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A VERDADE SOBRE

Raganuga BHAKTI
Autor Gadadhar Pran das

PREFÁCIO

No século XX o Vaishnavismo muda sua sistematica e medologia em relação ao que


vinha sendo praticado nos últimos 400 anos(desde Cheitanya Mahaprabhu ) , tal mudança de
método do desenvolvimento do devoto, provavelmente , foi devido a necessidade de expansão
da pregação, abrir templos, fazer devotos, distribuir livros(brihat mridanga) ou então pela
campanha inglesa de dominação que chamava os bengalis de efeminados no início do século
XX e a partir daí se começa a pregação "Primeiro maranam (morte do ego ) depois smaranam."
Porém, isso é completamente contrário ao que sentencia as escrituras e a prática de gerações
seculares de gaudiyas Vaishnavas, o que leva a Iskcon a um caminho desviado cujos resultados
não conseguiu trazer bhakti verdadeira a seus membros, o retardamento do smaran , bem ao
contrário do que se esperava, cria uma paranóia e disturbios mentais generalizados com
inúmeros casos de abusos sexuais, pedofilia, e até assassinatos. O Smarana do qual siddha-
pranali é uma parte importante , é uma variedade de sadhana bhakti, ou seja, bhakti na prática
como um meio para se alcançar o objetivo de prema. Assim , fica patente que Smarana não é
sadhya bhakti, ou seja, bhakti como resultado final ou objetivo. Smarana não é o resultado final
da prática, e sim o meio na direção de se alcançar o resultado final. O adi-Guru da Gaudiya
sampradaya assim sentencia , Rupa Goswami descreve smarana como parte de raganuga
bhakti na Segunda onda da divisão ocidental do seu Bhakti-rasamrta-sindhu no qual ele está
tratando exclusivamente de sadhana (início do processo), veja bem sadhana e não Bhava-
bhakti e prema-bhakti que constituem a terceira e Quarta ondas da divisão ocidental
respectivamente. Esses são os resultados do sadhana. Na seção sobre bhava-bhakti Rupa
Gosvami descreve o surgimento de krsna-rati, amor a Krsna, e no capítulo sobre prema-bhakti ,
ele descreve o amor que se tornou mais condensado e é experimentado ou saboreado pelo
devoto. Em outras palavras, "smaranam (lembrança dos lilas enquanto se canta japa) é que
leva a maranam (morte do ego materialista e da más qualidades), e não maranam leva a
smaranam." Maranam é o objetivo, e smaranam é o recurso para alcançar a meta. Isso é claro
como o sol. Esses grupos seja qual for a razão alegada inverteu o processo vaishnava o que
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ocasionou um desastre no Ocidente, devotos primeiro buscando ser sannyasi , largando
esposas, buscando o celibato artificial ao invés de procurar internamente progredir no seu
bhajan e deixar que tudo acontecesse pelo processo natural descrito nas escrituras.
Para uma análise bem entendível vamos observar os nove estágios no
desenvolvimento de bhakti conforme colocado por Rupa Gosvami.
Fé(sraddha), boa associação (sadhu-sanga), atividade de adoração (bhajana-
kriya), parar com as coisas perniciosas (anartha-nivrti), firmeza (nistha), gosto (ruci), apego
(asakti), emoção (bhava), e amor (preman) (Brs. 1.4.15-16). Onde se encaixa smarana neste
esquema? Smarana é uma atividade de adoração , como são todos os tipos de sadhana.
Portando se enquadra no terceiro estágio (bhajana kriya) , antes do estágio de parar as
atividades prejudiciais e nocivas, conforme sentencia Vishvanatha Chakravarti no sua obra Raga
Vartma Chandrika " Atha raganugabhakti majjasyanatha nivritti.."
Esse processo é natural , há uma sequencia de causa e efeito que não pode ser
alterada. Por meio da fé , o devoto recem chegado vai se buscar a boa companhia(sadhu). Dele
o devoto aprende como executar as práticas. Como resultado das práticas os hábitos
indesejaveis vão gradualmente desaparecendo. Com o cessar dos maus hábitos vem a prática
inabalável. Estando determinado e continuamente praticando , o devoto é levado a um gosto
pelas coisas ligadas a Krishna . o gosto levga ao apego forte. E esse levado a sentir amor a
Krishna e a presença desse amor leva a experiência de bhakti -rasa ou "êxtase sagrado" ,
também chamado prema. É uma ordem simples e lógica.
Deve-se compreender que no estágio de bhajana -kriya existe uma bifurcação,
alguns escolhem Vaidhi-bhakti, outros escolhem Raganuga como seu bhajana -kriya (consulte
Brs. 1.3.269 e 1.3.292-3). Rupa Gosvami deixa claro que esses são dois caminhos separados,
porém paralelos, quando ele diferencia o resultado de cada um no capítulo dedicado a bhava-
bhakti. Os que seguem Vaidhi desenvolvem um tipo de bhava específico (consultar Brs. 1.3.7,
1.3.9 para um exemplo de seguir vaidhi-ja bhava) e os que seguem raganuga-bhakti
desenvolvem outro tipo de bhava (consultar Brs. 1.3.14 para ter um exemplo de raganuga-ja
bhava). Diferentes exemplos de prema são dados no capítulo que trata sobre prema-bhakti,
(consultar Brs. 1.4.6-7).
Essa concepção está diretamente ligada a posição do Srmad Bhagavatam sobre as
brincadeiras de Krishna .xxx No final dos cinco capitulos que versam sobre o rasa lila de
Krishna com as gopis, o Purana nos afirma:

anugrahaya bhutanam manusam dehamasritah


bhajate tadrsih krida yah srutva tat-paro bhavet

(Bhagavatam. 10.33.36)

Ele (Krishna ) assumiu a forma humana para mostrar compaixão para todos os seres e assim
Ele se ocupa nessas brincadeiras, cuja simples audição torna a pessoa inclinada para Ele."
E como o devoto se beneficia ao ouvir esses folguedos íntimos? O Bhagavata
responde dois versos depois.
vikriditam vrajavadhubhir idanca visnoh
sraddhanvito 'nusrnuyad atha varnayed yah |
bhaktim param bhagavati pratilabhya kamam
hrdrogam asvapahinotyacirena dhirah || (Bhag. 10.33.39)
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"Aquele que com fé ouve sobre os folguedos de Vishnu com as gopis e que os descreve ,
rapidamente alcança a devoção mais elevada ao Senhor e facilmente destrói a doença do
coração, luxúria. "
Esses divertimentos íntimos do Senhor com as gopis são uma espécie de remédio
para curar a doença da luxúria. Jamais se ouviu de alguém que fica esperando ou retardando
tomar um remédio para uma doença aguardando que a doença se cure! Se a doença existe
(luxúria) e existe o remédio (lila smaran) mas a pessoa se recusa a aceitar o remédio, a doença
jamais é curada e o paciente acaba morrendo. Infelizmente essa triste perspectiva está
acontecendo no Ocidente. Assume-se o papel de devoto puro(que é o objetivo) no início do
processo, restringe-se vida sexual, qualquer gozo dos sentidos e o devoto diante do apelo
sensorial no Ocidente enlouquece.
Krishna veio a este mundo para atrair os seres vivos perdidos e sofredores de volta
para o lar, levantando as cortinas e revelando a doçura de suas atividades eternas, então por
que encobrir a personalidade de Deus, escondê-la? Ninguém pode interferir ou atrapalhar a
redendora visita do Senhor Supremo, como Krishna e principalmente como Cheitanya
Mahaprabhu .
E a prática mais poderosa e importante na tradição de Cheitanya , o treinamento de
Smarana/siddha-pranali, que nada mais é que o simples cumprimento do mandamento maior
deixado por Rupa Gosvami, 'lembrar sempre de Krishna e nunca se esquecer de Krishna '
através da lembrança e recordação dos passatempos de Krishna e Mahaprabhu no decorrer de
todo o dia e noite.
Adiante damos um exemplo como a filosofia de Rupa Gosvami está sendo
erroneamente transmitida a partir deste século, claramente colocando 'a carroça na frente dos
burros".
Costuma-se citar que Radhakrsna Goswami (do século XVII) que recomenda a
renuncia da vida familiar como pré-requisito a prática de Smarana. Porém, vamos ver a verdade
- o que RadhaKrishna Gosvami de fato recomenda é celibato(bramacharya)como qualificação
para a prática de Raganuga bhakti, o que essencialmente significa lila-Smarana (Sd.9.27) e para
corroborar sua afirmaçao o Goswami cita um veso do Bhakti-rasamrta-sindhu (Brs 1.4.7):
na patim kamayet kamcit brahmacaryasthita sada |
tam eva murtim dhyayanti candrakantir varanana ||

(Padma Purana )

tradução: "Candrakanti de belo rosto, meditando-ne nessa forma apenas, sempre situada em
celibato não desejando marido. ".
Até aqui tudo correto, a jovem prática celibato. Porém o que não se diz , se omite, de
forma a levar o ouvinte a erro, é que esse verso citado por Rupa Gosvami se encontra na parte
do livro onde se descreve prema, ou seja, Quarta onda da divisão leste. Ou seja, o resultado
final da prática de Raganuga bhakti . Esse é o resultado derradeiro da prática e enfaticamente
NÃO É A QUALIFICAÇÃO PARA SE INICIAR A PRÁTICA. Diante de um simples raciocinio ou
observação mais cuidadosa observar o quão é ABSURDO exigir , que o devoto que começa já
tenha alcançado o resultado da prática antes mesmo que comece a prática , que é o lila
Smarana junto e ao mesmo tempo que o canto da japa/ Hare Krishna mantra. Embora todos
sejamos devedores dos santos que trouxeram o Vaishnavismo para o Ocidente, não implica que
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estamos amarrados a lapsos cometidos, ou medidas de urgência tomadas em circuncunstancias
especiais, mesmo que naquela época tenham tido um bom propósito e bom resultado na
pregação. É hora de corrigir se queremos ver o verdadeiro Vaishnavismo se propagando no
Ocidente ao invés de formarmos homens que nem sequer aprenderam respeito ao próximo e se
colocam na posição de Acharyadevas. Enfim, toda a obra de Rupa Gosvami corrobora o simples
entendimento que Smarana / siddha pranali é uma prática que leva o devoto a perfeição,
desenvolvendo a pouco e pouco suas qualidades, começando com respeito a todos , saber
ouvir, ânimo calmo enfim , modo da bondade , adentrando, depois, em qualidades superiores.
Por isso a exigência da perfeição (sudha sattva) primeiro, como pré-requisito, para
depois praticar Smarana ou receber o siddha pranali é contrário ao bom senso, à logica e as
escrituras. De fato , a prática de lila Smarana é o remédio para os que não conquistaram o
desejo sexual, pois o lila smaran tem como resultado a conquista do desejo sexual, além de
outros efeitos favoráveis ao desenvolvimento de bhakti. Radhakrsna Goswami (9.29) aponta ,
isso sim, uma advertência na prática do Smarana que versam sobre os passatempos
confidenciais de Radha e Krsna, citando uma passagem do Bhakti-sandarbha (para. 338) de
Jiva Gosvami. Jiva Goswami citando o Bhagavatam( verso 'vikriditam...) tece o seguinte
comentário:
"a pessoa deixa a doença do coração, luxúria e demais coisas desfavoráveis ao
avanço espiritual rapidamente ao mesmo tempo que a superioridade dos lilas de Krsna com as
gopis vai sendo estabelecido, e entre esses folguedos o bhajana de Krsna brincando com sua
mais querida amada Radha é o mais elevado. Isso é evidente, porém essas coisas confidenciais
não devem ser adorada por aqueles cujos sentidos ao ler tais lilas passem por transformacoes
(ou seja, erecao do penis ou outras formas de excitacao sexual) e por aqueles cujos sentimentos
sejam de pai, filho ou servo ou contrário ao seu humor. As vezes a confidencialidade do lila é
parcial (quando há abraços e beijos, etc.) e as vezes é completa ( no caso de união sexual). "
Em palavras simples, não se deve praticar Smarana de Radha e Krishna em seus
folguedos íntimos se a pessoa fica excitada sexualmente por esses lilas. Porém, caso alguém se
aproxime desses lilas sinceramente com a identidade siddha deha de uma manjari servil de
Radha cuja responsabilidade é facilitar o prazer do casal Divino e não o próprio prazer egoísta,
evita-se assim a questão de excitacao material do sexo. De fato, essa prática é o ponto central
do bhajan pessoal, aprende-se a gradualmente a consolidar a identidade do sadhaka rumo a
identidade siddha. A aproximacao do lila divino de outra forma a não ser com a idéia de
formaçao e estruturação da troca de identidade de sadhaka para siddha em atitude de serviço, é
cair no voyeurismo , que é uma aberração sexual maliciosa de observar as atividades libidinosas
de outra pessoa, coisa totalmente longe da própria natureza pura e ingênua das manjaris.
A habilitação é simples de se avaliar, caso não se consiga a lembrança dos
passatempos de Radha e Krishna sem sentir erotismo, lascívia ou ereção do penis, então não
pratique até que adquira tal visão mais pura da realidade superior, o que não quer dizer pureza
total, pois é a vizualização do lila que vai levar a essa pureza em sua plenitude. Nem quer dizer
que jamais se sinta erotismo , porque isso é algo inerente ao corpo humano , intrinseco a
natureza. Outro ponto que se questiona é sobre a origem da prática de Smarana/ siddha-pranali.
Bhaktivinoda Thakura na sua obra Jaiva-dharma traça a origem dessas práticas
como sendo originária do próprio Mahaprabhu . Mahaprabhu a entregou a Vakresvara Pandita,
seu companheiro de kirtana, que passou o método a Gopalaguru Goswami e Gopalaguru
passou a seu discipulo Dhyanacandra Goswami. Esses dois últimos escreveram os famosos
manuais com seus 'metodos' (paddhati) . Embora essa prática venha do próprio Cheitanya
Mahaprabhu esses devotos mencionados são pouquissimos conhecidos no Ocidente, o que dá a
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falsa impressão que a prática de Smarana e siddha pranali se desenvolveu apenas em um
pequeno grupo de seguidores de Mahaprabhu e não faz parte da tradição Cheitanya para
aplicacao geral entre os devotos e não é o ponto central do trabalho de Mahaprabhu .
Porém , ao estudarmos os livros dos Gosvamis , vemos que é outra a conclusão que
somos levados. Ouvimos falar de siddha deha que é o ponto central de siddha pranali no texto
de Rupa Gosvami no seu livro Bhakti-rasamrta-sindhu, no famoso verso " seva sadhaka-rupena
" (Brs. 1.2.295). A primeira vez que vamos ler algo sobre manjari é , provavelmente, no livro de
Raghunatha Dasa chamado Vilapa-kusumanjali (tvam rupamanjari sakhi ..., verse 1) ou então,
no livro de Kavikarnapura chamdo Gouraganoddesadipika, uma vez que não se pode precisar
com exatidao as datas que foram escritos.. Contudo, é patente que essas práticas se
desenvolveram no circulo de Vrindavana entre os seguidores de Mahaprabhu , especialmente
adaptado e voltado para a vida simples de Vrindavana.. Gopalaguru se estabeleceu em
Vrndavana após o desaparecimento de Vakresvara Pandita e Kavi Karnapura também se
retirou em Vrndavana.
O fato de Raghunatha Dasa chamar pelo nome " Rupamanjari" bem no começo de
sua obra Vilapa-kusumanjali indica que seu guia Rupa Goswami já estava envolvido com essa
prática naquela época.
Rupa Gosvami mostra um profunda gratidão a seu irmão mais velho, Sanatana
Gosvami, considerando-o como seu mestre. O idéia de que Sanatana já lidava com esses temas
provém de Krsnadasa Kaviraja que ao apresentar seus ensinamentos, inclusive o do siddha
deha, menciona que Sanatana Gosvami recebeu esses ensinamentos do próprio Cheitanya
Mahaprabhu (Cc. Madhya, capítulos. 20-24). Sanatana Gosvami por sua vez passa esse
conhecimento para seu irmão Rupa Gosvami que os registra em seus livros.
Interessante destacar é que o primeiro livro de Sanatana Gosvami, chamado Krishna
lilastava é já um precursor das práticas de lila Smarana/ siddha pranali, onde se combina o canto
dos Santos nomes com os primeiros 45 capitulos do Decimo Canto do Srimad Bhagavatam. O
que nada mais é que nama-kirtana e lila Smarana executados conjuntamente , ao mesmo
tempo. Além dessa menção, não podemos esquecer que na sua obra principal Brihad
bhagavatamrita de Sanatana Gosvami, no capítulo chamado "abhista-labha"(2.6) no qual
Gopakumara visita Goloka, Sanatana apresenta o lila de Krishna em uma forma que se
assemelha ou é quase identica a forma dos passatempos diarios que serão adotados tanto por
Krishnadasa Kaviraja no seu Govinda Lilamrita , quanto por Visvanatha Chakravarti no seu
Krishna Bhavanamrita.
Outro Vaishnavas respeitavel, RadhaKrsna Gosvami (Dasa-sloki-bhasya pagina. 8-
9, edição Haridasa Sastri)no seu Dasa-sloki-bhasya registra que na tradição Cheitanita foi o
próprio Rupa Gosvami que revelou toda essa prática basicamente no seu verso "seva sadhaka
rupena" e vários dos seus stotras, porém devido sua natureza confidencial manteve essa prática
entre seus membros seguidores e jamais escreveu extensamente e de modo circunstanciado
sobre isso em seus próprios escritos. E , quando seus seguidores sentindo a necessidade para
as geracoes futuras de maiores detalhes sobre a prática pediram-lhe que escrevesse mais sobre
o tema, ela já estava muito velho e à beira da morte, por isso , Rupa Gosvami passou esses
ensinamentos a Krishna Dasa Kaviraja para este ensinar os detalhes , sendo atendido na obra
deixada pelo Kaviraja , que é o Govinda Lilamrita
A semente e raiz de todo o desenvolvimento dos passatempos diarios de Radha e
Krishna divididos em oito partes está contido no stotra do Astakaliya-lila-smarana-mangala-
stotra que é atribuido a Rupa Goswami.
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Assim fica patente e comprovado que a prática de smarana/siddha-pranali é uma
das principais práticas dos Gosvamis de Vrindavana, provavelmente concebido por eles mesmos
, divulgado e expandido por eles. Assim é ponto central de todos os setores da tradição
Vaishnavas de Cheitanya Mahaprabhu até nossos dias , exceto as missoes que se propuseram
a pregar no Ocidente por seus próprios motivos.
Basta o simples olhar ao verso 8 do Upadeshamrita de Rupa Gosvami para ser
desvendado a verdade:
A essência de todas as instruções é que os devotos que anseiam por Krishna
devem passar a viver em Vrindavana, gradualmente utilizando-se da mente na lembrança e a
língua no canto dos Seus nomes, formas, atos.
O que pode ser mais claro que isso, a idéia principal na doutrina vaisnavana envolve
o lembrar e o cantar, ou seja, Smarana e kirtana e absolutamente, não se fala de só kirtana ou
só Smarana. É ambos juntos. Se se pretende pregar Vaishnavismo no Ocidente como foi
deixado por Rupa Gosvami (rupanuga) então é hora de se debruçar nos ensinamentos deixados
como eles são , sem adaptações porque simplesmente não funcionam no desenvolvimento
espiritual interno do devoto ocidental, e apenas deformam o caráter , desumanizam as pessoas
e criam megalomaniacos egocentrados que só buscam explorar em nome da religião, pois são
homens sem Smarana, sem alma. Radhe-Shyam!
Nitai das

A Essência dos Ensinamentos do


Senhor Cheitanya

aradhya bhagavan brajestanayas tad dham vrindabanam


ramya kacidupasana brajabadhu vargena ja kalpita
srimad bhagavatam pramanam malam prema pumartho mahan
sri caitanyamahaprabhor matam idamtatradaro nah parah

Shrila Srinatha Chakravarti


(o Gurudeva de Shri Kavikarnapura)

Tradução:

1. Qual forma de Deus é a mais adorável?


O filho de Nanda, Shri Krishna em Seu Madhurya Vrindavana Dham é nosso único
objeto de adoração.
2. Para alcançar Shri Krishna em Vrindavana qual forma de adoração é a mais
recomendada?
O método de adoração concebido pelas Vrajas Gopis é o melhor.
3. Em que shastra se encontra essa evidência?
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O Shrimad Bhagavatam é a base dessas verdades divinas.
4. Qual o objetivo para todas as entidades vivas?
Prema é o param-purushartha ou o supremo objetivo da vida.
Esses são os quatro pilares dos ensinamentos de Shri Cheitanya Mahaprabhu.
Assim, nós honramos esses sidhantas, e descartamos quaisquer outras opiniões.

PREFÁCIO
REVISÃO DA SEGUNDA EDIÇÃO
Para os seguidores de Cheitanya Mahaprabhu desejosos de alcançar Shri
Krishna em Sua morada de Vrindavana, a escolha correta do sadhana é essencial. A esse
respeito, os acharyas Gaudiya Vaishnavas unanimemente apoiam o seguinte sidhanta do
Cheitanya Charitamrita:

raganuga marge tare bhaje jei jana


sei jana paya braje vrajendra nandan
vidhi marge na paiye braje krishna candra
C.C. Madhya 8

Tradução:
“As pessoas que adoram pelo processo de Raganuga bhakti alcançam o filho de
Nanda em Vrindavana. Pelo processo de Viddhi bhakti, todavia, isso não é possível.”
Para executar apropriadamente Krishna bhakti tanto Vaidhi quanto Raganuga
sadhanas são exigidos. Os 64 princípios regulativos de Vaidhi Bhakti formam o processo
externo. Por outro lado, o processo interno de lila Smarana é a base de Raganuga bhakti.
Ambos os processos (interno e externo) são importantes, e devem ser executados
simultaneamente. Esse livrete se destina a compreensão de como uma pessoa pode
praticamente combinar esses dois processos seguindo o caminho dos Acharyas Gaudiya
Vaishnavas.
A pregação de Raganuga Bhakti Sadhana é diretamente relacionada com a
razão principal do advento de Cheitanya Mahaprabhu; esse livro apresentará essa evidência.
Primeiro, contudo, faz-se necessária uma explicação:
1) Qual é a definição exata de Raganuga bhakti?
2) Quem está habilitado para executá-la?
3) Como ela é executada apropriadamente?
Qualquer devoto aspirante eventualmente precisará conhecer esses tópicos. A fim
de apresentar respostas precisas a essas questões, e para isso dez anos de pesquisas nos
textos Vaishnavas foram conduzidos.
Para a pessoa inquisitiva que busca a essência do Vaishnavismo Rupanuga, o
caminho de Raganugasadhana surge como o “elo perdido” para se obter o real sabor e apego
superior. Isso é exigido para se despertar Bhava e Prema no espírito de Vrindavana.
Quanto a questão de como o Senhor Gouranga pregou esse sistema religioso
para as pessoas da Kali-yuga, e de que modo os seus associados pessoais como os seis
Gosvamis levaram a cabo essa missão, a saborearam e a desenvolveram para o aprendizado
das futuras gerações – esses e muitos outros tópicos interligados serão todos discutidos no
decurso desse trabalho. O que deve ficar patente é que tanto Vaidhi quanto Raganuga sadhana
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bhakti são formas de bhajana-kriya e assim precedem o estágio de anartha-nivritti na
caracterização dos noves processos de Rupa Gosvami do desenvolvimento de Bhakti.
Esse é o grande erro cometido por muitos . OU seja, Smarana , que é a principal
prática em Raganuga bhakti, é ramo de sadhana bhakti e jamais pode ser considerada como
pertencente a siddha bhakti . Smarana leva a Krishna rati (amor a Krishna ) , Não é pré-condição
para a prática de Smarana , nem exigência que primeiro se alcance amor para depois se poder
praticar Smarana, pelo contrário, é o Smarana que levará ao amor(rati).

Jaya Prema Dasa Siromani


Shri Gouranga Mahaprabhu!

Dina sadhak,
Shri Gadadhar-prana Das
Shri Shri Gadai Gouranga Kunja
Shri Mayapur Ghat, Nadia, W. B. Índia

DUAS FORMAS DE SADHANA BHAKTI


(DEVOÇÃO NA PRÁTICA)
‘bahya’-antara ihar duita sadhana
bahye sadhak dehe kore sravan-kirtana
mone-nija siddha-deha koriya bhavan
ratri dine kore braje krishner sevan
C.C. Madhya 22

Tradução:

“O sadhana bhakti possui dois aspectos; externo e interno:


1) Externamente, como um sadhaka, a pessoa deve executar shravana, kirtana e
outros processos de vaidi bhakti.
2) Internamente, enquanto contempla o seu próprio ‘siddha-deha’, o serviço a
Krishna em Vrindavana deve ser executado mentalmente dia e noite.”
Esse verso é a tradução Bengali feita por Krishna Das Kaviraja do sloka ‘seva-
sadhaka-rupena’ de Shri Rupa Gosvami que se encontra no bhakti rasamrita sindhu 1.2.295.
Aqui, esses dois Acharyas explicam a essência de Raganuga bhakti resumidamente. Shravana
kirtana e os outros 64 tipos de Vaidi bhakti são o sadhana externo que se inclui dentro das
práticas de Raganuga bhakti. Quanto as aplicações internas – esse livro se propõe a apresentar
as bases filosóficas para isso.

INVOCAÇÃO
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Avatari prabhu pracarila sankirtan
eho bahye hetu purbe koriache sucan
avatarer ara eka ache mukhya bija
rasika shekhar krishner sei karjya nija
C.C. Adi 4

Tradução:
“Embora o próprio Senhor Supremo, Shri Cheitanya Mahaprabhu tenha tomado
para si a tarefa de Yuga Avatara para propagar o movimento de Sankirtana; isso constitui
somente a motivação externa de Seu advento. O motivo principal floresce da ânsia íntima do
Senhor de ser o ‘Rasika-shekhar’ – o supremo perito das doçuras transcendentais.

Shri Krishna Aceita o Estado Mental de um Bhakta


Há aproximadamente quinhentos anos Svayam Bhagavan Vraja-Vihari Shri
Krishna encarnou às margens do sagrado Ganges em Sua morada terrena transcendental Shri
Navadvipa dhama.
Como Avatara, Shri Cheitanya Deva, fez brotar o maha prema yuga, ou
renascença espiritual em um mundo de Krishna bhakti. Ocultando Suas opulências supremas,
Shri Cheitanya Mahaprabhu assumiu o papel de um devoto a fim de satisfazer três excelsos
desejos esotéricos que nem mesmo o Seu Vrindavana Lila poderia acomodar.
Nas trocas amorosas transcendentais, Shri Krishna abertamente admite que
Seus servidores estão aptos a penetrar o néctar sublime por meio do serviço superior ao que Ele
próprio experimenta. Esse assunto não tem nada de assombroso – é natural. Como o Vishaya,
ou objetivo de prema, Krishna não está na posição de desfrutar de Suas próprias formas e
qualidades. O privilégio cabe apenas aos seus premika ou rasikas bhaktas. Portanto, Shri
Krishna desejou sentir o gosto Ele mesmo de, ‘como é ser Meu devoto?’

krishna samnye nahe krishner madhurjya asvadhan


bhakta bhave kore tar madhurjya carbban
sva madhurjya asvadite koren jatan
bhakta bhava bina taha nahi asvadhan
C.C. Adi 6

Tradução:

“Krishna não conseguiu experimentar Suas próprias doçuras cativantes, que só


podem ser visualizadas pela perspectiva de outra pessoa. Assim para saborear o seu próprio
esplendor, assumir o estado mental de um devoto foi Sua única saída.”
Quanto ao assunto de saborear o madhurya de Krishna, deve-se notar que
Shrimati Radharani é Samartha-siromani, ou a jóia da rainha de tudo o que pode ser saboreado.
A fim de revelar esses pensamentos íntimos para o mundo Madan Mohanji de Shri Vrindavana, *
falou ,

* ei granta lekhay more madan mohan


amar likhan jeno suker pathan
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C.C. Adi 8
Esse livro foi escrito por Shri Madan Mohan, o que cabe a mim é simplesmente atuar
como papagaio.”

diretamente ao rei dos poetas rasikas, Shri Krishna das Kaviraja, falou o seguinte:

sei premar sri radhika param ‘asraya’


sei premar ami hou keval ‘visaya’
visaya jatiya sukha amar asvada
ama hoite kotiguna asrayer aladha
asraya jatiya sukha paite mona dhaya
jatne asvadite nari ki kori upaya?
kabhu jadi ei premar hoiye asraya
tabe sei premanander anubhava hoy
era cinti rohe Krishna param koutuki
hrdaye baraye prema lobha dhaka dhaki

C.C. Adi 4

Tradução:

“Shri Radhika é a ashraya, ou receptáculo de Krishna Prema; eu sou apenas o


seu Vishaya ou objetivo. Embora eu sinta prazer em ser o Vishaya, o prazer do ashraya é um
milhão de vezes maior que o Meu. Portanto, Minha mente corre em busca da oportunidade de
saborear o ashraya Ananda – mas eu não consigo apreendê-lo: o que posso fazer? Se de algum
modo eu pudesse me tornar o ashraya desse amor, então com certeza poderia alcançar esse
premananda mais exaltado. Pensando assim, Shri Krishna ficou muito intrigado. De dentro de
Seu coração um desejo incontrito de saborear o prema de Shri Radha queimava. Por essa razão
o Cupido sempre renovado de Shri Vrindavana, Shri Shyamasundar apareceu do ventre de mãe
Sacchi. De fato, ao assumir o estado mental e a cor de sua devota Suprema, Shrimati
Radharani, Shri Krishna objetivava saborear os seus anseios esotéricos, que são os seguintes:

1- Conceber a profundidade do prema superlativo de Shri Radhika por Ele.


2- Perceber que tipo de doçura Shri Radhika sente ao vê-lO.
3- Descobrir que gosto sente Shrimati Radharani ao vê-lO.

Shri Krishna pensou:

Ei tin trshna mora nahila puran


Vijatia bhave nahe taha asvadan radhikar bhava-kanti angikara bine
Sei tin sukha kabhu nahe asvadane
radhabhava angikare dhori tara varna
tin sukha asvadite habo avatirna
sarva bhave kaila krishna ei to niscaya
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heno kale aila jugavatar samay
sei kale sri advaita koren aradhan
tahar hunkaaare kaila krishna akarshan
pita mata Guru gane age avatari
radhika bhava varna angikare kori
navadvipa sacigarbha sudha dugdha sindhu
tahate prakat kaila krishna purna indu
eito kahila sasta sloker byakhyam
svarupa gosair padapadma kori dhyan
C.C. Adi 4

Tradução:

“Esses três desejos não podem ser satisfeitos em Vraja porque lá eu possuo
uma natureza diferente de Shri Radhika.
Só se eu assumir o estado mental e a compleição dEla vou poder satisfazer o
meu capricho. Portanto, aceitarei o bhava de Shri Radha e o anga-kanti de Shri Radha
aparecendo nesse mundo para saborear esses três prazeres.
Incidentemente, enquanto Krishna deliberava , a época para o Yuga avatara
descender também chegou. Como resultado da adoração e os clamores de Adueita Acharya, os
pais e superiores do Senhor nasceram primeiro e finalmente o próprio Cheitanya Deva adveio no
estado mental e compleição corpórea de Shri Radhika do ventre que é que como um oceano de
leite de mãe Sacchi. Assim eu expliquei o significado do Sexto Sloka do C.C.

shri radhaya pranaya mahima kidrsho vanayaiva


svadyo jenaadbhuta madhurina kidrsho há madiyah
saukhyam casya madaanubhavatah kidrsho veti lobhat
tad bhavadyah samajani sacigarbha sindou harinduh to
C.C. Adi 1/6

Meditemos aos pés de lótus de Shri Svarupa Damodara (Lalita Sakhi no Vraja-lila)
por cuja misericórdia o mundo pode conhecer esses segredos divinos.”
Do Mangala Acharana de Shrila Kaviraja Gosvami, do Shri Cheitanya
Charitamrita esse sloka é chamado de hostu-nirdesh (tópico de discussão), para o livro. Uma
vez que Shrila Krishna das vivamente ilustrou o Radhabhava de Shri Gouranga Sundar nesse
verso confidencial, podemos concluir que uma elaborada discussão sobre esse tópico foi sua
intenção principal para toda a obra.
No quarto Capítulo do Cheitanya Charitamrita, Shrila Kaviraja Gosvami inicia o
seu comentário sobre esse sloka como se segue:
Je lagi avatara kahi se mula karan
prema rasa nirjas korite asvadhan
raga marga bhakti loke korite pracaran
rasika sekhar krishna parama karuna
ei dui hetu hoite icchar udgama

Tradução:
12

“Agora deixe-me falar o mula karam (razão principal) para o aparecimento de


Cheitanya Mahaprabhu:

1)Saborear pessoalmente a essência do prema rasa.


2)Pregar Raganuga Bhakti para as pessoas dessa era.

Essas são as duas razões principais pelas quais, Shri Krishna, o líder de todos os
rasikas (peritos) e personalidades misericordiosas adveio Ele mesmo como Shri Cheitanya
Mahaprabhu.”
Ao reconhecer os dois versos supra mencionados para o advento do Senhor, a
pessoa faria bem em meditar neles a fim de aumentar sua devoção. Com relação a isso, Shri
Krishna das Kaviraja diz:

siddhanta bolia citte na koro alasa


ihate lage krishne sudhita manas
C.C. Adi 4

Tradução:

“Não seja preguiçoso! Assuma para si o trabalho de aprender esse sidhanta,


pois assim fazendo, Shri Krishna ficará implantado dentro de sua mente e coração.”
Nesse sloka-chave prema-rasa-nirjas significa a essência do prema rasa ou
Vraja prema. Em Vraja, o prema de Shrimati Radhika é o que há de mais exaltado. Portanto,
como Cheitanya Mahaprabhu concentrou sua atenção em saborear o superexcelente padrão de
prema de Shrimati Radharani, Shrila Kaviraja Gosvami declarou que o nosso Gouranga é
Rasika Sekhar, ou o líder de todos os peritos de bhakti rasa.
secundariamente, o despertar do gosto por Vraja-prema, o processo para obter
esse grande, exaltado e raro tesouro (Raganuga bhakti sadhana) foi mostrado a esse mundo por
meio de Seu exemplo. É por essa razão que Krishna Das Kaviraja descreveu Shriman
Gourasundara como sendo Param karuna ou supremamente misericordioso.

Com o auxílio do Cheitanya Charitamrta vamos examinar a motivação pessoal do


Senhor para advir:

krishner bicar eka achaye antare


purnananda purna rasa Svarupa kahe more
ama hoite anandito hoy tribhuvan
amake ananda dibe aiche kona jana
ama hoite jara hoy sata sata guna
sei jana abaladite pare mora mona
ama hoite gune boro jagate asambhava
ekali radhate taha kori anubhava

Tradução:
13
“Krishna começou a considerar que: estou pleno de bem aventurança e Minha
divina forma é a corporificação de todas as doçuras transcendentais. De Mim todos no universo
podem experimentar felicidade; mas quem Me pode dar prazer? Desejaria que houvesse uma
personalidade que possuísse centenas de qualidades que “Eu não possuo”.
Desafortunadamente tal pessoa não pode ser encontrada em todo universo. Ainda assim,
somente em Shrimati Radharani, tudo é possível.”
É dito no shruti shastra que Krishna é rasa personificada (‘rasah vai sah’), Rasa
significa ananda, ou prazer. Portanto, Shri Krishna é (sarva-anandamaya), ou o reservatório de
todo prazer. Quem pode, então estar na posição de dar prazer a Krishna? Nesse sloka, Shri
Krishna admite que tal proeza somente pode ser executada por Shrimati Radharani. Por que?
Porque Ela é ‘Maha-bhava-svarupini’ – a personificação de prema (amor divino). Em outras
palavras ,necessita-se de ‘prema’ para saborear ananda.
Krishna elucida o assunto ainda mais:

amar sangame radha paya je ananda


sata mukhe kahi jadi nahi paya anta
lila ante sukhe ibara je anga madhuri
taha dekhi sukhi ami apana pasari
dohar je sama rasa bharat muni mane
amar braja rasa sei nahe Jane
anyanye sangame ami jato sukha paya
taha hoite radha sukha sata adhikai
C.C. Adi-4

Tradução:

“Se eu tivesse centenas de bocas, ainda assim falharia ao descrever o prazer


experimentado por Radharani com a Minha associação. Na verdade, após nossa união, o prazer
dEla atinge-Me com maravilhas. Então, esqueço-Me. Shri Bharat Muni declara que nos
romances, o desfrute de ambos, ‘nayaka e nayika’ (homem e mulher) está no mesmo nível,
igual, mas Ele não conhece nada sobre Meu Vrajarasa!”
Shri Bharat Muni é o adi-Guru de Rasa-natya shastra (o shastra que fala das
técnicas dos prazeres). Nessa escritura ,ele mostra uma lista de fórmulas com todos os
ingredientes que, quando combinados, provocam rasa que é diretamente experimentada pelo
herói e pela heroína no romance. Todas essas transações, entretanto, acontecem entre homens
e mulheres desse mundo. Portanto, essa opinião não pode ser aplicado a rasa encontrada no
Vraja dhama transcendental de Shri Krishna.
Shri Krishna continua:
tate jani mote ache kona eka rasa
amar mohini radha tare kore basha
ama hoite radha paya je jatio sukha
taha svadite ami sadai unmukha
nana jatna kori ami nari asvadite
se sukha madhurjya grane lobha bare citte
rasa asvadite ami kaila avatar
prema rasa asvadibo vividha prakar
14
raga marga bhakta-bhakti kore je prakare
taba shikaibo lila-acarana dvare
C.C. Adi-4

Tradução:

“Ficou completamente claro para Mim que Radhika foi subjugada por uma rasa
que mesmo Eu não experimentei. Isso, Me deixou excessivamente ansioso por experimentar o
gosto que Ela sente. A despeito de todos Meus esforços, ainda assim não fui capaz de vivenciar
Sua felicidade, pois um mero aroma de Sua felicidade causa uma grande ânsia em Minha
mente. Portanto, farei uma aparição como Cheitanya-Avatar para experimentar esses diversos
tipos de prema. Então, através do exemplo de Minha própria Lila, mostrarei o padrão de
Raganuga bhakti para aqueles que se ocupam nessa ioga.”

Aspecto Único de Shriman Mahaprabhu Comparado a


Outros Juga-Avatars
Antes de explanar as técnicas dos ensinamentos do Senhor, seria útil,
primeiramente, enfocar outro ponto. Além do fato de que Rasika-shekhar, Shriman Mahaprabhu
veio especificamente para saborear a essência de Radha-prema, Ele também provou dasya,
sakhya, vatsalya e outras formas de madhura rasa por meio de Seus passatempos. Encontra-se
evidência disso no seguinte verso:

Juga dharma pravaartaimu nama sankirtan


Cari bhava bhakti diya nacaimu bhuvan
C.C. Adi-4

Tradução:

“A primeira parte desse sloka afirma que Shriman Mahaprabhu veio para
difundir o Yuga Dharma – Hari Nama Sankirtan. Essa razão, entretanto, é subordinada ao motivo
principal que é corajosamente mostrado na Segunda parte desse verso:
“Nosso Gouranga veio especificamente para fazer o mundo dançar com as quatro
doçuras de Vrindavana, chamadas: dasya, sakhya, vatsalya e madhura rasa.
Uma questão pode ser suscitada nesse ponto: “Como sabemos que o ensinamento
sobre o movimento de Sankirtana é secundário?” Krishna Das Kaviraja responde ao citar as
próprias palavras de Shri Krishna no próximo sloka:

Juga dharma pravartan hoy angsa hote


Ama bina anye nare braja prema dite
C.C. Adi-6

Tradução:
15
“Esse Yuga Dharma está sendo propagado por meu angsa (expansão plenária),
mas somente Eu posso outorgar Vraja prema.”
Shri Kaviraja Gosvami também afirma:

Avatari prabhu pracarila sankirtan


Eho bahye hetu purbe koriachi sucan
C.C. Adi-3

Tradução:

“Nesse Avatara, Shriman Mahaprabhu pregou o movimento de Sankirtana. Isso,


entretanto, é a razão exotérica para o aparecimento do Senhor.’
A partir dessa evidência , pode-se concluir que a intenção principal de Shri
Gouranga é dar Vraja prema a todos, enquanto que o incremento no movimento de Sankirtana
permanece em segundo plano.
Vamos consultar o Bhagavad-Gita sobre esse ponto e ver o que Shri Krishna diz
sobre o assunto:
“Para salvar os piedosos e aniquilar os ímpios, bem como para estabelecer os
princípios de dharma, Eu próprio advenho, Yuga após Yuga.”
Sobre essa declaração, entretanto, Shrila Kaviraja Gosvami diz:

Svayam bhagavan brahmar eka dine teho ekbar


Avartina hoiya koren prakat bihar C.C. Adi-3

Tradução:

“Svayam Bhagavan, Shri Krishna, pessoalmente, não vem em todas as Yugas. E


sim, Ele vem uma vez em um Kalpa (dia de Brahma).”
Desse verso depreendemos que é o Yuga Avatara que vem em todas as yugas, e
que ele é somente um ‘angsa’ (expansão plenária) de Shri Krishna. Sua missão de aliviar a
carga da Terra e estabelecer o Yuga Dharma é mera função que não concerne a Shri Krishna
diretamente. Essa é a razão pela qual Shrila Kaviraja Gosvami afirmou no sloka anterior:

‘yuga dharma pravartan hoy angsa hoite.’

“A pregação do Yuga Dharma é feita pelo angsa de Shri Krishna (expansão


plenária).”
Shri Cheitanya Mahaprabhu não é um simples Yuga Avatara; Ele é idêntico a
Svayam Bhagavan Shri Krishna, assim:

purna bhagavan avatarer je kale


ara sab avatara tate ase mile
C.C. Adi-4

Tradução:
16
“Quando Svayam Bhagavan aparece pessoalmente todos Seus avataras
descendem juntamente.”
Portanto, como anteriormente Vishnu matou Asuras em favor de Shri Krishna, tendo
a forma do próprio Krishna, a promoção do Sankirtana-Yuga-Dharma foi executada por Vishnu,
de dentro de Cheitanya Mahaprabhu.

Ataeva vishnu takhan krishner sarire


Vishnu dvare krishna kore asura sanhare
C.C. Adi-4

Tradução:

Em suma, Cheitanya Mahaprabhu veio trazendo um profundo propósito íntimo além


da promoção do Yuga Dharma. Cada kali-yuga, tem seu Yuga Avatar que vem para pregar o
movimento de Sankirtan. O Avatar Gouranga, entretanto, só aparece uma vez no Kalpa, ou em
um dia de Brahma. Consequentemente, Sua missão é muito especial, porque revela dois
magnânimos aspectos:

1) Ele como sendo Rasika-shekhar (o maior perito em doçuras transcendentais).


2) Sua natureza Parama-Karuna, ou a suprema misericórdia, a qual somente Ele
pode conceder.

Esse karuna é tão raro que não foi dado por ninguém mais desde o advento de
Gouranga no kalpa anterior, pois nenhum outro avatara pôde outorgá-la, mesmo se quisesse.
Por essa razão Shrila Rupa Gosvami chama isso de: ‘anarpita-carim-cirat-karuna’ (misericórdia
há muito tempo não oferecida). Mais sobre esse importante sloka será discutido posteriormente.

Basta dizer que a karuna (misericórdia) de Shriman Gourasundara é imotivada e


dinâmica. Isto impossibilita que se volte atrás e se considere quem é capaz ou incapaz de
recebê-la. Antes, nosso Gouranga, está gratuitamente distribuindo a mais grandiosa e sublime
doçura do mundo espiritual para as mais devassas e desqualificadas pessoas.
Essa distribuição de misericórdia começa com a linha citada anteriormente do
Cheitanya Charitamrita, onde Shri Krishna diz:

Ama bina anye nare braja prema dite


C.C. Adi-4

‘Mas a Mim, ninguém pode dar Vraja Prema’.

Krishna e Gouranga são a mesmíssima pessoa. Consequentemente, Gouranga


pode também dar Vraja Prema. Na verdade, Ele veio especificamente com esse propósito, por
meio disso estabelece Sua singularidade. E enquanto importante devatas, como Shiva, Brahma,
Lakshmi e outros não tem acesso ao Vraja Lila de Krishna, nosso Gouranga assinalou o
caminho para Vraja Dham para que todas as almas condicionadas O sigam. Tão grande
misericórdia é inconcebível. Contudo, isso não significa que qualquer patife caído de Kali Yuga
possa simplesmente caminhar direto para o Krishna lila. A pessoa tem que se qualificar
17
executando apropriadamente a forma correta de sadhana. Deveria nos surpreender, então o fato
de que Shriman Mahaprabhu veio para dar tal processo?

O Método de Shri Mahaprabhu Para Pregar


Raganuga Bhakti
A questão que surge é como Cheitanya Deva outorgou Vraja Prema bhakti para as
Jivas da Kali yuga? Como podem as pessoas contemporâneas como você e eu receber essa
especial bênção hoje, mais que há quinhentos anos? A resposta está claramente esboçada na
citação anterior do verso de Shrila Kaviraja Gosvami:

Rasa asvadite ami kaila avatara


Prema rasa asvadila vividha prakara
Raga marga bhakta-bhakti kore je prakare
Taha sikhaila lila acaran dvare
C.C. Adi-4

Tradução:

“Eu vim para apreciar as doçuras transcendentais. Vou assim saborear muitas
formas de Vraja prema rasa. Estabelecendo o exemplo no saborear dessas doçuras através de
Meu lila, ensinarei Raganuga bhakti, mostrando o padrão de um Raganuga bhakta,
pessoalmente.”
O mistério do aparecimento de Shri Gouranga jaz aqui. Levando Seus associados
confidenciais com Ele, o Senhor provou uma e outra vez a essência de Vraja Prema. Seus
pitorescos lilas podem roubar as mentes daquelas pessoas afortunadas que os ouvem. Ao
mesmo tempo, Shri Gouransundara nos tornou elegíveis para compartilhar o gosto da divina
rasa.

Apani korimu bhakta bhava angikar


Apani acari dharma shikaimu sabare
C.C. Adi-3

Tradução:
Shri Cheitanya Mahaprabhu disse:
“Eu assumirei o estado mental de um bhakta e assim fazendo, pregarei dharma
ao mundo.”
Um ponto interessante aqui é que o Senhor pessoalmente atuou como um pregador
de Raganuga bhakti; e assim fazendo assumiu o papel de Jagat Guru. No estado mental de um
devoto, Shriman Mahaprabhu executou todos os processos de sadhana que tornam a pessoa
elegível para saborear Vraja Prema bhakti, e também inspirou Seus associados para darem
igualmente, tanto quanto possível um exemplo ideal para todos.
Através de Sua Rasa Lila e passatempos afins, Shri Krishna mostrou o que é estar
aspirando ao reino espiritual, enquanto nosso Gouranga, apresentou os meios para se entrar
naqueles passatempos. Com essa compreensão, os devotos podem naturalmente, ansiar as
18
doçuras de Vrindavana e compreender a vantagem de adotar Rupanuga sadhana bhakti. Esse é
o comportamento misericordioso de Gourasundara. Enquanto que no Vraja Lila a karuna do
Senhor foi exibida em sua fase inicial, essa mesma karuna agora amadureceu o seu fruto nos
passatempos de Gouranga.
Alguém pode indagar: ‘De que maneira se relacionam Kali-Yuga-Dharma e Hari
Nama Sankirtana?”
A resposta para essa importante questão é que o Senhor não ensinou os princípios
de Raga bhakti separados da prática de Harinama. Na verdade, Ele pessoalmente executou
Sankirtana. Esse Sankirtana-yajna é exigido para quem seriamente deseja a completa
misericórdia do Senhor. Que fique bem claro que Sankirtana é uma ramificação essencial tanto
de Vaidhi quanto de Raganuga sadhanas. Na realidade kirtana assume um estilo distinto na
tradição Raganuga que é mais poderoso para despertar prema no coração de seus praticantes.
Esse siddhanta é apoiado por Shrila Sanatana Goswami em Seu Brihad Bhagavatamrita
(2/5/219) como se segue:

Sad dhitad braja krida dhyan gana pradhanaya


Bhakhya sampadate prestha nama sankirtanojjvalam
Tasam braja kridanam bhagavad gokula lilanam dhyanam
Cintanam, ganam sankirtanam te pradhane mukhya
Jasyaastaya bhaktya nava prakaraya prema
Sampadyate susiddhanti genetuykya nama sankirtane
Praptehapi nija priyatama nama sankirtanasya
Premantaranga-tor sadhantvena punarbisesena nirdesha

Tradução:

“Pensamento, meditação e kirtana do Vraja Lila de Shri Krishna são chamados como
‘prema antaranga sadhana’ ou o melhor meio para despertar prema. Mais especificamente no
que concerne a kirtana, os nomes do Ista-devata de alguém (os nomes do Senhor que atraem
especificamente o coração do devoto) são mais efetivos no despertar de prema.”
(Na parte Dois desse livro o tópico Kirtana em relação com Raganunga bhakti será
examinado com maior minúcia).

Entre Aisvarya e Madhurya Shri Krishna Prefere a


Última.
No Quarto Capítulo do Cheitanya Charitamrta, Adi Lila, Shri Krishna prossegue
dizendo:

Aisvarya jnanete sab jagat mishrita


Aisvarya shithila prema nahi mora prita

Tradução:
19
“Nesse mundo as pessoas são enamoradas pela opulência. Entretanto, nem a
adoração, nem o amor de tais pessoas me fascinam particularmente.”
Aqui Krishna afirma Sua preferência individual. O que O faz dizer que aisvarya-
mishra bhakti, ou devoção na condição de “temor e reverência” não O comovem especialmente?
A resposta pode ser dada como se segue:

Quando um devoto contempla Shri Krishna como o supremo e todo penetrante


Senhor do universo, ele pensa: ”Deus é tão grande e eu tão pequeno.” Por conseguinte mesmo
pensando que Krishna está situado em seu coração, como o mais próximo e mais querido
amigo, o estado mental de temor e reverência cria uma imensa separação, que impede a
intimidade.

Amare isvara mane apanake hina


Tat prema basha ami na hoy adina
C.C. Adi-4

Tradução:

“O amor daquele que Me adora como o Supremo Senhor, e pensa em si mesmo


como inferior, não pode Me conquistar.”
Um bom exemplo disto é o das Rainhas de Krishna em Dvaraka. Devido ao amor
delas ser contaminado com aisvarya-jnana, essas consortes falharam em subjugar a mente de
Krishna completamente. Às vezes, mesmo enquanto elas O abraçavam, Krishna clamava pelas
Vraja gopis com intensa saudade. Assim, está afirmado no Brihat Bhagavatamrta de Sanatana
Gosvami.
Shri Krishna continua:

Sakal jagate more kore vidhi bhakti


Vidhi bhaktye braja bhava paite nahi sakti
C.C. Adi-4

Tradução:

“O universo inteiro pode adorar-Me pelo precesso Vidhi bhakti, mas Vidhi bhakti
não tem a potência, para dar entrada a alguém no estado mental de Vrindavana.”

Tahate dristante laksmi korila bhajan


Tathapi na paila braje vrajendra nandan

C.C. Madhya-8

Tradução:

“O que falar desse mundo se mesmo em Vaikuntha, Lakshmi não pode obter o
serviço a Krishna em Vrindavana, devido ao seu apego pelo modo aisvarya de adoração.
20
Shrila Kaviraja Gosvami vale-se desse exemplo para provar que Shyamasundara em
Vrindavana é inatingível através do processo Vaidhi bhakti apenas. Com essa compreensão os
devotos devem tornar-se naturalmente relutantes ao modo de adoração de Lakshmi, e aspirar a
seguir os passos dos associados de Vraja de Shri Krishna.
Devido que Raganuga bhakti não ter sido praticada antes da época de Cheitanya
Deva, apenas Vaidhi bhakti não pode prover o seguinte:
1) Uma compreensão das doçuras de Vrindavana.
2) O alcançar o seva direto a Krishna.
3) Entrada em Vrindavana Dham.

Daí, o desejo de Shri Krishna em pregar Raganuga Bhakti.


Shri Krishna continua, citando a Si mesmo no Gita:

Ye yatha mam prapadyante tams tataiva bhajamyaham


Mama vartmanuvartante, manusyah partha sarvasah
Gita 4-11

Tradução: “Na medida em que se rendem a Mim eu recompenso proporcionalmente.


Por esse princípio todos me seguem, oh Partha!”

Vamos agora examinar porque Shri Krishna mencionou esse verso nesse ponto
da discussão. Já foi afirmado que Krishna não é subjugado pelo amor de Seus aishvarya
bhaktas, mas pelo amor de Seus devotos madhurya. Certamente, alguém pode objetar que:
“Ah! Aqui está um exemplo da parcialidade de Krishna preferindo um tipo de bhakta
a outro! Por que Ele não é equânime a ambos, como prometeu?”
O significado desse sloka do Gita, entretanto, é que Krishna reage igualmente em
conformidade ao estado mental de cada um. O aishvarya-bhakta pode orar ao Senhor Todo
Poderoso, como Sua insignificante parte e parcela; e Krishna certamente reciprocará nesse
humor. Na verdade, o Senhor sempre dá impetuosidade para fortalecer a convicção pessoal no
particular modo de adoração de alguém. Quanto a forma de prema pela qual o Senhor é
subjugado, pode haver dúvida de que Krishna irá concedê-la a Seu Raganuga bhakta? Isso é
chamado de svarupa-anubandhi dharma de Krishna, ou natureza constitucional no bom
relacionamento. Nunca menos que isso, Shri Krishna procede com total amorosidade, louvando
aquele que tenha capturado Seu amor:

Mora putra mora sakha mora pranapatti


Ei bhave kore jei more suddha bhakti
Apabnake boro mane – amare sama hina
Sarva bhave ami hoy tahar adhina
C.C. Adi-4

Tradução:

“Os devotos que me vêem como seu filho, amigo ou amado, e adoram-Me com
bhakti pura, pensando em Mim como sendo igual ou inferior a eles – somente estes têm o poder
para subjugar-Me com sua afeição amorosa.”
21
Nesse verso o termo ‘mora’ ou ‘meu’ é significativo porque por pensar: Shri
Krishna é ‘meu amigo’, ‘meu filho’ ou ‘meu amado’, o devoto faz com que seu sambandha ou
relacionamento amoroso com Krishna se manifeste.
Shri Krishna continua a falar:

Mata mora putra bhave koren bandan


Ati hina jnane kore lalan palan
Sakha suddha sakhye kore skande arobana
Tumi kona boro loka tumi ami sama
Priya jadi mana kori koraye bartsana
Veda stuti hoite hare sei mora mana
C.C. Adi-4

Tradução:
“Minha mãe pensa que sou sua criança travessa, podendo amarrar-Me.
Meu sakha (amigo vaqueiro), pode subir em Minhas costas e com pura afeição diz: Você acha
que você é o maioral? Somos iguais. E quando alguma Gopi pune-Me com mana, (ira amorosa
por ciúmes), suas palavras roubam Minha mente como nenhuma récita dos Vedas o faz.”
Testemunhando tal possessividade amorosa nos associados de Vraja de
Krishna, o auto-controlado sábio Shri Shukadeva Muni ficou impressionado com o prodígio. À
Maharaja Parikshit ele falou como se segue (Bhagavatam10-9/13-14):
‘Aquele que não tem lado de dentro e tampouco de fora, que não é limitado pelo
norte, sul, leste ou oeste, e que permeia o universo em todas as direções, Ele cuja forma
verdadeira é o universo – aquele incomensurável Supremo Bhagavan, (“Adhokhsaja”), está
sendo amarrado a um pilão como uma criança castigada pela pura afeição de gopika Yashoda.
Aqui nós encontramos que a vasta e toda penetrante potência do Senhor foi paralisada!”
Em sakha-prema também, após perder uma competição esportiva com Shridama,
Krishna carrega-o em Seus ombros. Veja, o Supremo Senhor cujos pés de lótus não podem ser
vistos na meditação, nem mesmo por grandes sábios e yogis, está agora correndo com um
vaqueirinho em Seus ombros, cujos pés Ele aperta contra Seu próprio peito!
Nesse sloka o termo ‘mana’ (raiva amorosa por ciúmes) aplica-se às Vrajas
Gopis e não às Rainhas de Dvaraka ou às Lakshmis de Vaikuntha. É claro, as rainhas de
Dvaraka podem tornar-se ciumentas de tempos em tempos; mas elas jamais ousariam castigar o
Senhor Supremo, temendo que Ele as abandonasse. Todavia, o aspecto madhurjya do mana-
rasa em Vraja é inigualável. Lá encontramos Priyaji (Shrimati Radharani) em um Kunja tomada
de mana. Ela está repreendendo Shri Krishna que permanece na porta como um mendigo,
culpado de alguma ofensa grave. A fim de subjugar o mana de Radha, Krishna roga o seu
perdão. No final, Ele chega até a prostrar-Se no chão e tocar com Sua pena de pavão nos pés
dela. Porém ainda assim não é exitoso! Apesar de Ele ser o próprio Swayam-Bhagavan, Krishna
cai aos pés de Radharani dizendo:

‘dehi pada pallaba mudharam’


“Oh priya, por bondade, coloque seus avermelhados pés de lótus sobre Minha
cabeça!”
Essa declaração estimulou Shrila Kaviraja Gosvami a escrever:
22

braja gopir mana hoy raser nidana!

“O mana das Vraja gopis é o reservatório de todas as doçuras transcendentais.”

O MÉTODO DE PREGAÇÃO DE SHRI


GOURANGA ESCLARECIDO EM PROFUNDIDADE
Shri Krishna conclui Sua discussão (CC adi-4) como se segue:

Ei suddha bhakta loyia karibo-avatgara


Koribo vividha adbhuta bihar
Vaikuntha adhtye nahi je je lila pracara
Se se lila koribo , jate mora camatkara
Sei sab rasa nirjyas koribo asvada
Ei dvare koribo sarva bhaktere prasada
Brajer nirmal raga suni bhaktagan
Raga marga bhaje jeno chari dharma karma

Tradução

"Levando todos esses sudha-bhaktas coMigo, descendo a esse mundo e


manifesto esses passatempos sublimes que surpreendem não só os residentes de Vaikuntha,
como também a Mim mesmo. Como resultado do meu saborear dessas doçuras, Minha
misericórdia automaticamente abençoa os residentes deste mundo. Ao ouvir sobre os
sentimentos puros dos associados de Vraja, as pessoas comuns também ansiarão em se juntar
a eles e depois de abandonar todas as formas de religião e atividades, eles adotarão o caminho
de Raganuga bhakti."
Aqui o próprio Krishna declarou o propósito de seu Avatara:
1) Saborear novas doçuras transcendentais.
2) Tornar essas doçuras disponíveis para o mundo ao ensinar Raganuga Bhakti.
Com esse propósito duplo do Senhor, a esppinha dorsal do Cheitanya
Vaishnavismo se delineia. Também aqui a personalidade de nosso Goura Sundara é revelada
como sendo mais magnânima que a de Krishna. Na verdade esse fato se estabelece com mais
profundidade na seguinte analogia. Concluindo sua instrução a Arjuna no Bhagavad Gita, Shri
Krishna diz:

Sarva dharma parityaja manekam saranam braja


"Abandone todos os tipos de religião e renda-se a Mim."
O que Krishna não define com clareza, contudo, é o processo de rendição a
Ele, após a pessoa ter abandonado todos os outros processos de religião.
A questão é que Krishna não pode ser alcançado meramente por meio da renúncia
das atividades religiosas. Deve-se também executar um tipo específico de sadhana. Quando
Shri Ramananda Raya citou o verso acima mencionado, a Shri Cheitanya, como o caminho
supremo da perfeição espiritual, Mahaprabhu respondeu:
23
"eho bahye age kaho ara"
"Isso é externo, por favor, diga algo mais."
Assim no verso citado anteriormente do Cheitanya Charitamrta, além do
abandono de outros processos de religião e atividades, o processo positivo de Shriman
Mahaprabhu para conceder Vraja Prema Bhakti é também mencionado:

Braja nirmal taga suni bhaktagan


Taga manga bhaye jeno chari dharma karma
Cc. Adi-4

Tradução: "Quando os devotos ouvem sobre as doçuras do apego puro em


Vrindavana, eles anseiam em adotar o processo de Raganuga Bhakti, após ter deixado todas as
outras formas de religião e atividades."
A conclusão, então, é que o ouvir Vraja Lila Katha por meio do processo de
Raganuga Bhakti constitui o método prescrito por Shri Cheitanya Mahaprabhu para se alcançar
Vraja Prema.
Para fortalecer ainda mais essas declarações Shrila Kaviraja Gosvami em
seguida apresenta evidência do Bhagavatam corroborando isso. (10.33/36)

Anagrahya bhaktanam manusam dehamasrita


Bhajate tadrishih krida jah srutva tarparobha

"A fim de outorgar anugraha (misericórdia) aos bhaktas, o Senhor assume uma
forma humana e executa vários passatempos ricamente variados. A narração deles atrairá as
mentes das jivas, assim elas se tornarão bhagavat parayama ou lila parayama (devotos firmes
apegados em ouvir lila Katha)."
Esse verso foi falado por Shukadeva Gosvami a Maharaja Parikshit, que após
ouvi-lo narrar o rasa lila, perguntou: "Se Krishna é apta-kama (auto-satisfeito) por que Ele se
ocupou em romances amorosos com as gopis? A resposta foi: - "Para dar misericórdia aos
bhaktas."
Em seu comentário desse sloka do Bhagavata Shrila Sanatana Gosvami
declara que o termo "bhakta" não apenas se refere as gopis, ou aos outros residentes de
Vrindavana, mas aplica-se a todos os tipos de devotos de Krishna no passado, presente e
futuro. Esse Prakat Bhauma lila foi executado para dar misericórdia a todos. Aos kripa siddhas e
sadhana siddhas bhaktas que há pouco se juntaram a seu lila, isso concede seu desejado
siddha deha em prema. Para os associados nitya do Senhor a misericórdia de Krishna se
manifesta numa nova e variada forma de lila rasa. Em relação aos bhaktas que nascerão no
futuro, ouvir sobre esses passatempos cativantes assegurará a eles a chance de se tornarem
eles mesmos siddha. O que dizer dos bhaktas, pois o lila de Krishna possui uma potência divina
tão incomum que mesmo não devotos podem se converter simplesmente ao ouvi-los. Assim, é
por essas várias razões que Shri Krishna executa seus passatempos. Todavia, além desses
motivos e mesmo além do fato de que Krishna é apta-kama, é para o Seu próprio prazer
transcendental que o Senhor se ocupa em passatempos amorosos.
Após apresentar esse Bhagavat sloka, Krishna Das Kaviraja acrescenta a ele
um breve comentário para clarear ainda mais a sua intenção:
Bhavet kriyaa vidhilim sei iha kaya
Kartabya avasya ei. Anyatha pratyabaya
24
Cc. Adi 4
"Ja srutva tat paro bhavet, significa: todos os bhaktas devem se esforçar para
se tornar apegados ao Senhor por meio de ouvir os seus passatempos, pois esse é o vidhi ou
injunção. Negligenciar esse vidhi com certeza dará nascimento a obstáculos no caminho da
devoção."
Ao colocar sua atenção no saborear do rasa encontrado nos passatempos de
Vrindavana de Krishna, Cheitanya Mahaprabhu estabeleceu o caminho a seguir. Aqueles que
seguem os Seus passos descobrirão o encanto divino e se tornarão lila-parayan (apegados a
ouvir Vraja Lila Katha). Como sravanam, kirtanam e smaranam do Vraja Lila formam a base de
Raga-marga, esse é o método prescrito de Shri Gouranga para alcançar Vraja Prema. Assim,
Krishna Dasa Kaviraja incluiu a pregação de Raganuga Bhakti dentro da razão principal para o
descenso de Cheitanya Deva:
'raga marga bhakti loke korite pracaram
Cc. Adi 4
"O Senhor veio para outorgar Raganuga Bhakti às pessoas."
O Bhagavat conclui:

Sangsara sindhu mati dustara muktitirjor


Ranga plabo bhagavatah purusotamasya
Lila Katha rasa nisevanam antarena
Pumsobhave dvividha dukha dabardidasya
Shrimad Bhagavatam 12/4/39

Tradução: "Para as pessoas que desejam alívio da agonia sufocante vivenciada no


oceano da vida materialista, o seva executado por ouvir Lila Rasa Katha de Purushottam Shri
Krishna é o melhor meio."

Duas Formas de Raga-bhakti


Ragatmika e Raganuga
Os termos 'Ragatmika' e 'Raganuga' têm sido usados indiscriminadamente.
Todavia, existe uma grande diferença de significado entre os dois, que é essencial deixar claro
aqui. Uma pessoa pode imaginar, por exemplo se os suddha bhaktas que descendem junto com
o Senhor Krishna, como Seus servos, amigos, pais, ou amados, são devotos Raganugas? A
resposta é "não". Eles sendo nitya-parshadas (associados eternos do Senhor) como seres
perfeitos, não necessitam praticar Raganuga sadhana. Particularmente, a plataforma de serviço
deles ao Senhor em atração espontânea foi chamada "Ragatmika bhakti" por Shri Rupa
Gosvami:

Iste svarasiki raga paramavisthata bhavet


Tanmayi já bhaved bhakti satra ragatmikodita
Bhaktirasamrita Sindhu 1/2/172
25
Tradução: "A atração espontânea pelo Istadevata (Shri Krishna) de uma pessoa,
com a completa absorção em pensamentos dEle associado com o amor intenso é chamada
Ragatmika Bhakti."
Vê-se que na tradução desse verso parece que ele explica o significado de
Raganuga Bhakti. Tal explanação coloca Raganuga Bhakti fora do alcance dos bhaktas desse
mundo, como se esse sloka fosse dirigido aos associados eternos de Vraja de Krishna. Se nós,
erroneamente, pensamos, todavia, que os associados de Krishna são Raganuga Bhaktas, então
decerto nunca poderemos sequer tentar executá-la. É importante notar que Shri Rupa Gosvami
define Ragatmika como sadhya bhakti (devoção após obter prema) enquanto Raganuga é um
ramo de sadhana Bhakti para os Vaishnavas praticantes. A diferença entre Ragatmika e
Raganuga fica ainda mais clara nos dois próximos versos:

Virajantim abhibyaktam brajavasi janadisu


Ragatmikamanusritva já sa raganugochyate
Bhakti Rasamrita Sindhu 1/2/270

Tradução: "Ragatmika Bhakti se manifesta belamente nos associados de Vrindavana


de Krishna. A devoção que segue os passos de Ragatmika Bhakti (i.e. segue os humores e
doçuras dos Vrajavasis) é chamada Raganuga."
Shrila Kaviraja Gosvami esclarece ainda mais:

Ragamayi bhakti hoy ragatmika nama


Taha suni lubdha hoy kona bhagyaban
Lobhe brajavasir bhave kore anugati
Cc. Madhya 22

Tradução: "A Bhakti espontânea é chamada Ragatmika. Se a pessoa ouvir sobre


esse tipo de devoção e com isso ansiar seguir nos passos dos Vrajavasis, essa pessoa é
verdadeiramente afortunada."

Vamos examinar agora em que contexto Shrila Rupa Gosvami introduz o tópico
de Raganuga Bhakti no Bhakti Rasamrta Sindhu:

Na primeira "onda" do livro, o assunto de bhakti foi dividido em três estágios


progressivos:
1) Sadhana Bhakti - devoção na prática. (A grande maioria dos devotos está
nessa categoria).
2) Bhava-Bhakti - Devoção após ter atingido rati. (A potência shuddha-sattva do
Senhor que causa emoções transcendentais).
3) Prema- Bhakti - a etapa final de amor a Deus.

Na primeira categoria - Sadhana Bhakti, Shri Rupa relaciona dois tipos: Vaidhi e
Raganuga. Ambos os caminhos se destinam a bhaktas condicionados que aspiram ao avanço
ao estágio de bhava.
Na sua apresentação de sadhana bhakti, Shri Rupa primeiro descreve
os 64 ramos de Vaidhi Bhakti e então diretamente prossegue na explicação de Raganuga Bhakti
sem nenhuma interrupção no fluxo. O trato dele do assunto de Raga é direto e simples. Na
26
escola de Shri Rupa o Vaidhi Bhakti Marga leva direto a Raga Marga. Nisso, um após o outro,
sravan, kirtana, smaran e quase todos os sessenta e quatro ramos de Vaidhi Sadhana também
são úteis para o praticante de Raganuga.

Como Se Despertar o Interesse por


Raganuga Bhakti?
Com a evidência apresentada até aqui, podemos compreender que a
introdução de Raganuga Bhakti em sadhana foi certamente desejada por Cheitanya
Mahaprabhu. A pergunta que surge contudo: precisamente em qual etapa do avanço espiritual
pode se começar o processo Raganuga? No entanto o devoto não deve cegamente pular para
um sistema mais avançado de sadhana. Caso contrário uma pessoa pode se desviar. Exige-se
clareza de idéias a fim de se examinar com precisão o que os Gaudiya Vaishnavas Acharya
disseram sobre esse assunto. Então, deve-se com sinceridade começar a aplicar suas
instruções. Pois esse é o método seguro de um progresso genuíno.
Antecipando a possível hesitação dos futuros Gaudiya Vaishnavas, Shri
Rupa respondeu essa importante questão de uma maneira bem direta no seu Bhaktirasamrita-
sindhu 1/2/292 como segue:

Tat tad bhavadi madhurjye srute dhirad apekhsate


Natra sastrim na juktim ca tal lobhotpatti lakshanam

Tradução Explicativa: Quando os passatempos doces de Shri Krishna com Seus


associados de Nitya Vraja são ouvidos do Bhagavatam e dos outros shastras, onde se descreve
os passatempos transcendentais do Senhor, quando por ouvir existe no devoto um despertar no
seu coração, quando existe um vislumbre da natureza sublime das gopis e gopas então não se
necessita ficar mais sob o manejo das injunções conflitantes das escrituras ou aargumentos
contrários. Esse é o sinal que o anseio por Raganuga Bhakti do devoto está despertando.
Nesse sloka pode parecer que a necessidade de dependência da
evidência da escritura ou do argumento lógico tenha sido posto de lado. A intenção de Shrila
Rupa Gosvami é contudo simplesmente mostrar a qualidade distintiva de lobha ou avidez, que
desperta para controlar o coração do praticante Raganuga. Como pode surgir dúvidas ao ouvir
esse sidhanta do Bhakti Rasamrta Sindhu, Shrila Visvanatha Chakravarti tece seu comentário da
seguinte forma:
"No sistema de Vaidhi Bhakti, os argumentos das escrituras e o
raciocínio lógico são seguidos por todo o caminho até o estágio de bhava. A partir daí, emoções
transcendentais assumem o comando. Para o praticante Raganuga, contudo, já desde o
surgimento de lobha, nenhuma evidência das escrituras que se contraponha, nem o criticismo
adverso produzem efeito. Essa é a qualidade distintiva e única de lobha que não se encontra em
nenhum lugar da escola Vaidhi."
Shrila Chakravarti-pada prossegue dizendo: "Pode-se ser levado a
pensar que a execução adequada de Raganuga Bhakti é caprichosa. Ao contrário, ela não é
27
desarrazoada, é pela audição das escrituras que se faz progresso nesse caminho e desse
escutar é que surge lobha."
Sem se seguir o shastra, Guru, e os Mahajanas Vaishnavas, ninguém
pode fazer avanço porque a alma condicionada não tem experiência direta da dimensão
superior. Em relação a lobha, deve-se ter uma compreensão lúcida do seu objetivo, senão a
sede pelo objetivo nunca ocorre. Por essa razão Shri Rupa recomenda no seu verso que a
pessoa leia os shastras onde os tópicos do Vraja Lila podem ser encontrados.
Durante a época dos passatempos manifestos de Shri Gourasundara,
muitas almas caídas receberam misericórdia na forma de prema por meio do darshan direto do
Senhor. Após sua partida, contudo, a distribuição da misericórdia de Mahaprabhu assumiu um
ritmo diferente. Ou seja, após os passatempos manifestos do Senhor, a ênfase foi colocada no
sadhana e no bhajana. Se a pessoa não executa sadhana, o kripa de Gourasundara não
descende, como o próprio Senhor declara:

Sadhana bina sadhya bostu keho nahi paya


Cc. Madhya 8

Tradução: "Sem executar sadhana ninguém pode esperar chegar ao objetivo


da vida."
Em relação a outorgar a misericórdia as jivas de futuras gerações, não
há palavras que possam descrever o quão ansioso Cheitanya Mahaprabhu estava para dar o
seu maha-kripa às pessoas da nossa era. Assim Mahaprabhu dotou de poder especialmente os
Seus associados mais próximos, os seis Gosvamis, para apresentar o puro bhajan-paddhati de
Vrindavana.

Prabhur ajnyai kaila sarva sastrer bicar


Braja nigura bhakti korila pracara
Cc. Madhya 1

Tradução: "Cumprindo as ordens de Shri Cheitanya Mahaprabhu, Shri Rupa e


Sanatana, estudaram diligentemente toda a gama de conhecimentos das escrituras.
Posteriormente, eles se puseram a caminho de pregar a essência desse conhecimento, isto é,
os tópicos confidenciais de Vraja Prema Bhakti. "
O próprio Mahaprabhu ensinou a Shri Rupa e a Shri Sanatana e lhes
deu o poder para propagar o Vraja Bhakti Shastra. De fato, o Senhor repetidamente abençoou
os dois irmãos diante da assembléia de seus associados mais proeminentes. Shri Cheitanya
pegou Shri Rupa pelas mãos diante de Shri Nityananda Prabhu, Advaita Prabhu, Sarvabhauma
Bhattacharya, Shri Svarupa Damodara, Ramananda Raya e outros devotos, dizendo:

Sabe kripa kori thare deha ei bora


Braja lila prema rasa varne nirantara
Cc. Antya 1

Tradução: "Por favor, todos vocês dêem suas bênçãos misericordiosas a Shri
Rupa para que ele possa narrar constantemente os tópicos do Vraja Prema Rasa."
Que papel especial Shri Rupa executa na missão de Shri Cheitanya
Deva, e por que o Senhor estava tão ansioso por vê-lo totalmente pleno de poderes? Por que
28
Mahaprabhu queria tornar Shri Rupa Prabhupada o Adi Guru para todas as gerações futuras do
Gaudiya Vaishnava. Por conseguinte, Shri Rupa manifestou o manovista do Senhor ou o desejo
íntimo dEle neste mundo. Shrila Kaviraja Gosvami dá a indicação do anseio interno do Senhor
como segue:

Vrindabaniyam rasa keli bartam


Kalena luptam nija shakti mut ka
Sancarjya rupe byatanota puna sah
Prabhur vidhou pragiba lokasritim
Cc. Madhya 19

Tradução: "Da mesma forma que o Senhor Supremo deu poder ao Senhor
Brahma para criar o universo, Shri Cheitanya Deva, vendo que os passatempos confidenciais de
Vrindavana (Vrindavana rasa keli bartam) tinham sido perdidos para as pessoas desse mundo,
ansiosamente deu poder a Shri Rupa para outra vez fazer com que esses assuntos fossem
conhecidos.
Enquanto a árvore da misericórdia de Shri Cheitanya Mahaprabhu
cresceu em Shri Rupa, logo deu frutos maduros em livros como Bhakti Rasamrta Sindhu, Ujjvala
Nilamani, Shri Vidagdha Madhava, Shri Lalita Madhava, Dan Keli Kaumudhi, Shri Govinda
Lilamrita (compilado sob suas ordens) e muitos outros. Foi o desejo de Mahaprabhu que as
futuras gerações lessem esses lila-kavya, porque ao fazerem isso, o anseio pelo Braja Prema
Bhakti estava destinado a despertar nos corações dos leitores. Shri Narottama Das Thakura
canta em louvor a Shri Rupa e Sanatana como se segue:

Jaya sanatan Rupa, prema bhaktirasakupa


Jugal ujjvalmayatanu
Jahat prasade loka, pasarila sab shoka
Prakatila kalpataru janu
Prema bhakti riti jata, nijagrante subekata,
Likhiachen dui mahasaya
Jahat sravan hoite, premananda bhase citte,
Jugal madhura rasasraya
Jugal kishora prema, lakhaban jeno hema
Henadhan prakashila jara
Jaya Rupa sanatan, deha more sei dhana
Sei ratanmoragale hara
Prema Bhakti Chandrika

Tradução: "Todas as glórias a Shri Rupa e Shri Sanatana que estão


mergulhados no amor intenso pelas fascinantes formas jugal de Radha Govinda. Por sua
misericórdia a árvore do desejo foi trazida a esse mundo podendo aliviar o sofrimento de todas
as pessoas. Seus inúmeros escritos explicam a essência de Prema Bhakti, ao ouvi-los a mente
com certeza experimentará a jugal madhura rasa e flutuará em Premananda. O jugal kishora
prema é tão puro quanto o ouro que foi depurado centenas de vezes. Jay Shri Rupa! Jaya Shri
Sanatana! Eu oro a vocês: bondosamente concedam essa riqueza a mim; eu a usarei como uma
jóia preciosa em volta de meu pescoço."
29

Considerações Adicionais sobre


Raganuga Bhakti
Shri Rupa intitulou Raganuga Bhakti lobha-pravartita-dharma,
significando uma forma de religião nutrida pela avidez acalentada. Como Shri Rupa
anteriormente mencionou, o despertar de lobha em relação a ouvir Vraja Lila Katha, no exemplo
seguinte, Shri Jiva Gosvami, no seu Bhakti Sandarbha define lobha como um tipo de ruci:

ato raganuga kathyate yasya purbokta ragabiseshe


rucireva jatasti natu raga bisesh eva svayam, tasya
tadrsha raga sudhakara - kara bhasa samullasita
hridaysphutukmaneh sastradi srutasu tadrshya
ragatmika bhaktyah paaripatisvapi rucir jayate

Tradução: "As pessoas cujo ruci foi despertado, mas cuja Raga (atração
espontânea) ainda não se manifestou, podem certamente seguir os passos dos Ragatmikas
Bhaktas. Mesmo um mero reflexo (abhasa) de 'raga' deve aparecer no coração do devoto (que
atua como um cristal refletor), o sadhaka se tornará revigorado e extático. Esse ruci advém pela
audição dos tópicos das escrituras que causam a avidez para obter a boa fortuna e o seva
íntimo como dos Vrajavasis."
Como declarado anteriormente por Shrila Kaviraja Gosvami, esse tipo de
anseio deve ser procurado por aqueles em cujos corações lobha se manifestou, esses são
verdadeiramente afortunados. No Bhakti Rasamrita Sindhu, Shri Rupa diz:

"Krishnas tad bhakta karunya matta lobha eka betuka"

"Esse tipo de riqueza pode surgir devido apenas a duas causas:


1) A misericórdia de Krishna, ou 2) a Kripa de Seus devotos." O presente
inestimável de lobha pode ser obtido nesta vida ou ressurgir do adquirido de uma vida passada.
Aqueles que receberam esse kripa (de Krishna ou de Seus devotos), em vida passada, natural e
rapidamente desenvolvem atração ao Ragamarga bhajana e Krishna seva.
A parir desse sloka de Shri Rupa, definindo a natureza de lobha (B.R.S. 1/2/292)
existe uma má compreensão que se manifesta em geral de que o Raganuga Bhaktas não mais
têm que seguir regras e regulações prescritas nos shastras. No sloka seguinte, contudo, Shri
Rupa não corrobora essa conclusão:

sravanotkirtanadini vaaidha bhaktyadi tani tu


janyangani ca tanyatra vijneyani maniniti

Tradução: "Quanto a sravan, kirtana ou qualquer dos 64 ramos de Vaidhi Bhakti, o


sábio deve compreendê-los como úteis, também em Raganuga Bhakti."
Em seu comentário desse verso Shri Jiva Gosvami diz:
"Enquanto que em Vaidhi Bhakti, quase todos os ramos de seva começanndo com
sravan e kirtana, aceitar um mestre espiritual, jejuar em ekadasi, adorar tulasi, etc., também são
30
praticados em Ragamarga. Um devoto experiente aceitará todos os tipos de vidhi, que são
favoráveis na direção da obtenção de seu lobha. Porém quando certas regras e regulações
tendem a diminuir o lobha do devoto, elas podem ser relegadas."
No Bhakti Sandarbha, Shri Jiva Gosvami distingue dois níveis de Raganuga
Bhaktas:
1) jata-ruci - aqueles que tem ruci.
2) Ajata-ruci - aqueles que não tem ruci.
Com relação ao devoto jata-ruci, Shri Jiva apresenta a evidência do Gautamiya
Tantra:

na japo narcanam naiva dhyanam napi vidhi kramah


kevalam mantratam krishnarcanambhoja bhavinam

Tradução: "Para aqueles que alcançaram a consciência divina e estão


constantemente absortos apenas nos pés de lótus de Shri Krishna, essas práticas Vaidhi como
japa, archana, dhyana, etc., não são necessárias."
Obviamente, esse nível de devoto é muito raro, enquanto ao menos 90% dos
praticantes de Raganuga Bhakti pertencem ao nível inferior (ajata-ruci). Shri Jiva Prabhu então
volta sua atenção para esse grupo maior, dizendo:

ajata tadrsharucina tu sadbisehadrimatradrita


rasanugamapi Vaidhi sambalistevanusteya tatha loka
samgrahartam praistena jatatadrisharucina ca
atra mishratvena ca jatajogam raganugaye
ki krtyaiva Vaidhi kartabya

Tradução: "Os devotos cujo ruci ainda não despertaram, mas que se sentem
inclinados em executar Raganuga Sadhana devem fazê-lo combinado com Vaidhi Bhakti, (bem
como aqueles que não estão na plataforma avançada de ruci com o propósito de ensinar aos
outros.) Deve-se notar, contudo, que essa mescla não é equivalente a adicionar algumas
práticas Raganugas ao Vaidhi Bhakti. Preferencialmente, corresponde a adotar o total sistema
de Raga, mantendo as práticas de Vidhi a fim de se manter o equilíbrio."
Uma pergunta relevante surge agora: "Em qual estágio do avanço espiritual
pode o Raganuga Bhakti se iniciar?" Segundo Shri Rupa, Raganuga Bhakti é classificada como
um ramo de sadhana bhakti que vem mesmo antes do estágio de bhava. Então, no verso final
de Shrila Jiva Prabhu a evidência é dada que Raganuga Sadhana pode começar antes de ruci.
No seu livro Ragavartma Chandrika, Shrila Visvanatha Chakravarti discute Raga Bhakti em mais
detalhes e nos informa que o processo pode iniciar mesmo antes do estágio de anartha nivrtti.

Atha raganugabhakti majjasyanatha nivritti


Nishta rucyaskya nantaram premabhumikarudasuya
Sakhat svabhistha prapti prakar pradharsyate

Tradução: "Portanto, como o bhakta praticante de Raganuga, avança aos estágios


de anartha nivritti, nishta, ruci, asakti, bhava e alcança ao final a satisfação de todos os desejos
em prema será agora discutido."
31
A partir desses slokas pode-se concluir que Raganuga Bhakti pode começar
mesmo antes do estágio de anartha nivrtti. Em outras palavras, Raganuga Bhakti pode começar
no estágio de bhajan kriya. Essa declaração de Shrila Chakravarti Pada coloca ao alcance da
maioria dos Vaishnavas praticantes o Raganuga Bhakti Sadhana. E por que deveríamos nos
surpreender com isso? Não foi o próprio Mahaprabhu que apresentou Raga-marga como Seu
presente de misericórdia especial para as almas caídas dessa era?

Ragamarga bhakti loke korite pracharan


CC Adi 4

Tradução: "Cheitanya Mahaprabhu apareceu para apresentar Raga Marga Bhakti


para as pessoas." Loka não significa nesse verso apenas os premika bhaktas, nem bhava
bhaktas, muito menos uttama adhikaris Vaishnavas. O significado sequer se restringe apenas
aos devotos, a palavra está com o significado de incluir a todo o mundo! Nosso Gourasundara
veio outorgar Vraja Prema para todo o mundo e para torná-lo acessível, o Senhor prescreveu
Raganuga Sadhana. Portanto, Shrila Kaviraja Gosvami sistematicamente destaca o aspecto
param karuna de Shri Cheitanya. A única estipulação é que deve se possuir lobha, uma avidez
de seguir os passos dos Vrajavasis. De fato, tão logo a pessoa perceba que essa foi a intenção
específica de Shri Cheitanya para as jivas dessa era, a atração por Raganuga se torna
inevitável.
Sob a luz do douto parecer de Shrila Visvanatha Chakravarti com relação aos
shastras dos Gosvamis, os devotos ansiosos em se iniciar no Raga Sadhana podem ter
dissipado suas dúvidas quanto a sua própria elegibilidade. Shrila Cakravarti Pada confirma
dando mais detalhes:
"Aqueles que estão compelidos ou atraídos ao caminho de bhakti devido a
atração ou forma madhura do Archa Vigraha ou por ouvir lila Katha do Décimo Canto do
Bhagavatam são raga-padya-bacya (aptos para Raganuga Bhakti).

Respostas Positivas para Argumentos


Negativos
No contexto com o sidhanta anteriormente citado de Shrila Visvanatha algumas
pessoas podem levantar algumas objeções: para aqueles que não estão livres dos vários
anarthas, começando com a luxúria, não é possível adotar o Raganuga Bhakti Sadhana. Além
disso, os tópicos dos romances amorosos de Krishna com as gopis nunca deve ser ouvido por
esses bhaktas.
Esse tipo de precaução é ensinado na escola Vaidhi. De fato todos os
sadhakas bhaktas sérios devem ser cautelosos em não tomar o Shri Krishna Vraja Lila de forma
barata, pois agindo assim certamente resultará em aparadha. No sistema de Raganuga
Sadhana, contudo, kama, ou luxúria é conquistada por meio da atração do ouvir dos
passatempos transcendentais de Shri Krishna. No primeiro capítulo do seu Madhurya
Kadambini, Shrila Visvanatha Chakravarti escreve:
"Se a pessoa não estiver purificada mentalmente, não é possível adentrar o
jnana-marga do Sadhana de Yoga. Mesmo a pessoa que não sobrepujou a influência de kama,
contudo, pode adotar o bhakti marga."
32
Para evidenciar sua opinião Shrila Chakravarti Pada mostra a evidência do
Bhagavatam 10/3/39:

vikriditam brajabadhu bhiridancha vishnoh


sraddhanvitohanusruyatha varnayed já
bhaktim param bhagavati protilabhya kamam
hrdrogam asva pahinotya cirena dhirah

Tradução: "Se a pessoa continuamente ouve ou fala com fé os tópicos de rasa de


Krishna e outros passatempos com as gopis, tal pessoa alcança primeiramente para-bhakti
(suprema devoção). Então, depois, por meio da influência desse bhakti, e da contínua audição
dos passatempos de Krishna com as gopis, o devoto se torna completamente auto controlado no
curso do tempo e apto a abandonar a doença do coração de kama para sempre."
Nós podemos ter ouvido que não é adequado discutir os passatempos de
Krishna com as gopis a menos que se esteja livre da luxúria. Pode haver alguma verdade nessa
declaração; mas aqui, Shrila Visvanatha Chakravarti está se utilizando de uma evidência do
Bhagavatam para apresentar o outro lado. Em sua opinião, se uma pessoa tem fé em Shri
Krishna, ouvir esses passatempos pode atuar como a própria razão da destruição da luxúria
material. Da mesma forma que um espinho é utilizado para remover outro espinho no corpo de
alguém, pode-se utilizar o kama espiritual para remover a luxúria penetrante no coração de
alguém. É de fato o único remédio, pois nenhum outro processo será completamente exitoso.
Essa é a diferença básica entre Vaidhi e Raga marga sadhana. Porque o praticante Raganuga
decidiu ter dependência completa de Radha Krishna, ele também pode sobrepujar a luxúria por
meio da audição desses tópicos que tranqüiliza o anseio de seu coração. Em outras palavras,
ouvir o Radha Krishna lila se torna a própria fonte da liberação ou o que Shrila Cakravarti Pada
chama a causa para o despertar de para-bhakti (a forma de devoção excelsa dentro da
dimensão espiritual). Shrila Visvanatha Chakravarti profere o seu veredicto e isso não deve ser
considerado como sentença independente. Preferencialmente, sua visão segue estritamente o
próprio comentário de Shri Cheitanya Mahaprabhu desse importante sloka do Bhagavata que
aparece no Cheitanya Charitamria Antya 5:

braja-badhu sange krishner rasadi vilasa


je iha kahe sune koriya visvas
hridroga kama tara tat kale hoy khaya
tin guna khobha nahi mahadhira hoy
ujjvala madhura prema bhakti sei paya
anande krishna madhurjye bihare sadaya
je sune je pore tara phalka etadrshi
sei bhavavistha sei seve sharnishi

Tradução: Shri Cheitanya Mahaprabhu disse:


"A doença do coração, a luxúria será destruída na pessoa ao ouvir e recitar
com devoção os tópicos do rasa de Krishna e outros lilas com as gopis. Assim os três modos da
natureza material não afetarão tal pessoa auto satisfeita e ele obterá ujjvala madhura prema
bhakti. Essa é a felicidade final pela qual a pessoa prossegue saboreando a doçura
incomparável de Krishna constantemente. Assim, declaro que se a pessoa ouve ou lê sobre
33
esses tópicos, ela alcançará a perfeição e ficará absorta nas doçuras divinas, prestando seva dia
e noite ininterruptamente."
Por que seria ilógico restringir os Vaishnavas dedicados de ouvir o Vraja Lila
Katha com base de que eles ainda não conquistaram a luxúria? Se a pessoa tivesse que estar
livre do desejo sexual para ouvir o passatempo de Vraja de Shri Krishna, o presente mais
especial de misericórdia de Shriman Mahaprabhu às almas caídas dessa, isso se tornaria
inacessível. A libertação do desejo sexual é de tal ordem que mesmo Brahma, o criador do
Universo pode cair; o que falar de pessoas comuns como nós. Após a busca por todo o universo
se muito, poderemos contar nos dedos os candidatos niskama. E nos depararemos com
surpresa ainda maior ao ver que esses raros sadhus não serão nem Krishna Lila parayana, ou
pessoas que sentem atracão por ouvir os passatempos de Krishna. No Bhagavad-Gita, Shri
Krishna diz: "Entre milhares de homens um pode se esforçar para se tornar siddha, e desses
que alcançaram siddhi, dificilmente um Me conhece em verdade."
Todavia, é razoável acreditar que os seis Gosvamis de Vrindavana dedicaram
tanto tempo e energia escrevendo volumes de livros para uma audiência tão limitada? Será que
os Gosvamis não estavam totalmente cientes da condição caída das pessoas da Kali Yuga?
Estabelecer o dharma de Shri Cheitanya ao expôr o Prema rasa shuddha sindhu de
Shri Vrindavana é a contribuição máxima para a sociedade humana. Portanto, qualquer um que
deseje adotar o método de adoração Rupanuga se beneficia ao estudar cuidadosamente a
literatura deles que formam a base do Cheitanya Vaishnavismo.

nana sastra bicaranaika nipunou saddharma sastapakou


lokanam hitakarinou tribhuvane manyou saranya karou
radha krishna padaravinda bhajanandena matta likou
vande Rupa sanatanou raghoyugou srijiva gopalakou

Tradução: "Os seis Gosvamis são peritos na pesquisa da essência de todo o


conhecimento dos shastras e apresentaram o dharma mais adequado para todas as pessoas.
Assim eles são verdadeiramente adoráveis, e permanecem sempre intoxicados no Jugal Bhajan
de Radha Krishna estabelecendo assim o exemplo ideal. Assim, com todo o cuidado ofereço
minhas humildes reverências aos pés de Shri Rupa, Shri Sanatana, Shri Jiva, Shri Gopal Bhatta,
Shri Raghunatha Bhatta e Shri Raghunatha Das Gosvami."
Aprendemos do padavali de Shri Narottama Das Thakura que nishta por Shri
Krishna é o seguinte:

Radha krishna prana mora jugal kishora


Jivane marane gati ara nahi mora

Tradução: "Jugal Kishora, Radha Krishna é minha vida, pois eu não tenho outro
objetivo, nascimento após nascimento."
Enquanto uma trepadeira cresce na direção do sol, nossa bhakti lata luta para
crescer na direção dos pés de lótus de Radha Krishna. O sadhana ou o processo de aguar, é
sravan, kirtana e smaran dos nomes, formas, qualidades e passatempos de Radha Krishna. Se
nós negligenciamos nutrir nossa bhakti lata dessa maneira, contudo, a trepadeira da devoção
pode não crescer adequadamente. Em seu Guruvastakam, Shrila Visvanatha Chakravarti
descreve como o Guru ensina esse processo:
34
sri radhika madhavayor opara
madhurjya lila guna rupa namnam
protikshan asvadhan lolupasya
vande guroh sri caranaravindam

O Gaudiya Vaishnava deve aspirar chegar a esse estágio de 'protikhan asvadhan


lolupasya', i.e. de ansiar a cada instante pelo gosto.
Que gosto? Ilimitada doçura do oceano dos nomes, formas, qualidades e madhurjya
lilas de Shri Radha Madhava. Devido a que o Rupanuga Guru ensina essa arte através do seu
próprio exemplo, nós oferecemos nossas prostradas reverências a seus pés de lótus.
Aqui, outra vez, os seis Gosvamis estabeleceram o padrão de adoração para todas
as gerações futuras habilmente apresentando os passatempos madhura de Shri Krishna:

ei choya gosai jabe braje kaila vasa


radha krishna nitya lila korila prakash

"Os seis Gosvamis foram a Vrindavana e propagaram ao mundo o nitya Braja lila de
Radha Krishna.
Shriman Gourasundara é Data-Siromani (o Supremo Doador) - porque Ele veio
para dar Radha Krishna prema, a todos. Como a chuva que cai sobre a pedra, no oceano, nas
praias, e planícies, etc., sem considerar onde a água seja necessária, Shri Gouranga derramou
sua misericórdia de Vraja Prema indiscriminadamente a todos. "Aqui está, pegue!" dizia o
Senhor. Nós devemos responder: "Não, nós não podemos discutir o lila de Radha Krishna." Que
má fortuna! Com lágrimas de remorso vamos cultivar o humor de Shri Narottama Dasa Thakura:

manusa janama payia, radha krishna na bhajiya


janiya sunia bisha kainu

"Eu vim a essa forma humana de vida (uma rara oportunidade) mas ao invés de
ouvir as glórias de Radha e Krishna Bhajan, preferi beber veneno.
"Shri Narottama também se lamenta da seguinte forma:

hari hari! ki mora karma oti manda


braje radha krishna pada, na bhajinu tila adha
na bhujinu rager sambandha

"Oh Senhor Hari! Minhas atividades são desperdício! Nem por um momento,
executei bhajan aos pés de lótus de Radha Krishna. Assim como posso compreender a nossa
relação que se baseia em raga."
Após essa discussão sobre o objetivo da vida, e os meios de alcançá-lo, Shriman
Mahaprabhu inquiriu de Ramananda Raya sobre o dever supremo de todos:

sravan modhye jiver kona srestha sravan


radha krishna prema keli karna rasayan
kahat smaran jiva kore anukhoma
krishna nama guna lila pradhan smaran
35
dhye modhye jiver kartabhya kona dhyan
radha krishna padambhuja dhyana pradhana
gan modhye konagan jiver nija dharma
radha krishner prema keli je giter marma
Cc. Madhya 8

1) Qual é o melhor tipo de sravan para as jivas?


O Lila conjugal de Radha e Krishna dará prazer aos ouvidos.
2) Qual tipo de smaran devem as jivas continuamente executar?
Nomes, qualidades e passatempos de Shri Krishna é o que há de melhor.
3) Qual forma de meditação devem as jivas executarem?
A meditação nos pés de lótus de Radha Krishna é a essência.
4) Quais os tipos de canções devem as jivas executarem como seu próprio dharma?
As canções que descrevem os passatempos conjugais de Radha e Krishna."
Se o kirtana dos passatempos de Radha Govinda é assim confirmado pelo próprio
Mahaprabhu como sendo o Sanatana Dharma para todas as jivas, quem vai querer ficar
discutindo o assunto?
Outro defeito em fazer objeção a audição do Vraja Lila Katha é que isso
faz com que a pessoa duvide sobre o próprio caminho que lhe é delineado, exemplificado e
trilhado por Shri Rupa e Sanatana, Shri Krishna Das Kaviraja, Shri Narottama Das Thakura, e
Shri Visvanatha Chakravarti, bem como todos os outros Acharyas Gaudiya Vaishnavas rasikas.
Pensar que ler o lila rasa-kavya escrito por esses importantes Vaishnavas não é adequado, ou
que por fazer isso a pessoa pode se transformar em sahajiya é em si uma atitude perigosíssima.
De fato, essa mentalidade seriamente causará danos no próprio humor de anugata ou (rendição
ao caminho) nos passos dos acharyas prévios. O quão é importante ler esses livros não pode
ser exagerado: pois esses escritos são maha-kripa dos acharyas. Por que alguém deveria
hesitar ao receber o que está sendo generosamente entregue? Os próprios Gosvamis não
fizeram qualquer restrição sobre as pessoas lerem seus livros.
Certamente, temos de reconhecer a existência das sahajiyas
sampradayas. Porém, eles são bem diferentes. O sidhanta e o comportamento deles são muito
distintos da Raganuga Sampradaya que nenhum sério seguidor de Rupa Gosvami fica propenso
a adotar uma linha sahajiya simplesmente por os livros dos Rupanugas Acharyas, além do mais
se esses seguidores ficarem apegados ao lerem sobre Vraja lila Katha nesses livros autorizados,
ninguém pode ousar chamá-los sahajiyas com base nisso, pois isso seria uma grave ofensa.
No Prema Bhakti Chandrika, Narottama Das Thakura ora:

lila rasa sada gan, jugal kishora prana


prarthana koribo abhilase
jivane marane ei, ara kichu nahi chai
kahe dina narottam dase
moner smaran prana, madhura madhura dham
jugal vilas smriti sara
sadhya sadhana ei, ihar pora ara nei
ei tattva sarva viddhi sara
hena radha guna gan, na sunila mora kana
vancita korila more vidhi
36
rara bhakta sange sada, rasa lila prema Katha
je kahe sei paya ghana shyam
ihate vimuka jei, tara kabhu siddhi nei
na suniye jena tara nama

"Meu voto é sempre cantar o lila rasa de meu Prana devata Shri Shri Jugal
Kishora. Quer eu viva ou morra esse é meu único desejo; assim ora o caído Narottama Das.
Lila Smaran é minha vida, a morada madhura do prazer onde o jugal-vilas de
Radha e Krishna forma a nata. Nenhum outro sadhana pode ser tão atrativo; pois essa é a
essência de todos os princípios regulativos.
Eu sou muito desafortunado, a providência me condenou, pois não posso
saturar meus ouvidos com o guna-kirtana de Shri Radha. Mas certamente, aqueles que estão
sempre discutindo sobre o lila, rasa e prema dEla na companhia de Seus devotos alcançarão o
abrigo de Shri Shyamasundara. Por outro lado, aqueles que criticam esse processo jamais
alcançarão a perfeição; nem vamos ouvir os nomes dessas pessoas!"
Devemos acalentar a convicção de que os lilas de Radha Krishna são
completamente transcendentais. Shri Krishna é a corporificação da religião e a fonte original de
todas as encarnações. Além disso, Ele é Rasa-Brahman - a forma final de todas as doçuras
divinas em pessoa. Portanto, o parakiya rasa de Shri Krishna de Vrindavana não se compara
com nenhum romance deste mundo; pois esse é o veredicto dos shastras.
Os Rupanugas Vaishnavas jamais desejam imitar esses passatempos, ao
contrário se esforçam para entrar no passatempo adotando o humor e doçuras adequados. Esse
sistema é diretamente oposto ao abominável comportamento dos prakrita sahajiyas que desejam
imitar o pranaya keli de Radha Krishna na plataforma material. É através desse esforço com fé,
e pelos meios corretos junto ao Rupanuga marga, portanto, que o caráter e inclinações de uma
pessoa vão se purificando. De fato, é a natureza toda auspiciosa dos lilas que atuam como
agente purificador.
O exemplo é dado nos shastras, que embora elementos impuros flutuem nas
águas santificadas do Jaga-pavani (Mãe Ganges), a potência espiritual do Ganga permanece
intacta. De fato, ela limpa todas as impurezas. Da mesma forma, o madhura lilas de Shri Krishna
tem a potência de limpar todos os elementos sujos no coração. A pessoa precisa apenas ouvi-
los com fé e devoção.
Até o ponto que a pessoa fica atraída pelas qualidades encontradas no divino
lila rasa, ela irá automaticamente perdendo o apego aos pretensos prazeres desse mundo; a
atenção dessa pessoa não pode ser direcionada a dois objetos ao mesmo tempo. O nível de
êxtase experimentado por Radha e Krishna e Seus associados gopis está muito além do
desfrute minguado encontrado nesse mundo que os devotos afortunados que se apegaram a
ouvir os passatempos também podem saborear esse êxtase até um determinado grau. De fato,
uma simples gota desse mahananda é poderosa suficiente para fazer a felicidade desse mundo
parecer insignificante. Como Shri Krishna declarou no Bhagavad Gita:

visaya vinibartante niraharasya dehinah


rasa varjjam rasohapyassya param dristva nivartante

"As jivas podem se restringir do gozo dos sentidos, embora o gosto pelos
objetos dos sentidos permaneça. Porém, ao experimentar um sabor superior, ele definitivamente
abandonará todos os apegos anteriores."
37
Como uma lei natural todo ser humano está atraído ao gozo sensorial, o objeto
principal disso é o sexo oposto. É portanto, recomendado se afastar do desejo sexual praticando
celibato, controle dos sentidos, uma dieta regulada e yoga asana, etc. Porém, devido a que
esses métodos, sozinhos não podem proporcionar um gosto superior ao prazer sexual, eles só
conseguem no máximo desatar o nó apertado da luxúria do coração por algum tempo. Porém,
não o desata para sempre. Sendo o sabor máximo desse mundo, o prazer sexual só pode ser
substituído pelo gosto do prazer transcendental. Mas é só após ouvir sobre os romances
amorosos divinos de Radha Krishna e das gopis de Vrindavana que a pessoa compreende a
verdadeira natureza de kama. É devido a kama ser o ponto principal da relação de Radha e
Krishna que todo macho e fêmea desse mundo possui (ele ou ela) em seu coração o desejo que
tudo consome de desfrutar romances amorosos, com o sexo oposto. Essa atração deve ser
compreendida como constitucional em todos os seres porque nasce do kama supremo entre
purusha e prakriti originais. Portanto, se uma pessoa é de fato séria em experimentar não
apenas o gosto espiritual superior mas o máximo em prazer, ela precisa apenas redirecionar sua
atração do romance pervertido desse mundo para os romances amorosos sublimes de Shri Shri
Radha Govinda. Nisso, certamente, o caminho de nivrti, ou abstinência (celibato, controle dos
sentidos, etc.) será o mais efetivo. O gosto material mais elevado será afogado na sua
contraparte espiritual direta - o puro Braja Madhura Rasa. Esse é o param drstva (gosto
superior) ensinado por Shri Krishna no Gita.

Existe Uma Restrição


Anteriormente, citamos Shriman Mahaprabhu e os comentários de Visvanatha
Chakravarti no verso 'vikriditam brajabadhu' do Shrimad Bhagavatam onde ambos corroboram
que quem se ocupa com fé, em ouvir, recitar, ou lembrar os passatempos de Shri Krishna com
as gopis alcançará param bhakti e dentro de pouquíssimo tempo, a doença da luxúria no
coração gradualmente desaparecerá. Citando o mesmo verso do seu Bhakti Sandarbha, Shri
Jiva também ampara esse sidhanta, mas anexa um aviso no final do seu comentário:

kintu rahassyalila tu paurush vikarbadindriyai


pitri putra das bhavasca nopasya - sviyabhava virodhat

"Pessoas que ainda estão envolvidas em prazeres sensuais, que estão


excessivamente apegadas a esposa, filhos, servos e outras fascinações mundanas não devem
ouvir rahasya lila - os passatempos mais confidenciais que Radha e Krishna executam. A razão
é que a mentalidade dessas pessoas materialistas é virodha (virtualmente oposta) ao cultivo
adequado do Vraja Bhakti."
Essa referência é frequentemente citada pelos adeptos do Vaidhi marga para
dissuadir todos os aspirantes a não ouvir Vraja lila Katha. Isso, contudo, não foi a intenção de
Shri Jiva Prabhu. Essa declaração restritiva obviamente está se referindo a não devotos e a
devotos de fachada que desavergonhadamente se ocupam em atividades pecaminosas. Além
disso essa declaração é provavelmente o verso mais conservador que se encontra em toda a
literatura dos Gosvamis. Todavia, tal instrução nem de longe sugere que pessoas de
mentalidade mundana não deva ouvir sobre Radha e Krishna e Vraja Lila. Ele está se referindo a
apenas aos passatempos mais confidenciais (rahasya lila). Shrila Jiva Gosvami assinala: as
pessoas que não tem intenção de desenvolver nishta ao nitya seva de Radha Krishna não
38
precisam ouvir os rahasyas lilas porque a mentalidade dessas pessoas com certeza será virodha
ou contrária aos humores de Radha Krishna bhakti. Esse é um ponto digno de nota que esse
pequeno livro seria tendencioso se omitisse. Mais do que qualquer outro Gaudiya Vaishnava
Acharya, Shri Jiva Gosvami geralmente adotou um padrão conservador a fim de proteger o
tesouro dos lilas de Radha Krishna dos materialistas que blasfemam a religião e dos pseudos
bhaktas que executam libertinagens. Talvez o melhor exemplo disso é como Shri Jiva Gosvami
embora completamente ciente de que parakiya rasa é o humor eterno do lila de Radha e Krishna
- contudo introduziu a concepção da relação eterna de Radha Krishna como sendo sakhya. Esse
conceito, obviamente, se dirigia a não devotos que pensam em Krishna como sendo imoral e
lascivo e para os pseudos devotos que desejam imitar os passatempos de Krishna ao brincar
com jovens mocinhas em nome da religião. Em outras palavras, para refrear essas pessoas Shri
Jiva introduziu que Krishna é o marido eterno de Radha.
No seu comentário do Ujjvala Nilamani, Shrila Visvanatha Chakravarti oferece
primeiramente suas reverências a Shri Jiva Prabhu como seu superior. Em seguida, contudo, ele
declara que em nome de apresentar a pura filosofia Rupanuga ele tem que derrotar a pretensa
concepção svakhya rasa de Radha Krishna. Com um significado após o outro, Shrila Chakravarti
Pada prossegue para restabelecer o supremo esplendor de parakhya rasa.
Vamos agora dizer uma palavra sobre os autores Gaudiya Vaishnavas. Shri Rupa,
Shri Sanatana, Shri Raghunatha Das, Shri Kavikarnapura, Shri Prabodhananda e outros
escritores proeminentes dessa tradição são todos nitya parshadas de Shriman Gourasundara
(associados eternos). Eles não só foram testemunhas vivas do lila de Radha e Krishna, mas
também são as próprias gopis que participavam dos lilas e saboreavam esses passatempos. A
autoridade e descrição deles está além de questionamento; eles descrevem o lila íntimo de Shri
Krishna com as gopis de um modo tão perito para não despertar a luxúria material na mente dos
leitores. Porém, se algum devoto ainda está relutante em ouvir os passatempos mais
confidenciais de Radha e Krishna, existem muitos outros variados passatempos extraordinários
de Shri Shri Radha e Krishna. De fato, diariamente se desdobrava ilimitada variedade. Por
exemplo existe:

Vipralambha rasa - (passatempos da separação), incluindo-se Purva raga, o estágio antes


do encontro.
Abhisara - a jornada secreta para encontrar o amado.
Bossak-saija - preparação para o encontro.
Prema-vaicitiya - separação em união.
Mana - Ira amorosa de ciúme.
Prabasa - O período quando o amado mora distante.
Todos esses passatempos podem ser contemplados sem temer por agitação. Mesmo entre
os sambhoga lilas (passatempos em união): Bamsiharam - roubando a flauta, Julan, Holi, Pasa-
kela - um jogo executado em uma plataforma com dados, Surya puja, Bon bhojan - piquenique
na floresta, Jaga-pita-milan, etc., podem ser considerados leitura "segura". Além desses nitya
lilas - passatempos diários - existem também os:

Naimittika lilas (passatempos especiais em ocasiões raras) tal como Govardhana Puja,
Radhastami, Janmastami, Dan-lila e muitos outros; nenhum desses passatempos são
excessivamente sensuais.*
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• Para aqueles que são inclinados em executar lila-smaran-sadhana, o Goura lila vai
preceder cada correspondente lila de Radha Krishna. Nesse assunto vasto não há certamente
razão de se sentir hesitante.

UM EXEMPLO VÍVIDO
Iremos agora estudar o modelo da perícia dos Gosvamis em descrever os romances
amorosos de Radha Krishna sem incitar a luxúria material.
O excerto foi selecionado do Vidagdha Madhava de Shri Rupa Gosvami que se
compara ao 'Premananda-rasa-uttal-taranga-maya maha sagar' (o grande bater do oceano de
prema rasa repleto de elevadas ondas das variadas doçuras transcendentais). Aqui, todos os 64
kalas ou aspectos intrincados do Natya shastra, se mesclam para elucidar o sidhanta por detrás
de várias expressões de Vraja prema dharma. Por exemplo, o sistema rasa shastra primeiro
explica o Purva Raga (o estágio antes do encontro) da Nayika (heroina). Assim, no primeiro ato,
Shri Rupa descreve o anuraga de Radharani, ou extrema ansiedade, pela união com Krishna em
três aspectos:
1) Nama anuraga - A intensa atração de Shri Radhika pelas duas sílabas, Kri - shna.
(Após ouvir o verso de Shri Rupa): "Eu desejo milhares de línguas e milhares de ouvidos para
saborear e ouvir os nomes de Krishna, etc." mesmo Haridasa Thakura ficou estupefato diante
dessa extrema atração pelo nome de Krishna!)

2) Guna Anuraga - A mente de Radharani foi roubada pelas inúmeras qualidades de Shri
Krishna, começando com o chamado melodioso de Sua flauta.

3) Rupa anuraga - a aguda e forte cativação de Radharani pela forma do quadro de


Krishna trazida por Vishaka Sakhi.

Devido a extrema força do ataque de Krishna prema em Radharani, ela conclui:


"Como é isso, eu, uma mulher recém casada, de repente fiquei enlouquecida por três outros
homens de uma só vez! Primeiro fiquei atraída por uma pessoa cujo nome é Krishna . em
segundo lugar, um assombroso tocador de flauta roubou minha mente. E, ó Vishaka, quando
você trouxe a pintura desse encantador e jovem vaqueirinho para abrandar minha febre, ai de
mim, isso só aumentou minha dor mil vezes mais. O que posso fazer agora? Decerto minha
única saída é o suicídio!”
Ao ouvir o apelo de Radharani, Shri Lalita com ternura a conforta com as seguintes palavras:
- ‘Oh, Sakhi, os três homens que você mencionou com tanta culpa são de fato uma única
pessoa – Shri Gokulananda!’
Em seguida, quando Paurnamasi (a própria Yogamaya, e a mais sênior e respeitada
senhora de Vrindavana) e Mukhara (avó de Radharani) observam os humores incomuns e
sintomas corpóreos de Shrimati, elas concluem que isso não tem outra causa além do navina-
cupido Shri Madan Mohan de Vrindavana:
- "Veja só que incrível é o efeito do nava-anuraga. Ele assalta sua vítima, entra no coração
e simultaneamente traz efeitos múltiplos, sinuosos e doces”. Paurnamasi, então falou a
Nandimukhi:
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- O anuraga de Radha de natureza excepcionalmente profunda se quebra em ondas que


perturbam Sua mente e coração. Veja o que acontece aqui: após desapegar a mente de
pensamentos mundanos, os munis e sábios tentam com tanto empenho fixar-se na meditação
em Shri Krishna, nem que seja por um único instante. Todavia, essa jovem moça, embora
desesperadamente tente esquecer de Krishna e ocupar Sua mente nos deveres habituais de
dona-de-casa, não consegue; isso é muito incrível!’”
(Em outro local não distante, o purva–raga o estágio antes do encontro do casal) de Shri
Krishna também está acontecendo. Krishna entra ansiosamente e muito introspectivo):
Krishna: “Desde que essa amorosa forma apareceu de repente e iluminou Meus olhos como
um relâmpago, desde o primeiro segundo que recebi o darshan de Shri Radhika, Minha mente
ficou estonteada! Eu me tornei como um iogui que sacrificou todos os tipos de apegos em prol
de seu objetivo.”
Madhumangala entra trazendo uma guirlanda de flores. Vendo Krishna ele pensa: -Por que
meu querido amigo está tão deprimido hoje? Deixe ver o motivo de seu estado.”
(após andar em volta de Krishna por alguns momentos ele conclui pensando alto):Sempre
que Krishna olha para a videira dourada champak, Seu corpo treme. Eu creio que a forma
dourada de Shri Radhika tornou-se impressa em Seu coração como se fosse uma tilaka”.
Madhumangala: (oferecendo a guirlanda de flores para Krishna fala):
- Ei, sakha! Pegue esta puspa mala”
(Krishna começa a murmurar como se não tivesse ouvido) “O brilho resplandecente do corpo
de Shri Radhika pode ser comparado com uma macia montanha dourada. Quando ela se tornará
o ornamento de meu peito que é como uma nuvem?”
Madhumangala (pensando alto): “Exatamente o que eu pensei aconteceu.” (então ele fala
com Krishna ) :
- Madhumangala : "Ei sakha! Estou aqui a Sua frente (agora gritando) Você não está
percebendo o que está acontecendo?”
- (Krishna responde escondendo Seus sentimentos): “Oh Madhu, eu me atrai pela beleza
da guirlanda de flores e não percebi você aqui!”
- Madhumangala : “Meu querido amigo, sei que Você fala a verdade; mas a champak mala
(guirlanda) que Você viu não é esse objeto inanimado - Ela é uma entidade móvel!”. Shri
Krishna: “ó sakha, como poderia uma guirlanda de flores se mover de um lugar para outro?”
- “Querido amigo, por que Você não deixa de lado Sua natureza de querer me enganar por
um momento e revele os pensamentos que passam por Sua mente? Fale francamente o que
pertuba tanto Você?”
- (Krishna sorrindo levemente): oh sakha! Eu apenas esperava a sua guirlanda de flores.”
- “não é a mala (guirlanda), e sim a bala (jovem moça) que Lhe deixa nessa condição
dolorosa, por que Você não fala francamente e confessa.”
- “Oh Madhu, suas suspeitas não têm fundamento.”
- “Meu querido amigo! Suas penas de pavão caíram de sua coroa e estão espalhadas pelo
chão. Quando eu coloquei essa mala em volta de Seu pescoço, Você nem notou. Ei romantico
amante que é como um elefante da floresta de Vrindavana! Eu posso ver bem que os dois olhos
de abelha de Shrimati Radharani abalaram Sua calma!”
- (Krishna pensando): “Esse Meu hábil amigo já entendeu tudo. Bem, acho melhor contar a
verdade para ele”. (agora falando com Madhumangala): “Oh querido amigo, suas suspeitas
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estão corretas. Do mesmo modo como a lua cheia do verão faz com que o fluxo do rio Ganga
vá para trás, os pensamentos constantes de Radha são a causa de Minha angustia mental.”
- Madhumangala: “Decerto, Você deve ter dado uma boa olhada em Shri Radhika?”
- Krishna: “Sim, eu dei e além disso também ouvi tudo a respeito das qualidades dEla de
Subala (o irmão mais novo dela)." Nisso Ele começa falar com muito cuidado) “oh sakha!
Radharani estava lá de pé na estrada, e Sua refulgência corpórea iluminava todas as direções,
de repente, como se estivesse instruindo a gazela como se deve fazer olhares atrativos, Seu
belo olhar parou em Mim. Assim que Eu comecei a admirar a graça irresistível de Radharani, o
cupido se zangou e Me estraçalhou com suas flechas de flores!”
- Madhumangala: “Então, Você conseguiu se encontrar com ela?”
- Krishna: “Não, não sakha! Eu só pude colocar Meus olhos a distância na face dEla que é
como a lua, aí, Minha mãe chegou e Me levou para jantar.”
- Madhumangala: “Querido amigo, existem jovens gopis belíssimas em Vrindavana, nem
se pode contá-las, por que Você deveria se preocupar só com Shri Radhika?”
- Krishna: “Oh sakha, Ela possui uma doçura incomum muito elevada. Para ser sincero
com Você, desde que vi a candura dos olhos e rosto de Shri Radha, me aborreço quando vejo a
beleza inferior da lua ou da flor de lótus.”
- Madhumangala: “Estou achando que o anuraga por Ela nasceu já à primeira vista
(darshan); mas por que ficar aí falando, falando o tempo todo sobre ela?”
- Krishna: “Oh sakha, o que posso dizer? Depois que passei a pensar constantemente
nEla, estou vivenciando uma grande maravilha! Uma vez que o homem mais elevado não pôde
resistir a Ela, concluo que Ela deva ser também alguém muito elevado. Quem questionaria a
pureza do local onde o gamo negro (Shri Krishna) passeia?"
(Enquanto esse diálogo ocorre, Lalita e Vishaka entram na floresta levando uma carta de
Radha para Krishna)
Lalita: (fala de longe): “oh Vishaka você está vendo o filho de Nanda Maharaja em alguma
lugar?”
Krishna : “Oh Madhu, o som de vozes de jovens vaqueirinhas está se aproximando, vamos
ficar quietos e esperar.”
(Lalita e Vishaka entram)
Lalita: “Oh, que boa sorte! Olhe, Krishna está aqui bem diante de nós: vamos nos aproximar
dEle. Jaya Gokulananda! Todas as glórias a Você!”
Krishna : “Lalita, posso deduzir que Você se aventurou nesta floresta de Vrindavana para
transmitir alguma mensagem afetuosa?”(Krishna falou com duplo sentido, o outro é que ‘Posso
ver que você veio entregar uma mensagem afetuosa.’)
Lalita: “Considerando que Você já sabe o motivo de nossa vinda, por que Você finge que
não sabe o assunto? Aqui está, pegue está carta escrita com o liquido extraído do pólen das
flores karnika.” (Dizendo isso, ela coloca a carta de amor de Radha nas mãos de Krishna ).
Krishna: (pensando) “oh aflito coração! Seja paciente! Mantenha-se calmo, pois aqui
repousa a semente florescente que desabrochará para satisfazer todos seus desejos!”
Madhumangala: “Lalita, por que você apenas está oferecendo a carta? Onde estão os pratos
com os doces? “
Krishna : “Oh Madhu, por que você não lê em voz alta esta carta. Vamos ver se haverá
prazer para os ouvidos?”
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Madhumangala: “Meu querido amigo, eu só estou observando a hospitalidade da
comunidade das vaqueirinhas! Por outro lado, devo mostrar respeito às brâmanes que me
alimentam suntuosamente com quatro tipos de deliciosas preparações!”
(Dizendo essas palavras Madhumangala começa a ler a carta para todos ouvirem):
‘Oh simpático, Você habita o meu lar na forma de um quadro. Sempre que, por curiosidade
olho para o quadro, sinto Você se manifestar e me impedir, à força, de escapar para qualquer
direção em que possa ir!”
Krishna : “Oh sakha, o significado desse poema é muito difícil de alcançar; melhor você ler a
carta outra vez.”
(Madhumangala lê a sentença pela segunda vez)
Krishna : ( tomado de prazer, pensa )
“Por natureza as moças que nasceram em famílias de alta estirpe permanecem castas e
tementes aos princípios religiosos. Porém, devo testar qual a força da atração que ela sente por
Mim fingindo agora que estou desinteressado.”
(Então Ele começa a responder)
“Oh Madhu, olhe! Você ouviu isso? Pense bem: Eu caminho em Vrindavana apascentando
as vacas com esses afetuosos vaqueirinhos, e nem por um instante sequer encontrei tempo de
pensar em mulheres. Agora, essas moças atrevidas tentam poluir nossas mentes, só o que
posso fazer é denunciar o mau comportamento delas para o grupo das senhoras idosas de
Vrajabhumi!”
(Fingindo estar irritado, Krishna se prepara para partir)
Madhumangala: (escondendo seu sorriso)
“Você está muito certo, oh Rei dos Bramacharis! Acho que Você deve castigar essas jovens
moças audaciosas com suas palavras seletas!”
(Dizendo isso Madhumangala segurou as duas mãos de Krishna trazendo=O de volta)
As sakhis (Lalita e Vishaka olham uma para a outra com grande perplexidade).
Krishna “Oh Vishaka, será que Radharani possui olhos na nuca? Como ela pode afirmar que
eu atrapalho seus movimentos em todas as direções? Decerto deve ser algum outro
galanteador romantico que confundiu a mente dEla!”
Vishaka: Oh menino de olhos de lótus, será que em toda Vraja mandala há outro tão
famoso e forte que pode fazer que a elevada montanha da castidade de uma mulher virtuosa
balance? Todas nós testemunhamos Sua força natural quando Você levantou a colina de
Govardhana.”
Madhumangala: “Oh tagarela Vishaka, pare com esse falatório sem sentido! Eu mesmo vi
com estes olhos todos os vaqueirinhos segurando Govardhana com seus bastões; assim por
que glorificar unicamente o poder de meu amigo?"
Krishna : “Oh Lalita, você tem algo mais a dizer? Vocês duas podem ir caminhando agora.”
Lalita: “Oh Sundar, se você traz auspiciosidade para todos os residentes de Gokula, por que
deveria dar sofrimento só a uma pessoa – a bela e altamente qualificada Shri Radhika?”
Krishna: “Ei ingênua! Meu companheiro Madhumangala não pode suportar ao Me ver diante
do perigo de desviar-Me do caminho da religião. Sridhama está sempre tentanto encobrir Minhas
faltas. E outra coisa, os espiões de Kamsa Maharaja estão sempre na minha trilha. Assim como
posso permitir esse desperdicio de tempo considerando algo sobre jovens e belas mocinhas?”
Lalita: (já irada)
“Nós ficamos escandalizadas! Nosso coração confuso arde! Portanto, hoje nós nos
tornaremos convidadas de Yamaraja. Com certeza essa será a punição adequada para nós.
Pobre coitada! Oh Shrimati Radharani! Que desafortunado maravilhoso amor é esse que teve
43
que se deitar sobre este enganador e libertino, que é o número um em toda comunidade de
vaqueirinhos!”
(Ao dizer isso ela sucumbe em lágrimas)
Madhumangala: “Oh inexperiente Lalita, você chegou a pensar mesmo por um minuto que
Shri Krishna abandonaria seus votos estritos de celibatário depois de aceitar este erudito e
altamente sábio (eu mesmo) como seu amigo? Portanto, essas suas lágrimas nesta floresta não
a levarão a lugar algum!”
Vishaka: (pensa consigo mesma)
“Vou oferecer a Krishna a gunja mala (guirlanda de flores) de Radharani para poder
perceber qual é o verdadeiro sentimento dEle”
Vishaka fala: “ Deixe que este colar gunja atraente para a mente e de cor vermelha
flamejante, cuja beleza se ressalta com brilhantes manchas negras, seja a decoração de Seu
peito.”
(essa frase tem duplo sentido, o outro sentido- “Shri Radhika está tomada de anuraga
(profundo apego), e Ela fala constantemente o nome de Krishna. Ela é possuidora de todas boas
qualidades e é encantadora para a mente; assim deixe que Shri Radhika adorne Seu peito!”
(Dizendo isso, Vishaka colocou a guirlanda (mala) de Radhika em torno do pescoço de
Krishna).
Krishna: ( mostrando um leve sorriso e fingindo estar irado)
“Esta gunja mala pode ter uma atraente cor vermelha mas é desagradável; e embora seja
bem feita é tortuosa. Porém, devido a que ela me lembra as Vraja Gopis, não me importo em
usá-la.”
(O significado íntimo dessa declaração é: “Radha pode ter anuraga por Mim em seu
coração, mas externamente Ela é muito difícil de se lidar, além disso, embora possa ser que Ela
seja inocente, o jeito externo dEla é muito tortuoso.”)
(Ao dizer isso e fingindo não notar, Krishna tirou Sua própria rangan mala como se por
engano e a colocou nas mãos de Vishaka)
Vishaka: ( cuidadosamente esconde a mala (guirlanda) debaixo de sua roupa) e pensa:
“esse engano de Shri Krishna é um sinal de auspiciosidade para nós”
Lalita: “oh Vishaka, você não testemunhou o comportamento deste bramachari impostor que
brinca com milhões de Gopis nos kunjas da floresta de Vrindavana? Vamos voltar para Radha e
aconselhá-la a não nutrir qualquer afeto por este depravado!”
Vishaka: “Oh Sakhi, você falou bem.”
(dizendo isso, as duas afastam-se)
Lalita: “Oh Vishaka entregue esta prasadi rangam mala a Radhika e assim tente acalmá-la.
Eu vou ter com Paurnamasi Devi e informá-la sobre a situação.”
(dizendo isso elas saem)
Madhumangala: “Oh querido amigo, elas vieram a fim de submissamente oferecer o afeto de
Shri Radha, mas Você indevidamente afugentou-as. Com essa atitude Você só conseguiu
construir sua própria escada na elevada montanha do sofrimento.”
Krishna: “Oh sakha, você está certo! Com Meus sorrisos e brincadeiras decerto cometi a
maior das injustiças!”
Madhumangala: “Olhe, as duas sakhis já estão fora de nossa visão.”
Krishna : (com grande arrependimento) “Oh não! Quando Radha de rosto de lua ouvir sobre
Meu comportamento cruel o seu amor que está agora apenas nascendo por Mim acabará
arruinado! E mesmo se ela passar por essa severa prova, ela será gravemente ferida, sem
dúvida! Então outra vez, se o pecaminoso cupido obtiver sucesso em amendrontá-la com o som
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de seu arco, quem sabe, ela pode até se suicidar! Ai de mim! Que atitude precipitada; eu
desenraizei a tenra videira do amor de Radha bem na hora que estava para dar fruto!”
Madhumangala; “O que fazer agora?”
Krishna : “O único recurso é escrever uma resposta a carta de amor dela!”
Madhumangala: “Sim, e com o que Você vai escrever a carta?”
Krishna: ”Para subjugar amadas o suco pulverizado da flor vermelha jaba é o melhor!”
Madhumangala: “Sim, vamos já para Praskandan tirtha, lá temos um floresta inteira de flores
jaba.”
(Dizendo isso Madhumangala e Krishna saem. Enquanto isso Shri Vishaka devi chega
diante de Radha para consolá-la.)
Radha: (chorando em profunda lamentação) “Ei Sakhi, eu sacrifiquei o temor a meus
superiores, abandonei o dharma respeitável de mulheres castas e causei tanto sofrimento a
você e minhas outras sakhis que são todas mais queridas para mim do que Minha própria vida;
ainda assim não tive sucesso em obter o abrigo do doce abraço de Shri Krishna. Portanto, eu só
posso condenar minha tolerância que insiste em manter viva uma pessoa pecaminosa como eu!"
(Dizendo isso Shri Radhika cai ao chão inconsciente)
Vishaka: “Oh priya Sakhi! Por favor, mantenha sua paciência e tente recobrar sua
compostura.”
(Ao dizer isso ela coloca a rangan mala de Krishna próximo ao nariz de Shrimati.)
Radhika: (retorna de repente a consciência)
“Oh Sakhi! Que incrível objeto é este que lança feitiço a quem olhe para ele? “
Vishaka: (oferecendo a mala-guirlanda- para Radha):
"Oh Sakhi, este mohan mala está untado com a fragrância corpórea do marido daquela
flauta sedutora. Portanto, é a jóia de todos os objetos de atração, apenas o seu nome é um
mantra de subjugação e simultaneamente, é o grande remédio para a obsessão hipnótica. Oh
Radhe, devido a essas três potências inconcebíveis, quem não glorificará suas qualidades?"
Radhika pensando consigo mesma:
"Eu sou uma desavergonhada, porque apesar de ter sido rejeitada pelo filho
altamente qualificado de Maharaja Nanda, esse corpo inútil permanece vivo; consequentemente,
meu único abrigo são as águas profundas do Yamuna."
Agora falando alto:
"Oh Vishaka, informe os membros mais velhos da comunidade que quero executar surya
puja no Dvadasa aditya-tirtha."
Vishaka: Oh querida, é muito bom você ter me lembrado isso, porque Jatila deu a mesma
ordem. Vamos.
(Dizendo isso ambas saem)
Radhika falando em transe:
"Sakhi, embora Mukunda tenha me rejeitado, meu desejo é como o inimigo que se fixou em
meu coração flamejante. Agora deixe que minha irmã Shri Yamunaji acabe com meu sofrimento
para sempre!"
Vishaka: Oh Sakhi. Quando saímos de casa, você não observou os sinais auspiciosos;
assim porque não animar-se por um momento?"
Radhika olhando para frente: "Oh Vishaka, olhe bem! Parece que o sol está se pondo na
direção leste no momento errado do dia!"
Vishaka: "Não, esse não é o por do sol. E sim o brilho das flores jaba que estão
desabrochando no praskandan Tirtha. Vamos para lá para colher algumas dessas flores para o
Surya puja."
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(Dizendo isso ambas seguiram para colher flores. Enquanto isso, Shri Krishna e
Madhumangala entram)
Krishna: Oh sakha, a cor vermelha dessas flores jaba me lembram os lábios reluzentes de
Shri Radhika, que roubaram Minha mente!!
"Madhumangala: "Tudo bem, por que você não extrai o suco de algumas dessas flores para
escrever sua carta de amor."
Krishna (andando de lá para cá, fala com grande assombro):
"Olhe aqui! Como é que o pico dourado do monte Sumeru pode aparecer nessa
floresta; que brilho refulgente é esse que ilumina todas as direções? (Após ouvir o tilintar dos
sinos das tornozeleiras) Oh, agora eu compreendo: a própria forma da beleza personificada,
Shrimati Radharani, deve estar se aproximando na companhia de Suas sakhis!"
Madhumangala: "Oh amigo, a corça que você estava tentando com tanta dificuldade pegar
veio ela mesma cair na sua rede!"
Krishna (sentindo-se em júbilo) "Oh Madhu, você está certo! Vamos nos esconder atrás dos
arbustos para ver o que elas dizem.
(Ambos se escondem)
Radhika (abraçando Vishaka com lágrimas rolando de Seus olhos)
"Sakhi, após Minha partida, por favor lembre dessa sua querida amiga de vez em quando."

Vishaka (derramando lágrimas)


"Oh Radhe! Você é conhecida de muitos como sendo tranqüila e calma, assim como
você está tomada por essa tristeza?"
Radhika: "Aquele enganador esvaziou o meu coração de todas as boas qualidades! Ele cujo
peito largo é perito em desviar o rio da compostura de mulheres respeitáveis, cuja face de lua
faz com que as flores de lótus da castidade e da religião sequem, e cujos braços fortes são
como dois bastões de incenso que inauguram o puja para destruir o recato das mocinhas. Ei
Sakhi, que tragédia nós fomos envolvidas por esses olhares de rabo de olho dEle como
serpente!"
Krishna conversando consigo mesmo, permanecendo escondido:
"Oh Priya, as qualidades de Madhava também foram reduzidas a nada pelo poder de sua
doçura!
Radhika (de mãos postas e olhando para o céu):
"Oh destruidor de Putana, devido a minha inexperiência juvenil sempre permaneço
em casa brincando, inconsciente do certo e errado. Será decente da Sua parte me abandonar
dessa maneira sem abrigo? Oh matador de Putana, como você ousa permanecer indiferente?
(Aqui Radharani chama Krishna de "Putana ghatin" assinalando que Krishna matou Putana, e
Ele também a está matando; pois esse é Seu hábito desde a infância matar mulheres que se
abrigam nEle).
Krishna (Krishna respondendo a declaração de Radha, murmurando para Si mesmo):
"Oh querida Radhe, desejando viver, deve alguém negligenciar o uso do remédio
rejuvenescedor das trepadeiras das florestas divinamente poderosas!"
Radhika (suspirando profundamente):
"Oh Vishaka, pegue esse Meu colar precioso e coloque em volta de Seu pescoço.
(Radha tira Seu colar e o entrega a Vishaka).
Vishaka (recusando pegar o colar)
"Oh Sakhi! Por que você me atormenta com esse comportamento? Eu não posso
decidir o que fazer sem Lalita. (Ela começa a chorar)
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Radhika: "Oh Vishaka não é culpa sua que Krishna seja tão cruel comigo; assim por favor
pare de chorar. Uma vez que estou agora a beira da morte, você pode estender meus braços
dourados como trepadeiras colocando-os em volta de uma negra árvore Tamal. Deixe-me
eternamente permanecer em Vrindavana nessa posição. Esse é meu último pedido."
Krishna (derramando lágrimas)
"Oh Madhu, veja a intensidade do amor dEla por Mim!"
Radhika (pensando consigo mesma): "Que ansiedade extrema me fez tão impaciente?"
(Então fala) "Ao adorar Surya Deva, ganhei uma bênção especial. Assim Vishaka, vá pegar
flores até que eu retorne de meu banho no Yamuna".
(Então, após descer as escadas que levam à água, Radhika parou e pensou):
"Oh espere! Deixe que uma vez mais Eu possa ver essa face de lua rara, antes de
entrar no Yamuna!"
(Voltando-se ela corre para Vishaka):
"Sakhi! Seria muito bom se você me mostrasse uma vez mais o quadro que você
desenhou."
Vishaka: "Oh Radhe o quadro não está aqui."
Radhika (com desânimo) "Então farei com que essa forma se manifeste através da Minha
meditação de samadhi (Ela se senta para meditar).
Krishna: "Ei sakha! Você ouviu isso? Aquelas palavras foram como néctar para os meus
ouvidos. Agora é hora de aparecer diante delas!"
(Os dois avançam)
Vishaka (Olhando com assombro e alegria)
"Oh Sakhi! Devido a boa fortuna o objeto de sua meditação apareceu diante de Você;
Você pode agora abrir seus olhos!"
Radhika (Levemente abre seus olhos maravilhada)
Vishaka: Sakhi, aquele por quem Cupido machucou o corpo jovem e delicado no fogo
abrasador de prema, esse príncipe jovem cuja cabeça está enfeitada com arranjo de penas de
pavão apareceu diante de você, como o próprio senhor de sua vida renovada."
Radhika: "Que assombrosa a doçura desse sonho!"
Vishaka: "Oh descrente! Esse sonho maravilhoso se manifesta sem você estar dormindo!"
Krishna: "Que espantoso que os passos atrativos e a cintura bem formada dessas vrajas
sundaris deixaram envergonhado os movimentos progressivos do rei dos elefantes intoxicado.
Nisso, o movimento de Seus olhos juntaram forças com as flechas de flores de cupido e o brilho
da face dela completamente derrotou o esplendor das flores de lótus delicada!"

Radhika (penetrando o coração de Krishna com olhares de soslaio dardejantes e pensando


consigo mesma): "Oh coração que é como um sadhu, oh sadhu que boa sorte que você hesitou
apenas por um momento!"
Krishna (manifestando um doce sorriso):
"Ei Vishaka enganadora. Eu estive procurando vocês; afortunadamente as encontrei
agora. Hoje você me enganou ao trocar esse colar de gunja inferior pelo Meu raro e precioso
Ranga Mala, mas não vou deixar você sair assim!"
Madhumangala: "Olhe! Oh Priya Sakha, olhe lá é o Seu Rangan mala valioso em volta do
pescoço de Shri Radhika. Vá em frente e o remova você mesmo!"
Krishna: "Oh Madhu, que tipo de tolice você está propondo? Você sabe muito bem que Eu
nunca toco nenhuma mocinha, nem em sonhos!"
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Radhika (Pensando consigo mesma): "Embora Ele esteja gracejando, esse comportamento
brincalhão capturou o meu coração tímido."
Vishaka (manifestando um sorriso): "Ei Krishna, você é como um oceano onde elevadas
ondas em forma de mulheres encontram o seu refúgio. Agora pare onde você está! Fique a
distância, porque nós podemos ver as marcas do amor das donzelas ainda visíveis em Seu
corpo!"
Vishaka: "Ei Krishna de kajjal variado, desde que você capturou a mente das Vraja gopis
fazendo-as anurakta ou apegadas a você, o Ranga mala vermelho que você usa em volta de
Seu pescoço é adequado. Além disso, uma vez que as mocinhas de Vrindavana olham para
você com os olhos fixos, Suas penas de pavão são um símbolo disso. Assim você fica sempre
auto satisfeito nessa floresta de Vrindavana!"
Krishna (Pensando consigo mesmo totalmente satisfeito):
"Ai de Mim! As bochechas de flor de Radhika ficam enaltecidas pelo sorriso que é
como uma alta onda que se quebra em bem aventurança. Suas belas sobrancelhas estão
dançando e derrotam o poder do arco do Cupido; e de Seus olhos como pétalas longos e
estreitos abelhas negras enlouquecidas levantam vôo para golpear Meu coração!"
(Uma voz é ouvida à distância)
"Oh neta Vishaka."
Krishna: "Oh que desastre! Por que essa senhora de faces pálidas, Jatila aparece bem na
hora errada?
Jatila (entra olhando para todos os lados e pensando consigo mesma) : "O que Krishna faz
aqui?" (Então fala alto):
"Oh Vishaka por que vocês duas deixaram a casa sem pegar a parafernália
necessária para o Surya puja, como o incenso, óleo aromático e o chandan vermelho, etc.?"
Krishna (Pensando consigo mesmo): "Ai de Mim! Bem na hora que Meus olhos chakora
perceberam a boa fortuna de beber o néctar do rosto de lua de Radharani, essa desfavorável
nuvem branca de Jatila aparece e cobre a lua! (Então falando alto):
"Oh afetuosa mãe Jatila, ofereço meus pranam a você."
Jatila: "Oh sedutor, não permito que seu olhar tortuoso pouse na comunidade das kishori
gopis de Vrindavana. Madhumangala (Gargalhando): Ei, velha mal humorada! O olhar do meu
querido amigo é sempre magânimo; além disso é o seu olhar que é tortuoso! Assim mantenha
as suas bênçãos para você mesma."
Jatila (Dirigindo-se a Krishna): "Oh Paquerador! O que você faz aqui?"
Krishna: "Oh respeitável Jatila quem não se cativaria pelo encanto destas flores jaba
desabrochando na floresta?"
(As palavras 'sujaba laksmi', ou bela floresta de jaba tem um duplo sentido: aquela
pessoa que tem a beleza 'jaba' ou marcas da fortuna em seu corpo, significando Radharani).
Jatila (Pensando consigo mesma): "Krishna deve ter adquirido alguma percepção especial
pela graça de Paurnamasi, caso contrário como poderia Ele saber de antemão que deveria vir
aqui." (Então falando alto):
"Oh enganador, por que Você não segue Seu caminho agora rapidamente?"
Krishna: "Oh tagarela irreverente! Por que você está assim tão nervosa? Estou me
preparando para partir mas quando Eu quiser."
Jatila (Olhando com severidade para Krishna):
"Ei Krishna! Você talvez tenha notado que a jóia da coroa de toda a beleza universal
está a meu lado como a minha auspiciosa nora; assim você pode imaginar porque eu possa
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estar um pouco preocupada ao ver você caminhando livremente por esses campos com Seus
olhos divagantes?

Krishna: "Oh idosa senhora injustamente desconfiada, você não precisa ficar preocupada. A
partir do momento que ouvi que ela é sua nora, mantive alta consideração resspeitosa por Ela."
Jatila: "Oh Vishaka, por que você desperdiça tanto tempo?"
Vishaka (sorrindo levemente): "Oh respeitada Jatila, vendo um belo corço diante de nós,
ficamos momentaneamente atônitas (com o sentido de que ao ver Krishna nós fomos incapazes
de nos mover. Nisso falando com palavras de duplo sentido enquanto olhava para o céu):
"Ei corço cruel! Por que você desconsiderou a amorosa corça de Lalita que está
tomada de afeto por você? Por que você perde tanto tempo vagando pelas florestas e falando
eloquentes palavras dolorosas ao coração?"
Madhumangala: "Oh Priya Sakha! Veja como o papagaio macho negligencia desfrutar das
romãs?"
Krishna (Manifestando um doce sorriso, secretamente dirigindo sua atenção a Radha):
"Ei romã sedutora, ao ver a sua cor avermelhada macia o papagaio macho ficou
atraído por você incapaz de advinhar se você está madura por dentro ou não, contudo, o
papagaio ficou indiferente!"
(Vishaka olhando na direção de Radha gesticulando com o olhar).
Radha (Pensando consigo mesma): "Oh coração inquieto, seja paciente, seja paciente!"
(Então falando no ouvido de Vishaka): "Oh Sakhi, devido ao temor eu não pude nem beber a
doçura das palavras nectáreas de Hari; nem fui capaz de com cuidado colocar o meu olhar em
sua bela face. Então, finalmente, quando um momento tranqüilo veio após esperar por tanto
tempo, que má fortuna que tudo foi estragado por essa velha mal humorada!"
Jatila (Pensando consigo mesma): "Ah que assombroso é o efeito do darshan de Krishna.
Exceto por isso, vejo tantos outros elementos perturbadores para minha nora. (Falando alto):
"Oh Vishaka, veja só, a tarde já passou; vamos diretamente para o Surya mandap
executar o puja."
(Dizendo isso, as três partiram)
Krishna: "Oh Priya sakha, esse raio de lua (Shri Radha) segue a lua cheia (Paurnamasi
Devi), assim vamos nos abrigar nela."
Assim termina o segundo ato da peça Vidagdha Madhava de Shri Rupa Gosvami.

Nós inserimos essa porção do Vidagdha Madhava em nossa discussão sobre o


controle dos sentidos para mostrar como Vraja rasa pode transformar os desejos luxuriosos de
alguém. Nossos leitores podem primeiramente apreciar a perícia com que Shri Rupa Gosvami
conduz a profundidade e um elo incomum entre Radha e Krishna no estágio de Purva raga. A
narração leva o leitor para bem distante do brilho do romance ordinário. Esse vislumbre de Vraja
lila irá cortar a atração inferior da pessoa pelo amor mundano. Por outro lado, um apego positivo,
ou como diremos, uma sede de saborear o Vraja Prema Rasa é despertada no coração do
devoto. De fato, a fórmula de Shriman Mahaprabhu de compaixão reside aqui. Shrila Rupa
Gosvami tendo compreendido o manovista (desejo interno) de Shri Cheitanya estabeleceu a
missão do Senhor ao escrever esses livros como o Vidagdha Madhava.
Os leitores atentos notarão como Shrila Rupa Gosvami combina todos os necessários
rasa-sidhanta, lila tattva, e prema bhakti tattva, para proporcionar o conhecimento que se requer
para o despertar do Vraja prema. Através de sua narração do lila, Shri Rupa apresenta seus
leitores para as personalidades, humores e comportamentos dos associados mais íntimos de
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Shri Krishna: Lalita, Vishaka, Madhumangala, Subala, Jatila, Chandravali, etc. Sendo ele
mesmo associado direto e testemunha ocular, Shri Rupa é a pessoa ideal em quem buscar
refúgio. De fato, é como se a própria Shri Rupa Manjari, pessoalmente levasse o leitor pelas
mãos para apresentá-lo aos residentes elevados de Vrindavana. Em resumo, citamos os versos
seguintes do Cheitanya Charitamrita em louvor ao Vidagdha Madhava:

eto suni raya kabe prabhur carane


ruper kavita prasamsi sahasra badane
kavita na hoy ei amritera dhara
nataka lakhan sab siddhanter sara
prema paripatri ei adbhuta varnona
suni citta karner hoy ananda gurnona
Cc. Antya 1

Ouvindo essa peça teatral, Shri Ramananda Raya disse a Cheitanya Mahaprabhu:
"Deixe-me louvar a poesia de Shri Rupa com milhares de bocas! De fato, isso não é
poesia, mas uma cachoeira de néctar! Aqui os muitos aspectos da escrita se combinam para
apresentar a essência de todo o sidhanta transcendental. Além disso, as numerosas expressões
de Vraja Prema Bhakti são espantosamente descritas fazendo com que a cabeça e o coração do
ouvinte girem de êxtase!

O Maior Presente de Shri Cheitanya


Unmata-ujjvala Madhura Prema Bhakti
No mangala-acarana (invocação inicial) do Vidagdha Madhava, Shri Rupa Gosvami
compôs um verso onde a principal contribuição de Shri Cheitanya Deva para as almas caídas
dessa era é declarada. De uma forma interessante o assunto do sloka e o tema do Vidagdha
Madhava seguem de mãos dadas. Esse sloka muito denso é a base de todos os sidhantas
apresentados nesse livrete até esse ponto. O sloka diz o seguinte:

anarpita carim cirat karunyavatirna kalau


samarpayitam unmataujjvalla rasam svabhakti ssriyaam
hari puratasundar dyuti kadamba sandipitah
sada hridaya kandare sphuratu ba sacinanda

"Aquele que descende na Kali Yuga como avatara da misericórdia para outorgar Seu
mais precioso tesouro, a saber, o aspecto mais elevado de madhura prema rasa (que jamais foi
concedido antes de Seu descenso no kalpa anterior) e cujas formas são deslumbrantes como o
ouro derretido, que esse Senhor Supremo Shri Sacchinandana sempre se manifeste na câmara
mais íntima de seus corações."
Anteriormente em nossas discussões foi declarado que Shri Gourasundara veio para
dar as quatro doçuras principais de Vrindavan a saber: dasya, sakhya, vatsalya e madhura rasa.
Nesse verso, contudo, Shri Rupa Gosvami exclusivamente direciona sua atenção para madhura
rasa. Por que? Porque o amor conjugal é a posse mais saboreada de Shri Krishna. Shrila
Kaviraja Gosvami declara:
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tatastha hoiya bicar kori


sab rasa hoite sringare adhika madhuri
Cc. Madhya 8
"Falando objetivamente, o êxtase de madhura rasa ultrapassa em muito as doçuras
encontradas nas outras rasas transcendentais."
Shri Krishna Dasa Kaviraja também faz um comentário sobre o verso citado de Shri
Rupa Gosvami 'anarpita carim' como se segue:

sri krishna caitanya agosai vrajendra kumar


rasamaya muriti krishna sakhat sringar
sei rasa asvadite kaila avatara
anusange kaila sab raser pracara
Cc. Adi-4

"Shri Krishna Cheitanya é não diferente do filho de Maharaja Nanda, o reservatório de


todas as doçuras transcendentais. Porém, porque Shri Cheitanya veio especificamente para
saborear madhura rasa, Ele é rasamaya sringar murati, como tal, a propagação de todas as
outras formas de rasa meramente seguem seus passos."
Porque Cheitanya Mahaprabhu concentrou sua atenção em saborear madhura rasa,
essa é a doçura que Ele deseja mais para outorgar às outras pessoas. Evidências adicionais
disso se encontram quando se examina o mantra Gaudiya Vaishnava de iniciação. Todo Guru-
parampara fidedigno descendente dos vários associados eternos de Cheitanya Mahaprabhu
fornece kama bija e o Kama Gayatri da iniciação. Esse sistema tem sido seguido desde a época
de Shri Gouranga Deva. O que nós precisamos reconhecer então é "Quem é o mantra devata do
Kama Gayatri? Isso é declarado no Cheitanya Charitamrita:

vrindaban sprakrita navina madan


kama bija kama gayatri jara upasaan
purush joshit kimba stavar jangan
sarva cittakarsaka saskhat manmatha mohan
Cc. Madhya 8

"Em Vrindavana reside um cupido divino sempre jovem. Sua adoração é conduzida
com o kama bija e o Kama Gayatri. Essa forma de Krishna subjuga entidades masculinas,
femininas e mesmo objetos móveis e imóveis; o que falar da atração que o próprio Cupido Deva
sente!"
Aqueles que adoram com o Kama Gayatri Mantra ao nava-kishora Shyamasundara
porque é "Ele" a quem se está chamando pela entoação diária do mantra. Krishna é o
Kamadeva (cupido) divino de Vrindavana Puspa-banaya (um jovem romantico que atira cinco
tipos de flechas de flores nos corações das Vrajas Gopis) e quando Krishna aparece ante elas
no Seu aspecto mais confidencial, Ele é chamado Ananga.
Dessa maneira, é através do chamar Shri Krishna pelos nomes que designam Sua
forma final e humor que a pessoa pode alcançá-lo da melhor forma. Portanto, o próprio
Cheitanya Mahaprabhu estabeleceu o canto do Kama Gayatri e todos os Gaudiya Sampradayas
fidedignos o transmitiram mediante o parampara. Ainda mais específico, o destino daqueles que
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pronunciam o Kama Gayatri mantra é indicado pela declaração de Shrila Visvanatha
Chakravarti, na abertura do seu comentário do Kama Gayatri:

gayatri as mahamantra kamapurbvatatha kathyate


sadhakam já grihitvaiva jayante brajamandale

"Esse maha Kama Gayatri mantra que o sadhaka canta para obter nascimento no
ventre de uma Vraja Gopi
será agora discutido..."

Kamanuga Raganuga Bhakti


O melhor e o mais adequado caminho de sadhana para alcançar a perfeição pelo
canto do Kama Gayatri é o Kamanuga Raganuga Bhakti. Esse Ishta mantra e Ishta sadhana se
complementam como uma luva justa usada na mão. Através da prática regular diária de Raga
bhakti combinado com Kama Gayatri, o Ishta-devata Shri Madan Mohanji pode de fato se revelar
para o sadhaka sincero em pouquíssimo tempo.
Na seção Sadhana Bhakti do Bhaktirasamrita sindhu, Shri Rupa dividiu o assunto de
Raganuga Bhakti em duas partes: Sambhandanuga e Kamanuga.
Os servos, pais e amigos de Krishna em Vrindavana todos tem um sambandha
específico ou um relacionamento com o Senhor. Os devotos que desejam seguir os seus passos
são tecnicamente chamados: Sambandhanuga Raganuga bhaktas.
As Vrajas gopis contudo, não tem o reconhecimento social da relação com Krishna
porque o amor delas é parakiya. O prema das gopis é puro e não dependem de nenhum tipo de
convenção social. Assim as gopis são atraídas pela beleza suprema de Shri Krishna apenas
com base em kama. Esse kama é de fato o grau excelso de amor puro, porque está livre de todo
o desejo para gratificação pessoal. O rio que corre dos desejos das gopis para satisfazer os
sentidos de Krishna, quebra todas as barreiras - religiosas, social, familiar, etc. Mesmo a
compostura, recato e felicidade pessoal delas foram sacrificados. Sem hesitação, as gopis
sobrepujam todas as convenções religiosas para mergulhar no oceano do serviço amoroso a
Krishna. Shri Rupa assim designou àqueles que aspiram seguir nos passos das Vraja Gopis
como Kamanuga Raganuga Bhakta. É esse modo de adoração específico que é a espinha
dorsal do Cheitanya Vaishnavismo.
(Consulte o verso de abertura da página um)
ramya kacidupasana brajabadhu vargena ja kalpita
"O método de adoração concebido pelas Vraja Gopis é o que há de mais exaltado."

'ADHIKARA'
(Elegibilidade)
Quem tem adhikara para executar o Raganuga Sadhana tanto no aspecto
Sambandhanuga ou Kamanuga? Shri Rupa Gosvami com clareza responde essa pergunta no
Bhakti Rasamrita Sindhu. Antes de consultar suas declarações, contudo, vamos examinar,
cuidadosamente, os seguintes versos do Cheitanya Charitamrita:
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purbe braja vilasa, jei tin abhilase


jatne asvadan na haila
sri radhar bhava sar, apani kori angikara
sei tin bostu asvadila
apane kori asvadane sikhaila bhaktagane
prema chintamani prabhu dhani
nahi jane stan astan, jare na paya eka bindu
hena dhan bilailo sansare
aiche dayalu avatara, aiche data nahi ara
guna keha nare varnibare
Cc. Madhya 2

"Três desejos permanecem insatisfeitos na relação de Krishna com Radharani.


Quando Gouranga deva aceitou o Radha Bhava para saborear essas doçuras, mas também
para compartilha-las com Seus devotos; a partir daí Ele é a pedra de toque de Prema Vraja
Bhakti. Não considerando tempo ou lugar, Mahaprabhu distribuiu esse tesouro a todos. Assim
Ele é Data-Siromani - o Supremo Doador. As doçuras confidenciais de Vrindavana são tão
secretas que mesmo o Senhor Brahma não pode saborear uma gota dessa doçura. Todavia,
Gouranga derramou uma chuva dessas doçuras para as pessoas caídas da Kali Yuga! Será que
esse karuna pode ser dado por algum outro avatara? Quem pode descrever as qualidades
maravilhosas de Shri Cheitanya Mahaprabhu?"
Alguém pode perguntar: Pode ser verdade que Cheitanya Deva mostrou a
misericórdia mais inacessível a todos, porém, quem é capaz de adotá-la? Na verdade nós
podemos imaginar: por um lado os karmis estão muito ocupados com atividades fruitivas e
gratificação dos sentidos. Por outro lado os jnanis estão em busca do conhecimento seco e
liberação impessoal. Em relação aos bhaktas, mesmo eles usualmente ficam enredados nas
práticas de Vaidhi bhakti. Assim quem irá aproveitar o param karuna de Gouranga? Shri Krishna
Das Kaviraja responde essa pergunta na seguinte declaração:

kahibar katha nahe kahile keho na bhujaya


aiche citra caitanyer ranga
sei se bhujite pare, caitanya kripa jare
hoy tar das anudas sanga
Cc. Madhya 2

"A misericórdia de Shri Cheitanya Mahaprabhu está além da descrição, mesmo


quando colocada em palavras a maioria das pessoas não conseguem compreender. A pessoa
que vivencia o significado dos passatempos variados e assombrosos do Senhor, pode-se dizer
que alcançou de fato, Sua misericórdia. Na realidade ele recebe a associação direta de
Cheitanya Deva como o servo dos Seus servos."
Essa declaração do Kaviraja nos faz lembrar a declaração de Shri Krishna do
Bhagavad Gita de que a pessoa deve conhecer a natureza transcendental do Seu nascimento e
atividades a fim de alcança-lO (janma karma ca me divyam). Isso quer dizer que além do
parama karuna do Senhor que está disponível a todos deve haver outro karuna mais especial,
onde o Senhor revela o segredo de Sua aparição e lila ao sadhaka. A chuva pode cair em toda a
53
parte, porém ela não vai beneficiar o oceano, as praias ou as pedras. Da mesma forma, o kripa
inicial de Cheitanya Deva não frutificará no coração dos karmis, jnanis ou devotos neófitos a
menos que o solo fértil de laula (avidez) seja acrescentado. Shrila Kaviraja Gosvami cita o
seguinte:

krishna bhakti rasa bhavita matih


kriyatam yadi kuto pi labhyate
tatra laulyam api mulyam ekalam
janma kori sukritair na labhyaate
Cc. Madhya 8

"A disposição de se absorver plenamente nas doçuras não podem ser obtidas
meramente pelas atividades piedosas nem por milhões de nascimentos. Ela pode apenas ser
comprada por um único preço: laulam (avidez intensa). Onde estiver disponível a pessoa deve
comprá-la imediatamente."
Laulam e o anteriormente discutido lobha são idênticos. Apenas quando lobha
desperta o devoto se torna elegível para adotar Raganuga Sadhana. Nada mais é necessário. E
Shri Rupa outra vez confirma essa mesma conclusão, nos seguintes dois slokas:
Tatra adhikari

ragatmikaiknistha ye vrajavasi janadaya


tesam bhavaptaye lubdho bhavedatradhikaram(B.R.S. 1/2/291)

"Qualquer um que ouça sobre o nishta resoluto dos associados Ragatmika Vrajas de
Krishna, e a partir dessa audição fica ansioso de alcançar essas doçuras - apenas ele é elegível
para executar Raganuga bhakti sadhana."
No verso seguinte Shri Rupa volta sua atenção ao Kamanuga Raganuga Bhakti:

sri murte madhurim preksa tatral lilam nisamya ba


tad bhavakanshino je susteshu sadhana tanayou
purane sruyate padme pumsam api bhavediyam
B.R.S. 1/2/300

"Aqueles que após verem o Jugal-madhuri da arca-vigraha ou após ouvirem o


madhura-Katha dos passatempos de Radha Krishna, se tornam lubdha ou ansiosos - apenas
esses são elegíveis para adotarem Kamanuga Raganuga Bhakti. No Padma Purana é declarado
que mesmo entidades do sexo masculino podem se tornar atraídas para alcançar esses
bhavas."
Do segundo sloka Shri Jiva Gosvami comenta o termo 'sri murti madhurim preksya' dizendo
que além da forma Arca Vigraha, o darshan dos quadros apresentando os passatempos de
Radha Krishna com as gopis também podem induzir lobha no coração de um devoto. Se esse é
o caso isso também torna a pessoa elegível.
Será que tanto ênfase em lobha é excessivo? Não, a importância de lobha não pode
ser minimizada. Sem lobha a relação do devoto com madhura Bhagavan jamais se
desenvolverá. A ânsia de se juntar aos associados de Shri Krishna em Vrindavana e se ocupar
no nitya seva é a mais natural propriedade de um devoto. E à medida que se nutre esse anseio,
54
será que seu coração não se tranqüilizará por ouvir os passatempos de Vrindavana? Ao
considerar a boa fortuna de Shri Dhama e Sudam, de mãe Yashoda e Nanda Maharaja, e das
Vrajagopis a pessoa pode naturalmente deliberar: "Ah, que maravilhoso! Quando obterei o
mesmo privilégio de serviço direto a Krishna e seus associados íntimos? Deixe-me adotar o
processo que é mais adequado para fazer brotar esse objetivo." Nesse estágio o sadhaka está
apto para começar: Raganuga Bhakti se torna o anseio natural de seu coração. Rupa Gosvami
portanto se referiu a esse caminho como lobha pravartita dharma (religião nutrida pela sensação
de avidez).
No princípio, mesmo uma pequena quantidade de lobha pode iniciar a pessoa no
Raga-marga. Porém, eventualmente lobha deve se desenvolver para plena maturidade antes de
levar ao direto darshan de Shri Krishna e nitya seva. Essa é a opinião de Shrila Krishna Das
Kaviraja, como afirmada no mangala acharan de seu Govinda Lilamrita, onde a essência do
Raga-sadhana é dada em poucas palavras.

sri radha pranbandhoscaran kamalayou keshsehadhyagamya


jasadhya prema seva brajacaritparair garo loulaiklabhya
sa syat praptayaya tam prathayitum adhuna manasi masya sevam
bhavyam ragadhapantair brajan anucaritam naityikam tasya naumi

"O objetivo especial de prema seva é dirigido aos pés de lótus do amado de Radha,
Shri Krishna é inatingível por devatas como Brahma, Shiva ou Ananta Shesha. Apenas aqueles
que seguem nos passos dos Vrajavasis com profundo lobha podem alcançar tal tesouro. E para
tal profundo lobha despertar, a pessoa deve executar diariamente o manasi seva do Astakala lila
de Shri Krishna de acordo com o processo de Raganuga Bhakti. Eu ofereço minhas reverências
a esses passatempos prazerosos que continuamente se desdobram na terra de Vrajabhumi."
Agora vamos considerar a pergunta que é feita geralmente de que se Brahma, Shiva,
Ananta Shesha ou mesmo Lakshmi não desfrutam do privilégio de conhecer o lila de Krishna
como podem pessoas caídas como nós ler o Govinda Lilamrita? Esse argumento é às vezes
apresentado para evitar a leitura desse importante livro e também para desencorajar outros a lê-
lo. Porém é essa mentalidade que Cheitanya Mahaprabhu veio promover? Compreendendo a
intensão do Senhor Shrila Kaviraja Gosvami escreve:

ei gupta bhava sindhu brahma na paya eka bindu


heno dhan bilaila samsare
nahi jane stan astan, jare tare kaila dan
mahaprabhu data siromani
Cc. Madhya 2

"O gupta-bhava-sindhu (oceano de Vraja Prema rasa) é secreto, pois mesmo Brahma
não pode saborear sequer uma gota dele. Contudo, Cheitanya Mahaprabhu distribuiu esse
tesouro para aqueles que estão lutando no samsara. Não considerando tempo ou lugar,
Mahaprabhu veio para dar essa riqueza a qualquer um que anseia por Ele com Sua reputação
de Data-shiromani - o Supremo Doador."
Pela misericórdia de Cheitanya Deva o elevado prema que é durlabha (inacessível)
para Brahma, se torna sulabha (facilmente obtenível) para as pessoas caídas da Kali Yuga. A
única necessidade é o desejo ansioso de obter.
55
O gupta bhava sindhu de Shri Vrindavana é especialmente encontrado no Govinda
Lilamrita. A semente desse livro brota quando Shri Rupa Gosvami compôs os dez sutras
intitulados Smaran mangala que apresentam a base do Astakala lila de Shri Krishna( apêndice
em anexo). Quando Shri Rupa observou o poder extraordinário da escrita de Krishna das
Kaviraja, contudo, ele ordenou e abençoou o Kaviraja para desenvolver o tema expandindo a
narração do lila encontrado nos seus dez sutras originais. Assim, essa apresentação detalhada
dos passatempos óctuplos diários de Shri Shri Radha Govinda se tornou conhecida como
Govinda Lilamrita. Na conclusão de cada capítulo, Shri Krishna Das diz:

sri caitanya padaravinda madhup srirupa seva phale


disthe sri raghunathdaskritina sri jiva sangodgate
kavye sri raghunat bhatta boraje govindalilamrite

"Como resultado do seva maduro de Shrila Rupa Gosvami que surge pelo beber do
Madhu dos pés de lótus de Shri Cheitanya Deva, a inspiração de Shri Raghunatha Das, a
associação de Shri Jiva e a bênção de Shri Raghunatha Bhatta, o Govinda Lilamrita fez o seu
advento."
Assim, por meio do maha-kripa desses acharyas originais lobha pode despertar no
coração de todos os leitores para alcançar o nikunja seva de Radha Govinda. Isso, através do
banho diário da mente no oceano nectáreo do Govinda Lilamrita a arte do manasi seva aos
passatempos diários óctuplos de Radha Krishna podem ser compreendidos. Esse livro sagrado
é a nata da literatura dos Gosvamis e com certeza destrói a doença da luxúria do coração. O
Kaviraja (fazendo o papel de um psicólogo divino) prescreve o Govinda Lilamrita como o
remédio ideal para qualquer um que deseje sobrepujar o bhava-roga (doença do apego
material):

jat pitam srutvaatmanobhira niisham trisnapradam tvadbhutam


samsare maya haarjyapi pranaya jonmadandhya mohadikirt
shashvac charbirameva bhuri rasadam dehadi hritpustidam
tajjiyadamrta spriharamidam govinda lilamritam

Govinda Lilamrita. Verso 5

"Quando saboreado repetidamente o néctar do Govinda Lilamrita supre o crescente


derramar de alegria para a mente e ouvidos e a faculdade da fala. Esse Mahausadha (grande
remédio) vai curar o bhava-roga (doença material) porque ele desperta maravilhosamente a
influência intoxicante de Krishna prema. Assim o néctar destruidor da doença e outorgador das
qualidades divinas encontrada nesse livro divino são indescritíveis!"

A Concepção Mais Profunda do Goura-Karuna


Vasudeva Gosh, um associado íntimo de Shri Cheitanya, é também a encarnação de
Sudevi Sakhi (uma das Asta-sakhis de Radha). Sendo uma testemunha ocular direta tanto do lila
de Navadvipa quanto do Vraja, ele é uma pessoa ideal para definir o karuna de Shri Gouranga.
Ele o faz de maneira excelente no conhecido kirtana-pada que começa da seguinte forma:
56
jadi goura na hata kemoni hoito
kemone dhoritam de
shri radhar mahima prema rasa sima
jagate janata ke

"Se Goura não tivesse vindo, ai de mim! O que teria acontecido? Poderia alguém
manter a compostura? Quem transmitiria o superlativo premarasa de Shrimati Radharani?"
Ao fazer de todos, objetos de Sua compaixão, Shri Gourasundara pregou a grandeza
máxima de Radha-prema. Ao fazer isso, o mahabhava grandemente elevado que não apenas
Radha mas as Suas sakhis e manjaris possuem, se tornou obtenível por aqueles que seguem os
passos de Goura Sundara. Antes da aparição de Shri Cheitanya Mahaprabhu essa misericórdia
era inconcebível; mesmo dentro das quatros Sampradayas Vaishnavas anteriores. Vasudeva
Ghosh continua:

madhur vrinda vipina madhuri


prabesha caturi saara
brajer jubati bhaver bhakati
sakati hoito kara

"Obter acesso à floresta encantada de Madhura Vrindavana constitui a essência de


toda inteligência. Porém se não fosse por Gouranga, quem teria autoridade de seguir os passos
das Vraja Gopis?"
Ao aderir ao bhajan padati de Shriman Mahaprabhu quem adotar o humor e doçura
das Vraja gopis com certeza alcançará seus pés de lótus. Como bhakta vatsalya, Shri Goura
Hari decerto vai manter a promessa de seu premika-bhakta, Shri Vasudeva Ghosh, caso
contrário, a reputação do Senhor de ser subordinado aos desejos de seus devotos redundaria
falsa. E Vasudeva Ghosh revela ainda mais o melhor método de receber o karuna mencionado
de Gourasundara:

gou puna puna gourangera guna


saral koriya mona
ei tin bhuvane emon doyala
ara nahi kono jana

"Cante as qualidades de Gouranga repetidamente com um coração inocente pois


dentro do universo Sua misericórdia é incomparável."
Nenhum outro sadhana pode se igualar ao Goura Kirtana. Aqui o termo 'saral koriya
mana' (com um coração inocente' indica o humor de trinadapisunicena' . Ao colocar a guirlanda
desse sloka do Shikshastaka em volta do pescoço da pessoa, o constante canto ou recitar dos
nomes de Shri Gouranga, qualidades e passatempos frutificarão; como descrito no próximo
verso de Vasudeva Ghosh:

gouranga boliya na genu galiya


na jani ba kiba ache

"Ao pronunciar o nome de Gouranga, qual o coração que não se derreterá?"


57
O Goura kirtana constante executado no correto estado mental derreterá o coração
causando a potência shudha-sattva que se compara aos raios do sol do Prema Surya para
iluminar a vida dos devotos. Assim experimentando a emoção transcendental, o bhakta
afortunado muito em breve progride até o estágio de prema. Shri Narottama das Thakura
também corrobora esse sidhanta:
Gouranga bolite habe pulaka sarira

"No canto dos nomes de Gouranga o corpo experimentará pulaka (erupção de


arrepios)."
Pulaka é uma emoção sattvika influenciada pelo bhava. Shri Vasudeva Ghosh conclui
dizendo:

vasu ghosh hiya pasana diya


vidhata goriache

"Uma vez que o criador moldou o coração de Vasu Ghosh de pedra, ele não
consegue se derreter."
Tipicamente, Vasudeva Ghosh se apresenta como um devoto neófito, pois essa é a
característica pessoal dos premika-bhaktas de se sentirem desprovidos de prema. Shriman
Mahaprabhu costumava dizer - Eu não adquiri nenhum traço de prema por Shri Krishna." Assim,
'dainya sadhur bhushan' - humildade é o ornamento de um sadhu. Porém a submissa súplica de
Vasu Ghosh contém uma instrução que será benéfica para todos: Ainda que o coração da
pessoa de fato, não se enterneça mesmo ao executar Goura Kirtana, deve-se compreender que
ela deva estar desejando algo além da especial karuna de Mahaprabhu; caso contrário, o
processo de enternecimento já teria acontecido. Essa canção é demasiadamente valorosa para
aqueles que prestarem atenção no seu significado.

AS GLÓRIAS DE SHRIMATI RADHARANI


"Se Gouranga não viesse, quem teria revelado a grandeza de Shri Radhika? Disse
Vasu Ghosh. E que glórias são essas?
De todos os devotos de Krishna, tanto na dimensão espiritual quanto na material,
Shrimati Radharani é sarva-bhakta-siromani - a jóia da coroa.
No seu Brihad-Bhagavatamrita 2/1/16, Shri Sanatana Gosvami descreve o apreço dos
vários devotos de Krishna em estágios progressivos. Ele começa com o janani bhakta Shri
Bharata Maharaja. Mais querido que janani é o shuddha bhakta Maharaja Ambarisha. Situado
acima do shuddha bhakta está Hanuman, que possui prema. Devido ao prema aumentado, os
Pandavas são mais queridos. Acima dos Pandavas está o líder de todo o Yaduvamsa, Shri
Uddhava Mahasaya. Quando Uddhava visitou Madhura Vrindavana, contudo, seu orgulho de ser
o devoto mais elevado de Krishna caiu no esquecimento quando ele testemunhou a angústia do
viroha vyadhi (doença da saudade das gopis). Shri Uddhavaji ficou tão tomado que desejou
saborear essa posição privilegiada e nascer como uma folha de grama. Ele pensou que: "sob a
influência enlouquecedora do prema as gopis empolgam-se em contínuo delírio, correndo de
Kunja em Kunja, em busca do seu pranavalabha, Shri Govinda, como se ele nunca tivesse
partido para Mathura. Se 'de algum modo' eu pudesse receber a poeira dos pés de lótus delas
sobre minha cabeça, minha vida seria gloriosa!" Nutrindo esse desejo, o melhor do Yaduvamsa,
58
Shri Uddhavaji submissamente orou pelo privilégio de nascer na Madhura Vrindavana como uma
folha de grama.
Entre milhões de incontáveis gopis que residem na morada transcendental de Ananda
Vraja, Shrimati Radharani é única sobre todos os aspectos.

sei gopigan madhye uttama sri radhika


rupe, gune, soubhagye preme sarva adhika
Cc. Adi 8

"De todas as Vraja gopis em termos de beleza, qualidades, boa fortuna e prema, Shri
Radhika é a melhor."
A supremacia de Shri Radhika entre todos os bhaktas de Krishna, incluindo as Vraja
gopis é explicada por Shri Kaviraja Gosvami como segue:

krishna kantagan dekhi trividha prakara


laksmigan eka pure mahishigan ara
brajangana rupa aara kantagan sara
sri radhika hoite kantaganer bistara
avatari jaiche krishna kore avatara
angsini radha hoite tinganer bistara
Cc. Adi 4

"As consortes de Krishna pertencem a três categorias ou seja: as Lakshmis em


Vaikuntha, as rainhas de Dvaraka e as Vraja Gopis. Como Krishna é a fonte de todas as
encarnações, assim Shri Radhika é a fonte da qual todas as consortes acima mencionadas de
Krishna se expandem:

govinda-anandini radha govinda mohini


govinda sarvasva, sarva-kanta-siromani
Cc. Adi 4

"Shrimati Radharani é a doadora de prazer a Govinda, a encantadora de Govinda, ela


é tudo de Govinda e a jóia da coroa de todas as suas priyasis."
O verso original Bengali é fácil de compreender e ainda mais doce do que em sua
tradução para línguas ocidentais. Essa é a opinião unânime de todos os Gaudiyas Vaishnavas
Acharyas. E agora vamos ouvir as qualidades de Radharani nas próprias palavras de Krishna:

ama hoite jara hoy sata sata guna


sei jana ahaladite pare mora mona
ama hoite gune boro jagate asambhava
ekali radhate taha kori anubhava
koti kama jini rupa jadyapi amara
asamordha madhurya samya nahi jara
mora rupa apyavita kore tribuvan
radhar daarshane mora juraya nayana
mora vamsi gite akasraye tribhuvana
59
radhar vacane hare amara sravan
yadyapi amara gandhe jagat sugandha
mora citta prana haare radha anga gandha
yadyapi amara rase jagat sarasa
radhar amare sparsha kotindu sital
radhika sparshe ama kore susital
ei motto jagatera sukhe ami hetu
radhikar Rupa guna amara jibatu
CC. Adi 4

"Apenas uma pessoa que possui centenas de qualidades que Eu não tenho pode me
dar prazer. Por toda a criação contudo não há ninguém com essas credenciais exceto Shri
Radhika. Minha forma suprema que atrai a todos os três mundos derrota o charme de mesmo
milhões de Cupidos; todavia o tranqüilo darshan de Shri Radhika tranquiliza Meus olhos. O som
de minha flauta atrai todos os seres vivos; porém, o som da voz de Shri Radha, rouba meus
ouvidos. A fragrância de meu corpo é o suficiente para preencher toda a criação; porém o aroma
do corpo de Radharani seduz minha mente e coração. Embora meus lábios sejam a fonte do
gosto universal, o gosto dos lábios de Radha me escraviza. Embora o meu toque seja mais
suave que milhões de lua; o toque de Radha é o Meu único conforto. Eu sou a única causa da
felicidade por todos os três mundos, ainda assim, a beleza e qualidades de Radhika são os
meus únicos meios de subsistência!"
Todos os Vaishnavas desejam a misericórdia de Krishna. O karuna de Shri Krishna contudo
é para ser obtido de seus devotos. Como o próprio Shri Krishna declara no Cheitananya
Bhagavata Adi 1:
amara bhakta puja ama hoite boro

"A adoração do Meu bhakta é superior mesmo a Minha adoração."


Nós podemos, então concluir que Shrimati Radharani, sendo a mais elevada bhakta
de Krishna, a adoração a Ela é ainda a melhor chance de alguém receber a misericórdia de
Krishna. Como Shri Krishna informa a Narada:
satyam satyam puna satyam saryameva puna puna
vina radha prasadena mat prasado na vidyate
Narada Purana

"Oh Narada deixe que a verdade seja falada repetidamente, então outra vez, mais
outra vez, uma vez mais: sem a misericórdia de Shri Radha a Minha misericórdia não pode se
manifestar."
(A declaração enfatizada três vezes é tida como final. Essa repetição séxtupla
portanto, constitui a sanção dobrada de Shri Krishna).
Vamos agora examinar como se tornar um devoto de Shri Radha adequado à missão
de Cheitanya Mahaprabhu. Isso é discutido no verso mangala carana mencionado anteriormente
de Shri Rupa Gosvami.

Um Comentário ao Sloka Anarpita-carim

anarpita carim cirat karunyavatirna kalou


60

samarpayitaum unnaata-ujjvala rasam svabhjakti sriyam


hati purata sundar duti kadamba sandipita
sada hridaya kandare sphuraty ba sacinandanah

"Aquele que descende na Kali yuga como o avatara da misericórdia para outorgar o
seu tesouro mais precioso, a saber o aspecto mais exaltado de madhura prema rasa (que não
foi concedido desde o seu descenso no Kalpa anterior) e cuja forma é maravilhosa como ouro
derretido, deixe que o Senhor Supremo Senhor Shri Sacchinandana sempre se manifeste na
câmara mais íntima de seus corações."
Os Acharyas Gaudiya Vaishnavas colocaram ênfase especial no significado interno
desse sloka. Shri Rupa originalmente o compôs como mangala charana da peça Vidagdha
Madhava. Então Shrila Kaviraja Gosvami também o usou no seu Cheitanya Charitamrita para
outorgar bênção:

sei mangala acaran hoy trividha prakara


hostu nirdesh ashirbad ara namaskara
caturtha slokete jagate ashirbada
sarvatte magaye Krishna caitanya prasada
Cc. Adi-4

"Existem três tipos de mangala acharan, i. e:


1) Para estabelecer o tópico do diálogo
2) Para oferecer bênção
3) Para oferecer reverências,

Que o assunto do sloka de Shri Rupa seja 'dado como uma bênção' para todos pela
misericórdia de Shri Cheitanya Deva!"
Que tipo de bênção Shrila Kaviraja Gosvami especificamente se refere aqui? Todos
os Vaishnavas decerto se beneficiariam em saber. À primeira vista é claro que Shri Gouranga
veio para distribuir a Sua posse mais pessoal:
Unmata ujjvala madhura bhakti rasa. Porém, Shri Rupa também descreve esse
karuna como 'anarpita carim cirat' - uma misericórdia não disponível desde há muito tempo, ou
seja, desde o último descenso de Mahaprabhu na Kalpa anterior. Uma pergunta aqui surge
naturalmente: Como pode ser declarado que anteerior ao Goura Avatara o Vraja Madhura Rasa
não estava disponível?"
Nós podemos citar o exemplo dos sábios de Danyakaranya, que pela graça do
Senhor Ramachandra receberam formas de gopis para servir o Senhor Krishna na Dvapara
Yuga. Os Shrutis também receberam o mesmo tipo de perfeição como declarado pelo
Bhagavata e Cheitanya Charitamrita. Assim o que Shri Rupa quis dizer com essa declaração?
A resposta é que Shriman Goura Hari descendeu para distribuir o madhura
rasa que é diferente do amor conjugal de Shri Radha, Shri Chandravali e de suas outras sakhis.
De fato, esse sloka promove um novo tipo de madhura rasa que objetiva o serviço de
Vrindavana-isvari de Shri Radha. O alvo desse amor não é Krishna sozinho, mas Radha e
Krishna juntos. Esse amor é chamado Radha dasya prema ou Manjari bhava. Esse é o presente
único e especial da misericórdia de Cheitanya Mahaprabhu.
Anarpita-cari maha karunar dana'!
61

MANJARI TATTVA
Radha-dasya significa serviço a Radharani na forma de uma manjari Gopi. Esse
sthayi bhava (doçura permanente) estando indisponível desde o avatara anterior de Cheitanya
Mahaprabhu, é raríssimo. Shri Rupa designa o tipo de misericórdia requerida para receber esse
'anarpita cari maha karuna'. Sendo a doçura conjugal última, Radha dasya é chamada 'unnata-
ujjvala' madhura rasa. No Bhaktirasamrta Sindhu Shri Rupa categoriza com mais detalhes a isso
com Bhavollasa-rati:

sancari syat ba krishna-ratya suhrid-rati


adhika pusyamana bhavollasa itirjate

No Madhura Rasa quando o afeto do devoto por Krishna é igual ou maior que o afeto
a qualquer outra pessoa, é um sthayi bhava conhecido como Shri Krishna rati. O amor desse
devoto por outro Krishna bhakta é um sancari bhava, ou seja doçura subordinada. Porém se o
afeto permanente do devoto por Radha excede o montante de amor por Shri Krishna, esse tipo
de prema não é mais chamado sancari bhava pois alcança o status de permanente como sthayi
bhava chamado Bhavollasa rati.
Para a compreensão clara desse sloka Bhavollasa-rati é necessário consultar o
Ujjvala-nilamani. Nesse texto Shri Rupa descreve cinco tipos de sakhis no grupo de Shri Radha.
Elas são as seguintes:

1) As Parama-prestha sakhis - (as oito principais gopis de Radha)


2) As Priya-sakhis (sessenta e quatro em número)
3) Sakhis em geral (ilimitadas)
4) Prana sakhis (ilimitadas)
5) Nitya sakhis (ilimitadas)

Shri Rupa nos informa que os grupos acima de gopis podem ter mais afeto por Krishna, um
afeto igual por ambos, Radha e Govinda ou mais afeto por Radha. As Parama prestha sakhis
(lideradas por Lalita e Vishaka) e as Priya sakhis acalentam afeto igual por ambos Radha e
Krishna. As sakhis em geral de Shri Radha tem mais afeto por Krishna do que por Ela. Como
Shri Rupa explica no Bhavollasa-rati sloka esses dois tipos de afeto constituem o aspecto mais
comum de Madhura rasa chamado 'Shri Krishna rati'. No Bhakti rasamrita sindhu essa doçura é
chamada: 'Sambhog-icchatmika' madhura bhakti, pois é a forma nascida do desejo de desfrutar
romances amorosos conjugais com Krishna. Esse tipo de madhura rasa foi anteriormente
alcançado pelos sábios de Danyakaranya e pelos Shrutis. O aspecto especial do madhura bhakti
que Cheitanya Mahaprabhu introduziu chamado Bhavollasa rati pertence as prana sakhis e nitya
sakhis, que são também conhecidas como manjaris.
Uma característica que distingue as manjaris é o seu humor anugatamayi: elas
humildemente servem e seguem os passos das parama presthas, priya e sakhis em geral que
por seu lado são svatantra (servem Radha e Krishna quando eles desejam).
No Bhakti rasamrita sindhu as manjaris prema são chamadas tad-
bhavicchatmika, o que significa que elas não se unem pessoalmente com Krishna. Ao contrário,
a única ambição é servir Radha. As manjaris se satisfazem ao unir Radha com Krishna. Ao vê-
62
los assim unidos e executando seva que é necessário para aquele momento, as manjaris
experimentam mais prazer que Radha e Krishna.
Literalmente o termo 'manjari' significa estame ou a parte da flor que produz o pólen. Pode-
se observar que quando uma abelha extrai o mel de uma flor ela deixa sua manjari intacta. A
manjari serve o propósito de seduzir a abelha. Semelhantemente, as serviçais de Radharani
estimulam e induzem a abelha negra 'Shri Madhusudhana' para desfrutar a beleza dourada da
flor champaki (Shrimati Radharani). É portanto devido a sua própria natureza e seu humor de
serviço que essas gopis são chamadas manjaris. No Ujjvala nilamani as manjaris são assim
descritas:

tadiyatabhimaninyo jah sneham sarva asrita


sakhya malladhikam krishnat snehadhikastu tah
Sakhi Pakaran 58
Tradução: "Aquelas sakhis que declaram: "Nós somos de Radha e assim permanecem
levemente mais afetuosas a Radha que a Krishna - são classificadas como Sakhi-sneha-adhika".
Com relação a Prana-prestha, Priya e sakhis em geral elas pertencem ao Svarupa
shakti (potência interna) do Senhor, e como tal elas são svatantra, ou independentes para servir
Krishna como elas quiserem. Delas não se exige seguir os passos de ninguém. De modo
inverso, as jivas em virtude de pertencerem a tatastha shakti do Senhor ou potência marginal
são apenas elegíveis para anugatamayi seva (serviço nos passos de outros). Elas não são
elegíveis para svatantra mayi ou seva independente. Portanto, não é adequado para uma alma
condicionada ansiar pela posição de uma Prana-prestha, priya ou Sakhi em geral. No Pada
seguinte Shrila Narottama Dasa Thakura descreve como os Rupanugas Vaishnavas devem
formular seus desejos:

samasneha visana sneha na korio dui leha


kahi matra adhika snehagan
nirantar taki sangue krishna katha lila range
narma sakhi ei sab jana
sri rupa manjari ara sri rati manjari sara
labanga manjari manjulali
sri rasa manjari sangue kasturika adi range
prema seva kore kutubali
ei sabar anuga hoiya prema seva niba caiya
ingite bhujiba sab kaje
Prema Bhakti Chandrika

Tradução: "A pessoa não deve desejar se tornar uma Sakhi e ter mais afeto por Krishna ou
afeto igual por Radha e Krishna. Preferivelmente, aspiramos discutir Krishna Katha no humor
das Priya-narma-sakhis (manjaris). Nesse grupo Shri Rupa Manjari é a líder (Shri Rupa
Gosvami) seguida por Shri Rati Manjari (Shri Raghunatha Das Gosvami), Shri Labanga Manjari
(Shri Sanatana), Shri Manjulali (Shri Lokanath), Shri Rasa Manjari (Raghunatha Bhatta) e Shri
Kasturi Manjari (Krishna das Kaviraja), bem como muitas outras gopis ocupadas no prema seva
aos pés de lótus de Radharani. Sirvamos essas manjaris tão intimamente que possamos receber
as ordens delas apenas com gestos."
Shri Raghunatha Das exclama:
63

amat isvari vrindaban isvari


tara prananatha jani bhaji giridhari

"Vrindavan-isvari Shri Radha é a deusa de minha vida; porque Giridhari Shri Krishna é
o amado do coração dEla, nós adoramos a Ele também."

ami jara dasi, tara pratyasi


ami krishner kripar bhikari naya

Tradução: "Sendo uma dasi de Radha, eu apenas dependo dela, pois eu não sou uma
mendiga da misericórdia de Krishna."
Significado: Como uma serviçal confidencial de Radha, as manjaris são ashrayas vigraha de
Radha Prema. Porque Krishna depende de Radha para sua felicidade última, Ele geralmente se
abriga nas manjaris para atingir o objetivo de Sua afeição (Shri Radha). Assim, as manjaris não
precisam mendigar a misericórdia de Krishna; ou melhor, Krishna frequentemente se aproxima
delas como mendigo para satisfazer os Seus mais íntimos desejos.
E outro verso:
tomar kanta bolei shyamsundar ke bhalo lage
kintu paripurna atma-samarpan tomatei

Tradução: "Oh Radhe, uma vez que Shyamasundara é seu amado, eu também sou afetuosa
com ele, mas a minha rendição plena é a seus pés."
As manjaris dizem: 'amara rai-er' (nós pertencemos a Radha)! E com seus corações
radiantes de orgulho da dignidade de Radha elas informam a Shyamasundara: 'rai amader, ei
Katha tomar hridaye lege takuk! "Radha é nossa, que essas palavras fiquem gravadas no Seu
coração!"
Elas continuam: "Shyam, você sabe porque você é tão belo? É porque Sua Priya está
sentada a Seu lado.
radha sangue jada bhati tada madan mohanah
anyatha visva ssvayam madan mohita
Fique avisado que se você causar algum problema, nós, como dasis de Radha, o
escoltaremos para fora do Kunja!"
No Cheitanya Charitamrita se declara:

krishna das abhimane je ananda sindhu


koti brahma sukha nahi tara eka bindhu

Tradução: "A alegria dos servos de Krishna é como um vasto oceano; o prazer
experimentado por um milhão de Brahmas não se compara com uma simples gota desse
oceano."

Será que após isso tudo, exista o sabor superior na felicidade dos devotos de Krishna?
Obviamente Shri Raghunatha das afirma isso quando ora:
64
"Oh benevolente Radhe, meu coração queima com o intenso desejo de mergulhar no
oceano nectáreo do seu nitya seva. Se você permanecer indiferente, qual será o significado de
minha vida, de minha casa em Shri Vrindavana e até mesmo de Shri Krishna para mim?"
Vilapa kusumanjali - 102

No Stavavali, Shri Raghunattha também diz:

anaradhya radhapadambhoja renu manasritya


vrindatabim tatpadankam
asambhasya tad bhava gambhira cittam
kutah shyamsindho rasasyabagaha

Tradução: "Sem adoração a poeira dos pés de lótus de Radha, sem se abrigar nos kunjas de
Vrindavana, onde os passos dela são exibidos, e sem se juntar às servas dela que possuem
uma profunda compostura, como pode alguém se qualificar para se banhar num lila rasa sindhu
confidencial de Shri Shyamasundara?"
No seu Vrindavana Mahimamrita Shrila Prabhodhananda Sarasvati recomenda o
seguinte:

sri radha padpadma chabi madhurtor prema cittjyoti rekha


ambhoder adbhuta premastavakmaya tanu sarva vaidagdhya
purna kaishora vyanjita gana gapegana srimat karbhaja
divyalankar vastra tana sarhto sakhe radhika kinkaristha

Tradução: "Vamos nos refugiar nas servas vistosamente decoradas de Shrimati Radharani.
As manjaris nascem no profundo oceano do madhura prema lançado pelos refulgentes pés de
lótus de Radha. Aparecendo em formas kishoris brilhantes, elas são as mais hábeis e de
prazerosa beleza em toda a criação."
Shri Narottama Das Thakura similarmente estabelece um exemplo de como os
Gaudiya Vaishnavas devem formular suas ambições mais elevadas. No seguinte Pada ele ora a
Radharani como se segue:

pranisvari! ei bar karuna koro more


dasanete trina dhori anjali mastake kori
ei jana nivedam kore
priya sahacari sangue sevan koribo range
ange besh kori dibo sadhe
rakho ei seva kaje nija pada pankaje
priya sahacari gan maje
sugandhi candan manimaya abharan
kosika basona nana range
ei sab seva jara dasi jeno bama tara
anukhona taki tara sangue
jala suvasita kori ratan bringare bhori
karpura basito guyaaaa-pan
ei sab sajaiya dala labanga malati mala
65
bakhyadrabya nana anupama
sakhi ingita habe ei sab aniya kabe
jogaibo lalitar kache
narottam das kaya
daraiya rohu sakhir pache
Prarthana

"Oh Pranisvari! Por favor seja misericordiosa apenas uma vez. Colocando uma palha
entre meus dentes e de mãos postas na minha cabeça oro; bondosmente ouça minha súplica:
Deixe-me vestir você na companhia de suas Priya sahacaris; por favor reserve esse
seva para mim; eu me tornarei a dasi daquelas sakhis que decoram você com chandan
aromático, ornamentos de jóias e refinados tecidos de seda. Eu anseio sempre permanecer em
sua companhia. Eu prepararei o pan adicionando cânfora, fazendo guirlandas com flores
labhanga e malati colocando-as numa cesta de flores especial. Em seguida, eu faria arranjos
para preparar numerosas delícias comestíveis junto com água de rosas refrescante mantida
numa lota de jóias. Quando as sakhis derem o sinal, eu trarei todos esses itens, colocando-os
próximos a Lalitaji. Shri Narottama conclui dizendo: "Dessa maneira eu ficarei ansioso
esperando atrás das sakhis! Quando esse privilégio será meu?"
O direito para o nikunja-seva de Radha Krishna pode apenas ser ansiado ao seguir os
passos das manjaris. Embora Radharani tenha um número ilimitado de Prana-sakhis, nitya-
sakhis, em seu batalhão de manjaris, existem oito serviçais líderes. Da mesma forma que as
astasakhis especialmente predominam, estas astamanjaris dirigem as outras manjaris na
execução de todo o lila-seva.
Na área mais secreta da floresta encantada de Ananda Vrindavana, nas árvores dos
desejos está o Yoga pita mandira. Esse raro mandira, feito de preciosas pedras e gemas
inumeráveis tem o formato de um imenso lótus de mil pétalas. No centro desse lótus ficam Shri
Shri Radha Govinda numa simhasana de jóias. Entre milhões de incontáveis Vraja sundaris que
executam seva, as oito manjaris líderes formam o círculo mais íntimo, agrupando-se em volta do
casal divino no keshora (núcleo) da formação do lótus."
Se alguém deseja seguir nos passos das asta manjaris é imprescindível que se torne
familiar com cada uma da personalidades delas. Por essa razão Shri Dhyanachandra Gosvami
revela no seu arcana padati, seus nomes, idade, tez, vestimenta, seva e Goura-lila Svarupa:

1) Shri Rupa Manjari ou Rangana Malika - (Shri Rupa Gosvami)


Idade: 13 anos e seis meses
Tez: gorachana (amarelo forte)
Vestimenta: estampado de pena de pavão
Natureza – vama-Madhya
Seva: preparar pan e massagear os pés.

2) Shri Rati Manjari (Shri Raghunatha das Gosvami)


Idade: 13 anos e 2 meses
Tez: clara como o raio
Vestimenta: estampado com constelações
Seva: massagear os pés eabanar com chamara
Natureza: dakshina mridvi.
66
3) Shri Lavanga Manjari (Shri Sanatana Gosvami)
Idade: 13 anos seis meses, e 1 dia
Tez: clara
Vestimenta: estampada de constelações
Seva: fazer guirlandas de lavanga
Natureza: dakshina mridvi

4) Shri Rasa Manjari (Shri Raghunatha Bhatta Gosvami)


Idade - 13 anos
Tez: da flor champaka
Vestimenta: roupa como plumagens de cisnes
Seva: dhuti (mensageira e vestir)

5) Shri Guna Manjari (Gopal Bhatta Gosvami)


Idade: 13 anos, 1 mês e 27 dias
Tez: clara
Vestimenta: de flor de jaba (vermelho forte)
Seva: fazer a cama
Natureza: dakshina prakara

6) Shri Villasa Manjari (Shri Jiva Gosvami)


Idade: 12 anos, 11 meses e 26 dias
Tez: flor ketaki dourada
Vestimenta: da cor da abelha negra
Seva: trazer a água ou cuncuma ou colírio.
Natureza: vama mridvi

7) Shri Manjulali Manjari (Shri Lokanath Gosvami)


Idade: 13 anos, 6 meses e sete dias
Tez: ouro derretido
Vestimenta: flor de jaba (vermelho forte)
Seva: vestir
Natureza: vama madhya

8) Shri Kausturi Manjari (Shri Krishna Das Kaviraja)


Idade: 13 anos
Tez: dourada
Vestimenta: cristal
Seva: fazer pasta de sândalo.
Natureza: vama mridvi

Damos aqui uma pequena explicação sobre os diferentes naturezas das manajaris:
67
68

Quanto a BELEZA, DOÇURA e PREMA pode-se dividir a natureza das sakhis e manjaris da
seguinte forma:
ADHIKA =abundante: SAMA= moderada e LAGHU= leve

ADHIKA(ABUNDANTE) DIVIDE-SE EM PRAKARA(AGUDA)fala lapidar- como Lalita Sakhi


69
Madhya(MODERADA)- como
exemplo , temos Vishaka ao pedir para outra Sakhi levar mala para Krishna , se O ver ela fica
confusa.
MRIDVI(MEIGA)- Chitra Sakhi- eu nem
olho para Krishna mas se Ele vem para mim , o que posso fazer?

[ PRAKARA –se subdivide em vama(do contra e orgulhosa) e Dakshina(a favor e


submissa)]
Madhya divide-se em-vama e dakshina
MRIDVI divide-se em vama e dakshina

SAMA divide-se em Prakara, Madhya e Mridvi

Quanto ao Bhava elas podem ser:


svadhina bhartrika -mantém amado próximo e sob controle.
abhisarika – faz o amante viajar para encontrá-la ou viaja para encontrá-lo -muito timida
ao encontrá-lo e não usa sinos: jyotsni-na lua cheia e tamasi -na lua escura
proshita bhartrika – o amante está muito longe – ela fica lamentando-se,fraca, sonolenta,
instavel humilde.
vasaka sajja –forte desejo do encontro aguarda mensageiro olhando para estrada–arruma-
se a ela e a casa.
utkanthita – esperou muito mas seu amado não veio – tremores e ansiedade- exemplificado
em Chandravali

Breve análise de algumas sakhis:


Lalita Sakhi

Natureza =Vama(sempre do contra, orgulhosa)-prakhara(fala lapidar aguda)


Pele -dourada
Sari-pena de pavão
Bhava- khandita- zangada, com respiração longa e profunda, recusando-se a falar – como a
amante encontra o amante com marcas de outra mulher
Seva- levar cânfora e tambula
Idade –14 a 8 m 27 d
Goura lila- Svarupa Damodara Gosvami
Marido- Bhairava gopa
Pai- vishokaka
Mãe – Sharada

As sakhis líderes no grupo de Lalita são = Ratnarekha, Subhadra, Chandrarekhika Sumukhi,


Dhanishtha, Kalahamsi e Kalapini
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SHRI VISHAKA Sakhi

Natureza = adhika (tímida e recatada) Madhya(moderada)


Pele –creme com tom avermelhado
Sari- cor de céu estrelado
Bhava- svadhina bartrika (controlou o amante, mantendo-o bem perto)
Seva- vestir e decorar
Idade –14 a 2 m 15 d
Goura lila- Ramananda Raya
Marido- Bahuka gopa
Pai- Pavana
Mãe – Dakshina

As sakhis líderes em seu grupo: Malati, Madhavi, Chandrarekha, Shubhanana, Kunjari,


Harini, Surabhi e Chapala.

Shri CHITRA Sakhi

Natureza = abhisarika
Pele – alçafrão
Sari- cor de cristal
Bhava- adhika mridvi
Seva- trazer cravo-da-india e guirlandas
Idade –14 a 7 m 14 d
Goura lila- Shri Govindananda
Marido- Pitharaka gopa
Pai- Chatura
Mãe – Charcchika

INDULEKHA
Natureza- vama prakara

CHAMPAKALATA
Natureza – vama Madhya
Bhava vasaka sajja

Após descobrir a identidade das oito líderes manjaris de Radha o mistério de Goura-
Avatara será facilmente compreendido. Porque Shri Gourasundara especialmente dotou de
poder essas grandes personalidades para liderarem Sua Sampradaya, foi sua intenção que
futuros Vaishnavas executassem sadhana nos passos delas, como esses Gosvamis são as
Asta-manjaris de Vraja lila, Shriman Gourasundara selecionou-os para promover Manjari
upasana (adoração das manjaris). Entre as Asta-manjaris Shri Rupa não encontra competidores,
e portanto, os seguidores de Cheitanya Mahaprabhu são conhecidos como devotos Rupanugas;
71
sua perfeição última virá ao desenvolver nishta ao humor dele. Ao seguir os quatro kirtana-pada
Shri Narottama das Thakura apresenta a conclusão do Sadhana Rupanuga:

suniachi sadhu mukhe bole sarvajana


sri rupa kripaya mile jugala carana
ha ha prabhu sanatan gour paribara
sabe mile vancha purna koraha amara
sri ruper kripa jena ama proti hoya
se pada asraya jara sei mahasaya
prabhu lokanath kaabe sangue loiya jabe
sri ruper padapadme more samarpibe
hena ki hoibe mora narma-sakhigane
anugata narottame koribe shasane
Prarthana

Tradução: "Eu ouvi dos sadhus e de todos que o kripa de Shri Rupa é o caminho seguro
para o jugal-charan.
Oh Sanatana Prabhu! Oh associados do Senhor Gouranga! Quando vocês satisfarão
minha ambição? Qualquer um que se renda a Shri Rupa é um grande mahatma; oro a essa
pessoa pela misericórdia de Shri Rupa.
Quando meu gurudeva, Shri Lokanath Goswami, pegará minha mão e me colocará
sob os cuidados de Shri Rupa Gosvami? Apenas então Shri Narottama se tornará elegível para
residir com as priya-nama-sakhis (termo técnico utilizado por Shri Rupa para as manjaris) que irá
dirigir o seva (Narottama das Thakura possui dois nomes manjari ou seja Shri Vilasa Manjari,
que foi dado por seu Guru, e Shri Champak Manjari, que foi dado pela própria Radharani).

ei nava dasi boli sri rupa cahibe


hena subha khona mora koto dine habe
sighri ajna koriben dasi heta aiya
seva susajja karjya koraha tvaraya
anandita hoiya hiya tara ajna bale
pavitra monete karjya korbo tatkale
sevar samagri ratna thalite koriya
subasita bari svarna jharite puriya
dohar sanmukhete loiye dibo sighra gati
narottamer dasa kabe hoibo ei mati(Prarthana)

Tradução: "Quando Shri Rupa Manjari pessoalmente me chamará? Quantos dias suportarei
antes que ela diga para mim: "Oh dasi, venha aqui, rapidamente traga os artigos para servir
Radha Krishna." Ouvindo essa ordem, extremamente feliz com a consciência renovada,
rapidamente executarei a tarefa. Então, trazendo uma lota dourada com água de rosas
purificada, em uma bandeja ornada de jóias, eu prontamente aparecerei diante do divino casal.
Quando Narottama Dasa será assim afortunado?"

sri rupa pascate ami rohibo bhita hoiya


doha puna kahiben ama pane caiya
72
sadaya hridaya dohe kahiben basi
kotay paile rupa ei nava dasi
sri rupa manjari tabe doha bakya suni
manjulali dila more ei dasi ani
ati namra ami ihare janila
seva karjya diya tabe hethay rakhila
hena tattva dohakar sakhate kahiya
narottame sevay dibe nijukta koriya
Prarthana

Tradução: 'Enquanto docilmente posicionada atrás de Rupa Manjari, Radha Krishna me


notam e com um sorriso compassivo, dizem:
"Rupa, onde você encontrou essa jovem serviçal?'
Ela responde:
"Manjulali trouxe-a mim e devido ao seu recato, eu a mantenho ao meu lado. Assim
falando a Radha e Krishna, Shri Rupa Manjari ocupará Narottama em seva."

sri rupa manjari pada sei mora sampada


sei mora bhajan pujan
sei mora prana dhan sei mora abharan
sei mora jivaner jivan
sei mora rasanidhi sei mora vancha siddhi
sei mora veder dharma
anukula habe vidhi sei pada sampade nidhi
nirakhiba ei dui nayane
se rupa madhuri rasi, prana kubalaya sashi
prafhullita habe nishi-dine
tuya adarshan ahi, garale jaralo dehi
ciradina tapita jivan
ha ha prabhu koro daya deha more pada caya
narottam laila saran
Prarthana

Tradução: "Os pés de lótus de Shri Rupa Manjari são minha única posse, meu único bhajan
e meu único puja.
Eles são a jóia da rasa divina, a perfeição dos meus desejos e o único significado do
dharma védico para mim. Se favorecido pela providência verei a opulência que é como uma jóia
preciosa daqueles dois pés. E, quando a refulgência brilhar no âmago do meu coração, ficarei
sempre repleta de alegria dia e noite.
Sem o darshan desses pés de lótus uma febre escaldante tomou meu corpo, dando
agonia a minha vida.
Ah Ah Prabhupada, Shri Rupa! Por favor dê-me um lugar sob a sombra refrescante de
seus pés de lótus - Shri Narottama apenas ora pelo seu abrigo."

Nota do Autor:
73
Esse kirtana-pada é bem conhecido porém é apropriadamente apreciado por
raríssimas pessoas. Na realidade, aqui se descreve o nishta apropriado requerido para que os
Gaudiya Vaishnavas entrem no nitya lila. Os três padas que levam a essa conclusão são
também dignos de nota. Muito embora Shri Thakura Mahashaya fosse iniciado por Shri Lokanath
Prabhu, (que é Manjulali Manjari do grupo de Asta manjari), ele contudo ora que seu Guru possa
levá-lo pela mão e entregá-lo aos pés de lótus de Shri Rupa. Essa convicção de Shri Narottama
é muito instrutiva para todos. Pois é a essência do dharma védico, o objetivo do bhajan e puja e
a fonte vital dos devotos.
As definições tanto de Rupanuga quanto de Raganuga estão muito intimamente
ligadas: anuga, significa seguir os passos. Assim, raga anuga - significa seguir os passos
daqueles que tem raga (apego profundo), i. e. os associados Ragatmika nitya-Vraja. E Rupa-
anuga significa seguir o específico associado Ragatmika, Shri Rupa Manjari, que é Shri Rupa
Gosvami em Goura Lila. Como o pai de Raganuga bhakti, também, Shri Rupa Gosvami é a
corporificação de toda perfeição. Esse é o nishta exclusivo que nós todos precisamos
desenvolver.
O Cheitanya Charitamrita declara que a qualidade distinta de madhura rasa de outras
formas de doçura transcendental é que o próprio corpo é oferecido a Krishna em seva: "nijanga
diya koren sevan' - Cc. Madhya 19. Uma pessoa pode então se perguntar, se as manjaris,
estando totalmente ocupadas no seva a Radha e tendo deixado de lado o desejo de desfrutar
Krishna pessoalmente, estão de fato no humor de madhura rasa?
Não seria isso uma forma de dasya rasa? A resposta a essa reflexão 'é não', porém
antes de revelar como de fato as manjaris saboreiam o anga madhuri (doçura corpórea) de
Krishna, vamos apresentar dois exemplos do Ujjvala nilamani que ilustra o nishta exclusivo
delas:

tvaya jadupa bhujyate muraji danga sangai sukham


tadeva bahu janati svayam abaptitah suddhadhi
maya krit bilobhana pyadhikacaturi carjyaya
kadapi mani manjari na kurute habhisaarspriham
Sakhi prakaram

Tradução: "Um dia Shrimati Radharani pediu a uma Sakhi para arranjar um encontro privado
com Krishna para Mani Manjari. Algum tempo depois, contudo, essa Sakhi retornou dizendo: "Oh
Radhe! Por sua ordem me aproximei de Mani Manjari com as seguintes palavras sedutoras: 'Oh
Sakhi! Dentro dos três mundos pode alguma forma de desfrute se comparar com o anga sanga
de Shri Krishna? Por que você não tenta isso pelo menos uma vez? Considere que Lalita e
Vishaka compartilham de uma relação amigável com Radha e ainda assim desfrutam
passatempos com Krishna como nayikas. Você também pode agora adotar esse humor; por que
você permanece por detrás das outras?' Após ouvir minhas palavras Mani Manjari respondeu: 'Ei
Sakhi! O darshan dos passatempos de Radha com Krishna é a forma excelsa de felicidade para
mim.' Oh Radhe, com essa declaração eu conclui que o coração de Mani Manjari é puro, porque,
mesmo após ter obtido a chance da união conjugal com Krishna, ela o repeliu!"

radha rangalasattvadujjvalkala sancaran prakriya


caturjyottarameva sevan maham govinda samprarthaye
jenaseh badhu janodbhatamano rajya prapancha badhou
74
noutsukhyam bhavadangasangam rase hapyalamite manmanah
Sakhi-prakaram

Tradução: "Certa vez, após notar uma manjari colhendo flores na floresta, Krishna se
aproximou dela dizendo: "Ei atrativa, por que você não torna sua vida um êxito e desfruta comigo
nesse Kunja?" Ouvindo a proposta de Krishna essa manjari respondeu: 'Ei Govinda, as artes
românticas que você habilmente exibe com Radhika me fascina mais. Além disso, tantas Vraja
kishoris saciam os seus desejos ao prestarem serviço nesse humor. Portanto, oh Gokula-indra,
minha mente nunca busca união pessoal com Você, antes, por favor permita me ocupar no seva
a Radhika."
Shri Visvanatha Chakravarti comenta sobre esse verso dizendo: "Colhendo nos
caminhos da floresta, adornos de folhas e flores, as manjaris alcançam o darshan dos
passatempos mais confidenciais de Radha e Krishna, elas experimentam prazer incomparável
mesmo à união direta com Krishna. Assim, ao saborear um padrão superior de gosto, todos os
tipos inferiores de néctar podem ser facilmente abandonados. Esses dois exemplos levam a
descobrir o mais raro e exaltado padrão de êxtase divino. O que falar das servas de Krishna,
mesmo sakhis tão íntimas de Shri Radha, tal como Lalita e Vishaka não podem experimentar
esse encantamento. Apenas as manjaris, porque elas se dedicam exclusivamente ao prazer de
Shri Radha, são elegíveis para esse premio."
No seu Stavavali, Raghunatha Dasa Gosvami glorifica a boa fortuna das manjaris da
seguinte forma:

tambularpan padmardan payodaan abhisaradibhi


vrindaranya mahesvarim priyatama jastosayanti priyah
pramprestha sakhikuladapi vilasankocita bhumikah
kelibhumisu rupamanjari mukhastadasita samasraye

Tradução: "Eu me abrigo nas manjaris lideradas por Shri Rupa, que são peritas em preparar
pan, massagear os pés, e oferecer água aromatizada, arranjar o abhisara (jornada para
encontrar Krishna de Radharani, etc). Dessas maneiras elas satisfazem Vrindavan-isvari (Shri
Radha) sob todos os aspectos. E, durante os romances confidenciais de Radharani com Krishna
elas estão livres para adentrar o vilasa Kunja para o seva íntimo. Tal privilégio nunca é
concedido mesmo às parama-presthas-sakhis de Radha lideradas por Lalita e Vishaka."
No seu Alamkara Kaustuba, Shri Kavikarnapura também diz:

na samkocam jaya jati kantena sayonothita


atmano murtir naiva priya-narma sakhi tu as

Tradução: "Mesmo enquanto deitada despida ao lado de Krishna, Shrimati não se sente
embaraçada se uma manjari de repente surge em cena. A razão é que ela se relaciona com as
manjaris como uma segunda forma, expandida com o propósito de seva."
Em termos de idade e posição as manjaris são menos importantes em comparação
com outros grupos de sakhis de Radha. Como elas recebem ordens de Radha, elas também
cumprem as ordens de Lalita, das priya sakhis ou de Vrindadevi, porque a sua posição
constitucional é servir e assim elas estão mais inclinadas a fazer.
75
Em relação ao saborear do lila rasa, por outro lado, a atitude das manjaris é mais afim
aos sentimentos de Radha. Vamos tentar entrar no mistério de como as manjaris são elegíveis
para saborear a forma mais elevada do êxtase conjugal:

sprshati jadi mukundo radhikam tatsakhinam


bhavati bapushi kampa sveda romanca vaspam
adhara madhu mudasyascat pibatosa jatnad
bhavati bata tadasam mattata citrametat
Govinda Lilamrita

"Se Mukunda toca Radha, lágrimas, suor, tremores, e arrepios também se manifestam
nos corpos das manjaris. E, se Krishna beija os lábios de Radha, então as manjaris também
experimentarão a intoxicação de Radha; esse é um fenômeno muito assombroso!
Quando as manjaris observam pelas janelas do nikunja mandir para testemunharem o
vilasa maduri de Radha Krishna, elas ficam tomadas de êxtase. Devido a extrema intimidade
com Radha, suas mentes, corações e sentimentos mergulham juntos com os dEla. No Ujjvala
Nilamani, Shri Rupa chama a isso: "visrambha" - indicando que a fé profunda das manjaris e
amor por Radha se torna tão mesclado com o de Radha que eles completamente se identificam
com Ela (abheda-buddhi). Assim os sintomas de Radha de felicidade ou tristeza também se
manifestam nos seus rostos e corpos. No Kandarpa-keli é explicado que as manjaris
experimentam os sentimentos de Radha em seus próprios membros corpóreos simplesmente
por observar: as marcas amorosas feitas por Krishna em Radha simultaneamente aparecem em
seus corpos. A evidência disso pode ser encontrada no Vilapakusum-anjali (primeiro sloka) onde
Shri Raghunatha Das Gosvami (no humor de Rati Manjari) brinca da seguinte forma:
"Oh Rupa Manjari, no Vraja mandala você tem reputação de ser casta. Porém eu
imagino como seus lábios se machucaram, embora o seu marido esteja ausente. Decerto esse
deve ser o trabalho do papagaio exaltado que erroneamente tomou os seus lábios vermelhos e
brilhantes por frutas bimba."
A partir deste enigma pode se pensar que aqui está um exemplo das manjaris tendo
passatempos conjugais com Krishna como o papagaio exaltado mencionado só podendo estar
se referindo a Krishna. Tal presunção é incorreta e vai contra o rasa sidhanta de nossos Gaudiya
Acharyas. Na edição do Vilapa kusumanjali de Ananta Das Babaji do Shri Radha Kunda, um
comentário de seis páginas desse sloka, aparece o seguinte fundamento:
"No estágio final de suas vidas às margens do Radha Kunda, Raghunatha das
Gosvami costumava chorar incessantemente em separação de Radha. Devido a influência de
prema, de momento a momento, diferentes sphurtis, ou visões diretas, do lila de Radha com
Krishna apareciam diante dele. De repente perdendo essas visões, a consciência externa de
Raghunatha retornava. Porém, ele se derretia em lágrimas e orava a Radha pelo mesmo seva
que ele tinha acabado de testemunhar. Um após o outro, vários lilas sphurtis são descritos no
Vilapa kusumanjali. Vilapa é um clamor de lamentação. Kusum-anjali é uma oferenda de flores
nas mãos de alguém. Assim cada sloka de Raghunatha representa flores de lágrimas sinceras e
de desejo por seva, que ele oferece aos pés de lótus de Radharani.
Em relação a esse sloka, um lila ocorreu em Govardhana. Shri Rupa tinha arranjado um
encontro entre Radha e Krishna, em uma caverna retirada da colina de Govardhana. Nisso, a
curta distância ela testemunha a intoxicação divina do madan-ananda-keli de Kishora-Kishori.
Que cena espetacular para observar! Shyamasundara tinha mordido os lábios delicados de
Shrimati. Rhada-dasi, Shri Rupa, apavorada e perdida em espanto, olha boquiaberta e
76
completamente fascinada. Devido a absorção total no festival de júbilo de Priyaji, Shri Rupa nem
nota que as mesmas marcas, naquela hora, apareceram em seus lábios! Enquanto isso, Shri
Rupa se lembra dos lamentos sentidos de Shri Raghunatta Das: "Ah! Shri Rati não pode ver
esse lindo jugal vilasa extraordinário. Onde ela está agora? Devo trazê-la aqui imediatamente."
Shri Rupa então deixa Govardhana em busca de Rati. Logo Shri Rupa aparece a Raghunatha
Das em lila sphurti. É então que Raghunatha das no humor de Rati Manjari, oferece o trocadilho
anteriormente citado como um gesto de brincadeira referindo-se aos lábios machucados de Shri
Rupa: "Oh Sakhi Rupa, sua reputação de castidade é reconhecida por toda Vrajhabhumi por
nunca sequer olhar para outros homens além de seu próprio marido. Porém na ausência de seu
marido, como os seus lábios vermelhos brilhantes ficaram machucados?"
No seu Alamkara-kaustubha, Shrila Kavikarnapura descreve a unidade de Radha e suas
manjaris da seguinte forma:

patatasre susra bhavati pulake jatpulakah


amite bhati smera malimasi jateh sumalinah
ahasadya svalitmukurmbhi bikhya svabadam
sukham rasa-tarangini-tika duhkham ba kimapi kathaniiyam mrgdrsha

"Krishna disse: "Oh manjari de olhos de corça, na ausência de Radha o espelho


revelará suas expressões faciais. Porém na presença de Radha nenhum espelho é necessário
porque o rosto de Shrimati é automaticamente refletido em seus próprios rostos. Em outras
palavras, quando lágrimas rolam pelas bochechas de Radha, vejo as mesmas lágrimas em suas
faces. Se Radha se arrepia de alegria, também acontece com vocês. Se Ela sorri, os seus rostos
também se iluminam com um riso; se Ela cai em desespero, o mesmo acontece com vocês!"
Como as manjaris estão tão intimamente sintonizadas com Radha, o padrão delas de
prazer é ainda maior. Por essa razão, Shri Prabhodananda Sarasvati diz:

radhanagar kelisagar nimagnali drisam yat sukham


no talleshabayati bhagavatah sarvohapi soukhyotsabah (Vrindavan Mahimamrita)

"Se a soma total de muitos festivais de prazer de Krishna pudesse ser medida, esse
maha-ananda seria apenas uma fração comparada com a bem aventurança que as manjaris
experimentam quando mergulham no Prema keli samudhra de Shri Shri Radha-Nikunja nagar.
No seu Nikunja-rahasya-stava Shri Rupa Gosvami diz:

pranayamayashyah kunjarandrapitanga
khititalmanuladhananda murcham patanti
protirati vidadhanou cestiteh cittacitraih
smara nibhrita nikunje radhika krishna candro

"No nikunja mandhir encantador o passatempo de rati-keli alcançou uma expressão de


renovado colorido e profundidade. Assim, logo após vê-lo as manjaris estão agora caídas
inconscientes no chão devido ao êxtase excessivo. Vamos meditar no Shri Shri Radhika e
Krishna Chandra quando Eles aparecem dessa maneira."
Como tanto prazer é possível? O seguinte verso dá a resposta:
radhar svarupa krishna prema kalpa lata
77
sakhigan hoy tar pallab puspa pata
krishna lilamrite jadi latake sinchoya
nija seva hoite pallabadhyer koti sukha hoy
C.C. Madhya 8

Tradução Explicativa: "Nesse verso Krishna pode ser comparado a árvore Tamal negra,
enquanto Radha é o kalpa-lata de Krishna prema (a trepadeira que satisfaz os desejos de
Krishna prema). As sakhis e manjaris de Radha se comparam as folhas e flores dessa
trepadeira; e como tal são produtos diretos da parreira, as sakhis e manjaris de Radha não são
diferentes de Radha em Svarupa, sendo expansões diretas dEla. Portanto, quando no curso do
Krishna Lila as manjaris borrifam o svarna-lata de Radha ao uni-La com Krishna Tamal, elas
também ficam molhadas em uma chuva de néctar. Dessa maneira as folhas e flores
experimentam prazer superior (maior um milhão de vezes) do que a própria lata dourada; o que
é assombroso!"
O Cheitanya Charitamrita esclarece ainda mais:

sakhir svabhava eka akathya kathan


krishna saha nija lilay nahi sakhir mona
krishna saha radhikar lila je koraya
nija keli hoite tahe koti sukha paya
C.C. Madhya 8

Tradução: "A natureza das manjaris é indescritível porque elas não tem desejo por intercurso
pessoal com Krishna. Antes, ao prepararem o cenário do jugal-milan de Radha e Krishna elas
experimentam maior prazer (um milhão de vezes mais) do que os próprios Radha e Krishna
experimentam." (A palavra sakhis nesse verso referem-se às Priya-narma-sakhis).
Significado:
Devido ao prazer de Radha ser superior ao de Krishna por ser capaz de saborear a doçura
dEle, Krishna desejou adotar a perspectiva dEla. Isso, já explicamos. Agora estamos no
processo de demonstrar que o prazer das manjaris ultrapassa mesmo o prazer de Radha. A
razão simples é que o objeto de amor de Radha é somente Shri Krishna, enquanto o amor das
manjaris está dirigido à combinação Radha e Krishna. Radha pode ter Krishna, a fonte de todo o
prazer, (akila rasamrita murti) na ponta dos seus dedos, porém as manjaris, não tem apenas
Krishna, mas também Shri Radha, que é a personificação de prema (mahabhava svarupini,
prema lakshmi). Considerado individualmente, Radha e Krishna são ambos inigualáveis, porém
quando se unem o esplendor dEles se multiplica incessantemente. E como os ingredientes de
prema e ananda são assim diretamente combinados pelas manjaris, que pode começar a
estimar a suprema boa fortuna?
Uma questão relevante pode ser levantada: Como o amor das manjaris favorece Radha,
será que Krishna sente algum desconforto sobre o amor delas em relação a Ele? Essa questão
é respondida no capítulo Sakhi prakaran do Ujjvala nilamani:

bayamidam anubhuya sikharam kuru cature saha radhaiva sakhyam


priya sahacari jatra baramantarbati haripranaya pramoda laksmi
ja purvam pranam sakhyasca nitya sakhyasca kirtitah
sakhisnehadhika jneyastam evatra manisibhih
78

Tradução: "Um dia Mani Manjari instruiu uma manjari recém chegada: 'Ei habilidosa, deixe-
me aconselhá-la, pela minha experiência. Simplesmente estabeleça sua relação com Radha. Se
você pensa que sem amar Hari, não há utilidade em amar Radha, então eu digo a você: Apenas
quando o seu prema por Radharani amadurecer, é que então o tesouro de Krishna prema será
proveitoso."
O comentário de Shrila Jiva Gosvami sobre esse verso é também muito instrutivo. A
essência dos seus conselhos é a seguinte:
Krishna vê o amor das manjaris por Radha como se segue: 'Ela é muito querida por minha
Priyatama (mais amadaa).' Sob a força do seu sambandha com Shrimati ela recebe mais afeto
de Krishna do que teria se direcionasse seu amor diretamente a Ele. Portanto, pela influência do
amor de Radha prema o amor de Krishna vem automaticamente."
Nós aprendemos das instruções de Shri Jiva que entre as sakhis de Radha as manjaris são
as mais queridas a Krishna. Mais do que qualquer outra, as manjaris sondam a profundidade do
samadhi de Krishna: Krishna é Radhamaya - sempre absorto em Radha, enquanto na
companhia de Sua mãe, Seus amigos, Seus servidores e qualquer outro Vrajavasi, os
pensamentos de Krishna são para Radha. Mesmo associado com Chandravali, Ele lembra de
Radha. Além disso, as manjaris também conhecem a mente de Radha, melhor do que qualquer
outra: Ela é Krishnamayi - sempre absorta em Krishna. Portanto, devido a intimidade delas com
Radha, as manjaris também se tornam Krishnamayi, e inspirando a natureza recíproca de
Krishna, elas também se tornam favoritas dEle.
No livro intitulado Murali-vilasa, mais informação é encontrada sobre as manjaris numa
conversa entre Shri Jahnava Thakurani e seu discípulo Shri Ramai Thakura. Segue-se o excerto:

thakura kahen kripa kori age kaha bhavollasa-rati


kotha amare sunaha jahnava kahen bapa suno
sabdhane bhavollasa rati matro hoy vrindavane
vrindavan stan se dever agocara sabe matra
virajita kishori koshora sri rupamanjari kori
ananga manjari sevanande magna habe divya-bibhavori
bhavollasa-rati matra iha sabakar duhu sukhe
sukhi kichu nahi jane ara radha krishna sevananda
sada kala hare ananda sagare tara sadai bihare
sancari bhavanurupa krishne dite priti adhika
prapustha kore bhavollasa rati srimatir sama
sabe dehableda matra eka prana eka
atma sabe radhatantra sambhoger kale duhu
ananda ullasa radhange pulak bhava sakhite
prakash jata sukha paya vrishabhanu nandini
tara sapta guna sukha asvade sangini kona
chole ekasange sakhire milaya se ananda
dekhi suni koti sukha paya ei kahinu
bhavollasa akhyan na parayebam rase kahila bhagavan

"Thakura Ramai perguntou: "Por favor explique-me onde bhavollasa-rati pode ser
encontrado? Shri Jahnava Thakurani respondeu: 'Oh filho, ouça cuidadosamente. Apenas em
Vrindavana e além do alcance dos devatas, Shri Shri Kishora Kishori reside. Esse casal divino é
79
servido dia e noite por Shri Rupa Manjari, Shri Ananga Manjari, e suas seguidoras. Apenas elas
são o abrigo de Bhavollasa-rati. Não conhecendo nada além da felicidade de Radha Krishna
elas se perdem no oceano de prazer que está além do tempo. O amor das manjaris por Krishna
é um sanchari bhava (doçura subordinada) que nutre seu amor por Radha. De fato, sob todos os
aspectos o Atma e prana delas são afins aos de Radha. A única diferença é que estão em
corpos distintos. Quando os cabelos de Radha se arrepiam durante o momento da união com
Krishna, assim ocorre com as manjaris. De fato as manjaris desfrutam prazer de Radha com
Krishna sete vezes mais do que Ela própria. As manjaris unem Radha com Krishna sempre que
possível, experimentando prazer muitas vezes superior. Assim eu descrevi bhavollasa rati,
aquele que faz com que o próprio Senhor admita: "Eu sou incapaz de pagar a dívida de seu
serviço a Mim."

Manjari Bhava de Shriman Gourasundara


Shri Rupa Gosvami orou a Cheitanya Mahaprabhu: 'namo maha vadanyaya' (Oh mais
misericordioso!) E Shrila Kaviraja Gosvami similarmente refere-se a Ele como 'Parama
karunamaya' (supremamente misericordioso). O significado dessa benevolência é
completamente satisfeito com o fato de Goura Sundara abençoar as pessoas dessa era com o
presente inestimável de manjari bhava sadhana. Esse é o significado subjacente do sloka
'anarpita carim' de Shri Rupa. Anteriormente o tópico do saborear de Gourasundara de Radha
Bhava foi descrito até certo ponto. Ao mesmo tempo que Cheitanya Mahaprabhu descendeu
para saborear a essência de Vraja prema, Ele provou por Si o manjari bhava. Além disso, Shri
Jahnava Thakurani descreveu o prazer de manjari bhava como sete vezes maior que o de
Radha. Se realmente Shriman Mahaprabhu tivesse Se privado de saborear essa forma mais
excelente de prazer divino - o título de rasika shekara não lhe seria mais adequado. A evidência
de saborear manjari bhava de Cheitanya Mahaprabhu não precisa ser voluntariamente
acreditada. Se encontra nas páginas do Cheitanya Charitamrita. De fato, embora, existam
muitos biógrafos do Cheitanya Lila, nenhum é tão criterioso em retratar os movimentos internos
de Gouranga como Krishna Das Kaviraja. Sendo ele mesmo uma manjari em Vraja (Shri
Kausturi) Krishna das detectou o comportamento incrível de Mahaprabhu: como se diz o ditado:
"É necessário ser um para reconhecer outro', certamente se aplica aqui. De fato, nós nunca
seremos gratos o suficiente a Kausturi Manjari por nos revelar os seguintes segredos:

ardha-bahya dasay pralap varnon


kalindi dekhiya ami gelam vrindavan
dekhi jala krida kore vrajendra nandan
rakhikadi gopigan sangue sab meli
jamunar jale maharange kore keli
tire bosi dekhi ami sakhigan sangue
eka Sakhi dekhay more ei sab range
C.C. Antya 14

(Falado em semiconsciência lamentando-se, tomando erroneamente o oceano em Puri


como sendo o Yamuna de Vrindavana).
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"Eu fui a Vrindavana e testemunhei as brincadeiras aquáticas de Vrajendra-nandan. Lá, nas
águas do Jamuna, Radharani e Suas sakhis brincavam em grande êxtase com Krishna.
Enquanto, parada às margens, uma Sakhi (manjari) mostrou-me todas essas atividades."
Significado:
Durante o Jala-keli (brincadeiras aquáticas) Shri Krishna joga água, competindo com Radha
e Suas sakhis. Aproveitando a situação, Krishna beija e toca os corpos das sakhis. As manjaris,
contudo, desfrutam desses romances conjugais ao assistir das margens. Esses versos revelam
claramente que Shri Gourasundara prefere ficar às margens do Yamuna junto as manjaris para
testemunhar junto com elas, ao invés de no humor de Radha e Suas sakhis, entrar na água.

sakhi hey dekho krishner jala keli range


krishna matta koribar, cancala kora puskara
gopigan korinir sangue
jaha kori asvadan anandito mora mana
netra karna jugma jurailo
C.C. Antya 18

Cheitanya Mahaprabhu falando no humor de uma manjari:


"Ei Sakhi! Veja a brincadeira Jala-keli de Krishna. Agindo como um elefante intoxicado, as
mãos de lótus de Krishna se movem na direção das Gopis, que são como padminis (fêmea do
elefante) na água. Essa visão dá prazer a minha mente, enquanto meus olhos e ouvidos ficam
completamente satisfeitos."
Após o Jala-keli, as manjaris vestem Radha Madhava com trajes e ornamentos de flores,
servem-nOs com a refeição da tarde e geralmente atendem o casal divino enquanto Eles se
retiram para o descanso. Essa narração, que Mahaprabhu relata num estado de
semiconsciência, é falada em manjari bhava. No final do diálogo isso fica ainda mais óbvio:

sange loiya sakhigan radha koila bhojan


dohe kaila mandire sayan
keho kore byajan keho padasambahan
radha krishna Nidra gela sakhigan sayan kaila
dekhi amara sukhi haila mona
C.C. Antya 18

Cheitanya Mahaprabhu diz:


"Na companhia de Suas sakhis, Radha desfrutou o bhojan (a prasada de Shri Krishna) da
tarde. Então, Radha Krishna se retiraram ao sayana mandir. Alguém começou a abaná-los,
enquanto outra massageava seus pés de lótus e outra mais oferecia-lhes um pan delicioso.
Enquanto Radha Krishna caia no sono, as sakhis também descansavam. Vendo isso minha
mente ficou satisfeita.
Significado
"O termo Sakhi pode significar as amigas ou dasis de (priya-narma-sakhis) de Radha.
Shrimati Radharani às vezes aceita bhojana na companhia de Krishna, às vezes Ela serve a
Ele e aceita prasada dEle com suas sakhis (amigas). Nesse caso a segunda situação ocorreu.
Após o bhojan do final da tarde, Radha retira-se com Govinda para descansar no Hemam-bhuja-
Kunja. As amigas de Radha não a seguem e sim vão para seus próprios kunjas. O Svayam
81
Rupa de Govinda (forma original), permanece com Radha, enquanto ele se expande em muitas
outras formas prabhava prakasha para acompanhar cada sakhi em passatempos amorosos. São
as priya-narma-sakhis (manjaris) que seguem Radha Madhava ao sair do mandir para abaná-lo
ou oferecer pan e massgear os Seus pés. Como Mahaprabhu testemunha o seva delas, Ele
também está em manjari bhava, porque apenas as manjaris desfrutam o privilégio de ver a
felicidade de deitar-se de Radha Govinda para executarem os Seus lilas mais confidenciais.
Em outro exemplo encontramos Shri Gourasundara colhendo flores para o seva de Radha
Krishna:

govardham hoite more ke ihate anila


paiya krishner lila dekhite na paila
iha hoite aji mui genu govardhan
dekhi jadi krishna kore godhan caran
govardhan chari bajaila venu
govardhaner caudike caare sab dhenu
venunnada suni aila radha thakurani
tara rupa bhava sakhi varnite na jani
radha loiya krishna praboshila kandarate
sakhigan kahe moke phula utaite
C.C. Anthya 18

Tradução: Certa vez em Puri, ao observar uma duna de areia (que lembrava a Ele
Govardhana) Cheitanya Mahaprabhu desmaiou, retornando novamente a semiconsciência
externa, Ele relatou a seguinte sphurti (visão):
"Eu estava indo ao lila de Krishna em Govardhana, por que vocês me trouxeram de volta
aqui? Hoje eu fui a Govardhana onde Krishna apascentava as vacas enquanto tocava Sua
flauta. Ouvindo o melodioso som, Shrimati Radharani de repente apareceu. Sua beleza
encantadora e disposíção mental está além da descrição mesmo para suas sakhis. Levando
Radha com Ele, Krishna então entrou na caverna. Nesse instante as sakhis vieram a Mim,
pedindo para colher flores."
Em outra parte Shriman Gourasundara falou o seguinte no humor de Manjari:

krishna rupa rasa, gandha sabda parash


se sudbha asvade gopigan
ta sabar gras seshe ane panchindriya sishe
se bhikaya rakhen jivan
C.C. Antya 14

Tradução: "A forma divina de Krishna, Suas qualidades maravilhosas, o Seu toque macio, a
Sua voz encantadora, o sabor de Seus lábios, e o aroma de Seu corpo, são saboreados por
Radha e pelas outras gopis. Após elas desfrutarem, meus cinco sentidos imploram o néctar
delas, sempre permanecendo discípulos submissos delas."
Significado
Para Radhika e as sakhis a forma, qualidades, sabor, cheiro, voz e toque de Krishna
são o meio vital da existência. Essa prasada, contudo, se torna maha prasada para as manjaris,
devido ao sabor intoxicante das características transcendentais de Krishna aumentar múltiplas
82
vezes dentro do netra-uttsaba (festival para os olhos) das manjaris. Percebendo a fortuna das
manjaris, Shriman Mahaprabhu enviou os seus cinco sentidos - discípulos para Vrindavana para
implorar às manjaris.
Até aqui todos os tópicos discutidos foram apresentados para servir como um
comentário ao seguinte verso do Cheitanya Charitamrita:

je lagi avatra kahi se mula karan


prema rasa nirjasa korite asvadan
raga marga bhakti loke korite pracaran
rasika shekhar krishna param kuruna
ei dui hetu hoite icchar udgama
C.C. Adi-4

Tradução: "A razão principal para o aparecimento de Cheitanya Mahaprabhu é para


saborear a essência de prema rasa e, assim fazendo, inaugurar a pregaçao de Raganuga
Bhakti. Devido a que Shri Krishna é rasika shekara e param karuna maya, veio como o Senhor
Gouranga para satisfazer esses dois objetivos."

Sambandha Abhideya e Prayojana Tattva


Essa seção final desse livro se destina a converger todas as evidências anteriores a
uma conclusão final.
Sambandha (nossa relação com Deus) -
jiver svarupa hoy nitya krishna das

"Todas as jivas são servos eternos de Krishna."


Embora verdadeira, essa declaração não está completa em si mesma. Devido a que
Krishna possui formas ilimitadas como Narayana, Nrisimha, Vamana, Rama, ou mesmo
Dvarakadisha Mathura e Shri Nandanandana, etc., cada Bhagavat Svarupa também possui
ilimitados tipos de devotos. Portanto, a questão que surge é a seguinte: "Que tipo de servo e de
qual Krishna eu sou?" Com relação a essa filosofia Shri Jiva Gosvami é o Adi Acharya da
sampradaya de Cheitanya Mahaprabhu. Sua obra aclamada Sat Samdarba em seis volumes
desenvolve em detalhes o tema Sambandha Abhideya Prayojana Tattva. Os primeiros quatro
volumes tratam de Tattva, Bhagavat, Paramatma e Krishna Sandarbha exclusivamente lidando
com Sambandha Tattva. No final do Shri Krishna Sandarbha, Shri Jiva Prabhu acrescenta um
toque refinado aos seus sambandha tattva ao declarar:

atah sarvetopi sandrananda camatkar sri krishna


prakasho sri vrindabanehapi paramadbhuta
prakashah sri radhaya jugaletastu sri krishna iti

Tradução: "Entre as formas ilimitadas de Deus, a de Krishna - Rupa - é a original, possuindo


sandra, ananda - camat caritva (potência de prazer assombrosa) entre muitas manfiestações de
83
Krishna, a Sua Vrindavana Svarupa é a mais soberba e em Vrindavana a forma jugal de Krishna
abraçada por Shrimati Radharani reina suprema.
Quando Radha Krishna são vishaya (meta) dos devotos prema, o ashraya (abrigo
daquele amor) será encontrado nas manjaris. Por essa razão Shriman Gourasundara promoveu
manjari bhava upasana por meio de Seus seguidores líderes, os seis Gosvamis. Em quase
todos os casos, portanto, os Vaishnavas rupanugas atingem a perfeição como serviçais de Shri
Shri Radha Madhava. Esste é o seu nitya-sambandha. Como Bhaktivinodha Thakura diz:

ami tosvananda sukhada vasi


sri radhika madhava carana dasi
C.C. Madhya 22

"Eu sou charana dasi de Radha Madhava e uma eterna residente de Svananda
Sukhada Kunja (no Shri Radha Kunda).

Abhideya (os meios para alcançar Deus) - No Cheitanya Charitamrita Gouranga


Mahaprabhu declara que sadana bhakti é o único abhideya.

abhidheya sadhana bhakti sunaha bicara


sarva jana desh kala dasate byapta jara
dharmadi visaya jaiche ei cari bicar
sadhana bhakti ei cari bicarer para
C.C. Madhya 25

Tradução: "Shri Cheitanya Deva disse: Oh Sanatana ouça meu veredicto. Para a execução
apropriada dos deveres religiosos ou atividades piedosas deve-se sempre levar em
consideração a pessoa adequada, o lugar, a hora e a circunstância. Todavia o sadana bhakti
transcende todas as considerações porque qualquer pessoa em qualquer hora ou lugar e em
qualquer situação pode executá-lo."
Existem dois tipos de sadana bhakti

eito sadhana bhakti duito prakara


eka vaidhi bhakti, raganuga bhakti ara
C.C. Madhya-22

"Vaidhi e Raganuga são as duas formas de sadana bhakti."


Foram fornecidos exemplos que demonstram que em Vaidhi bhakti falta a potência
para despertar Vraja prema. Assim, Raganuga bhakti é prescrita para as jivas que desejam
alcançar Krishna em Vrindavana.
Na opinião dos acharyas Gaudiyas, lila Smarana é o principal ramo de Raganuga
Bhakti:

smaran syatra raganugaayam mukhyaaatvam ragasya manodharmatvat


- Shri Visvanatha Chakravarti (Ragavartma-chandrika)
84
"Da mesma forma que Raga (apego pronfudo) é o dharma da mente, assim também é
Smarana. Portanto, Smarana é o principal braço de Raga-marga."
A conclusão é que qualquer um que deseje alcançar Vrajendra nandana, Shri Krishna
pode executar lila Smarana, em qualquer local, hora ou sob qualquer circunstância. Nenhuma
restrição nas escrituras é necessária nem desejada aqui porque esse é o direto shastriki vidhi de
Cheitanya Mahaprabhu que lila Smarana deva sempre ser executada. Uma vez que a mente
controla as atividades do corpo e dos sentidos, lila Smarana pode influenciar todas as outra
atividades devocionais que a pessoa executa, limpando a mente e a inteligência. Na realidade,
lila Smarana é o elo de ligação do sadhaka com o esplendor de Goloka Vrindavana. Quando se
adentra nessa dimensão, (por meio do manasi seva) todas as formas de sadhana externo se
tornam sasanga (completas) com a potência para alcançar o seu ponto de conexão.
Em Goloka Vrindavana os nitya lilas de Goura e Govinda se desdobram em
sequências regulares dia e noite. Os Gaudiyas Vaishnavas acharayas portanto recomendam que
se medite em cada lila na hora em que ele acontece. Assim, o asta-kala-lila Smarana foi
apresentado e o Shri Govinda Lilamrita de Shri Kaviraja Gosvami, Shri Krishna Bhavanamrita de
Shrila Visvanatha Chakravarti e Shri Krishna Aneka Kaumudhi de Shri Kavikarnapura são os
livros mais autorizados para aprender como seguir o asta-kala-lila do Senhor. Shrila Kaviraja
Gosvami aconselha:

caitanya lilamrita pura krishna lila sukarpura


dohe meli hoy sumadhurjya
sadhu guru prasade taha jei asvade
sei jane madhurjya pracurjya
je lilamrita bine, kaya jadi anupane
tabu bhakter durbal jivan
jara eka bindhu pane utphulla tanu mane
hase gaya koraye nartana
ei amrita koro pan jaha sama nahi ana
citte kori sudridha visvasaa
na poro kutarka-garte amedhya karkasabaaaarte
jate potile hoy sarva-nasa
C.C. Madhya 25

Tradução: "A morada de Cheitanya Lilamrita mesclada com a cânfora do Krishna Lilamrita se
torna a combinação mais saborosa. Com a graça de Guru e sadhu prove esse néctar supremo.
Não negligencie esse Lilamrita e confie em outras formas de dieta, para que sua vida espiritual
não enfraqueça. Por outro lado, uma simples gota desse lila rasa pode grandemente revigorar a
mente e o corpo e fazer você dar gargalhadas, cantar e dançar em êxtase. Portanto, saboreie o
lila rasa e mantenha a fé firme no processo. Pois nada se compara a esse sadhana, advertido-se
a não cair na rede dos argumentos conflitantes, porque tudo estaria perdido."
Durante o festival, a bebida anupana é tomada como digestivo, e aqui Shrila Kaviraja
Gosvami comparou o Gour Govinda Lilamrita com a refeição em si ou a dieta principal para nutrir
o sadhana de alguém. O Anupana se compara a todas as outras formas de sadhana. Em
resumo, ele quer dizer que se a pessoa toma o aperitivo digestivo sem a refeição principal,
resultará por certo em fraqueza.
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XXXXXXXXO conselho do Kaviraja é muito claro. Os Vaishnavas que desconsideram essa
preciosa instrução são de fato desafortunados. Não vamos cair no poço das argumentações
antagonicas e seguir resolutamente a dieta e o remédio como foi prescrito pelo Kaviraja.

ei amrita koro pan, jaha sama nahi ana


citte kori sudrdha visvasa

"Sempre beba o néctar incomparável do Gour Govinda Lila mantendo fé inabalável nesse
processo!"
No seu famoso comentário ao Cheitanya Caritamrita Shri Radha Govinda nath explica o
significado do verso de Shri Rupa Gosvami.

'seva sadhaka rupena siddha-rupena catra hi'

"O Raganuga sadhana divide-se em duas partes: interna e externa. Uma vez que o smarana
é o braço principal ele é pochya (deve ser mantido); enquanto shravana kirtana ou qualquer um
dos 64 tipos de sadhana bhakti são pochak (mantenedores). Em outras palavras, todos os
outros tipos de vidhi se destinam simplesmente a nutrir lila Smarana e proteger a pessoa da
queda. Esta interpretação é corroborada por um dos mais proeminentes versos do Bhakti
Rasamrita Sindhu:

smartabhya satatam vishnu vismartabya na jatucit


sarva vidhi nisedhas syuretayor iva kinkarah
B.R.S. 1/2/28

"O Senhor Vishnu (Shri Krishna) sempre deve ser lembrado e nunca esquecido. Todas as
regras e regulações são servos desse Raja Vidhi e Nisedha (rei das regras e proibições)."
É importante destacar agora a relação entre Smarana e sadhana e Sankirtana. Shri
Visvanatha Chakravarti deixou um lembrete aos sadhakas de Raganuga.

atra raganugayam janmukhyasya tasyapi smaransya


kirtanadhinatvam svasyam
Ragavartma candrika

"Embora Smarana seja o braço principal para aqueles que praticam Raganuga bhakti ainda
assim o Smarana deve permanecer subordinado ao kirtana.
Smarana e kirtana são ambos extremamente importantes ramos do Bhakti sadhana. Os
bhaktas raganugas que se apegaram ao Smarana sadhana devem sempre executar kirtana
também, lembrando que o próprio Shri Cheitanya Deva promoveu o movimento de Sankirtana.
Por outro lado, aqueles que apenas enfatizam o canto devem também se lembrar que o nosso
Gouranga cantava com a sua mente fixa em Shri Vrindavana! Devotos experientes não
distinguem Smarana de kirtana, eles ligam os dois processos como uma forma ideal de
sadhana. Isso é o mesmo que dizer que Smarana está contido no canto inofensivo e dentro do
lila Smarana intensivo o Nome também caminha. Consultemos agora Shri Thakura
Bhaktivinoddha na sua obra Harinama Chintamani que é um manual exclusivamente devotado
ao nama sadana. No último capítulo, Bhaktivinodha compara o nome a um botão em flor. O
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nama kusuma floresce em estágios revelando, rasa, Rupa, guna e lila madhurya de Krishna. O
lila representa o esplendor plenamente manifesto do nome:

purna prasphutita nama kusuma-sundar


asta-kala nitya lila prakritir para

"A flor do nome revela completamente sua beleza quando os astakala nitya lilas divinos de
Krishna são incluídos." Dessa declaração aprendemos que o exclusivo nama sadhana ou o
canto do nome nunca está completo sem o lila Smarana. De fato, Shrila Visvanatha Chakravarti
também afirma o mesmo na sua obra Krishna Bhavanamrita ao declarar
"Os passatempos diários óctuplos de Radha Govinda são como uma japa mala cravejadas
de jóias quando se combinam, pois cada lila representa uma conta de pedra preciosa." Assim, o
sadhaka experiente não só vai cantar o maha-mantra em uma japa mas também vai contemplar
mentalmente o astakala-lilas de Radha Govinda.
Shri Bhaktivinodha sintetiza a essência de todos os conselhos ao dizer:

lajjya chari krishna nama sada gan kore


krishner madhura lila sada citte smare
Bhajan-rahasya Cap. 6

"Evite a covardia! Sempre cante os nomes de Krishna ao mesmo tempo se lembrando de


seu madhurya lilas.
"Como podem ser saboreados os nomes ou lilas de Krishna? Shriman Mahaprabhu instrui:

karma japa joga jnana vidhi bhakti tapa dhyana


iha hoite madhurjya durlabha
kebal je raga marge, bhaje krishna anurage
tare krishna madhurjya sulabha
C.C. Madhya 25

"Oh Sanatana, o madhurya de Krishna não pode ser vivenciado por karma, nem pela
recitação de mantras silenciosamente, nem pelo sadhana de yoga. Permanecendo totalmente
desconhecido sua doçura mesmo aos que paraticam vidhi bhakti, tapasya ou meditação
impessoal. Apenas por adorar com anuraga (apego profundo) através do processo de Raganuga
bhakti pode experimentar o sabor do Krishna madhurya."

Prayojana (objetivo da vida)


amate je priti sei prema prayojan
C.C. Madhya 25

"Krishna diz: 'O amor a Mim é o objetivo da vida.'

Prema Pumartho Mahan


Prema é o o param purusharta (supremo objetivo da vida)
Prema é a perfeição do sadhana bhakti; sem ele o darshan de Krishna permanece
impossível. Assim, prema é o prayojana (necessidade) para todas as jivas que desejam darshan
de Krishna e seu nitya seva.
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Shri Cheitanya Deva informou Sanatana Gosvami do seguinte:

bhakti vina krishne kabu nahe prema udaya


prema vina krishna praptianya hoite noya
C.C. Antya 4

´Oh, Sanatana, sem bhakti, prema nunca desperta. E sem prema Krishna é inatingível."
Muitos Vaishnavas podem ficar sob a impressão de que Krishna praptki (alcançar Krishna)
aguardam aos que morrem após completar uma vida de devoção. Sim, assim é, para os bhaktas
alcançarem prema. Na referência anterior Cheitanya Mahaprabhu expressou sua opinião.
Aqueles que deixam seus corpos após uma vida de devoção, outra vez nascem no mundo
manterial, se um bhakta afortunada alcança o estágio de bhava (quando a potência shuddha
sattva do Senhor entra no coração) então Krishna se revela a esse devoto através de sphurti
(visão espiritual). Recebendo esse sphurti regular o prema desperta fazendo com que Krishna se
revele. Esse kripa siddha ou sadhana siddha bhaktas alcançam o Senhor ao abandonar o corpo
material. Esse sidhanta é confirmado pelos poetas mahajanas Shri Premananda que é um
associado direto do Senhor Gouranga."

sadhana ekane, siddhio ekane bhaver gocar se


ekane jadi ta, dekhite na pao, marile dekhibe ke
Mana-siksha

"O sadhana é para este mundo, siddhi também acontece aqui, podendo ser percebido em
bhava. Assim, se nós não vemos Krishna aqui, como o veremos após a morte?"
Existem muitos tipos de Krishna bhaktas e assim muitos níveis de Krishna prema. Falando
comparativamente, o Madanakya Mahabhava prema de Shri Radhika Rishabhanu Mandir é
supremo. As sakhis e manjaris de Radha também possuem mahabhava, porém é levemente
menos potente que o de Radha. O mahabhava prema é o prayojana (necessidade) para os
seguidores rupanugas de Cheitanya Mahaprabhu. Devotos desse mundo podem gradualmente
se elevar pelos estágios de shraddha, sadhu sanga, bhajana kriya, anartha nivrtti, nishta, ruci,
bhava e finalmente alcança o prema. Esse prema, contudo, é bem inferior ao padrão de
mahabhava das sakhis e manjaris de Radharani. Após o despertar de prema existem estágios
progressivos: sneha, mana, pranaya, raga, bhava e mahabhava.
Tradução: Uma dúvida pode surgir agora: ao abandonar o corpo material onde o
sadhana siddha bhakta fica antes de alcançar o seu Gopi Svarupa? A resposta é a seguinte:
esses premika bhaktas mesmo antes de alcançar sneha, mana, pranaya, etc., instantaneamente
alcançam o seu acalentado desejo pelo nitya seva (um exemplo é o modo como Shri Narada
recebeu a perfeição). O corpo espiritual de Gopi que o devoto recebe é dado pela graça de
Yogamaya e toma nascimento no ventre de uma Vraja Gopi. Não há espera uma vez que o
bhauma lila de Krishna é eterno. Tal devoto é imediatamente transferido para universo onde o
bhauma lila de Krishna está manifesto. Dirigindo-se aos ansiosos raganugas sadhakas Shri
Visvanatha Chakravarti conclui: "não se preocupem! O futuro de vocês será auspicioso."

ASSOCIE-SE COM BHAKTAS RASIKAS!

O Cheitanya Charitamrita é respeitado por muitos como o texto principal da Gaudiya


sampradaya. Lá se encontra a nata do Bhagavatam, B.G., Vedas, Upanishads, Puranas e
88
Pancaratras. Todavia, mais importante é a adição de muitos slokas e exemplos dos livros dos
Gosvamis para apresentar a essência dos ensinamentos de Shri Cheitanya. Sem dúvida, se
Krishnadas Kaviraja não tivesse tecido comentários sobre o verso anarpitha carim mahakruna de
Shri Gourasundara o mistério do Goura Avatara estaria perdido para o mundo. Porém, o leitor
médio ainda falha na compreensão dos profundos siddhantas deste livro. Como o próprio rei dos
poetas admite:

ataeva kahi kichu koriya nigura


bhujibe rasika bhaakta ba bhujibe mudha
hridaye duraye je caitanya nityananda
ei sab sidhanta sei pabe ananda

Tradução: Eu falei de forma confidencial. Os rasikas bhaktas compreenderão, porém os


mudhas (pessoas de cérebro embotado) não compreenderão. Aqueles que apreenderam Goura
e Nitay dentro de seus corações sentirão prazer ao ouvir esses sidhantas."
Como disse Krishnadas Kaviraja apenas rasika bhaktas podem alcançar o significado
sutil encontrado no Rasa Tattva de Cheitanya Deva. Shri Narottama das Thakura também
corrobora isso.

ei tattva jane je param rasika sei


tara sang e horibo sarvatha
Prema Bhakti Candrika

Tradução: "Esse tattva pode ser compreendido pelos param rasikas. Que eu permaneça
sempre na associação deles."
Quanto a questão de discutir lila Katha a associação é adequada e essencial. Aqueles que
desejam mergulhar suas mentes no lila rasa sindhu de Radha Govinda farão bem em buscar o
sanga de rasika bhaktas. Compreendendo essa necessidade Shri Rupa Gosvami aconselha:
srimad bhagavatam arthanam asvado rasikai saba
sajatia asaye snigdhe sadhu sangah svato vare
Bhakti Rasamrita sindhu 1/2/91

Tradução: "Deve-se saborear o significado do Shrimad Bhagavatam e escrituras afins na


associação dos rasikas bhaktas. O sadhu sanga ideal com rasika bhaktas depende de três
condições: que os devotos em questão compartilhem 1) desejos e objetivos similares; 2) afeto;
3) bhaktas mais avançados.
Por meio da associação de rasika bhaktas o gosto pelo lila rasa Katha se torna habitual.
Como Shri Gouranga é o próprio rasika sekhara Sua única ocupação é saborear doçuras
transcendentais com Seus devotos premikas. Logicamente, se desejamos nos juntar a Ele
alcançando Sua misericórdia não deveria nosso único refúgio ser o mesmo do dEle?
Consequentemente ao saborear repetidamente a rasa do madhura lila de Gouranga uma
auspiciosa maravilha ocorrerá:

sri goura prema rasarnave sei tarange jeba dube


se hoy radha madhava antarangaa
Shri Narottama Das Thakura
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Tradução: "Ao afundar-se nas ondas do oceano nectáreo do Goura Prema Rasa, o devoto
pode emergir como um associado confidencial de Shri Shri Radha Madhava."

Janma karma ca me divyam


evaam jo vetti tattvata
tyaktva deham punar janma
na iti mam eti so rjuna

Tradução: "Aquele que conhece a natureza transcendental do meu aparecimento e


atividades ao deixar esse corpo não nasce outra vez nesse mundo material e sim alcança Minha
morada eterna, oh Arjuna."

FIM

PENDICE
The Eleven Verses
of
Rupa Goswami (Smaran mangalam)
First Verse

offer obeisance to the daily activities of Vraja in order to


expand now the mental service that is to be contemplated
by those who travel the path of passion and by which is
attained the goal of loving service of the lotus-like feet of
the friend of the heart of Radha, which is beyond the
reach of Brahma, Siva, and Sesa and which is only
attainable through intense longing by those immersed in
the activities of Vraja.
This verse describes the practice in a nutshell. Visualization of the daily
activities of Radha and Krsna is part of the practice of mental service by
which one can attain the loving service of Radha and Krsna in their abode.
That loving service is beyond the reach of even the greatest beings in the
universe yet it requires only a strong longing for it. Those who
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contemplate the activities of Radha and Krsna develop such a strong


longing and achieve that service which in this tradition is beyond even
liberation. It is what even the liberated long for.
A long and learned commentary, called the Dasa-sloki-bhasya, has been
written on these verses by Radhakrsna Goswami (17th cent.) and will be
translated in the near future. For now we will have to content ourselves
with the verses themselves. The next verse describes those activities of
Vraja in brief.
Second Verse

may that Krsna protect us, who at night's end enters the
village from the bower, in the morning and evening milks
the cows and eats his meals, in the late morning plays
with his friends and herds the cows, at midday and at
night sports with Radha in the forest, in the late afternoon
returns to the village and in the late evening pleases his
friends.
These are mere indications of Krsna's activities throughout the day. The
most minimal form of this practice, then, is to pause during each of the
eight periods of the day and remember what Krsna is up to at that time.
According to one of the Hindu systems of reckoning, the day is divided
into eight periods: night's end, morning, late morning (or forenoon),
midday, late afternoon (or simply afternoon), evening, late evening, and
night. Each period is two hours and twenty-four minutes long except for
midday and night which are twice as long as the other periods. They are
therefore four hours and forty-eight minutes long. Altogether the eight
periods makeup a twenty-four hour day. The first period, night's end,
begins with a period of time that is considered sacred in many Hindu
traditions called Brahma-muhurta (the period of Brahman). It begins one
hour and thirty-six minutes before sunrise. Thus, if the sun rises at 6:06
A.M., Brahma-muhurta and night's end begin at 4:30 A.M. In this case, the
periods would have the following values:

Night's end = 4:30 - 6:53 A.M.


Morning = 6:54 - 9:17 A.M.
91

Late Morning = 9:18 - 11:41 A.M.


Midday = 11:42 - 4:29 P.M.
Late afternoon = 4:30 - 6:53 P.M.
Evening = 6:54 - 9:17 P.M.
Late evening = 9:18 - 11:41 P.M.
Night = 11:42 P.M. - 4:29 A.M.

The exact times change, of course, as the time of sunrise changes. For
the most part only approximations need be followed.
The next nine verses give more detailed descriptions of Krsna's acts in
each of the eight periods.
Verses 3-11

I remember Radha and Krsna at night's end, wakened by


many sounds, prompted by apprehensive Vrnda, among
which are the songs of parrots and mynas, sweet yet
bitter. Those two rising from their bed of joy, watched and
pleased by their girlfriends, wanton from the passions of
that moment but fearful of the warnings of Kakkhati,
return to their homes though still full of desire for each
other. (3)
I seek shelter with her and with him. Radha, bathed and
decorated, is called for by the matriarch of Vraja in the
morning with her friends. In his house, she cooks
required foods, and eats whatever Krsna has left. Krsna
92

wakes, goes to the cow-barn and arranges the milking of


the cows, and having bathed, eats with his friends. (4)
I remember Krsna in the late morning followed by his
cows and friends to the forest and followed (for a
distance) by all the people of the village. He, desirous of
meeting Radha, goes for a secret meeting with her to the
bank of her pond. And I remember Radha who, having
watched Krsna depart and returned home, is ordered by
an elder to worship the sun and watches the path for her
girlfriend with news of Krsna. (5)
At midday, I remember Radha and Krsna, full of desire for
each other, being served by their companions,
overwhelmed by various ornament-like physical reactions
arising out of meeting each other after many efforts,
unbalanced by longing and charm, made happy by the
jokes and pranks of girlfriends such as Lalita in the
sacrificial rite of love, engaged in sports such as
swinging, forest and water games, stealing of the flute,
lovemaking, drinking honey-wine, worship of the sun, and
so forth. (6)
I remember Radha in the late afternoon, returning to her
home. Having prepared many gifts for her lover, bathed
and beautifully dressed, she is filled with joy by the sight
of the lotus-like face of her dear one. And I remember
Krsna who is followed to the village by the cows and his
friends, pleased by the sight of Radha, greeted by the
smile of his father and bathed and dressed by his mother.
(7)
I remember Radha in the evening, sending her friend with
many foods for her lover and whose heart is pleased by
eating the leftovers of her lord brought back by her. And I
93

remember the moon of Vraja, bathed and beautifully


dressed, pampered by his mother in the house, who goes
to the barn, arranges the milking of the cows, and again
at his house eats. (8)
I remember Radha in the late evening along with her
companions, dressed suitably for a light or dark night
and, at the instruction of Vrnda, clandestinely meeting
(with Krsna) by means of a messenger at a bower of
desire-trees on the bank of the Yamuna; and then Krsna
watching the art of experts in assembly with the
cowherdsmen. Having been brought home with care by
his affectionate mother and put to bed, he secretly steals
away to the bower. (9)
I remember those two, Radha and Krsna, who, having
found each other, are pleased by the many services of
Vrnda, and who enjoy songs, games, riddles, sweet talk,
plays and the rasa and lasya dances along with their
most loved friends. Their desires are bent on making
love, they drink pressed Madhvika punch, and they are
masters of games. Their hearts are expanded by
boldness in various battles of love in the bower. (10)
Those two, being lovingly served tambula, fragrant
garlands, fanning, cold water, and foot massages, are
made happy by their loving friends. When the girlfriends
have fallen asleep in their own bowers amidst the vocal
urgings of the lovers filled with the secret sentiments of
love-making, Radha and Krsna fall asleep in the dead of
night on their bed of flower blossoms. (11)
94

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