Вы находитесь на странице: 1из 21

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

MÓDULO XVI
Processo Cautelar

1. TEORIA GERAL DO PROCESSO CAUTELAR

Por mais célere, por mais eficaz que seja o processo de


conhecimento ou de execução, sempre será necessário um lapso temporal
para que a tutela jurisdicional seja concedida. Esse lapso temporal entre a
propositura da ação e a sentença pode colocar em risco o provimento
jurisdicional requerido. Assim, o processo cautelar nasce para evitar que a
tutela cognitiva ou a tutela satisfativa se tornem inúteis diante do
perecimento do processo.

1.1. Aspectos Formais


O CPC, quando regula as cautelares, utiliza-se de uma série de
expressões que, na prática forense, são consideradas como sinônimos,
porém são distintas, quais sejam:
• ação cautelar: do ponto de vista científico seria uma expressão
tecnicamente errada, pois ação é um direito subjetivo público a
um provimento jurisdicional acerca de um objeto. Quando o
CPC fala em ação cautelar, está referindo-se ao direito de
requerer um provimento acautelatório;
• processo cautelar: processo é o instrumento cautelar; é a
natureza da tutela que se está buscando (provimento). O
processo é formado por dois elementos: o procedimento, que
deve desenvolver-se em contraditório;
• procedimento cautelar: neste caso, a expressão cautelar designa
o Livro em que a matéria está regulada. Não tem significado de

1
provimento e pode gerar confusão com a natureza do
provimento;
•medida cautelar: é o provimento jurisdicional de natureza cautelar.
É o ato do julgador em uma decisão interlocutória ou em uma
sentença. As medidas cautelares se encontram no processo cautelar,
no entanto o sistema processual permite que, dentro do processo de
conhecimento ou do processo de execução, o Juiz tome medidas
cautelares incidentais, por exemplo, quando o Juiz, no processo de
execução, mandar prestar caução.
O Livro III do CPC possui duas “falhas”. A primeira por destacar,
dar autonomia ao processo cautelar ao transportar a matéria que ora era
regulada dentro do processo de conhecimento e do processo de execução.
Alguns dispositivos permaneceram nestes, ficando como matéria de
natureza cautelar, mas excluída do processo cautelar, por exemplo, a
caução exigida pelo Juiz no processo de execução.
A segunda falha ocorreu quando o legislador passou a utilizar-se do
procedimento cautelar em outras situações; demandas que seguem o
procedimento cautelar, mas não possuem natureza cautelar, como busca e
apreensão de menor ou incapaz fundada em sentença, que é regulada no
Livro das Cautelares. O provimento jurisdicional, no entanto, é
satisfativo, não cautelar.

1.2. Características
• Instrumentalidade: no caso, instrumentalidade tem uma
conceituação específica, qual seja: as cautelares não têm um fim
em si mesmas, ou seja, quando a parte requerer uma cautelar,
estará visando a preservação de um outro direito que deverá ser
reconhecido ou será objeto de um processo de conhecimento ou
de execução.

• Preventividade: as cautelares têm por objetivo evitar um dano ou


o risco de um dano, ou seja, depois que o dano se concretizou, a
cautelar não é mais via adequada para se tentar reverter o dano.

2
• Provisoriedade: as cautelares produzirão efeitos até que não
mais exista o risco de dano irreparável ou de difícil reparação.

• Revogabilidade: concedida ou não a cautelar, a concessão ou a


decisão é dada à luz de um determinado momento processual, ou
seja, se a situação fática for modificada, é perfeitamente válido
que a cautelar concedida possa ser revogada, a cautelar negada
venha a ser concedida ou a cautelar possa ser modificada.

• Autonomia: o objeto do processo cautelar não é o mesmo do


processo principal, ou seja, para que o Juiz julgue procedente
uma cautelar, o requerente deverá superar requisitos diferentes
daqueles da procedência da ação principal. No processo cautelar
não há necessidade de certeza do direito, basta que exista a
possibilidade do direito (cognição sumária) e o risco de dano
irreparável ou de difícil reparação. Esse dano irreparável é um
dano processual, um dano que torna o provimento principal
ineficaz.

• Refiribilidade: tem por objetivo distinguir as cautelares das


tutelas antecipadas. Nas cautelares, ao requererem a tutela, as
partes invocam o risco de dano a um outro direito ou a uma
outra tutela.

1.3. Classificação
Uma primeira classificação, fundada no momento da propositura da
cautelar, divide as cautelares em:
• preparatórias: quando a cautelar é proposta antes da ação
principal. Um dos requisitos da petição inicial dessa cautelar é a
lide e seus fundamentos, ou seja, é necessário que se indique
qual o objeto da demanda principal. Conhecer a lide principal é
essencial para que o Juiz julgue se a cautelar preparatória será
concedida ou não. As cautelares preparatórias, como regra,
exigem a propositura da ação principal no prazo de 30 dias após
a execução da tutela cautelar. Essa regra geral só se aplica às

3
cautelares restritivas de direitos, ou seja, quando se causar algum
gravame ao requerido. O objetivo do prazo é evitar que o
requerente eternize a cautelar. Esse prazo tem caráter
decadencial, ou seja, não sendo proposta a ação principal, cessa
a eficácia da cautelar;
•incidentais: são aquelas propostas no decorrer do processo
principal. No caso, é irrelevante que se indique qual o objeto da
demanda principal, tendo em vista que o julgador já tem
conhecimento do mesmo devido ao fato de já existir a demanda
principal.
Uma segunda classificação divide as cautelares em:
•inominadas: são aquelas fundadas no Poder Geral de Cautela do
Juiz. O Livro das Cautelares no CPC é dividido em duas partes. A
primeira é dedicada ao Poder Geral de Cautela do Juiz. O código
simplesmente determina que, havendo risco ou ameaça de lesão, o
Juiz pode conceder a tutela cautelar e, a partir daí, narra o
procedimento para se conceder a tutela cautelar;
típicas: são as denominadas na segunda parte do CPC. Além disso,

o código relaciona as hipóteses e os requisitos para a sua concessão.


As cautelares típicas se subdividem em:
- assecuratórias de bens: cautelar para assegurar o bem objeto
da demanda;
- assecuratórias de pessoas: cautelar para evitar que alguma
das partes pereça no decorrer do processo (ex.: cautelar de
alimentos provisórios);
- assecuratórias de provas: cautelar para garantir a melhor
sentença, preservando-se as provas (ex.: cautelar antecipada
de provas);
- de natureza não-cautelar: cautelares inscritas no Livro das
Cautelares, mas que não se encontra nelas um provimento
jurisdicional cautelar (ex.: cautelar de justificação, que tem
por finalidade somente a produção em juízo da existência ou
não de uma relação jurídica; o Juiz não produz decisão).
Por fim, uma terceira classificação divide as cautelares em:
• contenciosas: haverá o ônus de sucumbência;

4
• não-contenciosas: não haverá o ônus de sucumbência.

1.4. Poder Geral de Cautela do Juiz


O Poder Geral de Cautela visa suprir as lacunas oriundas da
impossibilidade de se prever todas as situações em que seria necessária a
proteção cautelar. Esse poder será concedido tanto ao Juiz, que poderá
conceder providência cautelar não prevista, quanto às partes, que poderão
postular concessão de providências cautelares não previstas.
As cautelares não previstas são chamadas de inominadas e,
preenchidos os requisitos específicos (fumus boni juris e periculum in
mora), poderá o Juiz conceder a cautelar que julgar mais adequada.
Embora o CPC tenha criado o Poder Geral de Cautela, no qual o
Juiz poderá tomar qualquer medida para que a decisão final não seja
ineficaz, o mesmo sofre limites em razão da própria tutela cautelar, quais
sejam:
impossibilidade de o julgador conceder antecipações de tutela por

meio de cautelares, ou seja, não se pode desnaturar a medida;


•representado pelo binômio necessidade e adequação, no Poder
Geral de Cautela, deve ser preservado o direito do requerente sem a
imposição de sacrifícios excessivos ao requerido. O Juiz deve
buscar o equilíbrio entre as partes e não criar um benefício
exacerbado em relação ao requerente.
O CPC autoriza o Juiz a conceder medidas cautelares independente
do requerimento da parte, desde que preenchido dois requisitos: que
exista um processo em andamento; e nas hipóteses em que a lei expressa
ou sistematicamente autoriza (ex.: fixação de caução em execução
provisória).

1.5. Requisitos Específicos


Os requisitos específicos das cautelares são aqueles que, presentes,
levarão ao julgamento procedente da ação cautelar. São eles:
•fumus boni juris: é a plausibilidade do direito alegado, ou seja, a
razoabilidade, não a mera lógica; deve haver uma forte
possibilidade de que a demanda será procedente;

5
•periculum in mora: é o risco de lesão grave ou de difícil reparação.
Para que este requisito esteja preenchido, serão necessários três
elementos:
- risco fundado: o risco deve ser concreto, não podendo estar no
campo da mera hipótese (ex.: um título levado à protesto);
- risco iminente: o risco deve ser próximo;
- grave ou de difícil reparação: refere-se ao dano processual,
ou seja, o risco de que o provimento do processo principal se
torne inútil ou ineficaz.

1.6. Relação Jurídica Processual


A regra geral, no sistema processual, é que serão partes do processo
cautelar os mesmos sujeitos do processo principal. Isto não significa que
as partes devam estar ocupando o mesmo pólo. É absolutamente possível
haver um processo cautelar em que o requerente será o réu do processo
principal, e o requerido, o autor.
O fato de, eventualmente, se ter um litisconsórcio no processo
principal não significa que todos eles deverão estar no processo cautelar.
Em tese, é possível a propositura de uma cautelar sem a individualização
do requerido, da mesma forma que no processo de conhecimento.
Alguns autores afirmam que, em situações excepcionais, seria
admissível uma cautelar em face de um terceiro da relação principal. Por
exemplo, a possibilidade de, no decorrer do processo principal, se
ingressar com cautelar de busca e apreensão em face de terceiro que
esteja em posse de documentos que seriam prova da ação principal.
A divergência existe, pois parte da doutrina não aceita a cautelar em
face de terceiros, pelo fato da busca e apreensão em relação ao terceiro
que esteja em posse de documentos que seriam prova da ação principal
vir combinada com a cautelar de exibição e documentos a qual não possui
natureza exclusivamente acautelatória.

1.7. Intervenção de Terceiros


O CPC prevê cinco casos de intervenção de terceiros. Nem todos
eles, entretanto, seriam permitidos no processo cautelar, vejamos:

6
assistência: pela sua natureza e quanto à celeridade, é permitida no

processo cautelar;
•oposição: pela sua natureza, a oposição não é admitida, visto que a
finalidade do processo cautelar não é a certeza do direito;
•nomeação à autoria: quanto à celeridade, há uma divergência na
doutrina. Alguns afirmam que não deve ser admitida a nomeação à
autoria no processo cautelar. A corrente dominante, no entanto,
afirma que se deve autorizar, tendo em vista ser mais rápido do que
extinguir o processo para que seja interposto outro;
•denunciação da lide: a princípio, não se admite, entretanto existem
determinadas cautelares que atingem diretamente o
desenvolvimento normal do processo principal; cautelares, cujo
objeto pode influenciar diretamente o desenvolvimento do processo
principal. Nestes casos, a doutrina e a jurisprudência têm admitido;
•chamamento ao processo: pelo mesmo motivo que na denunciação
da lide, a princípio não seria admitido em uma cautelar, no entanto
a doutrina e a jurisprudência têm permitido em alguns casos.

1.8. Competência
O CPC não traz regras de caráter geral para a competência das
cautelares, portanto, será competente para julgar a cautelar o juízo
competente para julgar o processo principal.
A competência para as cautelares incidentais, quando o processo
principal já está em grau recursal, será fixada de acordo com uma regra
específica: “interposto recurso quanto à decisão extintiva do processo, a
competência para eventual cautelar será do juízo competente para julgar
esse recurso”, ou seja, enquanto o recurso não for interposto, a
competência é do juízo que julgou o processo principal. A partir do
recurso interposto, a competência será do tribunal que julgará o recurso.
Algumas cautelares típicas têm regra especial, por exemplo, a
cautelar de atentado, que tem por competência sempre o juízo originário.
Ainda que o processo principal esteja no tribunal aguardando julgamento,
a cautelar de atentado será proposta perante o juízo que julgou o processo
principal.

7
Admite-se que o juízo incompetente aprecie eventual cautelar,
desde que a urgência da medida justifique essa conduta.

1.9. Extinção e Perda da Eficácia nas Cautelares


As cautelares poderão extinguir-se e perder sua eficácia de duas
maneiras:
a) De modo normal quando atinge o seu objetivo, que é o de fazer
com que a decisão do processo principal não se torne inútil. No
momento em que a decisão principal não mais correr o risco de
se tornar inútil, a cautelar se extingue perdendo sua eficácia.
b) De forma anômala, que pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
quando a cautelar for revogada, o que pode ocorrer a qualquer

momento;
• quando houver desistência do processo cautelar;
•quando o requerente deixar de propor a ação principal no prazo
de 30 dias (no caso de cautelar preparatória restritiva de direitos).
O prazo é decadencial, entretanto é decadência da tutela cautelar,
não significando a perda do direito material. Se o prazo é de
natureza decadencial, a contagem deverá seguir a regra do CC,
ou seja, expira no dia final, independente de ser dia útil ou não
(se o prazo terminar em um domingo, por exemplo, a ação deverá
ser proposta na sexta-feira anterior);
•se a medida cautelar não for executada no prazo de 30 dias por
culpa do requerente;
•se a liminar tiver sido concedida e o requerente não citar o
requerido no prazo de 5 dias (se a citação não tiver ocorrido por
culpa do requerente);
se o processo principal for extinto. A perda da eficácia vai

ocorrer quando a extinção se concretizar (ex.: se houver recurso


da sentença que extinguiu o processo principal, a cautelar não
perderá a eficácia antes do julgamento do recurso).

1.10. Procedimento nas Cautelares Inominadas

8
O procedimento da cautelar inominada deverá ser observado
segundo duas considerações:
•Como em qualquer procedimento, as cautelares terão início com
uma petição inicial e como fim uma sentença, da qual caberá
recurso. O procedimento das cautelares é o de conhecimento.
•Subsidiariamente e sempre que houver compatibilidade, serão
aplicadas às cautelares típicas (nominadas) as regras das cautelares
inominadas.

1.10.1. Atos que compõe a cautelar inominada


a) Petição inicial: o CPC trata dos requisitos da petição inicial das
cautelares em seu art. 801, no entanto esses requisitos são
insuficientes, devendo-se, portanto, aplicar subsidiariamente o
art. 282. São eles:
- autoridade judiciária a quem é dirigida (incumbe à parte
indicar, inicialmente, a competência);
- nome e prenome das partes, qualificação, residência e
domicílio (incumbe ao requerente individualizar as partes);
- a lide e seus fundamentos (esse requisito só será aplicado às
cautelares preparatórias, visto que o requerente deve dar a
informação sobre o objeto do processo principal);
- exposição sumária do direito ameaçado e o risco de lesão
existente (fumus boni juris e periculum in mora). O código
deixa de utilizar a expressão técnica causa de pedir para evitar
confusão do mérito do processo principal com o objeto da
cautelar;
- especificação de provas, que deve ser genérica, pois não sendo
contestada a demanda, não se sabe quais os fatos
controversos, não se sabendo o que deve ser provado.
Não consta entre esses requisitos o pedido, o valor da causa e o
requerimento de citação do requerido. Deve-se, então, aplicar
subsidiariamente os requisitos constantes no art. 282 do CPC.

9
b) Exame de eventual pedido de liminar: a doutrina e a
jurisprudência entendem como requisitos que deverão estar
presentes para que seja concedida a liminar:
- risco de ineficácia da medida pela citação do requerido: nesse
caso, podem haver duas situações diferentes. O requerido,
citado, pode praticar um ato que inviabilize a tutela
jurisdicional ou não há tempo hábil para a citação do
requerido, pois a limitar é tão urgente que não haverá tempo
para a citação e resposta do requerido;
- possibilidade de existência do direito: o CPC dispõe que a
liminar será concedida diretamente ou após audiência de
justificação. A respeito desta disposição, deve-se levar em
conta duas considerações: se o Juiz não conceder a liminar
diretamente, não será obrigado a fazê-lo em audiência de
justificação, tendo em vista que poderá negar a concessão da
liminar; e a segunda é que, em regra, não há citação do
requerido para a audiência de justificação, visto que, se isso
ocorrer, não estará preenchido o primeiro requisito para a
concessão da liminar. Em algumas cautelares típicas,
entretanto, há previsão legal para essa citação (ex.: busca e
apreensão), e em determinadas cautelares, considerando-se a
natureza do seu objeto, permite-se que o Juiz, com base no seu
poder de cautela e de livre convencimento, mande citar o
requerido (ex.: separação de corpos).
O CPC permite ao Juiz, ao conceder uma liminar, que fixe uma
caução real ou fidejussória. A doutrina tradicional sempre foi no sentido
de que compete ao requerente indicar a caução, seja ela real ou
fidejussória.Nos últimos três anos, entretanto, a jurisprudência foi
alterada e hoje o entendimento dominante é que o Juiz tem o direito de
indicar a caução.
c) Citação do requerido: a citação será feita nos moldes da ação
ordinária, entretanto o CPC dispõe que o prazo para apresentar
contestação será de 5 dias, podendo, inclusive, apresentar
exceções, vedada, porém, a reconvenção.
São dois os termos iniciais para a contagem do prazo de 5 dias para
a apresentação da contestação: a juntada do mandado de execução da
liminar e, se a citação for feita perante terceiros (ex.: sustação de

10
protesto), o requerido deverá ser citado pessoalmente, contando-se o
prazo da juntada do mandado de citação.
d) Contestação: se o requerido não contestar a demanda no prazo
de 5 dias, sofrerá os efeitos da revelia (presunção de verdade dos
fatos). Essa presunção de verdade dos fatos, entretanto, limitar-
se-á à cautela, não podendo ser transportada para o processo de
conhecimento. A presunção é da verdade do periculum in mora e
do fumus boni juris, não da certeza do direito.
e) Réplica: o Juiz poderá abrir prazo para o autor se manifestar
acerca da contestação. O prazo para o oferecimento da réplica
será o mesmo da contestação, já que a lei não previu o prazo nas
cautelares.
f) Instrução probatória: independe do processo principal, visto que
o objeto probatório da cautelar (fumus boni juris e periculum in
mora) não se confunde com o objeto probatório do processo
principal (certeza do direito). Existem, entretanto, decisões
entendendo que poderão ser unificadas as instruções para a
celeridade do processo.
g) Sentença: preenchidos os requisitos, a cautelar será julgada
procedente. A decisão que concedeu a liminar será substituída
pela sentença, que passará a produzir efeitos. Se a sentença for
improcedente, a liminar perderá os seus efeitos.
A sentença do processo cautelar, como regra, não pode produzir
coisa julgada material por não haver julgamento de mérito e ser a
sentença sempre revogável, tendo, portanto, natureza provisória. A
sentença que julgar improcedente uma cautelar sob o argumento de que
ocorreu a decadência ou a prescrição da ação, fará coisa julgada material,
pois quando se decreta decadência ou prescrição, o Juiz está,
implicitamente, afirmando que o autor sequer tem o direito alegado na
cautelar. No caso, o autor sequer teria o direito de propor a ação principal.
h) Recursos: aplicar-se-ão nas cautelares as regras gerais dos
recursos. O recurso de apelação, entretanto, será recebido sob
efeito meramente devolutivo. Nas cautelares, o único recurso de
agravo cabível é o de instrumento, tendo em vista que a decisão
a se agravar em um processo cautelar é aquela que nega a
liminar, não havendo, portanto, interesse no julgamento de um

11
agravo retido, que é julgado como preliminar de apelação e,
nessa fase, a sentença já substituiu a liminar.
i) Execução: a execução nas cautelares é de modalidade imprópria
(lato sensu), ou seja, executa-se diretamente, inexistindo
processo de execução. A conseqüência disso é que não serão
admitidos os embargos à execução, sendo, entretanto, admitidos
os embargos de terceiros.

1.11. Responsabilidade Objetiva nas Cautelares


O CPC, em seu art. 811, determina que o requerente responda pelos
prejuízos causados ao requerido. Acabou, entretanto, relacionando as
hipóteses de responsabilidade objetiva, procurando regulamentar a
matéria, dizendo em quais hipóteses o requerente vai responder
objetivamente. Essa lista do código é taxativo, visto que a
responsabilidade objetiva é uma exceção dentro do sistema jurídico,
possuindo uma interpretação restritiva. O código não foi feliz na redação,
visto que algumas hipóteses, tecnicamente mais graves, ficaram excluídas
do rol.
O requerente responde objetivamente:
•quando a ação principal for julgada desfavorável ao requerente: o
código adota uma responsabilidade rígida do requerente.
Desconsidera-se a autonomia das cautelares, não importando sua
procedência;
•quando o requerente não propuser a ação principal no prazo de 30
dias: neste caso, o requerente estará sendo punido pela tentativa de
eternizar a cautelar;
•quando o requerente deixar de citar o requerido em 5 dias: deve-se
fazer uma interpretação sistemática. Não se pode esquecer das
excludentes de responsabilidade, ou seja, o requerente não vai
responder pelo dano nos casos em que a não-citação ocorreu em razão
da omissão do Estado ou de um de seus agentes;
•quando o requerente deixar de executar a medida no prazo de 30
dias: neste caso, podem acontecer duas situações diferentes:
decorridos os 30 dias, há a prática de uma medida abusiva; ou o CPC
prevê que a medida cautelar pode causar danos mesmo que não tenha

12
sido executada. Pelo simples fato de ser concedida a cautelar, poderá
causar um dano, sendo ela executada ou não;
•caso o processo principal seja extinto com ou sem julgamento do
mérito: houve uma repetição, visto que, na primeira hipótese, já há
disposição sobre isso;
•quando na cautelar for reconhecida decadência ou prescrição: prevê
a hipótese de, pelo fato de a cautelar já não dar o direito da principal, o
requerente responderá pelo dano.
Na hipótese do requerente obter uma liminar e perder a cautelar,
não há responsabilidade objetiva, visto que o código vincula essa
responsabilidade à perda do processo principal. A perda da cautelar leva a
uma responsabilidade subjetiva.

1.11.1. Funcionamento da responsabilidade objetiva


O CPC determina que a liquidação da responsabilidade objetiva
seja feita nos próprios autos da cautelar. O requerido terá que comprovar
o dano e o nexo causal. No caso, não haverá liquidação de sentença,
cabendo ao requerido trazer a notícia aos autos da cautelar para que possa
haver a responsabilidade objetiva do requerente.
Indaga-se: Aplica-se o art. 811 do CPC, que trata da
responsabilidade objetiva, na tutela antecipada?
a) Trata-se de responsabilidade subjetiva, pois tutela antecipada e
tutela cautelar são institutos diferentes. A responsabilidade
objetiva no Brasil é excepcional (depende de expressa previsão
legal). No silêncio da lei, a responsabilidade é subjetiva. O art.
811 do CPC trata de responsabilidade objetiva no que tange às
tutelas cautelares. Logo, para as tutelas antecipadas, a
responsabilidade é subjetiva.
b) Trata-se de responsabilidade objetiva, pois, nas tutelas
cautelares, a responsabilidade é objetiva, já que a decisão é
sempre de risco, pois é fundada em juízo de mera probabilidade.
Para afastar esse risco, aquele que pediu responderá
objetivamente pelos danos que causar à tutela cautelar.
A tutela antecipada é também dada em juízo de mera probabilidade
(decisão de risco). Logo, onde há a mesma razão, deve haver a mesma

13
solução. Se a responsabilidade, portanto, é objetiva nas cautelares, pois
são tomadas com base em verossimilhança, e as tutelas antecipadas
também são tomadas com base em verossimilhança, a responsabilidade
deve ser também objetiva. Nesse caso, há uma pequena tendência de
prevalecer a responsabilidade objetiva.

2. ARRESTO

Para que se tenha uma boa compreensão desse instituto, importante


que se tenha uma visão geral da obrigação de pagar, que é liquidada pela
chamada execução por quantia certa contra devedor solvente.
Ingressa-se com a ação, faz-se a citação e posteriormente a
penhora. Como regra geral, o momento em que os bens sofrem constrição
para garantir o pagamento é a penhora. Do risco de o devedor não possuir
bens para penhorar, quando chegar esta fase, surge o arresto.
O arresto é, portanto, uma medida cautelar que tem por objetivo a
constrição de bens do devedor, de modo a garantir a satisfação de um
crédito. Essa medida cautelar poderá ser tanto preparatória quanto
incidental. Para preservar o crédito, o credor poderá valer-se do arresto,
seja antes ou depois do ingresso da execução.
Não se pode confundir esta figura do arresto com o arresto
executivo. O código prevê que se o executado não for encontrado para
citação, seus bens serão arrestados. No caso, os bens serão arrestados tão-
somente pelo fato de que o executado não foi citado, não havendo risco
de dilapidação do patrimônio.
O arresto cautelar pressupõe risco e o arresto de execução é medida
de coerção para que o executado venha ao processo.

2.1. Condições ou Requisitos Específicos da Admissibilidade do


Arresto
O arresto está sujeito às condições da ação, entretanto é importante
identificar esses elementos dentro de um arresto.
Possibilidade jurídica do pedido: somente serão arrestáveis bens

penhoráveis; o arresto deverá ocorrer nos limites do crédito.

14
•Legitimidade de agir: no tocante à legitimidade ordinária, a regra
geral é que somente poderá pleitear o arresto o credor em face do
devedor; é a situação de normalidade. Se for uma cautelar
preparatória, o requerente se confunde com a figura do autor da
ação principal. Nos casos de cautelar incidental, no entanto, essa
situação poderá não ocorrer, ou seja, o réu do processo principal
pode ser o requerente da cautelar de arresto (ex.: um pedido
contraposto apresentado pelo réu).

Há, ainda, a possibilidade de o réu ingressar com uma cautelar de


arresto em face de outro réu, havendo a exclusão do credor. Por exemplo,
nos casos de uma ação contra o devedor principal e o fiador, este último
poderá entrar com uma cautelar de arresto para preservar o seu direito de
regresso.
O MP, como fiscal da lei, não poderá ingressar com ação de arresto.
Existe, entretanto, uma corrente minoritária que defende essa
legitimidade, dependendo da natureza da demanda.
•Interesse para interposição do arresto: a regra geral é que basta o
requerente afirmar a possibilidade ou risco de não-satisfação do
crédito para que ele possa interpor o arresto. Não cabe cautelar de
arresto, entretanto, em face do devedor insolvente, visto que a
finalidade da cautelar é assegurar o pagamento de uma dívida.
Logo, se o devedor for declarado insolvente, a medida cautelar para
o caso de haver dilapidação de bens será a Cautelar de Seqüestro.
Contra a Fazenda Pública não se pode, em regra, interpor uma
cautelar de arresto. Quando há o rompimento da ordem de pagamento dos
precatórios, porém, o código prevê uma cautelar de seqüestro que tem
natureza de arresto.

2.2. Requisitos para a Procedência da Cautelar de Arresto


O CPC, no tocante aos requisitos para a procedência para a cautelar
de arresto, regulamenta a situação do devedor e regula o tipo de crédito
que pode ensejar o arresto. Preenchidos os dois requisitos, o arresto será
permitido.

15
2.2.1. Devedor que se submete ao arresto
O código relaciona três espécies de devedores:
a) devedor sem domicílio certo: o devedor se submeterá ao
arresto quando não pagar a dívida no vencimento, quando
tentar se ausentar ou quando alienar ou onerar bens de
modo a se tornar insolvente. O CPC não teve rigor
científico nem pragmático para relacionar essas hipóteses;
b) devedor com domicílio certo: o devedor se submeterá ao
arresto quando tentar se ausentar furtivamente ou quando
alienar ou onerar bens de modo a se tornar insolvente.
Quando o código fala em “ausentar-se furtivamente”, está
se referindo àquele que tenta se ausentar sem um motivo
aparente, de modo inesperado, sem dar a devida
publicidade;
c) devedor com bens de raiz: o devedor se submeterá aos
arresto desde que ele onere ou aliene os seus bens sem
deixar outros livres e desembargados de modo a garantir os
demais credores.

A posição tradicional da doutrina é que essa relação é taxativa,


entretanto a posição que vem crescendo, inclusive na doutrina, é que essa
relação é exemplificativa, ou seja, as hipótese não relacionadas serão
passíveis de arresto. Existem casos em que o devedor se enquadra no rol
do CPC, no entanto o Juiz não concederá a cautelar de arresto.

2.2.2. Créditos que podem ser preservados pelo arresto


De acordo com o CPC, o crédito preservado é o crédito literal,
líquido e certo. Equipara-se a um crédito nessas condições uma sentença
sujeita a recurso.
Quando o código fala em literalidade do crédito, o que se exige é
que o crédito esteja comprovado documentalmente. Não há, entretanto,
requisitos no CC sobre o documento que comprova o crédito, então,
qualquer documento poderá ser usado para sua comprovação.

16
Quando se fala em liquidez do crédito, está se exigindo que o
requerente da cautelar informe qual o montante da dívida, ou seja, quanto
ela representa em dinheiro. Parte da doutrina entende que basta que o
requerente apresente parâmetros que se aproximem o máximo possível do
valor real da dívida. É uma parte isolada da doutrina, mas não se pode
exigir a liquidez de uma execução.
Quando o código fala em certeza, significa que esse crédito deve ter
uma forte plausibilidade, uma forte possibilidade de existir.

2.3. Características Gerais Relativas à Eficácia e Procedimento do


Arresto
O CPC aproxima muito, na regulamentação, o arresto da penhora.
O código diz que o arresto se converte em penhora e que ao arresto
aplicam-se, subsidiariamente, as regras relativas à penhora. Esses
dispositivos do CPC têm a finalidade de dispor que o arresto,
ordinariamente, terá eficácia até a fase de penhora e que as normas
relativas à penhora aplicáveis ao arresto serão aquelas compatíveis com
este.
O CPC tem dois dispositivos que tratam de hipóteses em que se
suspendem o arresto e hipóteses que cessam a eficácia do arresto.
a) Suspende-se o arresto:
• com o pagamento da dívida;
• com o depósito da quantia devida;
• com prestação de caução idônea;
• com apresentação de fiador.

b) Cessa a eficácia do arresto:


• com o pagamento da dívida;
• com a novação;
• com a transação.

17
Com o pagamento da dívida, cessa a eficácia do arresto, não
havendo que se falar em suspensão. Parte da doutrina, com o objetivo de
justificar o antagonismo desses dois dispositivos, elaborou duas
explicações.
A primeira, no sentido de que se suspende a medida quando há
pagamento em cheque até a compensação do mesmo. A lei, entretanto, é
clara ao dizer que o pagamento só estará efetivado com a compensação
do cheque; não há, então, que se falar em suspensão, mas sim cessação de
eficácia do arresto.
A segunda explicação é no sentido de que se suspende a medida
quando o Oficial de Justiça vai cumprir o mandado de arresto e o devedor
apresenta recibo de pagamento. Não se pode suspender, visto que o
Oficial não pode deixar de cumprir o mandado antes de haver decisão
judicial. Não se considera, portanto, o pagamento da dívida.

2.4. Procedimento da Cautelar de Arresto


O CPC não trata dentro do capítulo do arresto de todos os atos
processuais que comporão essa cautelar, visto que as regras gerais são as
mesmas das cautelares inominadas. Há, porém, algumas regras
específicas aplicadas ao arresto.
Na petição inicial, nos fatos e fundamentos, o requerente deve
provar que preenche os requisitos para requerer o arresto. Em relação à
liminar, esta poderá ser concedida após a audiência de justificação, que
será feita sem a presença do requerido se houver necessidade.
O crédito não será provado na audiência de justificação, devendo
ser provado documentalmente, tendo em vista a exigência de ser o crédito
literal.
O Juiz concederá o arresto, independente de justificação, quando o
credor oferecer caução idônea ou quando o requerente for a União,
Estados ou Municípios, nas hipóteses previstas em lei. O Juiz, entretanto,
não ficará vinculado a este dispositivo, que serve apenas como parâmetro
ao julgador.

18
3. SEQÜESTRO

A situação é assemelhada ao arresto. Na cautelar de seqüestro


também há a constrição de bens, entretanto recairá sobre determinados
bens que são objeto da ação principal. Podem existir duas finalidades na
constrição de bens na cautelar de seqüestro: a preservação do bem objeto
da ação principal e o seqüestro como mecanismo para fazer cessar rixas,
ou seja, preservar o bem e as partes de uma situação que foge da
normalidade.
A medida cautelar não está obrigatoriamente vinculada a uma
futura execução para entrega de coisa certa. Pode haver execução lato
sensu, como pode não haver qualquer espécie de execução. No sistema
processual brasileiro, dentro do Livro das Cautelares, o seqüestro sempre
será uma medida cautelar, preparatória ou incidental, mas sempre de
natureza cautelar, não havendo hipótese de antecipação de tutela.
O CPC adota um procedimento assemelhando ao do arresto, ou
seja, relaciona os casos em que o seqüestro será deferido. Parte da
doutrina entende que esta relação é exemplificativa, entretanto essa
posição não é consolidada.
É admissível o seqüestro:
a) de bens imóveis, móveis ou semoventes nas ações
reivindicatórias ou possessórias quando existir o risco de
dilapidação ou de rixa. Apesar de o código falar sobre ações
reivindicatórias ou possessórias, nada impede que a parte
ingresse com cautelar preparatória;
Quando o código se refere a dilapidar, deve englobar todo e
qualquer ato ou omissão que coloque em risco o bem, ou seja, tudo que
coloca em risco o objeto da demanda será objeto da cautelar de seqüestro.
Indaga-se: É possível seqüestro de direitos?
Parte dominante da doutrina entende que sim, visto não haver
motivo para não se fazer uma interpretação mais extensa (ex.: seqüestro
de quotas de empresa);

19
b) sobre frutos e rendimentos do imóvel, reivindicando quando o
réu, após ter sido proferida sentença sujeita a recurso, os estiver
dissipando. No caso, o código está gerando uma presunção de
que se o réu já foi condenando, a partir desse instante o réu pode
continuar a receber esses frutos ou rendimentos, mas esses frutos
ou rendimentos não poderão ser utilizados sem garantia, ou seja,
o réu perde a livre disponibilidade dos frutos e rendimentos. O
código exige, entretanto, a existência da sentença;
c) nos casos de dilapidação de patrimônio por parte de um dos
cônjuges nas ações de separação ou anulação de casamento. O
seqüestro, neste caso, será admissível quando se tratar de bens
do casal ou do requerente da cautelar. A dilapidação abrange
tanto onerar quanto destruir os bens. O seqüestro de bens não
pode impedir os atos de administração ou de gestão ordinária do
patrimônio. A dilapidação se refere a prejuízos intencionais à
meação;
d) nas demais hipóteses previstas em lei. A título exemplificativo,
pode-se citar: seqüestro de livros e documentos do falido;
seqüestro de produto de crime; seqüestro nas possessórias em que
tanto o requerente quanto o requerido exercem a posse a menos
de ano e dia.

3.1. Procedimento da Cautelar de Seqüestro


O código trouxe as regras específicas que devem ser aplicadas ao
seqüestro e subsidiariamente aplicam-se as regras do arresto.
Na petição inicial, o requerente deve demonstrar os fundamentos da
cautelar, devendo, obrigatoriamente, individualizar o bem a ser
seqüestrado. Compete ao requerente, ao pleitear o seqüestro, dizer de que
forma ele pretende que seja concretizado, visto que o seqüestro pode se
dar em mãos do requerente, de terceiros ou do próprio requerido.
Pleiteado o seqüestro, o Juiz poderá deferir liminarmente ou após
audiência de justificação. Deferido o seqüestro, o Juiz nomeará um
depositário de comum acordo entre as partes ou à parte que oferecer
melhores garantias e prestar caução. Essa regulamentação somente pode
ser encarada de maneira exemplificativa, visto que o Juiz poderá nomear
um terceiro sem que estejam as partes de comum acordo, não limitando o

20
julgador. O código também dispõe que os bens serão entregues ao
depositário. No mais, seguem-se as mesmas regras da cautelar de arresto
e das cautelares inominadas.

4. CAUÇÃO

O Juiz pode condicionar a execução de uma liminar à prestação de


caução real ou fidejussória.
Indaga-se: A escolha da caução compete ao requerente, ou pode o
julgador, no momento de conceder a liminar, determiná-la?
A posição tradicional doutrinária e jurisprudencial diz que a escolha
incumbe ao requerente. Nos últimos anos, a posição da doutrina e
jurisprudência se alterou e o posicionamento dos tribunais, hoje, é de que
o Juiz pode, desde logo, delimitar a caução. Embora o CPC diga que a
caução pode ser real ou fidejussória, o Juiz pode alterar, por exemplo, a
fiança bancária.

21

Вам также может понравиться