Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
a atualidade do ecofeminismo
1
Embora as mulheres tenham conquistado um certo nível de emancipação e ingressado no mundo do trabalho assalariado,
elas continuam sendo exploradas e menosprezadas através de salários menores que os dos homens e tendo que assumir, na
maioria das vezes, jornadas duplas de trabalho.
2
Percebe-se, no decorrer da história, que as mulheres são mais fortemente comovidas por catástrofes naturais que os homens
e, ao mesmo tempo, são as primeiras a protestar contra a destruição ambiental (MIES/SHIVA, 1995: 9).
3
A ecologia profunda possui uma visão holística do mundo, concebendo-o como um todo e não como um conjunto de partes
dissociadas, sendo os seres humanos considerados como parte integrante do meio ambiente. Esta concepção está baseada
no questionamento profundo dos paradigmas existentes na sociedade, numa perspectiva ecológica (CAPRA, 1996).
O ecofeminismo pode ser dividido em três tendências:
a) Ecofeminismo clássico. Nesta tendência o feminismo denuncia a naturalização da mulher
como um dos mecanismos de legitimação do patriarcado. Segundo o ecofeminismo clássico, a
obsessão dos homens pelo poder tem levado o mundo a guerras suicidas, ao envenenamento
e à destruição do planeta. Neste contexto, a ética feminina de proteção dos seres vivos se
opõe à essência agressiva masculina, e é fundamentada através das características femininas
igualitárias e por atitudes maternais que acabam pré-dispondo as mulheres ao pacifismo e à
conservação da natureza, enquanto os homens seriam naturalmente predispostos à
competição e à destruição;
b) Ecofeminismo espiritualista do Terceiro Mundo. Teve origem nos países do sul, tendo a
influência dos princípios religiosos de Ghandi, na Ásia, e da Teologia da Libertação, na
América Latina. Esta tendência afirma que o desenvolvimento da sociedade gera um processo
de violência contra a mulher e o meio ambiente, tendo suas raízes nas concepções patriarcais
de dominação e centralização do poder. Caracteriza-se também pela postura crítica contra a
dominação, pela luta antisexista, antiracista, antielitista e anti-antropocêntrica. Além disso,
atribui ao princípio da cosmologia a tendência protetora das mulheres para com a natureza;
c) Ecofeminismo construtivista. Esta tendência não se identifica nem com o essencialismo, nem
com as fontes religiosas espirituais das correntes anteriores, embora compartilhe idéias como
antiracismo, anti-antropocentrismo e anti-imperialismo. Ela defende que a relação profunda da
maioria das mulheres com a natureza não está associada a características próprias do sexo
feminino, mas é originária de suas responsabilidades de gênero na economia familiar, criadas
através da divisão social do trabalho, da distribuição do poder e da propriedade. Para tanto,
defendem que é necessário assumir novas práticas de relação de gênero e com a natureza.
PULEO alerta para a debilidade teórica existente nas duas primeiras tendências, como também
para um possível risco de se afirmar a utilização de estereótipos femininos na sociedade. O
ecofeminismo construtivista, por sua vez, desconsidera a importância da mística, o que acaba
dificultando a mobilização das mulheres em torno do tema, elemento este que para o
ecofeminismo espiritualista tem representado uma força prática efetivamente mobilizadora.
As mulheres pobres do Terceiro Mundo, que vivem em uma economia de subsistência, são as
maiores vítimas da crise ambiental em seus países, pois são as primeiras a sentirem o reflexo
da diminuição da qualidade de vida causadas pela poluição ou escassez dos recursos naturais,
os quais são explorados indiscriminadamente para satisfazer as “necessidades” do Primeiro
Mundo. A lógica do capitalismo tem se demonstrado incompatível com as exigências
ecológicas para a sustentabilidade da vida no planeta. Portanto, ao contrário do que muitos
ecologistas pensam, não é possível ecologizar o capitalismo, assim como também não é
possível acabar com a dominação e exploração do gênero feminino sem superar as estruturas
capitalistas patriarcais que a mantém. Deste modo, tanto a solução da crise ambiental quanto a
da opressão das mulheres não devem ser tratados como problemas isolados. A salvação da
vida no planeta, assim como a emancipação não só das mulheres como de todos os seres
humanos, dependem de uma mudança estrutural e organizacional da sociedade. E para isto, é
imprescindível a ação conjunta dos movimentos sociais contra seu opressor comum: o
capitalismo patriarcal.
Referências bibliográficas:
BEAUVOIR, Simone de. Das andere Geschlecht: Sitte und Sexus der Frau. Hamburg: Rowohlt, 1968.
CAPRA, Fritijof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996.
ENGELS, Friedrich. Dialetik der Natur. MEW 20. Berlin: Dietz Verlag, 1972.
MIES, Maria. Patriarchat und Kapital. Frauen in der internationalen Arbeitsteilung. Zürich: Rotpunktverlag,
1996.
MIES, Maria/SHIVA, Vandana. Ökofeminismus: Beiträge zur Praxis und Theorie. Zürich: Rotpunkt-Verlage,
1995.