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téchne 132 março 2008
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IPT techne
Edição 132 ano 16 março de 2008 R$ 23,00
Concreto auto-adensável ■ Complexo Viário Real Parque ■ Lajes ■ Pré-fabricados de concreto ■ Sistema contra incêndio
OBRA-DE-ARTE
Complexo Viário
Real Parque
LAJES
Soluções para
grandes vãos
COMO CONSTRUIR
Sistema contra
incêndio
Concreto Edifício
Cult Universo,
Goiânia
auto-adensável
00132
SUMÁRIO
CAPA
38 Solução fluida
Confira sete cases de sucesso
de construtoras que usaram
auto-adensável
58 ARTIGO
Resistência de lajes alveolares
pré-fabricadas ao cisalhamento
Pesquisadores avaliam desempenho
dessas peças
Naldo Mundim/Realmix Concreto
78 COMO CONSTRUIR
Sistema de proteção contra incêndio
com tubos de CPVC e sprinklers
Como projetar redes com tubulações
de CPVC e chuveiros automáticos
32 ESTRUTURAS
Lajes ampliadas SEÇÕES
Projetistas apontam alcance de cada Editorial 2
sistema para obter grandes vãos Web 6
Área Construída 8
44 COMPLEXO VIÁRIO Índices 12
REAL PARQUE IPT Responde 14
Malha de estais Carreira 16
Marcelo Scandaroli
1
editorial.qxd 5/3/2008 11:32 Page 2
EDITORIAL
O "X" da ponte
VEJA EM AU
oucos duvidam que o Complexo Viário Real Parque, uma das
P maiores obras viárias em execução na capital paulista, será
um novo marco urbano da cidade. Obra-de-arte rara no mundo,
possui dois tabuleiros estaiados em curva, com 18 pares de estais
ancorados em um enorme "X" de 138 m. Dá mostras claras do
potencial da engenharia civil no País e do desejo da metrópole em
ganhar um novo cartão-postal. Lança, entretanto, pelo menos
duas polêmicas: por que a opção por uma ponte estaiada se
haviam outras soluções econômicas e, ao mesmo tempo, viáveis Museu do Pão, em Ilópolis,
RS – Brasil Arquitetura
sob o ponto de vista técnico? Por que investir tanto em uma obra
Hospital e Maternidade São
que, numa rígida escala de prioridades, não ocuparia as primeiras Luiz – Anália Franco
posições em uma megalópole repleta de problemas como São Zanettini Arquitetura
Paulo? Projetistas entrevistados por Téchne garantem que Especial PINI 60 anos: drywall
Paulo Kiss
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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista
Ponte em debate
Veja desenhos do projeto básico, informações sobre o desenvolvimento executivo,
Fórum Téchne
fotos e outros detalhes da ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira. Única ponte no O site da revista Téchne tem um espaço
mundo com dois tabuleiros estaiados e curvos apoiados no mesmo mastro, essa obra- dedicado ao debate técnico e qualificado
de-arte demandou soluções inéditas. dos principais temas da engenharia.
Confira o tema em andamento.
ÁREA CONSTRUÍDA
Ponte entre Brasil e Guiana Francesa USP desenvolve
pode sair em 2010 reciclados de maior
valor agregado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Francesa. Com 400 m de extensão, a
Pesquisadores da Escola Politécnica
e o presidente francês Nicolas Sar- construção custará aproximadamen-
da Universidade de São Paulo (Poli-
kozy lançaram em fevereiro a pedra te R$ 36,8 milhões e tem previsão de
USP) conseguiram obter areia e
fundamental para a construção de inauguração para 2010. Segundo o
brita do entulho de construção civil
uma ponte sobre o rio Oiapoque, li- presidente Lula, Nicolas Sarkozy afir-
para a aplicação em concreto
gando a margem sul, brasileira, à mou que deseja iniciar a construção
armado. O produto, segundo os
margem norte, localizada na Guiana da ponte ainda este ano. Uma comis-
pesquisadores, possui qualidades
são intergovernamental se reunirá
superiores às do agregado reciclado
neste primeiro semestre para validar os
e apresentará maior valor
trabalhos técnicos e dar início ao
comercial. Atualmente, as usinas de
processo de licitação internacional que
reciclagem de resíduos da
selecionará a empresa responsável pela
construção limitam-se a britar todo
obra. A intenção é que os gastos sejam
o material do entulho (telhas,
divididos igualmente entre os dois
tijolos, concreto, madeira, plástico)
países. Além da execução da ponte, a
e peneirá-lo conforme a
proposta conjunta prevê a construção
granulometria desejada.
e melhoria das estradas que ligam as
Wilson Dias/ABR
Divulgação Odebrecht
km de extensão – 42 km a serem cons- abril de 2009. No Panamá, a Odebrecht
truídos e 14 km já existentes – e será ainda participa das obras do projeto de
uma alternativa à Rodovia Transístmi- irrigação Remigio Rojas e de um proje-
ca, de 80 km de extensão. Ambas têm to de reurbanização na Baía do Panamá.
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ÁREA CONSTRUÍDA
Marcelo Scandaroli
um ano, é preenchida em conjunto de Qualificação) da Construção Civil.
pelo calculista e pela construtora, que Os encontros servirão para discutir e
anotam informações básicas sobre o levantar a necessidade de
concreto, como classe de agressividade trabalhadores qualificados no setor, a
ambiental, resistência à compressão, ferramenta foi elaborada depois da re- fim de atender as obras do PAC (Plano
módulo de elasticidade, abatimento e visão da norma NBR 6118 – Projeto de de Aceleração do Crescimento) da
dimensão máxima dos agregados. Em Estruturas de Concreto, não acompan- Construção Civil. Estima-se que a
posse desses dados, as fornecedoras de- hada por construtores e projetistas. " A verba destinada às obras no Estado
finem as características do concreto ficha passou a funcionar, então, como chegue a R$ 15 bilhões até 2010,
que atenderá às condições exigidas. uma espécie de "gabarito" da nova gerando uma demanda por até 20 mil
"Com isso, as construtoras deixaram de norma. As fichas passaram a ser dis- trabalhadores. A expectativa é formar
comprar concreto apenas pela resistên- tribuídas pelas concreteiras. Segundo trabalhadores de todo o País, dando
cia", explica Guilherme Capovilla Mar- dados de uma grande fornecedora na prioridade às pessoas atendidas pelo
chiori, engenheiro da regional São região de Campinas, em 2007 cerca de programa Bolsa-Família, que
Paulo da ABCP (Associação Brasileira 60% das solicitações de orçamento atualmente conta com cerca de 11
de Cimento Portland). Ele conta que a foram feitas por meio da ferramenta. milhões de famílias cadastradas.
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indices 132.qxd 5/3/2008 11:29 Page 12
ÍNDICES
Vergalhão Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
puxa índice 35
Apesar da alta, IPCE fecha fevereiro com IPCE materiais
percentual inferior à inflação 30 IPCE global
IPCE mão-de-obra
índice global do IPCE (Índice
O PINI de Custos de Edificações)
encerrou o mês de fevereiro com alta
25
20
0,27%, percentual inferior à inflação
de 0,53% apresentada pelo IGP-M (Ín- 15
dice Geral de Preços do Mercado) da
Fundação Getúlio Vargas. 10
A alta do IPCE foi impulsionada 6,12
6 6 6 5 6 6 6 6 6 6 5,82
pelo aumento da matéria-prima da 5,94 6 6 6 5
5 5 5 4 3 3 3 4 4 4 4 4,49
barra de aço CA-50. Em fevereiro, o 5,74 5
3 2 2 2 2 3,07
custo do quilo do aço foi de R$ 3,11, 1 1 1
reajuste de 3,5% em relação ao mês 0
Jan/07 Mar Mai Jul Set Nov Jan/08
anterior, quando o insumo custava R$
3/kg e já registrava alta de 1,74%. Data-base: mar/86 dez/92 = 100
O aumento do cimento influencia Mês e Ano IPCE – São Paulo
pelo segundo mês consecutivo o preço global materiais mão-de-obra
dos blocos de concreto de vedação. Já Fev/07 110.716,18 53.525,42 57.190,76
insumos como fechadura completa e mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
tubos de ferro fundido apresentaram abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
alta devido ao repasse de fornecedores mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
e fabricantes. jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
O tubo soldável de cobre (classe E) jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
apresentou queda de 0,15% devido ao ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71
repasse dos fabricantes. set 114.636,80 54.119,10 60.517,71
Construir em São Paulo ficou em out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
média 4,81% mais caro nos últimos 12 nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
meses. No entanto, o percentual é qua- dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
se a metade do registrado pelo IGP-M, jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
que acumulou alta de 8,67% sobre o Fev/08 116.040,01 55.522,30 60.517,71
mesmo período. Variações % referente ao último mês
mês 0,27 0,56 0,00
acumulado no ano 0,61 1,29 0,00
acumulado em 12 meses 4,81 3,73 5,82
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com
Concreto aparente
Como manter e recuperar a superfície de providências cabíveis (pintura ou pro-
peças aparentes de concreto? Basta teção anódica das armaduras,realcalini-
aplicar hidrofugante regularmente? zação do concreto, reparos com grautes
Carlos Amadio ou argamassas poliméricas etc.) Estan-
Belo Horizonte do a superfície em bom estado, basta
um leve lixamento, "quebrando-se o
No caso de intervenções realizadas com brilho" do verniz ou do hidrofugante.Se
pequena periodicidade,em torno de três a superfície do concreto estiver irregu-
anos, por exemplo, as operações de ma- lar, com poros muito abertos e sinais de
nutenção consistem normalmente em erosão superficial, pode-se regularizar
lavagem por hidrojateamento (even- com aplicação de "estucamento" consti-
tualmente com detergente neutro adi- tuído por areia bem fina, cimento e
cionado à água),leve lixamento e reapli- eventualmente resina impermeável.
cação do hidrofugante. Na oportunida- Nesse caso, devem ser pesquisadas vá-
de de cada manutenção deve ser pesqui- rias dosagens e marcas de cimento,a fim
sada a presença de falhas, tais como fis- de se obter o melhor possível cor e textu-
suras, lascamentos, desagregações, eflo- ra idênticas às originais.
Wanderley Bailoni
rescências,manchas de ferrugem ou ou- Ercio Thomaz
tras manchas na superfície do concreto. Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
Em caso positivo devem ser tomadas as Construído)
Fachada cortina
Há alguns anos fachadas cortinas inteiras ções e o conseqüente desprendimento
ameaçaram se soltar por ter sido usado de placas de vidro. Não se tem notícia
silicone sem capacidade de fixar o vidro da ocorrência desses descolamentos
à esquadria. Esse risco ainda existe? quando se tratava de alumínio anodi-
Devemos, além do silicone, fixar o vidro zado convencional. Sendo assim, há
mecanicamente? necessidade de se pesquisar previa-
Antonio Sergio Guia mente a compatibilidade entre o silico-
Rio de Janeiro ne e a tinta que será empregada na pin-
tura dos perfis de alumínio,prática que
Nos descolamentos ocorridos existem já tem sido adotada por empresas que
indicações de que desenvolveram-se comercializam o silicone estrutural no
reações químicas inesperadas entre o mercado brasileiro.
silicone estrutural e a pintura eletrostá- Ercio Thomaz
tica dos perfis de alumínio, que teriam Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
Arquivo
CARREIRA
Dácio Ottoni
Há três décadas arquiteto já aplicava conceitos de sustentabilidade
em seus projetos
17
melhores praticas 132.qxd 5/3/2008 11:46 Page 18
MELHORES PRÁTICAS
Fechamento de valas
em pavimento asfáltico
Recomposição deve seguir procedimentos específicos para
preservar as características do pavimento
Camada de base
Observe que todos os espaços devem ser
preenchidos para que não haja
afundamento e posteriores fissuras.
A camada de base deve ter espessura
suficiente para impedir danos aos dutos
durante a compactação. Por isso, verifique
antes a potência do compactador.
A compactação com placa vibratória é
indicada para solos granulares em áreas
pequenas ou medianas. Já o compactador
de percussão pode ser utilizado em áreas
pequenas e solos coesivos, como a argila.
Limpeza e pintura
impermeabilizante
A pintura impermeabilizante
com emulsão asfáltica deve ser Compactação
executada quando a superfície
No caso de compactação com placas
da camada de base estiver livre
vibratórias, a execução começa pelas
de umidade e de partículas
bordas, nas junções entre
soltas. Esse procedimento
revestimento novo e antigo.
evitará falta de aderência com a
O número de passadas varia de
capa asfáltica.
acordo com a placa utilizada, a
densidade e a temperatura da massa
asfáltica. O rolo compactador
vibratório deve ser utilizado em áreas
Devido ao tempo demandado entre as etapas, as fotos foram realizadas em locais diferentes.
Colaboraram Marcia Aps e Patricia Barboza da Silva, engenheiras do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)
19
entrevista.qxd 5/3/2008 11:44 Page 20
ENTREVISTA
Obras coordenadas
Para ganhar agilidade e melhorar atendimento aos clientes, construtoras põem
coordenadores de projetos para trabalhar desde a concepção do produto até a
finalização do empreendimento
Marcelo Scandaroli
engenheira residente, cargo
exercido por cerca de nove anos.
Participou da montagem do
departamento de qualidade e
ma das principais diferenças, apon- então,a necessidade de sofisticar a coor-
desenvolvimento tecnológico da
Cyrela. Após trabalhar para a
empresa obter a primeira
U tadas à exaustão, da construção
civil para a indústria convencional,
denação e a compatibilização de proje-
tos de diferentes especialidades, além de
certificação ISO 9001, foi para a principalmente a automobilística, diz se tornar essencial garantir que o que foi
área de projetos. O objetivo de sua respeito à impossibilidade de fazer pro- planejado aconteça de fato. O profissio-
ida para o departamento de tótipos, ensaios e testes nos produtos. O nal coordenador de projetos passa,
projetos foi trazer o conhecimento próprio caminho trilhado durante então, a participar do processo desde o
técnico e do processo construtivo muito tempo pelo setor foi ilustrado momento da incorporação, para auxi-
para o momento de projetar. por problemas com projetos, improvi- liar na definição técnica do produto. Os
sos durante a execução e ausência de sistemas de desenvolvimento de proje-
métodos, principalmente de sistemas. tos,como o BIM (Building Information
Já há algum tempo há esforços e inicia- Modeling), vêm para aumentar a agili-
tivas que refletem a organização setorial dade na percepção de interferências
e que buscam mudar essa imagem, tor- durante a fase de concepção. Gerente
nando as construtoras mais produtivas de projetos de uma das maiores cons-
e competitivas. À imagem e semelhança trutoras do País, Ana Cristina Chalita
da indústria em série, os projetos ga- explica porque é estratégico cuidar da
nham cada vez mais importância e tor- coordenação e inserir o ponto de vista
nam-se imprescindíveis para o planeja- técnico já na incorporação e no lança-
mento e a definição de processos.Surge, mento do empreendimento.
Qual a função de um coordenador Qual a diferença para o que ta. Hoje é um problema se qualquer
de projetos? acontecia no passado? material de divulgação tiver informa-
É um profissional que define Nem todas as empresas são incorpora- ções diferentes do que for entregue.
desde diretrizes técnicas do em- doras e construtoras, como ocorre na Por isso as construtoras e incorpora-
preendimento até o planejamento Cyrela. Então era costume a incorpo- doras têm uma preocupação maior de
do desenvolvimento do projeto. radora viabilizar o negócio e depois ir entregar um produto que seja fiel ao
Gerencia as equipes e coordena os ao mercado buscar uma construtora. que foi apresentado ao cliente.
trabalhos porque é importante Ou seja, a equipe de engenharia, que ia
que todos trabalhem ao mesmo construir depois, não participava da Que cuidados são tomados com o
tempo e no prazo adequado. Tam- definição do produto. Hoje, com base material de divulgação?
bém faz a compatibilização dos na definição do padrão e do valor de Verificamos a viabilidade da planta e
projetos, analisando interferên- comercialização, a coordenação de do projeto do apartamento decorado e
cias entre as diversas especialida- projetos sabe o que o empreendimen- olhamos a maquete junto com a área
des. Na Cyrela focamos também to pode ter tecnicamente e contribui de incorporação, avaliando as questões
os projetos para a produção, o para que seja construído dentro do técnicas. Nosso foco é a garantia do
"como" fazer os serviços. custo que viabilizou o negócio. custo e da fidelidade das informações.
Esse trabalho começa antes mesmo É uma atuação mais voltada ao Quanto tempo há para fazer
da obra? produto, então? tudo isso?
Depois da compra do terreno a área Desenvolvemos estudos preliminares Normalmente há pouco tempo.O ideal
de coordenação de projetos atua em de todas as especialidades antes do lan- seria ter seis meses, mas esse trabalho,
conjunto com a incorporação na çamento. Antes recebíamos uma plan- que garante o custo e a técnica, tem que
fase de desenvolvimento do produto. ta aprovada da prefeitura e chamáva- ser feito em três porque não pode atra-
Fazemos toda a análise e desenvolvi- mos os projetistas para trabalhar. No palhar a velocidade de lançamento. É
mento técnico dos projetos ainda em entanto, o cliente não era tão exigente e uma arte contar com a participação dos
fase de licenciamento junto à prefei- não se importava se, na entrega, tivesse projetistas nessa etapa, ainda mais num
tura, antes do lançamento. um detalhe que não aparecia em plan- mercado aquecido como está. Embora
entrevista.qxd 5/3/2008 11:44 Page 22
ENTREVISTA
de arquitetos recém-formados. Então para várias construtoras e, embora Temos departamento com 16 pessoas.
temos coordenadores sênior, pleno e conheça um pouco de cada uma, não Manter esse pessoal todo registrado e
júnior. Como não tem gente disponí- chega ao nível de detalhe, de conheci- com software atualizado não é tão ba-
vel no mercado e o processo de acul- mento que o coordenador interno rato. Ainda assim, o resultado para o
turação é difícil, temos que ser o ce- tem. Daí surgem dúvidas na hora de empreendimento, a relação entre
leiro dos novos integrantes, inclusive executar, aparecem soluções que não custo e benefício é melhor com a
os mais experientes, pois há um tem- foram bem pensadas ou interferên- coordenação interna.
po de maturação até dominar todo o cias não percebidas e é preciso fazer
processo da empresa. adequações. Tem que haver um E quanto aos custos de construção?
profissional para acompanhar e dar o A idéia é fazer o projeto com nossa
Sob esse aspecto parece difícil feedback para não acontecer de novo. cara, buscando racionalização. Ao de-
contar com coordenação externa. É por isso que acreditamos na coorde- senvolver o projeto executivo temos
Em função de picos no volume e da nação interna. contato com quem constrói, com o
urgência, há empreendimentos para engenheiro da obra e com a assistên-
os quais contratamos porque não Um coordenador externo nunca cia técnica, todos dando retorno sobre
podemos aumentar o departamento acompanha a obra? o que foi bom ou ruim. Se adotamos
sempre. Nesses casos há uma docu- Não é praxe, a maioria desses con- uma solução que foi trabalhosa, bus-
mentação com todas as diretrizes da tratos termina na entrega do projeto, camos algo mais racional, prático e
empresa. Lógico que dá para fazer e mas temos um empreendimento com industrializado, principalmente por
sai um produto bom, mas não é a coordenação e acompanhamento ex- meio de projetos para produção.
mesma coisa e alguém tem que acom- ternos. Normalmente há um gap
panhar a obra. grande porque quando vai executar O que são os projetos para
há dúvidas. produção?
Quais as peculiaridades de cada tipo Estamos resgatando os conceitos de
de coordenação? Pensando em racionalização e planejamento do processo construti-
A grande diferença é o domínio do redução de custos, já observou se há vo. Esses projetos são desenvolvidos
processo. O externo presta serviço grandes mudanças? em conjunto com os projetistas, a
entrevista.qxd 5/3/2008 11:44 Page 24
ENTREVISTA
equipe de obra e com quem vai execu- lidade e prazo. Acredito que não con-
tar, e têm informações de planeja- seguimos reduzir o prazo porque,
mento, execução e as ferramentas de
“Como acreditamos além de haver uma fase de adaptação,
controle e apuração da produtivida- que o ganho está no houve o aquecimento. Não ganhamos
de. Contemplam desde como vai ser o em prazo, mas em qualidade avança-
canteiro, o transporte de materiais, a
domínio do processo mos surpreendentemente.
seqüência executiva. Racionaliza uma construtivo, não é o
série de etapas, elimina transportes As ferramentas, como o BIM, estão
desnecessários. Garante que, do jeito
objetivo terceirizar disponíveis e são adequadas à
que é construída a parede, além de tudo porque se realidade construtiva brasileira?
não dar patologias, é a forma mais efi- Ainda há problemas, como com bi-
caz de construir.
perde qualidade” bliotecas totalmente diferentes, que
têm que ser criadas para o novo siste-
As equipes têm que estar em pelo boom não nos afetou porque for- ma. Antes trabalhávamos com linhas e
contato todo o tempo? mamos uma equipe interna. traços, agora temos um objeto e preci-
Têm que conversar com a incorpora- samos simular uma construção no
ção, com a obra, fazer visitas men- Com obras sendo cada vez mais uma computador. Isso está mais avançado
sais. Há protótipos para todos os ser- união de sistemas torna-se para a construção mais pesada, com
viços que fazemos. Ao fazer a estru- estratégico investir nisso? muita interferência, como a Petrobrás.
tura do primeiro pavimento, vão à Quanto mais complexo o empreendi- Ainda temos de fazer esse trabalho de
obra o projetista e os coordenadores mento, mais é preciso investir em desenvolvimento de biblioteca, de trei-
para analisar se demanda ajustes e re- coordenação e compatibilização, na namento de profissionais. Minha idéia
troalimentar o projeto. Além disso, a integração de especialidades. Daí vem era trabalhar isso no ano passado, já na
pessoa vai todo mês à obra e roda o BIM (Building Information Mode- fase de prefeitura, mas não deu tempo.
com o engenheiro para ver se algo ling), o projeto simultâneo. Tentamos
não está a contento ou se tem poten- nos espelhar na indústria automobi- O problema foi de familiaridade com
cial de melhoria. lística, mas ainda há o gap cultural. o sistema?
Alguns profissionais que nos prestam
Ao terceirizar a coordenação e o Há resistência para a serviço têm o software e já fizeram
acompanhamento o papel da modernização? treinamento, mas não têm condições
construtora muda? Ela passa a ser Estamos trabalhando há mais de dois de fazer um protótipo no prazo neces-
uma desenvolvedora de processos? anos para tentar fazer a aplicação do sário ao lançamento. Não tenho dúvi-
Como acreditamos que o ganho está BIM, mas é uma questão de matura- das de que o caminho é esse, princi-
no domínio do processo construtivo, ção nossa e dos projetistas porque palmente em empreendimentos com-
não é o objetivo terceirizar tudo por- muda a forma de tratar o assunto. plexos. Precisamos investir nisso e o
que se perde qualidade. Temos uma Hoje coordenamos usando técnicas e setor tem que se organizar para pro-
sinergia grande com a área de desen- conceitos de projeto integrado e de en- mover mudanças. O projeto integra-
volvimento tecnológico da empresa, genharia simultânea, e temos conse- do é muito importante e não adianta,
testando novas soluções. Esse conhe- guido uma qualidade de projeto supe- como acontece, o arquiteto utilizar
cimento tecnológico reflete na área rior ao que se fazia. Não temos, ainda, uma plataforma e os outros continua-
de projetos. o trabalho em tempo real, com todos rem nos programas de antes. É funda-
acessando a informação ao mesmo mental todos utilizarem.
A construção está voltando a se tempo, mas o desenvolvimento de
aquecer agora. Durante esse tempo projetos não é mais seqüencial, onde o Há iniciativas setoriais?
de crise houve menos investimento arquiteto precisa terminar para o cal- O grupo de projetos do SindusCon-SP
em coordenação e gestão? culista começar. (Sindicato da Indústria da Construção
Apenas algumas empresas têm depar- Civil do Estado de São Paulo), do qual
tamentos de projetos e coordenação. Os projetistas sabem trabalhar dessa participo, conversou com as empresas
Eu trabalhava em outras áreas, mas a maneira? fornecedoras dos sistemas para buscar
Cyrela já tem esse departamento há dez Sabem, mas para tudo há um tempo soluções de implantação. Dissemos
anos. Quando a área foi montada havia de adaptação. Desenvolvemos alguns que, para viabilizar isso, precisaríamos
três pessoas no departamento. Hoje projetos assim no último ano e conse- de um incentivo deles para vender os
somos em 16 porque, diferente de em- guimos um ganho de qualidade produtos num valor mais acessível.
presas que contratavam coordenação muito grande, mas ainda não conse-
externa, mantivemos o investimento. A guimos o ganho de prazo. A expecta- E quanto à utilização em
carência de profissionais provocada tiva é mudar a técnica ganhando qua- empreendimentos que não são
complexos, como os voltados para a de controle. No exterior, em vez de ter ram de empresas menores. Nessas
baixa renda? alguém medindo, a obra é escaneada construtoras quem normalmente faz a
O segredo é o domínio do processo. para obter a posição física. coordenação e dá as diretrizes técnicas
Se uma construtora tem um processo é o dono. Ou tem alguém treinado ou
construtivo redondinho, modela uma Isso está próximo de chegar ao contratado para orientar os coordena-
vez e repete para a baixa renda, que Brasil? dores externos. Outro aspecto a ser
normalmente são repetições de dois Claro que estamos falando de univer- considerado refere-se ao papel do ar-
ou três tipos de produtos. Embora as sidades americanas que têm verba quiteto. Na origem da função o arqui-
instalações sejam simples, com me- para investir nisso e onde a indústria teto tinha que dominar inclusive o
nos interferências, o ganho vem ao usa sistematicamente a universidade processo construtivo. Agora, perce-
usar o BIM na concepção. Ao desen- para desenvolver tecnologia. No Bra- bendo essa carência, estão oferecendo
volver uma casa de 60 m2, tenho o sil faltam parcerias entre empresas e esses serviços.
processo todo modulado e posso si- universidades, como aconteceu no
mular o empreendimento de 1.200 passado, com o convênio Poli-Encol, Você concorda que o
casas. É o orçamento vivo para viabi- por exemplo. Esse investimento dei- aquecimento faz com que
lizar o empreendimento, definir cro- xou de existir durante um tempo no algumas empresas tratem a
nogramas e fases e fazer o acompa- mercado como um todo e agora há construção como commodity?
nhamento da obra. demanda por tecnologia e inovação Pode acontecer de algumas construto-
para as empresas se destacarem. ras agirem assim, mas os empreendi-
Os benefícios estão mais no mentos têm que ser entregues. Uma
acompanhamento do que no Não apenas o BIM, mas uma coisa é lançar e vender, outra é entregar.
desenvolvimento do projeto? coordenação mais estruturada é Quando começar a entregar e ver o que
Quando o BIM estiver implantado o para empresas de grande porte? está dando de problema,logo cai a ficha.
ideal será explorar a potencialidade, Não necessariamente. O mercado
otimizando o projeto, simulando a sabe da importância da coordenação. Quais os riscos dessa má
construção no papel e usando como Para aumentar o departamento, en- prática para as edificações e
ferramenta de planejamento de obra e trevistei pessoas do mercado, que vie- para o mercado?
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ENTREVISTA
Sempre que há booms as empresas mudar, embora seja difícil, é a que mão-de-obra qualificada não se
que deram passos errados não sobre- forma de conceber o projeto, para forma do dia para a noite.
vivem. Há risco de a edificação ter que seja desenvolvido o melhor
baixa habitabilidade, envelhecimento para o empreendimento e não para A função do engenheiro de obras
precoce das construções e aumento a especialidade. Os projetistas ti- muda? Quais as novas habilidades
do prêmio patológico. E depois se vai nham uma visão fechada e pensa- que precisa ter?
entregar o que foi vendido. vam no que é melhor para o seu Deve ser capaz de gerenciar equipes,
projeto, não para o empreendi- buscar prazos e produtividade,além de
Você diria que a prioridade atual é mento. Hoje a arquitetura, por identificar gargalos no que foi pensa-
investir em processos de gestão e exemplo, está focada no uso, no do. O fundamental, no entanto, é o do-
coordenação, deixando de lado novas desempenho. Não adianta inven- mínio do processo construtivo pela
tecnologias e sistemas construtivos? tar nada mirabolante, caro de exe- engenharia. Ou seja, não é o empreitei-
Tudo anda junto, não dá para ser uma cutar ou sujeito a patologia. Não ro que diz como vai executar, é o enge-
coisa em detrimento de outra. Nem dá para fazer uma coisa em detri- nheiro que apresenta o planejamento
sempre inovação tecnológica é fazer mento da outra, é tudo junto. junto com os projetos. Tivemos uma
pré-moldado. Pode ser inovador reunião sobre um projeto de fachada
mudar a forma de fazer alguma coisa A execução ainda é um gargalo? em que estavam presentes o coordena-
para torná-la mais eficiente. É a ino- Com o mercado aquecido há uma dor e o engenheiro da obra para validar
vação tecnológica incremental, em disponibilidade menor de mão-de- o que já havia sido programado com o
processos, que tem que estar junto obra. É nessa hora que é necessário executor da fachada. Quando começar
com o projeto. Temos que buscar o ter processos que otimizem a utili- o serviço não será o empreiteiro que
todo, olhando as interferências. zação de mão-de-obra. Então é definirá quantas pessoas vai colocar ou
bem-vindo tudo o que possa ser por onde recebe a massa. É um proces-
Os projetistas têm visão global da transformado, seguindo o exemplo so industrial que não admite decisões
obra? da indústria automobilística, em em obra para não se correr o risco de
Uma questão cultural muito im- sistemas de montagem. E tem que aumentar prazos e custos.
portante que estamos conseguindo ser processos à prova de erro, por- Bruno Loturco
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TÉCNICA E AMBIENTE
Integração sustentável
Projetos de desenvolvimento socioeconômico melhoraram as relações entre a
concessionária da rodovia IIRSA Norte com a comunidade e governo peruanos
TÉCNICA E AMBIENTE
30
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ESTRUTURAS
Lajes ampliadas
Para obter vãos maiores, calculistas têm à disposição grande gama de
soluções. Conheça algumas delas
Marcelo Scandaroli
customização dos apartamentos dades e vantagens só são possíveis tamente nos custos finais da obra.
A deixou de ser uma tendência para
se tornar um diferencial competitivo
graças às soluções estruturais adota-
das a partir do projeto.
"Essa solução é economicamente
mais viável para apartamentos de alto
no mercado imobiliário. De olho Em geral, a maior flexibilidade padrão", observa Jorge Batlouni, dire-
nessa nova realidade, as construtoras pressupõe grandes vãos de lajes, que tor técnico da Construtora Tecnum.
já perceberam o forte apelo comercial induzem a maiores espessuras desse Embora mais comum nesse nicho de
das plantas flexíveis na venda de uni- elemento estrutural e, conseqüente- mercado, o projetista estrutural José
dades. Mas se por um lado elas permi- mente, a maiores espessuras médias Roberto Braguim, da OSMB Enge-
tem que o usuário personalize seu da estrutura (relação entre volume da nheiros Associados e presidente da
apartamento, adaptando-o às suas estrutura daquele pavimento e sua Abece (Associação Brasileira de Enge-
reais necessidades, todas as suas facili- área de projeção), repercutindo dire- nharia e Consultoria Estrutural) res-
Fator mão-de-obra
Outro item importante que deve ser projeto requer grandes vãos. "Um aumento para a redução desse indicador é medi-la
computado antes da escolha final é o custo de 4 cm na espessura da laje, por exemplo, em homem-hora por metro quadrado de
da mão-de-obra, principalmente quando implicará 50% a mais de custo com mão- fôrma executada", aconselha. O diretor
pago por empreitada. O projetista de-obra e materiais", ressalta o projetista. lembra também que, por se tratar de uma
estrutural Ricardo França lembra que há Para evitar esse problema, a alternativa laje mais espessa, o custo do escoramento
duas modalidades praticadas no mercado que vem sendo adotada pelas construtoras e o consumo de concreto e aço também se
para cálculo desses valores: por metros é a contratação de mão-de-obra própria e elevarão e que, em função dos custos
cúbicos de concreto lançado ou pelos paga por hora. Jorge Batlouni, diretor relativos desses insumos, uma solução
preços separados de lançamento do técnico da Construtora Tecnum, explica, adotada numa época pode não ser a mais
concreto, execução do aço e montagem e por exemplo, que quando se adota a econômica em outra. Por isso, o ideal é
desmontagem de fôrmas. Caso opte pela solução com lajes planas e maiores vãos a fazer simulações das diversas tipologias,
primeira, o construtor deverá estar atento a produtividade (quantidade de horas para analisando o custo dos materiais e mão-
qualquer acréscimo na altura da espessura se executar uma unidade de serviço) do de-obra envolvidos. "A decisão nunca
de laje, situação bastante comum quando o carpinteiro aumenta muito. "A alternativa poderá ser imediata", alerta.
Opção estrutural Descrição das tipologias estruturais para a mesma opção de arquitetura
1 Estrutura convencional racionalizada, lajes, vigas e pilares com possibilidade de integração
do 3o dormitório à sala, sem vigas aparecendo
2 Estrutura convencional racionalizada, lajes,vigas e pilares, mas a integração do 3o dormitório
à sala tem vigas e pilar aparecendo
3 Estrutura em laje cogumelo, sem capitéis, com vigas de borda nas fachadas
4 Estrutura em laje nervurada tipo cabaça, com 18 cm, com vigas de borda nas fachadas
5 Estrutura em laje cogumelo, sem capitéis, sem vigas de borda nas fachadas, e pilares-parede
para contraventamento
6 Estrutura em laje cogumelo protendida, sem capitéis e com quatro pilares a menos, sem vigas
de borda nas fachadas, e pilares-parede para contraventamento
salta que a oferta desse tipo de planta custo do investimento se dilui na es- tada pelos especialistas como ótima
não tem sido uma estratégia de mar- colha dos acabamentos, geralmente alternativa quando se pretende garan-
keting restrita a esse segmento. Ele faz mais baratos", explica Braguim. tir a flexibilização do layout. Esse re-
questão de lembrar que hoje já são Seja para atender às necessidades curso estrutural apresenta várias van-
inúmeros os empreendimentos para do mercado de baixo ou alto padrão, o tagens construtivas e funcionais, entre
baixa renda que contam com esse be- que importa é pensar em soluções efi- elas as execuções de armação e de fôr-
nefício. São edifícios construídos em cientes, não só do ponto de vista es- mas mais simples (as vigas acarretam
alvenaria estrutural e com lajes con- trutural mas também sob os aspectos muitos recortes); diminuição da altu-
vencionais que vencem vãos de até de construção e custos. Embora não ra total do edifício; tetos planos ou
4,50 m, possibilitando a integração da haja "receita de bolo", a execução de lisos e sem delimitação de espaços. O
sala com o primeiro dormitório. "O lajes sem vigas, por exemplo, é apon- projetista estrutural Ricardo França,
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ESTRUTURAS
Estudo de caso
Análise de estruturas viáveis para a execução de edificação residencial em concreto moldado in loco, tipologia com 18 andares-tipo,
com quatro apartamentos de três dormitórios por andar (Projeto de Arquitetura da MCAA Arquitetura e de Estrutura da França e
Associados Engenharia)
Estrutura em laje cogumelo protendida, sem capitéis e com quatro pilares a menos, sem vigas de borda
nas fachadas e com pilares-parede para contraventamento
Para vencer o vão contínuo de 6,20 m, a solução estrutural exige uma laje cogumelo sem viga de borda com protensão,
recurso necessário para evitar o aparecimento de grandes deformações na estrutura. Graças à protensão, também foi
possível eliminar um dos pilares em cada apartamento além de reduzir a espessura da laje para 17 cm. Porém, quanto maior
forem os esforços solicitantes e menor a espessura da laje, maior quantidade de aço será necessária para executá-la sem que
haja comprometimento da eficiência da armadura. Essa solução também impossibilita recortes na laje pois ao cortar um dos
cabos, ele perderá a aderência em toda a sua extensão.
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ESTRUTURAS
CAPA
Solução fluida
O concreto auto-adensável é rápido de aplicar, dispensa vibração e proporciona
alta produtividade. Confirma alguns cases de uso desse material
Divulgação Realmix
concreto auto-adensável é um mais rapidamente nos galpões das o convencional, o concreto auto-
O material ainda pouco utilizado
no Brasil. A solução, desenvolvida
fábricas de pré-moldados de con-
creto. Gradativamente, entretanto,
adensável proporciona maior agili-
dade no momento da concretagem,
no Japão na década de 1980, che- o produto vem ganhando a con- dispensando horas de trabalho da
gou aos canteiros do País na déca- fiança dos construtores, que dele se mão-de-obra que podem ser rema-
da seguinte. Por dispensar vibra- valem para viabilizar soluções téc- nejadas para outros locais do cantei-
ção – e, conseqüentemente, pro- nicas em complexas estruturas ro. Confira alguns cases de obras em
porcionar aumento de produtivi- moldadas in loco. que o autocompactante foi a solução
dade e redução de ruídos no am- Apesar do maior valor de seu para problemas dos construtores.
biente –, o produto ganhou espaço metro cúbico em comparação com Renato Faria
Luana Medeiros
Uma parceria entre a concreteira de 50 MPa aos 28 dias. As concretagens
Engemix e a construtora BKO seguiram a mesma seqüência de
possibilitou a realização de um estudo lançamento, com a mangueira de 4"
Estudo comparativo mostra que tempo
comparativo entre as aplicações dos inicialmente posicionada para alcançar a
de concretagem pode cair pela metade
concretos convencional e auto-adensável extremidade da laje. Em ambas, bombas e
em relação ao convencional
na obra do residencial Pateo São Paulo, caminhões betoneira tinham as mesmas
na capital paulista. Além de avaliar os características técnicas. Laje e vigas do
custos da concretagem com essas duas quarto pavimento foram executadas com gasto com a vibração do concreto.
alternativas, as empresas estudaram concreto convencional e o tempo total de "O concreto auto-adensável reduz o ciclo
soluções técnicas que otimizassem essa 4h40 foi tomado como parâmetro para de concretagem e os custos gerais para a
etapa da obra. Segundo o estudo feito comparação com a concretagem da laje do obra", afirma Camila Sampaio, engenheira
pelas empresas, o tempo total de quinto pavimento, realizada com concreto de projetos da Engemix. O custo da mão-
aplicação do concreto auto-adensável foi auto-adensável. Essa solução permitiu de-obra para a aplicação dos concretos,
de 2h20 contra as 4h40 do convencional. executar a laje na metade do tempo com encargos, foi respectivamente de
"A obra foi nosso laboratório", afirma daquela do pavimento anterior, R$ 7,18/m³ para o concreto convencional
Carlos Gustavo Marucio, coordenador principalmente pela eliminação do tempo e R$ 0,70/m³ para o auto-adensável.
de obras da BKO.
Antes do monitoramento das Concreto Convencional Auto-adensável
concretagens, foi feito o detalhado Caminhão betoneira 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
planejamento da montagem das fôrmas e No de lançadores 3 3 3 3 2 2 2 2 1 2 1 1 1 1
realizado o treinamento da equipe que No de espalhadores 5 4 5 5 5 5 4 3 3 2 2 2 2 2
aplicaria o concreto auto-adensável. No de vibradores 2 2 2 2 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0
Depois, duas lajes praticamente iguais – No de acabadores 0 2 3 3 3 3 4 0 0 1 2 2 2 2
com área de cerca de 250 m² – foram No de funcionários parados 3 2 0 0 1 1 1 8 9 8 8 8 8 8
executadas com 50 m³ de cada um dos Outros funcionários 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
concretos, especificados para atingir o fck Total de funcionários 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16
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CAPA
Mosmann Incorporações
auto-adensável
Por sugestão da concreteira, a Mosmann a mão-de-obra para execução das mestras,
Incorporações utilizou o concreto auto- lançamento do concreto, vibração,
adensável na execução da estrutura do depreciação dos equipamentos e da energia 156 horas de mão-de-obra para a
edifício Parthenon Residence em Novo elétrica" afirma a engenheira civil Viviana produção de cada meia-laje (as lajes eram
Hamburgo (RS), a partir do quinto Rigon, gerente de obra da Mosmann. concretadas em duas etapas, uma para
pavimento-tipo. A construção, composta A somatória final dos custos do auto- cada torre), enquanto o auto-adensável
por duas torres justapostas com adensável ficou 1,09% maior do que a da exigiu apenas 75 horas. "Tínhamos cerca
11.529,41 m² de área total construída, solução convencional, mas mostrou-se de 162 horas livres de nossos profissionais
possui 13 andares que abrigam 52 vantajosa quando considerada a por andar, que foram usadas para adiantar
apartamentos. "Foram levantados e produtividade obtida durante a execução. outros serviços, como a montagem das
comparados os custos de produção e Segundo a engenheira Viviana, a opção pelo fôrmas de laje e pilares da segunda etapa
execução dos dois tipos de concreto, como concreto convencional demandaria cerca de do pavimento", explica a engenheira.
CONCRETO CONVENCIONAL
Descrição Unidade Qtde. Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Total (R$)
Material Mão-de-obra Material Mão-de-obra
Laje
Mão-de-obra para lançamento h 117,00 – 14,90 – 1.743,30
de concreto convencional
Mão-de-obra para h 8,80 – 14,90 – 131,12
execução de mestras
Concreto convencional dosado
em central, abatimento de m³ 62,00 221,64 – 13.741,68 –
9±1 cm, brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Vibrador para concreto un/dia 2,00 25,00 – 50,00 –
Régua vibratória para concreto un/dia 1,00 35,00 – 35,00 –
Energia elétrica comercial kW 29,25 0,28 – 8,19 –
Pilares
Mão-de-obra para lançamento h 30,00 – 14,90 447,00
de concreto convencional
Concreto convencional dosado
em central, abatimento de 9±1 cm, m³ 15,00 221,64 – 3.324,60 –
brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Vibrador para concreto un/dia 2,00 25,00 – 50,00 –
Energia elétrica comercial kW 15,00 0,28 – 4,20 –
Custo Total (R$) 17.213,67 2.321,42 19.535,09
CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL
Descrição Unidade Qtde. Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Total (R$)
Material Mão-de-obra Material Mão-de-obra
Laje
Mão-de-obra para lançamento h 60,19 – 14,90 – 896,83
de concreto auto-adensável
Concreto auto-adensável,
espalhamento de 60 cm, m³ 62,00 242,00 – 15.004,00 –
brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Pilares
Mão-de-obra para lançamento h 14,56 – 14,90 – 216,94
de concreto auto-adensável
Concreto auto-adensável, –
espalhamento de 60 cm, m³ 15,00 242,00 – 3.630,00
brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Custo Total (R$) 18.634,00 1.113,78 19.747,78
Divulgação BKO
residencial, a BKO decidiu utilizar novamente e meio no cronograma. Em dois meses,
o concreto auto-adensável, dessa vez na esse tempo é significativo", acredita.
obra da unidade JK-Itaim do Laboratório Durante a concretagem, foi possível usar
Fleury, também em São Paulo. Como se cerca de 20% menos funcionários. Assim, Com uso de concreto plástico,
tratava de uma obra comercial, com prazo de pudemos remanejá-los para adiantar outros construtora ganha um dia e meio por
entrega de 189 dias, era preciso agilidade serviços na obra ou conceder-lhes folga. laje concretada e entrega estrutura
em todas as etapas da obra. "Esse foi um aspecto importante, pois o antes do prazo previsto
Na execução dos quatro pavimentos da ritmo da obra era intenso, com trabalho de
estrutura, que deveriam ficar prontos em segunda a sábado", explica Marucio.
dois meses, os engenheiros optaram por A opção pelo auto-adensável demandou
uma solução pouco usual: para cada um cuidados maiores na montagem das fôrmas
desses níveis, concretar, ao mesmo tempo, de madeira. Além da checagem minuciosa
pilares, vigas e lajes. "Com o concreto do travamento de todas as peças, os pés dos
convencional, precisaríamos executar pilares – locais críticos de vazamento de
Divulgação BKO
primeiro os pilares e, três dias depois, a laje concreto – foram vedados com gesso ou
e as vigas. Em cada um deles, poderíamos espuma de poliuretano. Segundo Marucio,
passar o expediente todo concretando", isso não chegou a consumir horas adicionais
explica Carlos Marucio, da BKO. Segundo de sua mão-de-obra. "Havia uma atenção Para evitar vazamento do concreto, as
ele, com o auto-adensável foi possível maior a esses pontos, mas não houve fôrmas nos pés dos pilares foram vedadas
reduzir o tempo de execução. "Para cada um acréscimo nas horas trabalhadas", explica. com gesso e espuma de poliuretano
Fabio Simon
Fabio Simon
Para suportar novas cargas da laje Chapas em formato de "U", que serviram Armaduras de reforço das vigas
da cobertura, viga teve sua altura de fôrma durante a concretagem e de principais da laje de cobertura
aumentada para 90 cm armadura com a estrutura pronta
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CAPA
Divulgação Realmix
propiciada pelo concreto auto- mais fácil o transporte por bombas
adensável, as equipes envolvidas na a grandes distâncias horizontais,
execução das concretagens – tanto da características de shopping centers.
fornecedora, Realmix, quanto da Segundo o gerente da Realmix, Para vencer cronograma apertado,
construtora, Toctao – também poderiam essas distâncias chegavam a 90 m. autocompactante foi usado na
ser mais enxutas, já que o produto A expansão do Flamboyant foi concretagem de lajes em expansão de
demanda menos trabalhadores no concluída em seis meses. shopping center
Malha de estais
Única no mundo com dois tabuleiros estaiados e curvos, a 13a ponte sobre o rio
Pinheiros apresenta soluções inéditas e é objeto de debates técnicos e urbanísticos
entre as estruturas mais altas sistema viário da capital, mas que Santos – é a congestionada avenida
D da cidade, com um mastro de
138 m de altura, a ponte estaiada
afeta todo o Estado de São Paulo.
Para entender sua função é neces-
dos Bandeirantes.
Embora a conclusão do Trecho
Octavio Frias de Oliveira compõe o sário saber que, atualmente, o Sul do Rodoanel Mário Covas, em
complexo Real Parque e faz parte principal eixo de ligação da capital 2010, vá absorver o tráfego de passa-
do projeto de reestruturação do com o litoral – e com o porto de gem e amenizar a pressão sobre essa
RESUMO
Obra: Complexo Viário Real Parque
Cliente/gerenciamento:
Emurb (Empresa Municipal
de Urbanização)
Execução: Construtora OAS
Localização: São Paulo
Construção: entre 2003 e abril de 2008
Custo total: R$ 233 milhões
Fotos: Marcelo Scandaroli
Altura: 138 m
Pistas: duas com 16 m de largura e
290 m de extensão cada
Cordoalhas: 374.350 m
Ponto de saída e inclinação de cada estai considerou o gabarito mínimo para Estais: 144 cabos; 462 t
circulação de veículos, melhor aproveitamento da capacidade de sustentação de Volume de concreto: 11.000 m3
cargas verticais e minimização dos esforços horizontais no tabuleiro Consumo de aço: 3.000 t
via, é com o prolongamento da ave- nível nem em trevo, como ocorre Projeto aprofundado
nida Jornalista Roberto Marinho com a maior parte das demais pontes Os estudos exigidos para o proje-
(antiga Água Espraiada) até a rodo- das Marginais. O edital de concor- to executivo trouxeram uma nova
via dos Imigrantes e com a transposi- rência exigia, então, duas pistas es- informação para a equipe de proje-
ção do rio que se espera criar uma al- taiadas independentes, tendo a solu- tistas da ANTW Engenharia de Pro-
ternativa de fato à Bandeirantes. Lo- ção estrutural final resultado de um jetos (veja quadro). Perpendicular
calmente, a 13a ponte sobre o rio Pi- processo de desenvolvimento contí- aos mastros e no ponto onde estes
nheiros também terá as funções de nuo iniciado a partir daí. deveriam se apoiar está enterrada a
diminuir o volume de tráfego no Para o projeto básico o enge- linha de transmissão Xavantes, a
cruzamento das avenidas Luiz Carlos nheiro Catão Ribeiro, da Enescil En- maior do País, com 345 kV de tensão
Berrini e Jornalista Roberto Mari- genharia de Projetos, propôs a cons- e que abastece um terço da metrópo-
nho, além de desafogar a ponte do trução de duas pontes estaiadas le. Essa linha fica sob a estrada que
Morumbi, que hoje recebe os moto- retas e apoiadas em dois mastros, margeia o rio, de propriedade da
ristas com destino ao bairro de Santo com o cruzamento das pistas ocor- Emae (Empresa Metropolitana de
Amaro (veja quadro). rendo próximo à Roberto Marinho. Águas e Energia), que não pode ser
Naturalmente, a partir dessas so- Aprovado, começaram os questio- interditada. Transversal ao mastro
licitações, o traçado viário resultou namentos acerca da solução adota- está uma rede de tubulações com
complexo. São duas alças para acesso da. Embora tecnicamente correta, as 1.000 mm de diâmetro que controla
direto entre a avenida Jornalista Ro- demandas por contraventamento a vazão e eleva as águas do córrego
berto Marinho e a pista expressa da dos mastros independentes estimu- Água Espraiada em direção ao rio
Marginal do Pinheiros. Outras duas laram a busca por uma solução em Pinheiros. Não existem outros espa-
pistas, as estaiadas, cruzam o rio Pi- que se contraventassem entre si, ços para apoio, pois de um lado há as
nheiros. Para não criar gargalos nem apoiando-se um no outro. Além linhas de trem da CPTM (Compa-
reduzir a velocidade de tráfego as disso, "o traçado induzia a uma nhia Paulista de Trens Metropolita-
pistas não poderiam se cruzar em ponte curva", diz Catão. nos) e do outro o próprio rio.
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Trânsito aliviado
Alternativa à ponte do Morumbi para pode aumentar. Para tanto basta desativar As condições de acesso à ponte a partir do
acesso ao bairro de mesmo nome e à a faixa de rolamento existente em cada sentido Interlagos da Marginal do Pinheiros
avenida dos Bandeirantes, a ponte estaiada pista e criar uma nova faixa de rolagem. também melhoraram, pois o ponto de
Octavio Frias de Oliveira tem capacidade Essa capacidade de absorver o entrada está mais próximo ao mastro,
para receber até quatro mil veículos/hora incremento no tráfego foi uma exigência aumentando o espaço para acomodação
em cada pista. Isso representa um alívio da Siurb (Secretaria Municipal de Infra- dos veículos. A ponte foi projetada para uma
para a ponte do Morumbi, que em horários estrutura e Obras), conforme explicou o velocidade de 80 km/h considerando a
de pico recebe até sete mil carros/hora. engenheiro Leonardo Lorenzo, diretor "lógica entre as velocidades da Marginal –
Com acesso direto à avenida Jornalista técnico da Geométrica Engenharia de 90 km/h – e da Roberto Marinho – 70 km/h".
Roberto Marinho e uma opção a mais Projetos, empresa responsável pelo As duas alças para acesso à via expressa
também para acessar o aeroporto de traçado. Ele também contou que, embora da Marginal existem para amenizar o
Congonhas, a velocidade na Marginal o traçado do projeto básico fosse tráfego da via local. Havia, no projeto
deve aumentar, segundo estimam os adequado às necessidades, o atual é básico, a intenção de criar um acesso
técnicos da Prefeitura. Esse efeito tende a melhor. "Uma das desvantagens daquele direto da Berrini para a pista que cruza
se acentuar com a conclusão, em 2010, era que o cruzamento das pistas ocorria o rio. Foi abolida no projeto executivo
do prolongamento de 4,5 km dessa muito próximo à Berrini", conta. Ruim para não incrementar o trânsito e para
avenida até a Rodovia dos Imigrantes. porque o gabarito exigido é de 6,10 m e, evitar a existência de uma rampa muito
O incremento no tráfego da Roberto para atingi-lo, a estrutura sobre a avenida forte. O projeto prevê alargamentos na
Marinho com destino ao litoral deve teria cerca de 20 m de altura. Ao ganhar Marginal para que não ocorra perda de
provocar uma redução na quantidade de espaço para o cruzamento das pistas foi performance das pistas. O pavimento da
carros circulando pela avenida dos possível suavizar a rampa, com inclinação ponte é SMA (Stone Matrix Asphalt), com
Bandeirantes. A capacidade da nova ponte sempre menor que 7%. 5 cm a 7 cm de espessura.
"X" em questão
Aproximar os mastros de modo
que se fundissem trouxe algumas
vantagens quanto às interferências e
ao traçado, como veremos adiante.
No entanto, criou situações inéditas
para a estrutura, como o próprio
mastro em "X", o apoio comum de
dois tabuleiros estaiados curvos, o
entrelaçamento dos estais e o acen-
tuado raio de curvatura.
Há algumas pontes estaiadas
curvas no mundo, mas todas com
apoio independente e não atingem
tal curvatura. As curvas da Octavio
Frias de Oliveira têm raio aproxi-
Marcelo Scandaroli
47
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que correm na borda dos tabulei- que não podem causar flexão no niram uma distância livre mínima de
ros e onde se prendem os estais. mastro", explica. 10 cm entre os cabos. "Exigiu um cál-
Para combater esse efeito, foram O mastro único para dois tabu- culo requintado porque os cabos
continuamente protendidas. "O leiros provoca inédito entrelaçamen- descrevem catenárias", diz Catão.
que deforma a estrutura de modo to dos estais após o cruzamento das Muito alto e inclinado, o mastro
irreversível, principalmente as es- pistas. Sem nenhuma norma ou obra exigiu o desenvolvimento de um sis-
taiadas, são as cargas permanentes, para referência, os engenheiros defi- tema de fôrmas trepantes, escora-
Prós e contras
A maior parte dos recursos para construção
do complexo veio do leilão de Cepacs
(Certificados de Potencial Adicional de
Construção). São títulos de captação de
recursos para financiamento de obras
públicas. Os investidores que os adquirem
Fotos: Marcelo Scandaroli
90 m
81 m
138 m
23,4 m
"Gostei muito da concepção, que foi
adequada por ter conseguido vencer o 12 m
vão do rio Pinheiros. E também há que
se levar em conta fatores estéticos, de
navegabilidade, de greide. No entanto,
não é o vão indicado para os estais, que
não se justificam economicamente para Desenho do mastro em X
vãos abaixo de 200 m. Deve ter ficado
mais caro e com maior prazo, pois é de
execução complexa e singular"
José Luiz Cardoso, projetista Vigas longitudinais protendidas
Laje
estrutural
Vigas
transversais
49
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Seqüência de construção
3
2
1 Vigas para apoio dos tabuleiros 2 Construção dos pilares 3 Encontro dos pilares
Fotos: Marcelo Scandaroli
Instalado no interior de um dos pilares, sistema monitora simultaneamente cada um dos estais das duas pontes, informando se a
força aplicada é maior ou menor do que a esperada
5
6
Rio Pinheiros
Bloco Bloco 2.900 mm
Linha de transmissão 2.700 mm
CTEEP
Estaca raiz ø 11 cm (1:5)
560 mm
Bloco Bloco
200
CPTM Estaca escavada ø 130 cm
Bloco de fundação
Fundações e interferências Canal de adução
51
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Estruturas prontas
Utilizados no Brasil desde 1926, pré-moldados desenvolveram-se
principalmente na segunda metade do século 20
primeira obra com elementos do da Dinamarca, que apresentava peça seguinte. Em seguida, as fôrmas
A pré-moldados de concreto do
Brasil foi executada em 1926, na então
endurecimento rápido e permitia
obter, aos três dias de idade, a resistên-
metálicas laterais e as armaduras dos
elementos pré-moldados eram prepa-
capital Rio de Janeiro. Na época, a filial cia normalmente obtida depois de radas para a execução da concretagem.
brasileira da construtora dinamar- quatro semanas. A obra também con- Com esse método, era possível produ-
quesa Cristhiani-Nielsen ficou res- tava com muros pré-moldados de 2,5 m zir até dez peças empilhadas, com ele-
ponsável pela construção do Hipó- de altura e 3,5 km de extensão. vada produtividade e poucos gastos
dromo da Gávea. Mas o uso dos pré-moldados no com o escoramento das fôrmas.
Segundo o engenheiro Augusto país intensificou-se apenas na década Inovação importante surgiu na se-
Carlos de Vasconcelos, em seu livro de 1950. No Estado de São Paulo, a gunda metade daquela década, com a
"O Concreto no Brasil: Pré-fabrica- Construtora Mauá utilizou a tecnolo- fábrica de pré-moldados de concreto
dos, Monumentos e Fundações", a gia na execução de diversos galpões in- protendido Protendit. As primeiras
obra bateu o recorde sul-americano dustriais. Os elementos eram produzi- peças fabricadas com a nova tecnologia
de produção de estacas pré-moldadas dos deitados, concretados uns sobre os pela empresa foram as estacas pré-
para fundações. Foram produzidos outros numa seqüência vertical. Logo moldadas de seção 15 cm x 15 cm e
mais de 8 km de peças com até 24 m que endurecia, a peça de concreto infe- quatro fios de protensão de 5 mm de
de comprimento. O Cimento Por- rior era coberta com papel parafinado e diâmetro. Com isso, era possível redu-
tland usado era o Aarlborg, importa- iria servir como fôrma de base para a zir brutalmente o consumo de material
e os custos de produção das peças, em
comparação com as então tradicionais
estacas maciças de 20 cm x 20 cm. A
cravação do novo produto mostrava-se
mais fácil, segundo empresas executo-
ras de fundações: a menor seção e a pré-
compressão tornavam o elemento mais
rígido para a propagação das ondas de
choque da cabeça da estaca à sua ponta.
Nas últimas três décadas, o desen-
volvimento de estruturas mistas este-
ve, para a engenheira Íria Licia Oliva
Doniak, diretora-executiva da Abcic
(Associação Brasileira da Construção
Industrializada de Concreto), entre os
principais avanços tecnológicos do
segmento. "Atualmente existem edifí-
cios no Brasil de até 20 andares utili-
Divulgação BPM
Ontem x hoje
1963 – Jogos Pan-americanos de São Paulo
As provas de boa parte das modalidades construiria metade dos blocos em estrutura
esportivas do Pan-1963 seriam disputadas no convencional, de concreto armado, e a
complexo poliesportivo da Universidade de Ribeiro Franco, a outra metade, em pré-
São Paulo, localizado na Cidade Universitária. moldados. No final da obra, um fato curioso:
O alojamento dos atletas ficaria do lado do os prédios em concreto armado ficaram
complexo, nos apartamentos do conjunto prontos antes dos pré-moldados, em função
residencial que a USP (Universidade de São das dificuldades técnicas enfrentadas pela
Paulo) já planejava construir para abrigar construtora com a nova tecnologia. Mas o
seus alunos de fora da capital. conjunto é ainda hoje conhecido como a
Para garantir a conclusão da construção do primeira obra residencial realizada em pré-
conjunto antes da Competição, o governo moldados no País.
estadual impôs pesadas multas às
construtoras que não cumprissem os prazos
estipulados em contrato. Uma das empresas
pesquisas relacionadas com a tecno- mento de lajes alveolares e ligações. Netpre. Segundo a engenheira, assim
logia estão em desenvolvimento no "O desempenho em relação a cisalha- como vem ocorrendo na Europa,
Netpre (Núcleo de Estudo e Tecnolo- mento e flexão de lajes alveolares tem existem perspectivas para a expansão
gia em Pré-Moldados de Concreto) correlação direta com o uso desses do mercado desse tipo de construção
da UFSCar (Universidade Federal de elementos em edifícios altos", afirma no Brasil.
São Carlos), principalmente no seg- Íria, da Abcic, entidade parceira do Renato Faria
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Divulgação BPM
nove pavilhões industriais. Desde então
já foram montados no estaleiro alguns
navios para transporte de insumos e
produtos entre plataformas petrolíferas solução em pré-moldados se mostrou mais O problema foi resolvido com um sistema
e bases portuárias. competitiva", afirma Nivaldo de Loyola de pilares compostos – duas colunas
Dentro dos pavilhões, são montados Richter, diretor da BPM Pré-Moldados. pré-moldadas paralelas ligadas por
grandes blocos que posteriormente serão O desafio, na obra, foi viabilizar a estrutura travamentos diagonais também pré-
unidos e formarão um novo navio. do galpão principal, de 40 m de altura e moldados –, que aumenta virtualmente
Durante a primeira fase de construção do 139 m de comprimento. Nos pilares, a a seção do pilar. Para resolver o mesmo
Navship, a etapa final de solidarização dos 30 m do piso, seriam apoiadas as vigas problema na direção do comprimento
blocos era realizada ao ar livre no de sustentação dos trilhos das pontes do galpão, os pares de pilares compostos
terreno. Esse "problema" foi solucionado rolantes. Como o carregamento nas pontes também se uniam por vigas horizontais
na segunda fase da construção do é dinâmico, a aceleração e a frenagem na pré-moldadas, contraventadas por um
estaleiro, de que a BPM também direção dos vãos poderiam gerar, no topo sistema metálico. Lá em cima, a tesoura
participou, em que estava prevista a das colunas, forças horizontais da ordem treliçada da cobertura, produzida com
execução de um grande galpão que de 10% da carga transportada. concreto auto-adensável de alto
abrigaria a montagem final dos navios. "A conseqüência é uma flexão nos pés dos desempenho, forma um conjunto
"Um pavilhão como esse normalmente seria pilares, da ordem de 600 t, que exigiu uma aporticado rígido, vencendo o vão de 38,3 m
construído em estrutura metálica, mas a solução criativa", explica Richter. entre as faces externas dos pilares.
Resistência de lajes
alveolares pré-fabricadas
ao cisalhamento
as últimas décadas as lajes alveo- materiais componentes do concreto e
N lares protendidas se tornaram os
elementos pré-fabricados de maior
Marcelo A. Ferreira
Professor-adjunto – Departamento de
aço, traço e dosagem das misturas uti-
lizadas, desvio-padrão do concreto,
Engenharia Civil – Coordenador do
aplicação em todo o mundo. Entre- resistência de liberação 21,0 MPa para
Netpre-UFSCar (Núcleo de Estudo e
tanto, no Brasil ainda não existe uma desprotensão em 24 horas, resistência
Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto)
normalização específica que oriente a à tração, módulo de elasticidade do
netpre@ufscar.br
padronização de projeto ou mesmo concreto, controle dimensional em
que estabeleça os critérios necessários Neiton S. Fernandes relação às tolerâncias estabelecidas
de desempenho para a realização de Mestre em Eng. Civil – Pós-Graduação em norma, relatório de alongamento
ensaios de controle de qualidade, vi- em Construção Civil – Netpre-UFSCar dos cabos, acompanhamento da cur-
sando a certificação desse produto. va de cura a vapor compatível com as
Roberto Chust Carvalho
Neste artigo é apresentado o pro- recomendações para elevação grada-
Professor-associado – Departamento
cedimento padronizado de ensaio ao tiva de temperatura, período constan-
de Engenharia Civil – Vice-Coordenador
cisalhamento para lajes alveolares pré- te e resfriamento.
do Netpre-UFSCar
fabricadas de concreto protendido, se- Finalmente, é apresentada uma
guindo as recomendações da FIB Altibano Ortenzi análise dos resultados encontrados com
(CEB-FIP) e da norma EN 1168/2005. Mestre em Eng. Civil – Pós-Graduação algumas considerações dos autores.
São descritos de forma resumida os em Construção Civil – Netpre-UFSCar
procedimentos de ensaio, sendo tam- Introdução
Íria L. O. Doniak
bém apresentadas algumas considera- A normalização em relação aos ele-
Engenheira civil, diretora-executiva
ções sobre os critérios de projeto e de mentos estruturais pré-moldados foi
da Abcic (Associação Brasileira da
aceitabilidade em relação à produção. recentemente revisada, tendo como
Construção Industrializada de Concreto)
Para verificar a aplicação desse principais aspectos: adequação à NBR
método de ensaio no Brasil, realizou- Luís O. B. Livi 6118/2003 e à NBR 9062/2006, durabi-
se um estudo experimental que envol- Engenheiro civil – gerente de projetos – lidade, estrutura em serviço, estabili-
veu pesquisas de pós-graduação de- Cassol Pré-Fabricados dade global da edificação, controle de
senvolvidas no Netpre-UFSCar (Nú- qualidade, segurança e economia. En-
cleo de Estudos e Tecnologia em Pré- tretanto, no Brasil ainda não existe
moldados de Concreto da Universida- experimentais são comparados com uma normalização específica para lajes
de Federal de São Carlos) em conjunto critérios de cálculo de acordo com a alveolares que oriente a padronização
com a Cassol Pré-fabricados, pelo NBR 6118/2003 e EN 1168/2005. de projeto ou mesmo que estabeleça os
convênio entre a UFScar e a Abcic (As- Cabe salientar a importância da iden- critérios necessários de desempenho
sociação Brasileira da Construção In- tificação e rastreabilidade do produto para a realização de ensaios de contro-
dustrializada de Concreto). Foram que possibilitou a recuperação de le de qualidade, necessários para a cer-
realizados ensaios em elementos de todos os dados obtidos nas inspeções tificação desse produto.
lajes sem capa, com capa e com preen- e ensaios durante a produção: Quali- De acordo com a literatura técnica
chimento de alvéolos. Os resultados ficação e análise de desempenho dos internacional, as lajes alveolares po-
dem apresentar diferentes mecanismos razão, nem sempre os mecanismos re- nesses critérios, a resistência ao cisa-
de ruptura: a) falha por perda da anco- sistentes críticos presentes nas lajes de lhamento de projeto VRd pode ser obti-
ragem; b) falha por cisalhamento (ten- maior altura serão compatíveis às si- da pela equação 1.
são no ponto crítico da nervura supe- tuações de projeto encontradas no
rior à resistência de tração do concre- Brasil. Sendo assim, a realização de en- τRd = [τRd . k . (1,2 + 40 . ρt) + 0,15 .
to); c) falha por cisalhamento em re- saios desse tipo de laje no Brasil é de σcp]. bw . d Eq. (1)
gião fissurada (com efeito combinado grande importância para que se ganhe
de cisalhamento, flexão e escorrega- um melhor entendimento do funcio- Onde:
mento); d) falha por cisalhamento namento, que por sua vez também τRd = 0,25 fctd,inf
combinado com torção (em peças que permite o aprimoramento de projeto. fctd = fctk, inf/γc – (com γc = 1,0)
não são planas); e) falha por flexão Neste artigo é apresentado o pro- ρ = As1 / bw * d
(ELU), com possibilidade de escorrega- cedimento padronizado de ensaio ao σcp = Nsd/Ac, calc
mento da armadura ativa próximo à cisalhamento para lajes alveolares pré- k = coeficiente com os seguintes valores:
ruptura; f) falha por interação dos me- fabricadas de concreto protendido, se- para elementos em que 50% da ar-
canismos de flexão e cisalhamento (em guindo as recomendações do "Manual madura inferior não chega ao apoio:
peças curtas com carregamentos altos). para Projeto de Lajes Alveolares" da k=|1|;
Segundo várias pesquisas ao longo FIB (2000) e da norma EN 1168/2005. para os demais casos: k = |1,6 – d|
do mundo, o principal parâmetro a ser São descritos de forma resumida os (não menor que 1), com d em metros;
considerado no projeto das lajes alveo- procedimentos de ensaio, sendo tam- As1 é a área da armadura de tração que
lares protendidas é a resistência à tra- bém apresentadas algumas considera- se estende até não menos que d + Lb,nec
ção do concreto, principalmente pelo ções sobre os critérios de projeto e de além da seção considerada;
fato de que a mesma é considerada no aceitabilidade em relação à produção. bw é a largura mínima da seção ao
cálculo da resistência ao cisalhamento, longo da altura útil d (Lpacp – número
onde a armadura transversal é dispen- Modelo teórico de alvéolos x diâmetro dos alvéolos);
sada. Segundo o "Manual de Qualida- A resistência ao cisalhamento de d = altura útil (hlaje – d');
de para Lajes Alveolares" da FIP lajes alveolares pode ser governada Nsd = força longitudinal na seção devi-
(1992), a resistência à tração efetiva do por dois mecanismos básicos: a) da à protensão;
concreto em uma laje alveolar é alta- quando a força de cisalhamento pró- γc = 1,0 não sendo considerado no cál-
mente dependente da forma geomé- xima ao apoio produz uma tensão culo, nesse caso;
trica dos alvéolos, do traço de concre- principal de tração em um ponto crí- Ac,calc = área calculada de concreto nos
to e do método de produção. tico da nervura entre os alvéolos, ex- painéis de laje alveolares.
Em geral essas lajes possuem cedendo a resistência de tração do
capas de concreto acima de 5 cm para concreto; b) quando a tensão de tra- Para a análise dos resultados expe-
formar uma seção composta visando ção produzida por cisalhamento é rimentais, foram calculados os valores
o aumento da capacidade da resistên- combinada com outras tensões de tra- teóricos da resistência ao cisalhamen-
cia à flexão. Por outro lado, desde que ção no concreto, como, por exemplo, to característica VRk, sem considerar os
seja garantida a aderência entre a as tensões de tração causadas pela in- coeficientes de segurança, os quais
capa e a superfície da laje junto ao trodução da força de protensão na re- foram comparados com os resultados
apoio, essa capa pode contribuir para gião de transferência e/ou por tensões obtidos para as resistências de ruptura
o aumento da capacidade da resistên- de tração causadas pela presença médias nos ensaios Vu,exp, sendo que
cia ao cisalhamento. combinada de flexão. este último deve superar a resistência
Para as situações correntes de pro- Para levar em conta a resistência ao característica. Por sua vez, o coeficien-
jeto no Brasil as lajes alveolares mais cisalhamento em regiões afetadas por te de segurança efetivo pode ser obtido
utilizadas são as de 150 mm e 200 mm fissuras de flexão, o cálculo pode ser pela relação entre a resistência experi-
de altura, enquanto que na Europa e feito de acordo com prescrições da mental e a máxima força de cisalha-
nos Estados Unidos são comuns as NBR 6118/2003, as quais estão de mento de serviço VS,max, dada por:
aplicações de lajes alveolares entre acordo com recomendações da FIB
265 mm e 500 mm de altura. Por essa (CEB-FIP) e EN 1168/2005. Com base l = Vu,exp / VS,max Eq. (2)
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ARTIGO
61
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ARTIGO
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p&t132.qxd 5/3/2008 11:54 Page 68
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OBRA ABERTA
Livros
Software Sites
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AGENDA
Seminários e 23 a 25/5/2008 info@nuernbergmesse.de
São Paulo www.ahkbrasil.com /
conferências O fórum fomentará a discussão sobre a www.nuernbergmesse.de
CIB – International Conference on construção sustentável por meio de
Megatrends in Building and conceitos de arquitetura fundamentais e Light + Building
Construction 2008 complexos, a aplicação de materiais, 6/4 a 11/4/2008
2/4/2008 tecnologias e soluções construtivas. Frankfurt (Alemanha)
São Paulo Haverá análises de casos, A feira reúne temas que intercalam design
A Conferência reunirá especialistas com regulamentações e tendências de da construção, iluminação, eletrotecnologia
renome internacional de diversos países mercado nacionais e internacionais para a e automação de casas e edifícios.
especializados em diferentes áreas para sustentabilidade na construção. www.light-building.messefrankfurt.com
apresentar e discutir os grandes desafios da E-mail: ecobuilding2008@anabbrasil
indústria da construção no futuro próximo. www.anabbrasil.org/ecobuilding2008 16a Feicon Batimat – Feira
E-mail: john@poli.usp.br Internacional da Indústria da
Fone: (11) 8199-9539 Conaend & IEV 2008 Construção
9 a 12/6/2008 8 a 12/4/2008
Citaes – Congresso Internacional São Paulo São Paulo
Tecnologias Aplicadas para O XXVI Conaend (Congresso Nacional de O evento apresentará novidades em
Engenharia e Arquitetura Sustentáveis Ensaios Não Destrutivos e Inspeção) e a IEV alvenaria e cobertura, esquadrias,
8 a 11/4/2008 (Conferencia Internacional sobre Evaluación instalações elétricas, hidráulicas,
Olinda de Integridad y Extensión de Vida de sanitárias, equipamentos elétricos,
O evento, bienal, é um fórum único para a Equipos Industriales) têm o objetivo de dispositivos, condutores, fios, cabos e
exposição de tecnologias da arquitetura e promover o intercâmbio técnico e a troca de tendências do mercado.
da engenharia sustentáveis com o objetivo experiências entre os participantes. Outro Fone: (11) 6914-9087
de estimular as inovações tecnológicas do ponto é gerar informação e conhecimentos E-mail: info@alcantara.com.br
setor e erguer um fundamento para a técnicos e científicos na área de Integridade www.feicon.com.br
indústria da sustentabilidade na construção. Estrutural de Equipamentos, além de
Fone: (81) 3463-0206 contribuir com o relacionamento e a troca Expolux – Feira Internacional da
www.citaes.com.br de experiências entre as comunidades Indústria da Iluminação
nacional e internacional. 8 a 12/4/2008
Sinco 2008 – IV Simpósio Internacional Fones: (11) 5586-3172/5586-3197. São Paulo
sobre Concretos Especiais E-mail:eventos@abende.org.br A Expolux 2008 apresenta as principais
22 a 24/5/2008 tecnologias e inovações dirigidas ao setor
Sobral (CE) de iluminação, abrangendo produtos para
O evento discutirá os componentes dos
Feiras e exposições iluminação residencial, industrial e pública.
concretos especiais, características, Fensterbau/Frontale – Feira E-mail: info@expolux.com.br
propriedades e possibilidades de Internacional de Janelas e Fachadas www.expolux.com.br
aplicações. O Sinco é realizado pelo 2 a 5/4/2008
Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), Nuremberg (Alemanha) Coverings
Iemac (Instituto de Estudo dos Materiais A 11a edição da Feira Internacional de 29/4 a 2/5/2008
de Construção) e a UVA (Universidade Janelas e Fachadas – Tecnologias, Orlando (EUA)
Estadual Vale do Acaraú). Componentes, Elementos de Construção A Coverings reúne os setores de
Fone: (88) 3611-6796 abrangerá, no setor de janelas e fachadas, revestimentos cerâmicos, rochas
www.sobral.org/sinco2008/ técnicas de aplicação, revestimentos e ornamentais, utensílios e acessórios para
ferragens. O evento acontece bienalmente cozinhas e banheiros, vidros, madeira,
Eco Building – Fórum Internacional e recebe expositores e visitantes de artesanato para revestimento,
de Arquitetura e Tecnologias para a todos os países. equipamentos, produtos da cadeia de
Construção Sustentável E-mail: feiras@ahkbrasil.com / revestimentos (argamassa, rejunte,
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Simone Nakamoto
Coordenadora técnica da Tesis
Engenheira civil
Secretária da CEM-00:002.04
simonen@tesis.com.br
Materiais e componentes
Chuveiros automáticos (sprinklers)
Os chuveiros automáticos a serem
Figura 3 – Foto do ensaio de resistência
instalados juntamente com as tubula-
ao fogo das tubulações de CPVC – ensaio
ções de CPVC devem ser chuveiros de
Figura 2 – Chuveiro automático realizado no IPT (Instituto de Pesquisas
resposta rápida (possui elemento ter-
(sprinkler) de resposta rápida Tecnológicas do Estado de São Paulo)
mossensível com RTI* igual ou me-
nor a 50 m/s½) e devem ter temperatu-
ra nominal de 65°C. suportes devem ser fabricados de ma- conexões, deve-se executar um chan-
Tubos e conexões de CPVC terial ferroso, e não possuir bordas ás- fro na extremidade do tubo, o que mi-
Os tubos e conexões de CPVC peras ou afiadas que entrem em con- nimizará a possibilidade do adesivo
devem ser de cor alaranjada ou ver- tato com o CPVC. Observar também escorrer para o interior da conexão.
melha, e devem atender aos seguintes as seguintes recomendações: b) Aplicação do adesivo solvente
requisitos especificados pelo projeto Caso seja utilizado o suporte tipo As superfícies dos tubos a serem
de norma ABNT 00:002.04-001: "pêra", a extremidade do tirante ros- unidas devem ser limpas com um te-
Resistência à exposição ao fogo cado deve ficar a pelo menos 1,6 cido seco. Obs.: as superfícies não
Montagem mm do tubo devem ser lixadas!
Coeficiente de fricção do tubo Os suportes devem permitir a mo- Aplicar uma camada espessa e uni-
Resistência à pressão hidrostática vimentação longitudinal da tubula- forme de adesivo na extremidade ex-
interna de curta duração ção, devido ao efeito de dilatação e terna do tubo e uma camada média no
Comprimento equivalente da co- contração gerado pelas variações de interior da bolsa da conexão. Para
nexão temperatura, bem como limitar o seu tubos de diâmetros superiores a
Ciclo de pressão movimento ascendente quando do DN32, aplicar uma segunda camada
Resistência ao esmagamento acionamento do chuveiro automático na extremidade do tubo. É importante
Ciclo de temperatura Além das distâncias para a colo- retirar o adesivo em excesso com auxí-
Resistência à flexão cação dos suportes estabelecidas pela lio de uma estopa ou tecido limpo,
Resistência à pressão hidrostática ABNT NBR 10897:2007 para as di- para evitar que o adesivo se sedimente
interna de longa duração versas configurações das tubulações, no tubo ou conexão.
Resistência ao impacto e que valem tanto para as tubulações c) Montagem dos tubos e conexões
Determinação da tensão base de de CPVC como também para o aço e de CPVC
projeto (HDB) cobre, há algumas distâncias máxi- Após a aplicação do adesivo, en-
Resistência à vibração mas que devem ser observadas para caixar imediatamente o tubo na cone-
Resistência à exposição ao meio as tubulações de CPVC que são apre- xão, rotacionando-o com um quarto
ambiente sentadas na tabela 1. de giro, alinhando a conexão a ser ins-
Capacidade do chuveiro automáti- talada, e mantendo o encaixe durante
co de incêndio à alta pressão Condições para montagem das 15 segundos. As peças soldadas não
Permanência da marcação tubulações de CPVC devem ser movimentadas em um in-
Resistência à torção a) Corte dos tubos de CPVC tervalo de 1 minuto a 5 minutos.
Resistência ao fissuramento sob Ao realizar o corte dos tubos de Deve-se observar um cordão de
tensão CPVC, deve-se ter o cuidado de fazê-lo solda de adesivo ao redor da junta do
Adesivo perpendicularmente ao eixo do tubo. tubo com a conexão. Se esse cordão for
Deve ser utilizado o tipo de adesi- Caso se identifique algum dano na ex- descontínuo, pode indicar uma aplica-
vo solvente indicado pelo fabricante tremidade do tubo, realizar um corte a ção com quantidade insuficiente de
dos tubos e conexões de CPVC. pelo menos 50 mm do dano visível. adesivo e,nesse caso,a conexão deve ser
Suportes Eventuais rebarbas devem ser reti- cortada e descartada. Obs.: os tubos de
Devem ser utilizados os tipos de radas e para tanto pode-se utilizar CPVC não devem ser dobrados!
suportes indicados pelo fabricante uma lima. d) Instalação dos chuveiros automá-
dos tubos e conexões de CPVC. Esses Para facilitar o encaixe dos tubos e ticos (sprinklers)
*Índice do tempo de resposta do elemento termossensível medido sob condições padronizadas de ensaio 79
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COMO CONSTRUIR
Tabela 1 – DISTÂNCIA MÁXIMA ENTRE SUPORTES mente à pressão de 1.380 kPa, e devem
Diâmetro Nominal da Tubulação de CPVC manter essa pressão por duas horas, sem
DN20 DN 25 DN 32 DN 40 DN 50 DN 65 DN 80 perdas. As partes do sistema normal-
(¾") (1") (1 ¼") (1 ½") (2") (2 ½") (3") mente sujeitas a pressões de trabalho su-
Distância máxima 1,70 1,80 2,00 2,15 2,45 2,75 3,05 periores a 1.040 kPa devem ser testadas a
entre suportes (m) uma pressão de 350 kPa acima da pres-
Distância máxima entre 0,90 1,20 1,50 2,10 2,10 2,10 2,10 são de trabalho do sistema.
suportes quando há um Em caso de alteração ou ampliação
sprinkler instalado entre de um sistema já existente que afete 20
os suportes(1) (m) ou menos chuveiros, o teste hidrostáti-
Distância máxima entre 0,15 0,20 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 co deve ser feito à pressão de trabalho
o sprinkler da ponta do sistema. Caso a alteração ou amplia-
do ramal e o suporte ção afete mais de 20 chuveiros, a nova
mais próximo (m) parte do sistema deve ser isolada e tes-
(1)
O sprinkler deve estar instalado no centro das distâncias entre os suportes tada à pressão de 1.380 kPa, no míni-
mo, durante duas horas. Modificações
A instalação dos chuveiros automá- barbas,retiradas.É importante também que não possam ser isoladas não preci-
ticos deve ser realizada depois que todos observar o alinhamento da tubulação e sam ser testadas à pressão superior à
os tubos e conexões de CPVC estiverem o posicionamento dos suportes. pressão de trabalho do sistema.
unidos. No caso das juntas soldadas, O local do corte deverá ser acessí-
deve-se aguardar um tempo de cura do vel ao reparo, sendo possível rotacio-
adesivo de no mínimo 30 minutos. nar o tubo em um quarto de giro, ne-
LEIA MAIS
Ao instalar os chuveiros automáti- cessário para as juntas soldadas, caso
cos, deve-se escorar ou apoiar a tubula- contrário utilizar as juntas mecânicas. NBR 10897 – Proteção Contra
ção de maneira segura para evitar a ro- Antes da aplicação do adesivo, Incêndio por Chuveiros
tação da tubulação e das conexões nas secar e remover resíduos da bolsa da Automáticos. ABNT (Associação
quais se aplicou o adesivo previamente. conexão e da ponta do tubo a serem Brasileira de Normas Técnicas). São
Finalizada a instalação e termina- unidos, com o auxílio de um pano Paulo, 2007.
do o tempo de cura do adesivo (esse limpo e seco. Por fim, deve-se seguir as Projeto de Norma 00:002.04-001 –
tempo é informado pelo fabricante do recomendações para a aplicação do Tubos e Conexões de Poli (cloreto
adesivo), deve-se prosseguir com os adesivo e montagem das tubulações de vinila) Clorado – CPVC – Para
ensaios de aceitação do sistema. conforme os itens b e c. Sistemas de Proteção Contra
e) Transição das tubulações de CPVC É recomendado que a parte do sis- Incêndio por Chuveiros Automáticos
para outros materiais tema que contenha o reparo/modifica- – Requisitos e Métodos de Ensaio.
A transição de tubos e conexões de ção seja submetida ao ensaio de aceita- ABNT (Associação Brasileira de Normas
CPVC para outros materiais pode ser ção conforme a NBR 10897:2007. Técnicas). São Paulo, 2007.
realizada com a utilização de conexões Projeto de Norma 00:002.04-002 –
de CPVC roscadas, flangeadas, disposi- Aceitação do sistema Tubos e conexões de Poli (cloreto
tivos ou adaptadores em atendimento Após o término da montagem das de vinila) Clorado – CPVC – Para
às instruções de instalação do fabrican- tubulações e, finalizado o tempo ne- Sistemas de Proteção Contra
te e normas específicas.Obs.: é vedada a cessário para cura do adesivo utilizado Incêndio por Chuveiros
confecção de rosca e ranhuras direta- nas juntas, o sistema deve ser submeti- Automáticos – Procedimentos de
mente na parede dos tubos de CPVC. do ao ensaio hidrostático especificado Instalação. ABNT (Associação Brasileira
pela NBR 10897:2007. de Normas Técnicas). São Paulo, 2007.
Procedimento para reparo e A tubulação deve ser lentamente Sistemas de Chuveiros
modificação do sistema de preenchida com água, tomando-se o Automáticos. São Paulo, Epusp (Escola
tubulação de CPVC cuidado de remover todo o ar da tubu- Politécnica da Universidade de São
Nesse procedimento o sistema deve lação. Recomenda-se retirar o ar pelo Paulo), 1998. (Texto técnico. Escola
ser drenado. Para os cortes das áreas a chuveiro automático que se encontra Politécnica da USP. O. M. Gonçalves; E. P.
serem reparadas, devem ser utilizadas no ponto mais alto e distante. Obs.: Feitosa. Departamento de Engenharia
as ferramentas indicadas pelo fabrican- nunca utilizar ar ou gás comprimido. de Construção Civil, TT/PCC/19).
te dos tubos de CPVC. Os cortes devem De acordo com a NBR 10897:2007, Sistemas Prediais de Combate a
ser realizados a uma distância que ga- as tubulações e acessórios (sejam de Incêndio – Chuveiros Automáticos
ranta a inserção completa da extremi- CPVC, aço ou cobre), passíveis de serem – "sprinklers". O. M. Gonçalves. São
dade do tubo na bolsa da conexão. O submetidos à pressão de trabalho do sis- Paulo, 1991. Notas de aula da disciplina
corte deve ser feito em esquadro e as re- tema devem ser testados hidrostatica- PCC-465 – Sistemas Prediais I.