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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

A APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE TRADE MARKETING NAS EMPRESAS

DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS DE CONSUMO :

UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

FRANCISCO JAVIER SEBASTIAN MENDIZABAL ALVAREZ

Dissertação apresentada ao Departamento de


Administração da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade
De São Paulo como parte dos requisitos para
Obtenção do Título de Mestre em
Administração de Empresas

Orientador : Prof. Dr. Dilson Gabriel dos Santos

São Paulo

1999
II

Para
Fátima e Tatiana
por terem compreendido
que o esforço era necessário
e o sacrifício era de todos
III

AGRADECIMENTOS

Este é o momento de refletir e relembrar o caminho trilhado para chegar até


aqui.
O sentimento de orgulho por ter conseguido cumprir esta etapa, aumenta
mais ainda por tê-lo conseguido na FEA-USP, por tudo que esta instituição
representa no ensino brasileiro.
Os agradecimentos são inúmeros e sinceros.
Em primeiro lugar minha família, que soube entender o meu desejo e
sacrifício e me apoiou todo o tempo, aceitando a minha ausência de seu convívio.
Gostaria de lembrar todos os colegas com quem convivi durante este tempo
e particularmente o Jorge Machado, o Paulo, o Hélcio e a Oriana, pois o
relacionamento que desenvolvemos de camaradagem e de apoio foi sempre
motivador. Os desabafos das dificuldades nos corredores, sempre serviram como
uma motivação a mais para vencer os desafios.
Seria impossível agradecer nominalmente a todos os professores que
durante estes anos serviram de motivação e ampliaram os horizontes do
conhecimento com seu apoio, suas aulas e suas cobranças. Mas gostaria de
poder dizer a todos um sincero muito obrigado.
Finalmente quero prestar um agradecimento muito especial ao meu
orientador, o prof. Dr. Dilson Gabriel dos Santos, que muito mais que me orientar
neste trabalho, tem sido um grande amigo e tem me orientado e guiado em todos
os momentos desta nova etapa de minha vida.

Muito Obrigado !
IV

RESUMO

Esta dissertação apresenta a implantação do conceito de Trade Marketing


nas empresas do setor de alimentos.
No atual ambiente de mercado; há uma tendência de concentração do
varejo, uma grande variedade de produtos ofertados e um consumidor que decide
suas compras no ponto de venda.
Este quadro obriga as empresas produtoras de bens de consumo a buscar
novos modelos que orientem suas relações com os clientes.
O modelo do Trade Marketing, amplia o conceito de marketing e orienta as
empresas produtoras a continuar buscando satisfazer o consumidor final
(marketing), através de suas relações com os clientes varejistas(trade).
V

ABSTRACT

This paper presents the Trade Marketing concept implementation in


companies from the food industry sector .
In the present market conditions, there is a tendency to have a strong
concentration in retailing; a great variety of products offered to the market and a
consumer that takes the buying decision at the point of sales.
This situation drives the companies who produce consumer products to a
search for new models that may guide their relations with the clientes.
The Trade Marketing model, overcomes the Marketing concept, orienting
the company to look for consumer satisfaction (marketing) through their relations
with retail clients. (trade).
VI

SUMÁRIO

CAPÍTULO PÁG.

1- INTRODUÇÃO 02

1.1 Objeto e Método do Estudo 04

1.2 Desenvolvimento da Dissertação 05

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 07

2.1 O Canal de Distribuição no conceito de Marketing 08

2.2 O Conceito de Canal de Distribuição 13

2.3 O Papel do Varejo no Canal de Distribuição 16

2.4 A evolução do Varejo 20

2.5 A evolução das relações de poder entre a Indústria e o

Varejo 22

2.6 O papel do Consumidor 30

2.7 O conceito de Trade Marketing 34

2.7.1 Promoção 35

2.7.2 O papel da Força de Vendas 37

2.7.3 Nível de Atendimento e Serviço 38

2.7.4 Estratégia e Desenvolvimento de Produtos 40

2.7.5 Aspectos de Negociação 42

2.8 O Papel da Função de Trade Marketing 43

2.8.1. Os atributos de Trade Marketer 45

2.9 Os elementos do Trade Marketing Mix 46

2.10 Operacionalização do Sistema de Trade Marketing 50


VII

3 METODOLOGIA 56

3.1 O Problema da Pesquisa 56

3.2 O objetivo da Pesquisa 57

3.3 Métodos e Modelos de Pesquisa 57

3.4 Seleção do segmento a ser estudado 63

3.5 Preparação para a Coleta de Dados 64

3.6 O Protocolo do Estudo de Caso 64

3.7 A Coleta de Dados 66

3.8 Limitações do Método 67

4- APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 68

4.1 Forma de Apresentação e Análise dos Resultados 69

4.2 Apresentação dos dados da Leco Alimentos S.A. 69

4.2.1 Dados da Empresa 69

4.2.2 Características do Mercado 71

4.2.3 O conceito de Trade Marketing 73

4.2.4 A aplicação do Conceito de Trade Marketing 73

4.2.4.1 Desenvolvimento de Produtos 73

4.2.4.2 Políticas Comerciais e de Preços 74

4.2.4.3 Promoção e Propaganda 74

4.2.4.4 Equipe de Vendas 75

4.2.4.5 Logística e Serviços 76

4.2.4.6 Resultados e Rentabilidade 76

4.2.5 Implantação do Conceito de Trade Marketing 77


VIII

4.3 Apresentação dos dados da SADIA S.A. 78

4.3.1 Dados da Empresa 78

4.3.2 Características do Mercado 80

4.3.3 O conceito de Trade Marketing 81

4.3.4 A aplicação do Conceito de Trade Marketing 81

4.3.4.1 Desenvolvimento de Produtos 81

4.3.4.2 Políticas Comerciais e de Preços 82

4.3.4.3 Promoção e Propaganda 82

4.3.4.4 Equipe de Vendas 83

4.3.4.5 Logística e Serviços 84

4.3.4.6 Resultados e Rentabilidade 85

4.3.5 Implantação do Conceito de Trade Marketing 85

4.4 Apresentação dos dados da QUAKER do Brasil ltda 86

4.4.1 Dados da Empresa 86

4.4.2 Características do Mercado 89

4.4.3 O conceito de Trade Marketing 90

4.4.4 A aplicação do Conceito de Trade Marketing 91

4.4.4.1 Desenvolvimento de Produtos 91

4.4.4.2 Políticas Comerciais e de Preços 91

4.4.4.3 Promoção e Propaganda 92

4.4.4.4 Equipe de Vendas 92

4.4.4.5 Logística e Serviços 93

4.4.4.6 Resultados e Rentabilidade 94


IX

4.4.5 Implantação do Conceito de Trade Marketing 94

4.5 Análise dos dados apresentados 95

4.5.1 Dados das Empresas e seus Mercados 95

4.5.2 O conceito de Trade Marketing na Organização 96

4.5.3 Aplicação dos conceitos de Trade Marketing 97

4.5.3.1 Desenvolvimento de Produtos 97

4.5.3.2 Políticas Comerciais e de Preços 97

4.5.3.3 Promoção e Propaganda 98

4.5.3.4 Equipe de Vendas 98

4.5.3.5 Logística e Serviços 99

4.5.3.6 Resultados e Rentabilidade 100

4.5.4 Implantação dos conceitos de Trade Marketing 100

5- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 108

ANEXO 1 115
CAPÍTULO I
2

I – INTRODUÇÃO

O ambiente de negócios está passando por transformações que afetam

os mercados consumidores e as ações das empresas sobre esses mercados.

De acordo com Cespedes1, essas mudanças no ambiente empresarial

produzem efeitos sobre o que está sendo vendido, sobre o que está sendo

comprado, sobre como e sob quais condições competitivas é realizada a venda; e

possuem ainda impacto significativo sobre as exigências de marketing.

O conceito de Marketing que considera o canal de distribuição como

uma variável controlável da indústria, no seu esforço de conquista do consumidor

final, já não pode ser aceito integralmente em todos os setores do mercado.

O pressuposto domínio da indústria sobre o canal de distribuição que

está implícito no conceito acima, não está ocorrendo em todos os setores de

negócios.

O poder de negociação está passando das mãos dos produtores para

as mãos dos varejistas, que buscam suas próprias ações mercadológicas e criam

sua própria imagem junto ao consumidor final.


2
Ao realizar um estudo do varejo europeu, Toledo, Neves e Machado

afirmam que:

“Entre o fabricante e o varejista existem diversas forças que impactam o

balanceamento do poder, o qual já pendeu mais para o lado do primeiro, tendo

1
CESPEDES, Frank V. Marketing Integrado. São Paulo: Futura, 1996 p.55
2
TOLEDO, Geraldo L. , NEVES, Marcos F. e MACHADO, Claudio A. P. Marketing Estratégico e
Varejo : O caso Europeu Revista de Administração da Usp São Paulo V.32 N. 2 p.50-51 abril/junho
1997
3

diminuído com o tempo. Atualmente a situação está se revertendo, com o aumento de

poder da rede varejista.”

No Brasil, a situação de concentração do varejo de alimentos não é

diferente, de acordo com o Censo Nielsen 95/96 da estrutura do varejo brasileiro, em

1989/90, a fatia de 14,6% da quantidade de lojas era responsável por 78,5% do

volume de vendas. Cinco anos depois, em 1995/96, a fatia de 15,6% das lojas

representava 84,4% do volume.

Os dados da Associação Brasileira de Supermercados, mostram que

este fenômeno não se restringe ao Brasil apenas, havendo uma concentração ainda

maior em outros países.

Em 1995, as 5 maiores redes varejistas concentravam em volume de

faturamento os seguintes percentuais nos países abaixo mencionados:

- França 70%

- Argentina 60%

- Chile 53%

- Inglaterra 48%

- EUA 33%

- Brasil 28%

O canal de distribuição passa a ser um elemento de alta influência

sobre as relações dos fabricantes com os consumidores finais. A comercialização

dos produtos não é feita “para” o varejista, mas “ por meio do do” varejista.

Para conquistar o consumidor final, o fabricante deve conquistar em

primeiro lugar o seu cliente varejista.


4

O novo cenário força as empresas produtoras a buscar novas

alternativas de negociação e de relacionamento com os participantes do canal de

distribuição, uma vez que estes terão forte influência sobre as estratégias e ações de

marketing das mesmas.

Este novo modelo de interação de mercado em geral, e de

relacionamento com os clientes em particular; está sendo fundamentado no conceito

de Trade Marketing.

O Trade Marketing é o planejamento e controle das ações de venda,

de mercado e dos benefícios oferecidos ao consumidor (marketing), por meio do

gerenciamento e controle das relações de vendas e marketing estabelecidas com o

canal de distribuição (trade).

Segundo Miranda3, “as empresas mais bem orientadas passam a

encarar e tratar o revendedor não apenas como um cliente ou participante do

mercado, mas como um componente fundamental de sua própria equipe”,

reforçando com essa afirmação a visão de que os fabricantes devem definir novas

formas de relacionamento com os seus clientes, buscando uma integração de

objetivos e de ações comerciais e de marketing.

1.1 – Objetivo e Método do Estudo

O objetivo deste estudo é identificar a aplicação do conceito de Trade

Marketing em empresas produtoras de produtos de consumo do setor de alimentos,

verificando como têm se desenvolvido essa aplicação nas relações comerciais com

3
MIRANDA, Roberto L. Marketing de Varejo e Alianças Estratégicas com a Indústria São Paulo:
Qualitymark, 1997 p. 12
5

o canal de distribuição e quais as dificuldades percebidas na implantação do

conceito.

A escolha da indústria de alimentos para o estudo se deve às

características propícias deste setor para a aplicação do conceito de Trade

Marketing, quais sejam: alto número de empresas, de produtos e marcas sendo

ofertados e distribuição realizada por intermédio de canais independentes que

apresentam uma alta concentração da rede varejista.

A investigação será realizada por meio de pesquisa exploratória com a

aplicação do método de estudo de casos, uma vez que o conceito é novo e devem

ser exploradas evidências de sua implantação e de sua utilização pelas empresas.

Serão pesquisadas três empresas do setor de alimentos; que tenham

uma ampla linha de produtos voltados para o consumidor final, que tenham marcas

conhecidas no mercado, que tenham relevância em volume de faturamento no setor

e que estejam em estágios diferentes de aplicação do conceito de Trade Marketing.

Este método de investigação apresenta algumas limitações, sendo que

a impossibilidade de projetar o resultado da pesquisa para o mercado como um todo,

talvez seja a principal delas.

Será possível no entanto identificar novas áreas de pesquisa que

poderão ser desenvolvidas a partir deste estudo, o que representará uma

contribuição adicional ao estudo do Trade Marketing.

1.2- Desenvolvimento da Dissertação

Esta dissertação será desenvolvido em 5 capítulos.


6

O primeiro capítulo compreende a introdução e descreve as

motivações do estudo e como o mesmo será realizado.

O segundo capítulo traz o referencial teórico necessário para prover a

base conceitual que explica e sustenta o estudo a ser realizado. Neste capítulo

serão abordados os conceitos de Marketing e sua evolução; as mudanças de

ambiente que indicam a necessidade de novas formas de relacionamento entre

indústria e varejo e o surgimento e desenvolvimento do conceito de Trade Marketing.

No terceiro capítulo se apresenta a metodologia utilizada para a

pesquisa e a demonstração conceitual da adequabilidade do método escolhido aos

objetivos da pesquisa. Se descreve ainda o objetivo da mesma, a razão de escolha

das empresas pesquisadas e as limitações do método.

No quarto capítulo é apresentada a análise detalhada das respostas

obtidas na entrevista com cada um dos participantes da pesquisa.

Finalmente, no quinto capítulo é feita uma apresentação das

conclusões que puderam ser extraídas da análise da investigação, as limitações

destas conclusões e algumas sugestões de novos estudos que poderão ser

realizados a partir dos pontos encontrados neste estudo.

Faz parte ainda do corpo do trabalho um anexo, onde se apresenta o

questionário que serviu de orientação na condução das entrevistas.


7

CAPÍTULO II
8

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - O Canal de Distribuição no conceito de Marketing

O conceito de Canal de Distribuição deve ser estudado a partir do

entendimento do conceito mais amplo de Marketing, uma vez que o canal de

distribuição é parte integrante do ambiente de marketing e da estratégia de marketing

da empresa.

O conceito de Marketing está ligado ao atendimento das necessidades

do consumidor por meio da administração do fluxo de compra e venda de produtos

e serviços, segundo Buel4 “Marketing está ligado a toda atividade empresarial que

guie os negócios para o atendimento das necessidades e desejos dos consumidores

no lugar e tempo que estes desejarem, gerando lucros para a organziação”; já

McCarthy e Perreault5 mesmo apresentando uma definição que divide a definição de

Marketing em Micromarketing e Macromarketing, acaba em ambas definições por

colocar um conceito semelhante quando dizem que :

4
BUELL, V.P. e HEYEL, C. (ORGS) HANDBOOK OF MODERN MARKETING. New York : McGraw-
Hill, 1970. pXV
5
McCARTHY, E.. Jerome e PERREAULT JR., William D. Marketing Essencial. São Paulo: Atlas,
1997. p 22
9

“Micromarketing é o desempenho das atividades destinadas a


realizar os objetivos de uma organização, partindo das necessidades
do consumidor ou cliente e dirigindo-lhes um fluxo de bens e serviços
a partir de um fabricante ou produtor....Macromarketing é um
processo social que dirige o fluxo econômico de bens e serviços dos
produtores aos consumidores de maneira que iguale eficazmente a
oferta e demanda e realize os objetivos da sociedade.”

Ao dar uma definição mais ampla, Kotler6 insere a mesma idéia quando

diz que “Marketing é um processo social e administrativo pelo qual indivíduos e

grupos obtêm o que necessitam e o que desejam por meio da criação e troca de

produtos e valor com outras pessoas”.

Os conceitos de Marketing têm portanto alguns elementos centrais que

formam a sua estrutura : os desejos e necessidades dos consumidores e sua

demanda; os produtos e serviços que irão satisfazê-los; o valor e o custo envolvidos

nessa satisfação; as trocas, transações, movimentações e relacionamentos entre os

participantes do processo; os mercados e os praticantes das ações de Marketing.

Pode-se situar o conceito de Marketing em três dimensões, segundo

Toledo e Santos7:

- Filosófica – é a busca da lucratividade da empresa por meio da

satisfação das necessidades dos consumidores

- Gerencial – são as atividades relacionadas dentro de um processo

de administração incluindo a análise, o planejamento, a implantação

e o controle de programas destinados a realizar trocas desejadas

6
KOTLER, Philip. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle.
2.ed.São Paulo. Atlas, 1993 p. 32
7
TOLEDO, Geraldo Luciano e SANTOS, Dilson Gabriel A responsabilidade social do marketing
Revista de Administração FAAP. São Paulo n. 14 jan-mar 1979 p. 46-7
10

com os mercados-alvo, buscando atingir as metas estabelecidas

pela organização.

- Funcional – é a atividade que visa facilitar a realização de trocas

entre a empresa e seus mercados, assumindo a existência ou

interesse de pelo menos duas partes, uma das quais está em

condições de apresentar algo que seja considerado de valor para a

outra.

A dimensão filosófica de Marketing orienta a empresa para uma visão

de mercado por meio da identificação dos desejos e necessidades dos consumidores

e da análise do ambiente que irá determinar o grau de dificuldade que a empresa irá

encontrar para atender a esse consumidor.

Já Hooley e Saunders8 afirmam que “... o marketing é tanto um

processo gerencial (as atividades conduzidas para assegurar um melhor ajuste entre

aquilo que a organização fornece e o que os compradores desejam) como uma

filosofia empresarial (freqüentemente chamada de “conceito de marketing”), que

deveria nortear a forma de trabalho de toda a organização.”

O objetivo das ações de Marketing será identificar as condições do

ambiente externo e suas mudanças adequando suas ações internas para fazer frente

a este ambiente.

O ambiente de marketing da empresa é formado pelas forças e agentes

“não controláveis” que têm impacto nos mercados e na estratégia de marketing.

8
HOOLEY, Graham J. e SAUNDERS, John : Posicionamento Competitivo : Como estabelecer e
manter uma estratégia de marketing no mercado. São Paulo Makron 1996 p.6
11

Segundo Kotler9, “um ambiente de marketing da empresa consiste em agentes e

forças externas que afetam a habilidade da empresa em desenvolver e manter

transações e relacionamentos bem sucedidos com os consumidores-alvo”

O ambiente onde a empresa está inserida pode ser separado em:

microambiente, que é composto pelos agentes que estão mais diretamente ligados

às transações da empresa com o mercado e que podem afetar diretamente sua

condição de atender este mercado; e macroambiente, que é composto por agentes

que afetam de forma geral os agentes do microambiente da empresa.

Os agentes do macroambiente são: as forças demográficas,

econômicas, físicas, tecnológicas, político/legais e sócio-culturais.

Os agentes do microambiente são: a empresa, os fornecedores, os

intermediários de mercado, os clientes, os concorrentes e o público.

As ações de gerenciamento de marketing consistem em administrar os

recursos da organização para fazer frente às variáveis não controláveis do ambiente

externo. Conforme Culliton10, a chave para o sucesso de marketing está em:

“Ter o produto certo, com o preço certo, no lugar certo, no tempo


certo, com a propaganda certa; porém o segredo básico do marketing é
que a dimensão do “certo” é determinada pelo consumidor.....e a
adequação de cada elemento não é determinada individualmente mas
em conjunto, e sua ação interrelacionada é que resultará na reação do
consumidor.”

O processo de administração das atividades de marketing trata

segundo McCarthy11 de : “planejamento das atividades de Marketing, implementação

9
op. cit.. p.169
10
CULLITON, James W. . The Concept of the Marketing Mix. apud V.P.Buell e C.Heyel (Orgs).
Handbook of Modern Marketing. USA : Mcgraw-Hill, 1970. p.11-4
11
Idem, Ibdem. Cit. p.42
12

dos planos e controle desses planos”. O administrador de Marketing, deverá estar

buscando fazer frente às variáveis incontroláveis do ambiente externo,

estabelecendo uma estratégia de marketing, que compreende duas partes inter-

relacionadas: o mercado alvo, e o composto de marketing.

O composto de marketing segundo Schewe e Smith12 é formado por :

Produto, Preço, Ponto e Promoção. Este composto se tornou conhecido como 4P’s.

Alguns dos elementos que compõem estes itens são:

- Produto – Marca, Embalagem, Serviço, Garantia

- Preço – Valor de Troca, Custos, Descontos, Prazos e Condições de Pagamento

- Ponto – Canal de Distribuição, Logística e Distribuição Física

- Promoção – Propaganda, Venda Pessoal, Promoção de Vendas, Relações

Públicas e Publicidade.

Como se pode ver o Canal de Distribuição é considerado no conceito

de Marketing,como um elemento do microambiente de marketing ou como um

elemento componente do composto de marketing ou marketing mix.

Como elemento do microambiente de marketing compõe-se de

empresas que ajudam a promover, vender e distribuir seus bens aos consumidores

finais; incluem os agentes e comerciantes, as empresas de distribuição física , as

empresas de serviços de marketing e agentes financeiros.

Como elemento do composto de marketing, é considerado como uma

das variáveis controláveis da estratégia de marketing de empresas produtoras, que

são utilizadas para fazer frente às variáveis incontroláveis do ambiente; com o

12
Idem, Ibdem. Cit. p.47
13

objetivo de tornar a empresa mais competitiva no atendimento dos desejos e

necessidades dos consumidores.

Em ambos os casos, está implícita na teoria de marketing uma relação

de subordinação do canal de distribuição à empresa produtora de bens e serviços,

no seu esforço de conquista do consumidor final.

2.2 - O conceito de Canal de Distribuição

Os consumidores finais têm literalmente milhares de locais onde podem

encontrar os produtos que estão necessitando ou desejando. Esta disponibilidade de

locais e produtos é resultado de um esforço de Marketing de atender o consumidor

não apenas em suas necessidades de produtos e serviços, mas principalmente na

disponibilização de tempo, local e formas de aquisição destes produtos.

Esta presença dos produtos junto ao consumidor final, é realizada por

meio dos canais de distribuição ou canais de marketing.

Segundo Bennet13, os canais de marketing podem ser definidos como

“um sistema organizado de empresas e agentes que, em conjunto, desenvolvem

todas as atividades necessárias para unir os produtores aos consumidores finais,

cumprindo com os objetivos e ações de marketing”, o que é confirmado por Stern, El-

Ansary e Coughalan14 que definem os canais de marketing como sendo “um grupo

de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar um produto ou

serviço disponível para consumo ou uso.

13
BENNETT, Peter. D. Dictionary of Marketing Terms in Barry Berman. Marketing Channels. New
York:John Wiley & Sons. 1996. p.5
14
STERN, Louis W. , EL-ANSARY, Adel I. e COUGHLAN Anne T. Marketing Channels. 5ª Ed. New
Jersey: Prentice Hall 1996. p.1
14

A função dos canais de marketing são portanto processos ativos, não

apenas de disponibilização, mas principalmente de motivação e de facilitação do

processo de compras do consumidor final e que são realizados por organizações

independentes e com objetivos próprios.

Estas organizações formam um sistema onde necessitam trabalhar em

conjunto de uma maneira integrada e coordenada. Por exemplo os membros do

canal devem ter posturas semelhantes com relação à imagem do produto e do

serviço junto ao consumidor.

Os participantes de um canal de distribuição são os consumidores

finais; os intermediários compostos por varejistas, atacadistas, distribuidores,

produtores, fornecedores; e os facilitadores que são compostos por empresas de

transporte, armazenamento, agencias de propaganda, agencias de promoção e

bancos.

É importante destacar o papel exercido pelos atacadistas e pelos

varejistas.

Os atacadistas estão envolvidos com a compra e manipulação de

produtos para a revenda a outras organizações, varejistas ou outros atacadistas,

mas não vendem volumes significativos para consumidores finais.

Os varejistas estão envolvidos na compra e manipulação de produtos

para a venda ao consumidor final; famílias, indivíduos e uso doméstico. É o elo final

de ligação com o consumidor, na cadeia de distribuição.

Os processos de; tornar o produto disponível ao consumidor, de facilitar

a negociação e de estimular a compra, que são realizados pelo canal exigem uma

série de atividades :
15

- Propriedade e posse física dos produtos – há uma troca efetiva de propriedade e

posse entre os membros do canal por meio de processos de compra e venda e

transferência física das mercadorias

- Promoções – os membros do canal têm o contato direto e grande parte das vezes

físico com o consumidor final e portanto têm as melhores condições de realizar

promoções de massa ou individuais.

- Negociação – Os membros do canal negociam preços, condições de pagamento,

prazos de entrega e volumes. A negociação visa um objetivo comum de atender

ao consumidor final e a um objetivo específico de otimização individual de

resultados.

- Riscos Financeiros – Os riscos assumidos estão relacionados com a

obsolescência dos produtos, com o alto estoque, com a redução de demanda,

com a má aceitação de um produto ou marca específicos e com o financiamento

das vendas

- Estoques e Abastecimento – O nível de disponibilidade de produtos está ligado

ao volume de estoques e à freqüência em que são realizados os pedidos. Este

estoque pode ser conseqüência de uma relação direta com o consumidor final, de

uma interpretação dos desejos do consumidor pelo vendedor ou de especulações

financeiras.

- Pagamento – o fluxo financeiro de pagamentos têm como ponto de partida o

momento da compra realizada pelos membros do canal e não o momento da

venda destes produtos ao consumidor final.


16

Existem ainda segundo Stern15, algumas razões que justificam a

existência de intermediários:

1- Os intermediários melhoram a eficiência do processo de distribuição, pois

centralizam as negociações entre os produtores e os consumidores finais,

reduzindo significativamente o número de transações necessárias para se realizar

o mesmo volume de vendas

2- Os intermediários agrupam os diferentes produtos dos diferentes fabricantes de

tal modo que os consumidores finais tenham uma ampla variedade de produtos a

escolher.

3- O processo de busca do consumidor é facilitado pela variedade de produtos que

podem ser oferecidos pelo canal de distribuição.

2.3 - O papel do Varejo no Canal de Distribuição

O papel do varejo consiste em vender produtos e serviços para os

consumidores finais, indivíduos que compram algo para uso pessoal ou doméstico.

Segundo Morgenstein e Strongin16 a função de varejo pode ser exercida

pela própria empresa produtora, quando esta vende diretamente aos consumidores

finais; como é o caso da Avon, empresa que vende produtos diretamente ao

consumidor final de “porta a porta” ou como acontece na maioria das vezes por meio

de empresas independentes especializadas em varejo.

15
Idem, Ibdem p. 3
16
MORGENSTEIN, Melvin e STRONGIN, Harriet Modern Retailing: management, principles and
practices 3.ed. New Jersey: Regents/Prentice Hall 1992 p5
17

As características básicas do varejo segundo Beisel17, são:

1- Facilidade de entrada no negócio

2- Facilidade de saída do negócio

3- Diversificação de alternativas de negócio

4- Alta competitividade

5- Concentração Geográfica

6- Uso intensivo de Mão de Obra

7- Fortes variações Sazonais

8- Influência de Modas

9- Controle e Restrições Legais

10- Estrutura Altamente Dinâmica

11- Mercado Consumidor Volátil

A gestão do varejo é independente da indústria e dos fornecedores e os

varejistas têm seus próprios objetivos de mercado e de imagem junto ao consumidor

alvo. Sua forma de gerenciamento dos recursos está fortemente centrada nos

estoques e no seu giro, uma vez que seu capital está fortemente concentrado nos

mesmos. Esta necessidade de estar girando rapidamente o capital, faz com que a

visão de curto prazo seja dominante no varejo.

No entanto, o conceito de Marketing no varejo, orienta para :

1- O planejamento do varejo é orientado ao consumidor

2- A principal preocupação do varejista é a satisfação do consumidor, sempre

resguardando a lucratividade

17
BEISEL, John L.. Contemporary Retailing 2ªed. New York:Macmillan 1993 p53
18

3- A satisfação do desejo do consumidor deve ser a preocupação da organização

inteira

4- O planejamento do curto prazo e também do longo prazo é essencial no

processo.

O varejo, de acordo com Beisel pode ser classificado nas seguintes

categorias18 :

1- Tamanho da Operação – esta classificação pode levar em conta os metros

quadrados da loja, o volume de vendas ou a quantidade de pontos de venda. A

classificação em pequeno, médio e grande é difícil de ser feita em função dos

diferentes critérios que podem ser aplicados, e deve ser feita comparativamente

dentro de segmentos específicos. Não podemos comparar por exemplo, lojas de

conveniência e supermercados. A importância desta classificação reside em

poder avaliar o nível de concentração de vendas no setor. Nos Estados Unidos

por exemplo grande percentual das vendas de varejo está concentrada em

menos de 15% dos estabelecimentos.

2- Linha de Produtos – pode-se dividir os varejistas em dois grandes grupos; os que

trabalham com uma ampla diversidade de linhas de produtos e os que trabalham

com um número limitado de linhas de produtos. Os varejistas que trabalham no

Brasil com uma ampla linha de produtos são as lojas de departamento e os

hipermercados e os que trabalham com linhas limitadas são os supermercados,

lojas de conveniência, lojas especializadas (brinquedos, eletrônicos) e as

boutiques especializadas, que são lojas especializadas em roupas, em

acessórios, em alimentos, em bebidas, etc.


19

3- Método de Operação – esta classificação está relacionada à forma de operação

do varejo:

- auto serviço com variedade limitada como os supermercados, ou com grande

variedade como os hipermercados;

- loja de conveniência, que opera com um número limitado de mercadoria

selecionada para atender necessidades ocasionais;

- loja de descontos ou loja de fábrica que atua com variedade limitada de produtos

e nenhum serviço, com forte apelo de preços baixos;

- boutiques que são lojas especializadas em determinados segmentos com um

serviço diferenciado de atendimento;

- o segmento de varejo sem loja, que são as vendas por meio de catálogos,

telefone, televisão e internet;

- as lojas de serviços que são as lavanderias, os correios, médicos, hotéis, etc..

4- Tipo de Propriedade – os estabelecimentos de varejo podem ser independentes

ou fazer parte de um sistema vertical de Marketing que segundo Kotler19

compreende o produtor, atacadista e varejista atuando como um sistema

unificado por meio de propriedade ou licenciamento. Em geral, em termos de

quantidade de pontos de venda, o setor de varejo é formado por pequenos

estabelecimentos independentes que são operados pelos próprios donos; no

entanto, os grandes volumes de negócios são operados pelas redes que fazem

parte de um sistema vertical de Marketing e podem ser divididas em cadeias de

lojas, cooperativas e franquias.

18
Idem, Ibdem p.65-85
19
op. cit.. P. 609
20

É importante frisar que estas categorias de classificação não são

exclusivas, mas sim complementares e se tornam importantes para uma avaliação

do comportamento esperado de determinados setores ou lojas de varejo quanto à

sua estratégia de mercado, de produto, de gerenciamento e de atendimento ao

consumidor.

2.4 - A evolução do Varejo

Historicamente a atividade de varejo se inicia com os mascates e os

mercados que eram montados com intervalos regulares de tempo e onde os

agricultores e os artesãos levavam seus produtos para serem comercializados. O

comércio foi regulamentado desta forma pois era a melhor maneira dos nobres e

senhores feudais controlarem a cobrança de taxas sobre o movimento do mercado.

De acordo com uma análise detalhada realizada por Davies20 existem

evidências de que, por volta do século XVII, já existiam lojas fixas de varejo em

contraposição aos mercados móveis, e que se assemelhariam ao modelo atual de

varejo. Estes comerciantes estocavam produtos oriundos de outras regiões e que

não eram produzidos naquele local.

A partir do final do século XVIII e início do século XIX, com a revolução

industrial que inicia o processo de produção em massa de produtos, é que o varejista

começa a ganhar importância, pois já não era possível o produtor realizar

diretamente a comercialização de seu produto, uma vez que este deveria ser

distribuído geograficamente com eficiência.

20
DAVIES, Gary I. Trade Marketing Strategy London: Paul Chapman, 1993 p.17
21

Com o aumento do volume de produção e com a necessidade de

capital para alimentar o canal de distribuição, surge a figura do atacadista que

financiava a operação comprando do produtor e financiando a venda ao varejista. O

atacadista consegue acordos que obrigam a indústria a vender exclusivamente ou

diretamente aos varejistas ou por meio dos atacadistas, o que obriga os varejistas a

restringirem-se às compras dos atacadistas.

Desta forma o varejo em geral se torna uma atividade pouco técnica,

formada por pequenas lojas familiares, que dependiam de grandes atacadistas.

O varejo sempre foi alvo de grande controle, quer seja por parte dos

atacadistas e produtores ou mesmo pelo estabelecimento de leis.

Em 1955 na Inglaterra, estima-se que metade dos negócios do varejo

ainda estavam sob regulamentação do “Preço Fixo de Revenda” que permitia ao

produtor fixar o preço de revenda do varejista ao consumidor final, não permitindo às

lojas estabelecer parâmetros próprios de gerenciamento de seus negócios, já que

não podiam estabelecer seus próprios preços e margens. Somente em 1964 esta lei

foi abolida.

A partir do princípio deste século grandes redes de varejo começam a

se formar e se fortalecer, basicamente por meio de lojas de departamentos, que

buscam sua independência e liberdade de concorrência, determinando suas próprias

estratégias e políticas próprias de comercialização e de marketing.


22

De acordo com Crispim21 , no Brasil o varejo desenvolveu-se a partir

dos seguintes períodos:

- 1910 a 1940 - lojas gerais

- 1920 a 1950 - lojas de linhas limitadas

- 1930 a 1960 - lojas especializadas

- após 1930 - lojas de departamentos

- após 1953 - supermercados

O aumento da competição entre os fabricantes e a diversificação de

linhas e quantidade de novos produtos que as empresas desenvolvem geram um

sobreabastecimento, e os varejistas passam a ter cada vez menos dependência de

um único fabricante, ao mesmo tempo em que as prateleiras se tornam pequenas

para tantos tipos de produtos. As grandes redes de varejo se fortalecem e passam a

rivalizar com os fabricantes a primazia de atender e formar uma imagem junto ao

consumidor final.

2.5 - A Evolução das Relações de Poder entre a Indústria e o Varejo

Embora busquem o mesmo objetivo; conquistar o consumidor final, e

para tal tarefa necessitem um do outro, tanto os produtores como os varejistas

sempre buscaram otimizar seus ganhos individuais em suas negociações,

estabelecendo-se uma situação de conflito nas relações.

21
CRISPIM, Sergio Feliciano A importância do marketing estratégico no varejo e a evolução estrutural
do auto varejo brasileiro de bens de magazines Tese de Doutorado em Administração FEA-USP São
Paulo ; 1994 p. 113
23

O conflito pode ser visto como positivo no processo pois segundo

Gattorna22, “o conflito ao menos significa que o relacionamento existe e se o custo de

abandono da relação for alto, então as áreas críticas do conflito devem ser

resolvidas”.

Nestas relações de conflito, onde se deve buscar uma alternativa de

solução, o poder aparece como um forte influenciador na busca desta solução. O

poder aqui é entendido como a habilidade de controlar a estratégia de outros

membros do canal e de torná-los dependentes. Quanto mais dependente for o

membro do canal, menor será o seu poder e mais suscetível estará a conceder

favores aos desejos dos outros membros do canal.

De acordo com Pindyck e Rubinfeld, “o poder de mercado é a

capacidade que os vendedores ou compradores podem ter de exercer influência no

preço de uma mercadoria”23, e ainda segundo os mesmos autores “um mercado é

altamente concentrado quando apenas algumas empresas são responsáveis pela

maior parte das vendas que nele ocorrem”24

A este fenômeno se dá o nome de monopólio que é um mercado no

qual existe apenas um vendedor, mas muitos compradores.

O monopsônio é exatamente o oposto; é um mercado com muitos

vendedores mas poucos compradores.

22
GATTORNA, J. Channels of Distribution Conseptualisations: A state-of-the-art review European
Journal of Marketing Londres: vol 12, n. 7, p 470. 1978
23
PINDYCK e RUBINFELD. Microeconomia São Paulo, Makron, 1994 p449
24
Idem, Ibdem p. 457
24

O canal de varejo de auto serviços têm reduzido o número de empresas

compradoras, pela concentração do poder de compras nas mãos das grandes

cadeias e pela absorção de pequenas redes varejistas por estas grandes empresas.

De acordo com Pindyck e Rubinfeld; “o poder do monopsônio depende

de três condições : da elasticidade da oferta, do número de compradores atuando no

mercado e da forma de interação entre os compradores.”25

A questão básica a ser avaliada, é como se deu a mudança de poder

nas relações de negociação entre fabricantes e varejistas.

A empresa produtora, por meio de um grande volume de produção e

de reduções de preço, foi capaz de conquistar seu lugar junto ao canal de

distribuição. No entanto, quando o conjunto de empresas da indústria adota a mesma

ação, há um abastecimento excessivo do ponto de venda, tornando-se necessário

que a empresa se diferencie individualmente de tal forma que o consumidor final

identifique e procure o seu produto especificamente e não apenas o produto genérico

de qualquer outro produtor.

A marca que segundo Schewe e Smith26 é “um nome, termo, símbolo

ou desenho, ou uma combinação, que visa identificar os bens ou serviços de uma

entidade vendedora ou grupo de entidades vendedoras e para diferenciando-os dos

concorrentes”, é um elemento de diferenciação que o produtor pode estabelecer

junto ao consumidor final.

25
Idem, Ibdem p.472
26
SCHEWE, Charles D. e SMITH, Reuben. Marketing: conceitos, casos e aplicações São Paulo:
MacGraw-Hill 1982 p.208
25

A marca permite ao produtor ser reconhecido e demandado. Segundo

Stanton27, “a marca é uma forma fácil para permitir que o consumidor identifique o

produto ou o serviço. Através da marca os compradores estarão seguros que

poderão ter o mesmo tipo de produto e a mesma qualidade quando fizerem a

recompra”

Portanto, se estratégias de Marketing do produtor conseguirem criar na

mente do consumidor uma identificação única para a marca, que a distingui das

demais a ponto deste consumidor demandá-la no ponto de venda, estará

estabelecida aí uma relação favorável ao fornecedor, de influência e poder nas

negociações com o varejista.

Por meio de uma marca reconhecida o produtor pode ter um argumento

de vendas único que o diferencia do concorrente e que não está vinculado a preço.

De uma maneira geral, a marca pode expressar a forma que o

fabricante têm de conversar com o consumidor final passando sobre os ombros do

varejista e conseguindo o controle do canal de distribuição. Com sua marca, o

produtor pode estimular a demanda no final da cadeia de distribuição, originando o

chamado efeito de puxar a demanda, onde os varejistas se vêem obrigados a manter

o produto daquela marca em suas prateleiras, para atender ao consumidor final.

Este poder obtido pelo detentor de marcas fortes começa a ser abalado

em função de algumas ações da própria indústria que para manter os custos

competitivos e otimizar o uso do capital, aumenta fortemente seus volumes de

produção, o que passa a ser um expediente de risco, pois como mencionou Porter28

27
STANTON, Willian J. Fundamentals of Marketing 5ª Ed. Nova York : MacGraw-Hill 1978 p. 216
28
PORTER, Michael E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior Rio
26

“a prosperidade da industria que para manter os custos baixos necessita manter

volumes altos de ocupação da fábrica, está ameaçada, pois os volumes de demanda

de mercado podem variar e a pressão de volumes pode dificultar as negociações

com o mercado”.

Por outro lado, a intensificação de toda a indústria na estratégia de

marketing de diferenciação de produtos, por meio de novas marcas, extensões de

marcas e de novos lançamentos fez com que a quantidade de espaços disponíveis

no ponto de venda ficasse escasso para a quantidade de novas opções que estavam

sendo apresentadas.

De acordo com Martins e Blecher.29, a quantidade de lançamentos de

novos produtos no mercado dos Estados Unidos foi a seguinte:

Ano de 1970 - 1.365 produtos

Ano de 1986 - 8.042 produtos

Ano de 1991 -13.244 produtos

Ano de 1994 - 20.076 produtos

Para fixar e diferenciar a marca na mente do consumidor, as empresas

têm que investir fortemente em publicidade, propaganda e promoção e ainda assim,

em função do grande volume de veiculações a que o consumidor está exposto, não

há garantia que a verba aplicada terá efetivamente retorno pois, para cada categoria

de produto, há sempre três ou quatro marcas buscando um posicionamento

semelhante na mente do consumidor.

de Janeiro: Campus 1989 p.7


29
MARTINS, José Roberto e BLECHER, Nelson. O império das Marcas 2ª ed. São Paulo :
Negócio, 1997 – p. 25
27

Reforçando este problema de sobrecarga de informação que o

consumidor recebe Ries e Trout afirmam que :

“Nesta nossa sociedade saturada de comunicação, falar


do impacto de sua propaganda é superestimar a efetividade potencial
de sua mensagem. A propaganda não é nenhum porrete. Mais parece
uma neblinazinha muito leve envolvendo os clientes em potencial”.30

Outro fator importante que contribui para a força do varejo resulta da

adoção do auto serviço como forma de venda que permite que as lojas aumentem de

tamanho significativamente e comecem a concentrar maiores volumes de vendas em

um único ponto de venda. Segundo Weilbacher, os varejistas construíram muito

menos lojas, porém muito maiores e de auto serviço, como forma de adaptar-se aos

novos hábitos de compras dos clientes, agora dependentes dos automóveis. O

número de lojas de alimentos nos Estados Unidos passou de 327.000 em 1958 para

170.000 em 1988, sendo que o varejo independente representava em 1958, 53,5%

das lojas e em 1988 representa apenas 28,8%. 31

Este quadro demonstra que os varejistas aumentaram suas lojas e seu

espaço de exposição de produtos para absorver o esforço da indústria e estão

dispostos a aceitar novas marcas e produtos desde que tenham garantia de que o

consumidor irá procurar esta marca e comprar rapidamente os produtos, pois com a

forte concorrência entre os varejistas, as margens estão sendo cada vez mais

corroídas e não se pode ter espaços ocupados por produtos que não tenham um

bom giro e não sejam atrativos aos consumidores.

30
RIES, Al e TROUT, Jack. Posicionamento a batalha pela sua mente 6ªed. São Paulo : Pioneira,
1996. p.5
31
WEILBACHER, Willian M. Marketing de Marcas. São Paulo : Makron, 1994 p. 52-54
28

Outro aspecto relevante que têm influenciado o esforço por ocupação

de espaço na gôndola, é o lançamento por parte do varejo, de sua própria marca em

algumas linhas de produtos.

Conforme mencionado por Toledo, Neves e Machado Filho:

“As marcas próprias (private label brands) estão provocando um

impacto significativo no sistema de distribuição. Marcas próprias pode,

ser usadas para fortalecer a imagem da loja, completar a linha de

produtos ou aumentar a fidelidade dos consumidores às lojas”32

As marcas próprias de varejistas têm ganho parcela consistente de

participação de mercado, tendo crescido na Inglaterra de acordo com Souza e

Nemer 33 de 22.1% em 1980 para 31.5% em 1990 no varejo de alimentos na linha de

produtos embalados. No Brasil redes como Carrefour, Companhia Brasileira de

Distribuição, Sendas e Wal-Mart por exemplo já possuem linhas completas de

produtos com marca própria que representam entre 10% e 25% no volume de

vendas do segmento onde estão representadas.

Como as empresas produtoras estão lutando constantemente por mais

espaço para colocar seus produtos e a proliferação de marcas e suas variantes

tornam os produtos cada vez mais parecidos uns com os outros, os varejistas

começam a valorizar seus pontos de vendas e só tendem a aceitar produtos que

comprovadamente tenham um programa de divulgação e promoção, ou um desconto

para atrair o consumidor.

32
op. cit. P. 52
33
GOUVEA DE SOUZA, Marcos e NEMER, A. Marca & Distribuição São Paulo : Makron 1993 p 88-89
29

Quando não há confiança no giro do produto, os varejistas estão

vendendo o espaço na área de vendas, obrigando o produtor que pagar uma taxa

para poder colocar seu novo produto na prateleira. Outra situação difícil enfrentada

pelos fabricantes é descrita por McCarthy34 considerando a influência da quantidade

de produtos que estão expostos num grande varejista e a variedade de itens

existentes que, por vezes, resultam em quantidades individuais relativamente

pequenas; “os varejistas sentem que para alguns itens suas vendas são tão

pequenas, que não podem perder muito tempo escolhendo cada item de produto”

Esta situação demonstra que o poder de negociação que,

historicamente esteve nas mãos dos atacadistas e dos fabricantes, está passando

para os varejistas e estes começam a fortificar seu posicionamento de marketing,

buscando criar uma identidade que se sobreponha à própria imagem do produto na

cabeça do consumidor.

O fornecedor deve buscar novas formas de relacionamento para manter

as suas negociações comerciais com o cliente. Não basta apenas a ação de venda

do produto, mas é necessário concentrar-se nas ações pós venda como forma de

continuidade e de manutenção dos clientes. O marketing de relacionamento, que

busca estas interações pós venda e a manutenção dos clientes como forma de

diferenciação competitiva, e que segundo Vavra35 pode ser melhor desenvolvido a

partir da perspectiva do cliente, pois o cliente sente um desejo ou necessidade

considerável para uma interação continuada com a organização de venda.

34
McCARTHY, Jerome E.. Basic Marketing: a managerial approach 6ª ed. Illinois : Irwin, 1978 p.186
35
VAVRA, Terry G. Marketing de Relacionamento: aftermarketing – como manter a fidelidade de
clientes através do marketing de relacionamento. São Paulo : Atlas 1993 p. 32
30

Esta visão de relacionamento progressivo deve orientar os

fornecedores, em detrimento à orientação de vendas agressivas que considera o

ápice do seu esforço a efetivação da mesma e não a manutenção do cliente ao longo

do tempo.

2.6 - O Papel do Consumidor

O foco principal e o elemento decisor de Marketing é o consumidor. As

políticas e estratégias mercadológicas dos produtores ou dos varejistas são

destinadas a conquistar o consumidor final pois é seu comportamento que irá

determinar o sucesso ou fracasso de um produto ou de uma estratégia de vendas.

Como foi mencionado anteriormente, as empresas produtoras investem

altos recursos desenvolvendo uma marca, buscando com isto fixa-la na mente do

consumidor e fazer com que este demande a marca todas vezes que realize uma

compra daquela classe de produto.

No entanto, à medida que as marcas e suas variantes proliferam e se

tornam cada vez mais parecidas umas com as outras, é cada vez mais difícil para o

consumidor identificar diferenças concretas entre os produtos, e mesmo tendo

preferências, estará disposto a realizar trocas de marcas, quando sua marca

preferida não estiver presente ou quando uma boa oferta de preço ou promoção de

vendas o atraia para o concorrente.

Em sua análise do comportamento do consumidor Weilbacher36 afirma

que:

36
IDEM, Ibdem p15
31

“Os próprios consumidores, frente a um crescente fluxo de marcas e suas


variações cada vez mais parecidas, não estão dispostos a pagar um
diferencial de preço por uma marca que é muito parecida com suas
concorrentes. Como a maioria das marcas dentro de uma categoria de
produto são, agora, mais ou menos parecidas, o consumidor, em
decorrência, faz sua escolha com base em promoções de preço, sob a
forma de cupons, ofertas promocionais, descontos de fábrica e outras
ações visando o consumidor. O profissional de marketing não consegue
mais controlar os preços pagos pelos consumidores pelas marcas que
são oferecidas e, portanto, o marketing não pode mais livrar essas
marcas da competição de preços, de margens operacionais flutuantes e
decrescentes e dos lucros reduzidos”

Reforçando essa afirmação Barili37 demonstra que “..o Inra, um instituto

americano pesquisou as opiniões de consumidores em 37 países, e de acordo com

esta pesquisa, sete em dez entrevistados afirmam que o mais importante em uma

marca é que tenha uma boa relação custo-benefício”

Ainda falando sobre esta característica do comportamento do

consumidor, Lobos38 destaca alguns dados de pesquisas realizadas:

“Segundo estudo do Instituto Gallup, em 1996 um terço dos


consumidores americanos trocou mais de marcas que no ano
anterior. A migração focou principalmente as chamadas marcas
próprias......pesquisa da Fundação Instituto de Administração da USP
revelou em 96 que mais de 40% dos consumidores das Classes A
(41,1%), B(53,4%) e C(47,1%) apontam o preço como fator decisivo
na compra em supermercados....”

A relação preço-qualidade está cada vez mais presente no processo de

decisão de compra do consumidor que busca maximizar o custo-benefício da

aquisição que está realizando.

37
BARILI, Domenico. A Contramão do Marketing: o medo da indústria de marca São Paulo : Siciliano
1977 p.13
38
LOBOS, Júlio Pensando Global: Fatos & Dados. São Paulo: Instituto de Qualidade, 1945 p.69-70
32

O varejo têm contribuído muito para reforçar este comportamento do

consumidor, pois a alta concorrência que se estabelece entre as grandes

corporações varejistas, faz com que haja uma pressão muito forte sobre os preços

de venda final, uma vez que os produtos com marcas são os mesmos e portanto,

restam ao varejista multimarca de produtos de consumo poucos fatores

diferenciadores além do preço.

Este comportamento do consumidor terá forte influência nas relações

entre produtores e varejistas pois, embora a marca continue sendo importante no

processo de decisão de compra, cada vez é menos determinante, perdendo em

importância para outros fatores como preço, promoções e presença no ponto de

venda.

Analisando a tendência de comportamento do consumidor Codeluppi e

Webber39 listam 10 fatores importantes que irão influenciar as decisões e hábitos de

compra:

- Mudança de Papéis – mudança de responsabilidades nos casais (ex. a mulher

passa a ser a provedora do lar e o homem se concentra nas tarefas domésticas)

- Individualismo – demanda por produtos e serviços destinados à pessoa,

personalizados; em detrimento dos produtos de massa

- Identidade Própria – decorrente do individualismo, demanda por produtos que

permitam ao indivíduo expressar sua identidade.

39
CODELLUPI, V. e WEBER,D. apud Davies, Gary I Trade Marketing Strategy London : Paul
Chapman, 1993 p109
33

- Conveniência – como tempo têm se tornado um recurso escasso, os

consumidores estarão dispostos a pagar mais por produtos ou serviços que

poupem tempo.

- Simbologia do Estilo de Vida – os produtos que transmitem status, serão

preteridos aos que transmitem estilo, embora isto seja mais difícil de expressar.

- “Necessidade de pertencer a” - é o contraponto do individualismo, a necessidade

de pertencer a um grupo que é definido mais em função das atividades do que

pelo nível de renda

- Saúde – a preocupação com a vida saudável será cada vez maior, principalmente

considerando que a sociedade em geral está envelhecendo

- Consumerismo – a consciência dos direitos e a exigência de que sejam

cumpridos será cada vez mais forte nos consumidores

- Contexto – o reconhecimento de que a mesma pessoa pode agir de forma

diferente em contextos diferentes e portanto ser um consumidor de tipo diferente.

- Poligamia com Marcas – a lealdade a uma marca será substituída pela lealdade a

um grupo de marcas já que os indivíduos se tornarão mais seletivos mas ainda

manterão certas preferências.

Esta tendência de poligamia com marcas terá forte influência sobre o

varejo, uma vez que este poderá administrar substituições de marcas sem afetar a

atratividade de seu ponto de venda. Ao estar mais próximo do consumidor final e

interagir diretamente no processo de compra, o varejista pode ter melhores

condições de reagir às suas demandas e exigir da indústria um comportamento

similar que atenda a estas demandas.


34

O varejo assim, poderá liderar o processo de atender aos desejos do

consumidor, orientando a indústria sobre as necessidades de mercado e definindo os

grupos de marcas que manterá disponíveis em função de seus interesses nas

negociações individuais com as empresas produtoras.

O consumidor com o seu comportamento instável favorecerá o varejo

no estabelecimento do poder de negociação entre os varejistas e os produtores.

2.7 - O conceito de Trade Marketing

A mudança ocorrida nas relações entre varejistas e produtores, com o

aumento de poder dos varejistas nas negociações e o aumento de sua influência no

processo de decisão de compra dos consumidores finais, obriga as empresas

produtoras a adotar um novo foco nas suas estratégias de marketing dirigidas ao

consumidor final.

O marketing mix ou composto de marketing utiliza como ferramentas do

gestor de marketing, o produto, o preço, a promoção e o ponto de venda; variáveis

que ele pode controlar e administrar para atingir o consumidor final.

Na visão do Trade Marketing, o cliente varejista não pode ser encarado

como um canal de passagem para o consumidor final, mas sim como um cliente,

como um consumidor que é independente, que têm seus desejos e necessidades e

que deve ser conquistado para que dê preferência ao produto da empresa frente ao

produto da concorrência.

Esta decisão de ver o varejista como um cliente e não como um canal

de distribuição representa uma mudança significativa na orientação do produtor.

Frases como “gerenciamento do canal de distribuição” pressupõem que o produtor


35

detém a posição de poder e que pode se impor como líder no processo de

distribuição, o que hoje é cada vez menos verdade.

Palavras como “intermediário” não são apropriadas para descrever o

varejista atual, uma vez que pressupõe um paradigma de marketing, onde o varejista

deverá aceitar que o produtor determine os produtos que irão ser comercializados no

canal de distribuição. Isto representa uma realidade cada vez menos presente nos

mercados de produtos de consumo com marca.

Os varejistas deixaram de ter uma escolha limitada para as linhas de

produtos que comercializavam, e passaram a ter um grande número de opções na

maioria das linhas, podendo assim exercitar seu poder de seleção. Embora as

motivações de compra destes varejistas possam ser menos emocionais que as de

um consumidor final, as ações de marketing serão aplicáveis da mesma forma e são

essas ações de Trade Marketing, que as empresas produtoras podem utilizar para se

diferenciar dos concorrentes.

2.7.1 - Promoção
40
De acordo com Davies , no mercado de produtos de consumo de alto

giro principalmente em alimentos, têm se debatido muito onde o orçamento de

comunicação e promoção deve ser alocado.

Tradicionalmente as verbas eram aplicadas em ações de propaganda

dirigidas ao consumidor final, com o objetivo de criar uma demanda de mercado.

Esta ação assumia que a existência da demanda seria suficiente para encorajar o

varejista a comprar os produtos.

40
DAVIES, Gary I. Trade Marketing Strategy London: Paul Chapman, 1993 p.187-188
36

Durante os anos 90 a proporção destes gastos dirigidos aos

consumidores finais perdeu espaço para as promoções feitas com os varejistas ou

nos pontos de venda. Dos 100 bilhões gastos pelas empresas produtoras

americanas em campanhas de comunicação em 1987, dois terços foram aplicados

em incentivos para os atacadistas e varejistas para estocar e promover produtos.

De acordo com Johnson41 , a ação do “push(empurrar)” Marketing, com

o objetivo de dar incentivos aos varejistas, se tornou a norma em muitos setores

substituindo a ação do “pull(puxar)” Marketing, que visava a ação junto ao

consumidor final.

Freqüentemente o produtor têm que oferecer descontos apenas para

conseguir um lugar na prateleira. Na França os hipermercados começam a se

considerar apenas como locatários de espaços de prateleiras. Estas promoções

dirigidas exclusivamente aos varejistas, tem um risco para o qual alertam Curhan e

Kopp42, de serem efetivas nas negociações com os varejistas e aumentarem as

vendas no curto prazo, porém os descontos e as promoções não melhoram a

imagem do produto e da marca junto ao consumidor final, contribuindo para que os

consumidores se tornem mais leais ao ponto de venda do que ao produto.

As ações de comunicação devem continuar a ser realizadas junto ao

consumidor final, como forma de manter a imagem e o desejo pelo produto, mas

devem considerar a influência dos varejistas no processo e avaliar o que deve ser

aplicado no ponto de venda propriamente dito por meio de descontos ou de

41
JOHNSON, W.C. apud . . . . p. 188
42
CURHAN, R.C. e KOPP, R.J. Obtaining Retailer Support for Trade Deals, Journal of Advertising
Research, vol. 27, n. 6, p.51
37

campanhas nas revistas destinadas ao setor, e o que deve ser destinado ao

consumidor final por meio de ações de promoção no ponto de venda.

2.7.2 - O papel da força de vendas

A mudança do papel da força de vendas devido à centralização e

concentração dos varejistas, já vem sendo notada a algum tempo. De acordo com

Grant43, o vendedor tinha uma grande influência dentro de uma loja de varejo. Esta

influência ainda se mantém em alguns setores e particularmente nas pequenas lojas

independentes porém, nas grandes redes e cadeias de lojas que são responsáveis

pelos grandes volumes, sua influência diminui significativamente.

Muitos destes grandes varejistas não permitem a interferência dos

vendedores nas lojas, chegando a proibir o contato direto com os funcionários de

vendas.

Na Inglaterra as equipes de vendas dos produtores têm diminuído em

tamanho, entre 1977 e 1987 foram reduzidas em um terço no setor de produtos

alimentícios. Em compensação aumentou a quantidade tanto de “gerentes de

contas” que são responsáveis por atender os grandes clientes, não apenas no

processo de vendas, mas numa visão ampla de serviços e atendimento, quanto de

promotores que têm a responsabilidade de garantir a correta exposição do produto

no ponto de vendas e de destacar suas promoções.

Na Inglaterra uma equipe típica de vendas de uma empresa produtora

de alimentos é formada por um pequeno grupo central altamente especializado que

43
GRANT, A . apud Davies, Gary I. Trade Marketing Strategy London: Paul Chapman, 1993 p 191
38

atende as grandes contas e por um grande grupo nacional, que atende as pequenas

contas, o que reflete a importância dos grandes varejistas nas vendas.

2.7.3.-Nível de Atendimento e Serviço

A rentabilidade do varejo está focada na velocidade com que os

estoques são vendidos e nas margens que são obtidas em cada produto, sendo que

esta última é fortemente influenciada pelo giro dos estoques.

Num mercado com abastecimento regular, os varejistas não necessitam

manter estoques, buscando ter o menor comprometimento e risco possível com o

capital investido em mercadorias.

O serviço oferecido pelo produtor no sentido de maximizar a relação de

risco de estoque e de margens, pode ser um diferencial positivo na conquista do

varejista.

O serviço de atendimento pode ser dividido em dois grandes itens; a

logística de abastecimento e as ações de ponto de venda para gerar demanda para

aquele produto.

A logística de abastecimento têm se desenvolvido significativamente,

uma vez que a rapidez com que os produtos giram no canal de distribuição permitem

uma economia integral de custos e portanto uma maior competitividade no preço final

ao consumidor.

Uma aplicação que começa a ser cada vez mais desenvolvida é a troca

eletrônica de dados (EDI – Electronic Data Interchange) onde, a partir de acordos de

volumes mínimos de estoques e de entregas, há uma comunicação eletrônica direta


39

entre os varejistas e produtores visando o abastecimento automático dos produtos no

ponto de venda em função de sua demanda efetiva.

O EDI otimiza a quantidade de estoque ao mínimo necessário para não

gerar perdas de vendas por faltas de produtos e ao mesmo tempo ter o mínimo de

recursos monetários aplicados nesse estoque.

É importante destacar que este tipo de controle altera a relação entre

vendedores e compradores, uma vez que o abastecimento é feito automaticamente

não sendo necessário ter negociações contínuas e tampouco o contato pessoal

contínuo para o abastecimento dos produtos.

Outro serviço a ser prestado está ligado à venda do produto ao

consumidor final onde devem ser desenvolvidas ações promocionais no ponto de

venda para tornar o produto mais atrativo.

Segundo Davies44, este nível de serviços e atendimento não é padrão,

e deverá ser adequado a cada varejista em função de sua demanda e de sua

capacidade. Considerando que as vendas aos grandes varejistas são significativas

nos volumes realizados pela empresa, é fundamental que seja medido o custo de

servir a cada organização varejista, pois isto afetará diretamente a margem de

rentabilidade e deve portanto ser considerado na formulação do preço e na avaliação

da atratividade do negócio com aquele varejista em particular.

44
op. cit. p.175-178
40

2.7.4 - Estratégia e Desenvolvimento de Produtos

Na formulação da estratégia e desenvolvimento de produtos devem ser

consideradas além da atratividade ao consumidor final, a possibilidade de tornar os

produtos atrativos junto aos varejistas.

Ao desenvolver o produto devem ser levados em consideração

aspectos da comercialização e exposição do produto no ponto de venda bem como

aspectos do número de competidores, número de marcas e de linhas existentes e

grau de saturação do segmento.

O processo de inovação de um produto deve ser avaliado sob o ponto

de vista da empresa e sob o ponto de vista do mercado. De acordo com

Gruenwald45, existe uma hierarquia de inovação de novos produtos que considera:

-pequenas alterações realizadas no produto que são reconhecidas

apenas pela própria empresa

-alterações de embalagem ou pequenas alterações técnicas de sabor

ou cor que são intrínsecas ao produto e que não representam uma novidade para o

segmento

-novos produtos para a empresa que entra em segmentos já existentes

no mercado

-inovações reais para o mercado, onde existe uma ruptura de

tecnologia ou uma inovação de uso, algo que o consumidor desconhecia e que não

estava sendo aplicado ou utilizado de outra forma ou por outro produto existente no

mercado.

45
GRUENWALD, George. New product development: responding to market demand 2ª ed. Illinois:
NTC ,1992, p.30-41
41

O grau de atratividade da inovação para o varejista estará ligado ao

nível de inovação que o produto apresenta para o mercado, sendo que será mais

difícil convencer o varejista a adotar um produto que já têm similares ou que

representa apenas pequenas alterações ou variações do produto já existente.

Ainda segundo o mesmo autor, outro aspecto que deve ser considerado

no desenvolvimento é a otimização da utilização do espaço de venda e de

abastecimento, que incluem tópicos tais como:

- Qual deveria ser a quantidade ideal de itens por caixa de transporte ?

- A caixa de transporte pode ser reaproveitada como display ?

- Esta embalagem é adequada aos espaços da prateleira ?

- O design da embalagem permite uma correta exposição ?

- Qual é o tempo de validade do produto na prateleira ?

- Como podem ser organizadas as devoluções ?

- Qual a dificuldade em manipular este produto?

A lista pode ser longa, mas o ponto principal é que as condições de

comercialização com o varejista devem ser consideradas no desenvolvimento do

produto.

Não basta portanto desenvolver o produto com o foco voltado apenas

para o consumidor final, é necessário desenvolve-lo considerando o grau de

atratividade que o produto terá junto ao varejista, em termos de inovação e em

termos de potencial de negócios.


42

2.7.5 - Aspectos de Negociação

Considerando que o poder está tendendo ao varejista nas relações de

negociação, é natural que haja uma forte pressão por preços e descontos na

comercialização dos produtos.

Embora o preço sempre seja um item importante na negociação, não é

o único e cabe ao produtor buscar novos itens a serem negociados que permitam

diminuir o foco sobre o mesmo. É importante lembrar que a redução de preço obtida

na compra pode não ser repassada para a venda, o que não influenciará os volumes

vendidos ao consumidor final e portanto beneficiará apenas o varejista.

Stern, El-Ansary e Coughlan46 recomendam uma ação do produtor em

tempos de demanda reprimida, negociando descontos com os varejistas mas

certificando-se de que as reduções serão repassadas aos consumidores finais como

forma de incentivar a demanda.

O produtor deve procurar colocar em negociação fatores de não preço

que sejam atrativos ao varejista tais como:

- fornecer um produto exclusivo ou de marca própria

- otimização logística para reduzir o nível de estoques

- Exposição do produto diferenciada para destacar o varejista

- Campanhas promocionais conjuntas

- Atendimento de ponto de venda, com promotores e repositores

- Treinamento para a equipe do varejista

- Política de devolução de produtos não vendidos

46
STERN, Louis W., EL-ANSARY, Adel I. e COUGHLAN, Anne T., Marketing Channels 5ª ed.
New Jersey: Prentice Hall , 1996 p.353
43

O produtor deveria ter como estratégia a construção de um

relacionamento durável e positivo, servindo-se de negociadores bem treinados e

dedicados a determinados clientes, os chamados gerentes de contas especiais, que

entendam do negócio de varejo e saibam fazer propostas atrativas aos olhos dos

varejistas. O produtor procurará sempre manter uma superioridade na negociação,

mas quando isso não for possível deveria evitar o conflito e buscar a negociação por

meio da cooperação.

A estratégia de marketing de uma empresa deve considerar que para

poder negociar e ser vitoriosa com o consumidor final, precisa antes negociar e ser

vitoriosa com o varejista.

2.8 - O papel da função de Trade Marketing

A função de Trade Marketing não é totalmente nova pois as

organizações de venda já reconhecem a importância dos principais clientes, que

representam uma alta participação no faturamento e algumas já desenvolveram a

função do gerente de contas especiais para atendê-los. A novidade está na forma

como este atendimento está sendo realizado; com ações mais técnicas e objetivos

específicos de participação e rentabilidade por cliente.

Os “Trade Marketers” são gerentes de negócios e não apenas

vendedores; são consultores, planejadores e principalmente pessoas com um

profundo conhecimento de seus clientes.

Dominam todas as informações financeiras e de marketing necessárias

para otimizar o volume de vendas de suas linhas de produtos, entendendo o

posicionamento de mercado e as necessidades de seus clientes varejistas.


44

Esta função de Trade Marketing têm uma área de conflito com a função

de gerente de produto, uma vez que a ação esperada do homem de Trade Marketing

é a de coordenação; unindo os vários aspectos das atividades comerciais e de

marketing, o que também é recomendado ao gerente de produtos, que segundo

Santos47, têm dentre as suas atribuições a de planejar os programas de marketing

abrangendo a definição de objetivos, a linha de produtos e embalagens, a estratégia

de marketing, os preços, a propaganda e promoções de vendas e as metas de lucro.

As áreas de relacionamento do gerente de produtos são várias; dentre

as detalhadas por Mattar e Santos48, convém destacar as interações com as áreas

de vendas e de distribuição física, com o objetivo de tratar assuntos relativos à

previsão de vendas, análise do desempenho de vendas, estratégias de vendas,

prazos de entrega, posições de estoque e pedidos entregues.

Como pôde ser visto, tanto o Trade Marketer quanto o Gerente de

Produto acabam tendo funções e atividades similares porém, enquanto o primeiro

têm como público prioritário o cliente varejista, o segundo têm o consumidor final

como seu público principal.

47
SANTOS, Dilson G. . O papel do gerente de produto em empresas brasileiras produtoras de bens
de consumo Dissertação (Mestrado em Administração) – FEA-USP São Paulo, 1982 p.63
48
MATTAR, Fauze N. e SANTOS, Dilson G. Gerência de Produtos : Como tornar seu produto um
sucesso São Paulo : Atlas : 1999 p. 33
45

2.8.1 - Os atributos do Trade Marketer

Em função da abrangência de suas atividades, o responsável pela área

de Trade Marketing deveria ter uma visão multidisciplinar e capacidade para

desenvolver um forte poder de interação social e negociação.

Em sua atividade diária, sob o ponto de vista da empresa, estará

lidando com diversos assuntos relativos à área de marketing tais como; produto,

promoção, material de ponto de venda, comportamento do consumidor e preços;

tratará ainda de aspectos de logística de entregas, de programação de produção, de

finanças, de administração de vendas e outros.

Sob o ponto de vista do cliente, estará trabalhando com assuntos

relativos a exposição de produtos, giro de estoques, margens de rentabilidade,

motivação da equipe de vendas do cliente, promoções e campanhas de vendas,

dentre outros.

Em suas atividades diárias, será um solucionador de problemas,

buscando a harmonia e o relacionamento duradouro com o cliente por meio de

negociações que conduzam à cooperação e não ao conflito.

A lista de atributos do gerente de Trade Marketing de acordo com

Davies49, é a seguinte:

- Capacidade de construir relacionamentos duradouros ao longo do tempo.

- Nível intelectual elevado, normalmente com grau universitário

- Um estrategista de negócios, com domínio numérico e financeiro


46

- Excelente apresentação e habilidades de relacionamentos interpessoais

- Consegue desenvolver relacionamentos pessoais

- Orientado para prestação de serviços

- Entende do “negócio” varejo

- Entende as motivações de compra dos varejistas

- Capacidade de coordenar as diversas atividades e funções dentro de sua

empresa, voltando-as para o atendimento das necessidades dos varejistas

- Criativo e perseverante

- Capacidade de influenciar os altos níveis da organização tanto do produtor como

do varejista.

2.9 - Os Elementos do Trade Marketing Mix

O Trade Marketing mix assim como no Marketing Mix, é um termo

utilizado para descrever a combinação dos elementos e ações que aplicados,

constituem as principais ferramentas da empresa na aplicação do conceito de Trade

Marketing.

O Trade Marketing reconhece o varejista como um cliente que deve ter

seus desejos e necessidades satisfeitos, e acaba considerando a somatória dos

varejistas como um mercado a ser conquistado. Existe sempre o risco de que ao

concentrar-se demasiadamente no varejo a empresa deixe de acompanhar a

49
op. cit , p 196
47

evolução do comportamento do consumidor final, o que a longo prazo poderia

prejudicar significativamente a competitividade da empresa produtora.

O Trade Marketing não compete com a visão da empresa voltada para

o consumidor final, mas atua como um complemento importante para auxiliar e dar

suporte aos objetivos de marketing da empresa dirigidos ao consumidor final.

A empresa que têm uma atividade de Trade Marketing desenvolvida,

olha para o consumidor final por meio da lente do cliente varejista e procura otimizar

os dois relacionamentos.

Analogamente ao marketing voltado para o consumidor final, o Trade

Marketing também têm seu composto ou mix de elementos que devem ser

administrados em conjunto para atingir os objetivos propostos.

Segundo Davies50, os elementos que compõem o Trade Marketing mix

são os seguintes:

- Promoção – onde o principal objetivo é conseguir o balanceamento entre a

promoção do produto no ponto de venda e as promoções gerais de preço,

buscando ainda o equilíbrio com a propaganda dirigida ao consumidor final, para

construir a imagem da marca e do produto.

- Vendas –substituição dos vendedores por Trade Marketers nos principais

clientes, que têm uma alta participação no faturamento.

- Serviço – é o principal elemento de negociação e atendimento, normalmente

existirão diferenças entre o que o varejista deseja e demanda e o que o produtor

pode efetivamente fornecer

50
Idem, Ibdem . P 187
48

- Produto – procurar diferenciação por meio da inovação ou de produtos dedicados

ou exclusivos que ajudem o varejista a manter seu nível de competitividade

- Preço – a concentração neste item como o principal ponto de negociação deve

ser evitada, buscando ampliar o conceito para o valor dos produtos e serviços

oferecidos.

- Presença de Mercado – buscar a otimização da presença no ponto de venda

destinando recursos em função das necessidades demandadas por cada cliente

- Resultados e Rentabilidade – o resultado total da empresa é obtido pela

somatória dos resultados individuais, e portanto o custo de atendimento e as

margens obtidas em cada cliente devem ser apuradas; devendo ainda ser

estabelecidos objetivos individuais de margem e rentabilidade para cada cliente e

não apenas de volumes de vendas.

O Trade Marketing considera cada cliente como um mercado e a

aplicação dos elementos de seu composto será utilizada para maximizar a

participação e a lucratividade em cada cliente individualmente.

Nesta mesma linha de desenvolvimento conceitual, Randall51 utiliza os

4P’s (Produto, Preço, Promoção e Ponto de Venda) do marketing mix e os aplica ao

Trade Marketing :

- PRODUTO

- deve ser considerado com uma visão ampliada da Marca, uma vez que a

importância desta junto ao consumidor final é que determinará o nível de

influência do produtor sobre o varejista.

51
RANDALL, Geoffrey. Trade Marketing Strategies: The Partnership Between Manufacturers, Brands
and Retailers. 2ª ed. London: Butterworth-Heinemann , 1994, p. 152
49

- Na concepção do Trade Marketing o papel do varejista deve ser levado em

consideração a partir da concepção do produto; avaliando como este novo

produto ou marca se adequa à política dos principais clientes, qual o espaço

de gôndola que irá ser necessário, qual a margem de rentabilidade que será

gerada, qual a embalagem de venda e transporte será mais adequada, quais

as demandas em termos de suporte ao ponto de venda serão exigidas pelos

clientes, como é a adequação frente às características de concentração e

tamanho da carteira de clientes ?

- PREÇO –

- o preço continuará a ser um ponto crítico da negociação, e somente a

importância da marca junto ao consumidor final, é que poderá diminuir um

pouco a influência deste item no processo de negociação.

- O produtor deverá orientar a negociação para o valor que está sendo

oferecido ao cliente por meio de: entregas especiais, diminuição de

manuseio e abastecimento contínuo, dentre outras ações que o beneficiem

em termos de redução de custos.

- Para efeito de apuração dos resultados obtidos através dos preços

estabelecidos na negociação, deverá ser feito um controle de todos os gastos

realizados em cada atividade, considerando os custos dos benefícios

oferecidos e alocando-os junto ao resultado dos produtos negociados.

- PROMOÇÃO –

- a avaliação dos gastos de comunicação e promoção deve considerar as

demandas e necessidades do ponto de venda.


50

- Quanto mais forte a marca for junto ao consumidor final, menor será a

necessidade de aplicar verbas de promoção junto aos varejistas, permitindo

um gasto maior junto ao consumidor final.

- Quando a marca ou o produto não têm um forte apelo de imagem junto ao

consumidor final, é necessário aumentar a proporção de gastos com

campanhas promocionais junto ao varejista e ao ponto de venda.

- PONTO DE VENDA –

- a relação e o posicionamento junto ao mercado varejista deve ser entendido

em seus aspectos mais amplos; a inter-relação entre marketing, vendas,

logística, manufatura, compras e desenvolvimento de fornecedores, deve ser

entendida e assimilada por toda organização.

- A estrutura do mercado varejista quanto à importância dos participantes, seus

papéis e concentração devem ser avaliados e contemplados na estratégia de

posicionamento da empresa no mercado.

Os elementos do Trade Marketing mix permitirão que a empresa

aplique e desenvolva uma política de mercado voltada para o consumidor final, por

meio do desenvolvimento de suas relações de negócios com os varejistas.

2.10 – Operacionalização do Sistema de Trade Marketing

A aplicação dos conceitos de Trade Marketing na organização

pode ser feita formalmente com a formação de uma estrutura que contemple a

função específica de Trade Marketing, junto às funções de vendas e marketing ou

produto; ou de maneira informal com o estabelecimento das ações de vendas e

marketing e do gerenciamento de contas especiais.


51

Segundo Randall52 a organização pode ser formada com

BUSINESS TEAMS, que são grupos formados com a participação de diversos

setores para estudar um projeto ou negócio específico, e por gerentes de contas

especiais ou nacionais e de categorias, que são funções responsáveis por um grupo

pequeno de clientes especiais. As políticas estariam sendo estabelecidas pelo grupo

de trabalho, e os gerentes de contas teriam autonomia para tomar decisões táticas

de acordo com as políticas estabelecidas.

Mesmo para diferentes modelos de organização, deveriam ser

atendidos os seguintes critérios: foco no consumidor, foco no cliente, busca da

solução dos problemas do cliente e do benefício da organização, um objetivo realista

de prestar um serviço diferenciado e um objetivo realista de melhorar a rentabilidade

do negócio do varejista e da empresa.

Para a operacionalização do sistema de Trade Marketing a empresa

deverá atuar de forma diferenciada, voltada para o cliente em suas diversas áreas:

- PRODUTOS

- O sistema de informações de mercado utilizado para o desenvolvimento de

produtos deverá contemplar informações sobre a estrutura dos canais de

distribuição e sobre as demandas dos principais clientes

- O desenvolvimento de produtos deverá considerar as relações comerciais e o

posicionamento de mercado dos principais clientes

- A prestação de serviços ao cliente deverá fazer parte dos objetivos que os

novos produtos devem atender

52
Idem, Ibdem p. 133-134
52

- O lançamento dos novos produtos deverá definir em quais clientes deve ser

efetuada a venda e quais os serviços de apoio que devem ser agregados.

- Deve ser estabelecido um posicionamento de produtos por cliente.

- PREÇOS

- A política de preços deverá ser definida por segmentos de canais de

distribuição, considerando a competitividade entre os varejistas de um mesmo

nível e o nível de serviços demandado

- O custo dos produtos deve considerar os serviços demandados pelos clientes

na composição de formação do preço de venda.

- PROMOÇÃO

- A estratégia de comunicação e promoção de um produto deverá considerar as

ações voltadas ao consumidor final , as ações voltadas aos varejistas e as

demandas dos principais clientes, bem como as operações conjuntas de

comunicação.

- As despesas de promoção deveriam ser avaliadas em função de cada cliente

e do seu potencial de vendas

- A alocação dos recursos de propaganda e promoção deveriam avaliar a

imagem do produto junto ao consumidor final e sua importância para o

varejista. No curto prazo, quanto menor o reconhecimento do produto junto ao

consumidor final, maior será a necessidade de alocação de recursos em

campanhas junto aos varejistas.

-EQUIPES DE VENDAS

- As equipes de vendas serão formadas em função das características e perfil

dos varejistas e da estruturação e concentração do canal de distribuição.


53

- Uma equipe diferenciada de vendedores seria designada para atender os

varejistas com maior potencial de compras, com o intuito de desenvolver os

negócios com os clientes e não apenas realizar as vendas

- Os vendedores especiais ou gerentes de contas que atenderão os grandes

clientes, deverão estar buscando o aumento de vendas para os consumidores

finais por meio de seus clientes, e não a venda para os clientes.

- O foco dos vendedores especiais será a rentabilidade do negócio no médio

prazo e não o volume de vendas no curto prazo.

- SERVIÇOS

- Os serviços de logística e abastecimento do ponto de venda deveriam ser

desenvolvidos visando: o contínuo abastecimento do ponto de venda, a

exposição do produto na área de vendas, o manuseio e a integridade do

produto de acordo com as necessidades de mercado em geral e com as

demandas dos clientes em particular.

- Disponibilização de um sistema de informações que permita identificar em

tempo hábil a movimentação e vendas dos produtos no ponto de venda com o

objetivo de tornar a ação de abastecimento mais rápida e eficiente.

- RESULTADOS E RENTABILIDADE

- Os objetivos de posicionamento de produto, vendas e rentabilidade deverão

ser estabelecidos por cliente.

- Os resultados e rentabilidade de vendas deverão ser avaliados por cliente,

considerando não apenas as margens resultantes dos preços negociados mas

também todos os custos envolvidos no atendimento do cliente, apurando-se a

influência de cada cliente na rentabilidade da empresa.


54

As ações e a operacionalização do conceito de Trade Marketing não se

contrapõem às ações de vendas e marketing tradicionais, a sua diferenciação está

no fato de tratar o mercado de consumidores finais por meio das ações comerciais

desenvolvidas junto ao canal de distribuição em geral e aos principais clientes em

particular e em reconhecer a independência e a influência do cliente no processo de

decisão de compra junto ao consumidor final.


55

CAPÍTULO III
56

METODOLOGIA

A metodologia a ser utilizada em uma pesquisa é função do problema

objeto do estudo, sua natureza e abrangência temporal e espacial. Assim sendo, não

existe uma metodologia pré-estabelecida e sim critérios gerais que possuem o intuito

de orientar e facilitar o processo de pesquisa. Segundo Lakatos e Marconi53, o

método é formado por um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que

permite alcançar o objetivo de conhecimentos válidos e verdadeiros, com maior

segurança e economia, traçando para isso o caminho a ser seguido, detectando

erros e auxiliando as decisões do cientista.

3.1 – O Problema da Pesquisa

O mercado brasileiro têm apresentado uma forte concentração, onde

um número cada vez menor de empresas detêm fatias cada vez maiores de vendas.

Este fenômeno está presente no varejo de auto-serviço, onde se comercializam os

produtos da industria alimentícia dentre outros.

De acordo com o Censo Nielsen da estrutura do varejo brasileiro 95/96,

no período de 1989/1990 14,6% das lojas eram responsáveis por 78,5% do volume

de vendas, já no período de 1995/1996, 15,6% das lojas representavam 84,4% das

vendas. De um total de 282.435 lojas auditadas pela Nielsen em 1996, 1734 lojas ou

6% do total, foram responsáveis por 41,6% das vendas.


57

A concentração e a centralização de compras das grandes corporações de

varejo têm lhes dado maior poder de negociação, sobrepondo-se às empresas

produtoras.

Diante deste quadro, os fabricantes destes mercados têm que buscar novas

formas de gerenciamento com o canal de varejo, buscando manter seu espaço no

ponto de venda e manter sua competitividade junto ao consumidor final.

A esta nova forma de gerenciamento das relações com o canal têm se dado o

nome de Trade Marketing, um conceito novo no Brasil e que está no processo inicial

de avaliação e implantação nas empresas.

O problema desta pesquisa é verificar o conhecimento das empresas a

respeito do Trade Marketing e as ações que estão sendo tomadas na gestão

comercial para a implantação do conceito.

3.2 – O Objetivo da Pesquisa

O objetivo desta pesquisa é verificar a aplicação do conceito de Trade

Marketing pelas empresas que produzam e comercializem produtos do setor de

alimentos, em suas relações comerciais com os varejistas.

Este estudo permitirá apurar a aplicabilidade dos conceitos e levantar pontos

que mereçam ser pesquisados com maior profundidade em outros estudos.

3.3 - Métodos e Modelos de Pesquisa

53
LAKATOS, Eva e MARCONI, Marina A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, p.41
58

De acordo com Cervo e Bervian54, existem três importantes tipos de

pesquisa:

1- Pesquisa Bibliográfica – busca explicar um problema por meio de referências

teóricas publicadas em documentos, conhecendo e analisando as contribuições

culturais ou científicas já existentes sobre o assunto em questão. Sendo de

natureza totalmente teórica, é parte da pesquisa descritiva ou experimental, onde

busca informações e conhecimentos prévios acerca do assunto em análise ou

acerca de hipóteses que se pretende experimentar.

2- Pesquisa Descritiva – busca observar, registrar, analisar e correlacionar

fenômenos ou fatos, sem contudo interferir no ambiente analisado. É utilizada

principalmente nas Ciências Humanas e Sociais, abordando dados e problemas

possíveis de serem estudados e não registrados em documentos. Podem ser

realizados de formas diversas, entre as quais:

. estudos exploratórios – recomendável quando existe pouco conhecimento

sobre o assunto a ser estudado

. estudos descritivos – análise e descrição das características, propriedades ou

relações existentes na comunidade, num grupo específico ou na realidade

pesquisada.

. estudo de caso – analisa os vários aspectos de um indivíduo específico,

família, grupo ou comunidade.

54
CERVO, Amado e BERVIAN, Pedro A.. Metodologia Cientifica para Uso dos Estudantes
Universitários. São Paulo: McGraw-Hill, 1983. P. 53-59.
59

. pesquisa de opinião – objetiva fornecer elementos à tomada de decisão, tais

como: atitudes, pontos de vista e preferências, que as pessoas possuem sobre

determinado problema.

3 – Pesquisa Experimental – manipula diretamente as variáveis relacionadas com o

objeto de estudo para determinar a maneira e as causas do fenômeno estudado.

Praticamente seguindo a mesma linha de pensamento, Selltiz, Deutsch

e Cook55, afirmam que a escolha de um método de estudo depende de seu objetivo,

tendo os seguintes estudos que podem ser realizados:

1- Estudos formuladores ou exploratórios : quando se deseja a familiarização com o

fenômeno ou conseguir nova compreensão dele, o que exige um planejamento de

pesquisa suficientemente flexível para permitir a consideração de muitos

aspectos diferentes de um fenômeno.

2- Estudos descritivos – quando se pretende apresentar, de um modo preciso, as

características de uma situação, um grupo ou um indivíduo específico e quando

se deseja verificar a freqüência com que algo ocorre ou com que está ligado a

alguma coisa

3- Experimentos : quando se deseja verificar uma hipótese de relação causal entre

variáveis.

Com relação aos estudos exploratórios, muitos deles têm como objetivo

a formulação de um problema para investigação mais exata ou para a criação de

hipótese. Ainda segundo esses autores, “no caso de problemas em que o

55
SELLTIZ, Jahoda; DEUTSCH, Morton & COOK, Stuart W. ,Métodos de pesquisa nas relações
sociais. São Paulo: Pedagógica Universitária – EPUSP, 1974 p.59-60
60

conhecimento é muito reduzido, geralmente o estudo exploratório é o mais

recomendado” 56 Este tipo de estudo pode ter outras funções, tais como:

- aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenômeno que deseja

investigar em um estudo posterior, mais estruturado, ou da situação em que

pretende realizar tal estudo

- o esclarecimento de conceitos

- o estabelecimento de prioridades para futuras pesquisas

- a obtenção de informação sobre as possibilidades práticas de realização de

pesquisas em situações de vida real

- a apresentação de um recenseamento de problemas considerados urgentes por

pessoas que trabalham em determinado campo de relações sociais.

Segundo Mattar57, os estudos exploratórios apresentam entre outras as

seguintes funções:

- permitir que o pesquisador se familiarize com o assunto e aumente o

conhecimento de um fenômeno ou situação

- ajudar no desenvolvimento ou criação de hipóteses explicativas de fatores a

serem verificados em futuras pesquisas

- classificar conceitos

- verificar se pesquisas semelhantes já foram realizadas, quais os métodos

utilizados e quais os resultados obtidos.

Falando ainda sobre a pesquisa exploratória, Mattar afirma que:

“...uma forma de aprofundar o conhecimento de problemas não


suficientemente definidos é através de estudos de casos selecionados. É

56
Idem, Ibdem p 61
57
MATTAR, Fauze N.. Pesquisa em Marketing. Vol. 1 São Paulo: Atlas, 1993, p.85
61

um método muito produtivo para estimular a compreensão e sugerir


hipóteses e questões para a pesquisa. O método do estudo de casos
pode envolver exames de registros existentes, observação da ocorrência
do fato, entrevistas estruturadas, entrevistas não estruturadas, etc....
Como o estudo de caso é um método de pesquisa exploratória, convém
novamente lembrar que o seu objetivo é o de gerar hipóteses e não de
verificá-las, além de possibilitar a ampliação dos conhecimentos sobre o
problema em estudo.”58

De acordo com Castro59, diante dos problemas desconhecidos pode-se

observar o todo de forma incompleta (estudo do universo) ou procurar conhecer bem

uma pequena parte deste todo, mesmo que não se saiba quanto ela é representativa

do universo. A isto se chama “Estudo de Caso”.

Ao definir o estudo de caso, YIN afirma que este método é uma das

maneiras entre tantas outras de se fazer pesquisa, e o define como : “um inquérito

empírico que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto no

mundo real, que não apresenta de forma clara as fronteiras entre o fenômeno e seu

contexto, e no qual múltiplas fontes de evidências são utilizadas.”60

Considerando o pouco conhecimento que existe a respeito da utilização

do conceito de Trade Marketing pelas empresas e às dúvidas sobre a sua aplicação,

optou-se pela utilização do estudo exploratório, com a aplicação do método de

estudo de caso.

Segundo Yin61, para o estudo de caso são possíveis quatro tipos de

delineamentos, divididos em dois grupos: o primeiro refere-se ao número de casos, e

o segundo refere-se à abrangência do estudo. Dessa forma, quanto ao número de

58
Idem, Ibdem p 88
59
CASTRO, Claudio M. A prática da Pesquisa São Paulo: McGraw-Hill, 1977 p.89
60
YIN, Robert K, Case Study Research: Design and Methods Revised Edition California: McGraw Hill
1977 p.29
61
Idem, Ibdem p.32
62

casos, pode haver um único caso ou casos múltiplos; quanto à abrangência, o

estudo pode ser holístico, quando usa uma unidade de análise ou segmentado no

caso de utilizar várias unidades de análise.

Com relação ao delineamento, a pesquisa deve representar um

conjunto lógico de afirmações, que serão submetidas a quatro testes :

a) Construir Validade: estabelecer medidas operacionais corretas para os conceitos

que estão sendo estudados. Este teste é especificamente problemático em

estudos de caso. Críticos deste método afirmam que muitas vezes o pesquisador

não consegue desenvolver um conjunto de medidas suficientemente operacional

e que julgamentos subjetivos são usados para a coleta de dados.

b) Validade Interna : trata-se de uma preocupação somente para estudos causais ou

explicativos, onde o pesquisador tenta determinar se o fator “x” leva ao evento “y”,

o que não é o objetivo deste estudo.

c) Validade externa: estabelecer o domínio ao qual os resultados do estudo podem

ser generalizados. A validade externa tem sido uma grande barreira em se fazer

estudos de caso. Os críticos tipicamente dizem que casos únicos oferecem uma

base pobre para generalizações. No entanto, estes críticos estão implicitamente

contrastando a situação de pesquisa de levantamento, onde uma amostra

corretamente selecionada, representa um universo bem maior. Yin62 argumenta

que esta analogia com amostras e universos é incorreta quando se trata de

estudos de casos, uma vez que a pesquisa de levantamento baseia-se em

generalizações estatísticas, enquanto que estudos de caso baseiam-se em

generalizações analíticas.
63

d) Confiabilidade: demonstrar que as operações de um estudo podem ser repetidos,

com os mesmos resultados. Qualquer pesquisador, repetindo o mesmo estudo de

caso, não necessariamente aplicando os mesmos procedimentos, deveria chegar

aos mesmos resultados.

No passado, os maus registros de como os casos tinham sido conduzidos

levava, muitas vezes, à desconfiança da comunidade científica. Existem duas ações

indicadas para reduzir o problema da confiabilidade: o protocolo de pesquisa e uma

base de dados do estudo de caso, que serão discutidos adiante.

3.4 – Seleção do segmento a ser estudado

Com o objetivo de realizar uma avaliação consistente, embora não

abrangente, foi selecionado um segmento da indústria para ser o foco do estudo.

O segmento da indústria alimentícia foi selecionado pela sua

importância social e econômica, já que representa 9% do Produto Interno Bruto, e

apresenta ainda, condições de competitividade entre a indústria e o varejo que são

favoráveis à aplicação dos conceitos de Trade Marketing:

- as empresas produtoras de produtos alimentícios voltadas para o consumidor

final, são dinâmicas no seu processo de atuação de mercado, de lançamentos de

novos produtos e disputam continuamente espaço na área de vendas.

- O canal de distribuição desta indústria está dirigido aos supermercados e

hipermercados, que de acordo com dados da Associação Brasileira de

62
Idem, Ibdem p 43
64

Supermercados, citados por Souza e Leite63 foram responsáveis por 85% do

volume comercializado no setor em 1997.

Portanto, este setor apresenta condições favoráveis para a aplicação do

conceito de Trade marketing por parte da indústria.

3.5 – Preparação para a Coleta de Dados

O método do estudo de caso dá uma falsa impressão de ser mais fácil que

os demais, mas na verdade as exigências de um estudo de caso sobre o intelecto,

ego e emoções de uma pessoa são muito maiores que aquelas de qualquer outra

estratégia de pesquisa. Isto ocorre porque os procedimentos para coleta de dados

não são rotineiros.

De acordo com Yin64 Não há um perfil exato para se determinar quem

é um bom pesquisador de estudos de casos, mas pode-se destacar algumas

habilidades que são requeridas tais como: a capacidade de fazer boas perguntas e

de interpretar as respostas, a capacidade de ser um bom ouvinte e não cair nas

armadilhas de suas próprias ideologias ou preconceitos; a flexibilidade e adaptação

às diversas situações e a firme consciência dos pontos em estudo, sejam eles de

natureza teorética ou normativa, mesmo em um modelo exploratório.

3.6 – O Protocolo do Estudo de Caso.

63
SOUZA, Franklin M>S> e LEITE, Ana P.R. – Estratégias de Marketing no Setor Supermercadista :
Um estudo exploratório, apud FELISONI DE ANGELO, Claudio e SILVEIRA, José A. G. Varejo
Competitivo São Paulo, Atlas 1997 p. 165
64
Idem, Ibdem p. 61
65

De acordo com Yin65, o protocolo de um estudo de caso é mais do que

um instrumento. O protocolo contém o instrumento e também o procedimento e

regras gerais que devem ser seguidos na utilização destes instrumentos. Ter um

protocolo de estudo de caso é desejável sob todas circunstâncias, mas é essencial

quando se usa um delineamento de múltiplos casos.

O protocolo deve ter as seguintes seções:

a- visão geral do projeto de estudo de caso

Os objetivos da pesquisa são:

1- Levantar informações sobre as empresas e seu ambiente de mercado, para

verificar se as condições são propícias para a aplicação do conceito de Trade

Marketing.

2- Levantar como as empresas formalizam o conceito de Trade Marketing

3- Levantar como o conceito de Trade Marketing está sendo aplicado

4- Verificar a avaliação das empresas quanto à utilidade e complexidade da

aplicação formal do conceito de Trade marketing

b- procedimentos de campo

As fontes de evidência deste estudo foram as entrevistas realizadas com três

pessoas de empresas diferentes:

- Sr. Pedro Ribeiro – Diretor Comercial da Vigor Alimentos S.A.

- Sr. Paulo F.A. Striker – Gerente de Trade Marketing da Sadia S.A.

- Sr. Maurilio Vicari Novaes – Diretor de Categoria da Quaker do Brasil Ltda.

Utilizaram-se ainda relatórios e documentos destas empresas como forma de

validar e complementar os dados e informações obtidas nas entrevistas.

65
idem, ibdem
66

Em função da complexidade e da necessidade de interação com o entrevistado e

com as informações obtidas; as entrevistas foram realizadas pessoalmente pelo

autor, com utilização de um roteiro de entrevistas.

c- questões de estudo de caso

As questões específicas que orientaram a pesquisa e abriram as discussões do

tema estão descritas no roteiro de entrevistas que está apresentado nos anexos.

d- guia para reportar o estudo de caso

O guia para reportar o estudo de caso serão os próprios tópicos que foram

destacados no roteiro de entrevistas.

3.7 – A coleta de Dados

Há três princípios fundamentais em qualquer coleta de dados:

a) múltiplas fontes de evidência, ou seja evidência de duas ou mais fontes,

convergindo para o mesmo conjunto de fatores ou resultados

b) uma base de dados do estudo de caso – um conjunto formal de evidências

distinto do relatório final do estudo de caso

c) uma cadeia de evidências – ligações explícitas entre as questões feitas, os dados

coletados e as conclusões tiradas.

Uma das fontes de informação mais importantes para o estudo de caso

é a entrevista. No estudo de caso as entrevistas são em geral de natureza aberta.

A entrevista pode ser focada, na qual o respondente é entrevistado por

um período de tempo relativamente curto; uma hora, por exemplo. Nesses casos, as

entrevistas podem continuar sendo abertas e assumir formas de conversação, mas a


67

entrevista tende a seguir um conjunto de questões, derivadas do protocolo de estudo

de caso.

Para este estudo foram selecionadas empresas do setor de alimentos,

com produtos destinados ao público consumidor, que estejam entre as 20 maiores

empresas do setor e que produzam e comercializem produtos de marca conhecida,

dirigida para o consumidor final.

Segundo AAker66, ser conhecida é a capacidade que uma marca têm de

ser reconhecida ou recordada como integrante de uma certa categoria de produtos.

A seleção se deu por três empresas, sendo duas empresas que são

conhecidas no mercado como tendo ações muito fortes de ponto de venda e ações

de Trade Marketing; a Quaker e a Sadia; e por uma empresa que têm ações fortes

de ponto de venda, mas que não aplica formalmente o conceito de Trade Marketing,

a Leco. As três empresas atuam em segmentos do setor de alimentos que

apresentam alta competitividade de mercado.

3.8 – Limitações do Método

Como a pesquisa utilizará o método do estudo de caso, não será possível

generalizar as conclusões para o mercado como um todo e nem tampouco para

todas as empresas do setor de alimentos, ficando as conclusões restritas às

empresas pesquisadas.

Por tratar-se de estudo exploratório permitirá levantar pontos de

interesse, que poderão ser objeto de outros estudos mais específicos sobre partes

do tema central.

66
AAKER, D.A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca São Paulo: Negócios, 1988 p.64
68

CAPÍTULO IV
69

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 – FORMA DE APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise dos resultados das entrevistas e do levantamento de dados

seguirá um roteiro onde serão destacados os seguintes tópicos:

A) Dados da empresa

B) Características do mercado de atuação

C) O conceito de Trade Marketing na organização

D) Aplicação do conceito de Trade Marketing

1- Desenvolvimento de Produtos

2- Políticas Comerciais e Preços

3- Promoção e Propaganda

4- Equipe de Vendas

5- Logística e Serviços

6- Resultados e Rentabilidade

E) Processo de Implantação do Conceito de Trade Marketing.

4.2 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA LECO ALIMENTOS S.A

4.2.1 – DADOS DA EMPRESA

A VIGOR foi fundada em 1918 em São Paulo, para operar no segmento

de Leite Condensado e Leite Pasteurizado. Ao longo do tempo a companhia se


70

caracterizou pelo crescimento no setor de leite, principalmente pela expansão de sua

coleta, que viabilizaria sua tradição de distribuidora de leite na cidade de São Paulo.

Em 1982 adquire a Companhia Leco de Produtos Alimentícios, que na época

era a segunda entre as empresas de laticínios. A marca Leco é mantida até hoje,

como suporte à estratégia da empresa, de ocupar espaços no mercado.

Em 1986, faz uma joint venture com o grupo dinamarquês MD Foods, criando

uma nova empresa para a produção de queijos brancos frescos, utilizando a

tecnologia da MD.

Em 1989 adquiriu a Laticínios Flor da Nata Ltda, aumentando a capacidade de

coleta de leite e a expansão das vendas.

Em 1995 adquiriu a ROB – Refino de Óleos Brasil entrando no segmento de

óleos vegetais comestíveis (soja, milho, girassol), gorduras vegetais para a indústria

de alimentos e margarinas.

A VIGOR foi a pioneira na distribuição de leite pasteurizado na cidade de São

Paulo, iniciando estas atividades em 1925, mantendo ainda hoje a maior frota de

veículos para abastecer os pontos de venda da cidade.

A empresa têm uma linha completa de derivados de leite, tendo produtos nas

linhas de leite pasteurizado, leite longa vida, manteiga, iogurtes e queijos que

compõem um total aproximado de 70 itens na linha de produtos. Alem disso existem

outros 10 itens referentes à linha de óleos e margarinas.

A empresa atua com a marca VIGOR em todos os segmentos, tendo a

LECO como uma segunda marca em alguns segmentos e a marca FLOR DA NATA

apenas para o leite pasteurizado. No segmento de óleos atua com a marca

FRANCISCANO.
71

O faturamento atual da empresa está na ordem dos R$450 milhões.

O sistema de distribuição da empresa é composto pela: pré-venda

(auto serviço) que responde por 30% do faturamento, o “empreiteiro” que vende

diretamente às padarias e representa 35% e os “mini-distribuidores” que vendem

para os pequenos supermercados e representam outros 35%.

O sistema de distribuição é bastante pulverizado, com uma frota de

mais de 700 caminhões circulando na cidade de São Paulo e com o atendimento

direto a 90.000 lares com a marca LECO.

Existem 1200 clientes que são atendidos diretamente pelo sistema de

pré-venda. Neste canal, até como reflexo do mercado, há uma forte concentração,

sendo que os 10 principais clientes representam 10% das vendas totais da empresa;

e o Carrefour e rede Pão de Açucar representam, cada um, 10% da venda do auto

serviço.

A empresa têm a figura do Cliente Especial, que é definido pelo tipo de

loja, e se compõem basicamente de hipermercados. Há um tratamento diferenciado

para esses clientes em função do alto volume de negócios que são gerados. Em São

Paulo esses clientes chegam a representar 30% do faturamento da pré-venda com

49 lojas, e em contrapartida representam algo em torno de 60% das despesas de

vendas, em função das necessidades de promotores e serviços diferenciados.

4.2.2 – CARACTERÍSTICAS DO MERCADO

Neste mercado existem muitas marcas atuando nos diversos

segmentos. As marcas regionais têm crescido bastante e já representam 20% do

total do mercado nacional.


72

No segmento de Leite Longa Vida existem pelo menos 90 marcas

regionais que entram e saem do mercado dependendo da disponibilidade de leite.

Podem ser consideradas como concorrentes efetivas as marcas Parmalat, Paulista,

Batavo e CCPL. Os cinco maiores fabricantes de Leite Longa Vida detém 45% do

mercado. Este produto está se aproximando muito de uma commodity onde o preço

é um forte influenciador no processo de negociação.

No segmento de Iogurtes, os principais concorrentes são : Danone,

Nestlé, Parmalat, Itambé e a Paulista que têm uma linha parecida à da Vigor.

O segmento de queijos também apresenta comportamento semelhante;

muito fragmentado em termos de produtos e concorrentes regionais.

A participação da Vigor está em média em torno dos 8% de mercado,

sendo que em alguns segmentos, como o de queijos especiais, têm com a marca

DANÜBIO 45% do mercado.

Analisando o varejo, a empresa vê o segmento de auto serviço

altamente concentrado e com tendências a um aumento ainda maior desta

concentração, que fará com que uma grande fatia de mercado fique acumulada em

5 grupos; Carrefour, Pão de Açucar, Bompreço, Grupo Sonae e futuramente a

WalMart.

Esta concentração vem tornando as negociações cada vez mais difíceis

e custosas, uma vez que sempre se busca uma conciliação nos pontos de conflito.

Considerando a força que as grandes redes estão acumulando, a empresa busca

oferecer uma prestação de serviços diferenciada, como forma de manter o fluxo de

abastecimento ao ponto de venda e de conseguir um acordo favorável nas

negociações.
73

4.2.3 – O CONCEITO DE TRADE MARKETING

A empresa têm uma organização comercial tradicional, com gerentes

de vendas que atuam junto aos grandes mercados, e supervisores e vendedores que

atuam diretamente com os clientes.

Há na empresa a informação de que os concorrentes têm aplicado os

conceitos e formalizado a função do Trade Marketing, mas ainda não foi definido

como se trabalhará neste novo ambiente. Na realidade existe uma falta de

conhecimento efetivo sobre a amplitude, as ferramentas e benefícios do conceito de

Trade Marketing.

4.2.4. – A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

4.2.4.1- Desenvolvimento de Produtos

O desenvolvimento de produtos é fundamentado na busca de

inovações e necessidades dos consumidores. As demandas dos clientes não são

consideradas no desenvolvimento de produtos. Mesmo no caso de embalagens, são

consideradas informações de legislação e muitas vezes da equipe de vendas dos

“mini-distribuidores” e dos “empreiteiros”, mas dificilmente dos clientes.

O mix de produtos é estabelecido em parte por canal. Há alguns

produtos por exemplo, que se destinam apenas para as padarias e outros apenas

para supermercados, mas não existe uma configuração por cliente.


74

4.2.4.2 – Políticas Comerciais e Preços

A tabela de preços é estabelecida nacionalmente, com prazos de

pagamentos estipulados de acordo com o tamanho do cliente, favorecendo os

maiores. Há no máximo duas ou três condições diferenciadas de negociação.

As políticas de desconto são diferenciadas, principalmente por

imposição e demandas dos grandes clientes.

Os preços praticados não levam em consideração a competitividade

entre os clientes, estando muito mais atrelados às ações dos concorrentes da

empresa.

Os preços não consideram os custos dos serviços demandados por

cada cliente, trabalha-se com um preço médio geral.

4.2.4.3 – Promoção e Propaganda

Não há uma separação efetiva no orçamento de comunicação, dos

gastos com a propaganda do produto e com a propaganda e promoção no ponto de

venda. O valor é estipulado de forma única e de acordo com a situação e

necessidade, vão se alojando os gastos.

Existem alguns contratos estabelecidos com os grandes clientes, que

têm uma previsão de gastos em promoção e esses terão os recursos alocados por

força do próprio contrato de vendas que foi estipulado.

Na prática o que têm ocorrido é uma concentração cada vez maior dos

gastos com o ponto de venda; em parte pela necessidade de estar bem representado

no varejo e por outro lado em função da profissionalização e internacionalização das


75

grandes redes, que trazem novas formas de operacionalização e negociação, e que

demandam cada vez mais verbas de comunicação e promoção.

Não existe uma verba destinada a cada cliente, até porque este tipo de

gasto é considerado como uma redução do resultado comercial, e não como

despesa de propaganda.

Não existe um plano anual de promoção para os principais clientes,

exceção feita ao Carrefour que exige uma programação anual. Isto porém é realizado

mais por uma exigência deles, do que por uma ação intencional da empresa.

Não existe nenhuma vinculação entre planos promocionais e objetivos

de performance por cliente.

4.2.4.4 – Equipe de Vendas

A equipe de vendas é definida por tipo de loja. A estrutura comercial

têm os gerentes de área, os gerentes de filiais e os supervisores de clientes

especiais que atendem somente lojas especiais. Há ainda os supervisores de varejo

que atendem lojas de supermercados menores.

Nos clientes especiais não há vendedores, mas promotores/repositores

que estão exclusivamente em uma loja e cuidam da reposição de produtos no ponto

de venda.

Para os dois maiores clientes, Carrefour e Grupo Pão de Açucar,

existem vendedores especiais que têm como responsabilidade, acompanhar todo o

relacionamento de vendas e serviços com esses clientes.

Não existe um plano formal de objetivos de vendas e rentabilidade para

os principais clientes.
76

4.2.4.5- Logística e Serviços

A reposição automática de estoques nos clientes especiais é feita pelos

promotores/repositores, de dois em dois dias. A partir de um levantamento dos

estoques nas gôndolas, é feito um pedido de reposição que passa apenas pelo crivo

do supervisor da seção. Na realidade o cliente viabiliza o espaço e a empresa têm

que se ocupar em supri-lo e administrá-lo.

Na visão da empresa, a troca eletrônica de dados (EDI) não está

funcionando no setor. Embora tenha se falado de vários projetos, não há nenhum

implantado com sucesso. Está se realizando um teste com o Pão de Açucar e talvez

em 90 dias haja algo operando.

Os serviços prestados aos clientes compreendem os promotores

exclusivos, produção de produtos com a marca do cliente e outras demandas que

sejam acordadas. Os chamados produtos de marca própria do varejista já foram

importantes no faturamento, porém hoje têm pouca representatividade. Não existe

nenhum plano de lançamentos de produtos exclusivos para os clientes especiais.

4.2.4.6 – Resultados e Rentabilidade

Os custos específicos de atendimento não são apurados

detalhadamente por cliente. Existe uma avaliação de rentabilidade dos cinco

principais clientes onde são consideradas: negociações comerciais, descontos,

prazos, abatimento de duplicata, etc.. e ainda os promotores e equipes de vendas

exclusivas.
77

Os gastos e resultados são apurados para esses principais clientes,

privilegiando o resultado financeiro que é obtido nas negociações e não apenas o

volume de vendas. Os gerentes e supervisores de clientes especiais são

responsáveis pela rentabilidade obtida nesses clientes.

Existe ainda a avaliação da rentabilidade por linha de produto em cada

cliente, o que permite descontos especiais em determinadas linhas, visando atingir o

resultado global.

Como a empresa no passado passou por dificuldades sérias, o foco da

gestão está no resultado financeiro e não na participação de mercado, e portanto os

controles sobre rentabilidade são bastante detalhados e integrados em toda a

empresa.

4.2.5- IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

O conceito de Trade Marketing ainda é novo no Brasil, e na visão da

empresa o mercado ainda não está preparado para este tipo de relacionamento. Os

grandes varejistas não estão interessados em parcerias ou relações duradouras, e

em ter uma negociação aberta onde os ganhos individuais são informados e

discutidos, buscando assim um ganho mútuo.

Esta falta de maturidade no processo de negociação no Brasil, é a

grande dificuldade, a grande barreira que existe para o desenvolvimento e

implantação do conceito de Trade Marketing.

Enquanto este quadro não mudar, não há intenção de montar uma

estrutura de Trade Marketing na empresa.


78

4.3- APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA SADIA S/A

4.3.1- DADOS DA EMPRESA

A SADIA iniciou suas atividades em 1944 com um moinho de trigo e

abatedouro - frigorífico de suínos. O nome SADIA tornou-se marca em 1947. Os

produtos iniciais foram a farinha e farelo de trigo, banha, toucinho, lingüiça, salame,

presunto, lombo, pernil e carnes salgadas.

A empresa continuou a expandir suas atividades ao longo dos anos, em

1961 inicia a atividade de frangos, em 1964 de bovinos, em 1968 a de perus, em

1969 com o lançamento do hambúrguer entra no segmento de semi-prontos

congelados que começa a ser expandido a partir de 1972, em 1974 é lançado o Peru

Temperado Sadia, em 1979 inicia o negócio de Soja, em 1984 entra no segmento de

empanados semi-prontos congelados, em 1986 lança o óleo de soja, em 1990 lança

a linha Califórnia, de industrializados e derivados de Peru, em 1991 lança a

margarina Qualy, ainda em 1991 lança a Pratice Line, linha de partes de frango

empanadas semi-prontas congeladas, em 1993 seguindo a opção estratégica por

produtos de maior valor agregado lança a linha Todo Sabor de pratos prontos

congelados, em 1996 inicia a linha de pratos prontos à base de massa e em 1997

lança a pizza congelada. Ainda em 1997 lança a linha Sete Mares Sadia à base de

peixe. Em 1998 lança 40 produtos para complementar as linhas existentes e lança a

linha de massas frescas.

Em 1982 a marca Sadia recebe do Instituto Nacional de Propriedade

Industrial (INPI) o título de marca notória.


79

A empresa se caracteriza por uma grande variedade de produtos e por

buscar o desenvolvimento contínuo de novas linhas de maior valor agregado no

segmento de alimentos.

No final de 1997 dando seqüência ao seu planejamento estratégico, a

Sadia vendeu quatro de seus ativos na área de soja, extinguindo, assim, o negócio

de Grãos e Derivados e reiterando o foco de suas operações em produtos de maior

valor agregado.

A partir de 1988 o grupo passa a organizar-se em torno de duas

grandes unidade de negócio: Aves e Industrializados.

Em 1988 a receita liquida foi de R$2,330 bilhões, sendo que a área de

industrializados foi responsável por 45% desse volume, crescendo de uma

participação de 36% no faturamento de 1997.

A linha de produtos conta com aproximadamente 400 itens, sendo líder

nos segmentos de : congelados com 59% de participação de mercado, resfriados

com 31%, Frango com 14%, Peru com 100% e Suínos com 13%. No segmento de

margarinas a empresa detêm a terceira posição do setor com 23% de participação.

A empresa atua com a Marca Sadia como guarda-chuva para toda a

linha; tendo desenvolvido para segmentos específicos marcas diferentes tais como

Pratice Line, Sete Mares, Todo Sabor e Qualy, dentre outros.

A distribuição é feita por meio de 19 centros regionais, buscando suprir

90% do mercado. A implantação de um sistema informatizado que permite fazer

projeções de demanda, completou o grande investimento em redução de custos em

todo o processo de distribuição, o que permitiu uma economia de R$30 milhões em

1998.
80

Os canais utilizados são o auto-serviço, o varejo tradicional com e sem

consumo local e o canal institucional.

A empresa atende 60.000 clientes, diretamente. Esta quantidade

permite que a concentração não seja tão representativa, o principal cliente

representa 5% do faturamento, apesar de que esse percentual têm crescido, uma

vez que representava apenas 3% dois anos atrás.

Existem 10 clientes especiais cuja característica é serem nacionais ou

multi-regionais, que em conjunto representam algo em torno de 20% do faturamento.

4.3.2- CARACTERÍSTICAS DO MERCADO

Existem em termos gerais mais de 300 empresas atuando nos diversos

segmentos onde a Sadia está presente, sendo que grande parte são concorrentes

regionais.

No âmbito nacional , os concorrentes diretos são a Perdigão e a Seara-

Ceval para o segmento de carnes e a Lever e Santista no segmento de margarinas.

Há ainda concorrentes fortes em determinados produtos e determinadas regiões

como por exemplo a marca Marba, no segmento de mortadelas, no estado de São

Paulo.

Existe no mercado de auto serviço principalmente, uma forte

concentração de poder, sendo que poucas redes têm dominado mais e mais volume

de faturamento. A expectativa é que este movimento não apenas continue mas

inclusive se agrave, uma vez que essas grandes redes estão comprando redes de

supermercados médios e pequenos, como forma de reforçar a competitividade.


81

Esta concentração têm tornado as negociações cada vez mais difíceis

pelo poder ampliado que os clientes vão tendo na medida que têm agregado mais e

mais pontos de venda, com a compra destas redes menores.

O grande desafio é encontrar novos caminhos de negociação,

buscando uma correta parceria com esses clientes.

4.3.3 – O CONCEITO DE TRADE MARKETING NA ORGANIZAÇÃO

O conceito de Trade Marketing esta bastante difundido na organização,

que têm uma estrutura composta por várias áreas relativas ao conceito:

gerenciamento de categorias, gerência de canais e de clientes, gerência de Trade

Marketing e controles de merchandising, preços e orçamentos de Trade Marketing

A função formal de Trade Marketing existe há 6 meses e se subordina à

Diretoria Comercial, sendo que suas principais responsabilidades estão no serviço de

atendimento da cadeia de negócios, dentro do conceito da resposta eficiente ao

consumidor (ECR); nas ações de promoção e merchandising e no controle da verba

de Trade Marketing, que é uma verba destinada ao relacionamento com os principais

clientes.

4.3.4. – A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

4.3.4.1- Desenvolvimento de Produtos

As questões dos canais e as demandas dos principais clientes são

informações que são gerenciadas no processo de desenvolvimento de novos

produtos. Existe uma integração entre o Trade Marketing que permite que as

demandas dos clientes tenham influência nos novos produtos.


82

O mix de produtos é estabelecido por canal e por segmentos de

clientes. Para cada grupo de clientes, região e tipologia de segmentos existe um mix

ideal de produtos.

4.3.4.2 – Políticas Comerciais e de Preços

A política comercial e as tabelas de preços são diferenciadas em função

dos tipos de clientes e do custo de servir, ou seja, todos os custos envolvidos no

atendimento, serviços prestados e campanhas com o cliente.

Os descontos são estabelecidos por clientes em função dos volumes

negociados.

Os preços procuram considerar a competitividade entre os segmentos,

aplicando tabelas e políticas semelhantes para cada um deles.

Teoricamente, as vendas deveriam trazer resultados iguais

independentemente do cliente. Busca-se a partir do custo de servir, estabelecer

políticas de preços e descontos que gerem margens de ganhos semelhantes.

Embora este seja o objetivo, ainda não foi possível estabelecer uma metodologia que

gere os resultados esperados.

4.3.4.3- Promoção e Propaganda

A verba de comunicação destinada ao produto e a destinada ao canal

está formalmente separada, por meio da implantação da verba de Trade Marketing

que é destinada ao canal de distribuição.


83

Comparativamente a verba destinada ao canal têm crescido

consistentemente, quando comparada com a verba de comunicação destinada ao

produto.

As verbas são definidas por cliente, por intermédio de um orçamento

que faz parte de um Marketing Plan (Plano) específico para o cliente. Este marketing

plan compreende as metas que se pretende atingir em termos de vendas e

rentabilidade e os programas de comunicação, promoção e os serviços que serão

prestados ao cliente.

A ação promocional está sempre vinculada a um volume de vendas e a

um resultado financeiro.

4.3.4.4- Equipe de Vendas

Existe um objetivo de definir a equipe de vendas por tipo e perfil de

cliente. Às vezes, devido à dispersão geográfica e à quantidade de clientes, não é

possível ter equipes específicas, mas o objetivo da empresa e que a equipe de

vendas seja especializada por tipo de cliente.

Para os clientes especiais, é designado o “Key Account Manager”

(gerente de contas especiais) e para determinados grupos de lojas existem os

vendedores especiais.

Estas funções têm a responsabilidade pelos resultados financeiros

obtidos com os clientes e portanto administram todas as atividades operacionais e

serviços necessários para a otimização dos resultados. São responsáveis pelo

Marketing Plan do cliente e administram metas de crescimento, verbas de


84

orçamento, nível de serviço prestado, enfim o gerenciamento integral do

relacionamento.

4.3.4.5- Logística e Serviços

O abastecimento do ponto de venda é administrado a partir do pedido

colocado pelos promotores/repositores, que são designados em tempo integral a um

único cliente ou ponto de venda. Dependendo do formalismo do cliente, este pedido

pode ou não passar pelo comprador. O que se percebe é que cada vez mais se

caminha para o abastecimento automático do ponto de venda. Existe uma tendência

a que sejam feitas grandes negociações, que viabilizam o abastecimento automático

durante o período de duração das mesmas.

A implantação do sistema de comunicação eletrônica de dados (EDI)

ainda está em sua fase inicial. Serão feitos alguns pilotos ainda este ano. Não há

ainda nenhum cliente ligado formalmente. Quando esta ferramenta começar a

funcionar, a reposição automática do ponto de venda se tornará um padrão de

mercado.

Dentre os serviços prestados ao cliente, além dos promotores

exclusivos, existem os lançamentos exclusivos de produtos em determinados

clientes e existe até a possibilidade de um determinado produto ser vendido

exclusivamente para um cliente.

Por outro lado não é política da empresa fabricar produtos com a marca

do cliente, os chamados produtos de marca própria. Já houve anteriormente alguns

negócios nesse sentido mas nada significativo.


85

4.3.4.6- Resultados e Rentabilidade

Para cada cliente especial é feito um Marketing Plan que prevê as

metas de vendas e rentabilidade individuais, e o custo de servir, ou seja todos os

custos específicos envolvidos no processo de comercialização e nos serviços

prestados, como os promotores exclusivos, as campanhas promocionais, as

entregas especiais, os produtos bonificados, etc.

Não existe nesse plano, o acompanhamento da rentabilidade por linha

de produtos em cada cliente. Embora se reconheça que isso é importante, não há

instrumentos para efetuar essa análise.

4.3.5- IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

Quando a empresa trabalha de um lado com uma grande variedade e

quantidade de clientes e de outro com um grupo de clientes altamente competitivos e

que concentram um grande poder de compras, devem ser buscadas formas

alternativas de gerenciar o relacionamento com os clientes.

O conceito de Trade Marketing têm as ferramentas necessárias para otimizar

a política comercial em cada segmento e em cada cliente, de acordo com a

importância de cada um.

O Trade Marketing faz o elo de ligação entre Marketing, que é voltado

para o consumidor e Vendas que é voltada para o Trade. A conciliação dessas duas

funções otimiza o atendimento ao consumidor por meio do trade.

Com a implantação das novas tecnologias de EDI (troca eletrônica de

dados) e do ECR (resposta eficiente ao consumidor) as relações entre indústria e


86

varejo tendem a ficar mais próximas e mais estáveis, tornando o Trade Marketing

uma ferramenta fundamental no processo de conquista de espaço no ponto de

venda.

As dificuldades de implantação do Trade Marketing estão ligadas ao

amadurecimento do relacionamento entre comprador e vendedor e na organização

interna da empresa, uma vez que a oficialização da função de Trade Marketing

acaba interferindo nas funções e verbas de vendas e marketing.

4.4 – APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA QUAKER DO BRASIL LTDA

4.4.1 – DADOS DA EMPRESA

A Quaker Oats Company foi fundada em 1877 e hoje com sede em

Chicago nos EUA, opera em mais de 20 países.

Apesar de estar no Brasil desde o início do século, suas atividades

começaram a ganhar força a partir de 1950, com o início de operação da fábrica de

aveia no Rio Grande do Sul.

A Quaker Brasil Ltda é uma empresa alimentícia que opera nas

áreas de cereais, pescados, massas alimentícias, achocolatados e bebidas para

esportistas.

Nos anos 60 lançou os produtos derivados de milho, Polentina e

Milharina.

Na década de 70 entrou no segmento de sardinhas em lata.

No início dos anos 80 entrou no segmento de achocolatados em pó,

com a aquisição da TODDY, e ampliou o segmento de pescados com a introdução


87

do Atum COQUEIRO. Ainda nesta época lançou o leite achocolatado TODDYNHO,

e o achocolatado em pó CHOCOMIX, para atuar num segmento diferente do Toddy.

No final da década de 80 passou a atuar no segmento de bebidas

isotônicas, com o GATORADE.

Na década de 90 iniciou a ampliação da linha de aveias, com

introdução de mais dois novos produtos, lançou ainda três novos produtos na linha

de pescados e concretizou a compra da ADRIA, entrando assim no mercado de

massas.

Hoje a empresa atua nas áreas de Mercearia Salgada, Mercearia Doce,

Perecíveis e Bebidas, de acordo com a classificação usada pelo grande varejo.

O portfólio de produtos é composto de dois segmentos: foods e

beverages e por 5 linhas de produtos, que são chamadas de : Q, T, C, A e G; ou

seja:

-QUAKER, que é a linha de cereais onde se encontram os produtos de aveia e milho.

-TODDY, que é a linha de achocolatados e é composta por Toddy em pó e

Chocomix, que são os achocolatados em pó e Toddynho, que é o achocolatado com

leite.

-COQUEIRO, que é a linha de Atum, Sardinhas e Salmão com suas diversas

variações de produtos.

-ADRIA, que é a linha de massas secas à base de ovos e massa instantânea

-GATORADE, que é a linha de bebidas isotônicas.

O composto de produtos possui aproximadamente 120 itens, e todas as

marcas são conhecidas, Quaker, Toddy, Coqueiro, Gatorade e Adria, de tal forma

que não se coloca a assinatura institucional com o logotipo Quaker, nas marcas.
88

A participação de mercado varia por segmento, e apenas no segmento

de achocolatados em pó a empresa não é líder, possuindo 18% de participação de

mercado, sendo que a Nestlé que detém a liderança possui 50% deste segmento.

Nos demais segmentos a empresa mantém a liderança de mercado,

com os seguintes percentuais de participação:

- Mercado de Aveia - 80%

- Sardinhas em Lata- 40%

- Atum em lata 40%

- Leite Flavorizado 30%

- Bebidas Isotônicas 80%

- Massas Alimentícias 7%

O faturamento anual da Quaker está alcançando 500 milhões de

dólares.

A distribuição de produtos é feita por meio de Atacadistas que

representam 15% das vendas; Distribuidores que atendem as pequenas lojas,

padarias, e os pontos de dose e canal frio e que respondem por 45% das vendas e

do Auto Serviço que é atendido pela equipe de vendedores e responde por 40% das

vendas.

A empresa atende diretamente 3000 clientes, que na realidade podem

ser definidos como pontos de entrega, uma vez que essa definição de clientes refere-

se a pontos de entrega; por exemplo cada loja Carrefour é considerada como um

cliente, já o conjunto das lojas do Pão de Açucar que têm um endereço central de

entrega são consideradas, apenas um cliente.


89

No segmento de auto serviço existe uma forte concentração de vendas

que vem se acentuando ano a ano; os dois maiores clientes; o Carrefour e o Grupo

Pão de Açucar representam aproximadamente 14% dos negócios.

Nas vendas da linha Gatorade, há a figura dos clientes especiais que

são atendidos exclusivamente pelo Key Account Manager (Gerente de Contas). Para

as vendas das outras linhas não existe essa distinção.

4.4.2. – CARACTERÍSTICAS DO MERCADO

Em geral, nos vários segmentos onde a empresa atua há uma grande

quantidades de concorrentes regionais. O segmento de sardinhas têm

aproximadamente 130 marcas diferentes; no segmento de achocolatados há uma

grande quantidade de empresas da região de Santa Catarina; na linha do Toddynho

há uma grande quantidade de cooperativas regionais . No mercado de massas a

Adria é líder de mercado com apenas 7% de participação.

Podem ser considerados como principais concorrentes diretos: a

Santista e Otker, a Yoki e a Ferla para o segmento de Aveia; a Nestlé e a Arisco para

os achocolatados; a marca Gomes da Costa no segmento de sardinha; e em bebidas

isotônicas as marcas Marathon e SportsAid.

O canal de distribuição de auto serviço têm apresentado uma forte

concentração, indicando que para o futuro existirão ainda menos redes responsáveis

por uma fatia cada vez maior de mercado. Na visão da empresa restarão cinco

grandes redes de distribuição; o Carrefour, o Grupo Pão de Açucar, o Bompreço, o

grupo Sonae e talvez o Walmart se resolverem efetivamente se dedicar à operação

brasileira.
90

Com a velocidade de novas aquisições que o Carrefour e o Pão de

Açucar têm praticado, é possível que os dois cheguem a representar em breve algo

em torno de 20% das vendas da empresa.

Diante deste quadro, as relações de negociação estão cada vez mais

complicadas, sendo necessário manter uma posição muito firme nas políticas

comerciais. Felizmente há um bom relacionamento com os grandes clientes e têm se

conseguido administrar os conflitos, mas a forma de negociação com essas grandes

redes é uma preocupação cada vez mais presente.

4.4.3 – O CONCEITO DE TRADE MARKETING NA ORGANIZAÇÃO

Na estrutura de comercialização da empresa, a linha Gatorade tinha

uma equipe e organização independentes do restante das linhas, em função de suas

características peculiares.

O conceito de Trade Marketing foi introduzido na organização a partir da

sua implantação na linha Gatorade, onde há formalmente a função do Gerente de

Trade Marketing que se subordina ao diretor de categoria ou comercial.

Com a reestruturação que está ocorrendo e a interação da

comercialização da linha Gatorade com as demais linhas, deverá ser revista a

estrutura comercial para a implantação do conceito de Trade Marketing em toda a

organização.

Atualmente na divisão foods (alimentos) existe a organização tradicional

com o “brand manager”(gerente de marcas) responsável por toda a atividade da

marca sem estar no entanto, voltado para o canal.


91

Na divisão “beverages”( bebidas) existe o gerente de Brand Equity, que

cuida da imagem geral da marca, e o Trade Marketing que se encarrega das

relações e ações de marketing e de ações comerciais com o varejo.

Já está sendo desenvolvido um trabalho visando aplicar esse conceito

em toda a organização.

4.4.4 – APLICAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

4.4.4.1- Desenvolvimento de Produtos

O processo de desenvolvimento de novos produtos considera as

informações que são coletadas dos clientes. Como a força de vendas está totalmente

informatizada existem muitas informações sobre os clientes, que estão disponíveis e

que são utilizadas pela organização.

Aspectos específicos como embalagem por exemplo são

responsabilidade dos gerentes de marca que ainda tomam as decisões de uma

forma geral e não especificamente para alguns clientes.

O mix de produtos é oferecido para os diversos segmentos, apenas no

caso do Gatorade existem produtos dedicados para alguns segmentos.

4.4.4.2 – Políticas Comerciais e de Preços

A tabela de preços é única para todos os clientes, salvo no caso

específico dos distribuidores que têm uma diferenciação. O que existe é a

negociação individual que acaba gerando preços diferenciados, mas não há uma

instrução e análise prévia que diferencie os clientes.

As políticas de desconto são padronizadas, por volume de negócios.


92

Os preços praticados consideram a competitividade de mercado entre

os concorrentes da empresa, mas não consideram a competitividade entre os

clientes.

O custo dos serviços demandados por cada cliente, não é considerado

na formação de preços.

4.4.4.3 – Promoção e Propaganda

A verba de comunicação está formalmente alocada entre a propaganda

de produto e as ações de ponto de venda. Esta verba destinada ao ponto de venda

têm crescido ano a ano e particularmente neste momento que há escassez de

recursos, têm se privilegiado as ações no canal em detrimento das ações de

comunicação de produto.

A verba a ser gasta com cada cliente é especificada a partir de um

plano de acompanhamento da rentabilidade individual de cada cliente, onde são

considerados todos os gastos com os serviços e os gastos com o processo de

comercialização com os mesmos. Estes planos são trimestrais e são orientados por

uma verba anual.

Para a linha Gatorade são realizados planos promocionais vinculados à

uma performance de vendas e de resultados financeiros por cliente. Para as demais

linhas não existe nenhuma ação nesse sentido.

4.4.4.4 – Equipe de Vendas

Em geral as equipes são definidas por tipo de cliente, perfil e área

geográfica. Para a divisão foods, existem os vendedores especiais que estão


93

alocados em função da importância e do volume de negócios dos clientes e que são

responsáveis por todo o contato operacional comercial, em termos de vendas,

comunicação e logística. A responsabilidade direta pelos resultados de rentabilidade

com os clientes é do gerente regional.

Para a divisão Gatorade, existe na organização o Key Account Manager

(gerente de contas especiais) que é responsável por toda a operação com os clientes

e pelos resultados obtidos com os mesmos.

4.4.4.5 – Logística e Serviços

A Quaker é pioneira na implantação da comunicação eletrônica de

dados (EDI). Esta operação foi iniciada há 6 anos com o grupo MAKRO e hoje já há

30 clientes operando no sistema, sendo que com 6 clientes a reposição é

absolutamente automática. Com os demais ainda há uma análise realizada antes de

autorizar o reabastecimento, mas poderia se dizer que o sistema é praticamente

automático pois não há o contato tradicional de vendedores e compradores. A meta

da empresa é continuar ampliando este sistema para os demais clientes.

Para os principais clientes existem promotores dedicados que

permanecem tempo integral no cliente e cuidam da administração do ponto de venda

e da reposição de estoques na gôndola.

Não há lançamentos específicos de produtos nos principais clientes e

tampouco existem produtos vendidos com exclusividade.

Não é política da empresa fabricar produtos com marcas de terceiros, a

chamada marca própria dos varejistas.


94

4.4.4.6 – Resultados e Rentabilidade

Existe um controle de custos de todos os serviços e ações

promocionais prestados aos clientes no processo de comercialização. Este controle

é utilizado para a elaboração de um lucros e perdas, apurando o resultado obtido

com cada cliente.

Este acompanhamento de rentabilidade é mensal, e se realiza por linha

de produtos e por clientes.

4.4.5- IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

O conceito de Trade Marketing foi introduzido na Quaker pela divisão

Gatorade, e sem dúvida será aplicado à organização inteira.

Com o ambiente atual de mercado; alta competitividade e concentração

dos canais de distribuição, é fundamental ter pessoas dedicadas ao canal, com

ações dirigidas a cada cliente, conquistando o espaço e rentabilizando as ações

comerciais com esses clientes.

A Quaker está totalmente voltada para o consumidor e têm como

objetivo colocar à sua disposição um produto saudável, limpo e fresco.

Outra contribuição importante do Trade Marketing é o controle e

orientação das verbas de comunicação destinadas às ações de marketing e de

vendas, otimizando os recursos e obtendo resultados mais concretos.

Há que mencionar-se que o sistema de informações é muito importante

neste processo, hoje já há informações diárias e imediatas sobre a performance de

vendas e a presença dos produtos no ponto de venda, o que permite uma gestão de

negócios com maior acuracidade.


95

O conceito de Trade Marketing depende da linha de pensamento da

empresa para sua implantação. A visão deve estar voltada para os consumidores e

mais especificamente para os clientes. Este conceito permite um amadurecimento

nos contatos com os clientes, levando a relações mais duradouros e de busca de

resultados comuns, o que potencializa os negócios.

4.5 – ANÁLISE DOS DADOS APRESENTADOS

4.5.1 – DADOS DAS EMPRESAS E SEUS MERCADOS

As empresas pesquisadas estão participando de mercados altamente

competitivos, com uma grande quantidade de concorrentes regionais e alguns de

relevância nacional.

São empresas tradicionais, de marcas conhecidas e de destaque em

seu segmento de negócios. A Sadia e a Quaker são líderes em praticamente todos

os segmentos onde atuam e a Vigor têm a liderança em alguns segmentos.

A Sadia fatura anualmente mais de 2 bilhões de reais e as outras duas

encontram-se na faixa dos 500 milhões de reais ao ano, o que as coloca entre as 15

maiores empresas brasileiras do setor de alimentos por volume de faturamento,

sendo portanto empresas importantes e de relevância tanto em termos de

consumidores finais quanto de clientes varejistas.

As três têm um portfólio de produtos bastante amplo, ultrapassando a

marca de 100 itens em diversos segmentos, sendo que a Sadia chega a ter 400

itens.
96

A distribuição é bastante ampla, utilizando-se de diferentes estruturas

para atender os pequenos varejistas. Em média o setor de auto-serviço representa

entre 30-50% das vendas.

Todas reconhecem que o setor de auto serviços está bastante

concentrado e que apresenta uma tendência de ampliação do poder de compra nas

grandes redes. Houve uma unanimidade em afirmar que o mercado ficará polarizado

entre o Carrefour, o Grupo Pão de Açucar, o Bompreço e o grupo Sonae.

Os dois principais clientes, em geral, o Carrefour e o Grupo Pão de

Açucar, têm uma fatia significativa das vendas e chegam a representar até 15% do

faturamento, embora as empresas atendam diretamente quantidade expressiva de

clientes ( entre 1200, 3000 e 60.000).

De diferentes formas todos têm um tratamento diferenciado para os

clientes especiais, que são os que representam o maior volume de faturamento, e

formariam o nível “A” da curva ABC.

Houve concordância quanto à concentração de poder das grandes

redes e à dificuldade crescente nas relações de negociação e quanto à necessidade

de desenvolver novos instrumentos para orientar esse processo.

As empresas e os mercados acima caracterizados apresentam um

ambiente favorável para a implantação do conceito de Trade Marketing.

4.5.2- O CONCEITO DE TRADE MARKETING NA ORGANIZAÇÃO

As empresas pesquisadas encontram-se em estágios diferentes quanto

ao conhecimento e aplicação dos conceitos de Trade Marketing.


97

A Sadia é a que mais avançou, tendo uma estrutura formal para toda a

organização, apesar da mesma ter sido oficializada há apenas 6 meses; a Quaker

têm o conceito implantado em uma das divisões (Gatorade) e está no processo de

ampliar esta implantação para as demais e a Vigor não implantou ainda o conceito e

não tem planos de implantá-lo no momento.

A função de Trade Marketing está subordinada à Diretoria Comercial

nas duas empresas.

4.5.3- APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE TRADE MARKETING

4.5.3.1 – Desenvolvimento de Produtos

As duas empresas que estão no processo de aplicação do Trade

Marketing, (Sadia e Quaker) consideram de alguma forma as demandas dos clientes

no processo de desenvolvimento de novos produtos, no entanto não trabalham com

lançamentos de produtos concentrados em clientes específicos, não têm

exclusividade de vendas e têm política de não produzir produtos de marcas próprias

de varejistas.

Já a Vigor, que não implantou o Trade Marketing, desenvolve os

produtos sem considerar as demandas ou necessidades do canal de distribuição. Em

contrapartida possui uma política de produzir as marcas dos varejistas.

Existe uma concordância em estabelecer o mix de produtos por canal

de venda, mas não ainda por cliente.

4.5.3.2 – Políticas Comerciais e de Preços


98

As tabelas de preços são únicas para todos os segmentos. Existem

diferenciações nas políticas de descontos e prazos de pagamentos, que são

padronizadas por volume de vendas.

A diferenciação no preço e condições praticadas ocorre no processo de

negociação individual, onde o poder de compra do cliente pode impor condições

particulares.

A tabela de preços não considera a competitividade entre os clientes,

mas sim a concorrência da própria indústria.

Os custos dos serviços demandados pelos clientes não são

considerados na elaboração dos preços.

4.5.3.3 – Promoção e Propaganda

A separação formal da verba de comunicação entre as ações de

propaganda destinadas ao produto e as ações de promoção no canal, é bastante

clara nas empresas que estão aplicando o Trade Marketing, mas não é realizada na

que não aplica o conceito.

A evolução dos gastos de promoção com o ponto de venda em

detrimento das ações de propaganda de produto é comum às três empresas, no

entanto apenas a Sadia e a Quaker têm planos anuais formais de ações de

promoção e vendas destinados aos principais clientes, e planejamento e

quantificação da verba a ser gasta com cada um deles.

4.5.3.4 – Equipe de Vendas


99

Em geral as equipes de vendas são formadas em função das

características e do perfil dos clientes e dos segmentos, e só então ocorre a divisão

regional.

As empresas que aplicam o Trade Marketing, têm pessoas dedicadas a

gerenciar os negócios de um cliente específico, podem ser chamados de Key

Account Manager ou de vendedores especiais. têm a responsabilidade por toda a

operação de vendas, logística e promoção junto ao cliente. Respondem ainda pelos

planos de venda e pela rentabilidade gerada no relacionamento comercial com o

cliente.

Estas empresas têm ainda planos formais de marketing para os

principais clientes, que especificam os objetivos de vendas e rentabilidade, as ações

de promoção de vendas, os serviços que serão prestados e a verba a ser utilizada.

4.5.3.5 – Logística e Serviços

Existe nos principais clientes um serviço de reposição automática que é

realizado via EDI e via promotores e repositores. Todas as empresas mantém

promotores/repositores dedicados exclusivamente a uma loja nos principais clientes,

que administram a exposição e fluxo de produtos no ponto de venda..

Há um entendimento que a indústria têm que se preocupar em assumir

a administração do espaço de venda que lhe é destinado pelo cliente.

As empresas que estão aplicando o Trade Marketing já estão

avançadas ou em processo de implantação acelerado do sistema de EDI (troca


100

eletrônica de dados). A empresa que não aplicou o Trade Marketing está iniciando o

processo de forma um pouco céptica, quanto à sua validade e utilidade.

4.5.3.6 – Resultados e Rentabilidade

As três empresas apuram a rentabilidade obtida com cada cliente

especial e especificam os custos de vendas, atividades promocionais e serviços

prestados.

A diferença básica é que as que utilizam o Trade Marketing têm planos

formais por cliente onde são estabelecidas as metas e as ações de vendas a serem

aplicadas aos clientes e suas respectivas verbas.

É interessante frisar a importância que se dá a apuração dos resultados

de rentabilidade dos principais clientes.

4.5.4 – IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

As duas empresas (Sadia e Quaker) que estão adiantadas no processo

de implantação do Trade Marketing, reconhecem a necessidade da aplicação do

conceito e sua utilidade e importância no relacionamento da empresa com seu canal

de vendas, na competitividade de mercado e na rentabilidade das ações comerciais.

Já a Vigor que não reconhece a importância, acredita que o mercado

brasileiro ainda não está preparado para esse novo sistema de trabalho e atribui à

falta de maturidade no relacionamento comercial a impossibilidade de implantação

do conceito. Neste processo critica a posição dos clientes, que querem se beneficiar

o tempo inteiro, não aplicando corretamente o conceito de parceria.


101

Percebe-se nas empresas que aplicaram o Trade Marketing, que as

relações com os clientes estão menos tensas e que já passam por um processo de

amadurecimento e de desenvolvimento de um trabalho conjunto de médio e longo

prazo.

As ações de Trade marketing, aparentemente têm um efeito positivo no

relacionamento com os clientes.


102

CAPÍTULO V
103

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O conceito de Trade Marketing se aplica a ambientes de mercado

caracterizados por uma alta competitividade entre os fabricantes e uma forte

concentração no varejo, onde poucas empresas controlam um grande volume de

vendas.

O processo de negociação se torna muito mais difícil para os

fabricantes, pois os grandes varejistas concentram um grande poder de compra e

podem decidir sobre a presença ou não, de determinados produtos no ponto de

venda.

As empresas produtoras têm que buscar novas formas de

relacionamento comercial com seus clientes, uma vez que não podem mais impor a

presença de seus produtos.

A pesquisa mostrou que as empresas produtoras de bens de consumo

no setor de alimentos, estão participando de mercados altamente competitivos, com

uma grande quantidade de concorrentes nacionais e regionais.

O canal de distribuição de auto serviço já apresenta uma concentração

bastante significativa, com tendência a agravar-se mais ainda e expectativa de que

no máximo 5 grandes grupos concentrem um volume significativo de mercado.

Ao reconhecer que necessitam buscar alternativas para fazer frente a

essa nova realidade de mercado, as empresas iniciam a implantação do conceito de

Trade Marketing.
104

Este conceito é algo novo nas empresas, que estão ainda no início ou

em fase de implantação do processo. Existe ainda alguma dúvida sobre a efetividade

do conceito no mercado brasileiro.

Mesmo não tendo uma aplicação formal as empresas têm implantado as

ações de Trade Marketing na busca por soluções de melhoria no seu relacionamento

com os clientes.

O controle de rentabilidade nas negociações com os principais clientes

está sendo aplicado, reconhecendo que o volume de vendas não representa mais o

sucesso do negócio.

A dedicação exclusiva de promotores/repositores da empresa a um

ponto de venda que gere alto volume de negócios, atesta o reconhecimento de que o

gerenciamento do ponto de venda passa a ser responsabilidade da empresa

fornecedora.

As equipes de vendas estão sendo definidas por tipo de canal e por

clientes. Há equipes dedicadas a um único cliente e que não realizam apenas o

trabalho de vendas mas a gestão integral deste relacionamento, sendo responsáveis

pela lucratividade obtida com esse cliente.

As negociações tradicionais de compra e venda são substituídas pelo

trabalho desses gestores de contas e pela reposição do ponto de venda que é feita

de maneira quase que automática pelos promotores, mas que deverá ser realizada

brevemente por meio do sistema de troca eletrônica de dados (EDI), tornando-se

totalmente automática.

As ações de promoção no ponto de venda começam a ganhar cada vez

mais força frente à comunicação de produto. Há um sentimento de que essas ações


105

são mais efetivas e mais mensuráveis, embora não haja ainda um sistema de

medição que permita comprovar o fato.

O desenvolvimento de produtos começa a sofrer influência das relações

comerciais com os principais clientes, incluindo as suas demandas no processo de

desenvolvimento. Não há no entanto disposição para trabalhar com produtos

dedicados ou específicos para um cliente em particular.

O mix de produto ainda é estabelecido de forma geral, existindo apenas

algumas tímidas iniciativas de estabelecer mix diferenciados em função dos clientes.

Com relação à formação de preços, houve pouca evolução com a

adoção do Trade Marketing. As tabelas em geral são únicas, e as políticas

comerciais consideram apenas volumes de vendas. Os preços efetivamente

praticados e as condições específicas de negociação são fruto do poder de cada

cliente e não de uma estratégia desenhada individualmente pela empresa

fornecedora.

O conceito de Trade Marketing traz portanto contribuições para a gestão

de negócios das empresas, indicando que se podem estabelecer relacionamentos

mais duradouros e estáveis no processo de negociação com os clientes. Os

controles de rentabilidade, ocupação de espaço no ponto de venda, automação na

reposição de produtos e efetividade das ações de promoção; são elementos que

favorecerão o posicionamento competitivo da empresa e permitirão que as decisões

sejam tomadas com bases de informação muito mais específicas e que haja uma

estrutura preparada para implantar e acompanhar ações diferenciadas de marketing.

Por estar ainda no início de sua implantação, não está sendo medida a

efetividade e o ganho real da empresa com a aplicação do conceito e da estrutura de


106

Trade Marketing. Acredita-se que o conceito seja muito benéfico para a indústria,

mas não a modelos de medição que permitam fazer a comprovação.

A implantação do Trade Marketing pressupõem um amadurecimento

das relações comerciais entre fornecedores e clientes, que devem estar preparados

para negociar em bases distintas das anteriores, valorizando o ganho mútuo de

médio e longo prazo.

A pesquisa indicou ainda que as empresas que estão aplicando o Trade

Marketing têm uma relação mais estável com seus principais clientes, o que aponta

para indícios de que o Trade Marketing possa favorecer estas relações.

O trabalho realizado não teve a intenção de esgotar as possibilidades de

estudo do conceito de Trade Marketing, e apresenta as limitações naturais de um

estudo exploratório, não podendo afirmar que as conclusões acima descritas sejam

válidas para o universo de empresas do setor de alimentos.

Este trabalho abre a possibilidade de servir de base para estudos mais

específicos sobre a influência da aplicação do conceito Trade Marketing nos canais

de distribuição e como estes avaliam o benefício do Trade Marketing que é aplicado

pelos fornecedores.

Demonstra ainda a necessidade de desenvolver modelos para :

estabelecer o mix de produtos por Cliente, mensurar as ações de comunicação no

ponto de venda e estabelecer tabelas de preço por cliente.

Outro estudo que pode ser desenvolvido é a criação de um modelo de

avaliação quantitativa dos benefícios obtidos com o Trade Marketing.

Abre ainda a possibilidade de um estudo mais geral de discussão dos

papéis dos compradores e dos vendedores e da própria estrutura comercial e de


107

marketing, quando a empresa evoluir no relacionamento com os clientes aplicando

as ações de Trade Marketing.


108

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115

ANEXO I
116

ENTREVISTA SOBRE A APLICAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING


ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
FEA- USP
ALUNO: FRANCISCO J.S.M. ALVAREZ

QUESTIONÁRIO

1- DADOS SOBRE O ENTREVISTADO

DATA
NOME
FUNÇÃO
EMPRESA

2- QUALIFICAÇÃO DA EMPRESA

2.1 – Qual o segmento de mercado onde a empresa atua?


2.2 – Quais linhas de produto e quantos itens fazem parte do portfólio de produtos da
empresa?
2.3 – Com quantas marcas atua e quais são as mais conhecidas?
2.4- Qual o nível de seu faturamento anual?

3- CARACTERÍSTICAS DO MERCADO

3-1- Quantas empresas e quantas marcas existem no mercado?


3-2- Quantas podem ser consideradas concorrentes efetivas e qual o seu share de
mercado?
3-3- Quais segmentos de distribuição são utilizados para as vendas?
3-4- Qual é a evolução do nível de concentração dos principais segmentos?
3-5-Como estão evoluindo as relações de negociação e as relações de poder com os
clientes?
3-6-Qual a quantidade total de clientes?
117

3-7- Qual a concentração de vendas da empresa e qual a característica de sua curva


ABC de clientes por volume de faturamento?
3-8-Existe no tratamento comercial a figura de Clientes Especiais? Quais os critérios
de classificação e quanto representam no faturamento?

4- O CONCEITO DE TRADE MARKETING E A ORGANIZAÇÃO

4-1- De que maneira o conceito de Trade Marketing é conhecido na organização ?


4-2- O conceito de Trade Marketing é aplicado na organização ? Como?
4-3- Existe uma função formal de TRADE MARKETING ?
4-4- A quem se subordina e quais as responsabilidades e as atribuições da função
de Trade Marketing?

5- APLICAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING

5-1 – DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS


5-1-1 – Existem informações sobre as características dos principais clientes, que são
utilizadas no processo de desenvolvimento de novos produtos?
5-1-2 – As demandas e as relações de negociação dos principais clientes são
consideradas na concepção do produto, da embalagem e na quantidade de produtos
no portfólio?
5-1-3- O mix de produtos é estabelecido por canal e por clientes especiais?

5-2- POLÍTICAS COMERCIAIS E DE PREÇOS

5-2-1- Existem políticas e tabelas de preços diferenciadas por clientes?


5-2-2- Existem políticas de descontos diferenciadas por clientes?
5-2-3- Os preços praticados consideram a competitividade entre os clientes?
118

5-2-4- Os preços estabelecidos consideram os custos dos serviços demandados por


cada cliente?

5-3- PROMOÇÃO E PROPAGANDA

5-3-1- Existe uma clara separação entre a alocação de recursos de comunicação


destinada ao produto (above the line) e ao canal de distribuição (below the line)
5-3-2- Qual a evolução de gastos com propaganda (produto) e com promoções no
ponto de venda
5-3-3- Existe uma definição e quantificação da verba a ser gasta individualmente em
cada cliente?
5-3-4- Existe um plano anual de promoção (material de ponto de venda, campanhas
cooperadas, promotores, etc..) elaborado por cliente?
5-3-5- Existe um plano promocional vinculado a um objetivo de performance de
vendas e de resultados financeiros por cliente?

5-4- EQUIPE DE VENDAS

5-4-1- A equipe de vendas é definida por tipo e perfil de cada cliente?


5-4-2- Existem funcionários destacados para atender exclusivamente a um ou mais
clientes especiais? (Gerentes de contas, vendedores especiais, Key Account
Manager)
5-4-3- Existe um plano formal de objetivos a serem alcançados juntos aos clientes
especiais, que especifique : volume de vendas, mix de produtos, rentabilidade, giro
dos produtos, espaço ocupado no ponto de venda e ações de promoção no ponto de
venda.
5-4-4- Quais são as tarefas formais do responsável pelos clientes especiais?
119

5-5- SERVIÇOS E LOGÍSTICA

5-5-1- Existe um sistema de comunicação eletrônica (EDI) com os principias clientes


e qual a sua forma de funcionamento?
5-5-2- Existe um sistema de abastecimento automático do ponto de venda dos
principais clientes?
5-5-3- Existem equipes de promotores e repositores exclusivos dos principais
clientes?
5-5-4- Existe um programa de lançamento de produtos dedicados aos principais
clientes?
5-5-5- Existem produtos desenvolvidos para os principais clientes de forma
exclusiva?
5-5-6- Existe a produção de produtos de marca própria dos principais clientes?

5-6- RESULTADOS E RENTABILIDADE

5-6-1- O custo de atendimento (todos os serviços diferenciados prestados) é apurado


por cliente?
5-6-2- É feita a apuração da rentabilidade obtida com cada cliente, considerando as
margens de negociação e os custos de atendimento?
5-6-3- É feito um acompanhamento da rentabilidade das linhas de produtos por
cliente?

6- AVALIAÇÃO DO CONCEITO DE TRADE MARKETING?

6-1 – Na sua opinião qual a necessidade/utilidade da aplicação dos conceitos de


Trade Marketing em seu mercado, para manter a competitividade da empresa?
6-2- Quais seriam os fatores restritivos/dificultadores para a aplicação do conceito
de Trade Marketing nas :
- ações de marketing da empresa
- ações de vendas da empresa
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- organização interna da empresa


- relacionamento com os clientes
6-3- Quais seriam os fatores motivadores/facilitadores para a aplicação do conceito
de Trade Marketing nas mesmas condições acima mencionadas?

7- CONSIDERAÇÕES GERAIS

7-1 – Existe algum ponto sobre o Trade Marketing que o sr. julgue relevante e que
não foi abordado?
7-2 - Existe algum comentário adicional que o sr. queira fazer ?

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