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FERNANDO SIMÃO
PONTA GROSSA
2004
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FERNANDO SIMÃO
PONTA GROSSA
2004
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TERMO DE APROVAÇÃO
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção de título de Graduação no Curso
de Direito da Faculdade de Direito dos Campos Gerais – CESCAGE – Ponta Grossa – PR, pela
banca examinadora:
Em primeiro lugar, aos meus pais, Adilson e Elizabet, maiores entusiastas, quem sempre
A minha irmã, Michelle, pois nos momentos críticos, me estendeu a mão em sinal de grande
amizade.
A Vânia, eterna companheira, grande amor, a pessoa que realmente mostrou o valor do
incontestável, quem estendeu a mão e depositou em mim confiança, além de transmitir todos os
Aos meus amigos, todos aqueles que chegaram até aqui, os que já alcançaram a
Deixo também o meu agradecimento a todos os que contribuíram para que este trabalho
(Autor desconhecido)
RESUMO
Este trabalho enfoca o estudo no Direito de Filiação, quando este vínculo advém de
um processo de inseminação artificial heteróloga.
Esta técnica de inseminação artificial utiliza para a sua concepção material genético de
doador estranho ao casal.
Ocorrendo isto, vem ao mundo do direito uma série de problemas decorrentes desta
dupla filiação, pois ao mesmo tempo que este filho é geneticamente estranho a pelo menos
uma das partes do casal, também é aceito por ambos, como seu filho.
Para que seja alcançado o objetivo deste estudo foi necessário discorrer sobre
inúmeros temas inerentes ao foco principal do trabalho.
Logo, para que o estudo seja mais bem compreendido, é necessário falar sobre a
Reprodução Assistida. O texto aborda aspectos como a sua evolução histórica, e de forma
mais aprofundada, uma das suas modalidade, a inseminação artificial.
Quanto ao local, a fecundação pode ocorrer tanto in vivo como in vitro. Logo se o
material genético for doado pelos próprios pais, temos a Inseminação Artificial Homóloga,
porém, se for utilizado material genético doado por terceiros, temos a Inseminação Artificial
Heteróloga.
Por fim é feita uma breve análise sobre os embriões excedentários, por serem estes um
dos maiores problemas quando se trata de inseminação artificial, tratando também das regras
quanto a sua utilização, doação e armazenamento.
ABSTRACT
This paperwork focus the study at Filiation Right, when this entail comes from a
process of artificial insemination.
7
This technique of artificial insemination uses for its conception genetic material
donator not the one from the couple.
Whem that happens, a series of problems currents of this couple filiation comes to the
law’s world, because at the same time that the descendant is geneticly strange to at least one
part of the couple, also is accepted by both as theirs descendant.
To get the objective of this study it was necessary to discourse about inumerous topics
concearning at the principal topic of the paperwork.
Concearning the Filiation, we are going to make a complete analysis of this institute,
characterizing if on all its aspects.
Therefore, for the study to be better understood, it’s necessary to write about the
Attended Reproduction. The text explains aspects as its historic evolution, in its deeper form,
one of its kind, the artificial insemination.
The artificial insemination has many sub classifications according to the local in wich
the fecundation is done and the origin of genetic material.
About the place of the fecundation can occur either in vivo, or in vitro. Therefore if the
genetic material has been donated by the proper parents, we have the Lateral Artificial
Insemination, even so, if we use genetic material donated by a third part, we have the Bilateral
Artificial Insemination .
Summing it up, a soon analysis is made about the exceeding embryos, because they
are one of the biggest problems when artificial insemination is use, treating also of the rules
about their utilization, donation and storage.
In all the studied points, the doctrine positions and the legislation referring to the
theme are always focused, finding possible solutions for the possible conflicts that can appear,
that can come from of the use of this techniques.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 11
1. Epistemologia........................................................................................ 12
2. Evolução Histórica da Filiação.............................................................. 13
2.1. Filiação no Direito Nacional........................................................... 15
2.2. Filiação e o Novo Código Civil ...................................................... 17
3. Evolução Histórica da Reprodução Assistida ....................................... 21
.
CAPÍTULO II: Filiação e Formas de Reconhecimento ............................. 22
1. Filiação ................................................................................................. 22
1.1. Filiação Matrimonial ...................................................................... 23
1.2. Filiação Não-matrimonial .............................................................. 25
2. Formas de Reconhecimento ................................................................ 30
2.1. Ação de Investigação de Paternidade .......................................... 30
2.2. Ação de Investigação de Maternidade ......................................... 31
aluguel ........................................................................................................... 43
5.1. Sub-rogação de útero cumulada com inseminação artificial
homóloga . ........................................................................................................................ 44
5.2. Sub-rogação de útero cumulada com inseminação artificial
9
heteróloga ........................................................................................................................ 44
Heteróloga .............................................................. 46
Mãe ............................................................................................ 47
1.1. Embrião heterólogo em útero de mãe afetiva............................... 47
1.2. Embrião heterólogo em útero sub-rogado .................................... 48
2. Direito de Filiação em relação à Inseminação Artificial Heteróloga de gametas do
Pai .............................................................................................. 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 60
ANEXOS........................................................................................................ 62
10
11
INTRODUÇÃO
sendo abordada a sua origem, evolução histórica, conceitos atuais, bem como a sua
casais que não podem ter filho através do método convencional, de tê-los. Estas
técnicas são chamadas de Reprodução Assistida, a qual tem sua evolução histórica
Assistida, que a Inseminação Artificial, que por sua vez se subdivide em duas, quais
de óvulo.
Por fim há uma reflexão, relacionando o Direito de Filiação com o uso destas
da Reprodução Assistida
1. Epistemologia
pessoas que deram vida a um ente humano, logo, em sentido amplo, é utilizado para
A filiação é definida como relação que une uma pessoa àquelas que a
geraram.
Para fins de estudo o instituto da filiação não pode ser apartado de outros
pais e mães biológicos (material genético), e pais e mães por opção afetiva (sem
Sendo a filiação algo mais do que uma simples relação entre pais/mães e
filhos esta deve ser encarada sob sua ótica natural, jurídica e afetiva.
os membros da família era a religião do lar. Sendo assim, aquele filho que
esta.
Deste modo cabia ao pai acolher o filho ou não. Se este negasse ao culto do
seu antecessor seria excluído da família, da mesma forma um terceiro que adotasse
o culto e os deuses domésticos, seria aceito pelo pai como seu herdeiro, uma vez
que o vínculo religioso era tão forte que o filho que negasse o culto não tinha direito
desenvolvimento do filho.
14
de herança.
classes de filhos, sendo os iusti (ou legitimi), que são os havidos do casamento,
família do pai.
formação e menos de dez meses após a dissolução, é f ilho legítimo do casal. Tal
entre o poder que o pai tinha sobre o filho, e os poderes inerentes a sociedade e sua
aos demais.
15
do catolicismo, uma vez que no Brasil Colônia esta era a religião predominante.
Ordenações do Reino. Isto veio a ser abolido com a Lei nº 463 de 02 de setembro de
1847.
Este Código adotou postura rigorosa em relação aos filhos ilegítimos naturais
dividido em dois grupos: os adulterinos, onde um dos pais é casado com outra
pais, legitimando-os.
de paternidade.
direitos e deveres dos filhos legítimos e naturais, revogando-se assim o §1º do artigo
vigência do matrimônio.
A igualdade entre os filhos veio com a CF/88, que em seu artigo 227,§6º, pôs
que uma criança não contivesse, em seu registro o nome do pai, esta será enviada
ao juízo competente). Tal lei também veda qualquer menção a natureza da filiação
decorrentes do Código Civil de 2002, é o Direito de Família, sendo estas fruto das
artigo 1511, onde “dispõe que o casamento estabelece a comunhão plena de vida e
institui a família”. Esta redação se confronta com a Carta Magna vigente que rompeu
suprimida a expressão filiação “legítima”, para filiação somente. Este primeiro artigo
Cabe ressaltar que esta última alteração é tímida, pois o artigo 1597, V do
onde aceitando o fato, o marido assume a filiação não podendo contestá-la; sendo
artificial homóloga, nos casos de viuvez ou separação, o que impõe ao então marido
núpcias subseqüente.
para adaptar-se ao texto constitucional uma vez que a expressão “ilegítimo” foi
grau de irrevogabilidade mesmo sendo feito através de testamento (art. 1610 CC).
O capítulo IV trata da Adoção, que não traz muitas inovações, uma vez que a
parágrafo único permite que casais recentes, com um dos cônjuges maior de 18
perante o ato para validá-lo, desde que este tenha mais de 12 anos de idade.
tenha sido iniciado antes da separação de fato do casal, conforme artigo 1622 do
Código Civil.
O artigo 1626 atribui condição de filho ao adotado, desligando este dos seus
adotado.
E finalizando este capítulo do Código Civil, artigo 1629 dispõe apenas que a
adoção por estrangeiro obedecerá aos casos e condições que a lei estabelecer.
21
de fecundação, que não o ato sexual. Como demonstração disto temos muitos casos
na mitologia, tal como Ates, que teria colhido uma amêndoa e colocado em seu
ventre (Grécia); além deste há a bíblica Maria mãe de Jesus, a eterna virgem, e por
fim a lenda amazônica do boto que engravida as mulheres que lhe olham.
biólogo inglês teve sucesso pela primeira vez realizando uma fecundação por
1884, através de Pancoast, médico inglês, ocorreu pela primeira vez a inseminação
Estados Unidos.
que pode ser homóloga, heteróloga e post mortem, a fecundação in vitro e as “mães
1. Filiação
corpo da mulher. Segundo o artigo 2º do Código Civil, a lei põe a salvo os direitos do
paternidade nos casos em que os bebês não são, geneticamente, filhos do homem e
uma vez que juridicamente não há distinção entre filhos, atendendo o disposto no
nascimento do filho.
1
DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 5 : direito de família – 18. Ed. aum. E atual.
De acordo com o novo Código Civil. São Paulo : Saraiva, 2002.
23
natural.
Filiação Matrimonial
anulado, segundo os artigos 1561 e 1617 do Código Civil. Diante disto, vê-se que o
casamento não deve ser anterior somente ao nascimento, pois deve se levar em
conta à concepção, uma vez que pode ocorrer que o filho seja concebido antes e
casamento, os filhos nascidos 180 dias após o início da vida conjugal ou dentro de
presunção.
quando:
autorização.
Pelo artigo 1600 do Código Civil, “não basta o adultério da mulher, ainda que
adultério o filho pode ser do marido, não cabendo a este recusar a paternidade com
base em dúvidas, sendo que a alegação de adultério pode servir como prova
seu adultério constitui prova contra a paternidade de seu filho, artigo 1602 do Código
Civil.
menor, não podendo ser representado pelo próprio autor, que seria seu
representante legal, o juiz da causa nomeia um curador “ad hoc”, devendo oficiar o
Ministério Público. A mãe, embora não seja parte da lide, poderá intervir para assistir
nascimento.
paternidade, pois pelo artigo 1601, “in fine”, do Código Civil, essa ação é
imprescritível.
filiação.
Mas não podemos esquecer que se prova a filiação das seguintes formas:
25
filho, sendo que da sua morte seus herdeiros poderão movê-la por possuir
didaticamente em:
assim, o matrimônio.
de filho incestuoso.
presunção juris tantum do artigo 1567 do Código Civil, que considera filhos do casal
Civil4.
É ato pessoal dos genitores, não podendo ser exercido por avô ou tutor
caso em que cabe a eles consentir o ato de reconhecimento, artigo 1609, parágrafo
2
GOMES, Orlando, op. Cit. P.384-5, citada por, CHAVES, Antonio, Filiação ilegítima, cit., v. 37, p.
290, citado por, BOSCARO, Márcio Antonio, Direito de Filiação. São Paulo : Editora Revista dos
Tribunais, 2002.
3
CHAVES, Antonio, Filiação ilegítima, cit., v. 37, p. 291, citado por, BOSCARO, Márcio Antonio,
Direito de Filiação. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2002.
4
CHAVES, Antonio, Filiação ilegítima, cit., v. 37, p. 290, citado por, BOSCARO, Márcio Antonio,
Direito de Filiação. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2002.
28
legais.
do registro.
revogado o testamento.
para este fim pelo filho, tendo caráter personalíssimo, embora os herdeiros do filho
podem continuá-la.
Esta ação pode ser ajuizada contra o pai ou a mãe, ou contra os dois desde
com o artigo 1605 do Código Civil esta pode ser contestada por qualquer pessoa
A sentença tem eficácia absoluta, sendo que a de primeiro grau deverá fixar
Formas de Reconhecimento
civil.
patrimoniais”.
interessado pode ingressar em juízo para investigar sua paternidade biológica por
que o pai é quem está casado com a mãe de maneira absoluta, substituindo-se a
b) prova testemunhal;
31
c) exame prosopográfico;
d) exame de sangue;
e) DNA;
f) exame odontológico.
ou seus herdeiros. Quem propõe é o próprio filho, ou seu representante legal se for
incapaz.
suposto filho falecer antes de intentá-la seus herdeiros poderão fazê-la, bem como
pais;
anuência do cônjuge;
1. Introdução
casais que não podiam gerar filhos, o façam através da “Reprodução Assistida”.
O termo reprodução assistida é utilizado pelo Prof. Boscaro5, uma vez que
engloba todas as técnicas de fecundação que ocorrer por forma diversa da relação
sexual.
sentido de ser juridicamente reconhecida, uma vez que o doador não tem interesse
cônjuge que consente com a realização da técnica, criando assim uma verdade ficta,
5
BOSCARO, Márcio Antonio, Direito de Filiação. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2002.
33
gerada. Também dispõe que os dados dos doadores são mantidos em sigilo para
futuramente ser entregue à criança, se ela assim o desejar, afastando o direito dos
companheiro não é exigida, porém como já tratado, o artigo 1597, V do Código Civil
heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido, deixando assim de fora
artificial heteróloga, é também a proibição desta técnica em mulher não casada, bem
reprodução assistida.
do cônjuge companheiro.
do CFM, porém indo além, proibindo expressamente o uso deste tipo de reprodução
eugênicas.
gametas, prevendo apenas a hipótese de revelação por motivação médica, tal qual a
resolução do CFM, porém a revelação não constitui nova relação de filiação. Está
35
prevista que a técnica deve conter reais possibilidades de êxito e não podem
Toda mulher independente do estado civil deve assinar termo de ciência dos
técnicas.
Reprodução Humana Assistida. E ao seu fim traz um rol de crimes punidos com
por pessoas não casadas ou pessoa solteira. Esta lei visa regulamentar o § 7º do
Nesta lei está disposto que o SUS, Sistema Único de Saúde, é obrigado a
Constituição Federal, onde estão elencadas regras que podem ser aplicadas para
destinados a servir como material biológico disponível (inciso V). Também tipifica
defende um controle ético, pois tais técnicas evoluem rapidamente, não podendo, a
lei, prever o futuro destas relações, devendo atentar para que não sejam criados
Neste caso não estão sendo respeitados, segundo Prof. Álvaro o direito da
paternidade.
8
Artigo publicado na revista Bioética, n. 2, sob o título Limites éticos da intervenção sobre o ser
humano, p. 101-115, citado por, BOSCARO, Márcio Antonio, Direito de Filiação. São Paulo : Editora
Revista dos Tribunais, 2002.
9
AZEVEDO, Álvaro Villaça, Ética, direito e reprodução assistida, Homenagem a Carlos Henrique de
Carvalho, p. 154, citado por, BOSCARO, Márcio Antonio, Direito de Filiação. São Paulo : Editora
Revista dos Tribunais, 2002.
10
GOMES, Luiz Roldão de Freitas, Questões jurídicas em torno da inseminação artificial, Revista de
Direito Civil 56/103-111, citado por, BOSCARO, Márcio Antonio, Direito de Filiação. São Paulo :
Editora Revista dos Tribunais, 2002.
37
Outra questão que surge diante destas técnicas é o destino dos embriões
útero da mãe não é nascituro, podendo ser descartado por não ter direitos a serem
preservados.
humana se inicia com a concepção, logo o nascituro já deve ser considerado uma
material genético ou com o corpo gerando assim uma infinidade de litígios quanto à
engravidar, e ainda o direito do doador de saber como foi utilizado o material doado,
direito da personalidade.
não deve ter tudo como absoluto, uma vez que este é inerente aos direitos do novo
ser em geração. Atesta que é irrelevante o consentimento do marido, uma vez que o
11
ASCENSÃO, José de Oliveira, Problemas jurídicos da procriação assistida, RF 328/69-80, citado
por, BOSCARO, Márcio Antonio, Direito de Filiação. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2002.
38
da paternidade, uma vez que a presunção é afastada de forma objetiva pelo exame
de DNA.
Na França, esta técnica é regulada pela lei 94-564/94, a qual exige que o
casal conviva pelo menos dois anos, e que ambos estejam vivos a época da sua
armazenar gametas por até cinco anos, e estes podem ser doados a outros casais,
Esta é a técnica que menos gera problema quanto à filiação, pois apesar de
concepção são os dos pais biológicos e afetivos da criança, não havendo confusão
alguma.
surgem alguns problemas, pois o artigo 1597, inciso III, ao dispor sobre as
casamento aqueles nascidos até 300 dias após a dissolução da sociedade conjugal,
sendo neste caso, por morte. Diante disto, se passados os 300 dias, e a viúva
resolver realizar o tratamento, como fica do direito a filiação do nascituro, uma vez
a sua vontade de que seja realizada a inseminação e que este que virá, é seu
herdeiro, declarando neste ato a sua paternidade. A segunda alternativa seria a via
DNA.
podemos dizer que teoricamente é possível, uma vez que estejam armazenados
embriões excedentes, e que haja alguma parente até segundo grau disposta a gerar
o bebê.
40
à filiação uma vez que, o pai biológico da criança gerada é diferente do pai afetivo,
anteriormente citada.
gametas doados, passando assim a ter todos os direitos que um filho biologicamente
legítimo teria.
realiza a inseminação. Neste caso temos uma criança, que é biologicamente filho de
uma pessoa que não tem responsabilidade alguma sobre ela, e afetivamente filho de
12
MOREIRA FILHO, José Roberto, Direito a Identidade Genética,
www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp., em 30/4/2002.
41
4. Fecundação in vitro
corpo da mulher, ou seja, in vitro. Uma fez fecundado, o embrião é implantado nas
trompas ou no útero da futura gestante. Esta técnica, tal como a fecundação in vivo
Esta técnica é a que menos problemas traz ao Direito, uma vez que no
são os próprios pais biológicos da criança a ser gerada, sendo somente o método de
concepção diferenciado.
afirmam o seguinte:
13
ALDROVANI, Andréa e FRANÇA, Danielle Galvão de, A Reprodução Humana Assistida e as
Relações de Parentesco, artigo publicado na Revista Prática Jurídica, nº 7, de 31 de outubro de 2002,
p. 34-43
42
É nesta técnica que diferença desta para a fecundação in vivo é o local onde
da futura gestante.
terceiros estranhos ao casal, causando assim uma diferença entre filiação biológica
e a afetiva.
43
1358/92, em sua Seção VII, onde estabelece que só poderá ser utilizada a sub-
a gestação da pretensa mãe. Dispõe também que a gestante tem que ser parente de
até segundo grau da doadora genética e que não pode ter fins lucrativos ou
comerciais.
que se tem bem claro quanto a este tema é que não pode haver caráter lucrativo,
nem tampouco contrato entre as partes, pois pessoas não podem ser objeto de
14
BARBOZA, Heloisa Helena, O Estabelecimento da Filiação, p. 88, citado por, BOSCARO, Márcio
Antonio, Direito de Filiação. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2002.
44
O principal problema que o uso desta técnica nos traz é a diferença entre a
das demais.
homóloga
terceira pessoa foi fecundado com sêmen do pai afetivo, e óvulo da mãe afetiva,
heteróloga
Estas diferenças se dão por utilizar-se um útero para a gestação, onde pode
que pretendem o filho recebem um embrião doado, sendo estes dois geneticamente
Heteróloga
paternidade e à maternidade.
47
gametas da Mãe
que é infértil ter um filho. Isto só é possível graças à ciência que evoluiu e criou
um embrião que será implantado no útero da mãe afetiva para que gere o seu filho.
A segunda hipótese difere-se da primeira, quando além de infértil a mulher não tem
terceira pessoa para que o filho se desenvolva pelos nove meses de gestação. Aqui
temos uma situação mais grave, pois além da mãe não ser genética, também não é
a mãe gestacional.
biológica. Porém o Código Civil de 2002, em seu artigo 1597, trata apenas da
Nada mais justo e objetivo do que aplicar a mesma regra para ambos os
sexos, uma vez que a mesma técnica pode ser utilizada em homens e mulheres.
48
diferente da mãe biológica. Neste caso há escopo para que a mãe negue-lhe a
maternidade, ou que seja provado contra ela que o filho biologicamente não é seu.
desse o seu consentimento por escrito, donde em diante seria declarada a filiação,
afastando a possibilidade de ser negada ou contestada por quem quer que seja.
nacional, é totalmente possível que uma pessoa originada por esta técnica venha a
direitos, sendo que o direito à personalidade é indisponível, o que não ocorre com o
sigilo do doador, o qual até pode ser quebrado em casos de necessidade médica.
o exemplo exposto.
do marido da mãe afetiva, sendo que esta além de infértil não possui condições de
existe a máxima “mater semper certa est”, ou seja, que a mãe é sempre certa, uma
vez que quem pariu é a mãe. Porém na época desta máxima nem sequer imaginava
deu o parto, vem preenchida com o nome da parturiente e não da mãe afetiva e
biológica. Assim que esta D.N.V. for levada ao Cartório de Registro Civil, a Certidão
criança é também a sua mãe biológica, restando à mãe afetiva, apenas o vínculo
maternidade.
seguinte:
50
inseminação artificial heteróloga, fica sempre a dúvida de o que ser feito em relação
à verdade.
Não seria justo e nem deixaria tranqüila a consciência dos pais se estes
substituição”.
sentido deve se levar em conta a analogia com as leis referentes à paternidade, mas
também não pode ser esquecido o intuito do casal quando busca estas técnicas, o
qual é ter o seu filho, já que não foi possível pela via normal, então o fizeram com o
auxílio da ciência. Deve ser levado em conta: quem teve a iniciativa e a vontade
de trazer a nova vida, pois são estes os que têm a responsabilidade pela sua
vinda ao mundo.
15
O.p. cit. p. 41.
51
gametas do Pai
reforma do Código Civil de 2002, adveio a nossa legislação uma disposição quanto a
este tema.
que depois de nascer não seja abandonado pelo seu pai afetivo, alegando não ser o
seu pai.
16
VENOSA, Silvio de Salvo, A Reprodução Assistida e seus aspectos legais, artigo disponível em
www.escritorioonline.com.br, acessado em 18/04/2004
52
estudo, há a necessidade de que toda esta análise seja feita com o uso do bom
senso.
Por ser uma técnica onde se utiliza material genético de um doador para que
maiores conflitos que assombra a mente destes pais, é se contam ou não ao seu
Se o casal resolve contar ao filho, este pode revoltar-se contra os pais, e até
afetiva.
personalidade, que é bem definido por Caio Mario Pereira da Silva, tal como segue:
inerente à pessoa humana. Tal direito não pode ser afastado da pessoa, uma vez
17
SILVA, Caio Mário Pereira da, Direitos da personalidade. Revista da Academia Brasileira de Letras
Jurídicas, nº 60, 1994, p. 120, citado por, PIÑEIRO, Walter Esteves e SOARES, André Marcelo M.,
Bioética e Biodireito, uma introdução. São Paulo : Edições Loyola, 2002, p. 109.
53
por ser irrenunciável e imprescritível. Sendo assim a qualquer momento da sua vida,
por sua simples vontade, esta pessoa pode buscar a sua verdadeira identidade.
Desta forma fica mais bem evidenciado que o direito de saber sua real
o rol que forma este direito é aquele que dá o mínimo de sustento ao conteúdo da
personalidade.
o direito de saber de quem se é filho não pode ser negociado, muito menos por uma
terceira pessoa, antes mesmo da sua concepção. Pois do contrário, este seria um
ser que viria ao mundo, com um dos principais “ingredientes” da sua personalidade
negociado, sobre sigilo, ficando por conta dos seus pais afetivos a decisão de
18
CUPIS, Adriano de, I diritti della personalità, p. 18, citado por, PIÑEIRO, Walter Esteves e SOARES,
André Marcelo M., Bioética e Biodireito, uma introdução. São Paulo : Edições Loyola, 2002, p. 110.
19
SGRECCIA, Elio, Manual de Bioética, I – Fundamentos e Ética Biomédica. São Paulo : Edições
Loyola, 1996, p. 415.
54
Podemos afirmar que uma boa parte destes problemas poderia ser
evolução da sociedade.
da Suécia, onde desde 1985 existe uma lei dispondo que os dados do doador serão
genética.
lo o próprio titular, que neste caso terá os motivos ou não para buscar esta pessoa.
fazendo com que antes de adotarem esta técnica, reflitam sobre o assunto, e que
palavras do Prof. Venosa já citadas, onde este assegura que ao passo que os
conflitos surjam, o direito irá superá-los, e com o tempo se tornará costume do povo,
tendo como passo seguinte a positivação, em vista que os costumes são uma das
Quando utilizada esta técnica, são fecundados vários embriões, sendo que
nem sempre os que são implantados acabam fixando-se no útero e vindo a tornar-se
uma gestação. Para assegurar que isto ocorra, e para que não seja necessária a
coleta de material toda vez que for necessário implantar embriões, estes são
congelados e armazenados.
20
CENEVIVA, Walter, Direito dos Mortos e dos Vivos. Questões jurídicas em torno da Inseminação
Artificial. Revista de Direito Civil. São Paulo, n.056 p., citado por, CARLIN, Volnei Ivo, Ética &
Bioética, Novo Direito e Ciências Médicas. Florianópolis : Terceiro Milênio, 1998, p.131.
56
concepções já são vidas. É sabido que há uma seleção natural dos embriões que
são implantados, uma vez que nem todos seguirão na gestação. Porém, neste caso
crime de homicídio, uma vez que tais embriões não terão sequer a oportunidade de
fazer com estes embriões? Será que é lícito ou não destruí-los? Por quanto tempo
única menção ocorre em projetos de lei que visam proibir a comercialização destes
A partir da hora em que seja envolvida negociação pecuniária, ou que alguém aufira
armazenados os embriões, só se sabe que não é permitida a sua destruição, por ser
21
DINIZ, Maria Helena, A responsabilidade Civil por Dano Moral. Revista Literária de Direito, jan/fev
1996. p. 10 e 11, citado por, CARLIN, Volnei Ivo, Ética & Bioética, Novo Direito e Ciências Médicas.
Florianópolis : Terceiro Milênio, 1998, p.131.
57
Disposição legal consoante ao tema está no artigo 1597, inciso III do Código
isto pode ocorrer, porém é aceito por parte da doutrina e da jurisprudência que este
prazo não pode ser superior que 300 dias (art. 1597, II, CC), para efeitos
sucessórios. Para que se prove a filiação, se esta não foi declarada em testamento,
falecido.
poderão ficar armazenados estes embriões, tal como na França onde o prazo
mundo que dê algum destino aos embriões, a não ser a colocação destes à
sociedade, nada mais correto do que esta ciência estudá-lo para poder melhor
regulamentá-lo.
ser reconhecido o seu valor perante a sociedade, pois possibilitou a inúmeros casais
que não podiam ter seus filhos, que os tivessem, e sendo seus pais o mais “legítimo”
possível. Porém este estado de filiação não é absoluto, uma vez que a inseminação
módico em relação ao tema, garantindo à criança oriunda desta técnica, que tempos
após o seu nascimento o seu pai afetivo venha negar-lhe a paternidade alegando a
inseminação. Esta técnica pode ser utilizada não só com o sêmen, mas também
aluguel”, que tem por regra expressa, apenas coibir o uso comercial desta técnica e
atualmente podem não causar tanta preocupação, porém daqui a vinte ou trinta anos
situações descobertas pela lei. Porém deve-se analisar que quanto maior a demora
não pode simplesmente parar no tempo, e esperar que as regras surjam para que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CARLIN, Volnei Ivo, Ética & Bioética, Novo Direito e Ciências Médicas.
Florianópolis : Terceiro Milênio, 1998.
WALD, Arnoldo, O novo direito de Família – 13. Ed. ver., atual. e ampl. pelo
autor. – São Paulo : Saraiva, 2000.
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ANEXOS
anseio de superá-la;
procedimentos tradicionais;
RESOLVE:
Presidente
Secretário-Geral
ASSISTIDA
I - PRINCÍPIOS GERAIS
descendente.
não deve ser superior a quatro, com o intuito de não aumentar os riscos já existentes
de multiparidade.
1 - Toda mulher, capaz nos termos da lei, que tenha solicitado e cuja indicação não
se afaste dos limites desta Resolução, pode ser receptora das técnicas de RA,
consentimento informado.
TÉCNICAS DE RA
e pré-embriões.
biológico humano que será transferido aos usuários das técnicas de RA, com a
doador tenha produzido mais que 2 (duas) gestações, de sexos diferentes, numa
pré-embriões.
sua vontade, por escrito, quanto ao destino que será dado aos pré-embriões
1 - Toda intervenção sobre pré-embriões "in vitro", com fins diagnósticos, não
2 - Toda intervenção com fins terapêuticos, sobre pré-embriões "in vitro", não terá
outra finalidade que tratar uma doença ou impedir sua transmissão, com garantias
DO ÚTERO)
doadora genética.
genética, num parentesco até o segundo grau, sendo os demais casos sujeitos à