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Sustentabilidade 1

Afinal, o que é sustentabilidade?

Fernando Almeida (*)

O conceito de desenvolvimento sustentável, que tomou forma ao final dos anos


80, após décadas de degradação socioambiental sem precedentes e foi
consagrado em 1992, na Rio-92, continua até hoje mal compreendido.
Sustentabilidade significa sobrevivência, entendida como a perenidade dos
empreendimentos humanos e do planeta. Por isso, o desenvolvimento
sustentável implica planejar e executar ações – sejam elas de governos ou de
empresas, sejam elas locais, nacionais ou globais –, levando em conta
simultaneamente as dimensões econômica, ambiental e social. Mercado +
sociedade + recursos ambientais: esta é a chave para a boa governança.
Não é tarefa simples, pois exige radical mudança de mentalidade. O setor
empresarial moderno tem evoluído rapidamente nesse sentido, impulsionado
em grande medida pelos desejos e tendências dos consumidores, que cada vez
mais recorrem a valores da cidadania, como ética, justiça e transparência, para
tomarem suas decisões de compra. No Brasil, como no mundo, a vanguarda do
setor empresarial não está alheia a essas mudanças e tem procurado
corresponder, aprendendo a pensar e a agir nas três dimensões da
sustentabilidade.
Já o setor governamental, assim como boa parte do setor privado, ainda está
ancorado, quando muito, na visão ambiental, o que é retrógrado e ineficaz. O
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva revela perspicácia ao colocar no
centro das políticas públicas a dimensão social, das três a mais frágil no Brasil.
Mas é preciso mais. Dificilmente, o lamentável panorama social no país mudará
se as políticas e ações de governo não tomarem em consideração,
simultaneamente, os aspectos econômicos e ambientais.
E isso começa pela própria estrutura de governo. A nova administração que
assumirá o país precisa, por exemplo, rever a estrutura herdada na área
ambiental, velha, de três décadas, que não espelha os requisitos da
sustentabilidade. Por outro lado, preocupa que a anunciada criação de um
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social não tenha deixado clara a
inclusão do meio ambiente na equação. A base de recursos ambientais precisa
ser considerada desde a fase de planejamento e implementação. A própria
divisão da equipe de transição governamental em cinco grupos – Gestão e
Governo; Desenvolvimento Econômico; Políticas Sociais; Infra-Estrutura; e
Empresas Públicas e Instituições Financeiras do Estado – já espelha um
conceito superado.
Em outras palavras: para colocar o país no rumo do desenvolvimento
sustentável, a noção de sustentabilidade precisa permear todas as esferas de
governo. Se for confundida com qualquer das suas dimensões isoladamente, o
resultado será a manutenção de uma estrutura fragmentada, em que um
ministério cuida do social, outro do meio ambiente, outro da economia.
Recentemente, tive a rara oportunidade de viajar pelo sertão do Brasil,
percorrendo o interior do Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Pernambuco,
Sustentabilidade 2

Piauí e Tocantins, região que concentra boa parte da fome neste país. Terei
para sempre nas minhas retinas a imagem de bois e vacas estirados ao longo
das rodovias. De longe, os animais pareciam dormir. De perto, verificava-se
que morreram de sede e fome e tiveram suas carcaças preservadas devido à
baixíssima umidade do ar. Eram para mim, a evidência de que qualquer
política socioeconômica para aquela região que não leve em conta as
peculiaridades ambientais estará inviabilizada logo de saída.
É de conhecimento geral que o governo jamais terá condições de resolver
sozinho, males sociais como a fome, muito menos gerar emprego e prover
água para o Nordeste. Vejo, portanto, com grande esperança o amplo contrato
social proposto para a sociedade brasileira. E vejo os três principais atores
atuando de forma sinérgica – governo, empresários e sociedade civil
organizada – para termos resultados palpáveis em curto prazo, até porque a
fome não espera.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
(CEBDS), única organização empresarial no Brasil voltada exclusivamente para
o tema da sustentabilidade, está à disposição para colaborar para que esse
contrato seja sustentável, até porque todos sabemos que não há empresa
saudável em sociedades falidas.

(*) Fernando Almeida, presidente-executivo do Conselho Empresarial


Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.

Fonte: http://www.cebds.com/
Acessado em 25/2/2003
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