Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Eliene Moraes 1
RESUMO
Neste trabalho são apresentados os resultados obtidos da análise comparativa da situação da gestão
dos resíduos sólidos urbanos nas cidades de Maringá/PR e Santo André/SP. O volume de resíduos
sólidos gerados per capita em ambos os municípios é em média 0,800 kg/dia. As análises
concentram-se nos serviços de coleta, tratamento dos resíduos sólidos públicos, domésticos e
comerciais, da construção e demolição e os resíduos sólidos dos serviços da saúde, além de verificar
a destinação final. Os dados foram obtidos no Sistema Nacional de Informação do Saneamento, e
por meio de informações obtidas das Prefeituras. Com estas foi possível constatar que o município
de Maringá apresenta uma gestão deficiente, pois destina seus resíduos para um aterro controlado,
causando danos ambientais. Por outro lado, o município de Santo André é uma referência nacional e
dispõe seus resíduos de forma sanitária e ambientalmente adequada, ou seja, em um aterro sanitário.
Palavras-Chave: Resíduos sólidos; Gestão de resíduos sólidos; Coleta seletiva; Destinação final.
1
Mestranda, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana -
PEU, eliene.moraes.ga@gmail.com
2
Mestrando, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana -
PEU, georickk@yahoo.com.br
3
Profa. Dra., Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil,
fasimoes@uem.br
4
Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil, ganeto@uem.br
5
Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil,
brucagen@uol.com.br
1. INTRODUÇÃO
A questão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) nos centros urbanos tornou-se um grande
problema, trazendo várias conseqüências como: contaminação dos recursos hídricos, solo e ar,
devido à disposição inadequada. E tem causado preocupações e grandes discussões e, é um grande
desafio para as administrações públicas.
A geração de RSU esta relacionada a grande concentração populacional em núcleos urbanos
e ao excessivo consumo de bens e serviços. Quanto maior o poder aquisitivo da população, maior é
o volume de resíduos gerados.
Para agravar a situação, por falta de conhecimento técnico, infraestrutura apropriada, mão-
de-obra especializada e uma gestão adequada, o poder público causa mais problemas, pois coleta os
resíduos sólidos da cidade, afastando para outro local e depositando em lixões, ocasionando com
essas “soluções” grandes impactos, não só sanitários e ambientais como também sociais,
econômicos e culturais. Porque além de causar poluição generalizada no ambiente, possibilita a
prática de catação, situação essa que além de desumana é insalubre.
Considerando o exposto acima, este trabalho tem como objetivo analisar a gestão dos RSU
de dois municípios, sendo eles: o município de Maringá-PR, que apresenta problemas relacionados
à gestão, e o município de Santo André-SP, que é uma referência nacional.
2. DESENVOLVIMENTO
A palavra lixo origina-se do latim lix, que significa cinzas ou lixívia. E atualmente, é
identificado, por exemplo, como basura nos países de língua espanhola, e refuse, garbage, solid
waste nos países de língua inglesa (BIDONE; POVINELLI, 1999, p.1). Segundo FERREIRA
(2001, p.430) lixo é o que se varre de casa, da rua e se joga fora; entulho, e resíduo é o que resta de
qualquer substância; restos.
A NBR 10.004 (2004), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) especifica
que:
Os resíduos sólidos são definidos como resíduos nos estados sólido e semi-sólido,
que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Esta norma classifica os resíduos sólidos em três classes: Classe I – Perigosos; Classe IIA –
Não inertes e Classe II B - Inertes.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais – ABRELPE (2003), resíduos sólidos urbanos (RSU) compreendem todos os resíduos
sólidos gerados num aglomerado urbano, excetuados os resíduos de serviços de saúde, os resíduos
industriais perigosos e os resíduos de portos e aeroportos.
A cidade de Maringá localiza-se na região Norte do estado do Paraná, faz parte da Região
Metropolitana de Maringá (RMM). Sua altitude média é de 555 m, com área territorial de 487.930
km². De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE (2007), o município
está com aproximadamente 325.968 habitantes. E segundo a Prefeitura Municipal de Maringá -
PMM, na área urbana residem 283.792 habitantes e na área rural por volta de 42.176. O clima é
subtropical, apresentando inverno seco e verão chuvoso.
A gestão de resíduos sólidos é de responsabilidade do poder público local, exceto os
resíduos de serviços de saúde. Resíduos estes que é de responsabilidade de seus geradores que
contratam empresas privadas para execução da coleta, tratamento e disposição final. O
abastecimento de água atende 100% da população e esgotamento sanitário 80,48%, e deste 100% é
tratado, os serviços são executados pela Companhia de Saneamento do Paraná- SANEPAR.
A cidade de Santo André está localizada na Região Metropolitana de São Paulo, na porção
sudeste, região denominada “Grande ABC”. Situada a 760 m de altitude e distante 18 km do centro
da cidade de São Paulo. Sua área territorial total é 174,38 km2, sendo que 107,93 km2 (61,9%) são
áreas de Proteção Ambiental e de Proteção aos Mananciais. Segundo o IBGE (2007), o município
tem aproximadamente 667.891 habitantes. De acordo com a Prefeitura Municipal de Santo André -
PMSA (2007) a cidade tem 178.460 domicílios na área urbana, 6.987 na área de mananciais, e
28.863 em 150 assentamentos informais.
Desde 1969 o município possui uma autarquia que é o Serviço Municipal de Saneamento
Ambiental de Santo André - SEMASA, responsável pelos serviços de abastecimento de água, que
3
atende 98% da população; esgotamento sanitário que atende 96%, sendo que destes 40% é
encaminhado para a Estação de Tratamento Esgoto do ABC (Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo – SABESP); drenagem urbana; gestão ambiental; gestão de resíduos sólidos e
defesa civil (PMSA, 2007).
No que se refere à gestão dos resíduos sólidos urbanos, desde 1980, o município de Santo
André já contava com um sistema de coleta domiciliar, realizada três vezes por semana nos bairros
residenciais e diariamente na área central, Aterro Sanitário, e uma Usina de Compostagem.
A partir de 1997 foi implementada a coleta domiciliar diferenciada de resíduos úmidos (lixo
de banheiro e restos de cozinha) e resíduos secos (recicláveis), e coleta especial em grandes
geradores (shoppings, indústrias, escolas, condomínios, etc); coleta e tratamento de resíduos de
serviço de saúde; serviços de varrição e limpeza pública; e tratamento e disposição final dos
resíduos sólidos de forma qualificada em Aterro Sanitário.
Os serviços eram gerenciados pela Prefeitura Municipal de Santo André, pela Secretaria de
Serviços Municipais. A partir de julho de 1999, os serviços foram transferidos para o SEMASA –
Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André, por meio da Lei Municipal
7840/1999, que também criou o Departamento de Gestão de Resíduos Sólidos.
O gerenciamento de resíduos sólidos de Santo André “tem como princípio proporcionar a
sustentabilidade ambiental ao município no que se refere à coleta, tratamento e destinação final dos
resíduos sólidos, garantindo a participação social em todo o processo da gestão”. (SEMASA, 2009).
2.2.2 Método
Para o desenvolvimento do estudo foi realizada uma revisão da literatura de alguns autores
que abordam a gestão dos RSU. Assim como, levantamento de dados para caracterização dos
municípios, e informações por meio do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento:
Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - 2006, elaborado pelo Programa Nacional de
Modernização do Saneamento - PMSS. Complementados pelos dados obtidos junto às Prefeituras
de ambos os municípios.
A seguir foram elaboradas tabelas com dados da gestão dos RSU dos municípios de
Maringá-PR e Santo André-SP, como segue:
População atendida, estrutura operacional, frequência e terceirização do serviço de coleta
domiciliar;
Programa de coleta seletiva, com informações quanto à forma de execução, quantidade
coletada;
Resíduos da construção e demolição (RCD): se o serviço é executado pela prefeitura,
quantidade coletada e existência de empresa especializada;
Resíduos sólidos de serviços da saúde (RSSS): como é a execução de coleta, veículos
utilizados, cobrança diferenciada, quantidade de resíduos coletados, forma de tratamento;
Características da disposição final dos RSU: nome da unidade, quem é o operador, se recebe
resíduos de outros municípios, assim como quantidade de RSU recebidos. Se há licença
ambiental, monitoramento ambiental, tratamento do chorume, drenagem de gases,
impermeabilização da base, instalação administrativa, vigilância, etc;
Informações gerais quanto à gestão: natureza jurídica do órgão municipal responsável,
existência de algum serviço concedido, cobrança dos serviços, receitas e despesas com
serviço de limpeza pública, orçamento da prefeitura, se recebe recursos federais para o
manejo de RSU e quantidade dos trabalhadores remunerados de todo o manejo de RSU. E
com isso foi possível fazer uma análise comparativa dos dois municípios em estudo.
4
2.3 Resultados e Discussão
5
Tabela 2 - Informações sobre a coleta seletiva
Coleta seletiva Maringá Santo André
Existência de coleta seletiva Sim Sim
Existência de pesagem do material da coleta seletiva Sim Sim
Qtd. Recolhida Prefeitura ou SLU 0t 77,90 t
(exceto matéria Empresas contratadas 0t 4.129,30 t
orgânica) Catadores com apoio da prefeitura 1.560 t 0t
Porta a porta em Pref. Ou contratada Sim Sim
dias específicos Catadores com
apoio Sim Não
Forma de execução
Postos de entrega Pref. Ou contratada Não Sim
voluntária Catadores com
apoio Não Não
Fonte: SNIS, 2006.
Nota: Adaptado por MORAES e ALBERTIN, 2009
No diz respeito aos RCD, o município de Santo André desde 1997, realiza a coleta por meio
de Estações de Coleta Seletiva, onde o munícipe pode dispor seus RCD em caçambas estacionárias,
que são removidas periodicamente por caminhões poliguindaste, sendo limitado a 1m3 por
munícipe. Há também a coleta realizada por empresas privadas, porém não há dados sobre o
volume coletado. No município de Maringá o serviço é executado pela PMM e por empresas
privadas. Até o ano de 2008 os RCD eram depositados no aterro controlado. Porém a partir de 2009,
o município começou a seguir as recomendações estabelecidas pela resolução nº 307/2002 do
CONAMA e assim, os geradores de RCD, devem encaminhar seus resíduos para empresas
recicladoras presentes na cidade. Para os pequenos geradores, o município conta com pontos de
entrega de até 1m³ por habitante.
Em Santo André, a coleta e tratamento de resíduos de serviços de saúde são executados para
100% dos geradores, como: hospitais; clínicas médicas, odontológicas e veterinárias; laboratórios
de análises clínicas; farmácias, incluindo a coleta de animais mortos de pequeno porte. Os resíduos
de serviços de saúde coletados são dos Grupos A e E (CONAMA nº 358/2005), que passam por
tratamento em sistemas de Microondas, no Complexo do Aterro Sanitário. Os serviços são cobrados
de acordo com o volume gerado.
6
Em Maringá, a coleta dos RSSS é executada por uma empresa privada, sendo que para o
tratamento os resíduos são enviados para Chapecó/SC. São recolhidos na cidade, aproximadamente
300 animais mortos por mês, incluindo aqueles descartados por clínicas veterinárias. Seu destino
final é o aterro controlado, onde são enterrados. Apesar de proíbido, a PMM continua com essa
prática. No início de 2009, a PMM passou exigir o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço
de Saúde - PGRSS. Os grandes geradores (acima de 30 litros/semana de resíduos) como: hospitais,
centro de zoonoses, radioterapia, quimioterapia, banco de sangue, farmácia de manipulação, etc.,
devem elaborar o plano detalhado. Já os pequenos geradores (até 30 litros/semana de resíduos),
como: farmácia, consultório médico, consultório odontológico, clinica de estética e fisioterapia,
clinica veterinária, etc., devem elaborar o PGRSS simplificado.
Quanto à destinação final dos RSU, o município Santo André possui aterro sanitário público
desde 1986, recebe aproximadamente 770 t/dia. O aterro sanitário é considerado como um dos
melhores do estado de São Paulo, com Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos- IQR 9,3 de
acordo com Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares – 2007 (CETESB), pois conta
com: impermeabilização de base; drenagem de águas pluviais, gases e chorume; monitoramento
ambiental; cercamento; vigilância e licença de operação (Figura 1, 2, 3, 4).
Figura 1 - Aterro Sanitário de Santo André – SP Figura 2 - Aterro Sanitário de Santo André – SP
Fonte: SEMASA, 2006 Fonte: SEMASA, 2006
7
Figura 3 - Aterro Sanitário de Santo André – SP Figura 4 - Aterro Sanitário de Santo André – SP
Fonte: SEMASA, 2006 Fonte: SEMASA, 2006
Por outro lado, Maringá dispõe seus RSU em um aterro, que apesar da nomenclatura de
aterro controlado, apresenta condições de lixão, pois não há impermeabilização de base, drenagem
dos gases e chorume, e tem presença de catadores, conforme imagens registradas no ano de 2006
(Figura 5 e 6). No último ano a PMM cercou a área e retirou os catadores.
8
Drenagem dos gases Não Sim
Aproveitamento dos gases Não Não
Drenagem das águas pluviais Não Sim
Recirculação de chorume Não Não
Drenagem de chorume Não Sim
Tratamento interno de chorume Não Sim
Tratamento externo de chorume Não Não
Vigilância Não Sim
Monitoramento ambiental Não Sim
Queima a céu aberto Não Não
Animais exceto aves Não Não
Moradias Não Não
Fonte: SNIS, 2006
Nota: Adaptado por MORAES e ALBERTIN, 2009
A sustentabilidade da gestão dos RSU nos municípios de Santo André e Maringá é baseada
em orçamentos diferentes. Conforme a Tabela 6, Santo André executa a cobrança por meio da conta
de saneamento, onde além do valor de abastecimento de água e esgotamento sanitário, há o valor
referente à coleta, que são calculados por m² de área construída. Em Maringá, a cobrança de
limpeza pública é por meio do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, de acordo com o
terreno (área terreno, área construída e testada). Recentemente, a PMM conseguiu a aprovação da
Lei Complementar nº 1.132, em 8 de dezembro de 2008, pela qual fica instituída a Taxa de
Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos - TTRSU, com objetivo de custear os serviços de
tratamento e destinação final de resíduos sólidos domiciliares. A base de cálculo da TTRSU é a
quantidade em massa de resíduos por cada contribuinte, ou seja, o valor do quilograma (kg) de
massa de RSU tratado será de R$ 0,15 (quinze centavos de real). Porém, esta lei apesar de estar em
vigor, ainda não está sendo aplicada. Na tabela 6, segue as informações gerais da gestão dos RSU
nos dois municípios.
9
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS
10
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB. Inventário estadual de resíduos
sólidos domiciliares: relatório de 2007. São Paulo: CETESB, 2008. Disponível em:
http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/publicacoes.asp. Acessado em: 09 maio 2009.
CRUSEIRO, F.A ; MILANI, P.H. Gestão de Resíduos Infectantes em Santo André. Gestão de
Resíduos Sólidos : dilemas atuais. Santo André : Centro Universitário Fundação Santo André, 2006.
p.55.
Prefeitura Municipal De Santo André - PMSA. Sumário de Dados 2007. Disponível em:
http://www.santoandre.sp.gov.br/conhecaacidade/bn_conteudo.asp?cod. Acessado em: 20 maio
2009.
Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP. RIMA – Ampliação da área de
disposição de Resíduos da CTR Santo André. Coordenado pela Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo – FESPSP. Disponível em:
http://www.semasa.sp.gov.br/scripts/display.asp?idnot=847 . Acessado em: 18 maio 2009.
11