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José Rabelo
Foto capa: Nerter Samora
Maria das Graças, na sua simplicidade, justificou que ainda paira sobre o crime
muito mistério. “Ainda há muitas perguntas que precisam ser respondidas. Há uma
série de erros processuais em torno do caso”. Ela defende que a federalização do
crime poderá esclarecer de uma vez por todas que se trata de latrocínio e não
crime de mando. “Tem muita gente que continua a insistir que o crime é de mando
para evitar que a verdade venha à tona. Se essas pessoas estão com a
consciência tranqüila, elas deveriam apoiar a federalização”, sustenta.
Durante o seminário, Martins pediu a punição dos “supostos” mandantes do crime
que continuam em liberdade. O advogado, apoiado à unanimidade pelos
convidados e amigos que palestraram no evento, exigiu que o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) seja mais célere para que os “mandantes” do crime – juiz Leopoldo
Teixeira, coronel Walter Ferreira e o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista,
o Calu - sejam levados a júri popular.
Com a ajuda da imprensa, que estava disposta a “crucificar” Maria das Graças
como a “carrasca do ano”, os palestrantes, sempre em tom de indignação, criaram
um divisor de águas em torno da polêmica. Do lado do bem, da Justiça, dos
homens probos, estão as pessoas que são contra a federalização; já os que
teimam em questionar as circunstâncias que cercam o crime e a tese de mando,
estão “a serviço” do crime organizado e “trabalhando” para inocentar culpados.
Gazir foi mais incisivo nas críticas. “Causa estranheza os questionamentos dessa
mulher. Dizer que pessoas desse naipe são inocentes... É uma ação de
oportunidade que visa a descaracterizar as acusações. É só uma dúvida: mas
talvez tenha interesse financeiro no meio”, suspeitou o promotor.
Maria das Graças Nacort disse que vai responsabilizar o promotor pelas
insinuações de que ela teria recebido dinheiro para dar andamento ao pedido de
federalização do Caso Alexandre. “Fiquei indignada quando soube do infeliz
comentário do promotor. Ele vai ter que provar que eu recebi dinheiro para fazer a
denúncia. Ele não tem o direito de fazer uma acusação leviana contra uma mulher
que tem um trabalho reconhecido na defesa de direitos humanos neste Estado há
mais de uma década. Vou processá-lo por isso”, avisou.
Para desqualificar a presidente da Amafavv, Gazir ainda disse que Maria das
Graças já havia posto a Justiça em xeque no julgamento dos policiais acusados de
assassinar seu filho, Pedro Nacort. O promotor deu a entender que a militante era
fadada a arranjar confusões infundadas com a Justiça. Ele não explicou aos
presentes, porém, que o júri popular do julgamento dos acusados de matar Pedro
Nacort foi anulado, após Maria das Graças questionar a parcialidade do júri. Em
outubro de 2009, a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado
(TJES) anulou a absolvição dos policiais militares acusados de matar Pedro
Nacort. O desembargador José Luiz Barreto Vivas, relator do processo, votou pela
anulação do julgamento. De acordo com o relator, as provas encontradas ainda
apontavam dúvidas quanto à autoria do crime
Antônio Abikair, foi outro que se indignou com o pedido de federalização do crime.
O diretor da FDV declarou ao jornal A Gazeta que a hipótese levantada por Maria
Das Graças era “absurda e vergonhosa". E acrescentou: "O que me deixa muito
triste é ver que a mãe de uma vítima [Pedro Nacort] se preste a um papel dessa
ordem, de pedir ao MPF uma federalização, que nada mais é que uma
procrastinação".
Na análise do juiz federal Américo Bedê, o pedido de federalização além de
incabível é inconstitucional. Ele adverte que a emenda constitucional que prevê a
federalização é de 2004, portanto, posterior a morte do juiz.
Além de ser achincalhada pela “banda do bem”, Maria das Graças Nacort recebeu
críticas também do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH), que saiu em
defesa da “versão do bem”. Por meio de nota, o presidente do CEDH, Bruno Alves
de Souza, esclareceu que as entidades que integram o conselho “não comungam
do pedido de federalização do processo que apura o assassinato do juiz Alexandre
Martins de Castro Filho”.
“Agora, por intervenção de uma vendedora de picolé, Maria das Graças Nacort, o
cenário promete mudanças. Inconformada com a covardia feita a dois sargentos
da PM capixaba (Ranilson e Valêncio), colocados na trama diabólica, tornados
intermediários, condenados, execrados pela opinião pública e pela imprensa
corporativa, expulsos da PMES e sem terem nenhum tipo de participação no crime
de latrocínio, ela promete não descansar enquanto a verdade não vir à tona”,
registra Assumção.
Constitucionalidade
A partir de agora, MPF/ES vai reunir e enviar todos os autos do Caso Alexandre ao
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para que ele tenha subsídios para
embasar eventual pedido de federalização do crime.
Fonte: SéculoDiário