competitiva, Novos Canais de Vendas e Distribuição e Novas Oportunidades
de Negócio. O mais significativo nessa avaliação é a importância que as
empresas atribuem ao relacionamento com seus clientes e a visão que elas têm
do valor das aplicações de CE justamente nessa relação, o que pode levar a
77

uma distorção da percepção do potencial dessas aplicações para os demais


processos de negócio. Porém, essa avaliação é totalmente coerente com a
maior intensidade com que os processos de “atendimento ao cliente” são
afetados por essas aplicações, ou seja uma vez que a maior contribuição é no
relacionamento com clientes, então são os processos de atendimento ao cliente
que devem ser os primeiros e os mais fortemente apoiados pelas aplicações de
CE.

Aplicações de Comércio Eletrônico. A utilização das aplicações de


CE para a integração das empresas com seus clientes já é praticada por
aproximadamente 60% das empresas pesquisadas, destacando-se aquelas dos
setores de Comércio de bens e Serviços. Atualmente, as empresas estão
utilizando as aplicações de CE principalmente nos processos referentes à
divulgação de informações sobre produtos e serviços. Os próximos desafios
consistem na utilização dessas novas tecnologias nos processos de transações e
troca de informações digitais (EDI). Nesse sentido, os aspectos e as
contribuições mais relevantes são as relativas ao relacionamento com clientes
e aos modelos de negócios, que precisam ser analisados e substancialmente
alterados para garantir o sucesso das aplicações de CE.

As empresas avaliam como mais importantes os aspectos de segurança


e legais, o que é considerado coerente com a utilização atual e as tendências.
Assim sendo, para incrementar a utilização de CE nos processos que envolvem
troca de informação e transações deve-se garantir um ambiente com
segurança, ao mesmo tempo que as características deste novo ambiente
exigem revisão e adequação dos aspectos legais atuais para sua expansão.

O desafio mais importante está relacionado com a distinção que as


empresas devem fazer entre os vários aspectos, deixando de considerar tudo
importante ao mesmo tempo e privilegiando aqueles relativos à segurança e à
78

privacidade, condição necessária para a evolução do CE. Os próximos


aspectos que devem receber maior atenção das empresas é a adequação
organizacional e tecnológica, o relacionamento com clientes e fornecedores e
os sistemas eletrônicos de pagamento, para viabilizar a utilização das
aplicações de CE para a realização de transações. A consolidação da melhoria
do relacionamento com clientes confirma o CE como sendo o grande
facilitador da integração eletrônica da empresa com seus clientes, que
permitirá a realização de processos voltados para a identificação e satisfação
das necessidades destes. Esta situação garante melhores armas competitivas
para as empresas e a exploração de novas oportunidades e a utilização de
novos canais de vendas e distribuição.

A utilização das aplicações de CE ainda está predominantemente


relacionada com a interação com os clientes, devendo ser expandida
juntamente com a relação com os fornecedores. Os novos conceitos relativos
a negócios ainda estão sendo conhecidos para, então, serem incorporados. As
empresas estudadas apresentam baixa utilização de CE, principalmente em
relação à integração com os fornecedores, que segundo a pesquisa apresentou
uma integração de 15%, diferente da integração com os clientes, que
apresentou 22%, cabendo lembrar que essa integração pode ser desde a troca
de mensagens por correio eletrônico até a interdependência de processos por
meio de uma Extranet. No setor industrial, o percentual de integração com
fornecedores e clientes é praticamente o inverso da posição dos demais
setores. No caso do setor de comércio, a integração com os clientes é
significativamente maior do que com os fornecedores. No setor de serviços, a
proporção é bastante similar aos dados dos setores.

Em relação à integração interna e externa, com fornecedores e


clientes, no ambiente digital, a única integração significativa está relacionada
com a utilização de Intranet. Outros conceitos, como Extranet, não tiveram
79

respostas significativas. Uma conclusão, possível e coerente com as demais


respostas, é que ainda constitui um desafio aumentar a integração entre os
processos internos com o ambiente externo.

Os processos não são afetados de forma homogênea em seus vários


componentes. Nos processos de “atendimento ao cliente”, as aplicações de
CE são bastante utilizadas para a divulgação de informações sobre produtos e
serviços, assim como para o recebimento de pedidos dos clientes. O próximo
desafio é aumentar a utilização do CE nas etapas de negociação de preços e
condições de pagamento.

Nos processos de “desenvolvimento de produto/serviço”, as atividades


de planejamento são as mais afetadas pelas aplicações de CE. Nos processos
de “cadeia de suprimentos”, as atividades mais afetadas por essas aplicações
são as de solicitação de suprimentos e de envio de pagamentos. Finalmente,
no processo de “manufatura”, todas as atividades são pouco afetadas e de
forma similar. Como já foi referido, o grande desafio é aumentar a integração
entre os processos internos com o ambiente externo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É seguro afirmar que a Informática contribui com mudanças


significativas nos setores de comércio de bens e serviços. Nesse contexto, o
Comércio Eletrônico permite que empresas de pequeno porte possam competir
com grandes empresas, além de estreitar laços entre clientes e fornecedores,
ampliando a abrangência do campo de atuação da empresa.

Existem desafios e oportunidades que não podem passar


despercebidos pelas empresas que desejam ingressar nesta nova forma de fazer
negócios. Por exemplo: as empresas que não possuem um esquema logístico
adequado, estão fadadas ao fracasso, pois funções como armazenagem e
distribuição que são realizadas pelos canais tradicionais, não são passíveis de
substituição através de mecanismos eletrônicos, sendo necessário saber
gerenciar os potenciais conflitos existentes nestas áreas. Outro ponto que
limita o crescimento e aceitação ampla do CE é a sensação de falta de
segurança. A segurança ainda não pode ser garantida, mas os riscos que
ocorrem no ambiente virtual quando da compra de algum bem podem ser os
mesmos que ocorrem no mundo real.

Como apresentado neste trabalho, o CE que vem crescendo


assustadoramente, está mudando a forma pela qual fazemos negócios. Neste
sentido, as empresas que não se adaptarem rapidamente podem perder posição
no mercado.

Os resultados da Pesquisa de CE no mercado brasileiro, permitem


concluir que empresas já estão efetivamente utilizando o CE, porém ainda
focando somente uma parte dos seus processos de negócio, que são aqueles
referentes ao relacionamento externo com seus clientes. O próximo desafio
81

será incluir também os processos internos e integrá-los com os externos de


forma automática, criando o novo ambiente de negócio.

A tendência é que o CE cative cada vez mais um maior número de


usuários devido a comodidade e personalização dos produtos comercializados.
Para isso, no entanto, é preciso haver, acima de tudo, uma mudança no
comportamento do consumidor, o que é diretamente influenciado pela cultura
de cada país. Em alguns países essa disseminação do CE deverá ocorrer de
forma mais rápida e fácil que em outros. O sucesso do CE depende também
de questões econômicas, como distribuição de renda e acesso à infra-estrutura
adequada.

É impossível ficar indiferente às mudanças de cenário causadas pelo


CE. Novas alternativas demandam uma nova filosofia de trabalho. Agregar
tecnologia ao negócio de forma eficiente, tendo o foco ajustado na operação e
no mercado é a chave do sucesso na utilização deste novo canal. No entanto, o
CE não tem retorno imediato, é preciso investir e aguardar para ter os
resultados desejados. Ignorá-lo é definitivamente parar no tempo. O desafio é
saber como utilizá-lo
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