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“[...] Às margens de um lago, na região de
“Todo ano ciclo da vida se repete no Pantanal Dauphiné, foram reveladas recentemente as
Mato-grossense. Durante as estações das fundações de um conjunto de casas [...]. Uma
chuvas, os rios transbordam e alagam os comunidade de guerreiros e agricultores ali
campos onde se forma banhados, lagoas e vivia, por volta do ano 1000. Temos sob os
corixos temporários. O gado é levado em olhos as ferramentas das quais eles estavam
comitivas para as parte altas. Aproveitando a munidos e damo-nos conta de como esse
inundação, os peixes saem dos rios espalham- equipamento era precário. Por exemplo, havia
se por toda a área inundada. Quando as muito poucos utensílios de ferro. Quase tudo
chuvas param e os rios voltam aos seus leitos, era de madeira. Os camponeses aravam a terra
milhões de peixes ficam aprisionados nas com arados dotados de uma relha de madeira
lagoas. É um banquete para aves, jacarés e endurecida ao fogo [...]. Assim, para cada
ariranhas. Os pastos, renovados pela matéria grão semeado, ficava-se muito feliz em colher
orgânica trazida pela água, crescem verdes dois e meio. A produtividade da terra era
atraindo cervos, capivaras e outros animais ridiculamente fraca. Havia uma imensa
que convivem com o gado, os quais, por sua dificuldade para se tirar dela o sustento. É
vez, atraem onças e jaguatiricas.” preciso imaginar esses homens e essas
mulheres vestidos, em grande parte, com pele
de animais, mas não mais bem alimentados do
que na época neolítica – falo das pessoas do
povo, pois essa sociedade era estritamente
hierarquizada. Os trabalhadores eram
esmagados sob o peso de um pequeno grupo
de exploradores, homens de guerra e homens
da Igreja, que saqueava quase todo o
excedente da produção.”
DUBY, Georges. Ano 1000 ano 2000: na pista de nossos medos. São
Paulo: Editora
Unesp/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. P. 26.
(Prismas).