Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
arte românica
Resulta da síntese da arte ocidental da alta Idade Média e da arte do Oriente. Tem início em
Borgona no sec XI e vai até ao sec. XIII. É a primeira arte de dimensão europeia e sofre a
influência de árabes, bizantinos, celtas e germânicos.
Arquitectura românica
A divulgação do estilo românico é acompanhada pela difusão das técnicas de construção que
lhe são próprias. São trabalhos bem pagos, que implicam grande movimentação de operários e
de materiais. Existe grande variabilidade na qualidade da pedra e esta é escolhida em função
do seu destino: edificação ou decoração. O tijolo é pouco utilizado entre nós aparecendo na
época gótica em vários castelos. A taipa, feita com barro rico em cal e pequenas pedras, e
moldada por cofragens, vulgariza-se a partir do sec. XII no Alentejo e no Algarve, na
construção de muralhas e de castelos. Utiliza-se também uma enorme quantidade de madeira
para interiores, portas soalhos, coberturas, escadas, andaimes e arranjos finais.
As igrejas começavam a construir-se pela cabeceira e logo que o corpo da igreja estivesse
delimitado pelas paredes exteriores criava-se o altar e abria-se o edifício ao culto.
Compreende dois componentes: o espaço e a função. Qual o espaço a criar para a função
correspondente à religiosidade cristã e mentalidade do homem românico? Função
essencialmente simbólica, mas que obriga a uma forma especifica de organização no espaço
durante a liturgia: para o celebrante, as relíquias, as procissões e o coro. Este novo modelo
espacial responde melhor ao espírito da liturgia romana então implementado, mais teatral.
Cuida também melhor do aspecto exterior do edifício, é feita para também ser admirada por
fora. É um símbolo de robustez e estabilidade, um edifício capaz de proteger a população da
violência exterior. A substituição dos telhados de madeira por pedra (incêndios, dignidade) dá
origem aos tectos em abóbada; da conjugação de todos estes factores nasce a igreja românica
basilical, com um corpo de uma ou mais naves e uma cabeceira, mais ou menos desenvolvida
que pode ser acompanhada de transepto; humilde nos meios rurais de pequenos recursos ou
grandiosa quando iniciativa de ordens religiosas opulentas por doações régias e/ou nobres.
Diferentes correntes de inspiração e diversidade geográfica geram grande variedade de
soluções. Bacia do Lima, braga (sec. XI) e Coimbra (mais europeu, caracterizado pela unidade
e diversidade). Em Portugal mais de 80% tem uma cabeceira com uma única abside,
quadrangular em mais de 85% dos casos. Maioritariamente com cobertura de madeira e,
quando em pedra, com abóbadas de dois tramos, separadas por arcos torais.
Inicialmente, predomínio de espaços com divisões bem marcadas por cancelas para posterior
abside geralmente semi-circular que, juntamente com os pilares e os arcos que separam as
naves estabelecem uma relação orgânica entre os diversos espaços. A zona da cabeceira é
reforçada pelos transeptos e as abóbadas de berço (centrais) e de arestas (laterais)
descarregam o peso nos contrafortes exteriores; no interior, o peso é dividido pelo muro, arcos
e pilares. Os arcos de reforço, ou torais, substituem a coluna no papel de suporte. Iluminação
indirecta, com zonas de penumbra, faz-se através de frestas no fundo da abside e da fachada;
por vezes, nas naves laterais existem janelas de maior dimensão.
Românico rural
Igrejas de 3 naves
Igrejas de uma nave – menos predominantes, são iniciativa das ordens religiosas no processo
de repovoamento, fruto de doações e testamentos da nobreza local. Grande simplicidade,
cobertura de madeira, absides modestas e arcos quebrados (sinal do românico tardio)
Românico Gótico
3 capelas, semicirculares ou quadrangulares, A organização gótica das cabeceiras pode ter
escalonadas (i.e. as dos extremos mais duas soluções: a capela-mor, lançada com a
pequenas); as cabeceiras baixas e com arcos largura da nave central e cerca do dobro da
de cruzeiro evoluem para cabeceiras altas e profundidade, que pode ser única ou estar
abertas para a nave. (espacialidade de cripta ladeada por capelas mais pequenas (a mais
para uma área larga) frequente) ou a charola (deambulatório),
também com capelas laterais. Outra das
características das nossas cabeceiras góticas
é serem relativamente baixas, por economia e
por gosto, comparativamente à altura do
transepto e da nave central, marcando a sua
espacialidade e composição arquitectónica.
Transepto – funcionalmente destinado ao O transepto tem geralmente um arranjo
coro, pode ser saliente (o comprimento arquitectónico cuidado já que é a ala de
transversal excede a largura das naves) ou acesso às diversas capelas da cabeceira, o
falso (notam-se apenas na largura e altura do espaço que incorpora o coro dos frades e que
tramo); têm sempre frestas e, numa fase está mais perto dos ritos. é uma constante
posterior, rosáceas. nas igrejas conventuais de 3 naves mas
menos requerido nas igrejas paroquiais.
Torres – símbolo do poder e da segurança a Ao contrário do estipulado pelas ordens
partir do sec. XI, passa a fazer parte da mendicantes e por Cister o gótico permite a
configuração da igreja, onde funciona construção de torres com função defensiva.
também como aviso e chamamento.
sineiras –
lanterna – geralmente construídas depois do
edifício inicial desempenham papel
importante na iluminação
Átrio ou construção autónoma ao lado da
igreja – função funerária
Portais – são geralmente três, o axial na Mais alto do que o românico, geralmente não
fachada principal (ocidental) mais largo e tem tímpano, os fustes são mais finos e as
enobrecido e dois laterais arcadas disfarçam-se por molduras
sucessivas ou por chanfrões
Contrafortes – elementos importantes na Os contrafortes são mais fortes e variados do
estática e estrutura dos edifícios, aparecem que no românico, em função do arco em
ao longo das paredes exteriores ogiva. Têm sempre molduras e lacrimais
acompanhando sistematicamente as arcadas
transversais e os pontos fulcrais onde se
exerce o peso das elevações. São mais
numerosos e fortes nos edifícios cobertos
com abóbadas de pedra.
Pilares - dividem longitudinalmente o corpo da Pilares - dividem longitudinalmente o corpo da
igreja em naves igreja em naves
Arcos – utilizados para equilibrar muros e O arco quebrado, outra das características do
pilares. Apoiar tectos e fazer abóbadas. O gótico, é formado por dois segmentos de
mais tipicamente românico é o de meio ponto arcos de volta perfeita; é durante a 2ª metade
do sec. XIV/início do XV que se quebra mais,
tornando-se mais agudo; favorece a estática,
tornando as abóbadas mais estáveis ao
atirarem o peso mais vericalmente mas
precisa de ser rematado com uma chave mais
forte.
Colunas – sem grande aceitação em Portugal As colunas, utilizadas na composição de
são substituídas pelos pilares; são utilizadas portais, janelas, arcadas e pilares são um
no arranjo de portais e de frestas. As meias importante elemento arquitectónico e
colunas são também características do decorativo
românico.
Muros – espessos e de duas faces, têm Em termos de aberturas continuam a impor
pouca animação; contínuos e com poucas e muros maciços, com aspecto exterior muito
estreitas aberturas, são elementos cuidado que considera o conjunto sem
construtivos fundamentais na elevação e desprezar o pormenor.
vedação dos espaços assim como na função
de suporte das arcadas, abóbadas ou tectos,
característica fundamental do românico
Claustros – elo de ligação da comunidade à Os claustros têm localização semelhante à
igreja, espaço funerário privilegiado para os das igrejas românicas, são abobadados e
monges, está geralmente junto ao alçado com contrafortes ou com galerias com
lateral da igreja, do lado sul. arcadas pequenas, apoiadas em colunas
gémeas, que dispensam os contrafortes.
Iluminação – corresponde a uma A luz e a sua distribuição foram uma das
espacialidade mais ampla, em função da preocupações fundamentais do gótico.
tendência da época. Sendo de grande Rosáceas de vitrais ou vidros coloridos.
importância litúrgica e simbólica, orienta a
capela-mor,o altar e o celebrante. A fresta da
cabeceira é um elemento fundamental, a
juntar às frestas laterais e, mais tarde, às
aberturas do seu topo. Por cima da arcada da
capela-mor poderá também haver uma dupla
fresta ou uma rosácea. Os alçados laterais
têm sempre também uma ou mais frestas
Gablete – moldura derivada do triangulo do
frontão, cobre e ornamentos o corpo dos
portais
Capitéis – evoluem ao longo do gótico; a sua
decoração é vegetal, palmetas, botões, talos,
folhagens e, mais tarde, cenas religiosas com
animais, cenas quotidianas ou contos
populares
Cachorros(elemento que suporta os beirais
do telhado) – inicialmente liso, passa a
esculpido a partir do sec. XIV
A pedra é o material mais importante, tanto O principal material é a pedra, granito ou
para as paredes como para a sua escultura e calcário (pedra ançã no centro, lioz em Lisboa
decoração e varia consoante a área e mármore no Alentejo)
geográfica: noroeste, douro e beiras o granito,
Leiria, Coimbra e Alcobaça o calcário brando
e o calcário lioz em Lisboa.
Arquitectura gótica
Não resulta da rejeição do românico mas sim da vontade de o melhorar, criando abobadas
mais estáveis, maior luminosidade e espaços diferentes. É em Paris, na 2ª metade do sec. XII
que atinge o seu apogeu com a invenção do arcobotante. A igreja deixa de ser a fortaleza para
se transformar no paraíso celeste.
A nível de construção desenvolve-se uma maior especialização e qualificação dos artífices que
trabalham a pedra, com uma consequente hierarquização. Desenvolve-se a isodomia e cria-se
a produção em série. Continua a utilizar-se o esquema de pedras sigladas. A arquitectura
gótica contempla igrejas, paços, castelos, muralhas, casas, fontes e pontes.
A nível de arquitectura religiosa, as igrejas góticas são de tipo basilical, com três naves,
transepto e cabeceira com três ou cinco capelas. As naves podem ter todas a mesma altura,
originando igrejas com um corpo de corte quadrangular, de maior impacto volumétrico e de
luminosidade restrita. Nos casos em que a nave central é mais alta, há uma iluminação directa
da nave central e um corpo de tectos diferenciados, com corte de tendência triangular.
As grandes catedrais góticas são caracterizadas pelas suas abóbadas de ogiva; as ogivas
servem de apoio a abóbada, tramo a tramo, e são formadas por dois arcos lançados
diagonalmente que se cruzam no ponto mais alto, numa chave comum. Reforçam a abóbada
de aresta, enquadrada transversalmente por arcos torais e longitudinalmente por formeiros. As
ogivas permitiram que se adelgaçassem os muros, que se abrissem grandes vãos, mas criaram
a necessidade de pontos que suportasse o impacto; com o arcobotante esse problema foi
resolvido (escoa também as águas pluviais dos telhados, associado a gárgulas e pináculos).
Difundida pela ordem de Cister (originários de Borgonha), tem dois elementos fundamentais: o
arco quebrado e o espírito de despojamento decorativo, defendido por S. Bernardo. A sua
grande obra é a Igreja de Alcobaça, em terrenos doados por D. Afonso Henriques. Apresenta
técnicas inéditas com naves da mesma altura, sendo todo o templo abobadado. A iluminação é
feita através de uma rosácea, cujo feixe de luz aprofunda as grandes dimensões do edifício.
Outros exemplos: Sé de Coimbra, Évora e Malveira.
Planta em cruz, três naves de quase sempre 5 tramos e transepto não pronunciado.
arte românica
resulta da síntese da arte ocidental da alta Idade Média e da arte do Oriente. Tem início em
Borgonha no sec XI e vai até ao sec. XIII. É a primeira arte de dimensão europeia e sofre a
influência de árabes, bizantinos, celtas e germânicos.
Só na transição do sec. XI para o XII e que a escultura românica vai sofrer um verdadeiro
impulso nos grandes portais das igrejas de peregrinação. Os portais das igrejas, a porta do
céu, decoram mas também ensinam a palavra de Deus através do seu simbolismo. E
maioritariamente arquitectónica, sendo raras as peças avulso; acompanha a distribuição
geográfica da arquitectura. Os espaços fundamentais são os portais, limiar entre o sagrado e o
profano, é o que actua mais directamente sobre a comunidade, mas também as molduras das
janelas, óculos e frestas, especialmente das capelas-mor, ricamente ornamentadas tendo sido
o seu espaço inicial no capitéis. Nasce com um relevo quase plano, em cuvette, e vai
ganhando gradualmente saliência, mais movimento e espacialidade. Os portais ocidentais das
igrejas são concebidos como a porta do céu e a representações dos animais são uma forma de
a proteger. As representações de Maiestas Domini (Deus na sua majestade) muito
simplificadas, adaptadas à área geográfica e pouco requintadas são de dois tipos: o
Pantocrator (Todo Poderoso) ou o Agnus Dei e aparecem nos tímpanos; por vezes estas
imagens aparecem conjugadas com o tetramorfo. Existem temas protectores das entradas
como a Cruz, a árvore da vida e os oficiantes e, nos profanos, a serpente, o cão e o leão. Em
meados do sec. XII existem duas correntes que influenciaram a decoração animalesca nos
capitéis: uma galego-meridional, que representa animais musculados, personagens com
grandes cabeças e cabelo, embora também desenvolva capiteis de folhagens, fortes e
reviradas e outra de raiz francesa, com animais de menor porte de escultura mais delicada.
Existe também alguma influência de raiz muçulmana. A escultura românica incidiu
grandemente nos cachorros, onde mais se vulgarizou com decoração geométrica mas também
com temas vegetais, humanos e animalescos. O escultor românico gosta de apresentar
variedade, esculpe directamente as suas obras, geralmente antes de serem colocadas no seu
local arquitectónico havendo, no entanto, excepções. O escultor delineava as figuras a esculpir
directamente ou através de modelos em couro ou pergaminho, riscando as suas formas sobre
um bloco de pedra, gravando em seguida as linhas do contorno da escultura. Com o cinzel
começava a trabalhar as figuras em reserva, i.e., desbastando as superfícies laterais e fazendo
emergir o relevo.
A escultura românica só pode ser entendida em duas vertentes: como resultado de uma
técnica e enquanto especulação sobre o espaço; faz bloco com a arquitectura e define-se pelo
movimento, perfil e volume. O muro surge com uma função essencial, delimitar o espaço e a
luz. A escultura manifesta-se em alto-relevo ou em grafismos onde predominam o movimento
da linha e o traçado geométrico. Os portais são o lugar de concentração das esculturas, com
temáticas religiosas simples. As representações preferidas são o cordeiro e a cruz mas
podemos encontrar representações de animais com funções apotropaicas, i.e., uma forma que
o homem medieval encontrou para exorcizar as forças maléficas, colocando guardiões à porta
do templo. São representações de um bestiário vindo do oriente e que nos chegam através da
representação em arcas ou tecidos.
É nas margens dos tímpanos (espaço triangular ou em arco, limitado pelos 3 lados do frontão e
que assenta sobre o portal de uma igreja), nas arquivoltas e nos capitéis que as esculturas se
concentram: bailadeiras, jograis, cavaleiros. As representações são geralmente separadas
(homens, flores, animais). Além do cordeiro encontram-se representações de animais ligados
ao quotidiano e a aves. Os leões também aparecem como guardadores nos portais mas a
maior presença é a do fantástico, com dragões, serpentes, grifos, hárpias e sereias.
a escultura gótica é influenciada pelo modo como o homem passa a ver a natureza e o mundo.
Deus deixa de ser assustador e há um sentimento de harmonia pelo que os temas
apocalípticos são deixados para trás, sendo substituídos por uma temática de serenidade. Os
motivos vegetais estilizados e geométricos são substituídos por folhagens mais naturais,
reflexo da harmonia com a natureza (que, no entanto, continuam a coexistir no Most. Alcobaça,
nas sés de Coimbra e Lisboa, etc.)é ao longo do sec. XIV que a escultura atinge a dimensão
total da imitação da natureza, com folhas de hera, parras de videira, flora campestre, presentes
na Batalha pela mão de Huguet.. As imagens ganham serenidade e expressão, traduzindo o
humanismo da visão e do pensamento góticos. Cristo é misericordioso e isso traduz-se nas
estátuas, às quais se vem juntar a representação da Virgem, inédita até então. Também nos
portais das igrejas se desenvolvem programas iconográficos, com estátuas com vida própria,
de grande inovação plástica, cujo apogeu tem lugar na Batalha, com a representação dos
apóstolos, da corte celeste de Deus e da Virgem.
A escultura funerária.
Românico
No período pré-românico aos túmulos ricamente esculpidos são rarissimos e, geralmente, para
restos santificado. A preocupação com a morte, necessidade de perpetuar a memória junto dos
vivos, demonstração da importância social, conhece uma importância acentuada para a qual
contribuíram a nova visão do mundo, a pregação dos mendicantes e a crise que se instala na
Europa com a peste negra e a guerra dos cem anos. Especialmente a partir do reinado de
Afonso III a escultura funerária impõe-se nos rituais ligados à morte, acompanhando os hábitos
europeus.
Durante o sec. XII os túmulos continuam a ter um aspecto muito simples, com uma caixa
interior antropomórfica e uma decoração exterior limitada a cruzes ou arcadas, quando existe,
podendo apresentar ainda decoração em estola na tampa. Os exemplos mais antigos situam-
se na zona de Coimbra, em túmulos construídos em calcário de Ançã que apesar de
apresentarem ainda alguma rigidez nas feições e nas vestes mostram já alguma tendência
para o naturalismo. Mestre Pero terá sido o escultor que mais sobressaiu no sec. XIV e é dele
o túmulo de Santa Isabel, de grande monumentalidade e delicadeza. Lisboa e Évora (com o
mármore de Estremoz) são as outras duas cidades onde se desenvolve esta arte de forma
significativa. As obras-primas desta fase são os túmulos de D. Pedro e D. Ines, grandiosas,
delicadas e com representações das suas vidas. Ao longo do sec XV a escultura funerária foi-
se aperfeiçoando, a nível da representação dos tumulados e das suas vestes assim como a
nível do enquadramento arquitectónico do momento fúnebre, culminados na existência dos
panteões familiares. A riqueza decorativa é obtida através da folhagem viva que enquadra os
brasões heráldicos ou através de motes e descrição das virtudes e façanhas dos tumulados.
A pintura mural desempenha um papel de grande relevo ao longo do período gótico. Apesar de
destruída ou apagada conseguiu recuperar-se um conjunto apreciável de obras que permite
avaliar a sua importância. As igrejas românicas são as que têm mais superfície mural no seu
interior. Existindo em todo o país predominam nas zonas rurais e do interior, comprovando ser
uma forma económica de decoração de grandes áreas com pouco dinheiro. A maioria destas
representações caracteriza-se pela pobreza de meios técnicos e pela ingenuidade dos artistas,
aliadas a alguma rudeza sendo, no entanto, de grande importância documental. Braga, porto e
Monsaraz têm as pinturas murais de maior qualidade e de melhor classificação cronológica. Sé
e Capela da Glória (Braga) com desenhos geométricos, de influência árabe e mudéjar, que
convivem com anjos e santos. Na igreja de s. Francisco, no Porto, existe o melhor exemplo de
pintura mural, a têmpera, do final da Idade Média. Em Monsaraz o mural é de tema laico
embora de sentido moralizante.
O número de trabalhos de pintura em tábua é muito limitado assim como os em tuía da Argélia
(muito raros), a fresco ou em têmpera. A sua maioria parece pertencer já ao início do sec. XVI
e só raramente se pode falara de pintura quatrocentista.
Artistas da época – Álvaro Gonçalves, Francisco Anes de Leiria, Álvaro pires de Évora e João
Gonçalves de Portugal
No sec. XV a pintura a óleo é dominada por N. Gonçalves, pintor régio de D. Afonso V. Autor
dos Painéis de S. Vicente de Fora (1470), conjunto de quadros retabulares, precursora da
pintura manuelina-joanina, de qualidade excepcional, mas dos quais se desconhece quase
tudo: qual o tema e os personagens: S. Vicente ou o Infante D. Fernando? Feitos para a Sé ou
para outro local? Técnica de rigor e soltura, dominadora dos efeitos da luz moduladora (escola
italiana), aplica a tinta quase directamente sobre a madeira de carvalho do suporte, com fina
camada de suporte azul de cré (à época, em Itália e França era utilizado o “intonato” grosso
como a técnica de preparo), indicadora de um processo inovador, de grande síntese e rigor. A
nível de perspectiva espacial parece querer rasgar com a tradição goticista sendo considerado
proto-renascentista na representação das figuras pela firmeza psicológica das máscaras, pelo
desenho preparatório sobre os suportes e pela execução fina e resoluta, mais destacado no nu
de S. Vicente atado à coluna. Com um traço de grande qualidade e grande variedade de cores
representa inúmeros personagens que parecem ser as camadas mais altas. Rostos
individualizados e expressivos, quase maioritariamente de expressão ausente, são
característicos do humanismo que nasce na Europa. São formados pelos painéis do Infante e
do Arcebispo, os maiores, dos frades(os brancos) dos pescadores, cavaleiros e relíquia
(laterais). Eram a decoração da capela das relíquias de S. Vicente, dispostas num retábulo em
fiadas de pintura, acima e abaixo do túmulo de S. Vicente. Apesar de contemporâneo de Jan
van Eyck, N.G. parece ter sofrido mais a influência dos modelos mediterrânicos que nos
chegavam com as viagens de artistas e de obras de arte.
Atribui-se também a N.G. o retrato de Santa Joana Princesa e o Ecce Homo, espelho de
dramatismo, assim como um retábulo para a Capela do Paço Real de Sintra (desparecido) e
outro para o Mosteiro da Trindade.
A técnica
A pintura a óleo veio substituir a têmpera (Jan van Eick); permitiu maior transparência na
execução por explorar a progressão contínua dos valores cromáticos. As oficinas são
verdadeiras corporações e, tecnicamente, laboratórios químicos com instrumentos de
secagem, grande variedade de plantas e produtos para fabrico de pigmentos.
Arquitectura
Obra entregue a Afonso Domingues que planeou todo o edifício monástico e parte dos muros
da igreja, da casa do capítulo e 2 alas do claustro real. Sucedeu-lhe huguet que concluiu a
igreja, o claustro, o dormitório e o refeitório e alterou o abobadamento da casa do capítulo,
planeou e construiu a capela do Fundador.
Tardo-gótico alentejano
Principais características – nave única, totalmente abobadada, com contrafortes interiores que
abrigam capelas intercomunicantes (influência francesa). Enquanto as anteriores igrejas
mendicantes, apesar da divisão em 3 naves, privilegiavam a fluidez e intercomunicabilidade
espacial, aqui verifica-se uma unificação de dimensões grandiosas que obrigam a recorrer a
grandes arcos diafragmas laterais e falsos arcobotantes. A conjugação de vários factores no
seu interior resulta numa galeria interior, paralelepipédica, prenúncio da sensibilidade mudéjar
auxiliada pelos muros brancos caiados.
Esta igreja influenciou outras que passaram a adoptar a nave única abobadada, com
coberturas de tijolo leve e um sistema de nervuras cada vez mais complexo, na tradição da
abobadilha mudéjar. A característica definidora do tardo-gótico é a nave única abobadada.
Manuelino
As igrejas do manuelino têm de uma a 3 naves, corpo rectangular de cinco tramos. O transepto
é suprimido e a cabeceira, quase sempre quadrangular tem um ou dois tramos de igual
profundidade e é ladeada por capelas nas igrejas de maior dimensão. Os pilares simplificam-se
ou são substituídos por colunas, os arcos divisórios das naves são quebrados ou de volta
perfeita. O manuelino aceita os sistemas de cobertura originais, raramente utilizando os
esquemas muito elaborados de nervuras (na Batalha, em Belém) o que pode influenciar
alguma “perda de elegância” da fase final do gótico e da decoração flamejante, com a
simplificação de arcos, abóbadas e pilares. As fachadas das igrejas manuelinas obedecem a
três fórmulas diferentes: duas torres com poucas aberturas que avançam e comprimem o corpo
central; uma torre apenas, mais robusta do que o resto da construção, dividida em andares,
com um pórtico no andar inferior com uma porta que estabelece a ligação com a nave central e
(a mais frequente) a fachada sem torres.
A arte do manuelino
A arquitectura manuelina foi levada para os Açores e para a Madeira, Canárias, cabo Verde,
S.Tomé e Príncipe, índia, norte de África onde perdurou muito para além do continente.
O manuelino representa um fenómeno delimitado no tempo e no espaço (Quinhentos, território
português)
Pensa-se que o seu 1º arquitecto tenha sido Mestre Boitac mas é com João de Castilho, em
1516, que a construção acelera e sofre as alterações a nível da cobertura que a tornam única:
desenvolve-se em 3 naves de cinco tramos e um grande transepto com uma cabeceira de 3
capelas. Os pilares octogonais e delgados (cujas arestas são decoradas de colunelos)
sustentam uma abóbada única para as 3 naves, composta por uma rede de nervuras muito
complexa, polinervada, (algumas tipicamente mudéjares) que unifica o espaço interior. A
cobertura do transepto também é feita por uma abóbada única, sem qualquer pilar de suporte,
dando a impressão de um enorme salão. Nas fachadas sul e principal a iconografia é de
grande aparato.
Escultura
Pintura muito influenciada pela Flandres, especialmente depois da visita de Jan van Eyck e do
casamento da Infanta D. Isabel com o Duque de Borgonha. Portugal comprou durante século e
meio milhares de pinturas e de retábulos que, tal como aconteceu com as esculturas, espalhou
por todo o império. Recebemos muitos pintores flamengos que se aportuguesaram, instalaram
e criaram seguidores de forte influência gótica, tornando o nosso renascimento pouco italiano
já que nos chegou através dos flamengos.
A pintura em tábua tem o seu auge com NG mas também com Jorge Afonso, Vicente Gil,
Manuel Vicente, Vasco Fernandes, Garcia Fernandes, Gregório Lopes e Cristóvão de
Figueiredo e os mestres enigmáticos. A pintura a fresco em difusão em todo o país, sendo de
grande qualidade.
Iluminura
Livros miniaturados (Livros de Horas) importados de França, flandres e Itália mas também
pintados nos nossos scriptoria. Sofreu grande impulso pela ordem de D. Manuel de copiar a
legislação, os novos forais, as crónicas dos reis que o antecederam, etc. é criada uma nova
letra, a Leitura Nova. Os mapas (não os vulgares mas os que eram oferecidos como
propaganda política) e os desehos topográficos têm também um papel nesta área.
Gravura
Trazida pelos tipógrafos alemães, rapidamente se autonomiza, ocupando o seu lugar como
ilustração de livros e, mais tarde, de estampa devocional ou promocional.
Ourivesaria e joalharia
Tapeçaria e tecidos
2º decénio sec. XVI – chegada a Portugal de Nicolau Chanterenne, João de Ruão e Filipe
Hodarte e consequente alteração da escultura
O lavor ao romano, que aparece no inicio de quinhentos, mal se distingue inicialmente, nos
portais do gótico final ou do manuelino excepto nos casos onde haja predominância da feição
plateresca. Algumas obras, apesar de terem já um lavor renascentista são ainda manuelinas
dadas as suas proporções. Vasto repertório de ornamentação naturalista
Artistas nacionais
Diogo Pires-o-Moço, tem grande sensibilidade plástica mas ainda uma visão medieval de
tradição gótico-manuelina que irá ser influenciada pela chegada e trabalho com Nicolau
Chanterenne. É considerado um artista híbrido que só adere ao classicismo superficialmente.
Diogo de Castilho e os Mestres Anónimos são outros dos artistas desta época com obra feita,
especialmente na tumularia.
Tomé Velho - discípulo de João de Ruão, faz especialmente obras “à maneira” do seu mestre.
Com a sua morte termina o ciclo do renascimento coimbrão
João de Ruão – cria grande oficina, deixa muitos seguidores, executa retábulos e portais,
estatuária avulsa e grupos escultóricos. Conjuga o gosto renascentista do templete circular
com a tradição militar portuguesa. Adapta as suas propostas aos espaços disponíveis
Filipe Hodarte – estilo personalizado ao qual não é alheio algum dramatismo expressionista
nórdico. Tumularia e arte sacra. Também sofre já alguma influência do Maneirismo.
Escultura em madeira
A transição para o gosto renascentista nas obras de talha dá-se em simultâneo com as outras
formas de arte.
Escultor de pequenos retábulos: Arnao de Carvalho (sec. XVI) – colabora com o pintor Vasco
Fernandes nas catedrais de Lamego e Viseu; trabalha carvalho e castanho; imagens de baixo
relevo de tipo corrente ou convencionalizado, dentro da tradição hispano-gótica, um pouco
retardatária. Nas Beiras predominam as peças escultóricas de tipologia luso-flamenga: são
João Batista de Castelo Rodirgo, um Cristo na matriz de TRvevões, em moldura de fino lavor,
um baixo relevo com Apóstolos, parte da predela do retábulo inicial de Igreja de Freixo de
espada à cinta (oficina de Vasco Fernandes)
Corrente luso-flamenga
Da mesma oficina – S. Bernardo, força expressiva e mística, ritmo do pregueado, são Tiago
Maior, duas imagens do Calvário na igreja do Sardoal e um são João evangelista.
João Alemão – originário da Renânia, com formação sevilhana – retábulo-mor de sta. Cruz de
Coimbra, cadeiral do mosteiro de Alcobaça, púlpito da igreja de Évora, de qualidade inferior às
obras de Gand.
Corrente italiana