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RESENHA

O Horror Econômico - Viviane Forrester. Tradução de ÁlvaroLorencini.


Ed. da UNESP (Av. Rio Branco, 1.210, CEP 01206-904, SP,
tel. 011/223-7088). 156 págs.

O horror dos excluídos

"O desemprego invade hoje todos os níveis de todas as classes sociais, acarretando
miséria, insegurança, sentimento de vergonha, em razão essencialmente dos
descaminhos de uma sociedade que o considera uma exceção à regra geral
estabelecida para sempre. Uma sociedade que pretende seguir seu caminho por uma
via que não existe mais, em vez de procurar outras. (...) Resulta daí a marginalização
impiedosa e passiva do número imenso, e constantemente ampliado, de 'solicitantes de
emprego que, ironia, pelo próprio fato de se terem tornado tais, atingiram uma norma
contemporânea; norma que não é admitida como tal nem mesmo pelos excluídos do
trabalho, a tal ponto que estes são os primeiros a se considerar incompatíveis com
uma sociedade da qual eles são os produtos mais naturais. São levados a se
considerar indignos dela e, sobretudo, responsáveis pela sua própria situação, que
julgam degradante (já que degradada) e até censurável. Eles se acusam daquilo de que
são vítimas. (...)
Não se sabe se é cômico ou sinistro, por ocasião de uma perpétua, irremovível e
crescente penúria de empregos, impor a cada um dos milhões de desempregados – e
isso a cada dia útil de cada semana, de cada mês, de cada ano – a procura efetiva e
permanente desse trabalho que não existe. Obrigá-lo a passar horas, durante dias,
semanas, meses e, às vezes, anos se oferecendo todo dia, toda semana, todo mês, todo
ano, em vão, barrado previamente pelas estatísticas. (...)
É dessa maneira que se prepara uma sociedade de escravos, aos quais só a escravidão
conferiria um estatuto. Mas para que se entulhar de escravos, se o trabalho deles é
supérfluo? (...) Não é pouca coisa que toda uma população (no sentido apreciado
pelos sociólogos) seja mansamente conduzida por uma sociedade lúcida e sofisticada
até os extremos da vertigem e da fragilidade: até as fronteiras da morte e, às vezes,
mais além. (...)" 1

a sociedade de escravos

N o mundo atual – das multinacionais, do liberalismo absoluto, da globalização, da


mundialização, da virtualidade –, o "trabalho", concebido como o conjunto de emprego mais
assalariados, é conceito obsoleto, um parasita sem utilidade. A mudança se dá na natureza
mesma do capital: que já não é aquele que expunha as garantias do capitalismo de ordem imobiliária;
que já não é aquele em que o conjunto dos homens era indispensável para produzir lucro.
No atual modelo econômico que se instala no mundo – sob o signo da cibernética, da
automação, das tecnologias revolucionárias –, o trabalhador é supérfluo e está condenado a passar da
exclusão social à eliminação total.
Viviane Forrester num tom de sagrada indignação, denuncia a globalização como a implacável
geradora da exclusão social da nova era, aquela representada pela multidão crescente dos
desempregados. O silêncio reinante no mundo intelectual diante do que está acontecendo levou a
romancista, ensaísta e crítica literária a sair de sua rotina para vir dizer a todos os iludidos que as
promessas paradisíacas da tecnologia e do consumo estão, na verdade, conduzindo a um pesadelo do
qual ninguém sabe como sairemos.
Viviane Forrester não se deixa enganar pelo discurso do "pensamento único", segundo o qual
as maravilhas do capitalismo pós-moderno estão inaugurando a grande nação planetária, preconizada
na Carta das Nações Unidas e no pensamento dos utopistas.
O trabalho morreu, só nos falta a coragem para enterrá-lo. No mesmo túmulo, é preciso
acomodar seu sósia e seu irmão gêmeo, igualmente defuntos: o emprego e o desemprego. A morte foi
causada pelo distanciamento desastroso entre o território do trabalho e o da economia. No mundo atual
– das multinacionais, do liberalismo absoluto, da globalização, da mundialização, da virtualidade –, o
"trabalho", concebido como o conjunto de emprego mais assalariados, é conceito obsoleto, um parasita
sem utilidade.
As multidões que diariamente batem às portas das fábricas em busca de um emprego
continuarão a praticar em vão esse humilhante exercício até o fim dos seus dias. Empregos extintos
não serão recriados, porquanto substituídos pela automação inteligente, pela informatização
prodigiosa.
A alucinante velocidade do capital não corresponde à mobilidade do trabalhador. O capital se
desloca à velocidade da luz, pela fibra ótica das comunicações internacionais, em busca de melhor
remuneração. As fábricas podem mudar de país com igual facilidade, instalando-se onde a mão-de-
obra é menos exigente, mas o trabalhador está amarrado às suas contingências, às suas restrições
físicas; assim, vai aceitando condições contratuais cada vez piores, tentando escapar ao desespero do
desemprego e à dependência da assistência pública.
Os fervorosos da globalização procuram dourar a pílula, afirmando que as exclusões de hoje
são transitórias, que oportunamente brilhará o sol da plena distribuição dos frutos do progresso.
Viviane considera tudo isso pseudoverdades e aponta perspectivas sombrias para o gênero humano, a
perdurar a atual tendência.

A exclusão absoluta

"Por acaso os habitantes de outros bairros vêm perambular nesses subúrbios tão
próximos, tangentes às cidades de que estão separados? Não, porque eles são
considerados, muitas vezes com razão, perigosos. Mas será que se imagina que seus
ocupantes já foram, eles próprios, empurrados para o meio daquele perigo que cada um
teme: a exclusão social permanente, absoluta, a ponto de ser banalizada? (...)
Entre esses 'jovens', esses habitantes dos bairros que chamamos 'difíceis' (mas que são
justamente aqueles onde pessoas em grande dificuldade tentam viver), não são os nomes
de metralhadoras, mas o vazio o que substitui o nome de Mallarmé. O vazio e a
ausência de qualquer projeto, de qualquer futuro, de qualquer felicidade pelo menos
visualizada, da mínima esperança, mas que determinado saber poderia compensar,
suscitando até certo prazer em percorrer esses caminhos que levam ao nome de
Mallarmé. (...)
O ensino? Para esses alunos, poderia tratar-se de uma doação, de uma distribuição do
que existe de melhor, de uma porção mágica autorizada, mas também de um único e
último recurso. Um mínimo muito restrito lhes é proposto, interrompido o mais cedo
possível. E essa noção de 'última chance', que sublinha sua miséria e o perigo que os
ameaça, suscita, tanto nos professores como nos alunos, uma angústia insidiosa que
exaspera as tensões." 2

E o que propõe a discutida autora de "O Horror Econômico"?


Propõe a revolução do pensamento, a recuperação da capacidade crítica dos indivíduos para
que eles saiam do entorpecimento geral, que abre espaço para todas as manobras do poder do mercado.
O decantado fenômeno da globalização não passa da maior estratégia de marketing da história
da civilização ocidental. Agora, diante do livro de Viviane Forrester, não podemos aceitar um mundo
feito de úteis e inúteis, o progresso da ciência, da tecnologia, da agricultura e da indústria compõe o
patrimônio de toda a humanidade, e é a toda a humanidade que deve servir.
O Horror Econômico 1 e 2

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