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AGRICULTURA CONVENCIONAL E AGROECOLOGIA E OS RISCOS

AMBIENTAIS
Rogério Rech1

Resumo: Este artigo discorre sobre a questão da Agricultura Ecológica e Convencional


na análise dos riscos, mostrando que a primeira oferece menores incertezas ao produtor
e à sociedade. Usa como ilustrativo o caso dos produtores ecológicos do Projeto Vida na
Roça.

1.0 apresentação

Tem-se, cada vez mais, a percepção de que estamos em um momento de


incertezas, isto se refere principalmente ao fato de as mensurações dos riscos, cada vez
mais, caíram em descrédito, é possível admitir que a ciência, ao tentar isolar o estudo
dos efeitos colaterais do progresso da Sociedade Industrial, não tenha considerado
alguns determinantes importantes. Um deles seria a questão ambiental.
Percebe-se que, ao tratar da questão da segurança, existe uma simplificação no
tratamento dos problemas ambientais, quando se analisa apenas os riscos residuais.
Neste enfoque, Ascelrad (2002) coloca que, ante ao pensamento economicista
dominante, se considera que o núcleo da questão estaria no desperdício de matéria e
energia, perante o que, empresas e governos, propõe ações da chamada Modernização
Ecológica, destinada essencialmente a promover ganhos de eficiência e ativar o
mercado com novos produtos onde, em tese, o conhecimento científico daria conta de
equacionar a questão e bastaria uma ordem de prioridade.
Outra questão a ser levada em conta deve ser a discussão dos padrões do
consumo, não analisados pelo setor empresarial, mais preocupado com o
desenvolvimento econômico; outros aspectos ainda mais relevantes dizem respeito à
crítica ao conjunto das técnicas baseadas na matriz energética do petróleo e o
conhecimento fragmentado. A dissociação entre o homem e a natureza traria como
resultado previsível a crise ambiental, Leff (2007) evidenciando que o problema não é
de conhecimento, mas no conhecimento, diante da necessidade do que chamou de um
novo saber ambiental, baseado no diálogo de diferentes saberes que possa mostrar outra
forma de se elaborar o pensamento.
Martins (2010), citando Beck (1992), mostra que a produção moderna, se por um
lado, oferece às pessoas oportunidades de uma existência gratificante e benefícios, por

1
Mestre em Modelagem Matemática pela Unijuí e Mestrando em Desenvolvimento Regional pela
UTFPR.
outro, lança problemas antes desconsiderados, questões como, por exemplo, o controle
de armas nucleares e degradação do meio ambiente, que socializam o incerto,
independente da ação individual.
A confiabilidade na produção e no consumo dos alimentos está diretamente
ligada à confiabilidade ou não de uma mercadoria, atribuída em última análise ao que
Guiddens (1991) chama de sistema perito, aquele no qual colocamos fé e confiança nas
suas proposições. No caso da agricultura, implica os técnicos, os agrônomos, as
agências e os institutos ambientais e de assessoria. Como a sociedade se alimenta é
também uma convicção do que o sistema de peritagem avaliou como risco ou não, o
problema é que a pauta da agenda é definida em uma arena sem o protagonismo do ator
social, um exemplo disso, diz respeito ao fato dos poucos estudos com relação aos
danos à saúde causados pelos enlatados, a perícia via tem regra tem servido ao interesse
do capital.
A sociedade do consumo está intimamente correlacionada à produção, assim,
depois de apresentada esta análise conjuntural e evidenciado o recorte, é pertinente
abordar as proposições dos modelos agrícolas quer como orientações do estado, quer
como consequência das leis de mercado, ou ainda a opção dos produtores, com ou sem
protagonismo, que direcionam para análise da Agricultura Convencional e da
Agricultura Ecológica.

2.1 Agricultura Convencional e Agroecologia.


Longe de arbitrar um binarismo na interpretação e considerando que os
produtores podem ter sistemas mistos, é importante caracterizar as diferenças entre os
dois sistemas, o Convencional aqui tratado é definido a partir dos meios de produção,
mais especificamente a questão de insumos agrícolas, sementes, adubos, defensivos e
máquinas, em um processo, constante de mercantilização ou monetarização.
Neste sistema, existe uma tendência clara de especialização do processo, a
produção em escala e ainda uma mecanização que diminui o uso da mão-de-obra e
favorece o fornecimento de matéria prima para setores agroindustriais, como o caso da
soja e do milho. Outra característica é a formação de sistemas mais complexos de
integração onde o produtor, de posse da terra e do trabalho, se torna parceiro da
empresa, que lhe oferece orientação e comando do processo, incluindo industrialização
e venda, colocando o produtor cada vez mais distante do consumidor.
Grigolo e al (2005) acrescentam que a integração dos produtores é cada vez um
sistema mais utilizado pelas grandes indústrias, que vêm conquistando novos mercados
e ampliando a produção e consequentemente o lucros, um grande negócio para os
empresários integradores pois, na onda da flexibilização, não precisam comprar terras,
aumentar a mão de obra e nem se preocupar com questões trabalhistas. De fato, esta
tendência de parceria é uma característica da Agricultura Convencional, citam-se outros
contratos como os dos produtores de leite que recebem insumos da indústria e entregam
o produto em um processo intensivo de mercantilização.
A implantação deste modelo de uso intensivo do solo é recente na história do
Sudoeste, patrocinado pelo estado a partir dos títulos de propriedade que os produtores
adquiriram na década de sessenta do século passado, Duarte (2002) diz que a terra
coberta por pinheiros e habitada por índios e mestiços (caboclos) começa a ser ocupada
por colonizadores a partir de meados do século passado, o autor prossegue mostrando
que a partir dos anos cinquenta do século XX, as companhias colonizadoras começam a
entrar em conflito com os agricultores. As primeiras têm um documento de origem, a
partir de um decreto de 1889, pelo qual o império cedia uma enorme área de terra à
Companhia Estradas de Ferro São Paulo-Rio Grande, em troca de serviços prestados na
ferrovia que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul; já os posseiros, possuíam um título
de posse também governamental e o tempo já destinado ao cultivo e posse da terra.
Entre ambos, está o capital local que percebe nos agricultores a possibilidade de sua
expansão, organizando assim o movimento armado de reação conhecido como Revolta
de 1957, onde os comerciantes locais aliados aos agricultores, estabelecem as formas
fundiárias até hoje conhecidas na região como minifúndios.
A propriedade da terra possibilita ao produtor acessar as políticas públicas
entendidas aqui como financiamento público dos bancos oficiais, que adotam práticas
de financiamento externo e desenvolvimento exógeno, a partir de práticas de saberes
externos marcados pela orientação ao uso de insumos, compra de tecnologia agrícola,
repasse de juros aos financiadores e movimentação da engrenagem de reprodução
capitalista.
É possível desconfiar então que a Agricultura Convencional na região é mais
uma criação do capital, aliado ao estado, do que o protagonismo dos produtores e,
mesmo considerando o aumento de produtividade, têm-se efeitos colaterais tanto de
resíduos como degradação do solo, além do alto grau de dependência externa,
combatida a partir dos Movimentos de Resistência.
2.2 Agroecologia.
Percebe-se que a Agroecologia do Sudoeste está intimamente ligada aos
Movimentos de Resistência que evidenciam um combate nas arenas, Duarte (2010) cita
a criação dos Sindicatos e Cooperativas de Produção no final dos anos sessenta, a luta
dos suinocultores, a luta pela terra do Movimento Sem Terra – MST e contra as
barragens pela Comissão Regional dos Atingidos por Barragens do Rio Iguaçu –
CRABI, e finalmente a recriação do cooperativismo a partir dos anos oitenta com o
Sistema Solidário de Crédito – Cresol, das Cooperativas da Atividade Leiteira – CLAF,
e das Cooperativas de Cooperação – Coopafi.
Evidencia-se em todos estes eventos uma crítica ao sistema agrícola dominante e
a necessidade do empoderamento dos produtores, um discurso em favor também da
questão estratégica da agricultura sem o uso de componentes externos que se evidencia
na Agroecologia, termo usado segundo ALTIERI (2002, p. 1) a partir dos anos setenta
do século XX, mas que sua prática tem a idade da própria agricultura.
Pode-se ver então que Khatonian (2002, p. 45) assegura ter-se, na América
Latina, o movimento que se denomina de Agroecologia, procurando atender
simultaneamente as necessidades de preservação ambiental e de promoção sócio –
econômico dos pequenos agricultores em face da exclusão política e social desses
agricultores. Esse movimento caracterizou-se por uma clara orientação de fazer crescer
seu insignificante peso político nas sociedades latino-americanas, além da orientação
para uma produção diferenciada que aproveite resíduos da propriedade e exclua
componentes químicos.

2.1 Agroecologia e Projeto Vida na Roça.


Este espaço é destinado a compreender através de um exemplo ilustrativo a
questão complexa do embate entre as formas de agricultura, este debate se dá a partir da
implantação do projeto Vida na Roça, em 1996, na comunidade de Jacutinga, no
Município de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, no qual participaram várias
entidades entre elas o Sindicato dos Trabalhadores Rurais – STR, Associação de
Estudos e Orientação Rural – Assesoar, Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste,
Prefeitura Municipal, a comunidade e outras entidades parceiras.
O trabalho inicial se deu por um diagnóstico e reuniões mensais entre as
entidades e a comunidade buscando prioridades definidas e assumidas que foram
sistematizadas em dimensões do conhecimento, como a produção, a educação, a saúde e
saneamento e a cultura, destaca–se que a intenção era que estas áreas trabalhassem de
forma integrada garantindo que tivessem coordenadores de cada setor das atividades,
contando ainda com as lideranças por proximidades das cinco linhas, mais os dirigentes
da praça central.
Destaca-se que os seis primeiros anos foram de auge do projeto, aumento da
produtividade de leite, a construção de quatro agroindústrias familiares, o
reflorestamento, a preservação da mata ciliar, a coleta do lixo, a retirada das serrarias do
centro da comunidade e a diferenciação na proposta pedagógica da escola local.
Fica evidente então que Agroecologia seria quase que um caminho natural de
um projeto com estas bases, no entanto, poucas vezes se viu um interesse tão grande do
poder público, leia-se prefeitura municipal, de desmontar o trabalho de orientação para
produção de alimentos diferenciados. A crítica do projeto à fragmentação do
conhecimento atinge claramente o mundo da política instituída, um confronto entre a
sub-política representada pelas organizações contra o empresariado, que se une à
Associação de Moradores para vender insumos de forma casada.
Mesmo considerando o desmonte do trabalho do projeto, alguns resultados
foram alcançados, como o processo de industrialização, especialmente do queijo
ecológico representado por duas agroindústrias familiares e ainda a criação da feira
orgânica através de produtores menos capitalizados.
Evidencia-se então que além da diferença dos meios de produção entre as duas
formas de agricultura está em jogo uma disputa de interesses, se faz acreditar então que
perceber riscos e incertezas nos sistemas agrícolas inclui uma análise estrutural, mas
também social.

3.0 Riscos e Incertezas.


Do ponto de vista matemático, o risco é medido pelos critérios de probabilidade,
mensuráveis e objetivos, enquanto a incerteza não é calculada neste formato devido ao
grande número de determinantes. De qualquer forma os termos podem não ser
necessariamente excludentes.
Quando se fala na incerteza então se tem um quadro desfavorável à Agricultura
Convencional, inicialmente com relação às próprias sementes que, segundo Pinheiro
(2005), são recursos genéticos, uma herança comum de toda a humanidade há mais de
10.000 anos, recursos que foram sendo transformados, a partir do início do século XX,
em propriedade privada de um reduzido número de empresas norte-americanas e
europeias.
A insegurança da convencionalidade se dá também pela dependência externa,
mesmo considerando a falácia da auto suficiência do país em petróleo, base de nossa
agricultura, tem-se outra questão referente ao seu uso e à contaminação do planeta.
Outro aspecto ainda está no fluxo de capital circulante e necessário à produção, visto
que, no sistema convencional o produtor se submete às políticas cambiais muitas vezes
desfavoráveis, além do repasse de recursos ao sistema industrial.
Este autor defende então que mesmo considerando que a falta de confiança na
ecologia se resume à baixa produtividade de alguns sistemas e o consequente preço
acima dos produtos convencionais, é importante dizer que isto não constitui uma
generalização. Assume então que os riscos da Agroecologia são evidentemente menores
que o da Agricultura Convencional.
A ecologia implica em se ter no sistema várias culturas, o que já espalha o risco,
numa racionalidade probabilística, onde mais atividades implicam em menos risco. O
tratamento diferenciado ao ambiente fornece uma troca energética mais racional e o
aproveitamento de resíduos promove a fertilidade do solo.
Do ponto de vista social, a ecologia traz consigo o protagonismo dos atores
sociais e inclui, então, confiança de que instituições sejam preservadas, incluindo um
saber inclusive de cultura popular que é traduzido em reciprocidade, tão importante nos
momentos de crise. Abrir mão disso não é estrategicamente correto.

Conclusão
Este trabalho mostrou que as incertezas na Agricultura Convencional são
maiores do que na Agroecologia, esta conclusão se dá a partir dos meios e dos modos de
produção, além da questão de discutir o consumo. Do ponto de vista social e estratégico
a Agricultura Ecológica mantém um patrimônio genético e cultural que não possui um
valor no mercado, significando mais uma conquista da resistência, termo que pode ser
utilizado como defesa contra um processo hegemônico e também como força, resistente.
Um estudo posterior poderia adentrar na falácia das garantias ofertadas pelo
preço mínimo a certos produtos, além da “certeza” da comercialização dos sistemas
integrados que poderiam, talvez, mostrar a motivação da maioria dos produtores ainda
pela agricultura convencional.
Bibliografia
ALVES, Adilson Francelino et al. Impactos da Agroindústria Integradora na
Agricultura Familiar do Sudoeste do Paraná. In: Espaço e Território: Francisco
Beltrão: Unioeste, 2005.
BECK, Ulrich. Modernização Reflexiva. São Paulo: Unesp, 1992.
DUARTE, Valdir Pereira. Escolas públicas do campo. Francisco Beltrão: Grafit, 2003.
LEFF, Enrique. Complejidad, racionalidad ambiental y diálogo de saberes: hacia una
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2007. Editora UFPR
MARTINS, Ronei Ximenes. Modernidade Reflexiva e Sociedade de Riscos.
Disponível em: http://rxmartins.pro.br/teceduc/modernidade-e-riscos.pdf
Acesso em 17 – 05 – 2010.
PINHEIRO, Sebastião. A Máfia dos Alimentos. São Paulo:ABEEF – UNE, 2005.
SÁ, Márcio Gomes. Reflexividade, Cidadania e Subpolítica: Partindo de Ulrick Beck.
Revista Pós Ciências Sociais, v. 6. n. 12. São Luís – MA, 2010.
Disponível em:
http://www.ppgcsoc.ufma.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=386&catid=74&Itemid=114
Acesso em 17-05-2010.
http://www.assesoar.org.br/index.php?
sc=SA011&sa=SA012&codPublicacao=ACA00047&codIdioma=1
Acesso em 21-04-2010.

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