Os professores do Agrupamento de Escolas Carolina Beatriz Ângelo - Guarda, em
reunião geral realizada no dia 22 de Fevereiro de 2011, analisaram e discutiram o actual modelo de Avaliação de Desempenho Docente (ADD) tendo colocado um conjunto de preocupações que, individualmente ou em pequenos grupos, têm surgido à medida que a operacionalização da ADD tenta ser implementada. Da reflexão ocorrida, os professores abaixo assinados consideram que: • O actual modelo de ADD não tem, ao contrário do apregoado, qualquer carácter formativo ou de reconhecimento do mérito não contribuindo, assim, para a valorização pessoal e profissional dos docentes; • O mesmo se alicerça num conjunto de premissas que devido à sua incongruência, subjectividade e complexidade técnica tornam o modelo praticamente inexequível: - A inexistência de formação para os relatores que permita minimizar as imensas dificuldades que existem em avaliar docentes (tarefa para a qual ninguém foi, até hoje, preparado, quer na formação inicial, quer na formação contínua). Uma coisa é avaliar as competências dos alunos, outra, bem distinta, é avaliar, entre outros aspectos, as competências técnico-científico- pedagógicas dos professores; - A complexidade de todo o sistema, assente em 4 dimensões, 11 domínios, 5 níveis, 39 indicadores e 72 descritores, sendo que alguns destes são imprecisos, incongruentes entre si, confusos e tão pouco objectivos que apenas contribuem para confundir avaliador e avaliado (indicadores há que nem sequer possuem qualquer descritor…) e tornar o processo subjectivo; - A possibilidade de avaliado e avaliador serem concorrentes às mesmas vagas, uma vez que, até esta data, não existe legislação que defina as quotas de Excelente e de Muito Bom para os diferentes intervenientes no processo; • Não foram ainda publicados todos os normativos que permitam que seja “… garantido ao docente o conhecimento de todos os elementos que compõem o procedimento de avaliação do desempenho.” (artº 11º, nº 3, do Dec. Reg. Nº 2/2010, de 23 de Junho): - Desconhecem-se as vagas para progressão ao 5º e 7º escalão e a distribuição de quotas para as classificações de mérito, nomeadamente tendo em conta a avaliação externa das escolas; - Existem dúvidas não completamente esclarecidas pelos serviços regionais e centrais do Ministério (por exemplo, os docentes que foram objecto de avaliação intercalar, com observação de aulas, não podem, agora, ter aulas assistidas… no momento em que as observações ocorreram, isso era desconhecido o que pode vir a condicionar a classificação final dos referidos docentes); • Tem um carácter excessivamente complexo e burocrático que pode relegar o trabalho dos docentes com/para os alunos para um plano secundário; • Está a provocar um crescente mal-estar entre os docentes uma vez que as situações referidas anteriormente potenciam um ambiente de trabalho negativo e indesejável.
Pelo atrás exposto, os signatários manifestam a sua total discordância com o
actual modelo de avaliação e exigem ao Ministério da Educação a sua imediata suspensão. Mais exigem que, em simultâneo, a tutela desenvolva um amplo debate sobre a Avaliação dos Professores que possibilite a definição de um modelo justo e exequível, que evite burocracias desnecessárias e não colida com o funcionamento normal das nossas escolas e que, de uma vez por todas, promova e dignifique os professores e a escola pública.