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Processo: 2673/2005-8

Relator: SALAZAR CASANOVA


Descritores: SOCIEDADES COMERCIAIS
AGENTE
Nº do Documento: RL
Data do Acordão: 16-06-2005
Votação: UNANIMIDADE
Texto Integral: S
Privacidade: 1
Meio Processual: APELAÇÃO
Decisão: CONFIRMADA
Sumário: 1 - O artigo 40º do Código das Sociedades Comerciais
adiciona à responsabilidade da sociedade a
responsabilidade dos agentes
2 - Estes respondem ilimitada e solidariamente pelos
negócios realizados em nome da sociedade no período
compreendido entre a celebração da escritura e o
registo definitivo do contrato de sociedade cessando
a sua responsabilização se a sociedade assumir tais
negócios nos termos do artigo 19º/2 do C.S.C.
3 - Aquela responsabilização não exclui que tais
agentes disponham do benefício da excussão.
Decisão Texto Integral: Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa:

G… Ldª intentou acção declarativa com processo


ordinário contra Gil… e António… alegando que
celebrou com a sociedade P… Ldª contrato de aluguer
de automóveis ao abrigo do qual alugou dezenas de
veículos no período compreendido entre 1-4-1995 e 1-
9-1995. No entanto a aludida sociedade não pagou as
facturas que lhe foram enviadas para pagamento no
montante de 13.719.433$00.

Reclama ainda a A. os juros vencidos (6.359.802$00)


desde a data de vencimento da última factura
peticionada até integral pagamento e juros
vincendos.

A responsabilização dos réus, e não da sociedade,


funda-a o A. no facto de a dívida ter sido contraída
depois da escritura, mas antes do registo da
sociedade, o que, nos termos da lei (artigo 40º do
Código das Sociedades Comerciais) determina a
responsabilização ilimitada e solidária de todos os
que no negócio agiram em representação da sociedade
bem como os sócios que tais negócios autorizaram.

Na sua contestação o réu Gil… refere que a sociedade


se encontra registada desde 12-9-1997; alega que o
A. devia ter demandado a sociedade pois foi ela que
contraiu dívida; refere ainda que em 20-3-1995
enviou carta à A. onde se ressalvava que os negócios
celebrados apenas vinculariam a sociedade, ou seja,
que todos os negócios ficavam condicionados ao
registo da sociedade e à assunção por esta dos
referidos efeitos.

A acção veio a ser julgada procedente.


Nas suas alegações de recurso sustenta o réu
recorrente que os factos quesitados ( 1. A carta
datada de 27-3-1995 de fls. 7 foi precedida do
envio, em 20-3-1995, da carta reproduzida a fls. 74?
e 2. Tal carta foi recebida pela A.?) deveriam ter
sido julgados provados, atento o depoimento das
testemunhas.

Sustenta o recorrente que as facturas foram emitidas


depois da data em que foi outorgada escritura de
constituição da sociedade ocorrendo uma assunção ex
lege dos direitos e obrigações decorrentes dos
negócios jurídicos celebrados pelos gerentes,
administradores ou directores ao abrigo de
autorização dada por todos os sócios na escritura da
sociedade (artigo 19º/1d) do CSC).

Essa autorização pode ser tácita, valendo para actos


futuros, assim se liberando as pessoas que seriam
responsáveis nos termos do artigo 40º/1 do CSC.

Factos provados:

1- No exercício da sua actividade o A. celebrou com


o primeiro réu o contrato que constitui fls. 8 a 15
dos autos no qual este último interveio em
representação de P… Ldª.
2- Entre 1-4-1995 e 1-9-1995 o A. cedeu à sociedade
P… Ldª, sob solicitação dos réus, dezenas de
veículos tendo facturado os serviços à mencionada
sociedade que aceitou as facturas.
3- Em consequência disso resultou para a A. um
crédito de 13.719.433$00 correspondente à diferença
entre a totalidade das facturas referenciadas em 2
(17.688.935$00) e os valores pagos ou creditados
pela A. na conta-corrente contabilística
(3.969.502$00).
4- O contrato de sociedade de Príncipe… Ldª foi
celebrado em 31-3-1995 no Cartório Notarial de… mas
o registo foi lavrado em 12-9-1997.
5- Os RR são sócios gerentes da sociedade mencionada
no facto antecedente.
6- O réu Gil… em representação da sociedade P…
dirigiu à A. a carta que constitui fls. 7 dos autos,
datada de 27-3-1995.
7- O contrato referido em 1 foi outorgado pelo Réu
Gil… com a autorização do réu António...

Apreciando:

1. Pretende a recorrente que os quesitos sejam dados


como provados com base nos depoimentos das
testemunhas Marco… e Joaquim… que afirmam
expressamente (a) que tiveram conhecimento de uma
carta envida à recorrida pelo recorrente, (b) que
houve um documento que foi enviado, (c) que (c) se
falou numa carta.

Ora, tais depoimentos, não justificam que se dêem


como provados os aludidos quesitos tanto mais que é
inequívoco que em 27-3-1995 foi enviada pela
Sociedade Príncipe… Ldª uma carta à A. e, por isso,
as testemunhas poderiam sempre referir-se a tal
carta e não a uma outra, anterior, datada de 20-3-
1995 (a fls. 74 dos autos).

Não está em causa que a A. tenha facturado os


valores em débito á sociedade P… Ldª e que lhe tenha
atribuído um número de cliente.

A A. foi informada pela sociedade do seu número de


contribuinte (carta datada de 27-3-1995 a fls. 7
onde se refere expressamente “ assim sendo agradecia
que a partir de todo o momento, toda a facturação
fosse emitida em nome de P… Ldª e assim que receber
o número de contribuinte definitivo informar-vos-
ei...”).

Não há, assim, nenhuma surpresa pela circunstância


de a sociedade ter sido facturada indicando-se o seu
número de contribuinte e fazendo-se constar da
facturação o seu número de cliente.

2. Não está em causa nesta acção, neste momento, a


questão de saber se a sociedade poderia ter sido
demandada conjuntamente com os sócios por se
entender que o artigo 40º do Código das Sociedades
Comerciais não exclui a responsabilização conjunta.

Prescreve o artigo 40º/1 do C.S.C. que “ pelos


negócios realizados em nome de uma sociedade por
quotas, anónima ou em comandita por acções no
período compreendido entre a celebração da escritura
e o registo definitivo do contrato de sociedade
respondem ilimitada e solidariamente todos os que no
negócio agirem em representação dela, bem como os
sócios que a tais negócios autorizarem; os restantes
sócios respondem até às importâncias das entradas a
que se obrigaram, acrescidas das importâncias que
tenham recebido a título de lucros ou de
distribuição de reservas”.

No caso vertente não há duvida de que estamos face a


contratos sucessivos de aluguer realizados, ao
abrigo de contrato-quadro, no período que decorre
entre 1-4-1995 e 1- -9-1995, outorgada já a
escritura de constituição da sociedade (dia 31-3-
1995), mas ainda não registada a sociedade o que só
aconteceu no dia 12-9-1997.

O disposto no nº1 cessa se os negócios forem


expressamente condicionados ao registo da sociedade
e à assunção por esta dos respectivos efeitos: é o
que prescreve o artigo 40º/2 do CSC

A matéria que integraria esta previsão legal não se


provou.

Tem-se entendido que a responsabilização solidária e


ilimitada de todos os que no negócio agiram em
representação da sociedade não exclui a
possibilidade de a sociedade ser com eles
simultaneamente responsabilizada pelas dívidas
contraídas em seu nome.

Considerando os casos em que foi já realizada a


escritura de constituição da sociedade, mas não o
registo, “pergunta-se se será possível intentar a
acção de responsabilidade contra a sociedade,
directamente. O artigo 40º, nomeadamente, não
pretende restringir a actuação contra os sócios,
apenas?

A resposta é negativa. O sentido dos artigos 38º a


40º é o de adicionar à responsabilidade da sociedade
a responsabilidade dos agentes, não a de excluir a
responsabilização daquela. Seria absurdo que a
responsabilidade da sociedade após a escritura fosse
menor do que quando esta não houvesse sido ainda
celebrada. Ora nesse caso, como sabemos, a sociedade
responde em primeira linha perante os credores, por
aplicação das regras da sociedade civil. A isso leva
a coerência da lei o sentido de valorizar o
significado do património autónomo formado” (Direito
Comercial Sociedades Comerciais, Parte Geral. Vol.
IV, Oliveira Ascensão, 2000, pág. 110/111).

Houve nos autos a pretensão de fazer intervir a


sociedade. O réu, na tréplica, veio requerer a
intervenção principal provocada de P… Ldª (ver fls.
1458), mas tal pretensão foi indeferida com
fundamento na intempestividade da dedução de tal
incidente (ver fls. 1498).

Houve depois um pedido de intervenção principal


espontâneo da aludida sociedade (ver fls. 1507) nos
termos dos artigos 320º,alínea a) e 323º do C.P.C. -
aproveitando a interveniente a oportunidade para
negar que efectivamente a alegada dívida existisse -
mas tal pretensão foi indeferida (ver despacho de
fls. 1548/1549).

Nesse despacho, transitado em julgado, considerou-se


que a requerente (P… Ldª) não se podia associar aos
réus por inexistir interesse litisconsorcial
(necessário ou facultativo) “uma vez que tais
interesses se excluem reciprocamente; a
interveniente não foi demandada exactamente porque a
referida norma imputa aos réus a responsabilidade
pelos negócios por eles celebrados em seu nome antes
do registo do contrato de sociedade. Por isso...não
poderia na petição inicial ter sido demandada a
sociedade e os réus primitivos pois, tal como na
configurada relação material controvertida na
mencionada peça, o requerente seria parte legítima”
(ver fls. 1549).

Defendeu-se, portanto, a ideia de que a


responsabilização a que alude o artigo 40º/1 do CSC
é incompatível com a simultânea responsabilização da
sociedade.
No entanto, a ser assim, uma sociedade seria
beneficiada visto que os terceiros veriam assim
coarctado o seu propósito de obter pagamento da
sociedade pelas dívidas por ela contraídas em
momento anterior ao registo, mas já depois da sua
constituição.

Aquele entendimento não é efectivamente inequívoco.


Assim, “ o conhecimento do circunstancialismo
histórico e jurídico-científico que rodeia o artigo
40º/1 permite responder às questões porventura em
aberto. Nos negócios celebrados pelos seus
representantes: os que agiram nessa representação e
os que autorizaram tais negócios respondem
(portanto: garantem, em termos de responsabilidade
patrimonial) por eles, solidária e ilimitadamente. O
artigo 40º/1 acrescenta ainda, no fim, que os
restantes sócios respondem até à importância das
entradas a que se obrigaram, acrescidas das
importâncias que tenham recebido a título de lucros
ou de distribuição de reservas.

A responsabilidade dos representantes e dos sócios


que tenham autorizado os negócios não isenta - como
vimos suceder com as sociedades de pessoas - o
património social da responsabilidade principal.
Além disso, mercê do artigo 997º/1 e 2 do Código
Civil, os representantes e sócios demandados
dispõem, do beneficium excussionis” (Manual de
Direito das Sociedades, Menezes Cordeiro, Vol. I,
2004, pág. 451).

A invocabilidade de tal benefício em sede própria


levantará dificuldade à A. que não dispõe de título
executivo contra a sociedade.

Não é, pois, uma questão de legitimidade como se


sustentou o que está em causa - questão sobre a
qual o tribunal se pronunciou por decisão transitada
em julgado (ver fls. 1555) - visto que o réu foi
demandado, e bem.

O problema está em saber, não obstante a


legitimidade do réu, se à A. não teria interessado
demandar a sociedade pois afinal foi com ela que
contratou (ver 1.2 e 3 dos factos provados supra) a
fim de obter também a condenação da sociedade no
pagamento da dívida invocada.

Não consta que da escritura de constituição da


sociedade (ver fls. 42/44) tenham sido assumidos
para futuro os direitos e obrigações decorrentes do
negócio-quadro consubstanciado no doc. de fls. 8 e
seguintes dos autos; nem é possível pressupor uma
tal anuência quando não se sabe se tal acordo foi
celebrado depois da escritura de constituição da
sociedade que ocorreu no dia 31-3-1995.

Não é, pois, invocável o disposto no artigo 19º/d)


do C.S.C.
A responsabilização dos RR poderia advir do disposto
no artigo 19º/2 do CSC, mas a verdade é que se não
provou que a administração da sociedade assumisse os
direitos e obrigações de outros negócios jurídicos
realizados em nome da sociedade antes de registado o
contrato.

O registo definitivo da sociedade importaria a


liberação dos RR se se verificasse alguma das
situações previstas no artigo 19º/1 e 2 pois assim o
prescreve a regra constante do artigo 19º/3 do
C.S.C.

A recorrente tem razão apenas na parte em que parece


entender que a liberação dos sócios não é o reverso
da responsabilização da sociedade, pois esta existe
independentemente da responsabilização daqueles a
que se refere o artigo 40º.

No entanto, para a presente acção declarativa tal


aspecto não tem relevância.

Não pode, portanto, o recurso deixar de improceder.

Decisão: nega-se provimento ao recurso confirmando-


se a decisão recorrida.

Custas pelo recorrente

Lisboa, 16 de Junho de 2005.

(Salazar Casanova)

(Silva Santos)

(Bruto da Costa)

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