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Adenor Wendling
Elói Voigt
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Adenor Wendling
Elói Voigt
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................9
2. EMBASAMENTO TEÓRICO.............................................................................................11
2.1. Importância do sistema agroindustrial..........................................................................11
2.2. Sistema agroindustrial, visão sistêmica.........................................................................11
2.3. Agroindústria familiar...................................................................................................12
2.4. Potencial pela diversidade.............................................................................................13
2.5. Linhas de crédito...........................................................................................................14
2.6. O mercado brasileiro.....................................................................................................15
2.7. Aspectos da agricultura de Santa Catarina....................................................................16
2.8. Cooperativismo/associativismo.....................................................................................18
3. METODOLOGIA.................................................................................................................21
3.1. Delimitação da pesquisa................................................................................................21
3.2. Delineamento da pesquisa............................................................................................21
3.3. Técnica de coleta de dados...........................................................................................22
3.4. Técnica de análise e interpretação dos dados................................................................22
3.5. Caracterização das agroindústrias.................................................................................22
1.1.1. Agroindústria Baumgratz..................................................................................23
1.1.2. Agroindústria AFAMAC..................................................................................24
1.1.3. Agroindústria Jundiá.........................................................................................25
1.1.4. Agroindústria APACA....................................................................................26
1.1.5. Agroindústria PROVE SABOR da TERRA...................................................28
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA.....................................30
4.1. Como surgiram as Agroindústrias pesquisadas...........................................................30
4.2. Número de sócios fundadores e atuais.........................................................................32
4.3. Capacidade das agroindústrias versos produção atual.................................................33
4.4. Recursos Financeiros Aplicados..................................................................................36
4.5. Comercialização e marketing ......................................................................................38
4.6. Gerenciamento.............................................................................................................39
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1. INTRODUÇÃO
O setor produtivo vai se restrinjir, se o êxodo no campo continuar neste ritmo, restará um
percentual reduzido de agricultores praticando a agricultura de precisão com grandes grupos
econômicos processando e industrializando a produção agrícola.
As características do povo e território brasileiro não condizem com a realidade de
países que hoje tem apenas 2% da população no meio rural.
Ações tímidas de pequenos grupos de agricultores tem buscado a inserção na
cadeia do agronegócio, ou seja, transformando matéria prima por eles produzida, buscando
agregar valor no seu produto e mão-de-obra, melhorando seu padrão de vida e permanência
no meio rural.
A agricultura familiar, pela sua estrutura fundiária ser limitada em área, atende
perfeitamente uma das exigências do consumidor em relação a produtor diferenciados.
Produzindo de forma agroecológica, sem aditivos químicos, vendendo na forma de
commodity ou transformando em pequenas agroindústrias rurais. O trabalho pretende
compreender os entraves na viabilização das pequenas agroindústrias instaladas contribuindo
na sua manutenção e ampliação de outros grupos.
O presente trabalho visa contribuir no redirecionamento das ações do serviço
público no sentido de inserir os agricultores para implantação de nos empreendimentos. Em
função dos inúmeros problemas enfrentados pelos agricultores familiares, a agregação de
valor gerado pelo beneficiamento ou a transformação dos produtos agrícolas ganha
importância, viabilidade de muitas pequenas propriedades rurais.
O trabalho visa chamar a atenção do meio acadêmico, lideranças políticas
regionais, profissionais ligados ao agronegócio que pequenas agroindústrias rurais tem sua
importância sócio-econômica carecendo de apoio principalmente no pós-porteira para sua
viabilização.
Para um estado onde 90% dos estabelecimentos rurais são de agricultura familiar,
políticas públicas devem ser implementadas para que este segmento não domine apenas o
setor de produção e fique a mercê do restante da cadeia onde a rentabilidade é maior e os
riscos são menores.
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2. EMBASAMENTO TEÓRICO
com as atividades agropecuárias que tem maior importância para a agricultura familiar, como
o leite que mantém uma parcela significativa de pequenos agricultores.
A ascensão deste potencial está relacionado com o clima, solo, aptidões
relacionadas a colonização e cultura.
Quadro 2 – Relação das matérias primas transformadas e número de unidades em que elas
aparecem, por agroindústria e total em SC
Matéria prima
Número de unidade que processam cada matéria porima
OESTE MEIO PLANALTO PLANALTO ALTO LITORAL METROPO- LITORAL TOTAL
OESTE SUL NORTE VALE NORTE LITANA SUL
Leite 69 43 58 11 56 87 9 30 363
Cana de açúcar 34 41 1 - 7 18 65 78 244
Frutas e hortaliças 32 15 5 10 6 83 8 21 180
Carne suína 66 22 8 6 8 6 8 26 150
Mandioca 2 - 1 - 7 10 31 68 119
Farinha de trigo 16 3 4 2 2 23 3 11 64
Carne bovina 20 7 4 3 7 5 7 8 60
Mel 4 5 14 3 9 3 2 14 54
Uva 16 5 - - 2 4 9 36
Carne de aves 2 8 1 2 9 3 - 1 26
Ovos de codorna 5 2 - 1 - 11 1 2 22
Milho 12 3 - 2 - - - 4 21
Peixes e moluscos 2 - 1 - - 6 - 6 15
Arroz 6 - - - - - - 3 9
Trigo 1 2 - 1 - 1 - 2 7
Ovos de galinha - 1 - - - 2 - 3 6
Erva mate 3 1 - 1 - - - - 5
Farinha mandioca - - - - - - 2 3 5
Fonte: Oliveira et all.
Até a chegada dos imigrantes, o estado era ocupado por povos indígenas, que
praticavam um pouco de agricultura de subsistência, segundo afirma Strieder (2000). Com a
chegada dos imigrantes, os primeiros donos das terras foram expulsos, ou até mesmo mortos,
iniciando assim uma nova forma de cultivo e ocupação das terras.
A forma de cultivo e os cuidados com a terra eram feitos de acordo com os
conhecimentos que cada grupo de imigrantes trazia. A começar pelo litoral, que foi ocupado
pelos vicentistas, os açorianos e madeirenses, e mais tarde, pelos alemães e italianos, segundo
Ribas (2001). De acordo com Brum (1999) e Ribas (2001), os colonizadores de Santa
Catarina recebiam modestos lotes de terra (70 hectares) e apoio para desenvolverem seus
conhecimentos de agricultura.
A existência de propriedades maiores se deve a abertura dos caminhos pelas
tropas, às áreas de invernada e a extração de madeira, principalmente localizadas em Lages e
São Joaquim, conforme diz Ribas (2001).
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Por outro lado, o oeste foi colonizado pelas Companhias Colonizadoras que
vendiam pequenas propriedades, principalmente a famílias vindas do Rio Grande do Sul
(Ribas 2001). Daí a atual estrutura fundiária do oeste que é basicamente a de pequena
propriedade de acordo com Testa (1996). O autor afirma ainda que 90% dos estabelecimentos
da região oeste são de “pequena agricultura familiar diversificada”.
Segundo Síntese anual da agricultura de Santa Catarina 2001-2002; citada por
Ribas (2001), a estrutura fundiária de Santa Catarina está assim caracterizada:
2.8. Cooperativismo/associativismo
reúnem e constituem um grupo afim. Poucos empreendimentos são de apenas uma unidade
produtiva.
Conforme o quadro 3, a grande maioria dos empreendimentos (79%), estão
organizados informalmente por pessoas físicas, fica reforçada a hipótese de que a burocracia
para legalizar uma empresa iniba o agricultor em faze-lo.
3. METODOLOGIA
A pesquisa descritiva, para Gil (1991), tem como característica básica a utilização
de técnicas padronizadas para a coleta de dados, tendo objetivo principal a descrição das
De acordo com Gil (1991), estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e
dimensões de um problema.
A tabulação e análise dos dados obtidos com a aplicação dos questionários será
através de gráficos e tabelas comparativas seguida de análise descritiva referendada pela
pesquisa bibliográfica sobre os temas.
Foto: Os autores
1
PRONAF –Infraestrutura: concedido aos municípios com menores índices de IDH. O IDH de Dionísio
Cerqueira em 2000 é de 0,747 e o de Anchieta é de 0,769 (Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no
Brasil)
25
Foto: Os autores
2
Pronaf-agroindustria – Modalidade de crédito oferecido aos agricultores para industrialização da produção. Os
recursos são financiados a juros de 4% a.a. , prazo de amortização de 8 anos
26
Foto: Os Autores
Foto: Os autores
28
Benachio e suas respectivas esposas, sócios estes que formaram e continuam até hoje na
associação.
Produzem açúcar mascavo, cachaça, melado, licores e rapaduras, produção esta
comercializada em Guaraciaba e
Figura 6 Vista Externa da Agroindústria Prove municípios da região. Os produtos são
Anchieta
vendidos na própria fábrica ou em
mercados da região, e podem ser
identificados pelo rótulo de suas
embalagens, conforme figura acima.
Encontraram dificuldades financeiras
na construção da agroindústria obtendo
Foto: Os Autores
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parte dos recursos para a obra junto a Cressol (Cooperativa de Crédito solidário) e usaram
recursos próprios.
30
Para análise dos dados serão usados somente os nomes “chave” para a denominação
das agroindústrias, da seguinte forma: Agroindústria Jundiá = agro1; Associação APACA =
agro2; Agroindústria da Associação AFAMAC = agro3; Agroindústria Baumgratz = Agro4;
agroindústria Prove sabor da terra = agro5.
Das cinco agroindústrias pesquisadas, apenas uma tem como proprietário apenas uma
família, ou seja, proprietário individual. Quatro agroindústrias foram formadas através de
várias pessoas reunidas em associações formais. Isto pode ter ocorrido principalmente pelo
volume de recursos necessários para o investimento e pela necessidade de união entre os
agricultores para diminuir riscos e para conseguir mão de obra e matéria prima necessária.
32
A saída de sócios das associações pode gerar dificuldades momentâneas para os que
saem e para os que ficam, além de conflitos e desconfortos pessoas.
25
20
15
Sócios Início
10 Sócio Atuais
0
agro1 agro2 agro3 agro4 agro5
As agroindústrias objeto de estudo neste trabalho não estão conseguindo utilizar toda a
capacidade das instalações, conforme se pode observar no gráfico abaixo:
150.000 93%
100%
80%
100.000 70%
Ton/ano
60%
40%
50.000 29%
20%
13%
7%
- 0%
Agro1 Agro2 Agro3 Agro4 Agro5
No gráfico pode-se observar que a agro3, a agro4 e a agro2 estão com o uso muito
abaixo da capacidade das instalações. Usam apenas 13%, 29% e 7% respectivamente. Por
outro lado, a agro5 utiliza bem sua capacidade, chegando a 93%, além de possuir uma maior
diversidade de produtos. É importante questionar aqui a influência no custo de produção em
função da ociosidade das instalações. Conforme depoimentos dos entrevistados, existe
perspectiva de aumento na produção na maioria das agroindústrias e isto poderá melhorar a
relação de aproveitamento das mesmas. Não há , no entanto, plano bem traçado para como e
quando esta ampliação na produção deverá ocorrer.
Quanto a diversidade existe grandes variações. A agro2 produz\ basicamente cachaça
e abandonou a produção de melado. Produz ainda em pequenas quantidades e conforme
pedidos, açúcar mascavo. Esta opção, segundo Gritti, é para garantir a sobrevivência da
agroindústria.
A agro5 está mais diversificada, produzindo cachaça, melado, açúcar mascavo, licores
e puxa-puxa. Com esta diversificação consegue utilizar bem as estruturas existentes. As agro2
e agro4 não estão diversificadas, produzindo apenas açúcar mascavo e melado.
Quanto ao uso de matéria prima para a industrialização, pode-se afirmar que ela é
basicamente de produção própria. Todas as agroindústrias objeto deste estudam possuem
plantações próprias, sendo que três delas compram parte da cana de terceiros. A maioria das
agroindústrias pesquisadas tem preocupação quanto os tipos de cana e buscam variedades
com ciclos diferenciados e com características próprias de acordo com o destino. Neste
aspecto destaca-se a agro2 que possui a acompanha uma pesquisa de 22 variedades de cana,
das quais, segundo Gritti (2003) quatro variedades vem se destacando, entre elas a variedade
que vem sendo cultivada a mais de trinta anos na região.
A disponibilidade da matéria prima, pela sua sazonalidade de maturação e
susceptibilidade a geadas vem sendo um dos grandes problemas das agroindústrias estudadas.
As agroindústrias mais antigas já enfrentaram problemas com a matéria prima devido as
geadas ocorridas sobre a cana de açúcar.
Um dos aspectos positivos observados nas agroindústrias em estudo é que pelo menos
um sócio de cada participou de treinamentos para a industrialização da cana. A maioria
participou de cursos profissionalizantes do Cetresmo3. Isto confirma a preocupação dos
mesmos com a qualidade dos produtos oferecidos aos clientes e da importância da qualidade
para o sucesso dos empreendimentos. Além dos cursos realizados, a maioria tinha experiência
e produzia melado e ou açúcar mascavo em pequena escala antes de investir nas
agroindústrias, e este conhecimento vem sendo transmitido de pais para filhos.
3
Epagri -Centro de Treinamento de São Miguel do Oeste. Oferece vários cursos profissionalizantes para
agricultores, entre eles o de beneficiamento de cana de açúcar. Para a realização dos cursos de industrialização
de cana possui uma agroindústria instalada e em funcionamento, onde são realizadas as aulas práticas. Possui
ainda plantio de várias variedades de cana para observação de desempenho em produção e em qualidade.
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100000
50000
0
Agro1 Agro2 Agro3 Agro4 Agro5
O volume de recursos investidos deve ser analisado com mais profundidade pela
estrutura e época em que foi edificada. Observa-se nas visitas uma estrutura muito diferente
para as mesmas capacidades e utilidades de beneficiamento. Mesmo assim, desconsiderando
estes fatos, pode-se observar no gráfico 3, uma relação custo benefício muito distorcida em
função dos recursos investidos e o beneficiamento/aproveitamento desta estrutura.
100.000,00 8,0
7,4
80.000,00 6,0
60.000,00
3,7 4,0
40.000,00
20.000,00 2,0
1,5 1,3
- 0,5 -
Agro1 Agro2 Agro3 Agro4 Agro5
Valor investido Quantidades Produzida por ano
Relação Investimento/Ptodução R$/Ton
4.6. Gerenciamento
Vários foram e são os problemas enfrentados pelos sócios das agroindústrias objeto
desse estudo.
A falta de mão de obra é um dos fatores mais relevantes para os entrevistados. Muitos
deles acrescentaram os serviços das agroindústrias as atividades que já vinham sendo
executados no dia a dia. Como ainda não tem a certeza e os resultados financeiros suficientes
para abandonar outras atividades, acabam se sobrecarregando de tarefas.
A disponibilidade de recursos financeiros para iniciar as atividades também foi citada
pela maioria dos entrevistados. A falta de recursos implica na possibilidade de uso total das
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instalações. Sem recursos não conseguem comprar a matéria prima e nem fazer estoques de
produtos nas safras para a comercialização nas entre safras.
A comercialização da mesma forma vem sendo um dos grandes problemas e desafios
para essas pessoas. Observa-se uma grande dificuldade de comercialização dos produtos.
Enquanto que a agro1 consegue com facilidade comercializar seus produtos, outros encontram
sérias dificuldades. O entrevistado Gritt diz: “ Nós precisamos de uma maneira para
legalizar isto daqui, colocar um rótulo, fazer parceria com outros pequenos que fazem isto,
produzir para os grandes centros maiores expandir o mercado, nesta perspectiva ter um
retorno maior.”
A sazonalidade e a susceptibilidade à geadas é uma das grandes dificuldades
encontradas nas agroindústrias, conforme confirma o entrevistado Sérgio Roos “Primeiros
problemas foi dois anos de geada. Não tinha lugar pra por, depois não tinha produto, dois
anos a geada matou, um ano a seca atrapalhou,...”
Mas, isso é alimento, é coisa que vai na boca, a pessoa come, pro
futuro sempre vai mais, a procura sempre será melhor, hoje já
deixamos de vender por que não tem matéria prima de chega. Isto
o pessoal precisa. Roos (2003)
42
5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
A busca de melhoria de qualidade de vida das famílias parece ser um dos objetivos
para o investimento em agroindustrialização da produção pelos agricultores das agroindústrias
deste estudo.
As dificuldades encontradas para a consolidação das agroindústrias são grandes e se
apresentam principalmente nos dois primeiros anos.
O número de sócios das agroindústrias do estudo diminui ao longo dos anos.
Atualmente as agroindústrias possuem de 3 a 5 sócios atuantes o que mostra que este é um
número bom para trabalhos grupais.
Os investimentos de recursos financeiros nas agroindústria é muito diferentes entre
elas. Observa-se que nas agroindústrias onde foram investidos recursos a fundo perdido, os
valores foram maiores do que naquelas em que foram investidos recursos próprios e
financiados. Esta diferença nos volumes investidos é observada nas instalações. Não existe
padrão de instalação para a agroindústria de cana de açúcar, apesar de ter o mesmo objetivo.
Todas as agroindústrias visitadas possuem estruturas aspectos visuais diferentes. O que parece
é que esta estrutura não tem relação direta com a qualidade nem com a quantidade produzida.
Um dos maiores problemas que pode ser observada nas agroindústrias estudadas é em
relação à comercialização de sua produção. A produção muitas vezes é limitada pela falta de
comercialização. Esta dificuldade pode ser decorrente de: falta de capacitação ou treinamento
de alguém para vender a produção; falta de dedicação para a comercialização; falte de
marketing para a divulgação da produção; falta de assessoria técnica na área de
comercialização. Recomenda-se uma maior preocupação para com o destino da produção das
agroindústrias. A tendência da valoração do consumo de alimentos saudáveis e de origem na
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6. REFERÊNCIAS
BATALHA, Mário Otávio et al. Gestão agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001.
RIBAS JÚNIOR, Salomão. Retratos de Santa Catarina. 4. ed. ver. e ampl. Florianópolis:
Do Autor, 2001. 188 p., il.
VIEIRA, Luis Fernando. Revista de política agrícola. São Paulo, n. 01, p. 12-25,
jan/fev/mar, 1998.
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7. APÊNDICE