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As linhas de transmissão com compensação série sempre foram um dos maiores desafios da
engenharia de proteção de sistemas elétricos. Fenômenos como as inversões de tensão e de
corrente afetam a discriminação da direção para faltas em que o banco de capacitores está em
operação, ou seja, quando as proteções do banco de capacitores ("gaps" e MOVs) não atuam,
comprometem o desempenho dos relés de distância, direcionais de sobrecorrente e até
mesmo dos relés diferenciais utilizados para proteger a linha de transmissão em questão. Com
o intuito de buscar uma solução mais abrangente para estes problemas, este trabalho emprega
o argumento da razão das tensões à frente e atrás do banco de capacitores para obter a
direcionalidade necessária.
O presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito dos seguintes fatores no comportamento
do método proposto:
• Atuação das proteções do banco de capacitores série ("gaps" e MOVs);
Para a análise do método durante essas condições serão realizadas diversas simulações
computacionais com o auxílio do software ATP ("Alternative Transient Program"). Essas
simulações serão posteriormente submetidas ao algoritmo proposto implementado com o
auxílio do software SCILAB.
Entretanto, a utilização deste recurso tem um grande impacto na complexidade dos sistemas
de proteção. Dentre os fenômenos relacionados com a compensação série que afetam a
proteção podemos destacar os seguintes:
*Inversão de tensão – Quando ocorre uma falta com resistência elevada, próxima ao banco
de capacitores, de maneira que a reatância entre o relé e o ponto de falta tem característica
capacitiva, a tensão na barra se comporta como se o curto-circuito tivesse ocorrido atrás do
relé. Este problema, no entanto, pode ser facilmente resolvido instalando-se os
transformadores de potencial à frente do banco de capacitores.
*Inversão de corrente – Em alguns casos, quando ocorre uma falta próxima ao banco de
capacitores, a reatância equivalente total vista a partir ponto de falta apresenta característica
capacitiva. Nesses casos, é a corrente que se inverte afetando direcionalidade do relé. Embora
diversos estudos recomendem que este fenômeno seja evitado por ações de planejamento,
isso pode não ocorrer de fato. Para verificar tal afirmação, foram calculadas as impedâncias
equivalentes vistas a partir dos terminais de diversas linhas de transmissão compensadas do
SIN, com o auxílio do programa ANAFAS/SAPRE, a partir da Base de Dados de Curto-circuito do
Operador Nacional do Sistema (ONS). De 41 bancos analisados, em 18 deles a reatância
indutiva equivalente da fonte era menor do que a reatância capacitiva do banco. Nestes casos,
a inversão da corrente irá ocorrer durante curtos-circuitos próximos aos bancos de capacitores.
Outro aspecto relacionado a este fenômeno, é que em curtos-circuitos próximos ao banco de
capacitores, os “gaps” e MOVs que protegem o banco de capacitores podem atuar, retirando o
banco de operação. A atuação das proteções do banco pode não ocorrer para faltas de alta
impedância, que também podem ocorrer.
O presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito dos seguintes fatores em seu
comportamento:
•Atuação das proteções do banco de capacitores série (“gaps” e MOVs);
•Inversão de corrente que ocorre quando a reatância indutiva equivalente atrás do banco é
menor do que a sua reatância capacitiva.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO
Figura 1 – Circuito equivalente monofásico para estudo: a) situação normal, b) curto-
circuito à frente do banco de capacitores e c) curto-circuito atrás do banco de
capacitores
Para uma falta trifásica franca na linha à frente do capacitor, o circuito pode ser reduzido ao
circuito da Figura 1b.
Os valores dos equivalentes R2’ e XL2’ são diretamente proporcionais à distância da falta.
Neste caso, a corrente e as tensões e as tensões valem:
No plano α, esta equação obtida corresponde a uma reta de inclinação (90° - θ L1’) que corta o
ponto (1,0). O plano α é um artifício proposto por Warrington (ver bibliografia) para auxiliar a
análise do comportamento de relés de proteção que comparem duas grandezas de natureza
complexa para definir sua característica de operação.
As setas vermelhas da Figura 2 mostram como essa relação se comporta no plano α à medida
que a falta se afasta do banco de capacitores. Esta figura foi obtida por meio de uma
simulação computacional feita pelo programa SciLab.
Figura 2 – Lugar geométrico da razão V1/V2 no plano ? para faltas à frente do banco
de capacitores e faltas atrás do banco de capacitores
Para faltas trifásicas atrás do banco, no entanto, o circuito equivalente fica reduzido ao
mostrado na Figura 1c. Neste caso, pode-se deduzir que:
No plano α, esta equação corresponde a uma elipse que toca a origem e cujos focos estão
situados sobre uma reta paralela ao eixo imaginário. Da mesma forma, as setas azuis da Figura
2 mostram como essa relação se comporta no plano ??à medida que a falta se afasta do banco
de capacitores.
Com base nos lugares geométricos para as faltas da Figura 2, pode-se definir uma região de
atuação. Da maneira com que o método foi abordado no trabalho inicial, esta região de
atuação foi definida como o mostrado na Figura 3.
As mesmas deduções feitas para as faltas trifásicas foram feitas também para faltas
desequilibradas. Para um curto-circuito monofásico à frente do banco, por exemplo, pode-se
verificar que a razão entre V1 e V2 na fase faltosa vale:
Resistência de falta
Existem dois tipos de resistências que podem aparecer em uma falta: a resistência de arco e a
resistência de contato. A resistência de arco, como o próprio nome diz, é aquela referente ao
arco elétrico (“flashover”) formado pelo curto-circuito. Há diversas referências na literatura
para o cálculo desta resistência. Para uma linha de transmissão de 500 kV, por exemplo, elas
apresentariam um valor inicial bem baixo (entre 1 Ω e 2 Ω), mas à medida que, por exemplo, o
vento aumenta o comprimento do arco, este valor pode aumentar consideravelmente.
Quando existe uma resistência de falta, há uma modificação no lugar geométrico das faltas no
plano α. As setas alaranjadas e violetas da Figura 4 mostram o comportamento das faltas à
frente e atrás do banco de capacitores com resistência de falta, respectivamente.
Pode-se verificar, então, que os curtos-circuitos com resistência de falta estão cobertas pela
região de atuação inicial.
Inversão de corrente
A inversão de corrente é um fenômeno que ocorre quando a reatância indutiva equivalente do
sistema atrás do banco de capacitores tem o módulo menor do que a reatância capacitiva do
banco de capacitores. Neste caso, as correntes passam a fluir no sentido inverso. Como o
método proposto se baseia em tensões, ele é imune à ocorrência de inversões de corrente.
Além disso, na formulação proposta, não são utilizadas a impedâncias equivalentes dos
sistemas.
Inversão de tensão
A inversão de tensão é um fenômeno inerente do sistema e que sempre irá ocorrer quando a
reatância indutiva do trecho da linha de transmissão entre o banco de capacitores e o ponto de
falta tiver o módulo menor do que a reatância capacitiva do banco de capacitores. Este caso já
está coberto pela simulação apresentada na Figura 2 e nas deduções elaboradas.
SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS
Para verificar o comportamento do método proposto, foram realizadas diversas simulações
com o auxílio do programa ATP. O sistema utilizado nas simulações é mostrado na Figura 6. Os
parâmetros das linhas e dos bancos de capacitores foram obtidos de um caso semelhante real
do SIN a partir da base de dados do ONS. Os equivalentes foram calculados pelo programa
SAPRE/ANAFAS, desenvolvido pelo CEPEL.
A Figura 7 mostra o resultado de duas simulações: uma à frente e outra atrás do relé. Como
pode ser visto, os valores obtidos são condizentes com os esperados. Em outras palavras, para
um curto-circuito à frente do banco de capacitores, a razão V1/V2 se deslocou no plano alfa
para o semiplano inferior (3º ou 4º quadrante) e para um curto atrás do banco de capacitores,
se deslocou para o semiplano superior (1º ou 2º quadrante). Os fasores fundamentais foram
estimados a partir do filtro de Fourier de 1 ciclo com 32 amostras por ciclo.
Outra forma de resolver este problema seria por meio de lógica. A Figura 8 mostra um caso
característico em que a trajetória da razão V1/V2 passa pelo semiplano oposto por duas vezes.
Pelas aproximações apresentadas na Figura 8b pode-se constatar, no entanto, que a
permanência no semiplano não desejado se dá por no máximo 10 amostras. Como a taxa de
amostragem é de 32 amostras por ciclo, isso equivale a 0,31 ciclos, ou 5,2 ms. Dentre todas as
simulações realizadas, este foi o maior tempo observado. Desta maneira, se for implementada
uma lógica que temporize o sinal por aproximadamente ½ ciclo antes de efetuar mudança de
direção, espera-se que este problema seja dirimido.
Outro ponto importante de se observar é o fato dos MOVs conduzirem, ainda que parcialmente,
protegendo o banco. Em nenhum dos casos simulados isso comprometeu a eficácia do método.
CONCLUSÕES
Os resultados das simulações mostraram a possibilidade de aplicação prática da técnica
proposta. Além disso, com o artifício proposto de se usar uma lógica utilizando um
temporizador, podem ser utilizados os relés de distância disponíveis no mercado para se
implantar esta técnica, desde que estes relés possuam:
• Memória suficiente para a implementação da lógica do método pelo usuário (6 unidades – AT,
BT, CT e AB, BC e CA).