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Para entender melhor a questão, é preciso fazer uma pequena digressão. Nas décadas
de 1940 e 50, muitos filósofos acreditavam que falar sobre Deus era inútil – aliás,
verdadeira tolice –, já que não há como provar a existência dele pelos cinco sentidos
humanos. Essa tendência à verificação acabou se desfazendo, em parte porque os
filósofos descobriram simplesmente que não havia como verificar a verificação! Esse foi
o evento filosófico mais importante do século 20. O fim do império da verificação
libertou os filósofos para voltarem a tratar de problemas tradicionais que haviam sido
deixados de lado.
Com o renascimento do interesse nas questões empíricas tradicionais, sucedeu algo que
ninguém havia previsto: o renascimento da filosofia cristã. A mudança começou,
provavelmente, em 1967, com a publicação do livro God and Other Minds: A Study of
the Rational Justification of Belief in God (“Deus e outras mentes: um estudo sobre a
justificação racional da crença em Deus”), de Alvin Plantinga. Seguiram-se a ele vários
filósofos cristãos, que militaram escrevendo em periódicos eruditos, participando de
conferências e publicando suas obras nas melhores editoras acadêmicas. Como
resultado, a aparência da filosofia anglo-americana se transformou. Embora talvez
ainda seja o ponto de vista dominante nas universidades americanas, o ateísmo hoje é
uma filosofia em retirada.
O argumento cronológico, por exemplo, defende que tudo o que existe tem uma
explicação para sua existência, seja na necessidade de sua natureza ou em uma causa
externa. E, se há uma explicação para a existência do universo, essa é a existência de
Deus. Trata-se de um argumento com validade lógica, já que uma causa externa para o
universo tem de estar além do espaço e do tempo; portanto, não pode ser física nem
material. O argumento cronológico é defendido por estudiosos como Alexander Pruss,
Timothy O’Connor, Stephen Davis, Robert Knoos e Richard Swinburne, entre outros.
Já o argumento cosmológico considera que tudo que começa a existir tem uma causa;
portanto, se o universo passou à existência, também ele tem uma causa. Stuart Hackett,
David Oderberg, Mark Nowacki e João Lucas, o defendem. A premissa básica com
certeza parece mais plausível do que sua negativa – afinal, acreditar que as coisas
simplesmente comecem a existir sem uma causa é pior do que acreditar em mágica.
Ainda assim, é surpreendente o número de ateus que evitam tal explicação.
Tradicionalmente, os ateus defendem a eternidade do universo. Há, porém, muitos
motivos, tanto filosóficos quanto científicos, para duvidar dessa eternidade. Para a
filosofia, por exemplo, a idéia de passado infinito é absurda; se o universo nunca teve
início, então o número de eventos históricos é infinito. Essa idéia é muito paradoxal, e,
além disso, levanta um problema: como o evento presente poderia acontecer se
houvesse um número infinito de eventos para acontecer antes?
Claro que todos esses argumentos são objeto de réplicas e contra-réplicas – e ninguém
imagina que algum dia se chegará a consenso. Na verdade, há sinais de que o gigante
adormecido do ateísmo, após um período de passividade, vai despertando de sua
soneca e entrando na briga. J. Howard Sobel e Graham Oppy escreveram livros grandes
e eruditos criticando os argumentos da teologia natural, e a Cambridge University Press
lançou Companion to Atheism (“Companheiro do ateísmo”) no ano passado. De toda
forma, a simples presença do debate na academia prova como é saudável e vibrante a
visão de mundo teísta hoje.
Fato é que vivemos em uma cultura que continua profundamente modernista. Se não
for assim, não haverá explicação para a popularidade do novo ateísmo. Dawkins e sua
turma são inegavelmente modernistas e até científicos em sua abordagem. Na leitura
pós-modernista da cultura contemporânea, seus livros deveriam ter sido como água
sobre pedra – porém, as pessoas os agarram ansiosas, convictas de que a fé religiosa é
tolice.
Sob essa ótica, adequar o Evangelho à cultura pós-moderna leva à derrota. Deixando de
lado as armas da lógica e da evidência, deixaremos o modernismo nos vencer. Se a
Igreja adotar esse curso de ação, a próxima geração sofrerá conseqüências catastróficas.
O Cristianismo se tornará apenas mais uma voz em meio a uma cacofonia de vozes que
competem entre si – cada uma apresentando sua narrativa e alegando ser a verdade
objetiva sobre a realidade. Enquanto isso, o naturalismo científico continuará a moldar
a visão da cultura sobre como o mundo realmente é.
Uma teologia natural consistente é bem necessária para que a sociedade ocidental ouça
bem o Evangelho. Em geral, a cultura do Ocidente é profundamente pós-cristã – e este
estado de coisas é fruto do iluminismo, que introduziu o fermento do secularismo na
cultura européia. Hoje, esse fermento permeia toda a sociedade ocidental. Enquanto a
maioria dos pensadores originais do iluminismo eram teístas, os intelectuais de hoje,
majoritariamente, consideram o conhecimento teológico impossível. Aquele que se
dedica ao raciocínio sem vacilar até o fim acabará ateísta – ou, na melhor das hipóteses,
agnóstico.
“A reação da apologética cristã tem relação direta com os desafios que o cristianismo
enfrenta, quer na forma de ateísmo militante nas universidades, na internet, em
documentários na televisão ou em livros da lista dos mais vendidos”, diz Strobel, ex-
editor jurídico do jornal Chicago Tribune e, mais recentemente, autor do livro Em
defesa de Cristo – Jornalista ex-ateu investiga as provas da existência de Cristo.
Dinesh D’Souza, que escreveu What’s So Great About Christianity? (“O que há de tão
formidável no cristianismo?”), afirma que os novos ateístas levantam questões que
requerem uma apologética do século 21. “A apologética dos anos 1970 e 80 é útil para
quem ensina no ambiente das igrejas, mas não é relevante diante das alegações dos
novos ateístas, que são muito diferentes”, diz D’Souza. “Os novos ateístas aproveitam a
onda provocada pelos ataques do 11 de Setembro e igualam o cristianismo ao
radicalismo islâmico. C.S. Lewis e Josh McDowell não trataram dessas questões.”
“Ele ficou atônito”, contou Craig. “E comentou: ‘Olho para esse mar de rostos jovens
diante de mim e, quer acredite em Deus ou não, reconheço que alguma coisa está
acontecendo. Nunca vi antes tal interesse em assuntos religiosos na Inglaterra.’”
John Bloom, professor de física em Biola, moderou o que foi chamado de “debate
selvagem” entre o Projeto Inteligente e o darwinismo. Ele afirma que os desafios
recentes ao cristianismo coincidem com o 150º aniversário de publicação da obra
Origem das Espécies, de Darwin. Há, ainda, os ataque à imagem neotestamentária de
Jesus como Filho de Deus. Witherington, professor de Novo Testamento no Seminário
Teológico Asbury, diz que as alegações do Seminário Jesus e outros semelhantes
dispararam alarmes entre os estudiosos ortodoxos da Bíblia.
Uma dessas pessoas foi Evel Knievel, o motociclista ousado que morreu em novembro
de 2007. No início daquele ano, ele havia telefonado para Strobel, depois que um amigo
lhe deu um exemplar de A Defesa de Cristo. Knievel afirmou que o livro foi o
instrumento que o levou a se converter do ateísmo à fé cristã. Strobel, que é fanático
por motocicletas desde a infância, tornou-se amigo de Knievel, e conversava com ele
toda semana por telefone. Strobel conta que ele foi transformado de forma
“surpreendente”: “Sei que a última entrevista que concedeu foi para uma revista só para
homens, e ele acabou em pranto, contando sobre o relacionamento com Cristo que
havia acabado de descobrir”, aponta. De acordo com o escritor, o rapaz se mostrava
imensamente grato. Sabia que havia levado uma vida imoral e se arrependia disso.
“Disse-me muitas vezes que gostaria de poder viver de novo para Deus”, continua
Strobel, “mas que o Senhor preferiu alcançá-lo em seus últimos dias e levá-lo para o
Reino. Ele ficou atônito diante da graça divina. Foi maravilhoso contemplar aquele
machão ousado se transformar em um seguidor de Jesus, humilde, cheio de amor e de
coração sincero”, encerra.