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A EMPATIA E O AMOR EM AÇÃO

Uma antiga história que um homem viajava com o seu carro por uma longa
estrada. Ao parar em um posto, notou que havia um cão sentado ao lado da bomba
da gasolina, uivando com semblante de dor e tristeza. Ao aproximar-se o frentista
para atendê-lo, o motorista indagou por que aquele animal estava naquela situação
angustiante. “Não lhe dê atenção”, desconversou o funcionário. Mas o viajante não
se contentou. Contemplava o cão imaginando o motivo de sua angústia, tentando
colocar-se no lugar do pobre bicho. Ao terminar de abastecer seu carro, antes de ir
embora, insistiu na pergunta, ao que o frentista lhe revelou: o velho cão estava
sentado sobre um imenso prego. “Então, por que ele não se levanta?”, quis saber o
dono do carro. “deixa pra lá”, disse o frentista, dando de ombro. “já falei com ele.
Não deve estar doendo muito.”
Esta historinha serve para exemplificar a questão da empatia como
alavancadora e o próprio combustível para que o amor prático ao próximo, que é a
obra prima de Deus, seja real – ainda que o próximo não tenha amor próprio. A
questão é que este amor não pode ser simplesmente racional ou teórico, fruto de
um conhecimento empírico e que fique apenas no raciocínio. Este tipo de sentimento
não nos leva a ação. Só com a empatia, isto é, a atitude de tomar o lugar do outro,
pensando como o outro, entendendo os sentimentos do próximo, podemos colocar o
amor em funcionamento. E muito do que fazemos, ou deixamos de fazer, não é pelo
intelecto, mas sim porque as nossas emoções nos mobilizam ou não.
O maior sermão pregado em toda história não foi aquele de Martin Luter King
nos Estados Unidos, ou o do apóstolo Paulo no areópago em Atenas, nem mesmo o
de Spurgeon em Londres, mas o Sermão da Montanha. Convém destacar algo que
às vezes não é percebido, a frase: “Jesus vendo as multidões...” Mais do que olhar
houve uma contemplação de Cristo para com o ser humano, seus sonhos, suas
dificuldades, suas crises, suas depressões, seus abismos. Esta previa empatia – o
colocar-se no lugar de outrem -, foi à causa do sucesso deste inesquecível tratado
sobre a vida humana e do amor prático que o filho de Deus demonstrou em seu
ministério.
Mas, e eu e você, o que temos com isso? Bem, assisti ao filme Um sonho de
liberdade e compartilho minha experiência pessoal ao termino da exibição. Na fita, o
diretor de um presídio, aparentemente cristão, comete as maiores barbáries com os
detentos. Apesar de já ter sido capelão prisional e, pior, de uma prisão de
adolescentes infratores, chorei como criança, pois me coloquei no lugar de cada
presidiário retratado ali. Pude vivenciar um pouco do que Jesus sentiu pelas
multidões. Vale a pena assistir aquele filme. No entanto, este processo de
identificação com prostitutas, viciados, doentes, ateus, pessoas sem Deus, iletrados,
sem-teto e todos que necessitam do amor de Deus não deve ser restrito aos
ministros do Evangelho.
Uma das boas heranças da reforma protestante é o retorno a prática bíblica do
sacerdócio universal de todos os crentes. Ou seja, qualquer um de nós necessita,
mais do que nunca, amar na prática, ser empático em nossa vida para com todos
que nos cercam. No contexto frio e impessoal em que vivemos hoje, é preciso amar
com ações palpáveis, mensuráveis, com todo o ser, com todas as forças, ao
semelhante, ao próximo, ao irmão e principalmente a quem ainda não é irmão, o
inimigo até. Não apenas por palavras, e não para sermos salvos, pois já o somos
pela graça maravilhosa de Deus – mas justamente por sermos salvos, imitemos
nosso Mestre, Jesus, amando na prática.
Amar teoricamente, como hipócrita ou interesseiro, justificando os meios pelo
fim, usando a lei da vantagem, sem escrúpulos, não é novidade. Infelizmente, até
na Igreja isto ocorre. Assim, vemos aberrações hermenêuticas, como crer que é
possível ser um adorador de Deus e agradá-lo, sem sentir a dor do irmão ao lado, e
o que é pior, prejudicando o próximo. Em nome de Deus, fofocas são criadas e
incentivadas, mentiras são ditas, manipulações são realizadas, oculta-se, esconde-
se, engana-se. Por quê? Porque não há empatia, não se coloca em ação uma das
frases mais sintéticas sobre o que é ser um verdadeiro servo de Deus: “Fazer ao
próximo o que gostaríamos que fizessem a nós.”
Talvez esta seja a principal dificuldade da Igreja de hoje. Jesus era um
especialista em pessoas. Seu ministério era estar cercado de pessoas. Ele era
apaixonado por elas, que são a obra prima da criação de Deus. Jesus priorizou as
pessoas enquanto esteve em seu ministério terreno. Com a agitação dos tempos
modernos, às vezes, esquecemos isso. As estruturas eclesiásticas, denominacionais,
projetos, burocracias e nossas idiossincrasias, este nosso mundo fechado que
infelizmente criamos, nos tiram tempo. Tempo de amar as pessoas, de vivenciar
seus medos e traumas.
É necessário resgatar a cada dia a missão da Igreja de Jesus neste mundo e
corrigir seus rumos. Pois ao nos desviarmos da missão apascentadora da
humanidade, corremos o risco de sermos igreja - tudo: igreja construtora, igreja
política, igreja - empresa, igreja - animadora de reuniões, igreja opressora, igreja -
empreendedora, igreja - qualquer coisa. Igreja - nada. Por isso, nestes dias, o
mundo, os carentes, está clamando por uma Igreja – e esta Igreja são pessoas
de carne e osso como nós – que chorem com os que choram. Não com o
amor teórico, mas com o empático amor de Deus. Isto é o verdadeiro
Evangelho integral em ação através do amor.
Extraído da revista
Eclésia n.º 67 06/2001
Pr. José Ricardo Pimentel

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