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Artigo

Interpretação e conceito: as formas de


representação e transferência da informação
da arte rupestre no Brasil

Carlos Xavier de Azevedo Netto1 Resumo


A questão das formas de representação
da Arte Rupestre há muito têm preocu-
pado os arqueólogos que estudam essa
forma de manifestação cultural. Essa
preocupação diz respeito tanto às técni-
cas de registro dos painéis rupestres,
quanto com as formas de comunicação
das informações obtidas com o seu es-
tudo. O presente estudo tem como ob-
jetivo discutir as formas de representa-
ção da Arte Rupestre utilizada pelos ar-
queólogos brasileiros e investigar a pos-
sibilidade de estabelecerem-se relações
interpretativas a partir das representa-
ções feitas. O trabalho desenvolvido tem
como objeto os conceitos usados na Arte
Rupestre no Brasil encontrados na lite-
ratura da área que tivessem como prin-
cípio a função de transferir a informação
observada entre os pares da comunida-
de de arqueólogos brasileiros. O proble-
ma de informação é investigado com o
suporte teórico-metodológico da Ciência
da Informação, evidenciando os funda-
mentos da semiótica e a teoria da re-
presentação. Foi possível obter-se a ca-
tegorização de conceitos analíticos, sin-
téticos e interpretativos, destacando os
problemas de sinonímia e de polissemia
identificados. Os resultados encontrados

1
Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional – NDIHR, Universidade Federal da Paraíba,
Campus I - Cidade Universitária. Castelo Branco - CEP: 58059-900. João Pessoa - PB
xaviernetto@gmail.com

Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003 13


Azevedo Netto, C. X.

indicaram que a interpretação da Arte Introdução


Rupestre é inerente às formas com que
as informações sobre essa manifestação O presente trabalho tem a sua ori-
são representadas. Este trabalho tem gem na tese de doutoramento, defendi-
origem na tese de doutoramento do Pro- da em março de 2001, para obtenção do
grama de Pós-graduação em Ciência da grau de doutor em Ciência da Informa-
Informação (IBICT/MCT-ECO/UFRJ). ção na Escola de Comunicação da UFRJ,
em convênio com o Departamento de
Palavras-chave: Pintura Rupestre, Repre- Ensino e Pesquisa do Instituto Brasileiro
sentação, Interpretação, Brasil. de Informação em Ciência e Tecnologia.
A referida tese visou discutir não a arte
rupestre em si, mas antes, o que os ar-
Abstract queólogos falam, entre si, sobre essa
Archaeologists studying Rock Art have forma do registro arqueológico, através
long been concerned with the forms of de suas unidades de representação, vi-
representation of these cultural expres- sando a transferência da informação.
sions. This concern is related both to Como hipótese principal da tese, consi-
the techniques used for recording rock dera-se que a interpretação da arte ru-
panels, and to the ways of communi- pestre, não sua “tradução”, só é possí-
cating the information produced with vel na medida em que as informações
their study. The present article aims at observadas são transferidas entre os pa-
discussing the ways Brazilian archaeo- res da comunidade de Arqueologia bra-
logists represent rock art, asking whe- sileira
ther it is possible to establish interpre- Assim, o objetivo pretendido nesse
tive relationships departing from such trabalho é o discutir as unidades de re-
representations. This work focuses on presentação que os arqueólogos cons-
concepts found in Brazilian Rock Art li- troem para a representação e transfe-
terature, which were developed with rência da informação observada nos pa-
the aim of sharing information within inéis de Arte Rupestre. Foi possível ob-
the academy. The information matter servar que as unidades de representa-
is the object of inquiry, which is appro- ção possuem níveis de construção dife-
ached using theoretical and methodo- renciados atendendo a etapas específi-
logical tools provided by Information cas da pesquisa. Durante o desenvolvi-
Science, especially with the support of mento dos trabalhos, as unidades de re-
semiotics and representation theory. presentação foram agrupadas de acor-
Analytical, synthetic and interpretive do com os princípios de representação,
concepts were categorized, stressing conforme nos fala Foucault (1996), que
problems of synonym and polyssemy. apresentavam em sua delimitação, sen-
The results indicate that the interpre- do possível, a partir daí, identificar al-
tation of Rock Art is inherent to the gumas categorias de conceitos que aqui
ways through which the information serão apresentadas.
about this expression is represented.
This work has its origin in the Doctoral
Dissertation produced within the Gra- O significado e a
duate Program in Information Sciences interpretação na
of UFRJ.
arqueologia
Keywords: Rock-art, Representation, In- Um dos pontos mais polêmicos com
terpretation, Brazil. respeito à Arte Rupestre, e que pode ser
colocado a toda Arqueologia, é a fide-

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Interpretação e conceito: as formas de representação e transferência da informação da arte rupestre no Brasil

dignidade da interpretação de seus da- aspectos objetivos do registro rupestre


dos, questão que assume tal importân- com as suas formas de correlação, que
cia na Arqueologia, que os seus estudos possibilitem, pelo menos o início, de um
são classificados como descritivos e in- processo de construção de significados.
terpretativos, chegando a ser definidas Portanto, a interpretação está intima-
algumas escolas e/ou linhas de pesqui- mente relacionada recuperação da infor-
sa da Arqueologia, como por exemplo o mação, menos aparente, contida nos
“Pós-processualismo”. É por esse moti- painéis de Arte Rupestre.
vo que se deve discutir o termo inter- É possível citar como exemplo o tra-
pretação e suas interrelações aos pro- balho de Witley (1997), acerca da opo-
blemas levantados na Arqueologia mo- sição masculina X feminina na Arte Ru-
derna. pestre do oeste norte-americano. O au-
O ato de interpretar é tido como o tor interpreta a Arte Rupestre das duas
último ato de uma pesquisa, que, no caso grandes tradições (Californiana e da
da Arte Rupestre, se apresenta como: Grande Bacia) como um jogo de poder
... uma visão arqueológica e cultural mais entre os xamãs masculinos e femininos,
ampliada, uma tentativa de entender os sig- expressos nos diferentes rituais. Para
nificados sociais, conceituais, históricos e tanto, recorre ao registro etnográfico e
artísticos das obras. Desta forma, e somen- etnohistórico, buscando as formas de ri-
te desta forma, poderá ser possível apre-
tos executados e o uso de alucinógenos,
sentar uma interpretação, se não infalível,
pelo menos consistente e coerente. (Seda, associados aos “Estados Alterados de
1997:140) Consciência”, pelos produtores destas
manifestações. Assim, apresenta a Arte
As atuais tendências da Arqueologia Rupestre como sendo fruto de uma rea-
abordam a interpretação, além da mera firmação do poder masculino sobre o
classificação, como fator fundamental feminino, identificando alguns momen-
para o avanço da disciplina, mesmo con- tos de sublevação da ordem, através da
siderando que o ato de classificar impli- cronologia, disposição espacial e morfo-
ca em interpretar os dados para sua or- lógica dos signos.
denação (Seda, 1997). O ato de formu- Para se chegar a interpretar qualquer
lar hipóteses também implica em um tipo de fenômeno na Arqueologia, deve-
processo de interpretação. Mas somen- se ter em mente que os objetos encon-
te através das interpretações dos uni- trados no solo, formadores do contexto
versos simbólicos, representados na Arte arqueológico, representam fragmentos
Rupestre, é que se pode formular aproxi- dos comportamentos dos seus produto-
mações que ajudem a compreender o res, como também ocorre com a Arte
comportamento humano do homem do Rupestre, enquanto um dos vestígios in-
passado, já que se tratam de representa- tegrantes do contexto arqueológico. Des-
ções mentais de indivíduos e seus gru- te modo, a Arte Rupestre passa a ter sua
pos. interpretação realizada com maior vali-
Considera-se a Arte Rupestre como dade e abrangência quando efetivamente
uma manifestação detentora de informa- integrada com a totalidade do registro
ções, passíveis de serem recuperadas, arqueológico, considerando-se desde
já que existem um sentido, objetivo e vestígios diretamente relacionado com
organização na execução destes even- as figurações, passando pelos existen-
tos. É no processo de recuperação des- tes no entorno das manifestações rupes-
sas informações que a esfera da inter- tres, ou mesmo aqueles que ocorram em
pretação se faz mais presente, já que uma mesma área geográfica.
no processo de recuperação da informa- Na esfera da Arqueologia, toda a de-
ção há a necessidade de correlação dos dução ou inferência é realizada por meio

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da cultura material, sendo que esta pos- contexto, mas o máximo de cuidado so-
sui uma dimensão simbólica que se re- bre estas construções deve ser tomado.
flete e realiza na relação da comunidade Já que os artefatos podem assumir sig-
humana com as coisas do mundo, afe- nificados diferentes, uma coisa é chegar
tando assim todos os comportamentos ao significado físico dos objetos, que im-
sociais, econômicos do homem. Segun- plique em intercâmbios de matéria, ener-
do Hodder (1994:18), “Em última ins- gia e informação, outra é chegar aos sig-
tância a cultura material pode ser consi- nificados dos objetos em relação aos
derada como o produto da adaptação ao conteúdos estruturados das tradições
meio, tanto físico como social”. Tais con- históricas. Afirma Hodder:
dutas, entretanto, possuem seu locus Se dizemos que o significado depende do
tanto no social como no ecológico, já que contexto, então somente podemos chegar
firmam a relação do homem com o mun- a compreender um contexto cultural em si
do da natureza e das coisas. mesmo, considerando-o como um conjun-
to de disposições e práticas culturais. Não
As manifestações encontradas em podemos generalizar a partir de uma só cul-
contextos arqueológicos são de origem tura. Mesmo que no caso seja necessário
cultural, e, portanto, o seu significado utilizar proposições gerais para interpretar
também o é, como já mencionado. Es- o passado, estas são, por sua própria na-
sas manifestações são reconhecidas tureza geral, triviais - dificilmente no cen-
tro da indagação científica. (Hodder,
como pertencentes à cultura material, e 1994:20)
além de serem um reflexo do comporta-
mento humano, também promove uma Conforme dito anteriormente, os con-
transformação deste comportamento. No ceitos de significado e idéia têm sua de-
caso da Arte Rupestre, além da materi- finição, função e posição distintas, não
alidade, os signos possuem uma liber- podendo ser considerados conceitos
dade de expressão não permitida a ou- equivalentes. Sob esta visão, o signifi-
tras formas materiais da cultura. Com cado está diretamente vinculado ao sig-
essa liberdade maior, as manifestações no que o promove, enquanto o conceito
rupestres têm uma marca mais profun- de idéia está veiculado ao juízo que se
da na modificação dos comportamentos, faz sobre o significado construído, como
quer seja no momento do ritual, quer afirma Santaella (1995:42). Relacionam-
seja na magia propiciatória, quer seja se, assim, os conceitos de idéia e de in-
em seu papel didático (Consens, 1986).
terpretação, já que se considera que o
Considerando-se que as leituras da ato de interpretar é a construção e atri-
Arqueologia são dependentes das formas buição de juízos de valor, no caso cogni-
como os artefatos se relacionam entre tivo, de determinado significado, não tra-
si no espaço e no tempo, bem como com çando uma equivalência entre estes dois
o ambiente circundante, i.e., o seu con-
conceitos, como aborda Seda (1997),
texto (de acordo com Hodder, 1994), o
muito menos relacioná-lo aos significa-
contexto é dado pela teia de possíveis
dos originais dos signos rupestres.
significados que os artefatos remetem
ao observador, embasado pelas relações Mas como tornar estas interpreta-
já citadas. Desta forma, os mesmos ti- ções, se não isentas, menos subjetivas?
pos de artefatos, em contextos diferen- Uma das propostas atualmente vigen-
tes, são provedores de significados dife- tes na Arqueologia é a utilização da her-
renciados, mas como chegar a estes sig- menêutica como uma forma de minimi-
nificados é que se apresenta como pro- zar os efeitos mais deletérios da subje-
blema (Consens, 1991). tividade que se avizinha das interpreta-
Nesta ótica, vários tipos de significa- ções arqueológicas, cujas interpretações
dos podem ser construídos a partir do implicam em:

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Interpretação e conceito: as formas de representação e transferência da informação da arte rupestre no Brasil

(...) mover-se de trás para diante entre as nômeno, em referência aos signos ob-
teorias e os dados, tentando ajustar ou aco- servados. Para a interpretação, não se
modar uns nos outros de maneira clara e
trata de “traduzir” o que está “escrito”
rigorosa, sendo sensíveis às particularida-
des dos dados e críticos a respeito dos su- nos painéis, mas em estabelecer o juízo
postos e a teoria de partida. A “crueza” da que o observador faz em relação aos sig-
contrastação da hipótese com o <<méto- nificados construídos. Isto implica na re-
do científico>> de via estreita tem acarre- tomada do aspecto cognitivo de cons-
tado muito dano em arqueologia, se bem trução e entendimento dos painéis, que
que a prática da maioria dos arqueólogos
seguem acreditando que o que descobrem
somente será possível na medida em que
é mais interessante e complexo que o que se aborde a totalidade do registro ar-
esperavam. Sempre existe um exceden- queológico, a gama total de artefatos do
te de significado que requer uma in- contexto, posição esta que é cada vez
terpretação hermenêutica mais sensí- mais difundida entre os arqueólogos que
vel (grifo nosso). Um enfoque propriamente
estudam a Arte Rupestre, de acordo com
científico aceita a necessidade de explicar
todos os dados, em toda sua particularida- Consens & Seda (1990) e Seda (1997).
de, assim como exige a necessidade de
comprovar, criticamente, a independência
- tão só parcial - de teoria e dados. (Hod- A representação na
der, 1994:196)
arqueologia
Além da questão de hermenêutica, Com o advento da “New Archaeolo-
mencionada acima, há uma questão que gy”, a questão da representação passa a
cada vez mais se afirma nas formas de ocupar um lugar de destaque na teoria
interpretações dos significados dos sig- e pensamento arqueológico, passando da
nos rupestres, que é representada pela mera descrição dos artefatos, em espe-
abordagem das formas de constituição cial aqueles mais exóticos ou valiosos,
deste registro e como ele é estudado pela para a constatação de que os artefatos
Arqueologia. Esta linha de pesquisa é de- resultam de comportamentos humanos.
nominada de Arqueologia cognitiva, e Com o desenvolvimento do pensamento
tem como um de seus marcos a pesqui-
arqueológico, sua afirmação, enquanto
sa da constituição do registro arqueoló-
ciência, volta-se cada vez mais para os
gico, e como ele pode representar com-
aspectos relativos à representação, che-
portamentos passados (Renfrew, 1995).
gando a conjecturar-se que a natureza
Deste modo ganha corpo na Arqueolo-
da Arqueologia está inserida na teoria
gia a proposta de correlação entre o con-
de representação, que pode ser exem-
texto arqueológico e um texto, enquan-
to uma analogia, com a idéia de “leitu- plificada pela “Arqueologia do Saber” de
ra” do registro arqueológico, utilizando Foucault (1987).
como suporte teórico para tal a análise Mas é na instauração de uma pers-
do discurso, proposta por Foucault pectiva “pós-positivista” na Arqueologia,
(1996) e Bordieu (1989) entre outros. que a representação assume seu papel
No escopo do que foi discutido, para junto com a etapa da pesquisa arqueoló-
a Arqueologia, os conceitos de significa- gica privilegiada neste momento, a in-
do e de interpretação (oriundo do con- terpretação. O registro arqueológico pas-
ceito de idéia) assumem características sa então a ser visto não mais como algo
distintas e precisas. Dentro do campo passível somente de descrição, mas como
arqueológico, a idéia de significado dos testemunho que representa comporta-
signos rupestres não pode estar vincu- mentos culturais do passado, que devem
lada ao significado original de seus pro- ser interpretados, à luz do instrumental
dutores, mas antes no significado cons- teórico disponível, para o entendimento
truído pelo arqueólogo no estudo do fe- da dinâmica sócio-cultural que os produ-

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ziu. Para tal, visualiza-se esse registro autor, a Corrente Estruturalista, a Ten-
como um sistema simbólico, em um piso dência Logicista, a Tendência Hermenêu-
hermenêutico e semiótico, onde se aglu- tica, as Ciências Cognitivas, a Prática
tinam as vertentes simbólica, cognitiva e Epistemológica, bem como as relações
contextual (Gardin, 1992). entre elas, e seu papel frente à inter-
pretação do registro arqueológico.
Como tal, os artefatos e os demais
componentes do registro arqueológico Como Corrente Estruturalista, Gardin
podem ser considerados signos de con- a considera quando há:
dutas, regras, eventos e disputas de gru- (...) uma referência a estruturas mentais
pos sociais. Estes signos possuem a par- parece ser suficiente para relacionar uma
ticularidade de apresentar uma existên- constituição interpretativa ao estruturalis-
cia material, cristalizada no registro ob- mo: assim, Hodder (1986:34ff) mistura Pi-
servado. É na materialidade desses sig- aget e Chomsky com Leach e, em sua vi-
são da fonte da Arqueologia estruturalista.
nos, que se potencializa o acesso ao co-
(...) requerendo que o processo de inter-
nhecimento arqueológico, que são obje- pretação seja relacionado de alguma for-
to dos diferentes procedimentos analíti- ma aos métodos da lingüística estrutural
cos da Arqueologia. Mas: ou antropologia: desta forma nos remete-
remos mais proximamente à perspectiva
Essa é uma estrutura fundamental do sig-
metodológica oferecida por Ferdinand Saus-
no puramente formal? Sem dúvida não,
sure e Claude Levi-Strauss, para nomear
desde que aparece como conseqüência de
pelos mais ilustres pais da Semiologia es-
uma origem comum, a qual será chamada
sencialmente francofônica, em oposição a
de função simbólica. (...) Para Hughlings
dominante semiótica anglofônica conside-
Jackson (1932), não apenas a linguagem,
rada abaixo. (Gardin, 1992:88)
mas também a escrita e a pantomima são
representações de comportamento; eles Tal postura coloca esta corrente, de
pertencem ao mesmo fundamento, a qual
certa maneira, como um instrumento de
permite representar através de signos e
imagens. Para Head (1926), um tipo parti-
informação, já que:
cular de comportamento existe, o qual é (...) Alguns deles não têm outra função
chamado de uma atividade de expressão senão melhorar a eficiência na recupera-
simbólica e formulação, na qual um símbo- ção da informação dada em alguns setores
lo, lingüístico ou não, está presente em todo da Arqueologia; existem testes disponíveis
o processo entre o início e a execução de nesse caso, como os idealizados por cien-
um ato; dentro dessa categoria de ativida- tistas da informação nas últimas décadas,
des são identificados comportamentos como e dependem de nós arqueólogos, usá-los
linguagens e escritas diversas, assim como no nosso campo. (...) Se a função deles é
o cálculo, a música, planos e itinerários, heurística, como normalmente afirmado, o
projetos, dados e etc. (Molino, 1992:17) processo de avaliação consiste em verificar
que o sistema semiológico usado tem sido
A partir de uma ótica fundamentada na verdade instrumental, na descoberta de
na noção de “função simbólica” das ex- uma ou mais ordens de significados nos do-
mínios arqueológicos concernentes, e não
pressões materiais da cultura, dada pela devem ter sido descobertas em outro lu-
perspectiva do campo situado no encon- gar. (Gardin, 1992:89)
tro da semiótica e da hermenêutica, os
estudos a respeito do caráter represen- Na tendência logicista, o foco dos es-
tacional da Arqueologia, são divididos em tudos está na estruturação, a partir de
várias tendências, de cunho teórico-pa- uma lógica, fundada em uma feição et-
radigmático, e de acordo com Gardin nocultural específica, do registro arque-
(1992:87) em um nível meta-teórico. ológico e as possíveis interpretações dele
Estas tendências são identificadas a par- obtidas. Nesta tendência, existe uma
tir de suas características fundamentais, problemática quanto aos aspectos da na-
dentro de uma abordagem semiótica da tureza e de tratamento sígnicos, no que
Arqueologia. Foi identificada, por este diz respeito ao seu surgimento das se-

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mioses e sua relação lógica, servindo crédulos (Hodder, 1984); sua última po-
assim, para as tentativas de reconstitui- sição no assunto é ainda mais liberal, ao
ponto de propor que tudo seja esquecido
ção dos processos cognitivos. Dentre os
(“Como então devemos proceder para va-
problemas identificados nesta tendência: lidar? Bem, uma resposta é dizer que nós
Desta vez, duas principais categorias de não vamos”: (Hodder, 1986:93). (Gardin,
problemas surgiram: (a) questões semio- 1992:93)
lógicas, inevitavelmente presentes na
constituição ou consulta à bases de da- Para a tendência cognitivista, recor-
dos; (b) questões computacionais, em um reu-se a Gardin, que comenta um tra-
aspecto formal aos invés de um aspecto balho de Peebles sobre princípios das ci-
mecânico, que se forma, aparentemente, ências cognitivas, passíveis de serem
a medida em que nós tentamos reproduzir aplicados à Arqueologia:
em computadores uma grande série de
construções derivadas de bases de dados (...) Meu entendimento deste artigo é que
(como eruditos, catálogos, tipologias, clas- Peebles achou nas ciências cognitivas um
sificação de objetos no tempo e espaço, número de posições as quais podem servir
interpretações funcionais, etc.). (Gardin, ao propósito da ‘arqueologia da mente’, no
1992:90) sentido de Renfrew: as construções e mo-
dos simbólicos do pensamento que são con-
Quanto à tendência Hermenêutica na cernentes a Peebles são aquelas de pessoas
Arqueologia, volta-se para a moderna se- do passado. No que me diz respeito, eu de-
miótica e os vários estudos sobre seu senho como ciências cognitivas uma incita-
uso na Arqueologia, como é o caso de ção ao estudo da construção e modos sim-
bólicos de pensamento erudito, assim como
Llamazares (1989). A Hermenêutica, nossos próprios, quando nós falamos des-
aplicada à Arqueologia, converge para o ses povos do passado. (Gardin, 1992:99)
que outros autores, tais como Hodder
(1994) e Renfrew (1995), denominam As práticas epistemológicas, ligadas
ou de Arqueologia cognitiva, Arqueolo- aos processos representacionais, de cu-
gia simbólica ou Arqueologia contextu- nho semiótico, é aquela abordagem crí-
al, equivalendo ao que Gardin (1992) de- tica que procura evidenciar os caminhos
nomina de Arqueologia simbólica, cog- lógicos e estruturais seguidos para atin-
nitiva ou contextual (Arqueologia SCC), gir as interpretações. É como um exer-
em uma forma aglutinativa destas face- cício, constante, de crítica e avaliação
tas. Observa-se, também, uma conver- dos procedimentos utilizados dentro das
gência entre a hermenêutica e a semió- várias posições téorico-metodológicas.
tica, salientada na dualidade natureza x Esta prática foi mencionada como a cons-
cultura, no registro arqueológico, e na tante crítica e reavaliação de posições
questão da aproximação entre sujeito e positivistas:
objeto na observação dos fenômenos
(...) (1) a idéia de que a busca por ‘leis
culturais. Então, pode-se entender que:
gerais’ é o objetivo fundamental da ciên-
(...) o processo hermenêutico de interpre- cia; (2) a superioridade de vários ‘sistemas’
tação estende-se por todos os tipos de nas explicações para o comportamento hu-
fenômenos humanos (Ricouer, 1981), e mano; (3) uma certa desconfiança direta-
critérios de validação associados à isso, mente relacionada ao, assim chamado,
são, portanto, para serem usados como método tradicional de inquérito histórico,
uma explicação histórica ou antropológi- considerado como incapaz de apreender as
ca. A arqueologia SCC, novamente pare- leis e sistemas em questão; (4) inversa-
ce compartilhar a mesma visão: um de mente, uma confiança cega nas virtudes
seus representantes mais diferenciados, dos métodos considerados como ‘científi-
como sendo aqueles que primeiramente co’, também, de um modo geral, nos mo-
acentuaram o centro da questão da vali- dos de raciocínio (como o método hipotéti-
dação da Arqueologia simbólica (Hodder, co-dedutivo), ou com referência a ferramen-
1982:viii), logo se achou a solução para o tas específicas, essencialmente relaciona-
tipo hermenêutico, sendo chamado de das a matemática e computadores, etc.
consenso social, com a adesão dos seus (Gardin, 1992:100)

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Na Arqueologia brasileira, o proble- dição) quase nunca se precisam os ele-


ma da interpretação da Arte Rupestre mentos que permitem seguir o encadea-
vem há muito mostrando ser uma ques- mento dos conceitos utilizados e os valo-
res (quantitativos e qualitativos) que per-
tão muito delicada. Dado o fato de que
mitem estabelecer e fazer significantes as
esta manifestação cultural, em particu- macro-unidades. (Consens & Seda, 1990:
lar, apresenta-se de modo isolado dos 43)
demais componentes do registro arque-
ológico, o seu tratamento se dá de ma- Complementando,
neira independente, como se tratasse de No atual estado das investigações de arte
disciplina autônoma. Acresce, ainda, o rupestre no Brasil, as definições formais (de
fato de se tratar de um objeto que se conteúdo, de utilização, de lógica, etc.) são
pretende científico, mas que é, simulta- carentes, o que motiva a existência de ter-
neamente, manifestação de cunho artís- mos ambíguos, com hierarquia diferente e
tico, o que acarreta uma justaposição de cargas semânticas distintas. (Consens e
campos distintos do saber. Um dos prin- Seda, 1990:44)
cipais fatores que contribuem para essa
A confusão dos conceitos da arte ru-
situação de indeterminação está relaci-
pestre brasileira é tal que vários proble-
onado às unidades de representação que
mas, concernentes à transferência de sua
os arqueólogos constroem.
informação, é observada. Problemas tais
O primeiro passo para a construção de como polissemia e sinonímia são os mais
unidades de representação é a interpre- comuns, ocorrendo também a troca de
tação dos signos como forma de aproxi-
termos e de conceitos, como pode ser
mação dos mesmos. A raiz do problema
exemplificados na tab.1, a seguir.
da cientificidade, para o tratamento da Arte
Rupestre, encontra-se precisamente nes- É nesta ordem que se dá o discurso
ses mecanismos de representação. Como arqueológico sobre Arte Rupestre, em um
foi constatado por Consens & Seda (1990), universo simbólico, já que a mesma,
e reafirmado por Consens (1995), a pro- pode ser considerada como composta por
fusão de unidades classificatórias, a sua estruturas simbólicas, assim como seus
particularização e a polissemia dos con- sistemas de representação, enquanto es-
ceitos, acarretam a chamada de “incomu- truturas discursivas. Tal situação leva à
nicabilidade científica”, levando ao não en- procura de fundamentação dentro dos
tendimento de que os pesquisadores es- pressupostos da Arqueologia cognitiva.
tão falando. Esta situação se dá devido à Essa linha de pesquisa arqueológica é
impossibilidade de entendimento e uso definida como o desenvolvimento lógico
que a particularização destes conceitos e natural das premissas de análise dos
acarreta. Problematizando os estudos de símbolos e de seu uso, através dos re-
Arte Rupestre no Brasil, Consens e Seda manescentes materiais do passado. Se-
(1990) reafirmam a importância dos me- gundo Fischer (1987), atuando no cam-
canismos de representação e relacionam po da formação do pensamento, e da co-
alguns problemas:
municação, os mapas cognitivos cultu-
a) há utilização de termos (tradição, estilo, rais teriam a função, entre outras de es-
fase) sem definição expressa; tabelecer identidades culturais específi-
b) há definições que não cumprem as re-
cas. Para Renfrew:
gras lógicas de enunciado;
c) há termos tautológicos (ou seja, se defi- Uma forma de fazer a abordagem cogniti-
nem explicitamente a si mesmos); va mais concreta é imaginar cada indivíduo
d) alguns termos, dentro de uma mesma possuindo um mapa cognitivo do mundo,
definição, procedem de categorias de clas- construído a luz das próprias experiências
ses diferentes (de unidades ou conjuntos; e atividades, para que este mapa de visão
ou de descrição ou de interpretação); de mundo servisse como referência indivi-
e) quando as definições se estabelecem dual para determinar futuras atividades.
como táxons genéticos (a fase de uma tra- (Renfrew, 1995:10)

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Interpretação e conceito: as formas de representação e transferência da informação da arte rupestre no Brasil

Tabela 1 - Troca de Termos entre os Conceitos de Diversos Autores


AUTOR DATA CONC. ATRIB. PRINC. CONC. REF. ATRIB. PRINC. AUTOR DATA
ORIGIN.
Seda 1988 Motivos/ Podem ser Motivos Toda e Qualquer Mendonça 1997
Temática diversificados no representação presente de Souza
tempo e espaço em um painel de arte
rupestre.
Seda 1988 Temas As associações de Motivos Toda representação Mendonça 1997
figuras e sua presente em painel de de Souza
repetição arte rupestre.
Mendonça 1997 Motivos Toda Temas As associações de Seda 1988
de Souza representação figuras e sua repetição
presente em
painel de arte
rupestre.
Pessis 1992 Registro Composições Apresentação São as características do Pessis 1989
Emblemático essenciais que Gráfica processo de realização
caracterizam um gráfica, representações
arranjo gráfico. corporais e materiais,
regras.
Pessis 1989 Apresentação São as Registro Composições essenciais Pessis 1992
Gráfica características do Emblemático que caracterizam um
processo de arranjo gráfico.
realização gráfica,
representações
corporais e
materiais, regras.
Azevedo 1994 Variedade Variações Fácies Variação de aspectos Mendonça 1997
Netto estatísticas de um culturais de uma mesma de Souza
tipo, que marcam época, encerra a idéia
uma unidade de espaço
espacial

Quando essa noção de mapa é inter- Os componentes dos


nalizada dentro do grupo passa a ser cha-
mada de “mappa” (Renfrew, 1995:10), conceitos
em que: Para o entendimento da relação en-
Eu considero a existência de uma cartogra- tre a linha teórico-metodológica adota-
fia como essa de consciência própria, a qual da no trabalho, com os processos de re-
nós acreditamos ser parte do partilhamento presentação, se faz necessária a identi-
da condição humana. Uma parte importan- ficação, análise e crítica desses proces-
te do acúmulo pessoal de experiências de sos. A identificação e análise desse pro-
cada indivíduo é a aquisição de conhecimento cesso são fundamentais de acordo com
sobre esse mundo e a formulação sobre al-
Dahlberg (1978, 1978-a), para a análi-
guns projetos construídos ou modelos so-
bre sua natureza, pelo processo de cogni- se de conceitos, e em HØrland & Albre-
ção, o que muitas vezes é chamada de ‘car- chtsen (1995), para a análise de domí-
tografia’. (Renfrew, 1995:10) nio. A construção dessas representações
também levará em conta o que são con-
O uso da noção de mapa, ou map- sideradas Informação central, marginal
ping, leva à estruturação dos aspectos e pseudo-Informação, em uma relação
do mundo, que são ali inscritos, de modo
ao que foi discutido por Jaenecke (1994),
a evitar-se a circularidade. Assim, a Ar-
sobre o conhecimento. As representações
queologia cognitiva, sob o prisma da no-
aqui consideradas são aquelas denomi-
ção de mapa, que:
nadas de conceitos, enquanto unidade
Deste ponto de vista, o projeto de empre- de conhecimento (Dalhberg, 1978). Esta
ender uma Arqueologia cognitiva é equiva- análise estará voltada à localização dos
lente ao estudo dos aspectos preservados
elementos que fundamentam as repre-
de culturas materiais do passado e algu-
mas atividades de sociedades primitivas,
sentações e seus graus de relevância
que nos permitiram fazer inferências váli- para estas mesmas representações, em
das sobre os mapas cognitivos de seus ha- comparação com o que foi proposto por
bitantes. (Renfrew, 1995:11) cada linha teórica da Arqueologia, infe-

Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003 21


Azevedo Netto, C. X.

rindo-se assim graus de coerência nas lações entre si, ditadas pelas suas pró-
construções das representações pelos ar- prias características. Estas relações po-
queólogos. dem ser divididas como: relações lógi-
A teoria do conceito é aquela que pro- cas, hierárquicas, partitivas, de oposi-
cura dar conta das formas de surgimen- ção e funcionais (Dahlberg, 1978-b). Por
to, definição e uso dos conceitos, en- relação lógica entende-se a posse de
quanto unidades representacionais ori- características comuns que são logica-
ginárias na esfera do real. Todo conceito mente possíveis. Como relações hierár-
é referido por um objeto, quer ele seja quicas, aquelas estabelecidas entre dois
ou mais conceitos, em uma ordenação
individual - entendido como aquele ob-
hierárquica, como o caso dos conceitos
jeto único dentre os demais, constituin-
de fase e tradição. No caso das relações
do-se em unidade, situados no tempo e
partitivas, quando um dos conceitos en-
no espaço - quer ele seja geral - aqueles
volvidos na relação representam parte
que estão fora do tempo e do espaço,
de outro. Quando há uma relação de opo-
representando uma categoria de obje-
sição entre conceitos, ocorre a negação
tos que possuam um ou mais atributos
de um pelo outro. E no que toca às rela-
em comum - e que teriam como parale-
ções funcionais, esta é estabelecida pela
lo na Arqueologia a noção de tipo. Mas
valência semântica do verbo identifica-
para o estudo e entendimento das for-
do em cada conceito, que se interligam
mas de transferência da informação den-
a função original de um dos conceitos,
tro de uma mesma comunidade científi- que pode ser entendido como forma de
ca, os conceitos considerados aqui são ação implícita em cada conceito relacio-
aqueles que estão fora da esfera da re- nado em um mesmo evento.
presentação individual, sendo aqueles
Os conceitos, assim entendidos, pos-
que estão afeitos a unidades mais am-
suem propriedades que os tornam enti-
plas, capazes de definir as unidades in-
dades definíveis, cujas propriedades são
dividuais.
identificadas como: “fonte de saber, rí-
De acordo com a teoria dos concei- gida definição, mantém muitas cone-
tos, definida por Dahlberg (1978-b), a xões, constituição muito específica, per-
construção de conceitos deve possuir tencente a uma certa categoria, etc.”
uma lógica interna que permita depre- (Dahlberg,1978-a:15). Neste ponto de-
ender a unidade constitutiva do concei- para-se com as questões de força e
to como uma unidade representacional. abrangência de um conceito. Para isto,
Para tanto, os conceitos devem ser cons- verifica-se o potencial de intenção e de
truídos, em função de sua precisão, a extensão de um conceito. Para o enten-
partir de enunciados aceitos como ver- dimento desse potencial, é possível di-
dadeiros. Definindo a formação de con- zer que:
ceitos como: A intenção do conceito é a soma total de
(...) a reunião e compilação de enunciados suas características. É também a soma to-
verdadeiros a respeito de determinado ob- tal dos respectivos conceitos genéricos e
jeto. Para fixar o resultado dessa compila- das diferenças específicas ou característi-
ção necessitamos de um instrumento. Este cas especificadoras.
é construído pela palavra ou por qualquer Na representação da intenção do conceito
signo que possa traduzir em fixar essa com- numa definição nem todos os conceitos
pilação. É possível definir, então, o concei- genéricos necessitam ser mencionados.
to como compilação de enunciados verda- (Dahlberg, 1978-b:105)
deiros sobre determinado objeto, (...).
(Dahlberg, 1978-b:102)
Já, no que diz respeito:
A extensão do conceito pode ser enten-
Os conceitos, no seu processo de re- dida como a soma total dos conceitos mais
presentar, estabelecem uma série de re- específicos que possui. Pode ser também

22 Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003


Interpretação e conceito: as formas de representação e transferência da informação da arte rupestre no Brasil

entendida como a soma dos conceitos para corporando aquelas características ge-
os quais a intenção é verdadeira, ou seja, a rais, tais como, forma, cor, textura ou
classe dos conceitos de tais objetos dos
quais se pode afirmar que possuem aque- outras, e as individualizantes, que loca-
las características em comum que se en- lizam o conceito em certo tempo e es-
contram na intenção do mesmo conceito. paço. No caso dos conceitos da Arte Ru-
(Dahlberg, 1978-b:105) pestre, suas formas de definições e seus
Como as naturezas de conceitos são itens de referência, devem propiciar a
definidas pelos campos de conhecimen- aglutinação das características essenci-
to que estão relacionados, estas são ais com as acidentais, por considerar-se
muito variadas. Os conceitos que serão que somente assim é que se pode che-
tratados aqui estão afeitos à esfera do gar à essência dos conceitos gerais.
conhecimento científico. Estes conceitos No processo de transferência da in-
serão analisados de acordo com os pro- formação, o papel dos conceitos está in-
cedimentos metodológicos aqui adota- timamente ligado à recuperação da in-
dos e descritos. Para a definição do que formação, já que sua existência depen-
seria entendido como a análise e do que de da própria estruturação lógica e pre-
seriam estes conceitos, recorreu-se a cisa ser integrada a um sistema de co-
Dahlberg que considera que: municação maior. Nesse sistema, a clas-
sificação e organização são baseadas,
(...)a verificação de características é cha- principalmente, de acordo com Datta
mada de ‘análise de conceitos’. Análise de
(1977), quando considera os conceitos
conceitos é possível de ser considerada a
representação do entendimento dos fatos
como formas organizacionais similares
sobre um assunto, o item de referência. aos mecanismos ou operações mentais,
Essa é uma coisa absolutamente vital para citando Farradane (apud Datta, 1977).
a estruturação do conhecimento humano. E com base em Guilford (apud Datta,
1977), Datta estabelece uma tipologia
Nós podemos definir conceito cientí- de conceitos, onde:
fico como
Os quatro tipos básicos de conceitos, de-
a unidade de conhecimento que sintetiza nominados por Guilford, de ‘figurativo’, ‘sim-
as caracterísiticas da declaração do item de bólico’, ‘semântico’ e ‘comportamental’, são
referência através do termo ou nome, explicados da seguinte maneira: conceitos
o conceito científico geral como
‘figurativos’ são os que derivam dos dados
o conceito científico qualquer que sintetiza
perceptivos, isto é, exteriorazação de ob-
a característica necessária única,
jetos e entidades; conceitos ‘simbólicos’ são
o conceito científico individual como
aqueles que simbolizam coisas, por exem-
um conceito científico qualquer que sinteti-
ze as características necessárias e aciden- plo, número de palavras; conceitos ‘semân-
tais. (Dahlberg, 1978-a:17) ticos’ são aqueles que expressam significa-
dos e noções dinâmicas; conceitos ‘com-
Os conceitos científicos possuem dois portamentais’ denotam sentimentos e emo-
tipos básicos de características na sua ções. (Datta, 1977:17)
constituição: as essenciais e as aciden- Para a efetiva transferência da infor-
tais. As características essenciais são mação, há a necessidade de uma orga-
aquelas que definem os conceitos gerais, nização e classificação dos conceitos em
que incorporam as essências constituti- unidades que possibilitam a interlocu-
vas, onde se obtém a substância e a es- ção entre membros de uma mesma co-
trutura do conceito, e as essências con- munidade discursiva. No caso da Arque-
secutivas, onde se obtem as proprieda- ologia as estruturas e sistemas de clas-
des do que está se representando. As sificação representam as formas de re-
características acidentais são aquelas lação que os diferentes conceitos podem
que definem os conceitos individuais, in- estabelecer entre si, visando com isso o

Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003 23


Azevedo Netto, C. X.

estabelecimento de um quadro contex- (1)afirmação verdadeira é a componente


tual maior, procurando espelhar o que de um conceito que expressa um atributo
do seu item de referência.
seria a realidade observada em um sí-
tio. Esses conceitos podem ser entendi- (2) item de referência é o componente de
um conceito para qual sua afirmação ver-
dos como foi explicitado por Datta
dadeira e sua forma verbal estão direta-
(1977:18), para quem os “conceitos são mente relacionadas, sendo assim o seu re-
definidos por padrões mentais represen- ferente.
tados simbolicamente por palavras sim- (3) forma verbal (termo/nome) de um con-
ples ou compostas, e as expressões das ceito é o componente que resume conveni-
relações entre elas.”. entemente ou sintetiza e representa um
conceito com o propósito de designar um
E como são definidos os conceitos?
conceito de comunicação. (Dahlberg,
O que é essa definição? A definição pode 1978:5)
ser encarada como a linha de limite, onde
se dá a explanação do sentido de um
conceito, com base nos seus objetos de Os conceitos utilizados na
referência, sendo pressupostos indispen-
sáveis na elaboração e comunicação dos
arte rupestre brasileira
discursos científicos e também como ele- O presente estudo, ao contrário do
mentos necessários para o crescimento que foi considerado por alguns autores,
do conhecimento de uma determinada não se restringirá às grandes unidades
área. As definições são realizadas a par- classificatórias. Os conceitos que cons-
tir de observações sobre o objeto, pro- troem o objeto, em questão, são aque-
curando extrair dele atributos, caracte- les que os arqueólogos definem e utili-
zam em suas pesquisas, desde os mais
rísticas que o façam de modelo de todo
específicos e particulares, até os amplos
um conjunto de objetos, teoricamente
e genéricos. No entanto, não só os con-
pertencentes a mesma classe. E essas
ceitos estariam considerados aqui, mas
definições são expressas, no presente
também as formas como são definidos e
caso, de forma discursiva. Assim:
as metodologias que são empregadas.
Fazer uma definição eqüivale a estabelecer Em resumo, o objeto aqui tratado é com-
uma ‘equação de sentido’, sendo que, de posto pelos conceitos operativos e aglu-
um lado (à esquerda) encontramos aquilo tinativos construídos no âmbito da Ar-
que deve ser definido (o definiendum) e
queologia para tratar do fenômeno Arte
do outro (à direita) aquilo pelo qual algu-
ma coisa é definida (o definiens). (Dahl- Rupestre, bem como pelas metodologi-
berg, 1978:106) as que originam tais conceitos, visando
entender o que e como se fala da Arte
O principal instrumento de represen- Rupestre no Brasil.
tação adotado na arte rupestre são os
Originalmente, a grande atenção
conceitos formulados para dar conta dos
com os modos de representação arque-
estudos do fenômeno. O foco principal ológica da Arte Rupestre, como já foi
do método, aqui adotado, está centrado citado, restringia-se às grandes unida-
na análise de conceitos. Como conceito, des taxonômicas, não sendo conside-
considera-se a definição de Dahlberg rados todos os mecanismos de repre-
(1978:5): “(...) unidade do conhecimen- sentação criados para o seu estudo.
to, compreendendo afirmações verdadei- Como qualquer sistema de organiza-
ras sobre um dado item de referência, ção do conhecimento, os sistemas clas-
representado por uma forma verbal”. sificatórios aqui abordados são defini-
Dahlberg disseca sua definição, identifi- dos por dois tipos de conceitos bási-
cando seus três componentes principais, cos: os analíticos e os sintéticos, as-
que são: sim entendidos:

24 Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003


Interpretação e conceito: as formas de representação e transferência da informação da arte rupestre no Brasil

No caso dos conceitos analíticos, estes po- terminado sítio, ou painel, de Arte Rupes-
dem ser entendidos como aquele conjunto tre. Estes conceitos chegam à represen-
de conceitos que tratam de decompor o
tação das figuras rupestres isoladas em
painel rupestre em sucessivas fases, apro-
ximando-se das etapas de observação ar- si, como é o exemplo dado anteriormen-
queológica, até o estabelecimento das ti- te. Os instrumentos sofrem uma variação
pologias das sinalações. Para os conceitos no que diz respeito a opção teórico-meto-
sintéticos, estes podem ser entendidos dológica de cada um dos pesquisadores
como aquele conjunto de conceitos que tra- interessados e produtores destes estudos.
tam de agrupar tipos de sinalações, cria-
dos na primeira fase de observação das ma-
Por esse motivo e por estarem presos den-
nifestações, até o estabelecimento das uni- tro dos discursos internos de cada grupo
dades classificatórias, no caso as tradições. de pesquisa, é que se optou por deixá-los
(Azevedo Netto, 1998-a:05) nos procedimentos analíticos.
No decorrer das pesquisas, foi possí- Quanto aos conceitos sintéticos, estes
estão afeitos, por sua própria natureza, à
vel observar que nem todos os concei-
intenção de comunicação de determina-
tos definidos para representar a arte ru-
das observações, por meio de instrumen-
pestre no Brasil estão voltados para a
tos de representação construídos para este
transferência da informação, e por isso, fim. Estes conceitos são utilizados para
parte integrante do processo de inter- agrupar as observações realizadas durante
pretação dessas manifestações. Dentre o processo de análise, de forma a sinteti-
os conceitos levantados na literatura es- zar as informações recuperadas. São con-
pecializada, expostos na tab.2, apenas ceitos de natureza descritiva, afeitos di-
os denominados de sintéticos apresen- retamente ao universo observado pelo ar-
tam a potencialidade de promover essa queólogo. Sua construção, prende-se ao
transferência. Mas uma outra categoria, intuito de comunicar determinada situa-
ainda não definida, mostra uma série de ção observada para os demais interessa-
características que permitem essa trans- dos no fenômeno, pertencentes à mesma
ferência, mas em outra instância. comunidade discursiva, no caso a dos ar-
queólogos brasileiros.
Tabela 2 - Os Conceitos da Arte Rupes- O terceiro conjunto de conceitos pode
tre Levantados na Literatura ser definido, em uma primeira aborda-
gem, por não estarem sendo usados para
CONCEITOS QUANTIDADE PERCENTUAL a realização de nenhuma das ações já
Analíticos 98 52,13 descritas para os conjuntos anteriores.
Sintéticos 50 26,59
Estes instrumentos de representação não
Citações/Redefinições 31 16,49
Outros 09 4,79 procuram chegar à individualização das
TOTAL 188 100 representações rupestres, ou mesmo re-
presentá-las com o intuito de comuni-
car um fato observado no real. Embora
Uma nova categoria de possuam o intuito comunicativo, os ins-
trumentos não se mantém interligados
conceitos a determinados contextos rupestres es-
No decorrer do processo de análise foi pecíficos, mas sim em estabelecer os
identificado um grupo de conceitos que seus nexos de significação, como pode
não compartilhava as premissas que fun- ser visto na tab.3. Estes conceitos são
damentam as características dos concei- de outra natureza, já que estão afeitos
tos analíticos e sintéticos. No caso dos aos aspectos interpretativos, visando
primeiros, estes conceitos procuram re- transferir não a informação observada,
presentar os diferentes momentos de in- mas sim a informação interpretada so-
dividualização dos componentes de um de- bre o fenômeno.

Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003 25


Azevedo Netto, C. X.

Tabela 3 - Relação dos Conceitos da Nova Categoria

DATA TERMO ATRIBUTOS DE REFERÊNCIA


AUTOR

Pessis 1982 Traços de Elementos de um representação material, a partir dos quais pode ser reconhecida
Identificação a realidade sensível mostrada por essa representação.

Prous 1985 Grupo Social (...) um único tema, realizado do ‘jeito’ do momento, ou de um grupo social
(segmento classificatório, ou escola estilística). Cada novo conjunto teria sido
acrescentado num novo espaço, respeitando-se no entanto algumas normas em
relação à topografia
Prous 1985 Colonização (...) onde houve uma colonização em massa, inúmeras figurinhas pretas
sobrepondo-se aos grafismos São Francisco, os quais não chegam (nem
procuram) no entanto mascarar
Prous & 1987 Atitude ou (...)de maneira ‘positiva’, quando os recém-chegados ‘respeitavam’ os grafismos
Seda Maneira Positiva anteriores (pintando apenas nos lugares livres)

Prous & 1987 Atitude ou de maneira ‘neutra’, quando pintavam por cima sem os suprimir
Seda Maneira Neutra

Prous & 1987 Atitude ou “de maneira “negativa’, quando destroem as figuras antigas para substituí-las
Seda Maneira Negativa por novas

Seda 1988 Domínio Visual Quando uma figura, por alguma razão (tamanho, tratamento, posição, etc.),
destaca-se significativamente das demais, falamos em domínio visual, que pode
ter sido intencional
Pessis 1989 Apresentação Aceitando-se que cada grupo cultural, e cada Segmento da sociedade, tem
Social procedimentos próprios para apresentar à observação de outrem, e que cada
membro do grupo utiliza esses comportamentos por ocasião de qualquer
interação social, pode-se pensar que tais procedimentos estarão presentes nas
representações gráficas de um grupo cultural
Beltrão 1994 Transmutação ou Um mamífero se transmuta em outro animal (...). Homem em ema (Pajé ou
Incorporação Vixó-Maxzé). Antropomorfo se confunde com o corpo da ema (...). Homem ‘que
está na ema’ (...) Homem em boi, outros animais e seres fantásticos (...)

O primeiro desses conceitos encon- mentos de sinais, pertencentes a um


trado foi o definido por Pessis (1982), único tema, realizados “do ‘jeito’ do mo-
quando estabelece o que seriam “Traços mento”, o que significa uma forma pe-
de Identificação” dentro dos painéis de culiar de execução, marcada como úni-
Arte Rupestre do Nordeste brasileiro. ca, que representaria uma segmenta-
Este conceito tem como atributo princi- ção dentro da sociedade produtora das
pal a relação entre a representação ma- representações rupestres. Portanto este
terial com o reconhecimento da “reali- conceito estaria voltado a representar
dade sensível” que está mostrada nas determinadas segmentações sociais in-
representações. Sua função principal é terpretadas nos arranjos rupestres. Este
estabelecer que tipo de fidedignidade da conceito está diretamente associado ao
interpretação existe entre as represen- conceito de “Colonização”, onde deter-
tações rupestres e a realidade com que minados sinais de origem diferentes são
se defrontava o seu produtor, quer seja interpretados como, se sobrepondo aos
no âmbito individual, quer no grupal, sua “grafismos São Francisco”, já que não
esfera cultural. procuram mascará-los, admitindo assim
O segundo conceito relacionado nes- uma convivência entre os dois tipos de
ta categoria é o definido por Prous sinais.
(1985) denominado de “Grupo Social” Um dos grupos de conceitos desta ca-
representado nos painéis do norte e nor- tegoria é aquele definido por Prous &
deste de Minas Gerais. Os Grupos Soci- Seda (1987) e procura tratar das super-
ais, no caso, seriam aqueles agrupa- posições entre representações de tradi-

26 Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003


Interpretação e conceito: as formas de representação e transferência da informação da arte rupestre no Brasil

ções culturais diferentes. Estes instru- balha, nas suas bases, com a idéia de
mentos de representação interpretam as que a produção da Arte Rupestre está
diferentes atitudes dos produtores de de- afeita a regras de um determinado gru-
terminada tradição rupestre quando se po cultural, as quais se constituem “pro-
deparam com outras representações no cedimentos” de execução das represen-
suporte eleito para ser pintado e/ou gra- tações gráficas.
vado. Estes conceitos têm como termo O último conceito identificado com
geral “Atitude ou Maneira”, e como ter- esta categoria é aquele que relaciona
mos específicos “Positiva”, quando não as mudanças das figuras rupestres em
há sobreposição de grafismos, “Neutra”, um ou vários momentos ou painéis.
quando ocorre a sobreposição mas sem
Este conceito foi definido por Beltrão
suprimir os grafismos anteriores e “Ne-
(1994), que o denominou de “Trans-
gativa”, quando há a substituição das fi-
mutação ou Mutação”, e está funda-
guras anteriores por outras. Estas espe-
mentado pela observação etnológica
cificidades são determinadas pela inter-
de universos simbólicos específicos,
pretação arqueológica atribuída à sobre-
em que um determinado elemento da
posição dos painéis.
composição do painel é, gradativa-
Outro conceito que compõe esta ca- mente, transformado em outro. Este
tegoria é aquele voltado para o desta- instrumento é usado na interpretação
que que determinadas figuras ganham de que determinados sinais são trans-
dentro dos painéis de Arte Rupestre. Este formados de acordo com a significa-
conceito foi definido por Seda (1988), ção que assumem no arranjo rupes-
com a denominação de “Domínio Visu- tre. A formação do conceito está a tal
al”, e se prende a características das fi- ponto fundada na observação etnoló-
guras rupestres, tais como cor, propor- gica, que chega a utilizar nomes indí-
ções, tratamento e etc., interpretadas genas para algumas figuras usadas
como possuidoras de destaque em rela- como exemplo.
ção a outras figuras, na composição dos Assim, pode-se observar que os
painéis. Este conceito parte da interpre- conceitos da arte rupestre, enquanto
tação da intencionalidade do destaque mecanismos de representação desen-
da figura, e do pressuposto de que a volvidos para a transferência da sua in-
composição dos painéis é dada por “re- formação, possuem o poder de levar
gras” determinadas pelo grupo que os as interpretações dessas manifesta-
produziu. ções. Tendo o conceito de interpreta-
Outra faceta destes conceitos é re- ção como algo distante da noção de tra-
presentada pelo termo de “Apresenta- dução, já que os marcos culturais que
ção Social”, adotado por Pessis (1989). produziram essas obras, já muito está
Este conceito parte da premissa de que perdido. E entendendo que a interpre-
a Arte Rupestre, mesmo intuitivamente, tação dos fenômenos observados na
representa elementos, partes ou even- arte rupestre, em momento algum, es-
tos da cultura que a produziu. Esta ob- tão dissociados das demais manifesta-
servação se dá na medida em que “cada ções do registro arqueológico, já que
segmento da sociedade tem procedimen- para a elaboração de modelos ou hipó-
tos próprios de apresentar à observação teses explicativas do universo sócio-
de outrem”, de tal forma que “tais pro- cultural que os produziu, deve-se pro-
cedimentos estão presentes nas apre- curar entender as suas manifestações
sentações gráficas de um grupo social”. inseridas no todo cultural que as pro-
Como no caso anterior, este conceito tra- duziu.

Revista Arqueologia, 16: 13-29, 2003 27


Azevedo Netto, C. X.

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