Вы находитесь на странице: 1из 14

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
SOCIAL DAS RELAÇÕES POLÍTICAS

Um agitador, um propagandista e um
organizador coletivo: o jornal de Lênin para o
século XXI

Ufes
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
SOCIAL DAS RELAÇÕES POLÍTICAS

Maxlander Dias Gonçalves

Trabalho apresentado para


conclusão da disciplina Tópicos
Especiais II do prof. Dr. Francisco
Mauri de Carvalho Freitas.

Ufes
2007

2
Sumário

Introdução__________________________________________________04

Contra o Rabótcheie Dielo_____________________________________06

A favor do Iskra_____________________________________________08

O século XXI e a luta informativa_______________________________10

Que fazer?__________________________________________________13

Bibliografia_________________________________________________14

3
Introdução

Estamos na Rússia, início de 1902. Desde a década de 80 do século XIX o movimento


operário em todo o mundo vinha ganhando adeptos. Crescia tal qual a desigualdade
entre as classes mais abastadas e as menos favorecidas. O mundo industrial trazia a
promessa de prosperidade, porém a dívida social vinha se tornando impagável. Os
operários de então haviam percebido que a luta das fábricas gerava melhorias nas
condições de trabalho e renda. “Um espectro ronda a Europa [...]” (MARX e ENGELS,
1951, p.1). Pelo andar da carroagem, rondaria todo o mundo. Era preciso transformar as
vitórias nas batalhas em vitória na guerra. Ainda no ano de 1848 um documento trazia
para o cerne do debate a inviabilidade de um mundo harmonioso estabelecido sobre
classes sociais antagônicas.

Se o proletariado, em sua luta contra a burguesia, se constitui forçosamente em classe,


se se converte por uma revolução em classe dominante e, como classe dominante,
destrói violentamente as antigas relações de produção, destrói, justamente com essas
relações de produção, as condições dos antagonismos entre as classes, destrói as classes
em geral e, com isso, sua própria dominação como classe. (MARX e ENGELS, 1951
p.14).

Estava lançada a idéia que contagiaria o planeta. Os homens jamais enxergariam a


realidade da mesma forma. Inclusive Lênin.

Vladimir Ilitch Uliánov estudou na universidade St. Petersburg (cursou direito), mas foi,
em especial, a morte do seu irmão (envolvido com as primeiras lutas dos sociais-
democratas russos) que lhe trouxe o combustível necessário para o sonho de uma
mudança na estrutura da sociedade. O exílio próximo ao rio Lena lhe rendera o
pseudônimo que se tornaria um dos mais conhecidos e respeitados do século XX: Lênin.
Conheceu a social-democracia, as obras de Marx e foi a primeira liderança no planeta a
pôr em prática o que se convencionou chamar de marxismo ou socialismo científico. A
história nunca seria a mesma.

Durante toda a vida Lênin combateu os seus adversários no âmbito do discurso.


Inicialmente suas palavras visavam à revolução. Após 1917; a manutenção do processo

4
revolucionário e de transição para o comunismo. Cria que o movimento operário (ou
seja, as lutas apenas por ganhos salariais, ou condições de trabalho, emprego etc...)
deveria se aproximar do pensamento comunista e não o contrário. Para ganhar adeptos
os sociais-democratas precisavam elevar a consciência das massas, expor aos proletários
quais as suas reais situações. A solução estaria em um jornal do partido com
periodicidade semanal para toda a Rússia.

Por isso, a atividade essencial de nosso Partido, o palco de sua atividade, deve consistir
em um trabalho que seja possível e necessário tanto nos períodos de explosões mais
violentas como nos de calma absoluta, isto é, deve consistir em um trabalho de agitação
política unificada para toda a Rússia, que ilumine todos os aspectos de vida e dirija-se às
massas em geral. Ora, esse trabalho é inconcebível na Rússia atual, sem um jornal que
interesse a todo o país e apareça com bastante freqüência. A organização a ser
constituída por si mesma em torno desse jornal, a organização de seus colaboradores (no
sentido amplo de palavra, isto é, todos aqueles que trabalham para ele) estará pronta
para tudo, para salvar a honra, o prestígio e a continuidade no trabalho do Partido nos
momentos de grande “depressão” dos revolucionários, e para preparar, determinar o
início e realizar a insurreição armada do povo. (LÊNIN, 1978, p.137)

O verdadeiro líder antevê as possibilidades, está à frente do seu tempo. Lênin percebia
que a disputa no âmbito das idéias (através de um veículo de comunicação) era o que
lhes trariam vantagens contra o inimigo a ser derrotado. O movimento crescia, todavia
estava um tanto quanto disperso. Os sociais-democratas não eram a referência que
deveriam ser e não vinham atuando de maneira precisa.

Conforme Uliánov, três eram os pontos de partida para o movimento revolucionário


russo de então: a agitação política, as tarefas de organização e, principalmente, a
construção de um grupo combativo que abrangesse todo o país. Suas diretrizes
causaram espanto e discórdia entre o grupo social-democrata opositor. Suas assertivas
renderam inúmeros debates acerca do destino da social-democracia russa. Guerras
discursivas, retóricas, a fim de obter a aprovação da vanguarda da revolução, a classe
proletária que, de acordo com Marx, libertaria toda a sociedade da exploração e
opressão (MARX e ENGELS, 1951 p.7). Novamente a história provaria que Lênin
estava correto.

5
Contra o Rabótcheie Dielo

Ao refletir dialeticamente sobre a realidade, Lênin percebia que parte da social-


democracia estava refutando o passado histórico e o ideário comunista. Neste tempo a
tendência reformista, baseada nas idéias do alemão Bernstein, vinha estabelecendo
determinadas diretrizes que de forma alguma os levaria a tão almejada insurreição
contra o czar. Dentre os tópicos propostos estava o economicismo.

Todo aquele que orienta a atenção, o espírito de observação e a consciência da classe


operária exclusiva ou preponderantemente para ela própria, não é um social-democrata;
pois para conhecer a si própria, de fato, a classe operária deve ter um conhecimento
preciso das relações recíprocas de todas as classes da sociedade contemporânea,
conhecimento não apenas teórico [...]. Eis porque nossos "economistas", que pregam a
luta econômica como o meio mais amplamente aplicável para integrar as massas no
movimento político, realizam um trabalho profundamente prejudicial e reacionário em
seus resultados práticos. (LÊNIN, 1978, p.55)

O jornal Rabótcheie Dielo estava completamente enganado, conforme Lênin. Ao


defender os interesses dos sindicatos (a “luta espontânea”) os seus ideólogos
pressupunham a luta econômica como indissociável da luta política, o que é falso do
ponto de vista marxista. “Com muita freqüência, a luta econômica dos operários está
ligada [...] à política burguesa” (LÊNIN, 1978, p.34). É necessário trazê-los para o seio
do ideário socialista onde o alvo a ser destruído está bem definido. Para tanto é preciso
criticar a famigerada “liberdade de crítica” proposta pelo Rabótcheie Dielo.

No interesse do desenvolvimento ideológico ulterior da social-democracia,


reconhecemos que a liberdade de criticar a teoria social-democrata é absolutamente
necessária na literatura do partido, na medida em que esta crítica não contradiga o
caráter de classe e o caráter revolucionário desta teoria. (Lênin, apud Dois Congressos,
1978, p.15).

Lênin percebe quão oportunista vinha sendo a ação dos economicistas defendendo
intransigentemente a “liberdade de crítica”. Todavia os repreende porque suas ações se
davam apenas no âmbito do discurso. Nada era feito, por exemplo, para elevar a
consciência política das massas. Não se escrevia para que os operários conhecessem
outras classes sociais e percebessem a necessidade de se por fim a todas elas. Para

6
Uliánov, todos as esferas da vida social e do mundo do trabalho deveriam ser agitadas
politicamente para que as lutas se tornassem revolução. A luta econômica dos operários
contra os patrões e o governo e a incitação aos seus direitos políticos “constitui
exatamente a política sindical, que ainda se encontra muito e muito longe da política
social-democrata” (LÊNIN, 1978, p.51).

Ora, uma das condições essenciais para a extensão necessária da agitação política é
organizar as revelações políticas em todos os aspectos. Somente essas revelações podem
formar a consciência política e suscitar a atividade revolucionária das massas. Por isso
essa atividade é uma das funções mais importantes de toda a social-democracia
internacional [...] (LÊNIN, 1978, p.55).

Não há nada de novo nesta defesa de Lênin. Suas prerrogativas estão todas baseadas nos
preceitos de Marx que afirma: “[...] em nenhum momento, esse partido se descuida de
despertar nos operários uma consciência clara e nítida do violento antagonismo que
existe entre a burguesia e o proletariado [...]” (MARX e ENGELS, 1951, p.14).
Entretanto parece que alguns “camaradas” sociais-democratas haviam se esquecido
daquilo que o teórico do socialismo científico escrevera.

Por estas e por outras, Lênin contradizia com argumentos incisivos e eloqüentes tudo o
que afirmavam os economicistas do Rabótcheie Dielo, principalmente quando o assunto
era a organização do partido, a agitação das massas e a propaganda do movimento
revolucionário russo. A sua ferramenta (que pressupunha estas três diretrizes
incondicionais listadas acima) era o jornal Iskra.

7
A favor do Iskra

O que pesa favoravelmente ao Iskra? É, simplesmente, o fato de ser ele um jornal não
apenas de propagação das idéias sociais-democratas, mas também um jornal preocupado
com a intelectualização dos operários. Crê nestes camaradas como a vanguarda da
revolução. Porém, “a consciência política de classe não pode ser levada ao operário
senão do exterior da esfera das relações entre operários e patrões” (LÊNIN, 1978, p.62).
Destarte, Lênin afirma que o movimento revolucionário deve oferecer a todo o povo
uma tribuna para denunciar o governo czarista. “Ora, a tribuna para essas revelações
diante de todo o povo, só pode ser um jornal para toda a Rússia” (LÊNIN, 1978, p.69).

O que Lênin diz tem a ver com as táticas possíveis para aquele complexo momento
histórico. Em um regime autocrático, não era possível a um partido legal ou ilegal uma
oposição, clara e aberta, ao governo. A polícia facilmente destruía os jornais locais. Eles
eram identificados com uma precisão tal que só restavam aos editores a prisão política.
Segundo Uliánov, era preciso uma organização composta principalmente de homens
tendo por profissão a atividade revolucionária, sujeitos conscientes do seu papel e
formados na arte de enfrentar a polícia política, assim se tornaria cada vez mais difícil a
apreensão da organização e das suas lideranças (LÊNIN, 1978, p.96). Tudo isso giraria
em torno do jornal semanal e nacional. No entanto, para o Rabotchéie Dielo não era
possível ao jornal a organização do partido, pois é o partido, o responsável pela
organização do jornal. Imbróglio formado. Lênin tratará de desfazê-lo.

O Iskra não procura ajustar o "plano" de seu jornal ao "plano" que consiste em realizar
um "grau de preparação" que permita apoiar ao mesmo tempo o movimento dos sem-
trabalho, as revoltas camponesas, [...]. Em uma época onde as tarefas da social-
dernocracia são depreciadas, não se pode começar o "trabalho político vivo" senão
através de uma agitação política viva, o que é impossível sem um jornal para toda a
Rússia, que apareça freqüentemente e seja difundido de forma regular (LÊNIN, 1978,
p.125, 126).

Além disso, Lênin reiterará o seu ponto de vista ensejado no artigo “Por Onde
Começar?” e proporá o caminho a ser percorrido pelo movimento revolucionário –
iniciado pelo jornal –, a partir de uma analogia bem peculiar, didática e de fácil

8
compreensão para o operário comum. Imaginem uma obra: os tijolos, o cimento e o fio
condutor que permite ao pedreiro erguer um prédio alinhado.

A elaboração de um jornal político para toda a Rússia - escrevia-se no Iskra - deve ser o
fio condutor: seguindo-o, poderemos desenvolver ininterruptamente essa organização,
aprofundá-la e alargá-la (isto é, a organização revolucionária sempre pronta a apoiar
todo protesto e efervescência). (LÊNIN, 1978, p.126)

A visão de Lênin não é de forma alguma pessimista, mas sim realista. O cotidiano vinha
mostrando que não existiam pedreiros que pudessem construir sem a ajuda do fio
condutor. Estavam todos dispersos, sem saber para onde ir, de onde partir. Portanto,
muitos defendiam a tal “luta espontânea” (chamada de artesanal por Lênin). Enquanto
os economicistas acusavam o Iskra de mandar no movimento operário, Uliánov contra-
argumentava dizendo:

[...] infelizmente ainda não temos esses pedreiros experientes e solidários; e, com muita
freqüência, as pedras são colocadas sem alinhamento, ao acaso, a tal ponto deslocadas
que basta ao inimigo um sopro para dispersá-las, não como se fossem pedras, mas sim,
grãos de areia. (LÊNIN, 1978, p.127)

As vantagens de uma organização revolucionária em torno de um jornal são enormes


por ser ele também um propagandista e um agitador coletivo. Enquanto os jornais locais
são de baixa freqüência e alcançam, proporcionalmente, poucas pessoas, o jornal de
caráter nacional tem uma perspectiva muito maior. Sua luta, ao invés de ser meramente
fabril, é estritamente de caráter revolucionário. Para Lênin, é preciso que todos:
estudantes, camponeses, sem-terra e sem-teto percebam que os comunistas são a sua
referência e o jornal será este combustível para que a realidade se inflame.

E se realmente chegássemos a obter que a totalidade ou a maior parte dos comitês,


grupos e círculos locais se associassem ativamente para a obra comum, poderíamos em
breve elaborar um semanário, regularmente divulgado em dezenas de milhares de
exemplares em toda a Rússia. Esse jornal seria parte de um gigantesco fole de urna forja
que atiçasse cada fagulha da luta de classes e da indignação popular, para daí fazer
surgir um grande incêndio. Em torno dessa obra em si ainda inofensiva e pequena, mas
regular e comum no pleno sentido da palavra, um exército permanente de lutadores
experimentados seria sistematicamente recrutado e instruído. (LÊNIN, 1978, p.132)

9
O século XXI e a luta informativa

Esta perspectiva levantada por Lênin no início do século XX não morreu com ele em
1923. Obviamente os partidos (quer de esquerda, quer de direita) do século XXI têm a
sua atuação garantida no cenário eleitoral e político. Não se fala mais (insistentemente)
em revolução política armada, pois para muitos a solução atual estaria em virar o jogo
“dentro de campo”, jogando a partida, e não fora dele, impondo outras regras. Decisão
difícil e que, historicamente, tem dividido os partidos de esquerda no Brasil. Por aqui –
tal qual na Rússia czarista de Lênin – as forças de esquerda têm contracenado com a
direita. Muitos deixaram para trás ideais outrora consistentes e inegociáveis.

É importante notar que, emergencialmente, os defensores do povo brasileiro necessitam


de alternativas para que as lutas deixem de ser incipientes. Em 1902, a solução para
Lênin estava no jornal social-democrata para todos os russos. Hoje, retomamos a sua
defesa de uma mídia de esquerda para todos os brasileiros, pois temos por certo que a
disputa no âmbito do discurso, da informação ainda é desigual para os movimentos
sociais e revolucionários. Logo, como alcançarmos os corações e mentes dos
trabalhadores em geral se não temos meios para nos pronunciarmos?

As empresas de comunicação estão nas mãos de particulares, os seus interesses de


classe mantém-se assegurados. O mundo narrado e propalado pelos media, ou seja,
mediado por e através dos meios, é o reflexo de uma complexa rede de relações de
classes sociais. O que você lê, ouve ou assiste e depois debate, conversa ou
simplesmente comenta é o resultado de um conteúdo previamente selecionado, de uma
realidade não experienciada por você, mas subjetivamente vivida. O mais interessante é
que, neste tipo de comunicação de massa, de forma alguma, o discurso se propõe a
mergulhar no âmago da estrutura social. Notícias de moda, de guerra, gastronomia ou
diversão, não parecem ter a ver com a imbricada interação vivida pelos homens, frutos
de um trabalho socialmente necessário para a postergação deste modelo de sociedade.

Antes mesmo de viver a “era da informação” Lênin já havia percebido que a chance de
um movimento revolucionário se organizar e prevalecer sem a utilização de uma mídia
era mínima. Necessário é que os trabalhadores se informem a partir do seu ponto de

10
vista de classe. É preciso que eles se tornem os mediadores. Contudo, onde estão estes
veículos de comunicação voltados para a classe trabalhadora no Brasil? Tal qual Lênin
havia dito, a tendência entre os trabalhadores é ainda a do jornal local, com público
específico, tiragem pequena e pouquíssima freqüência. São poucos os jornais de grande
alcance e boa penetração entre toda a camada operária. A perspectiva sindicalista e o
jornal da luta economicista ainda é a realidade1.

Um jornal para todo o país, essa é a receita de Lênin. Mas como mantê-lo? Afinal, todos
nós sabemos que os jornais sobrevivem por conta da publicidade vendida. Na TV e no
rádio ela entra no intervalo comercial; na revista e no impresso, páginas são compradas.
Dentre as soluções estaria a união dos partidos de esquerda e das centrais sindicais –
que têm os seus direitos de financiamento assegurados por lei – para a compra de
veículos de comunicação. A publicidade seria paga pelos simpatizantes, militantes e
com recursos dos próprios partidos e sindicatos. As matérias poderiam trazer variedades
como um jornal convencional, no entanto, sob a tutela de um olhar operário. Moda,
gastronomia, cinema, música e economia com o foco no trabalhador, com reportagens
escritas por trabalhadores. Parece fácil, todavia a realidade é que as possibilidades são
muitas e o acesso a elas nem tanto.

Hugo Chávez compreendeu muito bem as benesses geradas por um veículo de


comunicação que apóia as suas medidas. Percebeu também quão difícil é governar
quando a mídia faz oposição ferrenha as suas ações2, pois, é do discurso, da
oportunidade da fala, que todos nós queremos nos assenhorear-nos. Não há grupo
organizado que abdica pacificamente do seu direito de fala. Mas, o sistema em que
vivemos seleciona “naturalmente” o que serve e o que não serve; o que pode ser dito e o
que não pode (FOUCAULT, 1979, p.12). Assim a alternativa comunista, e as propostas
revolucionárias em geral, têm sido condenadas ao ostracismo.

1
E olhe lá. Pois o que realmente configura o nosso tempo é o total descaso e desapreço pela luta
corporativa. São poucos os empregados dispostos a encampar uma luta por melhorias. O esmaecimento
dos laços que ligavam os homens por conta do trabalho é visível.
2
Lembremo-nos do caso do cancelamento da concessão da TV XX em 2007. Como se sabe, em 2002 este
mesmo veículo de comunicação havia planejado a deposição do presidente venezuelano legitimamente
eleito pelo povo. Concomitantemente, em 2006, Chavéz iniciara as transmissões da TV XX como uma
alternativa noticiária para o povo latino-americano. A disputa discursiva tem sido um dos pontos altos do
percurso chavista rumo ao “socialismo do século XXI”.

11
No Brasil, historicamente, as TVs e rádios (que possuem grande penetração junto ao
público) estão nas mãos de poucos. Como já fora dito, as maiores revistas e jornais
também. Resta aos trabalhadores a internet.

A web é considerada uma boa ferramenta. Tida como espaço livre, o seu ponto fraco
ainda é a penetração entre todas as camadas da população. O vasto conteúdo exibido
pela rede mundial de computadores é, ao mesmo tempo, extremamente saudável do
ponto de vista das várias fontes, e totalmente defectível sob a perspectiva da qualidade.
Achar um bom noticiário significa, literalmente, encontrar uma agulha no paleiro.
Como, então, virar o jogo da informação se a regra não tem permitido a real vitória dos
operários?

12
Que fazer?

Esta é a pergunta a ser respondida em todo o tempo pelos lutadores do povo. Ela é o
ponto de partida e o título do livro de Lênin cujo objetivo era desmistificar e
ressignificar determinados preceitos que vinham ganhando força no seio da social-
democracia russa. Este questionamento pode ser visto também como uma diretriz a ser
seguida em um dado momento histórico. Lênin comprovara por A + B que as
inconstâncias dos jornais de então e a defesa dos “métodos artesanais” pelos
economicistas só haviam definhado o movimento revolucionário. Sugerira, em
contrapartida, um veículo de comunicação abrangente, educativo, de difícil destruição e
que unisse organização, propaganda e agitação coletiva em suas páginas. Hoje,
corroborarmos com seus pressupostos significa sermos sensatos.

Temos acompanhado nos noticiários, nas novelas, nos programas humorísticos, nos
jornais, revistas, TVs e rádios de toda espécie quão difícil é um tratamento honroso às
causas do povo. A todo o momento somos bombardeados por informações que mais nos
confundem do que nos iluminam. Estamos em uma guerra discursiva onde a artilharia
inimiga é pesada e o nosso arsenal impotente. Reavivar a proposta de Uliánov onde “um
jornal político [...] é o plano mais prático para que possamos preparar para a inssureição
[...]” se faz necessário (LÊNIN, 1978, p.138), afinal, ninguém falará sobre as
verdadeiras causas de opressão do nosso povo senão aqueles que defendem a libertação
de cada brasileiro.

Em um tempo onde o descrédito com a política é grande, a insatisfação social é enorme


e o desemprego alcança patamares jamais vistos, uma voz, uma palavra ou um vídeo
precisa surgir conclamando à transformação. Se assim procedermos, conforme Lênin,
correremos “menos riscos de deixar a revolução acontecer sem percebê-la” (LÊNIN,
1978, p.136).

13
Referências Bibliográficas

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Organização e tradução de Roberto Machado.


23ª edição. Rio de Janeiro : Edições Graal, 1979.

LÊNIN, V.I. Que Fazer? As questões palpitantes do nosso movimento. Tradução da


edição francesa das Editions Sociales Paris, 1969. Traduzida sob a responsabilidade de
Roger Garaudy, por Kyra Hoppe e Alexandre Roudnikov da quinta edição russa, tomo
5 das Obras de V. Lênin. São Paulo : Editora Hucitec, 1978.

MARX, K. ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Publicado de acordo com


o texto da edição soviética em espanhol de 1951, traduzida da edição alemã de 1848.
Disponível http: //ateus.net/ebooks/geral/marx_manifesto_comunista.pdf

14

Вам также может понравиться