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Constituição da
República Portuguesa

Actualizada em Agosto de 2005

Inclui Sétima Revisão Constitucional


(Lei Constitucional n.º 1/2005)

@ 2005 Compilações Portalforense


CRP 2

CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA PORTUGUESA
VI REVISÃO CONSTITUCIONAL [2004]

PREÂMBULO

A 25 de Abr il de 1974, o Movim en t o da s F or ça s Ar m a da s, cor oa n do a lon ga


resistên cia do povo por t u gu ês e in t er pr et a n do os seu s sen t im en t os pr ofu n dos,
derrubou o regime fascista.

Liber t a r P or t u ga l da dit a du r a , da opr essã o e do colon ia lism o r epr esen t ou u m a


t r a n sfor m a çã o r evolu cion á r ia e o in ício de u m a vir a gem h ist ór ica da socieda de
portuguesa.

A Revolu çã o r est it u iu a os P or t u gu eses os dir eit os e liber da des fu n da m en t a is. No


exer cício dest es dir eit os e liber da des, os legít im os r epr esen t a n t es do povo
reúnem-se pa r a ela bor a r u m a Con st it u içã o qu e cor r espon de à s a spir a ções do
país.

A Assem bleia Con st it u in t e a fir m a a decisã o do povo por t u gu ês de defen der a


in depen dên cia n a cion a l, de ga r a n t ir os dir eit os fu n da m en t a is dos cida dã os, de
est a belecer os pr in cípios ba sila r es da dem ocr a cia , de a ssegu r a r o pr im a do do
E st a do de Dir eit o dem ocr á t ico e de a br ir ca m in h o pa r a u m a socieda de socia list a ,
n o r espeit o da von t a de do povo por t u gu ês, t en do em vist a a con st r u çã o de u m
país mais livre, mais justo e mais fraterno.

A Assem bleia Con st it u in t e, r eu n ida n a sessã o plen á r ia de 2 de Abr il de 1976,


aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:

Princípios fundamentais

Artigo 1.º
(República Portuguesa)

P or t u ga l é u m a Repú blica sober a n a , ba sea da n a dign ida de da pessoa h u m a n a e


n a von t a de popu la r e em pen h a da n a con st r u çã o de u m a socieda de livr e, ju st a e
solidária.
CRP 3

Artigo 2.º
(Estado de direito democrático)
A Repú blica P or t u gu esa é u m E st a do de dir eit o dem ocr á t ico, ba sea do n a
sober a n ia popu la r , n o plu r a lism o de expr essã o e or ga n iza çã o polít ica
dem ocr á t ica s, n o r espeit o e n a ga r a n t ia de efect iva çã o dos dir eit os e liber da des
fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização
da dem ocr a cia econ óm ica , socia l e cu lt u r a l e o a pr ofu n da m en t o da dem ocr a cia
participativa.

Artigo 3.º
(Soberania e legalidade)
1. A sober a n ia , u n a e in divisível, r eside n o povo, qu e a exer ce segu n do a s for m a s
previstas na Constituição.

2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.

3. A va lida de da s leis e dos dem a is a ct os do E st a do, da s r egiões a u t ón om a s, do


poder loca l e de qu a isqu er ou t r a s en t ida des pú blica s depen de da su a
conformidade com a Constituição.

Artigo 4.º
(Cidadania portuguesa)
Sã o cida dã os por t u gu eses t odos a qu eles qu e com o t a l seja m con sider a dos pela lei
ou por convenção internacional.

Artigo 5.º
(Território)
1. P or t u ga l a br a n ge o t er r it ór io h ist or ica m en t e defin ido n o con t in en t e eu r opeu e
os arquipélagos dos Açores e da Madeira.

2. A lei defin e a ext en sã o e o lim it e da s á gu a s t er r it or ia is, a zon a econ óm ica


exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos.

3. O E st a do n ã o a lien a qu a lqu er pa r t e do t er r it ór io por t u gu ês ou dos dir eit os de


soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras.

Artigo 6.º
(Estado unitário)
1. O E st a do é u n it á r io e r espeit a n a su a or ga n iza çã o e fu n cion a m en t o o r egim e
a u t on óm ico in su la r e os pr in cípios da su bsidia r ieda de, da a u t on om ia da s
autarquias locais e da descentralização democrática da administração pública.
CRP 4

2. Os a r qu ipéla gos dos Açor es e da Ma deir a con st it u em r egiões a u t ón om a s


dotadas de estatutos político-administrativos e de órgãos de governo próprio.

Artigo 7.º
(Relações internacionais)
1. P or t u ga l r ege-se n a s r ela ções in t er n a cion a is pelos pr in cípios da in depen dên cia
n a cion a l, do r espeit o dos dir eit os do h om em , dos dir eit os dos povos, da igu a lda de
en t r e os E st a dos, da solu çã o pa cífica dos con flit os in t er n a cion a is, da n ã o
ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os
outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.

2. P or t u ga l pr econ iza a a boliçã o do im per ia lism o, do colon ia lism o e de qu a isqu er


ou t r a s for m a s de a gr essã o, dom ín io e explor a çã o n a s r ela ções en t r e os povos, bem
com o o desa r m a m en t o ger a l, sim u lt â n eo e con t r ola do, a dissolu çã o dos blocos
político-m ilit a r es e o est a belecim en t o de u m sist em a de segu r a n ça colect iva , com
vist a à cr ia çã o de u m a or dem in t er n a cion a l ca pa z de a ssegu r a r a pa z e a ju st iça
nas relações entre os povos.

3. P or t u ga l r econ h ece o dir eit o dos povos à a u t odet er m in a çã o e in depen dên cia e
a o desen volvim en t o, bem com o o dir eit o à in su r r eiçã o con t r a t oda s a s for m a s de
opressão.

4. P or t u ga l m a n t ém la ços pr ivilegia dos de a m iza de e cooper a çã o com os pa íses de


língua portuguesa.

5. P or t u ga l em pen h a -se n o r efor ço da iden t ida de eu r opeia e n o for t a lecim en t o da


a cçã o dos E st a dos eu r opeu s a fa vor da dem ocr a cia , da pa z, do pr ogr esso
económico e da justiça nas relações entre os povos.

6. P or t u ga l pode, em con dições de r ecipr ocida de, com r espeit o pelos pr in cípios
fu n da m en t a is do E st a do de dir eit o dem ocr á t ico e pelo pr in cípio da
su bsidia r ieda de e t en do em vist a a r ea liza çã o da coesã o econ óm ica , socia l e
t er r it or ia l, de u m espa ço de liber da de, segu r a n ça e ju st iça e a defin içã o e
execução de uma política externa, de segurança e de defesa comuns, convencionar
o exercício, em comum, em cooperação ou pelas instituições da União, dos poderes
necessários à construção e aprofundamento da união europeia.

7. P or t u ga l pode, t en do em vist a a r ea liza çã o de u m a ju st iça in t er n a cion a l qu e


pr om ova o r espeit o pelos dir eit os da pessoa h u m a n a e dos povos, a ceit a r a
ju r isdiçã o do Tr ibu n a l P en a l In t er n a cion a l, n a s con dições de com plem en t a r ida de
e demais termos estabelecidos no Estatuto de Roma.

Artigo 8.º
(Direito internacional)
CRP 5

1. As n or m a s e os pr in cípios de dir eit o in t er n a cion a l ger a l ou com u m fa zem pa r t e


integrante do direito português.

2. As n or m a s con st a n t es de con ven ções in t er n a cion a is r egu la r m en t e r a t ifica da s


ou a pr ova da s vigor a m n a or dem in t er n a a pós a su a pu blica çã o oficia l e en qu a n t o
vincularem internacionalmente o Estado Português.

3. As n or m a s em a n a da s dos ór gã os com pet en t es da s or ga n iza ções in t er n a cion a is


de qu e P or t u ga l seja pa r t e vigor a m dir ect a m en t e n a or dem in t er n a , desde qu e t a l
se encontre estabelecido nos respectivos tratados constitutivos.

4. As disposições dos t r a t a dos qu e r egem a Un iã o E u r opeia e a s n or m a s


em a n a da s da s su a s in st it u ições, n o exer cício da s r espect iva s com pet ên cia s, sã o
a plicá veis n a or dem in t er n a , n os t er m os defin idos pelo dir eit o da Un iã o, com
respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático.

Artigo 9.º
(Tarefas fundamentais do Estado)
São tarefas fundamentais do Estado:

a ) Ga r a n t ir a in depen dên cia n a cion a l e cr ia r a s con dições polít ica s, econ óm ica s,
sociais e culturais que a promovam;
b) Ga r a n t ir os dir eit os e liber da des fu n da m en t a is e o r espeit o pelos pr in cípios do
Estado de direito democrático;
c) Defen der a dem ocr a cia polít ica , a ssegu r a r e in cen t iva r a pa r t icipa çã o
democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais;
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os
por t u gu eses, bem com o a efect iva çã o dos dir eit os econ óm icos, socia is, cu lt u r a is e
ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas
e sociais;
e) P r ot eger e va lor iza r o pa t r im ón io cu lt u r a l do povo por t u gu ês, defen der a
n a t u r eza e o a m bien t e, pr eser va r os r ecu r sos n a t u r a is e a ssegu r a r u m cor r ect o
ordenamento do território;
f) Assegu r a r o en sin o e a va lor iza çã o per m a n en t e, defen der o u so e pr om over a
difusão internacional da língua portuguesa;
g) P r om over o desen volvim en t o h a r m on ioso de t odo o t er r it ór io n a cion a l, t en do
em con t a , design a da m en t e, o ca r á ct er u lt r a per ifér ico dos a r qu ipéla gos dos Açor es
e da Madeira;
h) Promover a igualdade entre homens e mulheres.

Artigo 10.º
(Sufrágio universal e partidos políticos)
1. O povo exer ce o poder polít ico a t r a vés do su fr á gio u n iver sa l, igu a l, dir ect o,
secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição.
CRP 6

2. Os pa r t idos polít icos con cor r em pa r a a or ga n iza çã o e pa r a a expr essã o da


von t a de popu la r , n o r espeit o pelos pr in cípios da in depen dên cia n a cion a l, da
unidade do Estado e da democracia política.

Artigo 11.º
(Símbolos nacionais e língua oficial)
1. A Ba n deir a Na cion a l, sím bolo da sober a n ia da Repú blica , da in depen dên cia ,
u n ida de e in t egr ida de de P or t u ga l, é a a dopt a da pela Repú blica in st a u r a da pela
Revolução de 5 de Outubro de 1910.

2. O Hino Nacional é A Portuguesa.

3. A língua oficial é o Português.

PARTE I
Direitos e deveres fundamentais

TÍTULO I
Princípios gerais

Artigo 12.º
(Princípio da universalidade)
1. Todos os cida dã os goza m dos dir eit os e est ã o su jeit os a os dever es con sign a dos
na Constituição.

2. As pessoa s colect iva s goza m dos dir eit os e est ã o su jeit a s a os dever es
compatíveis com a sua natureza.

Artigo 13.º
(Princípio da igualdade)
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Nin gu ém pode ser pr ivilegia do, ben eficia do, pr eju dica do, pr iva do de qu a lqu er
dir eit o ou isen t o de qu a lqu er dever em r a zã o de a scen dên cia , sexo, r a ça , lín gu a ,
t er r it ór io de or igem , r eligiã o, con vicções polít ica s ou ideológica s, in st r u çã o,
situação económica, condição social ou orientação sexual.

Artigo 14.º
(Portugueses no estrangeiro)
Os cida dã os por t u gu eses qu e se en con t r em ou r esida m n o est r a n geir o goza m da
pr ot ecçã o do E st a do pa r a o exer cício dos dir eit os e est ã o su jeit os a os dever es qu e
não sejam incompatíveis com a ausência do país.
CRP 7

Artigo 15.º
(Estrangeiros, apátridas, cidadãos europeus)
1. Os est r a n geir os e os a pá t r ida s qu e se en con t r em ou r esida m em P or t u ga l
gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão português.

2. E xcept u a m -se do dispost o n o n ú m er o a n t er ior os dir eit os polít icos, o exer cício
da s fu n ções pú blica s qu e n ã o t en h a m ca r á ct er pr edom in a n t em en t e t écn ico e os
dir eit os e dever es r eser va dos pela Con st it u içã o e pela lei exclu siva m en t e a os
cidadãos portugueses.

3. Aos cida dã os dos E st a dos de lín gu a por t u gu esa com r esidên cia per m a n en t e em
P or t u ga l sã o r econ h ecidos, n os t er m os da lei e em con dições de r ecipr ocida de,
dir eit os n ã o con fer idos a est r a n geir os, sa lvo o a cesso a os ca r gos de P r esiden t e da
Repú blica , P r esiden t e da Assem bleia da Repú blica , P r im eir o-Ministro,
P r esiden t es dos t r ibu n a is su pr em os e o ser viço n a s F or ça s Ar m a da s e n a ca r r eir a
diplomática.

4. A lei pode a t r ibu ir a est r a n geir os r esiden t es n o t er r it ór io n a cion a l, em


con dições de r ecipr ocida de, ca pa cida de eleit or a l a ct iva e pa ssiva pa r a a eleiçã o
dos titulares de órgãos de autarquias locais .

5. A lei pode a in da a t r ibu ir , em con dições de r ecipr ocida de, a os cida dã os dos
Estados-m em br os da Un iã o E u r opeia r esiden t es em P or t u ga l o dir eit o de
elegerem e serem eleitos Deputados ao Parlamento Europeu.

Artigo 16.º
(Âmbito e sentido dos direitos fundamentais)
1. Os dir eit os fu n da m en t a is con sa gr a dos n a Con st it u içã o n ã o exclu em qu a isqu er
outros constantes das leis e das regras aplicáveis de direito internacional.

2. Os pr eceit os con st it u cion a is e lega is r ela t ivos a os dir eit os fu n da m en t a is devem


ser in t er pr et a dos e in t egr a dos de h a r m on ia com a Decla r a çã o Un iver sa l dos
Direitos do Homem.

Artigo 17.º
(Regime dos direitos, liberdades e garantias)
O r egim e dos dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s a plica -se a os en u n cia dos n o t ít u lo II
e aos direitos fundamentais de natureza análoga.

Artigo 18.º
CRP 8

(Força jurídica)
1. Os pr eceit os con st it u cion a is r espeit a n t es a os dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s
são directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas.

2. A lei só pode r est r in gir os dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s n os ca sos
expr essa m en t e pr evist os n a Con st it u içã o, deven do a s r est r ições lim it a r -se a o
n ecessá r io pa r a sa lva gu a r da r ou t r os dir eit os ou in t er esses con st it u cion a lm en t e
protegidos.

3. As leis r est r it iva s de dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s t êm de r evest ir carácter
ger a l e a bst r a ct o e n ã o podem t er efeit o r et r oa ct ivo n em dim in u ir a ext en sã o e o
alcance do conteúdo essencial dos preceitos constitucionais.

Artigo 19.º
(Suspensão do exercício de direitos)
1. Os ór gã os de sober a n ia n ã o podem , con ju n t a ou sepa r a da m en t e, su spen der o
exer cício dos dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s, sa lvo em ca so de est a do de sít io ou
de estado de emergência, declarados na forma prevista na Constituição.

2. O est a do de sít io ou o est a do de em er gên cia só podem ser decla r a dos, n o t odo
ou em pa r t e do t er r it ór io n a cion a l, n os ca sos de a gr essã o efect iva ou im in en t e por
for ça s est r a n geir a s, de gr a ve a m ea ça ou per t u r ba çã o da or dem con st it u cion a l
democrática ou de calamidade pública.

3. O est a do de em er gên cia é decla r a do qu a n do os pr essu post os r efer idos n o


n ú m er o a n t er ior se r evist a m de m en or gr a vida de e a pen a s pode det er m in a r a
su spen sã o de a lgu n s dos dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s su scept íveis de ser em
suspensos.

4. A opçã o pelo est a do de sít io ou pelo est a do de em er gên cia , bem com o a s
r espect iva s decla r a çã o e execu çã o, devem r espeit a r o pr in cípio da
proporcionalidade e limitar-se, nomeadamente quanto às suas extensão e duração
e a os m eios u t iliza dos, a o est r it a m en t e n ecessá r io a o pr on t o r est a belecim en t o da
normalidade constitucional.

5. A decla r a çã o do est a do de sít io ou do est a do de em er gên cia é a dequ a da m en t e


fu n da m en t a da e con t ém a especifica çã o dos dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s cu jo
exer cício fica su spen so, n ã o poden do o est a do decla r a do t er du r a çã o su per ior a
quinze dias, ou à duração fixada por lei quando em consequência de declaração de
gu er r a , sem pr eju ízo de even t u a is r en ova ções, com sa lva gu a r da dos m esm os
limites.

6. A decla r a çã o do est a do de sít io ou do est a do de em er gên cia em n en h u m ca so


pode a fect a r os dir eit os à vida , à in t egr ida de pessoa l, à iden t ida de pessoa l, à
ca pa cida de civil e à cida da n ia , a n ã o r et r oa ct ivida de da lei cr im in a l, o dir eit o de
defesa dos arguidos e a liberdade de consciência e de religião.
CRP 9

7. A decla r a çã o do est a do de sít io ou do est a do de em er gên cia só pode a lt er a r a


n or m a lida de con st it u cion a l n os t er m os pr evist os n a Con st it u içã o e n a lei, n ã o
poden do n om ea da m en t e a fect a r a a plica çã o da s r egr a s con st it u cion a is r ela t iva s à
competência e ao funcionamento dos órgãos de soberania e de governo próprio das
regiões autónomas ou os direitos e imunidades dos respectivos titulares.

8. A decla r a çã o do est a do de sít io ou do est a do de em er gên cia con fer e à s


a u t or ida des com pet ên cia pa r a t om a r em a s pr ovidên cia s n ecessá r ia s e a dequ a da s
ao pronto restabelecimento da normalidade constitucional.

Artigo 20.º
(Acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva)
1. A t odos é a ssegu r a do o a cesso a o dir eit o e a os t r ibu n a is pa r a defesa dos seu s
dir eit os e in t er esses lega lm en t e pr ot egidos, n ã o poden do a ju st iça ser den egada
por insuficiência de meios económicos.

2. Todos t êm dir eit o, n os t er m os da lei, à in for m a çã o e con su lt a ju r ídica s, a o


pa t r ocín io ju diciá r io e a fa zer -se a com pa n h a r por a dvoga do per a n t e qu a lqu er
autoridade.

3. A lei define e assegura a adequada protecção do segredo de justiça.

4. Todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja objecto de decisão
em prazo razoável e mediante processo equitativo.

5. P a r a defesa dos dir eit os, liber da des e ga r a n t ia s pessoa is, a lei a ssegu r a a os
cida dã os pr ocedim en t os ju dicia is ca r a ct er iza dos pela celer ida de e pr ior ida de, de
m odo a obt er t u t ela efect iva e em t em po ú t il con t r a a m ea ça s ou viola ções desses
direitos.

Artigo 21.º
(Direito de resistência)
Todos t êm o dir eit o de r esist ir a qu a lqu er or dem qu e ofen da os seu s dir eit os,
liber da des e ga r a n t ia s e de r epelir pela for ça qu a lqu er a gr essã o, qu a n do n ã o seja
possível recorrer à autoridade pública.

Artigo 22.º
(Responsabilidade das entidades públicas)
O E st a do e a s dem a is en t ida des pú blica s sã o civilm en t e r espon sá veis, em for m a
solidá r ia com os t it u la r es dos seu s ór gã os, fu n cion á r ios ou a gen t es, por a cções ou
om issões pr a t ica da s n o exer cício da s su a s fu n ções e por ca u sa desse exer cício, de
que resulte violação dos direitos, liberdades e garantias ou prejuízo para outrem.
CRP 10

Artigo 23.º
(Provedor de Justiça)
1. Os cida dã os podem a pr esen t a r qu eixa s por a cções ou om issões dos poder es
pú blicos a o P r ovedor de J u st iça , qu e a s a pr ecia r á sem poder decisór io, dir igin do
a os ór gã os com pet en t es a s r ecom en da ções n ecessá r ia s pa r a pr even ir e r epa r a r
injustiças.

2. A a ct ivida de do P r ovedor de J u st iça é in depen den t e dos m eios gr a ciosos e


contenciosos previstos na Constituição e nas leis.

3. O P r ovedor de J u st iça é u m ór gã o in depen den t e, sen do o seu t it u la r design a do


pela Assembleia da República, pelo tempo que a lei determinar.

4. Os ór gã os e a gen t es da Adm in ist r a çã o P ú blica cooper a m com o P r ovedor de


Justiça na realização da sua missão.

TÍTULO II
Direitos, liberdades e garantias

CAPÍTULO I
Direitos, liberdades e garantias pessoais

Artigo 24.º
(Direito à vida)
1. A vida humana é inviolável.

2. Em caso algum haverá pena de morte.

Artigo 25.º
(Direito à integridade pessoal)
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.

2. Nin gu ém pode ser su bm et ido a t or t u r a , n em a t r a t os ou pen a s cr u éis,


degradantes ou desumanos.

Artigo 26.º
(Outros direitos pessoais)
1. A t odos sã o r econ h ecidos os dir eit os à iden t ida de pessoa l, a o desen volvim en t o
da per son a lida de, à ca pa cida de civil, à cida da n ia , a o bom n om e e r epu t a çã o, à
im a gem , à pa la vr a , à r eser va da in t im ida de da vida pr iva da e fa m ilia r e à
protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.
CRP 11

2. A lei est a belecer á ga r a n t ia s efect iva s con t r a a obt en çã o e u t iliza çã o a bu siva s,


ou con t r á r ia s à dign ida de h u m a n a , de in for m a ções r ela t iva s à s pessoa s e
famílias.

3. A lei ga r a n t ir á a dign ida de pessoa l e a iden t ida de gen ét ica do ser h u m a n o,


n om ea da m en t e n a cr ia çã o, desen volvim en t o e u t iliza çã o da s t ecn ologia s e n a
experimentação científica.

4. A pr iva çã o da cida da n ia e a s r est r ições à ca pa cida de civil só podem efect u a r -se


n os ca sos e t er m os pr evist os n a lei, n ã o poden do t er com o fu n da m en t o m ot ivos
políticos.

Artigo 27.º
(Direito à liberdade e à segurança)
1. Todos têm direito à liberdade e à segurança.

2. Nin gu ém pode ser t ot a l ou pa r cia lm en t e pr iva do da liber da de, a n ã o ser em


consequência de sentença judicial condenatória pela prática de acto punido por lei
com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança.

3. Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições


que a lei determinar, nos casos seguintes:

a) Detenção em flagrante delito;


b) Det en çã o ou pr isã o pr even t iva por for t es in dícios de pr á t ica de cr im e doloso a
que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos;

c) P r isã o, det en çã o ou ou t r a m edida coa ct iva su jeit a a con t r olo ju dicia l, de pessoa
qu e t en h a pen et r a do ou per m a n eça ir r egu la r m en t e n o t er r it ór io n a cion a l ou
contra a qual esteja em curso processo de extradição ou de expulsão;

d) P r isã o disciplin a r im post a a m ilit a r es, com ga r a n t ia de r ecu r so pa r a o t r ibu n a l


competente;

e) Su jeiçã o de u m m en or a m edida s de pr ot ecçã o, a ssist ên cia ou edu ca çã o em


estabelecimento adequado, decretadas pelo tribunal judicial competente;

f) Detenção por decisão judicial em virtude de desobediência a decisão tomada por


u m t r ibu n a l ou pa r a a ssegu r a r a com pa r ên cia per a n t e a u t or ida de ju diciá r ia
competente;

g) Det en çã o de su speit os, pa r a efeit os de iden t ifica çã o, n os ca sos e pelo t em po


estritamente necessários;
CRP 12

h ) In t er n a m en t o de por t a dor de a n om a lia psíqu ica em est a belecim en t o


t er a pêu t ico a dequ a do, decr et a do ou con fir m a do por a u t or ida de ju dicia l
competente.

4. Toda a pessoa pr iva da da liber da de deve ser in for m a da im edia t a m en t e e de


forma compreensível das razões da sua prisão ou detenção e dos seus direitos.
5. A pr iva çã o da liber da de con t r a o dispost o n a Con st it u içã o e n a lei con st it u i o
Estado no dever de indemnizar o lesado nos termos que a lei estabelecer.

Artigo 28.º
(Prisão preventiva)
1. A det en çã o ser á su bm et ida , n o pr a zo m á xim o de qu a r en t a e oit o h or a s, a
a pr ecia çã o ju dicia l, pa r a r est it u içã o à liber da de ou im posiçã o de m edida de
coa cçã o a dequ a da , deven do o ju iz con h ecer da s ca u sa s qu e a det er m in a r a m e
comunicá-las ao detido, interrogá-lo e dar-lhe oportunidade de defesa.

2. A pr isã o pr even t iva t em n a t u r eza excepcion a l, n ã o sen do decr et a da n em


m a n t ida sem pr e qu e possa ser a plica da ca u çã o ou ou t r a m edida m a is fa vor á vel
prevista na lei.

3. A decisã o ju dicia l qu e or den e ou m a n t en h a u m a m edida de pr iva çã o da


liber da de deve ser logo com u n ica da a pa r en t e ou pessoa da con fia n ça do det ido,
por este indicados.

4. A prisão preventiva está sujeita aos prazos estabelecidos na lei.

Artigo 29.º
(Aplicação da lei criminal)
1. Nin gu ém pode ser sen t en cia do cr im in a lm en t e sen ã o em vir t u de de lei a n t er ior
qu e decla r e pu n ível a a cçã o ou a om issã o, n em sofr er m edida de segu r a n ça cu jos
pressupostos não estejam fixados em lei anterior.

2. O dispost o n o n ú m er o a n t er ior n ã o im pede a pu n içã o, n os lim it es da lei


in t er n a , por a cçã o ou om issã o qu e n o m om en t o da su a pr á t ica seja con sider a da
cr im in osa segu n do os pr in cípios ger a is de dir eit o in t er n a cion a l com u m m en t e
reconhecidos.

3. Nã o podem ser a plica da s pen a s ou m edida s de segu r a n ça qu e n ã o est ejam


expressamente cominadas em lei anterior.

4. Nin gu ém pode sofr er pen a ou m edida de segu r a n ça m a is gr a ves do qu e a s


pr evist a s n o m om en t o da cor r espon den t e con du t a ou da ver ifica çã o dos
r espect ivos pr essu post os, a plica n do-se r et r oa ct iva m en t e a s leis pen a is de
conteúdo mais favorável ao arguido.
CRP 13

5. Ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo crime.

6. Os cida dã os in ju st a m en t e con den a dos t êm dir eit o, n a s con dições qu e a lei


prescrever, à revisão da sentença e à indemnização pelos danos sofridos.

Artigo 30.º
(Limites das penas e das medidas de segurança)
1. Nã o pode h a ver pen a s n em m edida s de segu r a n ça pr iva t iva s ou r est r it iva s da
liberdade com carácter perpétuo ou de duração ilimitada ou indefinida.

2. E m ca so de per igosida de ba sea da em gr a ve a n om a lia psíqu ica , e n a


im possibilida de de t er a pêu t ica em m eio a ber t o, poder ã o a s m edida s de segu r a n ça
pr iva t iva s ou r est r it iva s da liber da de ser pr or r oga da s su cessiva m en t e en qu a n t o
tal estado se mantiver, mas sempre mediante decisão judicial.

3. A responsabilidade penal é insusceptível de transmissão.

4. Nen h u m a pen a en volve com o efeit o n ecessá r io a per da de qu a isqu er dir eit os
civis, profissionais ou políticos.

5. Os con den a dos a qu em seja m a plica da s pen a ou m edida de segu r a n ça


priva t iva s da liber da de m a n t êm a t it u la r ida de dos dir eit os fu n da m en t a is, sa lva s
a s lim it a ções in er en t es a o sen t ido da con den a çã o e à s exigên cia s pr ópr ia s da
respectiva execução.

Artigo 31.º
(Habeas corpus)
1. H a ver á h a bea s cor pu s con t r a o a bu so de poder , por vir t u de de pr isã o ou
detenção ilegal, a requerer perante o tribunal competente.

2. A pr ovidên cia de h a bea s cor pu s pode ser r equ er ida pelo pr ópr io ou por
qualquer cidadão no gozo dos seus direitos políticos.

3. O ju iz decidir á n o pr a zo de oit o dia s o pedido de h a bea s cor pu s em a u diên cia


contraditória.

Artigo 32.º
(Garantias de processo criminal)
1. O processo criminal assegura todas as garantias de defesa, incluindo o recurso.

2. Todo o a r gu ido se pr esu m e in ocen t e a t é a o t r â n sit o em ju lga do da sen t en ça de


con den a çã o, deven do ser ju lga do n o m a is cu r t o pr a zo com pa t ível com a s
garantias de defesa.
CRP 14

3. O a r gu ido t em dir eit o a escolh er defen sor e a ser por ele a ssist ido em t odos os
a ct os do pr ocesso, especifica n do a lei os ca sos e a s fa ses em qu e a a ssist ên cia por
advogado é obrigatória.

4. Toda a in st r u çã o é da com pet ên cia de u m ju iz, o qu a l pode, n os t er m os da lei,


delega r n ou t r a s en t ida des a pr á t ica dos a ct os in st r u t ór ios qu e se n ã o pr en da m
directamente com os direitos fundamentais.

5. O pr ocesso cr im in a l t em est r u t u r a a cu sa t ór ia , est a n do a a u diên cia de


ju lga m en t o e os a ct os in st r u t ór ios qu e a lei det er m in a r su bor din a dos a o pr in cípio
do contraditório.

6. A lei defin e os ca sos em qu e, a ssegu r a dos os dir eit os de defesa , pode ser
dispen sa da a pr esen ça do a r gu ido ou a cu sa do em a ct os pr ocessu a is, in clu in do a
audiência de julgamento.

7. O ofendido tem o direito de intervir no processo, nos termos da lei.

8. Sã o n u la s t oda s a s pr ova s obt ida s m edia n t e t or t u r a , coa cçã o, ofen sa da


in t egr ida de física ou m or a l da pessoa , a bu siva in t r om issã o n a vida pr iva da , n o
domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações.

9. Nen h u m a ca u sa pode ser su bt r a ída a o t r ibu n a l cu ja com pet ên cia est eja fixa da
em lei anterior.

10. Nos pr ocessos de con t r a -or den a çã o, bem com o em qu a isqu er pr ocessos
sancionatórios, são assegurados ao arguido os direitos de audiência e defesa.

Artigo 33.º
(Expulsão, extradição e direito de asilo)
1. Não é admitida a expulsão de cidadãos portugueses do território nacional.

2. A expu lsã o de qu em t en h a en t r a do ou per m a n eça r egu la r m en t e n o t er r it ór io


n a cion a l, de qu em t en h a obt ido a u t or iza çã o de r esidên cia , ou de qu em t en h a
apresentado pedido de asilo não recusado só pode ser determinada por autoridade
judicial, assegurando a lei formas expeditas de decisão.

3. A ext r a diçã o de cida dã os por t u gu eses do t er r it ór io n a cion a l só é a dm it ida , em


con dições de r ecipr ocida de est a belecida s em con ven çã o in t er n a cion a l, n os ca sos
de t er r or ism o e de cr im in a lida de in t er n a cion a l or ga n iza da , e desde qu e a or dem
ju r ídica do E st a do r equ isit a n t e con sa gr e ga r a n t ia s de u m pr ocesso ju st o e
equitativo.

4. Só é a dm it ida a ext r a diçã o por cr im es a qu e cor r espon da , segu n do o dir eit o do


E st a do r equ isit a n t e, pen a ou m edida de segu r a n ça pr iva t iva ou r est r it iva da
liberdade com ca r á ct er per pét u o ou de du r a çã o in defin ida , se, n esse dom ín io, o
CRP 15

E st a do r equ isit a n t e for pa r t e de con ven çã o in t er n a cion a l a qu e P or t u ga l est eja


vin cu la do e ofer ecer ga r a n t ia s de qu e t a l pen a ou m edida de segu r a n ça n ã o ser á
aplicada ou executada.

5. O dispost o n os n ú m er os a n t er ior es n ã o pr eju dica a a plica çã o da s n or m a s de


cooperação judiciária penal estabelecidas no âmbito da União Europeia.

6. Nã o é a dm it ida a ext r a diçã o, n em a en t r ega a qu a lqu er t ít u lo, por m ot ivos


polít icos ou por cr im es a qu e cor r espon da , segu n do o dir eit o do E st a do
r equ isit a n t e, pen a de m or t e ou ou t r a de qu e r esu lt e lesã o ir r ever sível da
integridade física.

7. A extradição só pode ser determinada por autoridade judicial.

8. É ga r a n t ido o dir eit o de a silo a os est r a n geir os e a os a pá t r ida s per segu idos ou
gr a vem en t e a m ea ça dos de per segu içã o, em con sequ ên cia da su a a ct ivida de em
fa vor da dem ocr a cia , da liber t a çã o socia l e n a cion a l, da pa z en t r e os povos, da
liberdade e dos direitos da pessoa humana.

9. A lei define o estatuto do refugiado político.

Artigo 34.º
(Inviolabilidade do domicílio e da correspondência)
1. O dom icílio e o sigilo da cor r espon dên cia e dos ou t r os m eios de com u n ica çã o
privada são invioláveis.

2. A en t r a da n o dom icílio dos cida dã os con t r a a su a von t a de só pode ser or den a da


pela a u t or ida de ju dicia l com pet en t e, n os ca sos e segu n do a s for m a s pr evist os n a
lei.

3. Nin gu ém pode en t r a r du r a n t e a n oit e n o dom icílio de qu a lqu er pessoa sem o


seu consentimento, salvo em situação de flagrante delito ou mediante autorização
ju dicia l em ca sos de cr im in a lida de especia lm en t e violen t a ou a lt a m en t e
or ga n iza da , in clu in do o t er r or ism o e o t r á fico de pessoa s, de a r m a s e de
estupefacientes, nos termos previstos na lei.

4. É pr oibida t oda a in ger ên cia da s a u t or ida des pú blica s n a cor r espon dên cia , n a s
t elecom u n ica ções e n os dem a is m eios de com u n ica çã o, sa lvos os ca sos pr evist os
na lei em matéria de processo criminal.

Artigo 35.º
(Utilização da informática)
1. Todos os cida dã os t êm o dir eit o de a cesso a os da dos in for m a t iza dos qu e lhes
diga m r espeit o, poden do exigir a su a r ect ifica çã o e a ct u a liza çã o, e o dir eit o de
conhecer a finalidade a que se destinam, nos termos da lei.
CRP 16

2. A lei defin e o con ceit o de da dos pessoa is, bem com o a s con dições a plicá veis a o
seu t r a t a m en t o a u t om a t iza do, con exã o, t r a n sm issã o e u t iliza çã o, e ga r a n t e a su a
protecção, designadamente através de entidade administrativa independente.

3. A in for m á t ica n ã o pode ser u t iliza da pa r a t r a t a m en t o de da dos r efer en t es a


con vicções filosófica s ou polít ica s, filia çã o pa r t idá r ia ou sin dica l, fé r eligiosa , vida
pr iva da e or igem ét n ica , sa lvo m edia n t e con sen t im en t o expr esso do t it u la r ,
a u t or iza çã o pr evist a por lei com ga r a n t ia s de n ã o discr im in a çã o ou pa r a
processamento de dados estatísticos não individualmente identificáveis.

4. É pr oibido o a cesso a da dos pessoa is de t er ceir os, sa lvo em ca sos excepcion a is


previstos na lei.

5. É proibida a atribuição de um número nacional único aos cidadãos.

6. A t odos é ga r a n t ido livr e a cesso à s r edes in for m á t ica s de u so pú blico, definindo


a lei o regime aplicável aos fluxos de dados transfronteiras e as formas adequadas
de pr ot ecçã o de da dos pessoa is e de ou t r os cu ja sa lva gu a r da se ju st ifiqu e por
razões de interesse nacional.

7. Os dados pessoais constantes de ficheiros manuais gozam de protecção idêntica


à prevista nos números anteriores, nos termos da lei.

Artigo 36.º
(Família, casamento e filiação)
1. Todos t êm o dir eit o de con st it u ir fa m ília e de con t r a ir ca sa m en t o em con dições
de plena igualdade.

2. A lei r egu la os r equ isit os e os efeit os do ca sa m en t o e da su a dissolu çã o, por


morte ou divórcio, independentemente da forma de celebração.

3. Os côn ju ges t êm igu a is dir eit os e dever es qu a n t o à ca pa cida de civil e polít ica e
à manutenção e educação dos filhos.

4. Os filhos nascidos fora do casamento não podem, por esse motivo, ser objecto de
qu a lqu er discr im in a çã o e a lei ou a s r epa r t ições oficia is n ã o podem u sa r
designações discriminatórias relativas à filiação.

5. Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos.

6. Os filh os n ã o podem ser sepa r a dos dos pa is, sa lvo qu a n do est es n ã o cu m pr a m


os seus deveres fundamentais para com eles e sempre mediante decisão judicial.

7. A a dopçã o é r egu la da e pr ot egida n os t er m os da lei, a qu a l deve est a belecer


formas céleres para a respectiva tramitação.
CRP 17

Artigo 37.º
(Liberdade de expressão e informação)
1. Todos t êm o dir eit o de expr im ir e divu lga r livr em en t e o seu pen sa m en t o pela
pa la vr a , pela im a gem ou por qu a lqu er ou t r o m eio, bem com o o dir eit o de
in for m a r , de se in for m a r e de ser in for m a dos, sem im pedim en t os n em
discriminações.

2. O exer cício dest es dir eit os n ã o pode ser im pedido ou lim it a do por qu a lqu er t ipo
ou forma de censura.

3. As in fr a cções com et ida s n o exer cício dest es dir eit os fica m su bm et ida s a os
prin cípios ger a is de dir eit o cr im in a l ou do ilícit o de m er a or den a çã o socia l, sen do
a su a a pr ecia çã o r espect iva m en t e da com pet ên cia dos t r ibu n a is ju dicia is ou de
entidade administrativa independente, nos termos da lei.

4. A t oda s a s pessoa s, sin gu la r es ou colect iva s, é a ssegu r a do, em con dições de


igu a lda de e eficá cia , o dir eit o de r espost a e de r ect ifica çã o, bem com o o dir eit o a
indemnização pelos danos sofridos.

Artigo 38.º
(Liberdade de imprensa e meios de comunicação social)
1. É garantida a liberdade de imprensa.

2. A liberdade de imprensa implica:

a ) A liber da de de expr essã o e cr ia çã o dos jor n a list a s e cola bor a dor es, bem com o a
in t er ven çã o dos pr im eir os n a or ien t a çã o edit or ia l dos r espect ivos ór gã os de
comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional;

b) O dir eit o dos jor n a list a s, n os t er m os da lei, a o a cesso à s fon t es de in for m a çã o e


à pr ot ecçã o da in depen dên cia e do sigilo pr ofission a is, bem com o o dir eit o de
elegerem conselhos de redacção;

c) O dir eit o de fu n da çã o de jor n a is e de qu a isqu er ou t r a s pu blica ções,


independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação prévias.

3. A lei a ssegu r a , com ca r á ct er gen ér ico, a divu lga çã o da t it u la r ida de e dos m eios
de financiamento dos órgãos de comunicação social.

4. O E st a do a ssegu r a a liber da de e a in depen dên cia dos ór gã os de com u n ica çã o


socia l per a n t e o poder polít ico e o poder econ óm ico, im pon do o pr in cípio da
especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e
apoiando-as de for m a n ã o discr im in a t ór ia e im pedin do a su a con cen t r a çã o,
designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas.
CRP 18

5. O E st a do a ssegu r a a exist ên cia e o fu n cion a m en t o de u m ser viço pú blico de


rádio e de televisão.

6. A est r u t u r a e o fu n cion a m en t o dos m eios de com u n ica çã o socia l do sect or


pú blico devem sa lva gu a r da r a su a in depen dên cia per a n t e o Gover n o, a
Adm in ist r a çã o e os dem a is poder es pú blicos, bem com o a ssegu r a r a possibilida de
de expressão e confronto das diversas correntes de opinião.

7. As est a ções em issor a s de r a diodifu sã o e de r a diot elevisã o só podem fu n cion a r


mediante licença, a conferir por concurso público, nos termos da lei.

Artigo 39.º
(Regulação da comunicação social)
1. Ca be a u m a en t ida de a dm in ist r a t iva in depen den t e a ssegu r a r n os m eios de
comunicação social:

a) O direito à informação e a liberdade de imprensa;

b) A não concentração da titularidade dos meios de comunicação social;

c) A independência perante o poder político e o poder económico;

d) O respeito pelos direitos, liberdades e garantias pessoais;

e) O respeito pelas normas reguladoras das actividades de comunicação social;

f) A possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião;

g) O exercício dos direitos de antena, de resposta e de réplica política.

2. A lei define a composição, as competências, a organização e o funcionamento da


en t ida de r efer ida n o n ú m er o a n t er ior , bem com o o est a t u t o dos r espect ivos
membros, designados pela Assembleia da República e por cooptação destes.

Artigo 40.º
(Direitos de antena, de resposta e de réplica política)
1. Os pa r t idos polít icos e a s or ga n iza ções sin dica is, pr ofission a is e
r epr esen t a t iva s da s a ct ivida des econ óm ica s, bem com o ou t r a s or ga n iza ções
socia is de â m bit o n a cion a l, t êm dir eit o, de a cor do com a su a r elevâ n cia e
CRP 19

r epr esen t a t ivida de e segu n do cr it ér ios object ivos a defin ir por lei, a t em pos de
antena no serviço público de rádio e de televisão.

2. Os pa r t idos polít icos r epr esen t a dos n a Assem bleia da Repú blica , e qu e n ã o
fa ça m pa r t e do Gover n o, t êm dir eit o, n os t er m os da lei, a t em pos de a n t en a n o
ser viço pú blico de r á dio e t elevisã o, a r a t ea r de a cor do com a su a
r epr esen t a t ivida de, bem com o o dir eit o de r espost a ou de r éplica polít ica à s
decla r a ções polít ica s do Gover n o, de du r a çã o e r elevo igu a is a os dos t em pos de
a n t en a e da s decla r a ções do Gover n o, de igu a is dir eit os goza n do, n o â m bit o da
r espect iva r egiã o, os pa r t idos r epr esen t a dos n a s Assem bleia s Legisla t iva s da s
regiões autónomas.

3. Nos per íodos eleit or a is os con cor r en t es t êm dir eit o a t em pos de a n t en a ,


r egu la r es e equ it a t ivos, n a s est a ções em issor a s de r á dio e de t elevisã o de â m bit o
nacional e regional, nos termos da lei.

Artigo 41.º
(Liberdade de consciência, de religião e de culto)
1. A liberdade de consciência, de religião e de culto é inviolável.

2. Nin gu ém pode ser per segu ido, pr iva do de dir eit os ou isen t o de obr iga ções ou
deveres cívicos por causa das suas convicções ou prática religiosa.

3. Nin gu ém pode ser per gu n t a do por qu a lqu er a u t or ida de a cer ca da s su a s


convicções ou pr á t ica r eligiosa , sa lvo pa r a r ecolh a de da dos est a t íst icos n ã o
individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder.

4. As igr eja s e ou t r a s com u n ida des r eligiosa s est ã o sepa r a da s do E st a do e sã o


livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.

5. É ga r a n t ida a liber da de de en sin o de qu a lqu er r eligiã o pr a t ica do n o â m bit o da


r espect iva con fissã o, bem com o a u t iliza çã o de m eios de com u n ica çã o socia l
próprios para o prosseguimento das suas actividades.

6. É garantido o direito à objecção de consciência, nos termos da lei.

Artigo 42.º
(Liberdade de criação cultural)
1. É livre a criação intelectual, artística e científica.

2. E st a liber da de com pr een de o dir eit o à in ven çã o, pr odu çã o e divu lga çã o da obra
científica, literária ou artística, incluindo a protecção legal dos direitos de autor.
CRP 20

Artigo 43.º
(Liberdade de aprender e ensinar)
1. É garantida a liberdade de aprender e ensinar.

2. O E st a do n ã o pode pr ogr a m a r a edu ca çã o e a cu lt u r a segu n do qu aisquer


directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.

3. O ensino público não será confessional.

4. É garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas.

Artigo 44.º
(Direito de deslocação e de emigração)
1. A todos os cidadãos é garantido o direito de se deslocarem e fixarem livremente
em qualquer parte do território nacional.

2. A t odos é ga r a n t ido o dir eit o de em igr a r ou de sa ir do t er r it ór io n a cion a l e o


direito de regressar.

Artigo 45.º
(Direito de reunião e de manifestação)
1. Os cida dã os t êm o dir eit o de se r eu n ir , pa cifica m en t e e sem a r m a s, m esm o em
lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.

2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.

Artigo 46.º
(Liberdade de associação)
1. Os cida dã os t êm o dir eit o de, livr em en t e e sem depen dên cia de qu a lqu er
autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a
violência e os respectivos fins não sejam contrários à lei penal.

2. As a ssocia ções pr ossegu em livr em en t e os seu s fin s sem in t er fer ên cia da s


a u t or ida des pú blica s e n ã o podem ser dissolvida s pelo E st a do ou su spen sa s a s
suas actividades senão nos casos previstos na lei e mediante decisão judicial.

3. Nin gu ém pode ser obr iga do a fa zer pa r t e de u m a a ssocia çã o n em coa gido por
qualquer meio a permanecer nela.

4. Nã o sã o con sen t ida s a ssocia ções a r m a da s n em de t ipo m ilit a r , m ilit a r iza da s ou


paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.
CRP 21

Artigo 47.º
(Liberdade de escolha de profissão e acesso à função pública)
1. Todos t êm o dir eit o de escolh er livr em en t e a pr ofissã o ou o gén er o de t r a ba lh o,
sa lva s a s r est r ições lega is im post a s pelo in t er esse colect ivo ou in er en t es à su a
própria capacidade.

2. Todos os cida dã os t êm o dir eit o de a cesso à fu n çã o pú blica , em con dições de


igualdade e liberdade, em regra por via de concurso.

CAPÍTULO II
Direitos, liberdades e garantias de participação política

Artigo 48.º
(Participação na vida pública)
1. Todos os cida dã os t êm o dir eit o de t om a r pa r t e n a vida polít ica e n a dir ecçã o
dos a ssu n t os pú blicos do pa ís, dir ect a m en t e ou por in t er m édio de r epr esen t a n t es
livremente eleitos.

2. Todos os cida dã os t êm o dir eit o de ser escla r ecidos object iva m en t e sobr e a ct os
do E st a do e dem a is en t ida des pú blica s e de ser in for m a dos pelo Gover n o e ou t r a s
autoridades acerca da gestão dos assuntos públicos.

Artigo 49.º
(Direito de sufrágio)
1. Têm dir eit o de su fr á gio t odos os cida dã os m a ior es de dezoit o a n os, r essa lva da s
as incapacidades previstas na lei geral.

2. O exercício do direito de sufrágio é pessoal e constitui um dever cívico.

Artigo 50.º
(Direito de acesso a cargos públicos)
1. Todos os cida dã os t êm o dir eit o de a cesso, em con dições de igu a lda de e
liberdade, aos cargos públicos.

2. Nin gu ém pode ser pr eju dica do n a su a coloca çã o, n o seu em pr ego, n a su a


ca r r eir a pr ofission a l ou n os ben efícios socia is a qu e t en h a dir eit o, em vir t u de do
exercício de direitos políticos ou do desempenho de cargos públicos.

3. No a cesso a ca r gos elect ivos a lei só pode est a belecer a s in elegibilida des
n ecessá r ia s pa r a ga r a n t ir a liber da de de escolh a dos eleit or es e a isen çã o e
independência do exercício dos respectivos cargos.
CRP 22

Artigo 51.º
(Associações e partidos políticos)
1. A liber da de de a ssocia çã o com pr een de o dir eit o de con st it u ir ou pa r t icipa r em
a ssocia ções e pa r t idos polít icos e de a t r a vés deles con cor r er dem ocr a t ica m en t e
para a formação da vontade popular e a organização do poder político.

2. Nin gu ém pode est a r in scr it o sim u lt a n ea m en t e em m a is de u m pa r t ido polít ico


n em ser pr iva do do exer cício de qu a lqu er dir eit o por est a r ou deixa r de est a r
inscrito em algum partido legalmente constituído.

3. Os pa r t idos polít icos n ã o podem , sem pr eju ízo da filosofia ou ideologia


inspir a dor a do seu pr ogr a m a , u sa r den om in a çã o qu e con t en h a expr essões
dir ect a m en t e r ela cion a da s com qu a isqu er r eligiões ou igr eja s, bem com o
emblemas confundíveis com símbolos nacionais ou religiosos.

4. Nã o podem con st it u ir -se pa r t idos qu e, pela su a design a çã o ou pelos seu s


objectivos programáticos, tenham índole ou âmbito regional.

5. Os pa r t idos polít icos devem r eger -se pelos pr in cípios da t r a n spa r ên cia , da
or ga n iza çã o e da gest ã o dem ocr á t ica s e da pa r t icipa çã o de t odos os seu s
membros.

6. A lei est a belece a s r egr a s de fin a n cia m en t o dos pa r t idos polít icos,
n om ea da m en t e qu a n t o a os r equ isit os e lim it es do fin a n cia m en t o pú blico, bem
como às exigências de publicidade do seu património e das suas contas.

Artigo 52.º
(Direito de petição e direito de acção popular)
1. Todos os cida dã os t êm o dir eit o de a pr esen t a r , in dividu a l ou colect iva m en t e,
a os ór gã os de sober a n ia , a os ór gã os de gover n o pr ópr io da s r egiões a u t ón om a s ou
a qu a isqu er a u t or ida des pet ições, r epr esen t a ções, r ecla m a ções ou qu eixa s pa r a
defesa dos seu s dir eit os, da Con st it u içã o, da s leis ou do in t er esse ger a l e, bem
a ssim , o dir eit o de ser em in for m a dos, em pr a zo r a zoá vel, sobr e o r esu lt a do da
respectiva apreciação.

2. A lei fixa a s con dições em qu e a s pet ições a pr esen t a da s colect iva m en t e à


Assem bleia da Repú blica e à s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s
são apreciadas em reunião plenária.

3. É con fer ido a t odos, pessoa lm en t e ou a t r a vés de a ssocia ções de defesa dos
in t er esses em ca u sa , o dir eit o de a cçã o popu la r n os ca sos e t er m os pr evist os n a
lei, in clu in do o dir eit o de r equ er er pa r a o lesa do ou lesa dos a cor r espon den t e
indemnização, nomeadamente para:
CRP 23

a ) P r om over a pr even çã o, a cessa çã o ou a per segu içã o ju dicia l da s in fr a cções


con t r a a sa ú de pú blica , os dir eit os dos con su m idor es, a qu a lida de de vida , a
preservação do ambiente e do património cultural;
b) Assegu r a r a defesa dos ben s do E st a do, da s r egiões a u t ón om a s e da s
autarquias locais.

CAPÍTULO III
Direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores

Artigo 53.º
(Segurança no emprego)
É ga r a n t ida a os t r a ba lh a dor es a segu r a n ça n o em pr ego, sen do pr oibidos os
despedimentos sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos.

Artigo 54.º
(Comissões de trabalhadores)
1. É dir eit o dos t r a ba lh a dor es cr ia r em com issões de t r a ba lh a dor es pa r a defesa
dos seus interesses e intervenção democrática na vida da empresa.

2. Os t r a ba lh a dor es deliber a m a con st it u içã o, a pr ova m os est a t u t os e elegem , por


voto directo e secreto, os membros das comissões de trabalhadores.

3. P odem ser cr ia da s com issões coor den a dor a s pa r a m elh or in t er ven çã o n a


reestruturação económica e por forma a garantir os interesses dos trabalhadores.

4. Os membros das comissões gozam da protecção legal reconhecida aos delegados


sindicais.

5. Constituem direitos das comissões de trabalhadores:

a) Receber todas as informações necessárias ao exercício da sua actividade;


b) Exercer o controlo de gestão nas empresas;

c) P a r t icipa r n os pr ocessos de r eest r u t u r a çã o da em pr esa , especia lm en t e n o


t oca n t e a a cções de for m a çã o ou qu a n do ocor r a a lt er a çã o da s con dições de
trabalho;

d) P a r t icipa r n a ela bor a çã o da legisla çã o do t r a ba lh o e dos pla n os econ óm ico-


sociais que contemplem o respectivo sector;

e) Gerir ou participar na gestão das obras sociais da empresa;


CRP 24

f) P r om over a eleiçã o de r epr esen t a n t es dos t r a ba lh a dor es pa r a os ór gã os socia is


de em pr esa s per t en cen t es a o E st a do ou a ou t r a s en t ida des pú blica s, n os t er m os
da lei.

Artigo 55.º
(Liberdade sindical)
1. É r econ h ecida a os t r a ba lh a dor es a liber da de sin dica l, con diçã o e ga r a n t ia da
construção da sua unidade para defesa dos seus direitos e interesses.

2. No exer cício da liber da de sin dica l é ga r a n t ido a os t r a ba lh a dor es, sem qu a lqu er
discriminação, designadamente:

a) A liberdade de constituição de associações sindicais a todos os níveis;


b) A liber da de de in scr içã o, n ã o poden do n en h u m t r a ba lh a dor ser obr iga do a
pagar quotizações para sindicato em que não esteja inscrito;

c) A liberdade de organização e regulamentação interna das associações sindicais;

d) O direito de exercício de actividade sindical na empresa;

e) O direito de tendência, nas formas que os respectivos estatutos determinarem.

3. As a ssocia ções sin dica is devem r eger -se pelos pr in cípios da or ga n iza çã o e da
gest ã o dem ocr á t ica s, ba sea dos n a eleiçã o per iódica e por escr u t ín io secr et o dos
ór gã os dir igen t es, sem su jeiçã o a qu a lqu er a u t or iza çã o ou h om ologa çã o, e
a ssen t es n a pa r t icipa çã o a ct iva dos t r a ba lh a dor es em t odos os a spect os da
actividade sindical.
4. As a ssocia ções sin dica is sã o in depen den t es do pa t r on a t o, do E st a do, da s
con fissões r eligiosa s, dos pa r t idos e ou t r a s a ssocia ções polít ica s, deven do a lei
estabelecer as garantias adequadas dessa independência, fundamento da unidade
das classes trabalhadoras.

5. As a ssocia ções sin dica is t êm o dir eit o de est a belecer r ela ções ou filia r -se em
organizações sindicais internacionais.

6. Os r epr esen t a n t es eleit os dos t r a ba lh a dor es goza m do dir eit o à in for m a çã o e


con su lt a , bem com o à pr ot ecçã o lega l a dequ a da con t r a qu a isqu er for m a s de
condicionamento, con st r a n gim en t o ou lim it a çã o do exer cício legít im o da s su a s
funções.

Artigo 56.º
(Direitos das associações sindicais e contratação colectiva)
1. Com pet e à s a ssocia ções sin dica is defen der e pr om over a defesa dos dir eit os e
interesses dos trabalhadores que representem.
CRP 25

2. Constituem direitos das associações sindicais:

a) Participar na elaboração da legislação do trabalho;


b) P a r t icipa r n a gest ã o da s in st it u ições de segu r a n ça socia l e ou t r a s or ga n iza ções
que visem satisfazer os interesses dos trabalhadores;

c) Pronunciar-se sobre os planos económico-sociais e acompanhar a sua execução;

d) Fazer-se representar nos organismos de concertação social, nos termos da lei;

e) P a r t icipa r n os pr ocessos de r eest r u t u r a çã o da em pr esa , especia lm en t e n o


tocante a a cções de for m a çã o ou qu a n do ocor r a a lt er a çã o da s con dições de
trabalho.

3. Com pet e à s a ssocia ções sin dica is exer cer o dir eit o de con t r a t a çã o colect iva , o
qual é garantido nos termos da lei.
4. A lei est a belece a s r egr a s r espeit a n t es à legit im ida de pa r a a celebr a çã o da s
convenções colectivas de trabalho, bem como à eficácia das respectivas normas.

Artigo 57.º
(Direito à greve e proibição do lock-out)
1. É garantido o direito à greve.

2. Com pet e a os t r a ba lh a dor es defin ir o â m bit o de in t er esses a defen der a t r a vés


da greve, não podendo a lei limitar esse âmbito.

3. A lei defin e a s con dições de pr est a çã o, du r a n t e a gr eve, de ser viços n ecessá r ios
à segu r a n ça e m a n u t en çã o de equ ipa m en t os e in st a la ções, bem com o de ser viços
m ín im os in dispen sá veis pa r a ocor r er à sa t isfa çã o de n ecessida des socia is
impreteríveis.

4. É proibido o lock-out.

TÍTULO III
Direitos e deveres económicos, sociais e culturais

CAPÍTULO I
Direitos e deveres económicos

Artigo 58.º
(Direito ao trabalho)
1. Todos têm direito ao trabalho.

2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:


CRP 26

a) A execução de políticas de pleno emprego;


b) A igu a lda de de opor t u n ida des n a escolh a da pr ofissã o ou gén er o de t r a ba lh o e
con dições pa r a qu e n ã o seja veda do ou lim it a do, em fu n çã o do sexo, o a cesso a
quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais;

c) A formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores.

Artigo 59.º
(Direitos dos trabalhadores)
1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território
de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito:

a ) À r et r ibu içã o do t r a ba lh o, segu n do a qu a n t ida de, n a t u r eza e qu a lida de,


observando-se o pr in cípio de qu e pa r a t r a ba lh o igu a l sa lá r io igu a l, de for m a a
garantir uma existência condigna;
b) A or ga n iza çã o do t r a ba lh o em con dições socia lm en t e dign ifica n t es, de for m a a
fa cu lt a r a r ea liza çã o pessoa l e a per m it ir a con cilia çã o da a ct ivida de pr ofission a l
com a vida familiar;

c) A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde;

d) Ao r epou so e a os la zer es, a u m lim it e m á xim o da jor n a da de t r a ba lh o, a o


descanso semanal e a férias periódicas pagas;

e) À a ssist ên cia m a t er ia l, qu a n do in volu n t a r ia m en t e se en con t r em em sit u a çã o


de desemprego;

f) A a ssist ên cia e ju st a r epa r a çã o, qu a n do vít im a s de a ciden t e de t r a ba lh o ou de


doença profissional.

2. In cu m be a o E st a do a ssegu r a r a s con dições de t r a ba lh o, r et r ibu içã o e r epou so a


que os trabalhadores têm direito, nomeadamente:
a ) O est a belecim en t o e a a ct u a liza çã o do sa lá r io m ín im o n a cion a l, t en do em
con t a , en t r e ou t r os fa ct or es, a s n ecessida des dos t r a ba lh a dor es, o a u m en t o do
cu st o de vida , o n ível de desen volvim en t o da s for ça s pr odu t iva s, a s exigên cia s da
estabilidade económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento;
b) A fixação, a nível nacional, dos limites da duração do trabalho;

c) A especia l pr ot ecçã o do t r a ba lh o da s m u lh er es du r a n t e a gr a videz e a pós o


pa r t o, bem com o do t r a ba lh o dos m en or es, dos dim in u ídos e dos qu e
desem pen h em a ct ivida des pa r t icu la r m en t e violen t a s ou em con dições in sa lu br es,
tóxicas ou perigosas;

d) O desen volvim en t o sist em á t ico de u m a r ede de cen t r os de r epou so e de fér ia s,


em cooperação com organizações sociais;
CRP 27

e) A pr ot ecçã o da s con dições de t r a ba lh o e a ga r a n t ia dos ben efícios socia is dos


trabalhadores emigrantes;

f) A protecção das condições de trabalho dos trabalhadores estudantes.

3. Os salários gozam de garantias especiais, nos termos da lei.

Artigo 60.º
(Direitos dos consumidores)
1. Os con su m idor es t êm dir eit o à qu a lida de dos ben s e ser viços con su m idos, à
for m a çã o e à in for m a çã o, à pr ot ecçã o da sa ú de, da segu r a n ça e dos seu s
interesses económicos, bem como à reparação de danos.

2. A pu blicida de é disciplin a da por lei, sen do pr oibida s t oda s a s for m a s de


publicidade oculta, indirecta ou dolosa.

3. As a ssocia ções de con su m idor es e a s cooper a t iva s de con su m o t êm dir eit o, n os


t er m os da lei, a o a poio do E st a do e a ser ou vida s sobr e a s qu est ões qu e diga m
r espeit o à defesa dos con su m idor es, sen do-lh es r econ h ecida legit im ida de
processual para defesa dos seus associados ou de interesses colectivos ou difusos.

Artigo 61.º
(Iniciativa privada, cooperativa e autogestionária)
1. A iniciativa económica privada exerce-se livremente nos quadros definidos pela
Constituição e pela lei e tendo em conta o interesse geral.

2. A t odos é r econ h ecido o dir eit o à livr e con st it u içã o de cooper a t iva s, desde qu e
observados os princípios cooperativos.

3. As cooper a t iva s desen volvem livr em en t e a s su a s a ct ivida des n o qu a dr o da lei e


podem a gr u pa r -se em u n iões, feder a ções e con feder a ções e em ou t r a s for m a s de
organização legalmente previstas.

4. A lei est a belece a s especificida des or ga n iza t iva s da s cooper a t iva s com
participação pública.

5. É reconhecido o direito de autogestão, nos termos da lei.

Artigo 62.º
(Direito de propriedade privada)
1. A t odos é ga r a n t ido o dir eit o à pr opr ieda de pr iva da e à su a t r a n sm issã o em
vida ou por morte, nos termos da Constituição.
CRP 28

2. A r equ isiçã o e a expr opr ia çã o por u t ilida de pú blica só podem ser efect u a da s
com base na lei e mediante o pagamento de justa indemnização.

CAPÍTULO II
Direitos e deveres sociais

Artigo 63.º
(Segurança social e solidariedade)
1. Todos têm direito à segurança social.

2. In cu m be a o E st a do or ga n iza r , coor den a r e su bsidia r u m sist em a de segu r a n ça


socia l u n ifica do e descen t r a liza do, com a pa r t icipa çã o da s a ssocia ções sin dica is,
de ou t r a s or ga n iza ções r epr esen t a t iva s dos t r a ba lh a dor es e de a ssocia ções
representativas dos demais beneficiários.

3. O sist em a de segu r a n ça socia l pr ot ege os cida dã os n a doen ça , velh ice,


in va lidez, viu vez e or fa n da de, bem com o n o desem pr ego e em t oda s a s ou t r a s
situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o
trabalho.

4. Todo o t em po de t r a ba lh o con t r ibu i, n os t er m os da lei, pa r a o cá lcu lo da s


pen sões de velh ice e in va lidez, in depen den t em en t e do sect or de a ct ivida de em
que tiver sido prestado.

5. O E st a do a poia e fisca liza , n os t er m os da lei, a a ct ivida de e o fu n cion a m en t o


da s in st it u ições pa r t icu la r es de solida r ieda de socia l e de ou t r a s de r econ h ecido
in t er esse pú blico sem ca r á ct er lu cr a t ivo, com vist a à pr ossecu çã o de object ivos de
solida r ieda de socia l con sign a dos, n om ea da m en t e, n est e a r t igo, n a a lín ea b) do n .º
2 do artigo 67.º, no artigo 69.º, na alínea e) do n.º 1 do artigo 70.º e nos artigos 71.º
e 72.º.

Artigo 64.º
(Saúde)
1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.

2. O direito à protecção da saúde é realizado:

a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as


condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;
b) P ela cr ia çã o de con dições econ óm ica s, socia is, cu lt u r a is e a m bien t a is qu e
ga r a n t a m , design a da m en t e, a pr ot ecçã o da in fâ n cia , da ju ven t u de e da velh ice, e
pela m elh or ia sist em á t ica da s con dições de vida e de t r a ba lh o, bem com o pela
CRP 29

pr om oçã o da cu lt u r a física e despor t iva , escola r e popu la r , e a in da pelo


desenvolvimento da educação sanitária do povo e de práticas de vida saudável.

3. P a r a a ssegu r a r o dir eit o à pr ot ecçã o da sa ú de, in cu m be pr ior it a r ia m en t e a o


Estado:

a ) Ga r a n t ir o a cesso de t odos os cida dã os, in depen den t em en t e da su a con diçã o


económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação;
b) Ga r a n t ir u m a r a cion a l e eficien t e cober t u r a de t odo o pa ís em r ecu r sos
humanos e unidades de saúde;

c) Or ien t a r a su a a cçã o pa r a a socia liza çã o dos cu st os dos cu ida dos m édicos e


medicamentosos;

d) Disciplin a r e fisca liza r a s for m a s em pr esa r ia is e pr iva da s da m edicin a ,


articulando-a s com o ser viço n a cion a l de sa ú de, por for m a a a ssegu r a r , n a s
in st it u ições de sa ú de pú blica s e pr iva da s, a dequ a dos pa dr ões de eficiên cia e de
qualidade;

e) Disciplinar e controlar a produção, a distribuição, a comercializa çã o e o u so dos


pr odu t os qu ím icos, biológicos e fa r m a cêu t icos e ou t r os m eios de t r a t a m en t o e
diagnóstico;

f) Estabelecer políticas de prevenção e tratamento da toxicodependência.

4. O serviço nacional de saúde tem gestão descentralizada e participada.

Artigo 65.º
(Habitação e urbanismo)
1. Todos t êm dir eit o, pa r a si e pa r a a su a fa m ília , a u m a h a bit a çã o de dim en sã o
adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal
e a privacidade familiar.

2. Para assegurar o direito à habitação, incumbe ao Estado:

a ) P r ogr a m a r e execu t a r u m a polít ica de h a bit a çã o in ser ida em pla n os de


or den a m en t o ger a l do t er r it ór io e a poia da em pla n os de u r ba n iza çã o qu e
ga r a n t a m a exist ên cia de u m a r ede a dequ a da de t r a n spor t es e de equ ipa m en t o
social;
b) P r om over , em cola bor a çã o com a s r egiões a u t ón om a s e com a s a u t a r qu ia s
locais, a construção de habitações económicas e sociais;

c) E st im u la r a con st r u çã o pr iva da , com su bor din a çã o a o in t er esse ger a l, e o


acesso à habitação própria ou arrendada;
CRP 30

d) In cen t iva r e a poia r a s in icia t iva s da s com u n ida des loca is e da s popu la ções,
t en den t es a r esolver os r espect ivos pr oblem a s h a bit a cion a is e a fom en t a r a
criação de cooperativas de habitação e a autoconstrução.

3. O E st a do a dopt a r á u m a polít ica t en den t e a est a belecer u m sist em a de r en da


compatível com o rendimento familiar e de acesso à habitação própria.

4. O E st a do, a s r egiões a u t ón om a s e a s a u t a r qu ia s loca is defin em a s r egr a s de


ocu pa çã o, u so e t r a n sfor m a çã o dos solos u r ba n os, design a da m en t e a t r a vés de
instrumentos de planeamento, no quadro das leis respeitantes ao ordenamento do
t er r it ór io e a o u r ba n ism o, e pr ocedem à s expr opr ia ções dos solos qu e se r evelem
necessárias à satisfação de fins de utilidade pública urbanística.

5. É ga r a n t ida a pa r t icipação dos interessados na elaboração dos instrumentos de


pla n ea m en t o u r ba n íst ico e de qu a isqu er ou t r os in st r u m en t os de pla n ea m en t o
físico do território.

Artigo 66.º
(Ambiente e qualidade de vida)
1. Todos t êm dir eit o a u m a m bien t e de vida h u m a n o, sa dio e ecologica m en t e
equilibrado e o dever de o defender.

2. P a r a a ssegu r a r o dir eit o a o a m bien t e, n o qu a dr o de u m desen volvim en t o


su st en t á vel, in cu m be a o E st a do, por m eio de or ga n ism os pr ópr ios e com o
envolvimento e a participação dos cidadãos:

a ) P r even ir e con t r ola r a polu içã o e os seu s efeit os e a s for m a s pr eju dicia is de
erosão;
b) Or den a r e pr om over o or den a m en t o do t er r it ór io, t en do em vist a u m a cor r ect a
loca liza çã o da s a ct ivida des, u m equ ilibr a do desen volvim en t o sócio-econ óm ico e a
valorização da paisagem;

c) Cr ia r e desen volver r eser va s e pa r qu es n a t u r a is e de r ecr eio, bem com o


cla ssifica r e pr ot eger pa isa gen s e sít ios, de m odo a ga r a n t ir a con ser va çã o da
natureza e a preservação de valores culturais de interesse histórico ou artístico;

d) P r om over o a pr oveit a m en t o r a cion a l dos r ecu r sos n a t u r a is, sa lva gu a r da n do a


su a ca pa cida de de r en ova çã o e a est a bilida de ecológica , com r espeit o pelo
princípio da solidariedade entre gerações;

e) Promover, em colaboração com as autarquias locais, a qualidade ambiental das


povoa ções e da vida u r ba n a , design a da m en t e n o pla n o a r qu it ect ón ico e da
protecção das zonas históricas;

f) P r om over a in t egr a çã o de object ivos a m bien t a is n a s vá r ia s polít ica s de â m bit o


sectorial;
CRP 31

g) Promover a educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente;

h) Assegurar que a política fiscal compatibilize desenvolvimento com protecção do


ambiente e qualidade de vida.

Artigo 67.º
(Família)
1. A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à protecção da
socieda de e do E st a do e à efect iva çã o de t oda s a s con dições qu e per m it a m a
realização pessoal dos seus membros.

2. Incumbe, designadamente, ao Estado para protecção da família:

a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;


b) P r om over a cr ia çã o e ga r a n t ir o a cesso a u m a r ede n a cion a l de cr ech es e de
ou t r os equ ipa m en t os socia is de a poio à fa m ília , bem com o u m a polít ica de
terceira idade;

c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;

d) Ga r a n t ir , n o r espeit o da liber da de in dividu a l, o dir eit o a o pla n ea m en t o


fa m ilia r , pr om oven do a in for m a çã o e o a cesso a os m ét odos e a os m eios qu e o
a ssegu r em , e or ga n iza r a s est r u t u r a s ju r ídica s e t écn ica s qu e per m it a m o
exercício de uma maternidade e paternidade conscientes;

e) Regu la m en t a r a pr ocr ia çã o a ssist ida , em t er m os qu e sa lva gu a r dem a


dignidade da pessoa humana;

f) Regu la r os im post os e os ben efícios socia is, de h a r m on ia com os en ca r gos


familiares;

g) Defin ir , ou vida s a s a ssocia ções r epr esen t a t iva s da s fa m ília s, e execu t a r u m a


política de família com carácter global e integrado;

h ) P r om over , a t r a vés da con cer t a çã o da s vá r ia s polít ica s sect or ia is, a con cilia çã o
da actividade profissional com a vida familiar.

Artigo 68.º
(Paternidade e maternidade)
1. Os pa is e a s m ã es t êm dir eit o à pr ot ecçã o da socieda de e do E st a do n a
r ea liza çã o da su a in su bst it u ível a cçã o em r ela çã o a os filh os, n om ea da m en t e
qu a n t o à su a edu ca çã o, com ga r a n t ia de r ea liza çã o pr ofission a l e de pa r t icipa çã o
na vida cívica do país.

2. A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes.


CRP 32

3. As mulheres têm direito a especial protecção durante a gravidez e após o parto,


tendo as mulheres trabalhadoras ainda direito a dispensa do trabalho por período
adequado, sem perda da retribuição ou de quaisquer regalias.

4. A lei r egu la a a t r ibu içã o à s m ã es e a os pa is de dir eit os de dispen sa de t r a ba lh o


por per íodo a dequ a do, de a cor do com os in t er esses da cr ia n ça e a s n ecessida des
do agregado familiar.

Artigo 69.º
(Infância)
1. As cr ia n ça s t êm dir eit o à pr ot ecçã o da socieda de e do E st a do, com vist a a o seu
desen volvim en t o in t egr a l, especia lm en t e con t r a t oda s a s for m a s de a ba n don o, de
discr im in a çã o e de opr essã o e con t r a o exer cício a bu sivo da a u t or ida de n a fa m ília
e nas demais instituições.

2. O E st a do a ssegu r a especia l pr ot ecçã o à s cr ia n ça s ór fã s, a ba n don a da s ou por


qualquer forma privadas de um ambiente familiar normal.

3. É proibido, nos termos da lei, o trabalho de menores em idade escolar.

Artigo 70.º
(Juventude)
1. Os joven s goza m de pr ot ecçã o especia l pa r a efect iva çã o dos seu s dir eit os
económicos, sociais e culturais, nomeadamente:

a) No ensino, na formação profissional e na cultura;


b) No acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na segurança social;

c) No acesso à habitação;

d) Na educação física e no desporto;

e) No aproveitamento dos tempos livres.

2. A polít ica de ju ven t u de dever á t er com o object ivos pr ior it á r ios o


desen volvim en t o da per son a lida de dos joven s, a cr ia çã o de con dições pa r a a su a
efect iva in t egr a çã o n a vida a ct iva , o gost o pela cr ia çã o livr e e o sen t ido de ser viço
à comunidade.

3. O E st a do, em cola bor a çã o com a s fa m ília s, a s escola s, a s em pr esa s, a s


or ga n iza ções de m or a dor es, a s a ssocia ções e fu n da ções de fin s cu lt u r a is e a s
colect ivida des de cu lt u r a e r ecr eio, fom en t a e a poia a s or ga n iza ções ju ven is n a
CRP 33

pr ossecu çã o da qu eles object ivos, bem com o o in t er câ m bio in t er n a cion a l da


juventude.

Artigo 71.º
(Cidadãos portadores de deficiência)
1. Os cida dã os por t a dor es de deficiên cia física ou m en t a l goza m plen a m en t e dos
direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do
exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.

2. O E st a do obr iga -se a r ea liza r u m a polít ica n a cion a l de pr even çã o e de


t r a t a m en t o, r ea bilit a çã o e in t egr a çã o dos cida dã os por t a dor es de deficiên cia e de
a poio à s su a s fa m ília s, a desen volver u m a peda gogia qu e sen sibilize a socieda de
qu a n t o a os dever es de r espeit o e solida r ieda de pa r a com eles e a a ssu m ir o
en ca r go da efect iva r ea liza çã o dos seu s dir eit os, sem pr eju ízo dos dir eit os e
deveres dos pais ou tutores.

3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência.

Artigo 72.º
(Terceira idade)
1. As pessoa s idosa s t êm dir eit o à segu r a n ça econ óm ica e a con dições de
h a bit a çã o e con vívio fa m ilia r e com u n it á r io qu e r espeit em a su a a u t on om ia
pessoal e evitem e superem o isolamento ou a marginalização social.

2. A polít ica de t er ceir a ida de en globa m edida s de ca r á ct er econ óm ico, socia l e


cu lt u r a l t en den t es a pr opor cion a r à s pessoa s idosa s opor t u n ida des de r ea liza çã o
pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade.

CAPÍTULO III
Direitos e deveres culturais

Artigo 73.º
(Educação, cultura e ciência)
1. Todos têm direito à educação e à cultura.

2. O E st a do pr om ove a dem ocr a t iza çã o da edu ca çã o e a s dem a is con dições pa r a


qu e a edu ca çã o, r ea liza da a t r a vés da escola e de ou t r os m eios for m a t ivos,
con t r ibu a pa r a a igu a lda de de opor t u n ida des, a su per a çã o da s desigu a lda des
econ óm ica s, socia is e cu lt u r a is, o desen volvim en t o da per son a lida de e do espír it o
de t oler â n cia , de com pr een sã o m ú t u a , de solida r ieda de e de r espon sa bilida de,
para o progresso social e para a participação democrática na vida colectiva.
CRP 34

3. O E st a do pr om ove a dem ocr a t iza çã o da cu lt u r a , in cen t iva n do e a ssegu r a n do o


a cesso de t odos os cida dã os à fr u içã o e cr ia çã o cu lt u r a l, em cola bor a çã o com os
ór gã os de com u n ica çã o socia l, a s a ssocia ções e fu n da ções de fin s cu lt u r a is, a s
colect ivida des de cu lt u r a e r ecr eio, a s a ssocia ções de defesa do pa t r im ón io
cultural, as organizações de moradores e outros agentes culturais.

4. A cr ia çã o e a in vest iga çã o cien t ífica s, bem com o a in ova çã o t ecn ológica , sã o


in cen t iva da s e a poia da s pelo E st a do, por for m a a a ssegu r a r a r espect iva
liber da de e a u t on om ia , o r efor ço da com pet it ivida de e a a r t icu la çã o en t r e a s
instituições científicas e as empresas.

Artigo 74.º
(Ensino)
1. Todos t êm dir eit o a o en sin o com ga r a n t ia do dir eit o à igu a lda de de
oportunidades de acesso e êxito escolar.

2. Na realização da política de ensino incumbe ao Estado:

a) Assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito;


b) Cr ia r u m sist em a pú blico e desen volver o sist em a ger a l de edu ca çã o pr é-
escolar;

c) Garantir a educação permanente e eliminar o analfabetismo;

d) Ga r a n t ir a t odos os cida dã os, segu n do a s su a s ca pa cida des, o a cesso a os gr a u s


mais elevados do ensino, da investigação científica e da criação artística;

e) Estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino;

f) In ser ir a s escola s n a s com u n ida des qu e ser vem e est a belecer a in t er liga çã o do
ensino e das actividades económicas, sociais e culturais;

g) P r om over e a poia r o a cesso dos cida dã os por t a dor es de deficiên cia a o en sin o e
apoiar o ensino especial, quando necessário;

h ) P r ot eger e va lor iza r a lín gu a gest u a l por t u gu esa , en qu a n t o expr essã o cu lt u r a l


e instrumento de acesso à educação e da igualdade de oportunidades;

i) Assegu r a r a os filh os dos em igr a n t es o en sin o da lín gu a por t u gu esa e o a cesso à


cultura portuguesa;

j) Assegu r a r a os filh os dos im igr a n t es a poio a dequ a do pa r a efect iva çã o do dir eit o
ao ensino.

Artigo 75.º
CRP 35

(Ensino público, particular e cooperativo)


1. O E st a do cr ia r á u m a r ede de est a belecim en t os pú blicos de en sin o qu e cu br a a s
necessidades de toda a população.

2. O E st a do r econ h ece e fisca liza o en sin o pa r t icu la r e cooper a t ivo, n os t er m os da


lei.

Artigo 76.º
(Universidade e acesso ao ensino superior)
1. O r egim e de a cesso à Un iver sida de e à s dem a is in st it u ições do en sin o su per ior
ga r a n t e a igu a lda de de opor t u n ida des e a dem ocr a t iza çã o do sist em a de en sin o,
deven do t er em con t a a s n ecessida des em qu a dr os qu a lifica dos e a eleva çã o do
nível educativo, cultural e científico do país.

2. As u n iver sida des goza m , n os t er m os da lei, de a u t on om ia est a t u t á r ia ,


cien t ífica , peda gógica , a dm in ist r a t iva e fin a n ceir a , sem pr eju ízo de a dequ a da
avaliação da qualidade do ensino.

Artigo 77.º
(Participação democrática no ensino)
1. Os pr ofessor es e a lu n os t êm o dir eit o de pa r t icipa r n a gest ã o dem ocr á t ica da s
escolas, nos termos da lei.

2. A lei r egu la a s for m a s de pa r t icipa çã o da s a ssocia ções de pr ofessor es, de


a lu n os, de pa is, da s com u n ida des e da s in st it u ições de ca r á ct er cien t ífico n a
definição da política de ensino.

Artigo 78.º
(Fruição e criação cultural)
1. Todos t êm dir eit o à fr u içã o e cr ia çã o cu lt u r a l, bem com o o dever de pr eser va r ,
defender e valorizar o património cultural.

2. Incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais:

a ) In cen t iva r e a ssegu r a r o a cesso de t odos os cida dã os a os m eios e in st r u m en t os


de a cçã o cu lt u r a l, bem com o cor r igir a s a ssim et r ia s exist en t es n o pa ís em t a l
domínio;
b) Apoia r a s in icia t iva s qu e est im u lem a cr ia çã o in dividu a l e colect iva , n a s su a s
m ú lt ipla s for m a s e expr essões, e u m a m a ior cir cu la çã o da s obr a s e dos ben s
culturais de qualidade;

c) P r om over a sa lva gu a r da e a va lor iza çã o do pa t r im ón io cu lt u r a l, t or n a n do-o


elemento vivificador da identidade cultural comum;
CRP 36

d) Desen volver a s r ela ções cu lt u r a is com t odos os povos, especia lm en t e os de


lín gu a por t u gu esa , e a ssegu r a r a defesa e a pr om oçã o da cu lt u r a por t u gu esa n o
estrangeiro;

e) Articular a política cultural e as demais políticas sectoriais.

Artigo 79.º
(Cultura física e desporto)
1. Todos têm direito à cultura física e ao desporto.

2. In cu m be a o E st a do, em cola bor a çã o com a s escola s e a s a ssocia ções e


colect ivida des despor t iva s, pr om over , est im u la r , or ien t a r e a poia r a pr á t ica e a
difu sã o da cu lt u r a física e do despor t o, bem com o pr even ir a violên cia n o
desporto.

PARTE II
Organização económica

TÍTULO I
Princípios gerais

Artigo 80.º
(Princípios fundamentais)
A organização económico-social assenta nos seguintes princípios:

a) Subordinação do poder económico ao poder político democrático;


b) Coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e social
de propriedade dos meios de produção;

c) Liber da de de in icia t iva e de or ga n iza çã o em pr esa r ia l n o â m bit o de u m a


economia mista;

d) P r opr ieda de pú blica dos r ecu r sos n a t u r a is e de m eios de pr odu çã o, de a cor do


com o interesse colectivo;

e) Planeamento democrático do desenvolvimento económico e social;

f) Protecção do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;

g) P a r t icipa çã o da s or ga n iza ções r epr esen t a t iva s dos t r a ba lh a dor es e da s


or ga n iza ções r epr esen t a t iva s da s a ct ivida des econ óm ica s n a defin içã o da s
principais medidas económicas e sociais.
CRP 37

Artigo 81.º
(Incumbências prioritárias do Estado)
Incumbe prioritariamente ao Estado no âmbito económico e social:

a ) P r om over o a u m en t o do bem -est a r socia l e econ óm ico e da qu a lida de de vida


da s pessoa s, em especia l da s m a is desfa vor ecida s, n o qu a dr o de u m a est r a t égia
de desenvolvimento sustentável;
b) P r om over a ju st iça socia l, a ssegu r a r a igu a lda de de opor t u n ida des e oper a r a s
n ecessá r ia s cor r ecções da s desigu a lda des n a dist r ibu içã o da r iqu eza e do
rendimento, nomeadamente através da política fiscal;

c) Assegu r a r a plen a u t iliza çã o da s for ça s pr odu t iva s, design a da m en t e zela n do


pela eficiência do sector público;

d) P r om over a coesã o econ óm ica e socia l de t odo o t er r it ór io n a cion a l, orientando


o desen volvim en t o n o sen t ido de u m cr escim en t o equ ilibr a do de t odos os sect or es
e r egiões e elim in a n do pr ogr essiva m en t e a s difer en ça s econ óm ica s e socia is en t r e
a cidade e o campo e entre o litoral e o interior;

e) P r om over a cor r ecçã o da s desigu a lda des der iva da s da in su la r ida de da s r egiões
autónomas e incentivar a sua progressiva integração em espaços económicos mais
vastos, no âmbito nacional ou internacional;

f) Assegu r a r o fu n cion a m en t o eficien t e dos m er ca dos, de m odo a ga r a n t ir a


equilibrada con cor r ên cia en t r e a s em pr esa s, a con t r a r ia r a s for m a s de
or ga n iza çã o m on opolist a s e a r epr im ir os a bu sos de posiçã o dom in a n t e e ou t r a s
práticas lesivas do interesse geral;

g) Desen volver a s r ela ções econ óm ica s com t odos os povos, sa lva gu a r da n do
sempre a in depen dên cia n a cion a l e os in t er esses dos por t u gu eses e da econ om ia
do país;

h) Eliminar os latifúndios e reordenar o minifúndio;

i) Garantir a defesa dos interesses e os direitos dos consumidores;

j) Cr ia r os in st r u m en t os ju r ídicos e t écn icos n ecessá r ios a o pla n ea m en t o


democrático do desenvolvimento económico e social;

l) Assegurar uma política científica e tecnológica favorável ao desenvolvimento do


país;

m ) Adopt a r u m a polít ica n a cion a l de en er gia , com pr eser va çã o dos r ecu r sos
n a t u r a is e do equ ilíbr io ecológico, pr om oven do, n est e dom ín io, a cooper a çã o
internacional;

n ) Adopt a r u m a polít ica n a cion a l da á gu a , com a pr oveit a m en t o, pla n ea m en t o e


gestão racional dos recursos hídricos.
CRP 38

Artigo 82.º
(Sectores de propriedade dos meios de produção)
1. É ga r a n t ida a coexist ên cia de t r ês sect or es de pr opr ieda de dos m eios de
produção.

2. O sect or pú blico é con st it u ído pelos m eios de pr odu çã o cu ja s pr opr ieda de e


gestão pertencem ao Estado ou a outras entidades públicas.

3. O sect or pr iva do é con st it u ído pelos m eios de pr odu çã o cu ja pr opr ieda de ou


gest ã o per t en ce a pessoa s sin gu la r es ou colect iva s pr iva da s, sem pr eju ízo do
disposto no número seguinte.

4. O sector cooperativo e social compreende especificamente:

a ) Os m eios de pr odu çã o possu ídos e ger idos por cooper a t iva s, em obediên cia a os
princípios cooperativos, sem prejuízo das especificidades estabelecidas na lei para
as cooperativas com participação pública, justificadas pela sua especial natureza;
b) Os m eios de pr odu çã o com u n it á r ios, possu ídos e ger idos por com u n ida des
locais;

c) Os meios de produção objecto de exploração colectiva por trabalhadores;

d) Os m eios de pr odu çã o possu ídos e ger idos por pessoa s colect iva s, sem ca r á ct er
lu cr a t ivo, qu e t en h a m com o pr in cipa l object ivo a solida r ieda de socia l,
designadamente entidades de natureza mutualista.

Artigo 83.º
(Requisitos de apropriação pública)
A lei det er m in a os m eios e a s for m a s de in t er ven çã o e de a pr opr ia çã o pú blica dos
m eios de pr odu çã o, bem com o os cr it ér ios de fixa çã o da cor r espondente
indemnização.

Artigo 84.º
(Domínio público)
1. Pertencem ao domínio público:

a ) As á gu a s t er r it or ia is com os seu s leit os e os fu n dos m a r in h os con t ígu os, bem


com o os la gos, la goa s e cu r sos de á gu a n a vegá veis ou flu t u á veis, com os
respectivos leitos;
b) As ca m a da s a ér ea s su per ior es a o t er r it ór io a cim a do lim it e r econ h ecido a o
proprietário ou superficiário;
CRP 39

c) Os ja zigos m in er a is, a s n a scen t es de á gu a s m in er om edicin a is, a s ca vida des


n a t u r a is su bt er r â n ea s exist en t es n o su bsolo, com excepçã o da s r och a s, t er r a s
comuns e outros materiais habitualmente usados na construção;

d) As estradas;

e) As linhas férreas nacionais;

f) Outros bens como tal classificados por lei.

2. A lei defin e qu a is os ben s qu e in t egr a m o dom ín io pú blico do E st a do, o domínio


pú blico da s r egiões a u t ón om a s e o dom ín io pú blico da s a u t a r qu ia s loca is, bem
como o seu regime, condições de utilização e limites.

Artigo 85.º
(Cooperativas e experiências de autogestão)
1. O Estado estimula e apoia a criação e a actividade de cooperativas.

2. A lei defin ir á os ben efícios fisca is e fin a n ceir os da s cooper a t iva s, bem com o
condições mais favoráveis à obtenção de crédito e auxílio técnico.

3. São apoiadas pelo Estado as experiências viáveis de autogestão.

Artigo 86.º
(Empresas privadas)
1. O E st a do in cen t iva a a ct ivida de em pr esa r ia l, em pa r t icu la r da s pequ en a s e
médias empresas, e fiscaliza o cumprimento das respectivas obrigações legais, em
especia l por pa r t e da s em pr esa s qu e pr ossiga m a ct ivida des de in t er esse
económico geral.

2. O E st a do só pode in t er vir n a gest ã o de em pr esa s pr iva da s a t ít u lo t r a n sit ór io,


n os ca sos expr essa m en t e pr evist os n a lei e, em r egr a , m edia n t e pr évia decisã o
judicial.

3. A lei pode defin ir sect or es bá sicos n os qu a is seja veda da a a ct ivida de à s


empresas privadas e a outras entidades da mesma natureza.

Artigo 87.º
(Actividade económica e investimentos estrangeiros)
A lei disciplin a r á a a ct ivida de econ óm ica e os in vest im en t os por pa r t e de pessoa s
sin gu la r es ou colect iva s est r a n geir a s, a fim de ga r a n t ir a su a con t r ibu içã o pa r a o
desen volvim en t o do pa ís e defen der a in depen dên cia n a cion a l e os in t er esses dos
trabalhadores.
CRP 40

Artigo 88.º
(Meios de produção em abandono)
1. Os m eios de pr odu çã o em a ba n don o podem ser expr opr ia dos em con dições a
fixa r pela lei, qu e t er á em devida con t a a sit u a çã o específica da pr opr ieda de dos
trabalhadores emigrantes.

2. Os m eios de pr odu çã o em a ba n don o in ju st ifica do podem a in da ser object o de


a r r en da m en t o ou de con cessã o de explor a çã o com pu lsivos, em con dições a fixa r
por lei.

Artigo 89.º
(Participação dos trabalhadores na gestão)
Na s u n ida des de pr odu çã o do sect or pú blico é a ssegu r a da u m a pa r t icipa çã o
efectiva dos trabalhadores na respectiva gestão.

TÍTULO II
Planos

Artigo 90.º
(Objectivos dos planos)
Os pla n os de desen volvim en t o econ óm ico e socia l t êm por object ivo pr om over o
cr escim en t o econ óm ico, o desen volvim en t o h a r m on ioso e in t egr a do de sect or es e
r egiões, a ju st a r epa r t içã o in dividu a l e r egion a l do pr odu t o n a cion a l, a
coor den a çã o da polít ica econ óm ica com a s polít ica s socia l, edu ca t iva e cu lt u r a l, a
defesa do m u n do r u r a l, a pr eser va çã o do equ ilíbr io ecológico, a defesa do
ambiente e a qualidade de vida do povo português.

Artigo 91.º
(Elaboração e execução dos planos)
1. Os pla n os n a cion a is sã o ela bor a dos de h a r m on ia com a s r espect iva s leis da s
grandes opções, podendo integrar programas específicos de âmbito territorial e de
natureza sectorial.

2. As pr opost a s de lei da s gr a n des opções sã o a com pa n h a da s de r ela t ór ios qu e a s


fundamentem.

3. A execução dos planos nacionais é descentralizada, regional e sectorialmente.

Artigo 92.º
(Conselho Económico e Social)
CRP 41

1. O Con selh o E con óm ico e Socia l é o ór gã o de con su lt a e con cer t a çã o n o dom ín io


da s polít ica s econ óm ica e socia l, pa r t icipa n a ela bor a çã o da s pr opost a s da s
gr a n des opções e dos pla n os de desen volvim en t o econ óm ico e socia l e exer ce a s
demais funções que lhe sejam atribuídas por lei.

2. A lei defin e a com posiçã o do Con selh o E con óm ico e Socia l, do qu a l fa r ã o pa r t e,


design a da m en t e, r epr esen t a n t es do Gover n o, da s or ga n iza ções r epr esen t a t iva s
dos t r a ba lh a dor es, da s a ct ivida des econ óm ica s e da s fa m ília s, da s r egiões
autónomas e das autarquias locais.

3. A lei defin e a in da a or ga n iza çã o e o fu n cion a m en t o do Con selh o E con óm ico e


Social, bem como o estatuto dos seus membros.

TÍTULO III
Políticas agrícola, comercial e industrial

Artigo 93.º
(Objectivos da política agrícola)
1. São objectivos da política agrícola:

a ) Au m en t a r a pr odu çã o e a pr odu t ivida de da a gr icu lt u r a , dot a n do-a da s in fr a -


est r u t u r a s e dos m eios h u m a n os, t écn icos e fin a n ceir os a dequ a dos, t en den t es a o
r efor ço da com pet it ivida de e a a ssegu r a r a qu a lida de dos pr odu t os, a su a efica z
comercialização, o melhor abastecimento do país e o incremento da exportação;
b) P r om over a m elh or ia da sit u a çã o econ óm ica , socia l e cu lt u r a l dos
t r a ba lh a dor es r u r a is e dos a gr icu lt or es, o desen volvim en t o do m u n do r u r a l, a
r a cion a liza çã o da s est r u t u r a s fu n diá r ia s, a m oder n iza çã o do t ecido em pr esa r ia l e
o a cesso à pr opr ieda de ou à posse da t er r a e dem a is m eios de pr odução
directamente utilizados na sua exploração por parte daqueles que a trabalham;

c) Cr ia r a s con dições n ecessá r ia s pa r a a t in gir a igu a lda de efect iva dos qu e


t r a ba lh a m n a a gr icu lt u r a com os dem a is t r a ba lh a dor es e evit a r qu e o sect or
agrícola seja desfavorecido nas relações de troca com os outros sectores;

d) Assegu r a r o u so e a gest ã o r a cion a is dos solos e dos r est a n t es r ecu r sos


naturais, bem como a manutenção da sua capacidade de regeneração;

e) Incentivar o associativismo dos agricultores e a exploração directa da terra.

2. O E st a do pr om over á u m a polít ica de or den a m en t o e r econ ver sã o a gr á r ia e de


desen volvim en t o flor est a l, de a cor do com os con dicion a lism os ecológicos e socia is
do país.

Artigo 94.º
(Eliminação dos latifúndios)
CRP 42

1. O r edim en sion a m en t o da s u n ida des de explor a çã o a gr ícola qu e t en h a m


dim en sã o excessiva do pon t o de vist a dos object ivos da polít ica a gr ícola ser á
r egu la do por lei, qu e dever á pr ever , em ca so de expr opr ia çã o, o dir eit o do
pr opr iet á r io à cor r espon den t e in dem n iza çã o e à r eser va de á r ea su ficien t e pa r a a
viabilidade e a racionalidade da sua própria exploração.

2. As terras expropriadas serão entregues a título de propriedade ou de posse, nos


t er m os da lei, a pequ en os a gr icu lt or es, de pr efer ên cia in t egr a dos em u n ida des de
explor a çã o fa m ilia r , a cooper a t iva s de t r a ba lh a dor es r u r a is ou de pequ en os
a gr icu lt or es ou a ou t r a s for m a s de explor a çã o por t r a ba lh a dor es, sem pr eju ízo da
est ipu la çã o de u m per íodo pr oba t ór io da efect ivida de e da r a cion a lida de da
respectiva exploração antes da outorga da propriedade plena.

Artigo 95.º
(Redimensionamento do minifúndio)
Sem pr eju ízo do dir eit o de pr opr ieda de, o E st a do pr om over á , n os t er m os da lei, o
r edim en sion a m en t o da s u n ida des de explor a çã o a gr ícola com dim en sã o in fer ior à
a dequ a da do pon t o de vist a dos object ivos da polít ica a gr ícola , n om ea da m en t e
a t r a vés de in cen t ivos ju r ídicos, fisca is e cr edit ícios à su a in t egr a çã o est r u t u r a l ou
m er a m en t e econ óm ica , design a da m en t e cooper a t iva , ou por r ecu r so a m edida s de
emparcelamento.

Artigo 96.º
(Formas de exploração de terra alheia)
1. Os r egim es de a r r en da m en t o e de ou t r a s for m a s de explor a çã o de t er r a a lh eia
serão regulados por lei de modo a garantir a estabilidade e os legítimos interesses
do cultivador.

2. Sã o pr oibidos os r egim es de a for a m en t o e colon ia e ser ã o cr ia da s con dições a os


cultivadores para a efectiva abolição do regime de parceria agrícola.

Artigo 97.º
(Auxílio do Estado)
1. Na pr ossecu çã o dos object ivos da polít ica a gr ícola o E st a do a poia r á
pr efer en cia lm en t e os pequ en os e m édios a gr icu lt or es, n om ea da m en t e qu a n do
in t egr a dos em u n ida des de explor a çã o fa m ilia r , in dividu a lm en t e ou a ssocia dos
em cooper a t iva s, bem com o a s cooper a t iva s de t r a ba lh a dor es a gr ícola s e ou t r a s
formas de exploração por trabalhadores.

2. O apoio do Estado compreende, designadamente:

a) Concessão de assistência técnica;


CRP 43

b) Cr ia çã o de for m a s de a poio à com er cia liza çã o a m on t a n t e e a ju sa n t e da


produção;

c) Apoio à cober t u r a de r iscos r esu lt a n t es dos a ciden t es clim a t ér icos e


fitopatológicos imprevisíveis ou incontroláveis;

d) E st ím u los a o a ssocia t ivism o dos t r a ba lh a dor es r u r a is e dos a gr icu lt or es,


nomeadamente à constituição por eles de cooperativas de produção, de compra, de
ven da , de t r a n sfor m a çã o e de ser viços e a in da de ou t r a s for m a s de explor a çã o por
trabalhadores.

Artigo 98.º
(Participação na definição da política agrícola)
Na defin içã o da polít ica a gr ícola é a ssegu r a da a pa r t icipa çã o dos t r a ba lh a dor es
rurais e dos agricultores através das suas organizações representativas.

Artigo 99.º
(Objectivos da política comercial)
São objectivos da política comercial:

a) A concorrência salutar dos agentes mercantis;

b) A racionalização dos circuitos de distribuição;

c) O combate às actividades especulativas e às práticas comerciais restritivas;

d) O desenvolvimento e a diversificação das relações económicas externas;

e) A protecção dos consumidores.

Artigo 100.º
(Objectivos da política industrial)
São objectivos da política industrial:

a) O aumento da produção industrial num quadro de modernização e ajustamento


de in t er esses socia is e econ óm icos e de in t egr a çã o in t er n a cion a l da econ om ia
portuguesa;
b) O reforço da inovação industrial e tecnológica;

c) O aumento da competitividade e da produtividade das empresas industriais;

d) O a poio à s pequ en a s e m édia s em pr esa s e, em ger a l, à s in icia t iva s e em pr esa s


ger a dor a s de em pr ego e fom en t a dor a s de expor t a çã o ou de su bst it u içã o de
importações;
CRP 44

e) O apoio à projecção internacional das empresas portuguesas.

TÍTULO IV
Sistema financeiro e fiscal

Artigo 101.º
(Sistema financeiro)
O sist em a fin a n ceir o é est r u t u r a do por lei, de m odo a ga r a n t ir a for m a çã o, a
ca pt a çã o e a segu r a n ça da s pou pa n ça s, bem com o a a plica çã o dos m eios
financeiros necessários ao desenvolvimento económico e social.

Artigo 102.º
(Banco de Portugal)
O Ba n co de P or t u ga l é o ba n co cen t r a l n a cion a l e exer ce a s su a s fu n ções n os
termos da lei e das normas internacionais a que o Estado Português se vincule.

Artigo 103.º
(Sistema fiscal)
1. O sist em a fisca l visa a sa t isfa çã o da s n ecessida des fin a n ceir a s do E st a do e
outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.

2. Os im post os sã o cr ia dos por lei, qu e det er m in a a in cidên cia , a t a xa , os


benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.

3. Nin gu ém pode ser obr iga do a pa ga r im post os qu e n ã o h a ja m sido cr ia dos n os


t er m os da Con st it u içã o, qu e t en h a m n a t u r eza r et r oa ct iva ou cu ja liqu ida çã o e
cobrança se não façam nos termos da lei.

Artigo 104.º
(Impostos)
1. O im post o sobr e o r en dim en t o pessoa l visa a dim in u içã o da s desigu a lda des e
ser á ú n ico e pr ogr essivo, t en do em con t a a s n ecessida des e os r en dim en t os do
agregado familiar.

2. A t r ibu t a çã o da s em pr esa s in cide fu n da m en t a lm en t e sobr e o seu r en dim en t o


real.

3. A tributação do património deve contribuir para a igualdade entre os cidadãos.


CRP 45

4. A t r ibu t a çã o do con su m o visa a da pt a r a est r u t u r a do con su m o à evolu çã o da s


necessidades do desenvolvimento económico e da justiça social, devendo onerar os
consumos de luxo.

Artigo 105.º
(Orçamento)
1. O Orçamento do Estado contém:

a ) A discr im in a çã o da s r eceit a s e despesa s do E st a do, in clu in do a s dos fu n dos e


serviços autónomos;
b) O orçamento da segurança social.

2. O Or ça m en t o é ela bor a do de h a r m on ia com a s gr a n des opções em m a t ér ia de


planeamento e tendo em conta as obrigações decorrentes de lei ou de contrato.

3. O Or ça m en t o é u n it á r io e especifica a s despesa s segu n do a r espect iva


cla ssifica çã o or gâ n ica e fu n cion a l, de m odo a im pedir a exist ên cia de dot a ções e
fundos secretos, podendo ainda ser estruturado por programas.

4. O Orçamento prevê as receitas necessárias para cobrir as despesas, definindo a


lei a s r egr a s da su a execu çã o, a s con dições a qu e dever á obedecer o r ecu r so a o
cr édit o pú blico e os cr it ér ios qu e dever ã o pr esidir à s a lt er a ções qu e, du r a n t e a
execu çã o, poder ã o ser in t r odu zida s pelo Gover n o n a s r u br ica s de cla ssifica çã o
or gâ n ica n o â m bit o de ca da pr ogr a m a or ça m en t a l a pr ova do pela Assem bleia da
República, tendo em vista a sua plena realização.

Artigo 106.º
(Elaboração do Orçamento)
1. A lei do Or ça m en t o é ela bor a da , or ga n iza da , vot a da e execu t a da , a n u a lm en t e,
de a cor do com a r espect iva lei de en qu a dr a m en t o, qu e in clu ir á o r egim e a t in en t e
à elaboração e execução dos orçamentos dos fundos e serviços autónomos.

2. A pr opost a de Or ça m en t o é a pr esen t a da e vot a da n os pr a zos fixa dos n a lei, a


qu a l pr evê os pr ocedim en t os a a dopt a r qu a n do a qu eles n ã o pu der em ser
cumpridos.

3. A proposta de Orçamento é acompanhada de relatórios sobre:

a ) A pr evisã o da evolu çã o dos pr in cipa is a gr ega dos m a cr oecon óm icos com


in flu ên cia n o Or ça m en t o, bem com o da evolu çã o da m a ssa m on et á r ia e su a s
contrapartidas;
b) A ju st ifica çã o da s va r ia ções de pr evisões da s r eceit a s e despesa s r ela t iva m en t e
ao Orçamento anterior;

c) A dívida pública, as operações de tesouraria e as contas do Tesouro;


CRP 46

d) A situação dos fundos e serviços autónomos;

e) As transferências de verbas para as regiões autónomas e as autarquias locais;

f) As t r a n sfer ên cia s fin a n ceir a s en t r e P or t u ga l e o ext er ior com in cidên cia n a


proposta do Orçamento;

g) Os benefícios fiscais e a estimativa da receita cessante.

Artigo 107.º
(Fiscalização)
A execu çã o do Or ça m en t o ser á fisca liza da pelo Tr ibu n a l de Con t a s e pela
Assem bleia da Repú blica , qu e, pr eceden do pa r ecer da qu ele t r ibu n a l, a pr ecia r á e
aprovará a Conta Geral do Estado, incluindo a da segurança social.

PARTE III
Organização do poder político

TÍTULO I
Princípios gerais

Artigo 108.º
(Titularidade e exercício do poder)
O poder político pertence ao povo e é exercido nos termos da Constituição.

Artigo 109.º
(Participação política dos cidadãos)
A pa r t icipa çã o dir ect a e a ct iva de h om en s e m u lh er es n a vida polít ica con st it u i
con diçã o e in st r u m en t o fu n da m en t a l de con solida çã o do sist em a dem ocr á t ico,
deven do a lei pr om over a igu a lda de n o exer cício dos dir eit os cívicos e polít icos e a
não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos.

Artigo 110.º
(Órgãos de soberania)
1. São órgãos de soberania o Presidente da República, a Assembleia da República,
o Governo e os Tribunais.

2. A for m a çã o, a com posiçã o, a com pet ên cia e o fu n cion a m en t o dos ór gã os de


soberania são os definidos na Constituição.
CRP 47

Artigo 111.º
(Separação e interdependência)
1. Os ór gã os de sober a n ia devem obser va r a sepa r a çã o e a in t er depen dên cia
estabelecidas na Constituição.

2. Nen h u m ór gã o de sober a n ia , de r egiã o a u t ón om a ou de poder loca l pode


delega r os seu s poder es n ou t r os ór gã os, a n ã o ser n os ca sos e n os t er m os
expressamente previstos na Constituição e na lei.

Artigo 112.º
(Actos normativos)
1. Sã o a ct os legisla t ivos a s leis, os decr et os-leis e os decr et os legisla t ivos
regionais.

2. As leis e os decr et os-leis t êm igu a l va lor , sem pr eju ízo da su bor din a çã o à s
correspondentes leis dos decretos-leis publicados no uso de autorização legislativa
e dos que desenvolvam as bases gerais dos regimes jurídicos.

3. Têm va lor r efor ça do, a lém da s leis or gâ n ica s, a s leis qu e ca r ecem de a pr ova çã o
por m a ior ia de dois t er ços, bem com o a qu ela s qu e, por for ça da Con st it u içã o,
seja m pr essu post o n or m a t ivo n ecessá r io de ou t r a s leis ou qu e por ou t r a s deva m
ser respeitadas.

4. Os decr et os legisla t ivos t êm â m bit o r egion a l e ver sa m sobr e m a t ér ia s


en u n cia da s n o est a t u t o polít ico-a dm in ist r a t ivo da r espect iva r egiã o a u t ón om a
que não estejam reservadas aos órgãos de soberania, sem prejuízo do disposto nas
alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 227.º.

5. Nen h u m a lei pode cr ia r ou t r a s ca t egor ia s de a ct os legisla t ivos ou con fer ir a


a ct os de ou t r a n a t u r eza o poder de, com eficá cia ext er n a , in t er pr et a r , in t egr a r ,
modificar, suspender ou revogar qualquer dos seus preceitos.

6. Os r egu la m en t os do Gover n o r evest em a for m a de decr et o r egu la m en t a r


qu a n do t a l seja det er m in a do pela lei qu e r egu la m en t a m , bem com o n o ca so de
regulamentos independentes.

7. Os regulamentos devem indicar expressamente as leis que visam regulamentar


ou que definem a competência subjectiva e objectiva para a sua emissão;

8. A t r a n sposiçã o de a ct os ju r ídicos da Un iã o E u r opeia pa r a a or dem ju r ídica


in t er n a a ssu m e a for m a de lei, decr et o-lei ou , n os t er m os do dispost o n o n .º 4,
decreto legislativo regional.

Artigo 113.º
(Princípios gerais de direito eleitoral)
CRP 48

1. O su fr á gio dir ect o, secr et o e per iódico con st it u i a r egr a ger a l de design a çã o dos
t it u la r es dos ór gã os elect ivos da sober a n ia , da s r egiões a u t ón om a s e do poder
local.

2. O r ecen sea m en t o eleit or a l é oficioso, obr iga t ór io, per m a n en t e e ú n ico pa r a


t oda s a s eleições por su fr á gio dir ect o e u n iver sa l, sem pr eju ízo do dispost o n os
n.os 4 e 5 do artigo 15.º e no n.º 2 do artigo 121.º.

3. As campanhas eleitorais regem-se pelos seguintes princípios:

a) Liberdade de propaganda;
b) Igualdade de oportunidades e de tratamento das diversas candidaturas;

c) Imparcialidade das entidades públicas perante as candidaturas;

d) Transparência e fiscalização das contas eleitorais.

4. Os cida dã os t êm o dever de cola bor a r com a a dm in ist r a çã o eleit or a l, n a s


formas previstas na lei.
5. A con ver sã o dos vot os em m a n da t os fa r -se-á de h a r m on ia com o pr in cípio da
representação proporcional.

6. No a ct o de dissolu çã o de ór gã os colegia is ba sea dos n o su fr á gio dir ect o t em de


ser m a r ca da a da t a da s n ova s eleições, qu e se r ea liza r ã o n os sessen t a dia s
segu in t es e pela lei eleit or a l vigen t e a o t em po da dissolu çã o, sob pen a de
inexistência jurídica daquele acto.

7. O ju lga m en t o da r egu la r ida de e da va lida de dos a ct os de pr ocesso eleit or a l


compete aos tribunais.

Artigo 114.º
(Partidos políticos e direito de oposição)
1. Os pa r t idos polít icos pa r t icipa m n os ór gã os ba sea dos n o su fr á gio u n iver sa l e
directo, de acordo com a sua representatividade eleitoral.

2. É r econ h ecido à s m in or ia s o dir eit o de oposiçã o dem ocr á t ica , n os t er m os da


Constituição e da lei.

3. Os pa r t idos polít icos r epr esen t a dos n a Assem bleia da Repú blica e qu e n ã o
fa ça m pa r t e do Gover n o goza m , design a da m en t e, do dir eit o de ser em in for m a dos
r egu la r e dir ect a m en t e pelo Gover n o sobr e o a n da m en t o dos pr in cipa is a ssu n t os
de in t er esse pú blico, de igu a l dir eit o goza n do os pa r t idos polít icos r epr esen t a dos
n a s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s e em qu a isqu er ou t r a s
a ssem bleia s design a da s por eleiçã o dir ect a r ela t iva m en t e a os cor r espon den t es
executivos de que não façam parte.
CRP 49

Artigo 115.º
(Referendo)
1. Os cida dã os eleit or es r ecen sea dos n o t er r it ór io n a cion a l podem ser ch a m a dos a
pronunciar-se dir ect a m en t e, a t ít u lo vin cu la t ivo, a t r a vés de r efer en do, por
decisã o do P r esiden t e da Repú blica , m edia n t e pr opost a da Assem bleia da
Repú blica ou do Gover n o, em m a t ér ia s da s r espect iva s com pet ên cia s, n os ca sos e
nos termos previstos na Constituição e na lei.

2. O r efer en do pode a in da r esu lt a r da in icia t iva de cida dã os dir igida à


Assem bleia da Repú blica , qu e ser á a pr esen t a da e a pr ecia da n os t er m os e n os
prazos fixados por lei.

3. O r efer en do só pode t er por object o qu est ões de r eleva n t e in t er esse n a cion a l


que deva m ser decidida s pela Assem bleia da Repú blica ou pelo Gover n o a t r a vés
da aprovação de convenção internacional ou de acto legislativo.

4. São excluídas do âmbito do referendo:

a) As alterações à Constituição;
b) As questões e os actos de conteúdo orçamental, tributário ou financeiro;

c) As m a t ér ia s pr evist a s n o a r t igo 161.º da Con st it u içã o, sem pr eju ízo do dispost o


no número seguinte;

d) As m a t ér ia s pr evist a s n o a r t igo 164.º da Con st it u içã o, com excepçã o do


disposto na alínea i).

5. O dispost o n o n ú m er o a n t er ior n ã o pr eju dica a su bm issã o a r efer en do da s


qu est ões de r eleva n t e in t er esse n a cion a l qu e deva m ser object o de con ven çã o
in t er n a cion a l, n os t er m os da a lín ea i) do a r t igo 161.º da Con st it u içã o, except o
quando relativas à paz e à rectificação de fronteiras.

6. Ca da r efer en do r eca ir á sobr e u m a só m a t ér ia , deven do a s qu est ões ser


for m u la da s com object ivida de, cla r eza e pr ecisã o e pa r a r espost a s de sim ou n ã o,
num número máximo de perguntas a fixar por lei, a qual determinará igualmente
as demais condições de formulação e efectivação de referendos.

7. Sã o exclu ída s a con voca çã o e a efect iva çã o de r efer en dos en t r e a da t a da


con voca çã o e a da r ea liza çã o de eleições ger a is pa r a os ór gã os de sober a n ia , de
gover n o pr ópr io da s r egiões a u t ón om a s e do poder loca l, bem com o de Depu t a dos
ao Parlamento Europeu.

8. O P r esiden t e da Repú blica su bm et e a fisca liza çã o pr even t iva obr iga t ór ia da


con st it u cion a lida de e da lega lida de a s pr opost a s de r efer en do qu e lh e t en h a m
sido remetidas pela Assembleia da República ou pelo Governo.

9. Sã o a plicá veis a o r efer en do, com a s n ecessá r ia s a da pt a ções, a s n or m a s


constantes dos n.os 1, 2, 3, 4 e 7 do artigo 113.º.
CRP 50

10. As pr opost a s de r efer en do r ecu sa da s pelo P r esiden t e da Repú blica ou object o


de r espost a n ega t iva do eleit or a do n ã o podem ser r en ova da s n a m esm a sessã o
legisla t iva , sa lvo n ova eleiçã o da Assem bleia da Repú blica , ou a t é à dem issã o do
Governo.

11. O r efer en do só t em efeit o vin cu la t ivo qu a n do o n ú m er o de vot a n t es for


superior a metade dos eleitores inscritos no recenseamento.

12. Nos r efer en dos sã o ch a m a dos a pa r t icipa r cida dã os r esiden t es n o est r a n geir o,
r egu la r m en t e r ecen sea dos a o a br igo do dispost o n o n .º 2 do a r t igo 121.º, qu a n do
recaiam sobre matéria que lhes diga também especificamente respeito.

13. Os r efer en dos podem t er â m bit o r egion a l, n os t er m os pr evist os n o n .º 2 do


artigo 232.º

Artigo 116.º
(Órgãos colegiais)
1. As r eu n iões da s a ssem bleia s qu e fu n cion em com o ór gã os de sober a n ia , da s
r egiões a u t ón om a s ou do poder loca l sã o pú blica s, except o n os ca sos pr evist os n a
lei.

2. As deliber a ções dos ór gã os colegia is sã o t om a da s com a pr esen ça da m a ior ia do


número legal dos seus membros.

3. Sa lvo n os ca sos pr evist os n a Con st it u içã o, n a lei e n os r espect ivos r egim en t os,
a s deliber a ções dos ór gã os colegia is sã o t om a da s à plu r a lida de de vot os, n ã o
contando as abstenções para o apuramento da maioria.

Artigo 117.º
(Estatuto dos titulares de cargos políticos)
1. Os t it u la r es de ca r gos polít icos r espon dem polít ica , civil e cr im in a lm en t e pela s
acções e omissões que pratiquem no exercício das suas funções.

2. A lei dispõe sobr e os dever es, r espon sa bilida des e in com pa t ibilida des dos
t it u la r es de ca r gos polít icos, a s con sequ ên cia s do r espect ivo in cu m pr im en t o, bem
como sobre os respectivos direitos, regalias e imunidades.

3. A lei det er m in a os cr im es de r espon sa bilida de dos t it u la r es de ca r gos polít icos,


bem com o a s sa n ções a plicá veis e os r espect ivos efeit os, qu e podem in clu ir a
destituição do cargo ou a perda do mandato.

Artigo 118.º
(Princípio da renovação)
CRP 51

1. Nin gu ém pode exer cer a t ít u lo vit a lício qu a lqu er ca r go polít ico de â m bit o
nacional, regional ou local.

2. A lei pode det er m in a r lim it es à r en ova çã o su cessiva de m a n da t os dos t it u la r es


de cargos políticos executivos.

Artigo 119.º
(Publicidade dos actos)
1. São publicados no jornal oficial, Diário da República:

a) As leis constitucionais;
b) As con ven ções in t er n a cion a is e os r espect ivos a visos de r a t ifica çã o, bem com o
os restantes avisos a elas respeitantes;

c) As leis, os decretos-leis e os decretos legislativos regionais;

d) Os decretos do Presidente da República;

e) As r esolu ções da Assem bleia da Repú blica e da s Assem bleia s Legisla t iva s da s
regiões autónomas;

f) Os r egim en t os da Assem bleia da Repú blica , do Con selh o de E st a do e da s


Assembleias Legislativas das regiões autónomas;

g) As decisões do Tr ibu n a l Con st it u cion a l, bem com o a s dos ou t r os t r ibu n a is a


que a lei confira força obrigatória geral;

h ) Os decr et os r egu la m en t a r es e os dem a is decr et os e r egu la m en t os do Gover n o,


bem com o os decr et os dos Repr esen t a n t es da Repú blica pa r a a s r egiões
autónomas e os decretos regulamentares regionais;

i) Os r esu lt a dos de eleições pa r a os ór gã os de sober a n ia , da s r egiões a u t ón om a s e


do poder loca l, bem com o pa r a o P a r la m en t o E u r opeu e a in da os r esu lt a dos de
referendos de âmbito nacional e regional.

2. A fa lt a de pu blicida de dos a ct os pr evist os n a s a lín ea s a ) a h ) do n ú m er o


a n t er ior e de qu a lqu er a ct o de con t eú do gen ér ico dos ór gã os de sober a n ia , da s
regiões autónomas e do poder local, implica a sua ineficácia jurídica.

3. A lei det er m in a a s for m a s de pu blicida de dos dem a is a ct os e a s con sequ ên cia s


da sua falta.

TÍTULO II
Presidente da República

CAPÍTULO I
CRP 52

Estatuto e eleição

Artigo 120.º
(Definição)
O P r esiden t e da Repú blica r epr esen t a a Repú blica P or t u gu esa , ga r a n t e a
in depen dên cia n a cion a l, a u n ida de do E st a do e o r egu la r fu n cion a m en t o da s
in st it u ições dem ocr á t ica s e é, por in er ên cia , Com a n da n t e Su pr em o da s F or ça s
Armadas.

Artigo 121.º
(Eleição)
1. O P r esiden t e da Repú blica é eleit o por su fr á gio u n iver sa l, dir ect o e secr et o dos
cida dã os por t u gu eses eleit or es r ecen sea dos n o t er r it ór io n a cion a l, bem com o dos
cidadãos portugueses residentes no estrangeiro nos termos do número seguinte.

2. A lei r egu la o exer cício do dir eit o de vot o dos cida dã os por t u gu eses r esiden t es
n o est r a n geir o, deven do t er em con t a a exist ên cia de la ços de efect iva liga çã o à
comunidade nacional.

3. O direito de voto no território nacional é exercido presencialmente.

Artigo 122.º
(Elegibilidade)
São elegíveis os cidadãos eleitores, portugueses de origem, maiores de 35 anos.

Artigo 123.º
(Reelegibilidade)
1. Nã o é a dm it ida a r eeleiçã o pa r a u m t er ceir o m a n da t o con secu t ivo, n em
du r a n t e o qu in qu én io im edia t a m en t e su bsequ en t e a o t er m o do segu n do m a n da t o
consecutivo.

2. Se o P r esiden t e da Repú blica r en u n cia r a o ca r go, n ã o poder á ca n dida t a r -se nas


eleições im edia t a s n em n a s qu e se r ea lizem n o qu in qu én io im edia t a m en t e
subsequente à renúncia.

Artigo 124.º
(Candidaturas)
1. As ca n dida t u r a s pa r a P r esiden t e da Repú blica sã o pr opost a s por u m m ín im o
de 7 500 e um máximo de 15 000 cidadãos eleitores.

2. As ca n dida t u r a s devem ser a pr esen t a da s a t é t r in t a dia s a n t es da da t a


marcada para a eleição, perante o Tribunal Constitucional.
CRP 53

3. E m ca so de m or t e de qu a lqu er ca n dida t o ou de qu a lqu er ou t r o fa ct o qu e o


in ca pa cit e pa r a o exer cício da fu n çã o pr esiden cia l, ser á r ea ber t o o pr ocesso
eleitoral, nos termos a definir por lei.

Artigo 125.º
(Data da eleição)
1. O P r esiden t e da Repú blica ser á eleit o n os sessen t a dia s a n t er ior es a o t er m o do
mandato do seu antecessor ou nos sessenta dias posteriores à vagatura do cargo.

2. A eleiçã o n ã o poder á efect u a r -se n os n oven t a dia s a n t er ior es ou post er ior es à


data de eleições para a Assembleia da República.

3. No ca so pr evist o n o n ú m er o a n t er ior , a eleiçã o efect u a r -se-á n os dez dia s


post er ior es a o fin a l do per íodo a í est a belecido, sen do o m a n da t o do P r esiden t e
cessante automaticamente prolongado pelo período necessário.

Artigo 126.º
(Sistema eleitoral)
1. Ser á eleit o P r esiden t e da Repú blica o ca n dida t o qu e obt iver m a is de m et a de
dos vot os va lida m en t e expr essos, n ã o se con sider a n do com o t a l os vot os em
branco.

2. Se n en h u m dos ca n dida t os obt iver esse n ú m er o de vot os, pr oceder -se-á a


segundo sufrágio até ao vigésimo primeiro dia subsequente à primeira votação.

3. A est e su fr á gio con cor r er ã o a pen a s os dois ca n dida t os m a is vot a dos qu e n ã o


tenham retirado a candidatura.

Artigo 127.º
(Posse e juramento)
1. O Presidente eleito toma posse perante a Assembleia da República.

2. A posse efectua-se no último dia do mandato do Presidente cessante ou, no caso


de eleiçã o por va ga t u r a , n o oit a vo dia su bsequ en t e a o dia da pu blica çã o dos
resultados eleitorais.

3. No a ct o de posse o P r esiden t e da Repú blica eleit o pr est a r á a segu in t e


declaração de compromisso:

J u r o por m in h a h on r a desem pen h a r fielm en t e a s fu n ções em qu e fico in vest ido e


defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.

Artigo 128.º
CRP 54

(Mandato)
1. O m a n da t o do P r esiden t e da Repú blica t em a du r a çã o de cin co a n os e t er m in a
com a posse do novo Presidente eleito.

2. E m ca so de va ga t u r a , o P r esiden t e da Repú blica a eleger in icia u m n ovo


mandato.

Artigo 129.º
(Ausência do território nacional)
1. O P r esiden t e da Repú blica n ã o pode a u sen t a r -se do t er r it ór io n a cion a l sem o
a ssen t im en t o da Assem bleia da Repú blica ou da su a Com issã o P er m a n en t e, se
aquela não estiver em funcionamento.

2. O a ssen t im en t o é dispen sa do n os ca sos de pa ssa gem em t r â n sit o ou de via gem


sem ca r á ct er oficia l de du r a çã o n ã o su per ior a cin co dia s, deven do, por ém , o
P r esiden t e da Repú blica da r pr évio con h ecim en t o dela s à Assem bleia da
República.

3. A inobservância do disposto no n.º 1 envolve, de pleno direito, a perda do cargo.

Artigo 130.º
(Responsabilidade criminal)
1. P or cr im es pr a t ica dos n o exer cício da s su a s fu n ções, o P r esiden t e da Repú blica
responde perante o Supremo Tribunal de Justiça.

2. A in icia t iva do pr ocesso ca be à Assem bleia da Repú blica , m edia n t e pr opost a de


u m qu in t o e deliber a çã o a pr ova da por m a ior ia de dois t er ços dos Depu t a dos em
efectividade de funções.

3. A condenação implica a destituição do cargo e a impossibilidade de reeleição.

4. P or cr im es est r a n h os a o exer cício da s su a s fu n ções o P r esiden t e da Repú blica


responde depois de findo o mandato perante os tribunais comuns.

Artigo 131.º
(Renúncia ao mandato)
1. O P r esiden t e da Repú blica pode r en u n cia r a o m a n da t o em m en sa gem dir igida
à Assembleia da República.

2. A r en ú n cia t or n a -se efect iva com o con h ecim en t o da m en sa gem pela


Assem bleia da Repú blica , sem pr eju ízo da su a u lt er ior pu blica çã o n o Diá r io da
República.

Artigo 132.º
(Substituição interina)
CRP 55

1. Du r a n t e o im pedim en t o t em por á r io do P r esiden t e da Repú blica , bem com o


du r a n t e a va ga t u r a do ca r go a t é t om a r posse o n ovo P r esiden t e eleit o, a ssu m irá
a s fu n ções o P r esiden t e da Assem bleia da Repú blica ou , n o im pedim en t o dest e, o
seu substituto.

2. E n qu a n t o exer cer in t er in a m en t e a s fu n ções de P r esiden t e da Repú blica , o


m a n da t o de Depu t a do do P r esiden t e da Assem bleia da Repú blica ou do seu
substituto suspende-se automaticamente.

3. O P r esiden t e da Repú blica , du r a n t e o im pedim en t o t em por á r io, m a n t ém os


direitos e regalias inerentes à sua função.

4. O P r esiden t e da Repú blica in t er in o goza de t oda s a s h on r a s e pr er r oga t iva s da


função, mas os direitos que lhe assistem são os do cargo para que foi eleito.

CAPÍTULO II
Competência

Artigo 133.º
(Competência quanto a outros órgãos)
Compete ao Presidente da República, relativamente a outros órgãos:

a) Presidir ao Conselho de Estado;


b) Ma r ca r , de h a r m on ia com a lei eleit or a l, o dia da s eleições do P r esiden t e da
Repú blica , dos Depu t a dos à Assem bleia da Repú blica , dos Depu t a dos a o
P a r la m en t o E u r opeu e dos depu t a dos à s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões
autónomas;

c) Convocar extraordinariamente a Assembleia da República;

d) Dir igir m en sa gen s à Assem bleia da Repú blica e à s Assem bleia s Legisla t iva s
das regiões autónomas;

e) Dissolver a Assem bleia da Repú blica , obser va do o dispost o n o a r t igo 172.º,


ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado;

f) Nomear o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 1 do artigo 187.º;

g) Dem it ir o Gover n o, n os t er m os do n .º 2 do a r t igo 195.º, e exon er a r o P r im eir o-


Ministro, nos termos do n.º 4 do artigo 186.º;

h ) Nom ea r e exon er a r os m em br os do Gover n o, sob pr opost a do P r im eir o-


Ministro;

i) Presidir ao Conselho de Ministros, quando o Primeiro-Ministro lho solicitar;


CRP 56

j) Dissolver a s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s, ou vidos o


Con selh o de E st a do e os pa r t idos n ela s r epr esen t a dos, obser va do o dispost o n o
artigo 172.º, com as necessárias adaptações;

l) Nom ea r e exon er a r , ou vido o Gover n o, os Repr esen t a n t es da Repú blica pa r a a s


regiões autónomas;

m ) Nom ea r e exon er a r , sob pr opost a do Gover n o, o pr esiden t e do Tr ibu n a l de


Contas e o Procurador-Geral da República;

n ) Nom ea r cin co m em br os do Con selh o de E st a do e dois voga is do Con selh o


Superior da Magistratura;

o) Presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional;

p) Nom ea r e exon er a r , sob pr opost a do Gover n o, o Ch efe do E st a do-Maior-


Gener a l da s F or ça s Ar m a da s, o Vice-Ch efe do E st a do-Maior-Gen er a l da s F or ça s
Ar m a da s, qu a n do exist a , e os Ch efes de E st a do-Ma ior dos t r ês r a m os da s F or ça s
Armadas, ouvido, nestes dois últimos casos, o Chefe do Estado-Maior-General das
Forças Armadas.

Artigo 134.º
(Competência para prática de actos próprios)
Compete ao Presidente da República, na prática de actos próprios:

a) Exercer as funções de Comandante Supremo das Forças Armadas;

b) P r om u lga r e m a n da r pu blica r a s leis, os decr et os-leis e os decr et os


r egu la m en t a r es, a ssin a r a s r esolu ções da Assem bleia da Repú blica qu e a pr ovem
acordos internacionais e os restantes decretos do Governo;

c) Su bm et er a r efer en do qu est ões de r eleva n t e in t er esse n a cion a l, n os t er m os do


artigo 115.º, e as referidas no n.º 2 do artigo 232.º e no n.º 3 do artigo 256.º;

d) Decla r a r o est a do de sít io ou o est a do de em er gên cia , obser va do o dispost o n os


artigos 19.º e 138.º;

e) Pronunciar-se sobre todas as emergências graves para a vida da República;

f) Indultar e comutar penas, ouvido o Governo;

g) Requ er er a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l a a pr ecia çã o pr even t iva da


con st it u cion a lida de de n or m a s con st a n t es de leis, decr et os-leis e con ven ções
internacionais;

h ) Requ er er a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l a decla r a çã o de in con st it u cion a lida de de


normas jurídicas, bem como a verificação de inconstitucionalidade por omissão;
CRP 57

i) Con fer ir con decor a ções, n os t er m os da lei, e exer cer a fu n çã o de gr ã o-mestre


das ordens honoríficas portuguesas.

Artigo 135.º
(Competência nas relações internacionais)
Compete ao Presidente da República, nas relações internacionais:

a ) Nom ea r os em ba ixa dor es e os en via dos ext r a or din á r ios, sob pr opost a do
Governo, e acreditar os representantes diplomáticos estrangeiros;

b) Ratificar os tratados internacionais, depois de devidamente aprovados;

c) Decla r a r a gu er r a em ca so de a gr essã o efect iva ou im in en t e e fa zer a pa z, sob


pr opost a do Gover n o, ou vido o Con selh o de E st a do e m edia n t e a u t or iza çã o da
Assem bleia da Repú blica , ou , qu a n do est a n ã o est iver r eu n ida n em for possível a
sua reunião imediata, da sua Comissão Permanente.

Artigo 136.º
(Promulgação e veto)
1. No prazo de vinte dias contados da recepção de qualquer decreto da Assembleia
da Repú blica pa r a ser pr om u lga do com o lei, ou da pu blica çã o da decisã o do
Tr ibu n a l Con st it u cion a l qu e n ã o se pr on u n cie pela in con st it u cion a lida de de
n or m a dele con st a n t e, deve o P r esiden t e da Repú blica pr om u lgá -lo ou exer cer o
dir eit o de vet o, solicit a n do n ova a pr ecia çã o do diplom a em m en sa gem
fundamentada.

2. Se a Assem bleia da Repú blica con fir m a r o vot o por m a ior ia a bsolu t a dos
Depu t a dos em efect ivida de de fu n ções, o P r esiden t e da Repú blica dever á
promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua recepção.

3. Ser á , por ém , exigida a m a ior ia de dois t er ços dos Depu t a dos pr esen t es, desde
qu e su per ior à m a ior ia a bsolu t a dos Depu t a dos em efect ivida de de fu n ções, pa r a
a con fir m a çã o dos decr et os qu e r evist a m a for m a de lei or gâ n ica , bem com o dos
que respeitem às seguintes matérias:

a) Relações externas;
b) Limites entre o sector público, o sector privado e o sector cooperativo e social de
propriedade dos meios de produção;

c) Regu la m en t a çã o dos a ct os eleit or a is pr evist os n a Con st it u içã o, qu e n ã o r evist a


a forma de lei orgânica.

4. No pr a zo de qu a r en t a dia s con t a dos da r ecepçã o de qu a lqu er decr et o do


Gover n o pa r a ser pr om u lga do, ou da pu blica çã o da decisã o do Tr ibu n a l
Con st it u cion a l qu e n ã o se pr on u n cie pela in con st it u cion a lida de de n or m a dele
CRP 58

con st a n t e, deve o P r esiden t e da Repú blica pr om u lgá -lo ou exer cer o dir eit o de
veto, comunicando por escrito ao Governo o sentido do veto.
5. O Presidente da República exerce ainda o direito de veto nos termos dos artigos
278.º e 279.º.

Artigo 137.º
(Falta de promulgação ou de assinatura)
A fa lt a de pr om u lga çã o ou de a ssin a t u r a pelo P r esiden t e da Repú blica de
qu a lqu er dos a ct os pr evist os n a a lín ea b) do a r t igo 134.º im plica a su a
inexistência jurídica.

Artigo 138.º
(Declaração do estado de sítio ou do estado de emergência)
1. A decla r a çã o do est a do de sít io ou do est a do de em er gên cia depen de de a u diçã o
do Gover n o e de a u t or iza çã o da Assem bleia da Repú blica ou , qu a n do est a n ã o
est iver r eu n ida n em for possível a su a r eu n iã o im edia t a , da r espect iva Com issã o
Permanente.

2. A decla r a çã o do est a do de sít io ou do est a do de em er gên cia , qu a n do a u t or iza da


pela Com issã o P er m a n en t e da Assem bleia da Repú blica , t er á de ser con fir m a da
pelo Plenário logo que seja possível reuni-lo.

Artigo 139.º
(Actos do Presidente da República interino)
1. O P r esiden t e da Repú blica in t er in o n ã o pode pr a t ica r qu a lqu er dos a ct os
previstos nas alíneas e) e n) do artigo 133.º e na alínea c) do artigo 134.º.

2. O P r esiden t e da Repú blica in t er in o só pode pr a t ica r qu a lqu er dos a ct os


pr evist os n a s a lín ea s b), c), f), m ) e p), do a r t igo 133.º, n a a lín ea a ) do a r t igo 134.º
e na alínea a) do artigo 135.º, após audição do Conselho de Estado.

Artigo 140.º
(Referenda ministerial)
1. Ca r ecem de r efer en da do Gover n o os a ct os do P r esiden t e da Repú blica
pr a t ica dos a o a br igo da s a lín ea s h ), j), l), m ) e p) do a r t igo 133.º, da s a lín ea s b), d)
e f) do artigo 134.º e das alíneas a), b) e c) do artigo 135.º.

2. A falta de referenda determina a inexistência jurídica do acto.

CAPÍTULO III
CRP 59

Conselho de Estado

Artigo 141.º
(Definição)
O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República.

Artigo 142.º
(Composição)
O Con selh o de E st a do é pr esidido pelo P r esiden t e da Repú blica e com post o pelos
seguintes membros:

a) O Presidente da Assembleia da República;

b) O Primeiro-Ministro;

c) O Presidente do Tribunal Constitucional;

d) O Provedor de Justiça;

e) Os presidentes dos governos regionais;

f) Os a n t igos pr esiden t es da Repú blica eleit os n a vigên cia da Con st it u içã o qu e


não hajam sido destituídos do cargo;

g) Cin co cida dã os design a dos pelo P r esiden t e da Repú blica pelo per íodo
correspondente à duração do seu mandato;

h ) Cin co cida dã os eleit os pela Assem bleia da Repú blica , de h a r m on ia com o


pr in cípio da r epr esen t a çã o pr opor cion a l, pelo per íodo cor r espon den t e à du r a çã o
da legislatura.

Artigo 143.º
(Posse e mandato)
1. Os m em br os do Con selh o de E st a do sã o em possa dos pelo P r esiden t e da
República.

2. Os membros do Conselho de Estado previstos nas alíneas a) a e) do artigo 142.º


mantêm-se em funções enquanto exercerem os respectivos cargos.

3. Os membros do Conselho de Estado previstos nas alíneas g) e h) do artigo 142.º


mantêm-se em fu n ções a t é à posse dos qu e os su bst it u ír em n o exer cício dos
respectivos cargos.

Artigo 144.º
CRP 60

(Organização e funcionamento)
1. Compete ao Conselho de Estado elaborar o seu regimento.

2. As reuniões do Conselho de Estado não são públicas.

Artigo 145.º
(Competência)
Compete ao Conselho de Estado:

a ) P r on u n cia r -se sobr e a dissolu çã o da Assem bleia da Repú blica e da s


Assembleias Legislativas das regiões autónomas;

b) P r on u n cia r -se sobr e a dem issã o do Gover n o, n o ca so pr evist o n o n .º 2 do a r t igo


195.º;

c) Pronunciar-se sobre a declaração da guerra e a feitura da paz;

d) P r on u n cia r -se sobr e os a ct os do P r esiden t e da Repú blica in t er in o r efer idos n o


artigo 139.º;

e) P r on u n cia r -se n os dem a is ca sos pr evist os n a Con st it u içã o e, em ger a l,


a con selh a r o P r esiden t e da Repú blica n o exer cício da s su a s fu n ções, qu a n do est e
lho solicitar.

Artigo 146.º
(Emissão dos pareceres)
Os pa r ecer es do Con selh o de E st a do pr evist os n a s a lín ea s a ) a e) do a r t igo 145.º
sã o em it idos n a r eu n iã o qu e pa r a o efeit o for con voca da pelo P r esiden t e da
República e tornados públicos quando da prática do acto a que se referem.

TÍTULO III
Assembleia da República

CAPÍTULO I
Estatuto e eleição

Artigo 147.º
(Definição)
A Assem bleia da Repú blica é a a ssem bleia r epr esen t a t iva de t odos os cida dã os
portugueses.

Artigo 148.º
(Composição)
CRP 61

A Assem bleia da Repú blica t em o m ín im o de cen t o e oit en t a e o m á xim o de


duzentos e trinta Deputados, nos termos da lei eleitoral.

Artigo 149.º
(Círculos eleitorais)
1. Os Depu t a dos sã o eleit os por cír cu los eleit or a is geogr a fica m en t e defin idos n a
lei, a qu a l pode det er m in a r a exist ên cia de cír cu los plu r in om in a is e u n in om in a is,
bem com o a r espect iva n a t u r eza e com plem en t a r ida de, por for m a a a ssegu r a r o
sist em a de r epr esen t a çã o pr opor cion a l e o m ét odo da m édia m a is a lt a de H on dt
na conversão dos votos em número de mandatos.

2. O n ú m er o de Depu t a dos por ca da cír cu lo plu r in om in a l do t er r it ór io n a cion a l,


except u a n do o cír cu lo n a cion a l, qu a n do exist a , é pr opor cion a l a o n ú m er o de
cidadãos eleitores nele inscritos.

Artigo 150.º
(Condições de elegibilidade)
Sã o elegíveis os cida dã os por t u gu eses eleit or es, sa lva s a s r est r ições qu e a lei
eleit or a l est a belecer por vir t u de de in com pa t ibilida des loca is ou de exer cício de
certos cargos.

Artigo 151.º
(Candidaturas)
1. As ca n dida t u r a s sã o a pr esen t a da s, n os t er m os da lei, pelos pa r t idos polít icos,
isola da m en t e ou em coliga çã o, poden do a s list a s in t egr a r cida dã os n ã o in scritos
nos respectivos partidos.

2. Nin gu ém pode ser ca n dida t o por m a is de u m cír cu lo eleit or a l da m esm a


n a t u r eza , except u a n do o cír cu lo n a cion a l qu a n do exist a , ou figu r a r em m a is de
uma lista.

Artigo 152.º
(Representação política)
1. A lei n ã o pode est a belecer lim it es à con ver sã o dos vot os em m a n da t os por
exigência de uma percentagem de votos nacional mínima.

2. Os Deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos.

Artigo 153.º
CRP 62

(Início e termo do mandato)


1. O m a n da t o dos Depu t a dos in icia -se com a pr im eir a r eu n iã o da Assem bleia da
Repú blica a pós eleições e cessa com a pr im eir a r eu n iã o a pós a s eleições
subsequentes, sem prejuízo da suspensão ou da cessação individual do mandato.

2. O pr een ch im en t o da s va ga s qu e ocor r er em n a Assem bleia , bem com o a


su bst it u içã o t em por á r ia de Depu t a dos por m ot ivo r eleva n t e, sã o r egu la dos pela
lei eleitoral.

Artigo 154.º
(Incompatibilidades e impedimentos)
1. Os Depu t a dos qu e for em n om ea dos m em br os do Gover n o n ã o podem exer cer o
m a n da t o a t é à cessa çã o dest a s fu n ções, sen do su bst it u ídos n os t er m os do a r t igo
anterior.

2. A lei determina as demais incompatibilidades.

3. A lei r egu la os ca sos e a s con dições em qu e os Depu t a dos ca r ecem de


a u t or iza çã o da Assem bleia da Repú blica pa r a ser em ju r a dos, á r bit r os, per it os ou
testemunhas.

Artigo 155.º
(Exercício da função de Deputado)
1. Os Depu t a dos exer cem livr em en t e o seu m a n da t o, sen do-lh es ga r a n t ida s
con dições a dequ a da s a o efica z exer cício da s su a s fu n ções, design a da m en t e a o
indispensável contacto com os cidadãos eleitores e à sua informação regular.

2. A lei r egu la a s con dições em qu e a fa lt a dos Depu t a dos, por ca u sa de r eu n iões


ou m issões da Assem bleia , a a ct os ou diligên cia s oficia is a ela est r a n h os con st it u i
motivo justificado de adiamento destes.

3. As en t ida des pú blica s t êm , n os t er m os da lei, o dever de cooper a r com os


Deputados no exercício das suas funções.

Artigo 156.º
(Poderes dos Deputados)
Constituem poderes dos Deputados:

a) Apresentar projectos de revisão constitucional;

b) Apr esen t a r pr oject os de lei, de Regim en t o ou de r esolu çã o, design a da m en t e de


referendo, e propostas de deliberação e requerer o respectivo agendamento;

c) Participar e intervir nos debates parlamentares, nos termos do Regimento;


CRP 63

d) F a zer per gu n t a s a o Gover n o sobr e qu a isqu er a ct os dest e ou da Adm in ist r a çã o


P ú blica e obt er r espost a em pr a zo r a zoá vel, sa lvo o dispost o n a lei em m a t ér ia de
segredo de Estado;

e) Requ er er e obt er do Gover n o ou dos ór gã os de qu a lqu er en t ida de pú blica os


elem en t os, in for m a ções e pu blica ções oficia is qu e con sider em ú t eis pa r a o
exercício do seu mandato;

f) Requerer a constituição de comissões parlamentares de inquérito;

g) Os consignados no Regimento.

Artigo 157.º
(Imunidades)
1. Os Depu t a dos n ã o r espon dem civil, cr im in a l ou disciplin a r m en t e pelos vot os e
opiniões que emitirem no exercício das suas funções.

2. Os Depu t a dos n ã o podem ser ou vidos com o decla r a n t es n em com o a r gu idos


sem a u t or iza çã o da Assem bleia , sen do obr iga t ór ia a decisã o de a u t or iza çã o, n o
segu n do ca so, qu a n do h ou ver for t es in dícios de pr á t ica de cr im e doloso a qu e
corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos.

3. Nen h u m Depu t a do pode ser det ido ou pr eso sem a u t or iza çã o da Assem bleia ,
sa lvo por cr im e doloso a qu e cor r espon da a pen a de pr isã o r efer ida n o n ú m er o
anterior e em flagrante delito.

4. Movido pr ocedim en t o cr im in a l con t r a a lgu m Depu t a do, e a cu sa do est e


defin it iva m en t e, a Assem bleia decidir á se o Depu t a do deve ou n ã o ser su spen so
pa r a efeit o de segu im en t o do pr ocesso, sen do obr iga t ór ia a decisã o de su spen sã o
quando se trate de crime do tipo referido nos números anteriores.

Artigo 158.º
(Direitos e regalias)
Os Deputados gozam dos seguintes direitos e regalias:

a) Adiamento do serviço militar, do serviço cívico ou da mobilização civil;

b) Livre-trânsito e dir eit o a pa ssa por t e especia l n a s su a s desloca ções oficia is a o


estrangeiro;

c) Cartão especial de identificação;

d)Subsídios que a lei prescrever.


CRP 64

Artigo 159.º
(Deveres)

Constituem deveres dos Deputados:

a) Comparecer às reuniões do Plenário e às das comissões a que pertençam;


b) Desem pen h a r os ca r gos n a Assem bleia e a s fu n ções pa r a qu e seja m
designados, sob proposta dos respectivos grupos parlamentares;

c) Participar nas votações.

Artigo 160.º
(Perda e renúncia do mandato)
1. Perdem o mandato os Deputados que:

a ) Ven h a m a ser fer idos por a lgu m a da s in ca pa cida des ou in com pa t ibilida des
previstas na lei;

b) Não tomem assento na Assembleia ou excedam o número de faltas estabelecido


no Regimento;

c) Se in scr eva m em pa r t ido diver so da qu ele pelo qu a l for a m a pr esen t a dos a


sufrágio;

d) Seja m ju dicia lm en t e con den a dos por cr im e de r espon sa bilida de n o exer cício da
su a fu n çã o em t a l pen a ou por pa r t icipa çã o em or ga n iza ções r a cist a s ou qu e
perfilhem a ideologia fascista.

2. Os Deputados podem renunciar ao mandato, mediante declaração escrita.

CAPÍTULO II
Competência

Artigo 161.º
(Competência política e legislativa)
Compete à Assembleia da República:

a) Aprovar alterações à Constituição, nos termos dos artigos 284.º a 289.º;

b) Apr ova r os est a t u t os polít ico-a dm in ist r a t ivos e a s leis r ela t iva s à eleiçã o dos
deputados às Assembleias Legislativas das regiões autónomas;

c) F a zer leis sobr e t oda s a s m a t ér ia s, sa lvo a s r eser va da s pela Con st it u içã o a o


Governo;

d) Conferir ao Governo autorizações legislativas;


CRP 65

e) Con fer ir à s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s a s a u t or iza ções


previstas na alínea b) do n.º 1 do artigo 227.º da Constituição;

f) Conceder amnistias e perdões genéricos;

g) Apr ova r a s leis da s gr a n des opções dos pla n os n a cion a is e o Or ça m en t o do


Estado, sob proposta do Governo;

h ) Au t or iza r o Gover n o a con t r a ir e a con ceder em pr ést im os e a r ea liza r ou t r a s


oper a ções de cr édit o qu e n ã o seja m de dívida flu t u a n t e, defin in do a s r espect iva s
con dições ger a is, e est a belecer o lim it e m á xim o dos a va les a con ceder em ca da
ano pelo Governo;

i) Apr ova r os t r a t a dos, design a da m en t e os t r a t a dos de pa r t icipa çã o de P or t u ga l


em or ga n iza ções in t er n a cion a is, os t r a t a dos de a m iza de, de pa z, de defesa , de
r ect ifica çã o de fr on t eir a s e os r espeit a n t es a a ssu n t os m ilit a r es, bem com o os
a cor dos in t er n a cion a is qu e ver sem m a t ér ia s da su a com pet ên cia r eser va da ou
que o Governo entenda submeter à sua apreciação;

j) P r opor a o P r esiden t e da Repú blica a su jeiçã o a r efer en do de qu est ões de


relevante interesse nacional;

l) Au t or iza r e con fir m a r a decla r a çã o do est a do de sít io e do est a do de


emergência;

m) Autorizar o Presidente da República a declarar a guerra e a fazer paz;

n ) P r on u n cia r -se, n os t er m os da lei, sobr e a s m a t ér ia s pen den t es de decisã o em


ór gã os n o â m bit o da Un iã o E u r opeia qu e in cida m n a esfer a da su a com pet ên cia
legislativa reservada;

o) Desem pen h a r a s dem a is fu n ções qu e lh e seja m a t r ibu ída s pela Con st it u içã o e
pela lei.

Artigo 162.º
(Competência de fiscalização)
Compete à Assembleia da República, no exercício de funções de fiscalização:

a ) Vigia r pelo cu m pr im en t o da Con st it u içã o e da s leis e a pr ecia r os a ct os do


Governo e da Administração;

b) Apr ecia r a a plica çã o da decla r a çã o do est a do de sít io ou do est a do de


emergência;
CRP 66

c) Apr ecia r , pa r a efeit o de cessa çã o de vigên cia ou de a lt er a çã o, os decr et os-leis,


sa lvo os feit os n o exer cício da com pet ên cia legisla t iva exclu siva do Gover n o, e os
decretos legislativos regionais previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 227.º;

d) Tom a r a s con t a s do E st a do e da s dem a is en t ida des pú blica s qu e a lei


determinar, as quais serão apresentadas até 31 de Dezembro do ano subsequente,
com o pa r ecer do Tr ibu n a l de Con t a s e os dem a is elem en t os n ecessá r ios à su a
apreciação;

e) Apreciar os relatórios de execução dos planos nacionais.

Artigo 163.º
(Competência quanto a outros órgãos)
Compete à Assembleia da República, relativamente a outros órgãos:

a) Testemunhar a tomada de posse do Presidente da República;

b) Dar assentimento à ausência do Presidente da República do território nacional;

c) P r om over o pr ocesso de a cu sa çã o con t r a o P r esiden t e da Repú blica por cr im es


pr a t ica dos n o exer cício da s su a s fu n ções e decidir sobr e a su spen sã o de m em br os
do Governo, no caso previsto no artigo 196.º;

d) Apreciar o programa do Governo;

e) Votar moções de confiança e de censura ao Governo;

f) Acom pa n h a r e a pr ecia r , n os t er m os da lei, a pa r t icipa çã o de P or t u ga l n o


processo de construção da união europeia;

g) E leger , segu n do o sist em a de r epr esen t a çã o pr opor cion a l, cin co m em br os do


Con selh o de E st a do e os m em br os do Con selh o Su per ior do Min ist ér io P ú blico
que lhe competir designar;

h) Eleger, por maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde que superior
à m a ior ia a bsolu t a dos Depu t a dos em efect ivida de de fu n ções, dez ju ízes do
Tr ibu n a l Con st it u cion a l, o P r ovedor de J u st iça , o P r esiden t e do Con selh o
E con óm ico e Socia l, set e voga is do Con selh o Su per ior da Ma gist r a t u r a , os
m em br os da en t ida de de r egu la çã o da com u n ica çã o socia l, e de ou t r os ór gã os
con st it u cion a is cu ja design a çã o, n os t er m os da lei, seja com et ida à Assem bleia da
República;

i) Acom pa n h a r , n os t er m os da lei, o en volvim en t o de con t in gen t es m ilit a r es e de


forças de segurança no estrangeiro.
CRP 67

Artigo 164.º
(Reserva absoluta de competência legislativa)
É da exclu siva com pet ên cia da Assem bleia da Repú blica legisla r sobr e a s
seguintes matérias:

a) Eleições dos titulares dos órgãos de soberania;

b) Regimes dos referendos;

c) Organização, funcionamento e processo do Tribunal Constitucional;

d) Or ga n iza çã o da defesa n a cion a l, defin içã o dos dever es dela decor r en t es e ba ses
ger a is da or ga n iza çã o, do fu n cion a m en t o, do r eequ ipa m en t o e da disciplin a da s
Forças Armadas;

e) Regimes do estado de sítio e do estado de emergência;

f) Aquisição, perda e reaquisição da cidadania portuguesa;

g) Defin içã o dos lim it es da s á gu a s t er r it or ia is, da zon a econ óm ica exclu siva e dos
direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos;

h) Associações e partidos políticos;

i) Bases do sistema de ensino;

j) Eleições dos deputados às Assembleias Legislativas das regiões autónomas;

l) E leições dos t it u la r es dos ór gã os do poder loca l ou ou t r a s r ea liza da s por


sufrágio directo e universal, bem como dos restantes órgãos constitucionais;

m ) E st a t u t o dos t it u la r es dos ór gã os de sober a n ia e do poder loca l, bem com o dos


restantes órgãos constitucionais ou eleitos por sufrágio directo e universal;

n ) Cr ia çã o, ext in çã o e m odifica çã o de a u t a r qu ia s loca is e r espect ivo r egim e, sem


prejuízo dos poderes das regiões autónomas;

o) Rest r ições a o exer cício de dir eit os por m ilit a r es e a gen t es m ilit a r iza dos dos
qu a dr os per m a n en t es em ser viço efect ivo, bem com o por a gen t es dos ser viços e
forças de segurança;

p) Regim e de design a çã o dos m em br os de ór gã os da Un iã o E u r opeia , com


excepção da Comissão;

q) Regime do sistema de informações da República e do segredo de Estado;

r ) Regim e ger a l de ela bor a çã o e or ga n iza çã o dos or ça m en t os do E st a do, da s


regiões autónomas e das autarquias locais;
CRP 68

s) Regime dos símbolos nacionais;

t) Regime de finanças das regiões autónomas;

u) Regime das forças de segurança;

v) Regim e da a u t on om ia or ga n iza t iva , a dm in ist r a t iva e fin a n ceir a dos ser viços de
apoio do Presidente da República.

Artigo 165.º
(Reserva relativa de competência legislativa)
1. É da exclu siva com pet ên cia da Assem bleia da Repú blica legisla r sobr e a s
seguintes matérias, salvo autorização ao Governo:

a) Estado e capacidade das pessoas;

b) Direitos, liberdades e garantias;

c) Defin içã o dos cr im es, pen a s, m edida s de segu r a n ça e r espect ivos pr essu post os,
bem como processo criminal;

d) Regim e ger a l de pu n içã o da s in fr a cções disciplin a r es, bem com o dos a ct os


ilícitos de mera ordenação social e do respectivo processo;

e) Regime geral da requisição e da expropriação por utilidade pública;

f) Bases do sistema de segurança social e do serviço nacional de saúde;

g) Ba ses do sist em a de pr ot ecçã o da n a t u r eza , do equ ilíbr io ecológico e do


património cultural;

h) Regime geral do arrendamento rural e urbano;

i) Cr ia çã o de im post os e sist em a fisca l e r egim e ger a l da s t a xa s e dem a is


contribuições financeiras a favor das entidades públicas;

j) Defin içã o dos sect or es de pr opr ieda de dos m eios de pr odu çã o, in clu in do a dos
sect or es bá sicos n os qu a is seja veda da a a ct ivida de à s em pr esa s pr iva da s e a
outras entidades da mesma natureza;

l) Meios e for m a s de in t er ven çã o, expr opr ia çã o, n a cion a liza çã o e pr iva t iza çã o dos
m eios de pr odu çã o e solos por m ot ivo de in t er esse pú blico, bem com o cr it ér ios de
fixação, naqueles casos, de indemnizações;

m ) Regim e dos pla n os de desen volvim en t o econ óm ico e socia l e com posiçã o do
Conselho Económico e Social;
CRP 69

n ) Ba ses da polít ica a gr ícola , in clu in do a fixa çã o dos lim it es m á xim os e m ín im os


das unidades de exploração agrícola;

o) Sistema monetário e padrão de pesos e medidas;

p) Organização e competência dos tribunais e do Ministério Público e estatuto dos


r espect ivos m a gist r a dos, bem com o da s en t ida des n ã o ju r isdicion a is de
composição de conflitos;

q) Estatuto das autarquias locais, incluindo o regime das finanças locais;

r) Participação das organizações de moradores no exercício do poder local;

s) Associa ções pú blica s, ga r a n t ia s dos a dm in ist r a dos e r espon sa bilida de civil da


Administração;

t) Bases do regime e âmbito da função pública;

u) Bases gerais do estatuto das empresas públicas e das fundações públicas;

v) Definição e regime dos bens do domínio público;

x) Regim e dos m eios de pr odu çã o in t egr a dos n o sect or cooper a t ivo e socia l de
propriedade;

z) Bases do ordenamento do território e do urbanismo;

aa) Regime e forma de criação das polícias municipais.

2. As leis de a u t or iza çã o legisla t iva devem defin ir o object o, o sen t ido, a ext en sã o
e a duração da autorização, a qual pode ser prorrogada.

3. As a u t or iza ções legisla t iva s n ã o podem ser u t iliza da s m a is de u m a vez, sem


prejuízo da sua execução parcelada.

4. As a u t or iza ções ca du ca m com a dem issã o do Gover n o a qu e t iver em sido


con cedida s, com o t er m o da legisla t u r a ou com a dissolu çã o da Assem bleia da
República.

5. As a u t or iza ções con cedida s a o Gover n o n a lei do Or ça m en t o obser va m o


dispost o n o pr esen t e a r t igo e, qu a n do in cida m sobr e m a t ér ia fisca l, só ca du ca m
no termo do ano económico a que respeitam.

Artigo 166.º
(Forma dos actos)
1. Revest em a for m a de lei con st it u cion a l os a ct os pr evist os n a a lín ea a ) do a r t igo
161.º.
CRP 70

2. Revest em a for m a de lei or gâ n ica os a ct os pr evist os n a s a lín ea s a ) a f), h ), j),


primeira parte da alínea l), q) e t) do artigo 164.º e no artigo 255.º.

3. Revestem a forma de lei os actos previstos nas alíneas b) a h) do artigo 161.º.

4. Revest em a for m a de m oçã o os a ct os pr evist os n a s a lín ea s d) e e) do a r t igo


163.º.

5. Revest em a for m a de r esolu çã o os dem a is a ct os da Assem bleia da Repú blica,


bem com o os a ct os da Com issã o P er m a n en t e pr evist os n a s a lín ea s e) e f) do n .º 3
do artigo 179.º.

6. As resoluções são publicadas independentemente de promulgação.

Artigo 167.º
(Iniciativa da lei e do referendo)
1. A in icia t iva da lei e do r efer en do com pet e a os Depu t a dos, a os gr u pos
pa r la m en t a r es e a o Gover n o, e a in da , n os t er m os e con dições est a belecidos n a lei,
a gr u pos de cida dã os eleit or es, com pet in do a in icia t iva da lei, n o r espeit a n t e à s
regiões autónomas, às respectivas Assembleias Legislativas.

2. Os Depu t a dos, os gr u pos pa r la m en t a r es, a s Assem bleia s Legisla t iva s da s


r egiões a u t ón om a s e os gr u pos de cida dã os eleit or es n ã o podem a pr esen t a r
pr oject os de lei, pr opost a s de lei ou pr opost a s de a lt er a çã o qu e en volva m , n o a n o
econ óm ico em cu r so, a u m en t o da s despesa s ou dim in u içã o da s r eceit a s do E st a do
previstas no Orçamento.

3. Os Depu t a dos, os gr u pos pa r la m en t a r es e os gr u pos de cida dã os eleit or es n ã o


podem a pr esen t a r pr oject os de r efer en do qu e en volva m , n o a n o econ óm ico em
cu r so, a u m en t o da s despesa s ou dim in u içã o da s r eceit a s do E st a do pr evist a s n o
Orçamento.

4. Os pr oject os e a s pr opost a s de lei e de r efer en do defin it iva m en t e r ejeit a dos n ã o


podem ser r en ova dos n a m esm a sessã o legisla t iva , sa lvo n ova eleiçã o da
Assembleia da República.

5. Os pr oject os de lei, a s pr opost a s de lei do Gover n o e os pr oject os e pr opost a s de


r efer en do n ã o vot a dos n a sessã o legisla t iva em qu e t iver em sido a pr esen t a dos
n ã o ca r ecem de ser r en ova dos n a sessã o legisla t iva segu in t e, sa lvo t er m o da
legislatura.

6. As propostas de lei e de referendo caducam com a demissão do Governo.

7. As pr opost a s de lei da in icia t iva da s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões


a u t ón om a s ca du ca m com o t er m o da r espect iva legisla t u r a , ca du ca n do a pen a s
CRP 71

com o t er m o da legisla t u r a da Assem bleia da Repú blica a s qu e já t en h a m sido


objecto de aprovação na generalidade.

8. As com issões pa r la m en t a r es podem a pr esen t a r t ext os de su bst it u içã o, sem


pr eju ízo dos pr oject os e da s pr opost a s de lei e de r efer en do a qu e se r efer em ,
quando não retirados.

Artigo 168.º
(Discussão e votação)
1. A discu ssã o dos pr oject os e pr opost a s de lei com pr een de u m deba t e n a
generalidade e outro na especialidade.

2. A vot a çã o com pr een de u m a vot a çã o n a gen er a lida de, u m a vot a çã o n a


especialidade e uma votação final global.

3. Se a Assem bleia a ssim o deliber a r , os t ext os a pr ova dos n a gen er a lida de ser ã o
vot a dos n a especia lida de pela s com issões, sem pr eju ízo do poder de a voca çã o pela
Assembleia e do voto final desta para aprovação global.

4. Sã o obr iga t or ia m en t e vot a da s n a especia lida de pelo P len á r io a s leis sobr e a s


m a t ér ia s pr evist a s n a s a lín ea s a ) a f), h ), n ) e o) do a r t igo 164.º, bem com o n a
alínea q) do n.º 1 do artigo 165.º.

5. As leis or gâ n ica s ca r ecem de a pr ova çã o, n a vot a çã o fin a l globa l, por m a ior ia


absolu t a dos Depu t a dos em efect ivida de de fu n ções, deven do a s disposições
r ela t iva s à delim it a çã o t er r it or ia l da s r egiões, pr evist a s n o a r t igo 255.º, ser
aprovadas, na especialidade, em Plenário, por idêntica maioria.

6. Ca r ecem de a pr ova çã o por m a ior ia de dois t er ços dos Depu t a dos pr esen t es,
desde que superior à maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções:

a) A lei respeitante à entidade de regulação da comunicação social;

b) As normas que disciplinam o disposto no n.º 2 do artigo 118.º;

c) A lei que regula o exercício do direito previsto no n.º 2 do artigo 121.º;

d) As disposições da s leis qu e r egu la m a s m a t ér ia s r efer ida s n os a r t igos 148.º e


149.º, e a s r ela t iva s a o sist em a e m ét odo de eleiçã o dos ór gã os pr evist os n o n .º 3
do artigo 239.º;

e) As disposições que regulam a matéria da alínea o) do artigo 164.º;

f) As disposições dos est a t u t os polít ico-a dm in ist r a t ivos da s r egiões a u t ón om a s


que enunciem as matérias que integram o respectivo poder legislativo.
CRP 72

Artigo 169.º
(Apreciação parlamentar de actos legislativos)
1. Os decr et os-leis, sa lvo os a pr ova dos n o exer cício da com pet ên cia legisla t iva
exclu siva do Gover n o, podem ser su bm et idos a a pr ecia çã o da Assem bleia da
Repú blica , pa r a efeit os de cessa çã o de vigên cia ou de a lt er a çã o, a r equ erimento
de dez Depu t a dos, n os t r in t a dia s su bsequ en t es à pu blica çã o, descon t a dos os
períodos de suspensão do funcionamento da Assembleia da República.

2. Requ er ida a a pr ecia çã o de u m decr et o-lei ela bor a do n o u so de a u t or iza çã o


legislativa, e no caso de serem apresentadas propostas de alteração, a Assembleia
poder á su spen der , n o t odo ou em pa r t e, a vigên cia do decr et o-lei a t é à pu blica çã o
da lei que o vier a alterar ou até à rejeição de todas aquelas propostas.

3. A suspensão caduca decorridas dez reuniões plenárias sem que a Assembleia se


tenha pronunciado a final.

4. Se for a pr ova da a cessa çã o da su a vigên cia , o diplom a deixa r á de vigor a r desde


o dia em que a resolução for publicada no Diário da República e não poderá voltar
a ser publicado no decurso da mesma sessão legislativa.

5. Se, requerida a apreciação, a Assembleia não se tiver sobre ela pronunciado ou,
h a ven do deliber a do in t r odu zir em en da s, n ã o t iver vot a do a r espect iva lei a t é a o
t er m o da sessã o legisla t iva em cu r so, desde qu e decor r ida s qu in ze r eu n iões
plenárias, considerar-se-á caduco o processo.

6. Os pr ocessos de a pr ecia çã o pa r la m en t a r de decr et os-leis goza m de pr ior ida de,


nos termos do Regimento.

Artigo 170.º
(Processo de urgência)
1. A Assembleia da República pode, por iniciativa de qualquer Deputado ou grupo
pa r la m en t a r , ou do Gover n o, decla r a r a u r gên cia do pr ocessa m en t o de qu a lqu er
projecto ou proposta de lei ou de resolução.

2. A Assem bleia pode a in da , por in icia t iva da s Assem bleia s Legisla t iva s da s
r egiões a u t ón om a s, decla r a r a u r gên cia do pr ocessa m en t o de qu a lqu er pr opost a
de lei por estas apresentada.

CAPÍTULO III
Organização e funcionamento

Artigo 171.º
(Legislatura)
1. A legislatura tem a duração de quatro sessões legislativas.
CRP 73

2. No ca so de dissolu çã o, a Assem bleia en t ã o eleit a in icia n ova legisla t u r a cu ja


du r a çã o ser á in icia lm en t e a cr escida do t em po n ecessá r io pa r a se com plet a r o
período correspondente à sessão legislativa em curso à data da eleição.

Artigo 172.º
(Dissolução)
1. A Assembleia da República não pode ser dissolvida nos seis meses posteriores à
su a eleiçã o, n o ú lt im o sem est r e do m a n da t o do P r esiden t e da Repú blica ou
durante a vigência do estado de sítio ou do estado de emergência.

2. A in obser vâ n cia do dispost o n o n ú m er o a n t er ior det er m in a a in existência


jurídica do decreto de dissolução.

3. A dissolu çã o da Assem bleia n ã o pr eju dica a su bsist ên cia do m a n da t o dos


Depu t a dos, n em da com pet ên cia da Com issã o P er m a n en t e, a t é à pr im eir a
reunião da Assembleia após as subsequentes eleições.

Artigo 173.º
(Reunião após eleições)
1. A Assem bleia da Repú blica r eú n e por dir eit o pr ópr io n o t er ceir o dia post er ior
a o a pu r a m en t o dos r esu lt a dos ger a is da s eleições ou , t r a t a n do-se de eleições por
t er m o de legisla t u r a , se a qu ele dia r eca ir a n t es do t er m o dest a , n o pr im eir o dia
da legislatura subsequente.

2. Recaindo aquela data fora do período de funcionamento efectivo da Assembleia,


esta reunir-se-á para efeito do disposto no artigo 175.º.

Artigo 174.º
(Sessão legislativa, período de funcionamento e convocação)
1. A sessão legislativa tem a duração de um ano e inicia-se a 15 de Setembro.

2. O per íodo n or m a l de fu n cion a m en t o da Assem bleia da Repú blica decor r e de 15


de Set em br o a 15 de J u n h o, sem pr eju ízo da s su spen sões qu e a Assem bleia
deliberar por maioria de dois terços dos Deputados presentes.

3. F or a do per íodo in dica do n o n ú m er o a n t er ior , a Assem bleia da Repú blica pode


fu n cion a r por deliber a çã o do P len á r io, pr or r oga n do o per íodo n or m a l de
fu n cion a m en t o, por in icia t iva da Com issã o P er m a n en t e ou , n a im possibilidade
dest a e em ca so de gr a ve em er gên cia , por in icia t iva de m a is de m et a de dos
Deputados.

4. A Assem bleia pode a in da ser con voca da ext r a or din a r ia m en t e pelo P r esiden t e
da República para se ocupar de assuntos específicos.
CRP 74

5. As com issões podem fu n cion a r in depen den t em en t e do fu n cion a m en t o do


Plenário da Assembleia, mediante deliberação desta, nos termos do n.º 2.

Artigo 175.º
(Competência interna da Assembleia)
Compete à Assembleia da República:

a) Elaborar e aprovar o seu Regimento, nos termos da Constituição;


b) E leger por m a ior ia a bsolu t a dos Depu t a dos em efect ivida de de fu n ções o seu
P r esiden t e e os dem a is m em br os da Mesa , sen do os qu a t r o Vice-Presidentes
eleitos sob proposta dos quatro maiores grupos parlamentares;

c) Constituir a Comissão Permanente e as restantes comissões.

Artigo 176.º
(Ordem do dia das reuniões plenárias)
1. A or dem do dia é fixa da pelo P r esiden t e da Assem bleia da Repú blica , segu n do
a pr ior ida de da s m a t ér ia s defin ida s n o Regim en t o, e sem pr eju ízo do dir eit o de
recurso pa r a o P len á r io da Assem bleia e da com pet ên cia do P r esiden t e da
República prevista no n.º 4 do artigo 174.º.

2. O Governo e os grupos parlamentares podem solicitar prioridade para assuntos


de interesse nacional de resolução urgente.

3. Todos os gr u pos pa r la m en t a r es t êm dir eit o à det er m in a çã o da or dem do dia de


u m cer t o n ú m er o de r eu n iões, segu n do cr it ér io a est a belecer n o Regim en t o,
ressalvando-se sem pr e a posiçã o dos pa r t idos m in or it á r ios ou n ã o r epr esen t a dos
no Governo.

4. As Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s podem solicit a r pr ior ida de


para assuntos de interesse regional de resolução urgente.

Artigo 177.º
(Participação dos membros do Governo)
1. Os Min ist r os t êm o dir eit o de com pa r ecer à s r eu n iões plen á r ia s da Assem bleia
da Repú blica , poden do ser coa dju va dos ou su bst it u ídos pelos Secr et á r ios de
Estado, e uns e outros usar da palavra, nos termos do Regimento.

2. Ser ã o m a r ca da s r eu n iões em qu e os m em br os do Gover n o est a r ã o pr esen t es


pa r a r espon der a per gu n t a s e pedidos de escla r ecim en t o dos Depu t a dos, a s qu a is
se r ea liza r ã o com a per iodicida de m ín im a fixa da n o Regim en t o e em da t a s a
estabelecer por acordo com o Governo.
CRP 75

3. Os m em br os do Gover n o podem solicit a r a su a pa r t icipa çã o n os t r a ba lh os da s


comissões e devem comparecer perante as mesmas quando tal seja requerido.

Artigo 178.º
(Comissões)
1. A Assem bleia da Repú blica t em a s com issões pr evist a s n o Regim en t o e pode
con st it u ir com issões even t u a is de in qu ér it o ou pa r a qu a lqu er ou t r o fim
determinado.

2. A com posiçã o da s com issões cor r espon de à r epr esen t a t ivida de dos pa r t idos n a
Assembleia da República.

3. As pet ições dir igida s à Assem bleia sã o a pr ecia da s pela s com issões ou por
com issã o especia lm en t e con st it u ída pa r a o efeit o, qu e poder á ou vir a s dem a is
com issões com pet en t es em r a zã o da m a t ér ia , em t odos os ca sos poden do ser
solicitado o depoimento de quaisquer cidadãos.

4. Sem pr eju ízo da su a con st it u içã o n os t er m os ger a is, a s com issões


pa r la m en t a r es de in qu ér it o sã o obr iga t or ia m en t e con st it u ída s sem pr e qu e t a l
seja r equ er ido por u m qu in t o dos Depu t a dos em efect ivida de de fu n ções, a t é a o
limite de uma por Deputado e por sessão legislativa.

5. As com issões pa r la m en t a r es de in qu ér it o goza m de poder es de in vest iga çã o


próprios das autoridades judiciais.

6. As pr esidên cia s da s com issões sã o n o con ju n t o r epa r t ida s pelos gr u pos


parlamentares em proporção com o número dos seus Deputados.

7. Na s r eu n iões da s com issões em qu e se discu t a m pr opost a s legisla t iva s


r egion a is, podem pa r t icipa r r epr esen t a n t es da Assem bleia Legisla t iva da r egião
autónoma proponente, nos termos do Regimento.

Artigo 179.º
(Comissão Permanente)
1. F or a do per íodo de fu n cion a m en t o efect ivo da Assem bleia da Repú blica ,
du r a n t e o per íodo em qu e ela se en con t r a r dissolvida , e n os r est a n t es ca sos
pr evist os n a Con st it u içã o, fu n cion a a Com issã o P er m a n en t e da Assem bleia da
República.

2. A Com issã o P er m a n en t e é pr esidida pelo P r esiden t e da Assem bleia da


Repú blica e com post a pelos Vice-P r esiden t es e por Depu t a dos in dica dos por t odos
os partidos, de acordo com a respectiva representatividade na Assembleia.

3. Compete à Comissão Permanente:


CRP 76

a ) Vigia r pelo cu m pr im en t o da Con st it u içã o e da s leis e a com pa n h a r a a ct ivida de


do Governo e da Administração;
b) Exercer os poderes da Assembleia relativamente ao mandato dos Deputados;

c) Promover a convocação da Assembleia sempre que tal seja necessário;

d) Preparar a abertura da sessão legislativa;

e) Dar assentimento à ausência do Presidente da República do território nacional;

f) Au t or iza r o P r esiden t e da Repú blica a decla r a r o est a do de sít io ou o est a do de


emergência, a declarar guerra e a fazer a paz.

4. No ca so da a lín ea f) do n ú m er o a n t er ior , a Com issã o P er m a n en t e pr om over á a


convocação da Assembleia no prazo mais curto possível.

Artigo 180.º
(Grupos parlamentares)
1. Os Depu t a dos eleit os por ca da pa r t ido ou coliga çã o de pa r t idos podem
constituir-se em grupo parlamentar.

2. Constituem direitos de cada grupo parlamentar:

a ) P a r t icipa r n a s com issões da Assem bleia em fu n çã o do n ú m er o dos seu s


membros, indicando os seus representantes nelas;
b) Ser ou vido n a fixa çã o da or dem do dia e in t er por r ecu r so pa r a o P len á r io da
ordem do dia fixada;

c) Provocar, com a presença do Governo, o debate de questões de interesse público


actual e urgente;

d) P r ovoca r , por m eio de in t er pela çã o a o Gover n o, a a ber t u r a de dois deba t es em


cada sessão legislativa sobre assunto de política geral ou sectorial;

e) Solicitar à Comissão Permanente que promova a convocação da Assembleia;

f) Requerer a constituição de comissões parlamentares de inquérito;

g) Exercer iniciativa legislativa;

h) Apresentar moções de rejeição do programa do Governo;

i) Apresentar moções de censura ao Governo;

j) Ser in for m a do, r egu la r e dir ect a m en t e, pelo Gover n o, sobr e o a n da m en t o dos
principais assuntos de interesse público.
CRP 77

3. Ca da gr u po pa r la m en t a r t em dir eit o a dispor de loca is de t r a ba lh o n a sede da


Assem bleia , bem com o de pessoa l t écn ico e a dm in ist r a t ivo da su a con fia n ça , n os
termos que a lei determinar.

4. Aos Depu t a dos n ã o in t egr a dos em gr u pos pa r la m en t a r es sã o a ssegu r a dos


direitos e garantias mínimos, nos termos do Regimento.

Artigo 181.º
(Funcionários e especialistas ao serviço da Assembleia)
Os t r a ba lh os da Assem bleia e os da s com issões ser ã o coa dju va dos por u m cor po
per m a n en t e de fu n cion á r ios t écn icos e a dm in ist r a t ivos e por especia list a s
r equ isit a dos ou t em por a r ia m en t e con t r a t a dos, n o n ú m er o qu e o P r esiden t e
considerar necessário.

TÍTULO IV
Governo

CAPÍTULO I
Função e estrutura

Artigo 182.º
(Definição)
O Gover n o é o ór gã o de con du çã o da polít ica ger a l do pa ís e o ór gã o su per ior da
administração pública.

Artigo 183.º
(Composição)
1. O Gover n o é con st it u ído pelo P r im eir o-Min ist r o, pelos Min ist r os e pelos
Secretários e Subsecretários de Estado.

2. O Governo pode incluir um ou mais Vice-Primeiros-Ministros.

3. O n ú m er o, a design a çã o e a s a t r ibu ições dos m in ist ér ios e secr et a r ia s de


E st a do, bem com o a s for m a s de coor den a çã o en t r e eles, ser ã o det er m in a dos,
con soa n t e os ca sos, pelos decr et os de n om ea çã o dos r espect ivos t it u la r es ou por
decreto-lei.

Artigo 184.º
(Conselho de Ministros)
1. O Con selh o de Min ist r os é con st it u ído pelo P r im eir o-Min ist r o, pelos Vice-
Primeiros-Ministros, se os houver, e pelos Ministros.
CRP 78

2. A lei pode criar Conselhos de Ministros especializados em razão da matéria.

3. P odem ser con voca dos pa r a pa r t icipa r n a s r eu n iões do Con selh o de Min ist r os
os Secretários e Subsecretários de Estado.

Artigo 185.º
(Substituição de membros do Governo)
1. Nã o h a ven do Vice-Primeiro-Min ist r o, o P r im eir o-Min ist r o é su bst it u ído n a su a
a u sên cia ou n o seu im pedim en t o pelo Min ist r o qu e in dica r a o P r esiden t e da
Repú blica ou , n a fa lt a de t a l in dica çã o, pelo Min ist r o qu e for design a do pelo
Presidente da República.

2. Ca da Min ist r o ser á su bst it u ído n a su a a u sên cia ou im pedim en t o pelo


Secr et á r io de E st a do qu e in dica r a o P r im eir o-Min ist r o ou , n a fa lt a de t a l
indicação, pelo membro do Governo que o Primeiro-Ministro designar.

Artigo 186.º
(Início e cessação de funções)
1. As fu n ções do P r im eir o-Min ist r o in icia m -se com a su a posse e cessa m com a
sua exoneração pelo Presidente da República.

2. As fu n ções dos r est a n t es m em br os do Gover n o in icia m -se com a su a posse e


cessam com a sua exoneração ou com a exoneração do Primeiro-Ministro.

3. As fu n ções dos Secr et á r ios e Su bsecr et á r ios de E st a do cessa m a in da com a


exoneração do respectivo Ministro.

4. E m ca so de dem issã o do Gover n o, o P r im eir o-Min ist r o do Gover n o cessa n t e é


exonerado na data da nomeação e posse do novo Primeiro-Ministro.

5. An t es da a pr ecia çã o do seu pr ogr a m a pela Assem bleia da Repú blica , ou a pós a


sua demissão, o Governo limitar-se-á à prática dos actos estritamente necessários
para assegurar a gestão dos negócios públicos.

CAPÍTULO II
Formação e responsabilidade

Artigo 187.º
(Formação)
1. O P r im eir o-Minist r o é n om ea do pelo P r esiden t e da Repú blica , ou vidos os
pa r t idos r epr esen t a dos n a Assem bleia da Repú blica e t en do em con t a os
resultados eleitorais.
CRP 79

2. Os restantes membros do Governo são nomeados pelo Presidente da República,


sob proposta do Primeiro-Ministro.

Artigo 188.º
(Programa do Governo)
Do pr ogr a m a do Gover n o con st a r ã o a s pr in cipa is or ien t a ções polít ica s e m edida s
a adoptar ou a propor nos diversos domínios da actividade governamental.

Artigo 189.º
(Solidariedade governamental)
Os m em br os do Gover n o est ã o vin cu la dos a o pr ogr a m a do Gover n o e à s
deliberações tomadas em Conselho de Ministros.

Artigo 190.º
(Responsabilidade do Governo)
O Gover n o é r espon sá vel per a n t e o P r esiden t e da Repú blica e a Assem bleia da
República.

Artigo 191.º
(Responsabilidade dos membros do Governo)
1. O P r im eir o-Min ist r o é r espon sá vel per a n t e o P r esiden t e da Repú blica e, n o
â m bit o da r espon sa bilida de polít ica do Gover n o, per a n t e a Assem bleia da
República.

2. Os Vice-Primeiros-Min ist r os e os Min ist r os sã o r espon sá veis per a n t e o


Primeiro-Min ist r o e, n o â m bit o da r espon sa bilida de polít ica do Gover n o, per a n t e
a Assembleia da República.

3. Os Secr et á r ios e Su bsecr et á r ios de E st a do sã o r espon sá veis per a n t e o


Primeiro-Ministro e o respectivo Ministro.

Artigo 192.º
(Apreciação do programa do Governo)
1. O pr ogr a m a do Gover n o é su bm et ido à a pr ecia çã o da Assem bleia da Repú blica ,
a t r a vés de u m a decla r a çã o do P r im eir o-Min ist r o, n o pr a zo m á xim o de dez dia s
após a sua nomeação.

2. Se a Assem bleia da Repú blica n ã o se en con t r a r em fu n cion a m en t o efect ivo,


será obrigatoriamente convocada para o efeito pelo seu Presidente.
CRP 80

3. O deba t e n ã o pode exceder t r ês dia s e a t é a o seu en cer r a m en t o pode qu a lqu er


gr u po pa r la m en t a r pr opor a r ejeiçã o do pr ogr a m a ou o Gover n o solicit a r a
aprovação de um voto de confiança.

4. A r ejeiçã o do pr ogr a m a do Gover n o exige m a ior ia a bsolu t a dos Depu t a dos em


efectividade de funções.

Artigo 193.º
(Solicitação de voto de confiança)
O Gover n o pode solicit a r à Assem bleia da Repú blica a a pr ova çã o de u m vot o de
con fia n ça sobr e u m a decla r a çã o de polít ica ger a l ou sobr e qu a lqu er a ssu n t o
relevante de interesse nacional.

Artigo 194.º
(Moções de censura)
1. A Assem bleia da Repú blica pode vot a r m oções de cen su r a a o Gover n o sobr e a
execu çã o do seu pr ogr a m a ou a ssu n t o r eleva n t e de in t er esse n a cion a l, por
iniciativa de um quarto dos Deputados em efectividade de funções ou de qualquer
grupo parlamentar.

2. As m oções de cen su r a só podem ser a pr ecia da s qu a r en t a e oit o h or a s a pós a


sua apresentação, em debate de duração não superior a três dias.

3. Se a m oçã o de cen su r a n ã o for a pr ova da , os seu s sign a t á r ios n ã o podem


apresentar outra durante a mesma sessão legislativa.

Artigo 195.º
(Demissão do Governo)
1. Implicam a demissão do Governo:

a) O início de nova legislatura;

b) A a ceit a çã o pelo P r esiden t e da Repú blica do pedido de dem issã o a pr esen t a do


pelo Primeiro-Ministro;

c) A morte ou a impossibilidade física duradoura do Primeiro-Ministro;

d) A rejeição do programa do Governo;

e) A não aprovação de uma moção de confiança;

f) A a pr ova çã o de u m a m oçã o de cen su r a por m a ior ia a bsolu t a dos Depu t a dos em


efectividade de funções.
CRP 81

2. O P r esiden t e da Repú blica só pode dem it ir o Gover n o qu a n do t a l se t or n e


necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas,
ouvido o Conselho de Estado.

Artigo 196.º
(Efectivação da responsabilidade criminal dos membros do Governo)
1. Nen h u m m em br o do Gover n o pode ser det ido ou pr eso sem a u t or iza çã o da
Assem bleia da Repú blica , sa lvo por cr im e doloso a qu e cor r espon da pen a de
prisão cujo limite máximo seja superior a três anos e em flagrante delito.

2. Movido pr ocedim en t o cr im in a l con t r a a lgu m m em br o do Gover n o, e a cu sa do


est e defin it iva m en t e, a Assem bleia da Repú blica decidir á se o m em br o do
Gover n o deve ou n ã o ser su spen so pa r a efeit o de segu im en t o do pr ocesso, sen do
obr iga t ór ia a decisã o de su spen sã o qu a n do se t r a t e de cr im e do t ipo r efer ido n o
número anterior.

CAPÍTULO III
Competência

Artigo 197.º
(Competência política)
1. Compete ao Governo, no exercício de funções políticas:

a) Referendar os actos do Presidente da República, nos termos do artigo 140.º;

b) Negociar e ajustar convenções internacionais;

c) Apr ova r os a cor dos in t er n a cion a is cu ja a pr ova çã o n ã o seja da com pet ên cia da
Assembleia da República ou que a esta não tenham sido submetidos;

d) Apresentar propostas de lei e de resolução à Assembleia da República;

e) P r opor a o P r esiden t e da Repú blica a su jeiçã o a r efer en do de qu est ões de


relevante interesse nacional, nos termos do artigo 115.º;

f) Pronunciar-se sobre a declaração do estado de sítio ou do estado de emergência;

g) Propor ao Presidente da República a declaração da guerra ou a feitura da paz;

h) Apresentar à Assembleia da República, nos termos da alínea d) do artigo 162.º,


as contas do Estado e das demais entidades públicas que a lei determinar;
CRP 82

i) Apr esen t a r , em t em po ú t il, à Assem bleia da Repú blica , pa r a efeit o do dispost o


n a a lín ea n ) do a r t igo 161.º e n a a lín ea f) do a r t igo 163.º, in for m a çã o r efer en t e a o
processo de construção da união europeia;

j) Praticar os demais actos que lhe sejam cometidos pela Constituição ou pela lei.

2. A a pr ova çã o pelo Gover n o de a cor dos in t er n a cion a is r evest e a for m a de


decreto.

Artigo 198.º
(Competência legislativa)
1. Compete ao Governo, no exercício de funções legislativas:

a) Fazer decretos-leis em matérias não reservadas à Assembleia da República;

b) F a zer decr et os-leis em m a t ér ia s de r eser va r ela t iva da Assem bleia da


República, mediante autorização desta;

c) F a zer decr et os-leis de desen volvim en t o dos pr in cípios ou da s ba ses ger a is dos
regimes jurídicos contidos em leis que a eles se circunscrevam.

2. É da exclu siva com pet ên cia legisla t iva do Gover n o a m a t ér ia r espeit a n t e à su a


própria organização e funcionamento.

3. Os decr et os-leis pr evist os n a s a lín ea s b) e c) do n .º 1 devem in voca r


expr essa m en t e a lei de a u t or iza çã o legisla t iva ou a lei de ba ses a o a br igo da qu a l
são aprovados.

Artigo 199.º
(Competência administrativa)
Compete ao Governo, no exercício de funções administrativas:

a) Elaborar os planos, com base nas leis das respectivas grandes opções, e fazê-los
executar;

b) Fazer executar o Orçamento do Estado;

c) Fazer os regulamentos necessários à boa execução das leis;

d) Dir igir os ser viços e a a ct ivida de da a dm in ist r a çã o dir ect a do E st a do, civil e
m ilit a r , su per in t en der n a a dm in ist r a çã o in dir ect a e exer cer a t u t ela sobr e est a e
sobre a administração autónoma;

e) P r a t ica r t odos os a ct os exigidos pela lei r espeit a n t es a os fu n cion á r ios e a gen tes
do Estado e de outras pessoas colectivas públicas;
CRP 83

f) Defender a legalidade democrática;

g) P r a t ica r t odos os a ct os e t om a r t oda s a s pr ovidên cia s n ecessá r ia s à pr om oçã o


do desenvolvimento económico-social e à satisfação das necessidades colectivas.

Artigo 200.º
(Competência do Conselho de Ministros)
1. Compete ao Conselho de Ministros:

a ) Defin ir a s lin h a s ger a is da polít ica gover n a m en t a l, bem com o a s da su a


execução;

b) Deliberar sobre o pedido de confiança à Assembleia da República;

c) Aprovar as propostas de lei e de resolução;

d) Apr ova r os decr et os-leis, bem com o os a cor dos in t er n a cion a is n ã o su bm et idos à
Assembleia da República;

e) Aprovar os planos;

f) Aprovar os actos do Governo que envolvam aumento ou diminuição das receitas


ou despesas públicas;

g) Deliber a r sobr e ou t r os a ssu n t os da com pet ên cia do Gover n o qu e lh e seja m


a t r ibu ídos por lei ou a pr esen t a dos pelo P r im eir o-Min ist r o ou por qu a lqu er
Ministro.

2. Os Con selh os de Min ist r os especia liza dos exer cem a com pet ên cia qu e lh es for
atribuída por lei ou delegada pelo Conselho de Ministros.

Artigo 201.º
(Competência dos membros do Governo)
1. Compete ao Primeiro-Ministro:

a ) Dir igir a polít ica ger a l do Gover n o, coor den a n do e or ien t a n do a a cçã o de t odos
os Ministros;

b) Dirigir o funcionamento do Governo e as suas relações de carácter geral com os


demais órgãos do Estado;

c) In for m a r o P r esiden t e da Repú blica a cer ca dos a ssu n t os r espeit a n t es à


condução da política interna e externa do país;
CRP 84

d) E xer cer a s dem a is fu n ções qu e lh e seja m a t r ibu ída s pela Con st it u içã o e pela
lei.

2. Compete aos Ministros:

a) Executar a política definida para os seus Ministérios;

b) Assegu r a r a s r ela ções de ca r á ct er ger a l en t r e o Gover n o e os dem a is ór gã os do


Estado, no âmbito dos respectivos Ministérios.

3. Os decr et os-leis e os dem a is decr et os do Gover n o sã o a ssin a dos pelo P r im eir o-


Ministro e pelos Ministros competentes em razão da matéria.

TÍTULO V
Tribunais

CAPÍTULO I
Princípios gerais

Artigo 202.º
(Função jurisdicional)
1. Os t r ibu n a is sã o os ór gã os de sober a n ia com com pet ên cia pa r a a dm in ist r a r a
justiça em nome do povo.

2. Na a dm in ist r a çã o da ju st iça in cu m be a os t r ibu n a is a ssegu r a r a defesa dos


dir eit os e in t er esses lega lm en t e pr ot egidos dos cida dã os, r epr im ir a viola çã o da
legalidade democrática e dirimir os conflitos de interesses públicos e privados.

3. No exercício das suas funções os tribunais têm direito à coadjuvação das outras
autoridades.

4. A lei poder á in st it u cion a liza r in st r u m en t os e for m a s de com posiçã o n ã o


jurisdicional de conflitos.

Artigo 203.º
(Independência)
Os tribunais são independentes e apenas estão sujeitos à lei.

Artigo 204.º
(Apreciação da inconstitucionalidade)
Nos feit os su bm et idos a ju lga m en t o n ã o podem os t r ibu n a is a plica r n or m a s qu e
infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios nela consignados.
CRP 85

Artigo 205.º
(Decisões dos tribunais)
1. As decisões dos t r ibu n a is qu e n ã o seja m de m er o expedien t e sã o
fundamentadas na forma prevista na lei.

2. As decisões dos t r ibu n a is sã o obr iga t ór ia s pa r a t oda s a s en t ida des pú blica s e


privadas e prevalecem sobre as de quaisquer outras autoridades.

3. A lei r egu la os t er m os da execu çã o da s decisões dos t r ibu n a is r ela t iva m en t e a


qu a lqu er a u t or ida de e det er m in a a s sa n ções a a plica r a os r espon sá veis pela su a
inexecução.

Artigo 206.º
(Audiências dos tribunais)
As a u diên cia s dos t r ibu n a is sã o pú blica s, sa lvo qu a n do o pr ópr io t r ibu n a l decidir
o con t r á r io, em despa ch o fu n da m en t a do, pa r a sa lva gu a r da da dign ida de da s
pessoas e da moral pública ou para garantir o seu normal funcionamento.

Artigo 207.º
(Júri, participação popular e assessoria técnica)
1. O jú r i, n os ca sos e com a com posiçã o qu e a lei fixa r , in t er vém n o ju lga m en t o
dos cr im es gr a ves, sa lvo os de t er r or ism o e os de cr im in a lida de a lt a m en te
organizada, designadamente quando a acusação ou a defesa o requeiram.

2. A lei poder á est a belecer a in t er ven çã o de ju ízes socia is n o ju lga m en t o de


qu est ões de t r a ba lh o, de in fr a cções con t r a a sa ú de pú blica , de pequ en os delit os,
de execução de penas ou outras em que se justifique uma especial ponderação dos
valores sociais ofendidos.

3. A lei poder á est a belecer a in da a pa r t icipa çã o de a ssessor es t ecn ica m en t e


qualificados para o julgamento de determinadas matérias.

Artigo 208.º
(Patrocínio forense)
A lei a ssegu r a a os a dvoga dos a s im u n ida des n ecessá r ia s a o exer cício do m a n da t o
e regula o patrocínio forense como elemento essencial à administração da justiça.

CAPÍTULO II
Organização dos tribunais
CRP 86

Artigo 209.º
(Categorias de tribunais)
1. Além do Tribunal Constitucional, existem as seguintes categorias de tribunais:

a ) O Su pr em o Tr ibu n a l de J u st iça e os t r ibu n a is ju dicia is de pr im eir a e de


segunda instância;

b) O Su pr em o Tr ibu n a l Adm in ist r a t ivo e os dem a is t r ibu n a is a dm in ist r a t ivos e


fiscais;

c) O Tribunal de Contas.

2. Podem existir tribunais marítimos, tribunais arbitrais e julgados de paz.

3. A lei determina os casos e as formas em que os tribunais previstos nos números


a n t er ior es se podem con st it u ir , sepa r a da ou con ju n t a m en t e, em t r ibu n a is de
conflitos.

4. Sem prejuízo do disposto quanto aos tribunais militares, é proibida a existência


de tribunais com competência exclusiva para o julgamento de certas categorias de
crimes.

Artigo 210.º
(Supremo Tribunal de Justiça e instâncias)
1. O Su pr em o Tr ibu n a l de J u st iça é o ór gã o su per ior da h ier a r qu ia dos t r ibu n a is
judiciais, sem prejuízo da competência própria do Tribunal Constitucional.

2. O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça é eleito pelos respectivos juízes.

3. Os t r ibu n a is de pr im eir a in st â n cia sã o, em r egr a , os t r ibu n a is de com a r ca , a os


quais se equiparam os referidos no n.º 2 do artigo seguinte.

4. Os tribunais de segunda instância são, em regra, os tribunais da Relação.

5. O Su pr em o Tr ibu n a l de J u st iça fu n cion a r á com o t r ibu n a l de in st â n cia n os


casos que a lei determinar.

Artigo 211.º
(Competência e especialização dos tribunais judiciais)
1. Os t r ibu n a is ju dicia is sã o os t r ibu n a is com u n s em m a t ér ia cível e cr im in a l e
exercem jurisdição em todas as áreas não atribuídas a outras ordens judiciais.

2. Na pr im eir a in st â n cia pode h a ver t r ibu n a is com com pet ên cia específica e
tribunais especializados para o julgamento de matérias determinadas.
CRP 87

3. Da com posiçã o dos t r ibu n a is de qu a lqu er in st â n cia qu e ju lgu em cr im es de


natureza est r it a m en t e m ilit a r fa zem pa r t e u m ou m a is ju ízes m ilit a r es, n os
termos da lei.

4. Os t r ibu n a is da Rela çã o e o Su pr em o Tr ibu n a l de J u st iça podem fu n cion a r em


secções especializadas.

Artigo 212.º
(Tribunais administrativos e fiscais)
1. O Su pr em o Tr ibu n a l Adm in ist r a t ivo é o ór gã o su per ior da h ier a r qu ia dos
t r ibu n a is a dm in ist r a t ivos e fisca is, sem pr eju ízo da com pet ên cia pr ópr ia do
Tribunal Constitucional.

2. O P r esiden t e do Su pr em o Tr ibu n a l Adm in ist r a t ivo é eleit o de en t r e e pelos


respectivos juízes.

3. Com pet e a os t r ibu n a is a dm in ist r a t ivos e fisca is o ju lga m en t o da s a cções e


r ecu r sos con t en ciosos qu e t en h a m por object o dir im ir os lit ígios em er gen t es da s
relações jurídicas administrativas e fiscais.

Artigo 213.º
(Tribunais militares)
Du r a n t e a vigên cia do est a do de gu er r a ser ã o con st it u ídos t r ibu n a is m ilit a r es
com competência para o julgamento de crimes de natureza estritamente militar.

Artigo 214.º
(Tribunal de Contas)
1. O Tr ibu n a l de Con t a s é o ór gã o su pr em o de fisca liza çã o da lega lida de da s
despesa s pú blica s e de ju lga m en t o da s con t a s qu e a lei m a n da r su bm et er -lhe,
competindo-lhe, nomeadamente:

a) Dar parecer sobre a Conta Geral do Estado, incluindo a da segurança social;

b) Dar parecer sobre as contas das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira;

c) Efectivar a responsabilidade por infracções financeiras, nos termos da lei;

d) Exercer as demais competências que lhe forem atribuídas por lei.

2. O mandato do Presidente do Tribunal de Contas tem a duração de quatro anos,


sem prejuízo do disposto na alínea m) do artigo 133.º.
CRP 88

3. O Tr ibu n a l de Con t a s pode fu n cion a r descen t r a liza da m en t e, por secções


regionais, nos termos da lei.

4. Na s Regiões Au t ón om a s dos Açor es e da Ma deir a h á secções do Tr ibu n a l de


Con t a s com com pet ên cia plen a em r a zã o da m a t ér ia n a r espect iva r egiã o, n os
termos da lei.

CAPÍTULO III
Estatuto dos juízes

Artigo 215.º
(Magistratura dos tribunais judiciais)
1. Os ju ízes dos t r ibu n a is ju dicia is for m a m u m cor po ú n ico e r egem -se por u m só
estatuto.

2. A lei det er m in a os r equ isit os e a s r egr a s de r ecr u t a m en t o dos ju ízes dos


tribunais judiciais de primeira instância.

3. O r ecr u t a m en t o dos ju ízes dos t r ibu n a is ju dicia is de segu n da in st â n cia fa z-se


com pr eva lên cia do cr it ér io do m ér it o, por con cu r so cu r r icu la r en t r e ju ízes da
primeira instância.

4. O a cesso a o Su pr em o Tr ibu n a l de J u st iça fa z-se por con cu r so cu r r icu la r a ber t o


a os m a gist r a dos ju dicia is e do Min ist ér io P ú blico e a ou t r os ju r ist a s de m ér it o,
nos termos que a lei determinar.

Artigo 216.º
(Garantias e incompatibilidades)
1. Os ju ízes sã o in a m ovíveis, n ã o poden do ser t r a n sfer idos, su spen sos,
aposentados ou demitidos senão nos casos previstos na lei.

2. Os ju ízes n ã o podem ser r espon sa biliza dos pela s su a s decisões, sa lva s a s


excepções consignadas na lei.

3. Os ju ízes em exer cício n ã o podem desem pen h a r qu a lqu er ou t r a fu n çã o pú blica


ou pr iva da , sa lvo a s fu n ções docen t es ou de in vest iga çã o cien t ífica de n a t u r eza
jurídica, não remuneradas, nos termos da lei.

4. Os ju ízes em exer cício n ã o podem ser n om ea dos pa r a com issões de ser viço
est r a n h a s à a ct ivida de dos t r ibu n a is sem a u t or iza çã o do con selh o su per ior
competente.

5. A lei pode est a belecer ou t r a s in com pa t ibilida des com o exer cício da fu n çã o de
juiz.
CRP 89

Artigo 217.º
(Nomeação, colocação, transferência e promoção de juízes)
1. A n om ea çã o, a coloca çã o, a t r a n sfer ên cia e a pr om oçã o dos ju ízes dos t r ibu n a is
ju dicia is e o exer cício da a cçã o disciplin a r com pet em a o Con selh o Su per ior da
Magistratura, nos termos da lei.

2. A n om ea çã o, a coloca çã o, a t r a n sfer ên cia e a pr om oçã o dos ju ízes dos t r ibu n a is


a dm in ist r a t ivos e fisca is, bem com o o exer cício da a cçã o disciplin a r , com pet em a o
respectivo conselho superior, nos termos da lei.

3. A lei defin e a s r egr a s e det er m in a a com pet ên cia pa r a a coloca çã o,


transfer ên cia e pr om oçã o, bem com o pa r a o exer cício da a cçã o disciplin a r em
r ela çã o a os ju ízes dos r est a n t es t r ibu n a is, com sa lva gu a r da da s ga r a n t ia s
previstas na Constituição.

Artigo 218.º
(Conselho Superior da Magistratura)
1. O Con selh o Su per ior da Ma gist r a t u r a é pr esidido pelo P r esiden t e do Su pr em o
Tribunal de Justiça e composto pelos seguintes vogais:

a) Dois designados pelo Presidente da República;


b) Sete eleitos pela Assembleia da República;

c) Set e ju ízes eleit os pelos seu s pa r es, de h a r m on ia com o pr in cípio da


representação proporcional.

2. As r egr a s sobr e ga r a n t ia s dos ju ízes sã o a plicá veis a t odos os voga is do


Conselho Superior da Magistratura.

3. A lei poder á pr ever qu e do Con selh o Su per ior da Ma gist r a t u r a fa ça m pa r t e


fu n cion á r ios de ju st iça , eleit os pelos seu s pa r es, com in t er ven çã o r est r it a à
discu ssã o e vot a çã o da s m a t ér ia s r ela t iva s à a pr ecia çã o do m ér it o pr ofission a l e
ao exercício da função disciplinar sobre os funcionários de justiça.

CAPÍTULO IV
Ministério Público

Artigo 219.º
(Funções e estatuto)
1. Ao Min ist ér io P ú blico com pet e r epr esen t a r o E st a do e defen der os in t er esses
qu e a lei det er m in a r , bem com o, com obser vâ n cia do dispost o n o n ú m er o segu in t e
e n os t er m os da lei, pa r t icipa r n a execu çã o da polít ica cr im in a l defin ida pelos
ór gã os de sober a n ia , exer cer a a cçã o pen a l or ien t a da pelo pr in cípio da lega lida de
e defender a legalidade democrática.
CRP 90

2. O Min ist ér io P ú blico goza de est a t u t o pr ópr io e de a u t on om ia , n os t er m os da


lei.

3. A lei est a belece for m a s especia is de a ssessor ia ju n t o do Min ist ér io P ú blico n os


casos dos crimes estritamente militares.

4. Os a gen t es do Min ist ér io P ú blico sã o m a gist r a dos r espon sá veis,


h ier a r qu ica m en t e su bor din a dos, e n ã o podem ser t r a n sfer idos, su spen sos,
aposentados ou demitidos senão nos casos previstos na lei.

5. A n om ea çã o, coloca çã o, t r a n sfer ên cia e pr om oçã o dos a gen t es do Min ist ér io


P ú blico e o exer cício da a cçã o disciplin a r com pet em à P r ocu r a dor ia -Ger a l da
República.

Artigo 220.º
(Procuradoria-Geral da República)
1. A P r ocu r a dor ia -Ger a l da Repú blica é o ór gã o su per ior do Min ist ér io P ú blico,
com a composição e a competência definidas na lei.

2. A P r ocu r a dor ia -Ger a l da Repú blica é pr esidida pelo P r ocu r a dor -Ger a l da
Repú blica e com pr een de o Con selh o Su per ior do Min ist ér io P ú blico, qu e in clu i
m em br os eleit os pela Assem bleia da Repú blica e m em br os de en t r e si eleit os
pelos magistrados do Ministério Público.

3. O m a n da t o do P r ocu r a dor -Ger a l da Repú blica t em a du r a çã o de seis a n os, sem


prejuízo do disposto na alínea m) do artigo 133.º.

TÍTULO VI
Tribunal Constitucional

Artigo 221.º
(Definição)
O Tr ibu n a l Con st it u cion a l é o t r ibu n a l a o qu a l com pet e especifica m en t e
administrar a justiça em matérias de natureza jurídico-constitucional.

Artigo 222.º
(Composição e estatuto dos juízes)
1. O Tr ibu n a l Con st it u cion a l é com post o por t r eze ju ízes, sen do dez design a dos
pela Assembleia da República e três cooptados por estes.

2. Seis de en t r e os ju ízes design a dos pela Assem bleia da Repú blica ou coopt a dos
sã o obr iga t or ia m en t e escolh idos de en t r e ju ízes dos r est a n t es t r ibu n a is e os
demais de entre juristas.
CRP 91

3. O mandato dos juízes do Tribunal Constitucional tem a duração de nove anos e


não é renovável.

4. O Presidente do Tribunal Constitucional é eleito pelos respectivos juízes.

5. Os ju ízes do Tr ibu n a l Con st it u cion a l goza m da s ga r a n t ia s de in depen dên cia ,


in a m ovibilida de, im pa r cia lida de e ir r espon sa bilida de e est ã o su jeit os à s
incompatibilidades dos juízes dos restantes tribunais.

6. A lei est a belece a s im u n ida des e a s dem a is r egr a s r ela t iva s a o est a t u t o dos
juízes do Tribunal Constitucional.

Artigo 223.º
(Competência)
1. Com pet e a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l a pr ecia r a in con st it u cion a lida de e a
ilegalidade, nos termos dos artigos 277.º e seguintes.

2. Compete também ao Tribunal Constitucional:

a ) Ver ifica r a m or t e e decla r a r a im possibilida de física per m a n en t e do P r esiden t e


da Repú blica , bem com o ver ifica r os im pedim en t os t em por á r ios do exer cício da s
suas funções;

b) Ver ifica r a per da do ca r go de P r esiden t e da Repú blica , n os ca sos pr evist os n o


n.º 3 do artigo 129.º e no n.º 3 do artigo 130.º;

c) J u lga r em ú lt im a in st â n cia a r egu la r ida de e a va lida de dos a ct os de pr ocesso


eleitoral, nos termos da lei;

d) Ver ifica r a m or t e e decla r a r a in ca pa cida de pa r a o exer cício da fu n çã o


presidencia l de qu a lqu er ca n dida t o a P r esiden t e da Repú blica , pa r a efeit os do
disposto no n.º 3 do artigo 124.º;

e) Ver ifica r a lega lida de da con st it u içã o de pa r t idos polít icos e su a s coliga ções,
bem com o a pr ecia r a lega lida de da s su a s den om in a ções, sigla s e sím bolos, e
ordenar a respectiva extinção, nos termos da Constituição e da lei;

f) Ver ifica r pr evia m en t e a con st it u cion a lida de e a lega lida de dos r efer en dos
n a cion a is, r egion a is e loca is, in clu in do a a pr ecia çã o dos r equ isit os r ela t ivos a o
respectivo universo eleitoral;

g) Julgar a requerimento dos Deputados, nos termos da lei, os recursos relativos à


per da do m a n da t o e à s eleições r ea liza da s n a Assem bleia da Repú blica e n a s
Assembleias Legislativas das regiões autónomas;
CRP 92

h ) J u lga r a s a cções de im pu gn a çã o de eleições e deliber a ções de ór gã os de


partidos políticos que, nos termos da lei, sejam recorríveis.

3. Com pet e a in da a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l exer cer a s dem a is fu n ções qu e lh e


sejam atribuídas pela Constituição e pela lei.

Artigo 224.º
(Organização e funcionamento)
1. A lei estabelece as regras relativas à sede, à organização e ao funcionamento do
Tribunal Constitucional.

2. A lei pode det er m in a r o fu n cion a m en t o do Tr ibu n a l Con st it u cion a l por secções,


salvo para efeito da fiscalização abstracta da constitucionalidade e da legalidade.

3. A lei r egu la o r ecu r so pa r a o plen o do Tr ibu n a l Con st it u cion a l da s decisões


contraditórias das secções no domínio de aplicação da mesma norma.

TÍTULO VII
Regiões Autónomas

Artigo 225.º
(Regime político-administrativo dos Açores e da Madeira)
1. O r egim e polít ico-a dm in ist r a t ivo pr ópr io dos a r qu ipéla gos dos Açor es e da
Ma deir a fu n da m en t a -se n a s su a s ca r a ct er íst ica s geogr á fica s, econ óm ica s, socia is
e culturais e nas históricas aspirações autonomistas das populações insulares.

2. A a u t on om ia da s r egiões visa a pa r t icipa çã o dem ocr á t ica dos cida dã os, o


desen volvim en t o econ óm ico-socia l e a pr om oçã o e defesa dos in t er esses r egion a is,
bem com o o r efor ço da u n ida de n a cion a l e dos la ços de solida r ieda de en t r e t odos
os portugueses.

3. A a u t on om ia polít ico-a dm in ist r a t iva r egion a l n ã o a fect a a in t egr ida de da


soberania do Estado e exerce-se no quadro da Constituição.

Artigo 226.º
(Estatutos e leis eleitorais)
1. Os pr oject os de est a t u t os polít ico-a dm in ist r a t ivos e de leis r ela t iva s à eleiçã o
dos depu t a dos à s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s sã o ela bor a dos
por estas e enviados para discussão e aprovação à Assembleia da República.

2. Se a Assem bleia da Repú blica r ejeit a r o pr oject o ou lh e in t r odu zir a lt er ações,


remetê-lo-á à r espect iva Assem bleia Legisla t iva pa r a a pr ecia çã o e em issã o de
parecer.
CRP 93

3. E la bor a do o pa r ecer , a Assem bleia da Repú blica pr ocede à discu ssã o e


deliberação final.

4. O r egim e pr evist o n os n ú m er os a n t er ior es é a plicá vel à s a lt er a ções dos


est a t u t os polít ico-a dm in ist r a t ivos e da s leis r ela t iva s à eleiçã o dos depu t a dos à s
Assembleias Legislativas das regiões autónomas.

Artigo 227.º
(Poderes das regiões autónomas)
1. As r egiões a u t ón om a s sã o pessoa s colect iva s t er r it or ia is e t êm os seguintes
poderes, a definir nos respectivos estatutos:

a ) Legisla r n o â m bit o r egion a l em m a t ér ia s en u n cia da s n o r espect ivo est a t u t o


político-administrativo e que não estejam reservadas aos órgãos de soberania;
b) Legisla r em m a t ér ia s de r eser va r ela t iva da Assem bleia da Repú blica ,
m edia n t e a u t or iza çã o dest a , com excepçã o da s pr evist a s n a s a lín ea s a ) a c), n a
pr im eir a pa r t e da a lín ea d), n a s a lín ea s f) e i), n a segu n da pa r t e da a lín ea m ) e
nas alíneas o), p), q), s), t), v), x) e aa) do n.º 1 do artigo 165.º;

c) Desen volver pa r a o â m bit o r egion a l os pr in cípios ou a s ba ses ger a is dos


regimes jurídicos contidos em lei que a eles se circunscrevam;

d) Regulamentar a legislação regional e as leis emanadas dos órgãos de soberania


que não reservem para estes o respectivo poder regulamentar;

e) E xer cer a in icia t iva est a t u t á r ia , bem com o a in icia t iva legisla t iva em m a t ér ia
r ela t iva à eleiçã o dos depu t a dos à s r espect iva s Assem bleia s Legisla t iva s, n os
termos do artigo 226.º;

f) E xer cer a in icia t iva legisla t iva , n os t er m os do n .º 1 do a r t igo 167.º, m edia n t e a


a pr esen t a çã o à Assem bleia da Repú blica de pr opost a s de lei e r espect iva s
propostas de alteração;

g) Exercer poder executivo próprio;

h ) Adm in ist r a r e dispor do seu pa t r im ón io e celebr a r os a ct os e con t r a t os em qu e


tenham interesse;

i) E xer cer poder t r ibu t á r io pr ópr io, n os t er m os da lei, bem com o a da pt a r o


sist em a fisca l n a cion a l à s especificida des r egion a is, n os t er m os de lei-qu a dr o da
Assembleia da República;

j) Dispor , n os t er m os dos est a t u t os e da lei de fin a n ça s da s r egiões a u t ón om a s,


das receitas fiscais nelas cobradas ou geradas, bem como de uma participação nas
r eceit a s t r ibu t á r ia s do E st a do, est a belecida de a cor do com u m pr in cípio qu e
a ssegu r e a efect iva solida r ieda de n a cion a l, e de ou t r a s r eceit a s qu e lh es seja m
atribuídas e afectá-las às suas despesas;
CRP 94

l) Cr ia r e ext in gu ir a u t a r qu ia s loca is, bem com o m odifica r a r espect iva á r ea , n os


termos da lei;

m) Exercer poder de tutela sobre as autarquias locais;

n) Elevar povoações à categoria de vilas ou cidades;

o) Su per in t en der n os ser viços, in st it u t os pú blicos e em pr esa s pú blica s e


nacionalizadas que exerçam a sua actividade exclusiva ou predominantemente na
região, e noutros casos em que o interesse regional o justifique;

p) Aprovar o plano de desenvolvimento económico e social, o orçamento regional e


as contas da região e participar na elaboração dos planos nacionais;

q) Defin ir a ct os ilícit os de m er a or den a çã o socia l e r espect iva s sa n ções, sem


prejuízo do disposto na alínea d) do n.º 1 do artigo 165.º;

r ) P a r t icipa r n a defin içã o e execu çã o da s polít ica s fisca l, m on et á r ia , fin a n ceir a e


ca m bia l, de m odo a a ssegu r a r o con t r olo r egion a l dos m eios de pa ga m en t o em
cir cu la çã o e o fin a n cia m en t o dos in vest im en t os n ecessá r ios a o seu
desenvolvimento económico-social;

s) P a r t icipa r n a defin içã o da s polít ica s r espeit a n t es à s á gu a s t er r it or ia is, à zon a


económica exclusiva e aos fundos marinhos contíguos;

t ) P a r t icipa r n a s n egocia ções de t r a t a dos e a cor dos in t er n a cion a is qu e


directamente lhes digam respeito, bem como nos benefícios deles decorrentes;

u ) E st a belecer cooper a çã o com ou t r a s en t ida des r egion a is est r a n geir a s e


pa r t icipa r em or ga n iza ções qu e t en h a m por object o fom en t a r o diá logo e a
cooper a çã o in t er -r egion a l, de a cor do com a s or ien t a ções defin ida s pelos ór gã os de
soberania com competência em matéria de política externa;

v) Pronunciar-se por su a in icia t iva ou sob con su lt a dos ór gã os de sober a n ia , sobr e


a s qu est ões da com pet ên cia dest es qu e lh es diga m r espeit o, bem com o, em
m a t ér ia s do seu in t er esse específico, n a defin içã o da s posições do E st a do
Português no âmbito do processo de construção europeia;

x) P a r t icipa r n o pr ocesso de con st r u çã o eu r opeia , m edia n t e r epr esen t a çã o n a s


r espect iva s in st it u ições r egion a is e n a s delega ções en volvida s em pr ocessos de
decisã o da Un iã o E u r opeia , qu a n do est eja m em ca u sa m a t ér ia s qu e lh es diga m
respeito, bem como transpor actos jurídicos da União, nos termos do artigo 112.º

2. As propostas de lei de autorização devem ser acompanhadas do anteprojecto do


decr et o legisla t ivo r egion a l a a u t or iza r , a plica n do-se à s cor r espon den t es leis de
autorização o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 165.º.
CRP 95

3. As a u t or iza ções r efer ida s n o n ú m er o a n t er ior ca du ca m com o t er m o da


legislatura ou a dissolução, quer da Assembleia da República, quer da Assembleia
Legislativa a que tiverem sido concedidas.

4. Os decr et os legisla t ivos r egion a is pr evist os n a s a lín ea s b) e c) do n .º 1 devem


in voca r expr essa m en t e a s r espect iva s leis de a u t or iza çã o ou leis de ba ses, sen do
aplicável aos primeiros o disposto no artigo 169.º, com as necessárias adaptações.

Artigo 228.º
(Autonomia legislativa)
1. A a u t on om ia legisla t iva da s r egiões a u t ón om a s in cide sobr e a s m a t ér ia s
en u n cia da s n o r espect ivo est a t u t o polít ico-a dm in ist r a t ivo qu e n ã o est ejam
reservadas aos órgãos de soberania.

2. Na fa lt a de legisla çã o r egion a l pr ópr ia sobr e m a t ér ia n ã o r eser va da à


com pet ên cia dos ór gã os de sober a n ia , a plica m -se n a s r egiões a u t ón om a s a s
normas legais em vigor.

Artigo 229.º
(Cooperação dos órgãos de soberania e dos órgãos regionais)
1. Os ór gã os de sober a n ia a ssegu r a m , em cooper a çã o com os ór gã os de gover n o
pr ópr io, o desen volvim en t o econ óm ico e socia l da s r egiões a u t ón om a s, visa n do,
em especial, a correcção das desigualdades derivadas da insularidade.

2. Os ór gã os de sober a n ia ou vir ã o sem pr e, r ela t iva m en t e à s qu est ões da su a


competência respeitantes às regiões autónomas, os órgãos de governo regional.

3. As relações financeiras entre a República e as regiões autónomas são reguladas


através da lei prevista na alínea t) do artigo 164.º.

4. O Gover n o da Repú blica e os Gover n os Region a is podem a cor da r ou t r a s for m a s


de cooper a çã o en volven do, n om ea da m en t e, a ct os de delega çã o de com pet ên cia s,
estabelecendo-se em ca da ca so a cor r espon den t e t r a n sfer ên cia de meios
financeiros e os mecanismos de fiscalização aplicáveis.

Artigo 230.º
(Representante da República)
1. P a r a ca da u m a da s r egiões a u t ón om a s h á u m Repr esen t a n t e da Repú blica ,
nomeado e exonerado pelo Presidente da República ouvido o Governo.

2. Sa lvo o ca so de exon er a çã o, o m a n da t o do Repr esen t a n t e da Repú blica t em a


du r a çã o do m a n da t o do P r esiden t e da Repú blica e t er m in a com a posse do n ovo
Representante da República.
CRP 96

3. Em caso de vagatura do cargo, bem como nas suas ausências e impedimentos, o


Repr esen t a n t e da Repú blica é su bst it u ído pelo pr esiden t e da Assem bleia
Legislativa.

Artigo 231.º
(Órgãos de governo próprio das regiões autónomas)
1. Sã o ór gã os de gover n o pr ópr io de ca da r egiã o a u t ón om a a Assem bleia
Legislativa e o Governo Regional.

2. A Assem bleia Legisla t iva é eleit a por su fr á gio u n iver sa l, dir ect o e secr et o, de
harmonia com o princípio da representação proporcional.

3. O Gover n o Region a l é polit ica m en t e r espon sá vel per a n t e a Assem bleia


Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a e o seu pr esiden t e é n om ea do pelo Repr esen t a n t e
da República, tendo em conta os resultados eleitorais.

4. O Repr esen t a n t e da Repú blica n om eia e exon er a os r est a n t es m em br os do


Governo Regional, sob proposta do respectivo presidente.

5. O Gover n o Region a l t om a posse per a n t e a Assem bleia Legisla t iva da r egiã o


autónoma.

6. É da exclu siva com pet ên cia do Gover n o Region a l a m a t ér ia r espeit a n t e à su a


própria organização e funcionamento.

7. O estatuto dos titulares dos órgãos de governo próprio das regiões autónomas é
definido nos respectivos estatutos político-administrativos.

Artigo 232.º
(Competência da Assembleia Legislativa da região autónoma)
1. É da exclu siva com pet ên cia da Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a o
exer cício da s a t r ibu ições r efer ida s n a s a lín ea s a ), b) e c), n a segu n da pa r t e da
alínea d), na alínea f), na primeira parte da alínea i) e nas alíneas l), n) e q) do n.º
1 do a r t igo 227.º, bem com o a a pr ova çã o do or ça m en t o r egion a l, do pla n o de
desenvolvimento económico e social e das contas da região e ainda a adaptação do
sistema fiscal nacional às especificidades da região.

2. Com pet e à Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a a pr esen t a r pr opost a s


de r efer en do r egion a l, a t r a vés do qu a l os cida dã os eleit or es r ecen sea dos n o
r espect ivo t er r it ór io possa m , por decisã o do P r esiden t e da Repú blica , ser
ch a m a dos a pr on u n cia r -se dir ect a m en t e, a t ít u lo vin cu la t ivo, a cer ca de qu est ões
de r eleva n t e in t er esse específico r egion a l, a plica n do-se, com a s n ecessá r ia s
adaptações, o disposto no artigo 115.º.
CRP 97

3. Com pet e à Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a ela bor a r e a pr ova r o
seu r egim en t o, n os t er m os da Con st it u içã o e do r espect ivo est a t u t o polít ico-
administrativo.

4. Aplica -se à Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a e r espect ivos gr u pos
parlamentares, com a s n ecessá r ia s a da pt a ções, o dispost o n a a lín ea c) do a r t igo
175.º, nos n.os 1 a 6 do artigo 178.º e no artigo 179.º, com excepção do disposto nas
alíneas e) e f) do n.º 3 e no n.º 4, bem como no artigo 180.º.

Artigo 233.º
(Assinatura e veto do Representante da República)
1. Compete ao Representante da República assinar e mandar publicar os decretos
legislativos regionais e os decretos regulamentares regionais.

2. No pr a zo de qu in ze dia s, con t a dos da r ecepçã o de qu a lqu er decr et o da


Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a qu e lh e h a ja sido en via do pa r a
a ssin a t u r a , ou da pu blica çã o da decisã o do Tr ibu n a l Con st it u cion a l qu e n ã o se
pr on u n cie pela in con st it u cion a lida de de n or m a dele con st a n t e, deve o
Repr esen t a n t e da Repú blica a ssin á -lo ou exer cer o dir eit o de vet o, solicit a n do
nova apreciação do diploma em mensagem fundamentada.

3. Se a Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a con fir m a r o vot o por m a ior ia
a bsolu t a dos seu s m em br os em efect ivida de de fu n ções, o Repr esen t a n t e da
Repú blica dever á a ssin a r o diplom a n o pr a zo de oit o dia s a con t a r da su a
recepção.

4. No pr a zo de vin t e dia s, con t a dos da r ecepçã o de qu a lqu er decr et o do Gover n o


Region a l qu e lh e t en h a sido en via do pa r a a ssin a t u r a , deve o Repr esen t a n t e da
Repú blica a ssin á -lo ou r ecu sa r a a ssin a t u r a , com u n ica n do por escr it o o sen t ido
dessa r ecu sa a o Gover n o Region a l, o qu a l poder á con ver t er o decr et o em pr opost a
a apresentar à Assembleia Legislativa da região autónoma.

5. O Repr esen t a n t e da Repú blica exer ce a in da o dir eit o de vet o, n os t er m os dos


artigos 278.º e 279.º.

Artigo 234.º
(Dissolução e demissão dos órgãos de governo próprio)
1. As Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s podem ser dissolvida s pelo
P r esiden t e da Repú blica , ou vidos o Con selh o de E st a do e os pa r t idos n ela s
representados.

2. A dissolu çã o da Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a a ca r r et a a


dem issã o do Gover n o Region a l, qu e fica lim it a do à pr á t ica dos a ct os est r it a m en t e
CRP 98

n ecessá r ios pa r a a ssegu r a r a gest ã o dos n egócios pú blicos, a t é à t om a da de posse


do novo governo após a realização de eleições.

3. A dissolu çã o da Assem bleia Legisla t iva da r egiã o a u t ón om a n ã o pr eju dica a


su bsist ên cia do m a n da t o dos depu t a dos, n em da com pet ên cia da Com issã o
P er m a n en t e, a t é à pr im eir a r eu n iã o da Assem bleia a pós a s su bsequ en t es
eleições.

TÍTULO VIII
Poder Local

CAPÍTULO I
Princípios gerais

Artigo 235.º
(Autarquias locais)
1. A or ga n iza çã o dem ocr á t ica do E st a do com pr een de a exist ên cia de a u t a r qu ia s
locais.

2. As a u t a r qu ia s loca is sã o pessoa s colect iva s t er r it or ia is dot a da s de ór gã os


r epr esen t a t ivos, qu e visa m a pr ossecu çã o de in t er esses pr ópr ios da s popu la ções
respectivas.

Artigo 236.º
(Categorias de autarquias locais e divisão administrativa)
1. No continente as autarquias locais são as freguesias, os municípios e as regiões
administrativas.

2. As r egiões a u t ón om a s dos Açor es e da Ma deir a com pr een dem fr egu esia s e


municípios.

3. Na s gr a n des á r ea s u r ba n a s e n a s ilh a s, a lei poder á est a belecer , de a cor do com


a s su a s con dições específica s, ou t r a s for m a s de or ga n iza çã o territorial
autárquica.

4. A divisão administrativa do território será estabelecida por lei.

Artigo 237.º
(Descentralização administrativa)
1. As a t r ibu ições e a or ga n iza çã o da s a u t a r qu ia s loca is, bem com o a com pet ên cia
dos seu s ór gã os, ser ã o r egu la da s por lei, de h a r m on ia com o pr in cípio da
descentralização administrativa.
CRP 99

2. Com pet e à a ssem bleia da a u t a r qu ia loca l o exer cício dos poder es a t r ibu ídos
pela lei, incluindo aprovar as opções do plano e o orçamento.

3. As polícia s m u n icipa is cooper a m n a m a n u t en çã o da t r a n qu ilida de pú blica e n a


protecção das comunidades locais.

Artigo 238.º
(Património e finanças locais)
1. As autarquias locais têm património e finanças próprios.

2. O r egim e da s fin a n ça s loca is ser á est a belecido por lei e visa r á a ju sta
r epa r t içã o dos r ecu r sos pú blicos pelo E st a do e pela s a u t a r qu ia s e a n ecessá r ia
correcção de desigualdades entre autarquias do mesmo grau.

3. As r eceit a s pr ópr ia s da s a u t a r qu ia s loca is in clu em obr iga t or ia m en t e a s


pr oven ien t es da gest ã o do seu pa t r im ón io e a s cobr a da s pela u t iliza çã o dos seu s
serviços.

4. As a u t a r qu ia s loca is podem dispor de poder es t r ibu t á r ios, n os ca sos e n os


termos previstos na lei.

Artigo 239.º
(Órgãos deliberativos e executivos)
1. A or ga n iza çã o da s a u t a r qu ia s loca is com pr een de u m a a ssem bleia eleit a dot a da
de poderes deliberativos e um órgão executivo colegial perante ela responsável.

2. A a ssem bleia é eleit a por su fr á gio u n iver sa l, dir ect o e secr et o dos cida dã os
recenseados na área da respectiva autarquia, segundo o sistema da representação
proporcional.

3. O ór gã o execu t ivo colegia l é con st it u ído por u m n ú m er o a dequ a do de m em br os,


sen do design a do pr esiden t e o pr im eir o ca n dida t o da list a m a is vot a da pa r a a
a ssem bleia ou pa r a o execu t ivo, de a cor do com a solu çã o a dopt a da n a lei, a qu a l
r egu la r á t a m bém o pr ocesso eleit or a l, os r equ isit os da su a con st it u içã o e
destituição e o seu funcionamento.

4. As ca n dida t u r a s pa r a a s eleições dos ór gã os da s a u t a r qu ia s loca is podem ser


a pr esen t a da s por pa r t idos polít icos, isola da m en t e ou em coliga çã o, ou por gr u pos
de cidadãos eleitores, nos termos da lei.

Artigo 240.º
(Referendo local)
CRP 100

1. As a u t a r qu ia s loca is podem su bm et er a r efer en do dos r espect ivos cida dã os


eleit or es m a t ér ia s in clu ída s n a s com pet ên cia s dos seu s ór gã os, n os ca sos, n os
termos e com a eficácia que a lei estabelecer.

2. A lei pode atribuir a cidadãos eleitores o direito de iniciativa de referendo.

Artigo 241.º
(Poder regulamentar)
As a u t a r qu ia s loca is dispõem de poder r egu la m en t a r pr ópr io n os lim it es da
Constituição, da s leis e dos r egu la m en t os em a n a dos da s a u t a r qu ia s de gr a u
superior ou das autoridades com poder tutelar.

Artigo 242.º
(Tutela administrativa)
1. A t u t ela a dm in ist r a t iva sobr e a s a u t a r qu ia s loca is con sist e n a ver ifica çã o do
cu m pr im en t o da lei por pa r t e dos ór gã os a u t á r qu icos e é exer cida n os ca sos e
segundo as formas previstas na lei.

2. As m edida s t u t ela r es r est r it iva s da a u t on om ia loca l sã o pr ecedida s de pa r ecer


de um órgão autárquico, nos termos a definir por lei.

3. A dissolu çã o de ór gã os a u t á r qu icos só pode t er por ca u sa a cções ou om issões


ilegais graves.

Artigo 243.º
(Pessoal das autarquias locais)
1. As autarquias locais possuem quadros de pessoal próprio, nos termos da lei.

2. É a plicá vel a os fu n cion á r ios e a gen t es da a dm in ist r a çã o loca l o r egim e dos


fu n cion á r ios e a gen t es do E st a do, com a s a da pt a ções n ecessá r ia s, n os t er m os da
lei.

3. A lei defin e a s for m a s de a poio t écn ico e em m eios h u m a n os do E st a do à s


autarquias locais, sem prejuízo da sua autonomia.

CAPÍTULO II
Freguesia

Artigo 244.º
(Órgãos da freguesia)
Os ór gã os r epr esen t a t ivos da fr egu esia sã o a a ssem bleia de fr egu esia e a ju n t a de
freguesia.
CRP 101

Artigo 245.º
(Assembleia de freguesia)

1. A assembleia de freguesia é o órgão deliberativo da freguesia.

2. A lei pode det er m in a r qu e n a s fr egu esia s de popu la çã o dim in u t a a a ssem bleia


de freguesia seja substituída pelo plenário dos cidadãos eleitores.

Artigo 246.º
(Junta de freguesia)
A junta de freguesia é o órgão executivo colegial da freguesia.

Artigo 247.º
(Associação)
As freguesias podem constituir, nos termos da lei, associações para administração
de interesses comuns.

Artigo 248.º
(Delegação de tarefas)
A a ssem bleia de fr egu esia pode delega r n a s or ga n iza ções de m or a dor es t a r efa s
administrativas que não envolvam o exercício de poderes de autoridade.

CAPÍTULO III
Município

Artigo 249.º
(Modificação dos municípios)
A criação ou a extinção de municípios, bem como a alteração da respectiva área, é
efectuada por lei, precedendo consulta dos órgãos das autarquias abrangidas.

Artigo 250.º
(Órgãos do município)
Os ór gã os r epr esen t a t ivos do m u n icípio sã o a a ssem bleia m u n icipa l e a câ m a r a
municipal.
CRP 102

Artigo 251.º
(Assembleia municipal)
A a ssem bleia m u n icipa l é o ór gã o deliber a t ivo do m u n icípio e é con st it u ída por
m embros eleitos directamente em número superior ao dos presidentes de junta de
freguesia, que a integram.

Artigo 252.º
(Câmara municipal)
A câmara municipal é o órgão executivo colegial do município.

Artigo 253.º
(Associação e federação)
Os m u n icípios podem con st it u ir a ssocia ções e feder a ções pa r a a a dm in ist r a çã o de
in t er esses com u n s, à s qu a is a lei pode con fer ir a t r ibu ições e com pet ên cia s
próprias.

Artigo 254.º
(Participação nas receitas dos impostos directos)
1. Os m u n icípios pa r t icipa m , por dir eit o pr ópr io e n os t er m os defin idos pela lei,
nas receitas provenientes dos impostos directos.

Os municípios dispõem de receitas tributárias próprias, nos termos da lei.

CAPÍTULO IV
Região administrativa

Artigo 255.º
(Criação legal)
As r egiões a dm in ist r a t iva s sã o cr ia da s sim u lt a n ea m en t e, por lei, a qu a l defin e os
r espect ivos poder es, a com posiçã o, a com pet ên cia e o fu n cion a m en t o dos seu s
ór gã os, poden do est a belecer difer en cia ções qu a n t o a o r egim e a plicá vel a ca da
uma.

Artigo 256.º
(Instituição em concreto)
1. A in st it u içã o em con cr et o da s r egiões a dm in ist r a t iva s, com a pr ova çã o da lei de
instituição de cada uma delas, depende da lei prevista no artigo anterior e do voto
CRP 103

fa vor á vel expr esso pela m a ior ia dos cida dã os eleit or es qu e se t en h a m


pronunciado em con su lt a dir ect a , de a lca n ce n a cion a l e r ela t iva a ca da á r ea
regional.

2. Qu a n do a m a ior ia dos cida dã os eleit or es pa r t icipa n t es n ã o se pr on u n cia r


fa vor a velm en t e em r ela çã o a per gu n t a de a lca n ce n a cion a l sobr e a in st it u içã o em
con cr et o da s r egiões a dm in ist r a t iva s, a s r espost a s a per gu n t a s qu e t en h a m t ido
lugar relativas a cada região criada na lei não produzirão efeitos.

3. As con su lt a s a os cida dã os eleit or es pr evist a s n os n ú m er os a n t er ior es t er ã o


lu ga r n a s con dições e n os t er m os est a belecidos em lei or gâ n ica , por decisã o do
P r esiden t e da Repú blica , m edia n t e pr opost a da Assem bleia da Repú blica ,
aplicando-se, com as devidas adaptações, o regime decorrente do artigo 115.º.

Artigo 257.º
(Atribuições)
Às regiões administrativas são conferidas, designadamente, a direcção de serviços
pú blicos e t a r efa s de coor den a çã o e a poio à a cçã o dos m u n icípios n o r espeit o da
autonomia destes e sem limitação dos respectivos poderes.

Artigo 258.º
(Planeamento)
As r egiões a dm in ist r a t iva s ela bor a m pla n os r egion a is e pa r t icipa m n a ela bor a çã o
dos planos nacionais.

Artigo 259.º
(Órgãos da região)
Os ór gã os r epr esen t a t ivos da r egiã o a dm in ist r a t iva sã o a a ssem bleia r egion a l e a
junta regional.

Artigo 260.º
(Assembleia regional)
A a ssem bleia r egion a l é o ór gã o deliber a t ivo da r egiã o e é con st it u ída por
m em br os eleit os dir ect a m en t e e por m em br os, em n ú m er o in fer ior a o da qu eles,
eleit os pelo sist em a da r epr esen t a çã o pr opor cion a l e o m ét odo da m édia m a is a lt a
de H on dt , pelo colégio eleit or a l for m a do pelos m em br os da s a ssem bleias
municipais da mesma área designados por eleição directa.

Artigo 261.º
CRP 104

(Junta regional)
A junta regional é o órgão executivo colegial da região.

Artigo 262.º
(Representante do Governo)
J u n t o de ca da r egiã o pode h a ver u m r epr esen t a n t e do Gover n o, n om ea do em
Con selh o de Min ist r os, cu ja com pet ên cia se exer ce igu a lm en t e ju n t o da s
autarquias existentes na área respectiva.

CAPÍTULO V
Organizações de moradores

Artigo 263.º
(Constituição e área)
1. A fim de in t en sifica r a pa r t icipa çã o da s popu la ções n a vida a dm in ist r a t iva
loca l podem ser con st it u ída s or ga n iza ções de m or a dor es r esiden t es em á r ea
inferior à da respectiva freguesia.

2. A a ssem bleia de fr egu esia , por su a in icia t iva ou a r equ er im en t o de com issões
de m or a dor es ou de u m n ú m er o sign ifica t ivo de m or a dor es, dem a r ca r á a s á r ea s
t er r it or ia is da s or ga n iza ções r efer ida s n o n ú m er o a n t er ior , solu cion a n do os
eventuais conflitos daí resultantes.

Artigo 264.º
(Estrutura)
1. A est r u t u r a da s or ga n iza ções de m or a dor es é fixa da por lei e com pr een de a
a ssembleia de moradores e a comissão de moradores.

2. A a ssem bleia de m or a dor es é com post a pelos r esiden t es in scr it os n o


recenseamento da freguesia.

3. A com issã o de m or a dor es é eleit a , por escr u t ín io secr et o, pela a ssem bleia de
moradores e por ela livremente destituída.

Artigo 265.º
(Direitos e competência)
1. As organizações de moradores têm direito:

a ) De pet içã o per a n t e a s a u t a r qu ia s loca is r ela t iva m en t e a a ssu n t os


administrativos de interesse dos moradores;
b) De pa r t icipa çã o, sem vot o, a t r a vés de r epr esen t a n t es seu s, n a a ssem bleia de
freguesia.
CRP 105

2. Às organizações de moradores compete realizar as tarefas que a lei lhes confiar


ou os órgãos da respectiva freguesia nelas delegarem.

TÍTULO IX
Administração Pública

Artigo 266.º
(Princípios fundamentais)
1. A Adm in ist r a çã o P ú blica visa a pr ossecu çã o do in t er esse pú blico, n o r espeit o
pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.

2. Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à Constituição e à lei e


devem a ct u a r , n o exer cício da s su a s fu n ções, com r espeit o pelos pr in cípios da
igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade e da boa-fé.

Artigo 267.º
(Estrutura da Administração)
1. A Administração Pública será estruturada de modo a evitar a burocratização, a
a pr oxim a r os ser viços da s popu la ções e a a ssegu r a r a pa r t icipa çã o dos
in t er essa dos n a su a gest ã o efect iva , design a da m en t e por in t er m édio de
a ssocia ções pú blica s, or ga n iza ções de m or a dor es e ou t r a s for m a s de
representação democrática.

2. P a r a efeit o do dispost o n o n ú m er o a n t er ior , a lei est a belecer á a dequ a da s


for m a s de descen t r a liza çã o e descon cen t r a çã o a dm in ist r a t iva s, sem pr eju ízo da
n ecessá r ia eficá cia e u n ida de de a cçã o da Adm in ist r a çã o e dos poder es de
direcção, superintendência e tutela dos órgãos competentes.

3. A lei pode criar entidades administrativas independentes.

4. As a ssocia ções pú blica s só podem ser con st it u ída s pa r a a sa t isfa çã o de


n ecessida des específica s, n ã o podem exer cer fu n ções pr ópr ia s da s a ssocia ções
sin dica is e t êm or ga n iza çã o in t er n a ba sea da n o r espeit o dos dir eit os dos seu s
membros e na formação democrática dos seus órgãos.

5. O pr ocessa m en t o da a ct ivida de a dm in ist r a t iva ser á object o de lei especia l, qu e


a ssegu r a r á a r a cion a liza çã o dos m eios a u t iliza r pelos ser viços e a pa r t icipa çã o
dos cidadãos na formação das decisões ou deliberações que lhes disserem respeito.

6. As en t ida des pr iva da s qu e exer ça m poder es pú blicos podem ser su jeit a s, n os


termos da lei, a fiscalização administrativa.

Artigo 268.º
CRP 106

(Direitos e garantias dos administrados)


1. Os cida dã os t êm o dir eit o de ser in for m a dos pela Adm in ist r a çã o, sem pr e qu e o
r equ eir a m , sobr e o a n da m en t o dos pr ocessos em qu e seja m dir ect a m en t e
in t er essa dos, bem com o o de con h ecer a s r esolu ções defin it iva s qu e sobr e eles
forem tomadas.

2. Os cida dã os t êm t a m bém o dir eit o de a cesso a os a r qu ivos e r egist os


a dm in ist r a t ivos, sem pr eju ízo do dispost o n a lei em m a t ér ia s r ela t iva s à
segurança interna e externa, à investigação criminal e à intimidade das pessoas.

3. Os actos administrativos estão sujeitos a notificação aos interessados, na forma


pr evist a n a lei, e ca r ecem de fu n da m en t a çã o expr essa e a cessível qu a n do a fect em
direitos ou interesses legalmente protegidos.

4. É ga r a n t ido a os a dm in ist r a dos t u t ela ju r isdicion a l efect iva dos seu s dir eit os ou
in t er esses lega lm en t e pr ot egidos, in clu in do, n om ea da m en t e, o r econ h ecim en t o
desses dir eit os ou in t er esses, a im pu gn a çã o de qu a isqu er a ct os a dm in ist r a t ivos
qu e os lesem , in depen den t em en t e da su a for m a , a det er m in a çã o da pr á t ica de
a ct os a dm in ist r a t ivos lega lm en t e devidos e a a dopçã o de m edida s ca u t ela r es
adequadas.

5. Os cida dã os t êm igu a lm en t e dir eit o de im pu gn a r a s n or m a s a dm in ist r a t iva s


com eficácia externa lesivas dos seus direitos ou interesses legalmente protegidos.

6. P a r a efeit os dos n .os 1 e 2, a lei fixa r á u m pr a zo m á xim o de r espost a por pa r t e


da Administração.

Artigo 269.º
(Regime da função pública)
1. No exer cício da s su a s fu n ções, os t r a ba lh a dor es da Adm in ist r a çã o P ú blica e
dem a is a gen t es do E st a do e ou t r a s en t ida des pú blica s est ã o exclu siva m en t e a o
ser viço do in t er esse pú blico, t a l com o é defin ido, n os t er m os da lei, pelos ór gã os
competentes da Administração.

2. Os t r a ba lh a dor es da Adm in ist r a çã o P ú blica e dem a is a gen t es do E st a do e


ou t r a s en t ida des pú blica s n ã o podem ser pr eju dica dos ou ben eficia dos em vir t u de
do exer cício de qu a isqu er dir eit os polít icos pr evist os n a Con st it u içã o,
nomeadamente por opção partidária.

3. Em processo disciplinar são garantidas ao arguido a sua audiência e defesa.

4. Nã o é per m it ida a a cu m u la çã o de em pr egos ou ca r gos pú blicos, sa lvo n os ca sos


expressamente admitidos por lei.

5. A lei det er m in a a s in com pa t ibilida des en t r e o exer cício de em pr egos ou ca r gos


públicos e o de outras actividades.
CRP 107

Artigo 270.º
(Restrições ao exercício de direitos)
A lei pode est a belecer , n a est r it a m edida da s exigên cia s pr ópr ia s da s r espect iva s
fu n ções, r est r ições a o exer cício dos dir eit os de expr essã o, r eu n iã o, m a n ifest a çã o,
a ssocia çã o e pet içã o colect iva e à ca pa cida de eleit or a l pa ssiva por m ilit a r es e
a gen t es m ilit a r iza dos dos qu a dr os per m a n en t es em ser viço efect ivo, bem com o
por a gen t es dos ser viços e da s for ça s de segu r a n ça e, n o ca so dest a s, a n ã o
a dm issã o do dir eit o à gr eve, m esm o qu a n do r econ h ecido o dir eit o de a ssocia çã o
sindical.

Artigo 271.º
(Responsabilidade dos funcionários e agentes)
1. Os fu n cion á r ios e a gen t es do E st a do e da s dem a is en t ida des pú blica s sã o
r espon sá veis civil, cr im in a l e disciplin a r m en t e pela s a cções ou om issões
pr a t ica da s n o exer cício da s su a s fu n ções e por ca u sa desse exer cício de qu e
r esu lt e viola çã o dos dir eit os ou in t er esses lega lm en t e pr ot egidos dos cida dã os,
n ã o depen den do a a cçã o ou pr ocedim en t o, em qu a lqu er fa se, de a u t or iza çã o
hierárquica.

2. É exclu ída a r espon sa bilida de do fu n cion á r io ou a gen t e qu e a ct u e n o


cu m pr im en t o de or den s ou in st r u ções em a n a da s de legít im o su per ior h ier á r qu ico
e em m a t ér ia de ser viço, se pr evia m en t e dela s t iver r ecla m a do ou t iver exigido a
sua transmissão ou confirmação por escrito.

3. Cessa o dever de obediên cia sem pr e qu e o cu m pr im en t o da s or den s ou


instruções implique a prática de qualquer crime.

4. A lei r egu la os t er m os em qu e o E st a do e a s dem a is en t ida des pú blica s t êm


direito de regresso contra os titulares dos seus órgãos, funcionários e agentes.

Artigo 272.º
(Polícia)
1. A polícia t em por fu n ções defen der a lega lida de dem ocr á t ica e ga r a n t ir a
segurança interna e os direitos dos cidadãos.

2. As m edida s de polícia sã o a s pr evist a s n a lei, n ã o deven do ser u t iliza da s pa r a


além do estritamente necessário.

3. A pr even çã o dos cr im es, in clu in do a dos cr im es con t r a a segu r a n ça do E st a do,


só pode fa zer -se com obser vâ n cia da s r egr a s ger a is sobr e polícia e com r espeit o
pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
CRP 108

4. A lei fixa o r egim e da s for ça s de segu r a n ça , sen do a or ga n iza çã o de ca da u m a


delas única para todo o território nacional.

TÍTULO X
Defesa Nacional

Artigo 273.º
(Defesa nacional)
1. É obrigação do Estado assegurar a defesa nacional.

2. A defesa n a cion a l t em por object ivos ga r a n t ir , n o r espeit o da or dem


con st it u cion a l, da s in st it u ições dem ocr á t ica s e da s con ven ções in t er n a cion a is, a
in depen dên cia n a cion a l, a in t egr ida de do t er r it ór io e a liber da de e a segu r a n ça
das populações contra qualquer agressão ou ameaça externas.

Artigo 274.º
(Conselho Superior de Defesa Nacional)
1. O Con selh o Su per ior de Defesa Na cion a l é pr esidido pelo P r esiden t e da
Repú blica e t em a com posiçã o qu e a lei det er m in a r , a qu a l in clu ir á m em br os
eleitos pela Assembleia da República.

2. O Con selh o Su per ior de Defesa Na cion a l é o ór gã o específico de con su lt a pa r a


os a ssu n t os r ela t ivos à defesa n a cion a l e à or ga n iza çã o, fu n cion a m en t o e
disciplin a da s F or ça s Ar m a da s, poden do dispor da com pet ên cia a dm in ist r a t iva
que lhe for atribuída por lei.

Artigo 275.º
(Forças Armadas)
1. Às Forças Armadas incumbe a defesa militar da República.

2. As F or ça s Ar m a da s com põem -se exclu siva m en t e de cida dã os por t u gu eses e a


sua organização é única para todo o território nacional.

3. As Forças Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos termos


da Constituição e da lei.

4. As F or ça s Ar m a da s est ã o a o ser viço do povo por t u gu ês, sã o r igor osa m en t e


a pa r t idá r ia s e os seu s elem en t os n ã o podem a pr oveit a r -se da su a a r m a , do seu
posto ou da sua função para qualquer intervenção política.

5. In cu m be à s F or ça s Ar m a da s, n os t er m os da lei, sa t isfa zer os com pr om issos


in t er n a cion a is do E st a do P or t u gu ês n o â m bit o m ilit a r e pa r t icipa r em m issões
CRP 109

h u m a n it á r ia s e de pa z a ssu m ida s pela s or ga n iza ções in t er n a cion a is de qu e


Portugal faça parte.

6. As F or ça s Ar m a da s podem ser in cu m bida s, n os t er m os da lei, de cola bor a r em


m issões de pr ot ecçã o civil, em t a r efa s r ela cion a da s com a sa t isfa çã o de
n ecessida des bá sica s e a m elh or ia da qu a lida de de vida da s popu la ções, e em
acções de cooperação técnico-militar no âmbito da política nacional de cooperação.

7. As leis qu e r egu la m o est a do de sít io e o est a do de em er gên cia fixa m a s


condições do emprego das Forças Armadas quando se verifiquem essas situações.

Artigo 276.º
(Defesa da Pátria, serviço militar e serviço cívico)
1. A defesa da Pátria é direito e dever fundamental de todos os portugueses.

2. O ser viço m ilit a r é r egu la do por lei, qu e fixa a s for m a s, a n a t u r eza volu n t á r ia
ou obrigatória, a duração e o conteúdo da respectiva prestação.

3. Os cida dã os su jeit os por lei à pr est a çã o do ser viço m ilit a r e qu e for em


con sider a dos in a pt os pa r a o ser viço m ilit a r a r m a do pr est a r ã o ser viço m ilit a r n ã o
armado ou serviço cívico adequado à sua situação.

4. Os object or es de con sciên cia a o ser viço m ilit a r a qu e lega lm en t e est eja m
su jeit os pr est a r ã o ser viço cívico de du r a çã o e pen osida de equ iva len t es à do
serviço militar armado.

5. O ser viço cívico pode ser est a belecido em su bst it u içã o ou com plem en t o do
ser viço m ilit a r e t or n a do obr iga t ór io por lei pa r a os cida dã os n ã o su jeit os a
deveres militares.

6. Nen h u m cida dã o poder á con ser va r n em obt er em pr ego do E st a do ou de ou t r a


en t ida de pú blica se deixa r de cu m pr ir os seu s dever es m ilit a r es ou de ser viço
cívico quando obrigatório.

7. Nen h u m cida dã o pode ser pr eju dica do n a su a coloca çã o, n os seu s ben efícios
socia is ou n o seu em pr ego per m a n en t e por vir t u de do cu m pr im en t o do ser viço
militar ou do serviço cívico obrigatório.

PARTE IV
Garantia e revisão da constituição

TÍTULO I
Fiscalização da constitucionalidade

Artigo 277.º
CRP 110

(Inconstitucionalidade por acção)


1. Sã o in con st it u cion a is a s n or m a s qu e in fr in ja m o dispost o n a Con st it u içã o ou os
princípios nela consignados.

2. A in con st it u cion a lida de or gâ n ica ou for m a l de t r a t a dos in t er n a cion a is


r egu la r m en t e r a t ifica dos n ã o im pede a a plica çã o da s su a s n or m a s n a or dem
ju r ídica por t u gu esa , desde qu e t a is n or m a s seja m a plica da s n a or dem ju r ídica da
ou t r a pa r t e, sa lvo se t a l in con st it u cion a lida de r esu lt a r de viola çã o de u m a
disposição fundamental.

Artigo 278.º
(Fiscalização preventiva da constitucionalidade)
1. O P r esiden t e da Repú blica pode r equ er er a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l a
a pr ecia çã o pr even t iva da con st it u cion a lida de de qu a lqu er n or m a con st a n t e de
t r a t a do in t er n a cion a l qu e lh e t en h a sido su bm et ido pa r a r a t ifica çã o, de decr et o
qu e lh e t en h a sido en via do pa r a pr om u lga çã o com o lei ou com o decr et o-lei ou de
a cor do in t er n a cion a l cu jo decr et o de a pr ova çã o lh e t en h a sido r em et ido pa r a
assinatura.

2. Os Repr esen t a n t es da Repú blica podem igu a lm en t e r equ er er a o Tr ibu n a l


Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer norma
con st a n t e de decr et o legisla t ivo r egion a l qu e lh es t en h a sido en via do pa r a
assinatura.

3. A a pr ecia çã o pr even t iva da con st it u cion a lida de deve ser r equ er ida n o pr a zo de
oito dias a contar da data da recepção do diploma.

4. P odem r equ er er a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l a a pr ecia çã o pr even t iva da


con st it u cion a lida de de qu a lqu er n or m a con st a n t e de decr et o qu e t en h a sido
en via do a o P r esiden t e da Repú blica pa r a pr om u lga çã o com o lei or gâ n ica , a lém
dest e, o P r im eir o-Min ist r o ou u m qu in t o dos Depu t a dos à Assem bleia da
República em efectividade de funções.

5. O P r esiden t e da Assem bleia da Repú blica , n a da t a em qu e en via r a o


Presidente da República decreto que deva ser promulgado como lei orgânica, dará
disso con h ecim en t o a o P r im eir o-Min ist r o e a os gr u pos pa r la m en t a r es da
Assembleia da República.

6. A a pr ecia çã o pr even t iva da con st it u cion a lida de pr evist a n o n .º 4 deve ser


requerida no prazo de oito dias a contar da data prevista no número anterior.

7. Sem pr eju ízo do dispost o n o n .º 1, o P r esiden t e da Repú blica n ã o pode


pr om u lga r os decr et os a qu e se r efer e o n .º 4 sem qu e decor r a m oit o dia s a pós a
r espect iva r ecepçã o ou a n t es de o Tr ibu n a l Con st it u cion a l sobr e eles se t er
pronunciado, quando a intervenção deste tiver sido requerida.
CRP 111

8. O Tr ibu n a l Con st it u cion a l deve pr on u n cia r -se n o pr a zo de vin t e e cin co dia s, o


qu a l, n o ca so do n .º 1, pode ser en cu r t a do pelo P r esiden t e da Repú blica , por
motivo de urgência.

Artigo 279.º
(Efeitos da decisão)
1. Se o Tr ibu n a l Con st it u cion a l se pr on u n cia r pela in con st it u cion a lida de de
n or m a con st a n t e de qu a lqu er decr et o ou a cor do in t er n a cion a l, dever á o diplom a
ser vet a do pelo P r esiden t e da Repú blica ou pelo Repr esen t a n t e da Repú blica ,
conforme os casos, e devolvido ao órgão que o tiver aprovado.

2. No caso previsto no n.º 1, o decreto não poderá ser promulgado ou assinado sem
qu e o ór gã o qu e o t iver a pr ova do expu r gu e a n or m a ju lga da in con st it u cion a l ou ,
qu a n do for ca so disso, o con fir m e por m a ior ia de dois t er ços dos Depu t a dos
pr esen t es, desde qu e su per ior à m a ior ia a bsolu t a dos Depu t a dos em efect ivida de
de funções.

3. Se o diplom a vier a ser r efor m u la do, poder á o P r esiden t e da Repú blica ou o


Repr esen t a n t e da Repú blica , con for m e os ca sos, r equ er er a a pr ecia çã o preventiva
da constitucionalidade de qualquer das suas normas.

4. Se o Tr ibu n a l Con st it u cion a l se pr on u n cia r pela in con st it u cion a lida de de


n or m a con st a n t e de t r a t a do, est e só poder á ser r a t ifica do se a Assem bleia da
Repú blica o vier a a pr ova r por m a ior ia de dois t er ços dos Depu t a dos pr esen t es,
desde que superior à maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções.

Artigo 280.º
(Fiscalização concreta da constitucionalidade e da legalidade)
1. Cabe recurso para o Tribunal Constitucional das decisões dos tribunais:

a ) Qu e r ecu sem a a plica çã o de qu a lqu er n or m a com fu n da m en t o n a su a


inconstitucionalidade;
b) Qu e a pliqu em n or m a cu ja in con st it u cion a lida de h a ja sido su scit a da du r a n t e o
processo.

2. Ca be igu a lm en t e r ecu r so pa r a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l da s decisões dos


tribunais:

a ) Qu e r ecu sem a a plica çã o de n or m a con st a n t e de a ct o legisla t ivo com


fundamento na sua ilegalidade por violação da lei com valor reforçado;

b) Qu e r ecu sem a a plica çã o de n or m a con st a n t e de diplom a r egion a l com


fundamento na sua ilegalidade por violação do estatuto da região autónoma;
CRP 112

c) Que recusem a aplicação de norma constante de diploma emanado de um órgão


de sober a n ia com fu n da m en t o n a su a ilega lida de por viola çã o do est a t u t o de u m a
região autónoma;

d) Qu e a pliqu em n or m a cu ja ilega lida de h a ja sido su scit a da du r a n t e o pr ocesso


com qualquer dos fundamentos referidos nas alíneas a), b) e c).

3. Qu a n do a n or m a cu ja a plica çã o t iver sido r ecu sa da con st a r de con ven çã o


in t er n a cion a l, de a ct o legisla t ivo ou de decr et o r egu la m en t a r , os r ecu r sos
pr evist os n a a lín ea a ) do n .º 1 e n a a lín ea a ) do n .º 2 sã o obr iga t ór ios pa r a o
Ministério Público.

4. Os r ecu r sos pr evist os n a a lín ea b) do n .º 1 e n a a lín ea d) do n .º 2 só podem ser


in t er post os pela pa r t e qu e h a ja su scit a do a qu est ã o da in con st it u cion a lida de ou
da ilegalidade, devendo a lei regular o regime de admissão desses recursos.

5. Ca be a in da r ecu r so pa r a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l, obr iga t ór io pa r a o


Ministério Público, das decisões dos tribunais que apliquem norma anteriormente
julgada inconstitucional ou ilegal pelo próprio Tribunal Constitucional.

6. Os r ecu r sos pa r a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l sã o r est r it os à qu est ã o da


inconstitucionalidade ou da ilegalidade, conforme os casos.

Artigo 281.º
(Fiscalização abstracta da constitucionalidade e da legalidade)
1. O Tribunal Constitucional aprecia e declara, com força obrigatória geral:

a) A inconstitucionalidade de quaisquer normas;


b) A ilega lida de de qu a isqu er n or m a s con st a n t es de a ct o legisla t ivo com
fundamento em violação de lei com valor reforçado;

c) A ilega lida de de qu a isqu er n or m a s con st a n t es de diplom a r egion a l, com


fundamento em violação do estatuto da região autónoma;

d) A ilega lida de de qu a isqu er n or m a s con st a n t es de diplom a em a n a do dos ór gã os


de sober a n ia com fu n da m en t o em viola çã o dos dir eit os de u m a r egiã o
consagrados no seu estatuto.

2. P odem r equ er er a o Tr ibu n a l Con st it u cion a l a decla r a çã o de


inconstitucionalidade ou de ilegalidade, com força obrigatória geral:

a) O Presidente da República;

b) O Presidente da Assembleia da República;

c) O Primeiro-Ministro;
CRP 113

d) O Provedor de Justiça;

e) O Procurador-Geral da República;

f) Um décimo dos Deputados à Assembleia da República;

g) Os Repr esen t a n t es da Repú blica , a s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões


a u t ón om a s, os pr esiden t es da s Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s,
os pr esiden t es dos Gover n os Region a is ou u m décim o dos depu t a dos à r espect iva
Assem bleia Legisla t iva , qu a n do o pedido de decla r a çã o de in con st it u cion a lida de
se fu n da r em viola çã o dos dir eit os da s r egiões a u t ón om a s ou o pedido de
declaração de ilegalidade se fundar em violação do respectivo estatuto.

3. O Tr ibu n a l Con st it u cion a l a pr ecia e decla r a a in da , com for ça obr iga t ór ia ger a l,
a in con st it u cion a lida de ou a ilega lida de de qu a lqu er n or m a , desde qu e t en h a sido
por ele julgada inconstitucional ou ilegal em três casos concretos.

Artigo 282.º
(Efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade)
1. A decla r a çã o de in con st it u cion a lida de ou de ilega lida de com for ça obr iga t ór ia
ger a l pr odu z efeit os desde a en t r a da em vigor da n or m a decla r a da
in con st it u cion a l ou ilega l e det er m in a a r epr ist in a çã o da s n or m a s qu e ela ,
eventualmente, haja revogado.

2. Tratando-se, porém, de inconstitucionalidade ou de ilegalidade por infracção de


n or m a con st it u cion a l ou lega l post er ior , a decla r a çã o só pr odu z efeit os desde a
entrada em vigor desta última.

3. F ica m r essa lva dos os ca sos ju lga dos, sa lvo decisã o em con t r á r io do Tr ibu n a l
Constitucional quando a norma respeitar a matéria penal, disciplinar ou de ilícito
de mera ordenação social e for de conteúdo menos favorável ao arguido.

4. Qu a n do a segu r a n ça ju r ídica , r a zões de equ ida de ou in t er esse pú blico de


excepcion a l r elevo, qu e dever á ser fu n da m en t a do, o exigir em , poder á o Tribunal
Con st it u cion a l fixa r os efeit os da in con st it u cion a lida de ou da ilega lida de com
alcance mais restrito do que o previsto nos n.os 1 e 2.

Artigo 283.º
(Inconstitucionalidade por omissão)
1. A r equ er im en t o do P r esiden t e da Repú blica , do P r ovedor de J u st iça ou , com
fu n da m en t o em viola çã o de dir eit os da s r egiões a u t ón om a s, dos pr esiden t es da s
Assem bleia s Legisla t iva s da s r egiões a u t ón om a s, o Tr ibu n a l Con st it u cion a l
a pr ecia e ver ifica o n ã o cu m pr im en t o da Con st it u içã o por om issã o da s m edida s
legislativas necessárias para tornar exequíveis as normas constitucionais.
CRP 114

2. Qu a n do o Tr ibu n a l Con st it u cion a l ver ifica r a exist ên cia de


in con st it u cion a lida de por om issã o, da r á disso con h ecim en t o a o ór gã o legisla t ivo
competente.

TÍTULO II
Revisão constitucional

Artigo 284.º
(Competência e tempo de revisão)
1. A Assem bleia da Repú blica pode r ever a Con st it u içã o decor r idos cin co a n os
sobre a data da publicação da última lei de revisão ordinária.

2. A Assem bleia da Repú blica pode, con t u do, a ssu m ir em qu a lqu er m omento
poder es de r evisã o ext r a or din á r ia por m a ior ia de qu a t r o qu in t os dos Depu t a dos
em efectividade de funções.

Artigo 285.º
(Iniciativa da revisão)
1. A iniciativa da revisão compete aos Deputados.

2. Apr esen t a do u m pr oject o de r evisã o con st it u cion a l, qu a isqu er ou t r os t er ã o de


ser apresentados no prazo de trinta dias.

Artigo 286.º
(Aprovação e promulgação)
1. As a lt er a ções da Con st it u içã o sã o a pr ova da s por m a ior ia de dois t er ços dos
Deputados em efectividade de funções.

2. As a lt er a ções da Con st it u içã o qu e for em a pr ova da s ser ã o r eu n ida s n u m a ú n ica


lei de revisão.

3. O Presidente da República não pode recusar a promulgação da lei de revisão.

Artigo 287.º
(Novo texto da Constituição)
1. As a lt er a ções da Con st it u içã o ser ã o in ser ida s n o lu ga r pr ópr io, m edia n t e a s
substituições, as supressões e os aditamentos necessários.

2. A Con st it u içã o, n o seu n ovo t ext o, ser á pu blica da con ju n t a m en t e com a lei de
revisão.
CRP 115

Artigo 288.º
(Limites materiais da revisão)
As leis de revisão constitucional terão de respeitar:

a) A independência nacional e a unidade do Estado;

b) A forma republicana de governo;

c) A separação das Igrejas do Estado;

d) Os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos;

e) Os dir eit os dos t r a ba lh a dor es, da s com issões de t r a ba lh a dor es e da s


associações sindicais;

f) A coexist ên cia do sect or pú blico, do sect or pr iva do e do sect or cooper a t ivo e


social de propriedade dos meios de produção;

g) A existência de planos económicos no âmbito de uma economia mista;

h ) O su fr á gio u n iver sa l, dir ect o, secr et o e per iódico n a design a çã o dos t it u la r es


elect ivos dos ór gã os de sober a n ia , da s r egiões a u t ón om a s e do poder loca l, bem
como o sistema de representação proporcional;

i) O plu r a lism o de expr essã o e or ga n iza çã o polít ica , in clu in do pa r t idos polít icos, e
o direito de oposição democrática;

j) A separação e a interdependência dos órgãos de soberania;

l) A fisca liza çã o da con st it u cion a lida de por a cçã o ou por om issã o de n or m a s


jurídicas;

m) A independência dos tribunais;

n) A autonomia das autarquias locais;

o) A autonomia político-administrativa dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

Artigo 289.º
(Limites circunstanciais da revisão)
Nã o pode ser pr a t ica do n en h u m a ct o de r evisã o con st it u cion a l n a vigên cia de
estado de sítio ou de estado de emergência.

Disposições finais e transitórias


CRP 116

Artigo 290.º

(Direito anterior)

1. As leis con st it u cion a is post er ior es a 25 de Abr il de 1974 n ã o r essa lva da s n est e
ca pít u lo sã o con sider a da s leis or din á r ia s, sem pr eju ízo do dispost o n o n ú m er o
seguinte.

2. O dir eit o or din á r io a n t er ior à en t r a da em vigor da Con st it u içã o m a n t ém -se,


desde que não seja contrário à Constituição ou aos princípios nela consignados.

Artigo 291.º
(Distritos)
1. E n qu a n t o a s r egiões a dm in ist r a t iva s n ã o est iver em con cr et a m en t e in st it u ída s,
subsistirá a divisão distrital no espaço por elas não abrangido.

2. H a ver á em ca da dist r it o, em t er m os a defin ir por lei, u m a a ssem bleia


deliberativa, composta por representantes dos municípios.

3. Com pet e a o gover n a dor civil, a ssist ido por u m con selh o, r epr esen t a r o Gover n o
e exercer os poderes de tutela na área do distrito.

2. Com pet e a o P r esiden t e da Repú blica e a o Gover n o pr a t ica r t odos os a ct os


necessários à realização dos objectivos expressos no número anterior.

Artigo 292.º
(Incriminação e julgamento dos agentes e responsáveis da PIDE/DGS)
1. Ma n t ém -se em vigor a Lei n .º 8/75, de 25 de J u lh o, com a s a lt er a ções
in t r odu zida s pela Lei n .º 16/75, de 23 de Dezem br o, e pela Lei n .º 18/75, de 26 de
Dezembro.

2. A lei poder á pr ecisa r a s t ipifica ções cr im in a is con st a n t es do n .º 2 do a r t igo 2.º,


do a r t igo 3.º, da a lín ea b) do a r t igo 4.º e do a r t igo 5.º do diplom a r efer ido n o
número anterior.

3. A lei poder á r egu la r especia lm en t e a a t en u a çã o ext r a or din á r ia pr evist a n o


artigo 7.º do mesmo diploma.

Artigo 293.º
(Reprivatização de bens nacionalizados depois de 25 de Abril de l974)
CRP 117

1. Lei-qu a dr o, a pr ova da por m a ior ia a bsolu t a dos Depu t a dos em efect ivida de de
fu n ções, r egu la a r epr iva t iza çã o da t it u la r ida de ou do dir eit o de explor a çã o de
m eios de pr odu çã o e ou t r os ben s n a cion a liza dos depois de 25 de Abr il de l974,
observando os seguintes princípios fundamentais:

a ) A r epr iva t iza çã o da t it u la r ida de ou do dir eit o de explor a çã o de m eios de


produção e outros bens nacionalizados depois do 25 de Abril de 1974 realizar-se-á,
em r egr a e pr efer en cia lm en t e, a t r a vés de con cu r so pú blico, ofer t a n a bolsa de
valores ou subscrição pública;

b) As r eceit a s obt ida s com a s r epr iva t iza ções ser ã o u t iliza da s a pen a s pa r a
a m or t iza çã o da dívida pú blica e do sect or em pr esa r ia l do E st a do, pa r a o ser viço
da dívida r esu lt a n t e de n a cion a liza ções ou pa r a n ova s a plica ções de ca pit a l n o
sector produtivo;

c) Os t r a ba lh a dor es da s em pr esa s object o de r epr iva t iza çã o m a n t er ã o n o pr ocesso


de r epr iva t iza çã o da r espect iva em pr esa t odos os dir eit os e obr iga ções de qu e
forem titulares;

d) Os t r a ba lh a dor es da s em pr esa s object o de r epr iva t iza çã o a dqu ir ir ã o o dir eit o à


subscrição preferencial de uma percentagem do respectivo capital social;

e) P r oceder -se-á à a va lia çã o pr évia dos m eios de pr odu çã o e ou t r os ben s a


reprivatizar, por intermédio de mais de uma entidade independente.

2. As pequ en a s e m édia s em pr esa s in dir ect a m en t e n a cion a liza da s sit u a da s for a


dos sectores básicos da economia poderão ser reprivatizadas nos termos da lei.

Artigo 294.º
(Regime aplicável aos órgãos das autarquias locais)
At é à en t r a da em vigor da lei pr evist a n o n .º 3 do a r t igo 239.º, os ór gã os da s
a u t a r qu ia s loca is sã o con st it u ídos e fu n cion a m n os t er m os de legisla çã o
cor r espon den t e a o t ext o da Con st it u içã o n a r eda cçã o qu e lh e foi da da pela Lei
Constitucional n.º 1/92, de 25 de Novembro.

Artigo 295.º
(Referendo sobre tratado europeu)
O dispost o n o n .º 3 do a r t igo 115.º n ã o pr eju dica a possibilida de de con voca çã o e
de efect iva çã o de r efer en do sobr e a a pr ova çã o de t r a t a do qu e vise a con st r u çã o e
aprofundamento da união europeia.
*Adicionado na Sétima Revisão Constitucional

Artigo 296.º
(Data e entrada em vigor da Constituição)
1. A Con st it u içã o da Repú blica P or t u gu esa t em a da t a da su a a pr ova çã o pela
Assembleia Constituinte, 2 de Abril de 1976.
2. A Con st it u içã o da Repú blica P or t u gu esa en t r a em vigor n o dia 25 de Abr il de
1976.

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