Os actuais serviços e sistemas de informação para a Saúde e a
generalização dos dispositivos de monitorização pessoal de saúde
Licínio Venâncio Feiteira Kustra Mano
Universidade de Aveiro, Departamento de Comunicação e Arte
mano@ua.pt
Resumo: As actuais sociedades deparam-se com crescentes
desafios ao nível da prestação de serviços de saúde aos seus
cidadãos. Se por um lado encontram-se limitadas pelos
constrangimentos e cortes orçamentais, resultantes do
desequilíbrio financeiro que paira pelas economias, por
outro os cidadão exigem cada vez mais uma maior eficiência
e capacidade de resposta por parte dos serviços e instituições
de saúde.
Na sociedade portuguesa os serviços de saúde,
nomeadamente os de assistência em caso de emergência
médica, garantem a qualidade de assistência que seria
expectável.
Todavia, tendo em pano de fundo as mudanças que
começam a ocorrer ao nível das características de saúde dos
cidadãos (aumento da esperança média de vida, aumento do
número de doentes crónicos), juntamente com as evoluções
tecnológicas verificadas ao nível das soluções de
monitorização pessoal do estado de saúde, prevê-se a
necessidade de reflectir sobre a possibilidade de novos
modelos e cenários de interacção entre os cidadãos e os
serviços de prestação de cuidados de saúde, mediados e
potenciados por plataformas de comunicação baseadas em
redes de informação.
Palavras-chave: Serviços de Saúde, Emergência Médica,
Monitorização Pessoal de Saúde.
1. INTRODUÇÃO
A actual sociedade encontra-se cada vez mais alerta e
consciente da importância dos serviços e cuidados de saúde
à sua disposição. Esta consciência, bem como a demanda de
novas necessidades, introduz uma maior dinâmica nos
fenómenos de mudança e evolução da forma como o
serviços de saúde são disponibilizados à população.
População esta que se encontra cada vez mais envelhecida,
implicando por si, uma revisão e reajustamento dos actuais e
futuros modelos de organização de serviços, informação e
comunicação em Saúde.
Cada vez mais se prevê que o enfoque, ao nível dos
serviços de saúde, deva passar do Tratamento para a
Prevenção. No entanto, para que este reajustamento seja
viável é necessária investigação e experimentação de novas
formas de organização dos serviços e respectiva interacção
com os cidadãos. A perspectiva de novos cenários poderá
implicar por exemplo (DITTMAR, 2004):
• Meios de diagnóstico e tratamento não invasivos;
1
• Cuidados de Saúde em casa;
• Curtos períodos de internamento em ambiente
hospitalar;
• Processos de reabilitação mais eficientes;
• Cidadãos mais informados e conscientes do seu estado
de saúde e respectivo tratamento;
O progresso científico e a evolução tecnológica
desempenham um papel fundamental na persecução destes
processos de mudança. Evoluções como a miniaturização de
dispositivos e equipamentos, aumento significativo da
capacidade de processamento e análise de informação,
comunicações sem fios, materiais inteligentes, permitem
desenhar novos cenários, tendencialmente mais integrados e
eficientes no que respeito diz aos serviços e cuidados saúde
a que cada cidadão poderá ter acesso. De salientar contudo,
a importância chave das microtecnologias, das tecnologias
de informação e comunicação e telecomunicações.
Para além da introdução de novos modelos e
organização dos serviços de saúde, é também fundamental
rever e repensar conceitos e paradigmas como a
Telemedicina. Tipicamente os serviços de Telemedicina
implicavam a troca/envio de informação de saúde do utente
(e.g. imagens, relatórios, etc) entre profissionais de saúde.
Actualmente estes conceitos evoluíram, à luz dos
desenvolvimentos tecnológicos e da maturidade dos
serviços, dotando a Telemedicina de novas fronteiras e
dimensões (DITTMAR, 2004), nomeadamente:
• Extensão do próprio hospital/centro saúde;
• Monitorização contínua (ao longo do dia);
• Interacção em tempo real com profissionais clínicos a
partir de casa do cidadão;
• Diagnóstico e técnicas de tratamento em casa do
cidadão;
Na perspectiva de consolidar o foco e importância da
prevenção é necessário envolver cada vez mais o cidadão,
através de uma mais eficiente estratégia de comunicação e
informação, bem como, responsabilização do mesmo no
papel activo que este desempenha no âmbito da manutenção
e acompanhamento do seu estado de saúde.
2. SERVIÇOS DE SAÚDE EM PORTUGAL
Em Portugal o direito de protecção da saúde dos
cidadãos é salvaguardado pelo Estado, através do Serviço
Nacional de Saúde (SNS), que celebrou em 2009 o seu 30.º
aniversário. A organização dos serviços de saúde sofreu, ao
longo dos tempos, diversas evoluções que resultaram
principalmente da influência de conceitos religiosos,
políticos e sociais de cada época. Tendo por base estas
forças condutoras, o SNS foi-se concretizando por forma a
dar resposta ao aparecimento de doenças e à demanda de
qualidade nos serviços de saúde prestados aos cidadãos
[PORTAL DA SAÚDE, 2010].
O SNS, segundo a Lei Orgânica do Ministério da
Saúde (Decreto-Lei n.º 234/2008), é composto por todas as
entidades públicas prestadoras de cuidados de saúde,
nomeadamente:
• Estabelecimentos Hospitalares;
• Unidades Locais de Saúde;
• Centros de Saúde;
• Agrupamentos de Centros de Saúde;
Todos os serviços e estabelecimentos encontram-se
tutelados pelo Ministério da Saúde.
2.1 Serviços de Socorro e Emergência Médica
Para além das instituições responsáveis pela prestação
de cuidados de saúde, Portugal dispõe também, desde 1981,
de uma plataforma de socorro em caso de emergência
Médica - o SIEM (Sistema Integrado de Emergência
Médica) [INEM, 2009].
O SIEM consiste num conjunto de entidades que
cooperam em função de um objectivo comum: “(...) prestar
assistência às vítimas de acidente ou doença súbita.
(...)“ [INEM, 2009]. O SIEM envolve as seguintes
entidades:
• PSP - Polícia de segurança Pública;
• INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica;
• Bombeiros;
• CVP - Cruz Vermelha Portuguesa;
• Hospitais e Centros de Saúde;
O INEM é o organismo do Ministério da Saúde
responsável por coordenar o funcionamento do SIEM no
território de Portugal continental. De uma forma
simplificada, o procedimento de socorro desenrola-se da
seguinte forma: o sistema é iniciado quando alguém liga 112
(número Europeu de emergência). O atendimento das
chamadas cabe à PSP e à GNR, nas centrais de emergência.
Sempre que o motivo da chamada está relacionado com
emergências de saúde, a mesma é encaminhada para os
Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do
INEM. Sempre que o CODU acciona um meio de
emergência procura que o mesmo seja o que está mais perto
do local, independentemente da entidade a que pertence
(INEM, Bombeiros ou CVP).
2.2 Cadeia de sobrevivência
Segundo a informação veiculado pelo INEM [INEM,
2009], à luz do conhecimento médico actual existem 3 (três)
atitudes que modificam o resultado do socorro a uma vítima
2
de paragem cardio-respiratória (PCR).
1. Pedir ajuda, accionando de imediato o Sistema
Integrado de Emergência Médica;
2. Iniciar de imediato manobras de Suporte Básico de Vida
(SBV);
3. Aceder à desfibrilhação tão precocemente quanto
possível mas apenas quando indicado.
Os procedimentos referidos, sucedem-se de uma forma
encadeada e constituem uma cadeia de atitudes em que cada
elo articula o procedimento anterior com o seguinte. Surge
assim o conceito de Cadeia de Sobrevivência [INEM, 2009]
composta por quatro elos ou acções em que o
funcionamento adequado de cada elo, e a articulação eficaz
entre os vários elos, é vital para que o resultado final seja
uma vida salva.
Os quatro elos da cadeia de sobrevivência são [INEM,
2009]:
1. Acesso precoce ao Sistema Integrado de Emergência
Médica - 112;
2. Início precoce de SBV;
3. Desfibrilhação precoce;
4. Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce;
Figura 1 – Cadeia de Sobrevivênvia [INEM, 2009]
Para efeitos do trabalho em curso, centraremos o
âmbito da análise no primeiro procedimento - Acesso
precoce ao Sistema Integrado de Emergência M é d i c a -
112.
O rápido acesso ao SIEM assegura o início da Cadeia
de Sobrevivência. “(...) Cada minuto sem se chamar o
socorro reduz a possibilidade de sobrevivência da vítima.
(...)” [INEM, 2009]. Para o funcionamento adequado deste
elo é fundamental saber reconhecer a gravidade da situação
e activar o sistema (ligando adequadamente 112) e passar a
seguinte informação:
• O quê;
Onde;
•
• Como
• Quem;
“(...) A consciência de que estes procedimentos podem
salvar vidas humanas deve ser incorporada o mais cedo
possível na vida de cada cidadão. (...)” [INEM, 2009].
No âmbito deste trabalho, pretende-se investigar e
explorar evoluções possíveis no processo de comunicação
de informação, entre as vítimas de uma emergência de saúde
e os serviços de emergência médica que irão participar na
acção de socorro.
Pretende-se por isso reflectir sobre novos paradigmas
de interacção e comunicação que possam introduzir mais
valias no processo, aumentadas pelo recurso a plataformas
digitais, podendo com isso melhorar a eficácia e eficiência
da acção de socorro numa perspectiva de salvar mais vidas
ou, pelo menos, garantir uma melhor qualidade de vida a um
cidadão envolvido numa emergência relacionada com a sua
saúde.
indivíduos ou de uma sociedade. No caso da saúde, em
Portugal, esta questão é extremamente pertinente. Por
norma, a proximidade e destreza com que a população
portuguesa adopta e se move nas dimensões tecnológicas,
destacam-na das demais sociedades (e.g. utilização do
telemóvel, utilização da internet). Todavia a junção de das
dimensões tecnológicas com a perspectiva individual da sua
Saúde, implicam reflexões culturais mais profundas.
A figura seguinte demonstra a nível de adesão dos cidadãos
portugueses à pesquisa de informação sobre saúde na
! !

internet. !

3. MONITORIZAÇÃO PESSOAL DE SAÚDE Figura 2 – Os portugueses

costumam Pesquisar na Internet Informação sobre Saúde? (em %)
A evolução científica e tecnológica têm potenciado,
invariavelmente, a introdução de novas técnicas e
ferramentas em diversas áreas do conhecimento. A Saúde
tem sido uma das áreas que mais tem beneficiado com essas
evoluções, tendo em conta que esta visa salvaguardar a
essência e o bem mais precioso de um ser humano - a vida.
A necessidade e motivação intrínseca à investigação e
experimentação de técnicas e dispositivos para melhorar os
cuidados de saúde tem permitido atingir uma dinâmica de
evolução tecnológica, para a qual é difícil encontrar
paralelo.
Fonte: Marktest, Bareme Internet 2007

3.1 Paradigma da complexidade e paradigma tecnológico A percentagem de apenas 15,9% de respostas positivas,
!

evidenciam que, no que toca à Saúde, a problemática não

!

Segundo a definição de Sociedade da Informação, reside no paradigma tecnológico mas, eventualmente, no

!

apresentada por Gaio e Gouveia (Gaio, Conveia, 2004), !

paradigma social, Em concreto, a facilidade e

“sociedade que recorre predominantemente às tecnologias
""!

disponibilidade de acesso a tecnologias de informação e

!

da informação e comunicação para a troca de informação em
formato digital, suportando a interacção entre indivíduos e
entre estes e instituições, recorrendo a práticas e métodos
em construção permanente”, a evolução que vem sendo
referida neste trabalho surge do cruzamento dos paradigmas
tecnológico com o da complexidade. A capacidade
tecnológica de o fazer alia-se por isso à necessidade
financeira, social e individual de o fazer. Não se tratando de
uma construção meramente tecnológica, a problemática
abordada, estabelece uma ponte entre a mediação
tecnológica e a noção de bem estar em saúde, que reside em
cada indivíduo.
comunicação baseadas na Internet, não redunda numa
elevada adesão a este contexto de informação e
! comunicação. !
Mantendo ainda o foco na análise da paradigma social,
no âmbito da população portuguesa, a figura seguinte
!
demonstra a forma como diversos eixos (e.g. idade, género,
Gráfico 2. Pesquisas de I nformação sobre Saúde na I nternet, por categorias
nível de habilitações, ocupação profissional, classe social)
etárias, sexo, ocupação e habilitações, Dados M arktest 2007
influenciam a problemática da mediação tecnológica no
âmbito da Saúde.
Figura 3 – Pesquisas de Informação sobre Saúde na Internet, por categorias
etárias, sexo, ocupação e habilitações

Inevitavelmente as diferentes etapas de inclusão digital

(infoinclusão), resultante de um elevado numero de
iniciativas governamentais que visam a promoção da
sociedade de informação pelos diferentes extractos de cada
sociedade, começam agora a promover movimentos e
contextos de exigência que promovem relevantes demanda
de serviços e estruturas sociais. Não basta disponibilizar
novos canais e infra-estruturas sem acompanhar esta
evolução com a estruturação de novos serviços e novas
formas de servir o cidadão.

Por outro lado, a infoinclusão, numa etapa

embrionária, incide nomeadamente sobre o aspecto de
consumo de informação. A dimensão participativa,
perspectivada para a sociedade de informação, é uma etapa
mais remota no que toca à sua consolidação na sociedade.
Do cruzando da dimensão tecnológica com a dimensão
social e individual, o facto de a possibilidade/capacidade Fonte: Marktest, Bareme Internet 2007
tecnológica existir não implica a adesão imediata dos

!
3
!

!
"#!
 A variação da utilização do meio tecnológico no
âmbito da Saúde, indica que existem diferentes dimensões
que influenciam o paradigma da complexidade,
nomeadamente uma forte desconfiança e desconhecimento
de uma utilização madura e adequada das TIC para o fim em
questão.
Neste contexto creio ser possível apontar que o
paradigma da complexidade se sobrepõem ao paradigma
tecnológico, levando os campos da pesquisa a realizar muito
para além dos vectores relacionados com a engenharia dos
sistemas tecnológicos. Proponho por isso, que o foco de
investigação possa incidir numa reflexão sobre como
contemplar as características sociais e culturais num plano
de estratégia de mudança, tendo em vista a adesão da
população a novos serviços de saúde, apoiados e mediados
tecnologicamente por sistemas e paradigmas de
comunicação capazes de corresponder à complexidade das
dinâmicas sociais, governamentais e individuais.
3.2 Revisão de literatura
A pesquisa e revisão da literatura realizadas resultaram
na percepção da existência de diferentes etapas (por mim
elencadas) de investigação no âmbito da problemática
apresentada.
Efectivamente, a necessidade de monitorização remota
de utentes surge da convergência de diversos factores:
• Propiciar uma maior qualidade de vida ao utente;
• Permitir a realização de exames por um período mais
alargado de tempo;
• Gestão mais eficientes dos recursos (e.g. camas e quartos)
dos serviços de saúde;
Surgindo a necessidade da área da Saúde, a
investigação, numa primeira etapa centrou-se na capacidade
técnica de realização dos exames, com especial foco no
Sensores Individuais. Este estado por mim denominado de
- ponto comercial - caracteriza-se por elevado número
projectos de investigação, sendo que se encontram soluções
já disponíveis no mercado de consumo. Esta etapa de
investigação encontra-se descrita do ponto 3.3 deste
trabalho.
Numa segunda etapa, etapa onde actualmente é
possível encontrar mais trabalhos de investigação, a foco
passou do sensor para a - Rede Pessoal de Sensores - cujo
objectivo máximo passa da possibilidade de monitorizar um
determinado biomarcador, para, através do acompanhamento
e análise de diversos indicadores biomarcadores, tornar
possível determinar o estado de saúde de um cidadão.
Conforme indicado, este é a etapa de investigação em que
mais referências a projectos de carácter científico encontrei.
A revisão da literatura sobre este aspecto encontra-se
evidenciada no ponto 3.4 deste trabalho.
A terceira etapa de investigação, para a qual encontrei
muito poucas referências, incide sobre o movimento e
estratégias de aproximação dos serviços de saúde aos novos
4
meios e possibilidades tecnológicas abertas pelas soluções
de monitorização pessoal de saúde (e.g. sensores individuais
ou redes pessoais de sensores). É exactamente sobre este
aspecto, no qual acredito existir a necessidade reflexão,
investigação e experimentação, para o qual direcciono o
foco de um eventual projecto de investigação, na perspectiva
de abrir novos horizontes sobre uma problemática que, não
sendo actualmente uma temática forte de investigação,
acredito que no futuro se revelará fundamental para a
implementação de estratégias de modelos da prestação de
cuidados de saúde personalizados.
3.3 Sensores individuais
Em Saúde, uma das técnicas que se encontra
amplamente disseminada consiste na utilização sensores
para recolha de dados relativos a diferentes Biomarcadores
(e.g. batimento cardíaco, variação dos potenciais eléctricos
gerados pela actividade eléctrica do coração - ECG, etc.).
“(...) Os biomarcadores podem ser definidos como
variáveis genéticas, imunológicas e bioquímicas que se
relacionam com expressão de doença. Nas doenças
inflamatórias crônicas e nas doenças neoplásicas estes
marcadores se relacionam com atividade ou remissão do
processo patológico, contribuindo de modo importante
como guia de tratamento. (...) [SCHRIEFER, 2008].
A utilização de sensores para recolha de dados sobre
biomarcadores de saúde encontra-se amplamente
disseminada. Estes funcionam como uma técnica exaustiva
de recolha de informação sobre indicadores de saúde de um
utente. Um profissional de saúde, na perspectiva de recolher
informação que o auxilie na elaboração de diagnósticos
sobre o estado de saúde de um cidadão, procede à
instalação (no cidadão) dos sensores adequados para a
recolha de informação sobre o biomarcador pretendido. Esta
recolha reveste-se no entanto de um carácter temporário,
uma vez que o principal objectivo desta instalação, passa
pela recolha de informação num determinado período de
tempo. Terminado o período definido para a recolha de
informação, o cidadão deverá regressar ao contacto com o
profissional clínico que, após transferência dos dados
recolhidos, passará à sua interpretação dos mesmos e, por
fim, à formulação de um possível diagnóstico.
Não diminuindo a relevância pela qual se reveste esta
técnica de utilização de sensores, foram surgindo diferentes
técnicas e métodos de utilização desta tecnologia, por forma
a disponibilizar a cada cidadão uma ferramenta eficaz no
acompanhamento diário e constante do seu estado de saúde.
Surge desta forma o conceito de Monitorização Pessoal
de Saúde (MPS). Ao contrário da técnica anteriormente
descrita o principal objectivo da MPS passa pela
monitorização contínua de biomarcador(s) de um cidadão,
ao qual tenha sido diagnosticada uma patologia crónica.
Para além dos sensores, o sistemas de MPS contemplam
também um dispositivo que permita ao indivíduo, que se
encontra a ser monitorizado, acompanhar a evolução do seu
estado de saúde.
3.4 Rede pessoal de sensores
As soluções de MPS têm evoluído em características e
complexidade. Não obstante a diversidade de sensores que
surgem a um ritmo acelerado, tendo em vista a
monitorização de diferentes biomarcadores, o conceito de
MPS tem evoluído na direcção das redes de sensores. Estas
redes surgem pela necessidade, e possibilidade, de
monitorização de um conjunto de diferentes biomarcadores,
permitindo elaborar um imagem mais completa e rigorosa
sobre o estado de saúde de um indivíduo.
A introdução das redes de sensores acontece também
pela introdução de evoluções tecnológicas em diferentes
áreas da ciência, nomeadamente:
• Miniaturização de dispositivos e equipamentos;
• Aumento significativo da capacidade de processamento
e análise de informação;
• Materiais e têxteis inteligentes;
• Comunicações sem fios;
Os horizontes abertos pelas Redes Pessoais de
Sensores de Saúde (RPSS) permitem projectar cenários
tecnológicos onde as soluções de MPS não se remetem
apenas a recolher dados continuamente. O aumento da
capacidade de processamento e análise de informação em
tempo real, abre portas a cenários onde as RPSS têm
capacidade de detectar padrões e indícios de potenciais
crises ou anomalias no estado de saúde do indivíduo que se
encontra a ser monitorizado. Estes indícios poderão ser
utilizados como alertas para o próprio indivíduo fazendo
com que este tome medidas que lhe permitam minimizar e,
idealmente, evitar situações de emergência médica.
4. PISTAS PARA INVESTIGAÇÃO
Não obstante as evoluções que têm ocorrido no
panorama tecnológico, também as expectativas e
características da sociedade, e dos seus cidadãos, tem
evoluído. Um indicador que demonstra isso mesmo é a
esperança média de vida de um um indivíduo, nascido em
Portugal, actualmente situada em 79 anos [WHO, 2009]
[WHO, 210]. Este número tem evoluído positivamente ao
longo das última décadas: 1990 - 74 anos, 2000 - 77 anos e
em 2007 - 79 anos.
A esperança média de vida é apenas um desafios que se
coloca actualmente. A mudança de estilos de vida, a
necessidade de políticas e metidas de contenção de custos na
prestação de cuidados de saúde e a necessidade de melhoria
da qualidade dos cuidados de saúde, representam alguns dos
desafios para os quais se espera que a tecnologias e as novas
possibilidades de comunicação e interacção possam
contribuir com pistas para o desenho de possíveis cenários
futuros.
Contudo, o mercado de soluções de monitorização
pessoal de saúde estão ainda no início da sua introdução no
mercado. No âmbito das possibilidades de investigação a
realizar em torno desta temática existem várias pistas que
devem ser consideradas:
• Integridade de soluções (têxteis, sensores, energia e
comunicações);
• Entrada no mercado de soluções de monitorização para
diferentes biomarcadores;
• Validação de dispositivos/soluções médicas de acordo
com os extensos e rigorosos regulamentos e leis
aplicados às tecnologias de saúde;
• Direitos de propriedade e privacidade de informação;
• Elevado custo das soluções e tecnologias;
• Modelos de negócio sustentáveis para novos modelos
de serviços de prestação de cuidados de saúde;
• Questões éticas e sociais associadas à comunicação de
informação clínica;
E por fim, e talvez mais importante:
• A educação e aceitação por parte dos cidadão, dos
novos modelos de prestação de cuidados de saúde por
parte dos cidadãos,
Este é de facto o elemento mais relevante em toda a
temática. Não se trata de uma questão fundamentalmente
tecnológica, mas sim da reacção e aceitação que os
consumidores/cidadãos irão demonstrar perante as novas
possibilidades abertas pelas evoluções tecnológicas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(2004). New Concepts and Technologies in Home Care
and Ambulatory Monitoring. In Wearable eHealth
Systems for Personalised Health Management 9 A.
Lymberis and D. de Rossi (Eds.). IOS Press, 2004.
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últimos 30 anos. [Online] disponível em http://
www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em
+portugal/servico+nacional+de+saude/historia+do+sns/
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Decreto-Lei n.º 212/2006, Lei Orgânica aprovada pelo
Decreto-Lei n.º 212/2006, republicada pelo DL n.º
234/2008 e alterada pelo DL n.º 91/2010
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www.inem.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=28164
(acedido em 05 de Novembro de 2010).
SCHRIEFER, A., CARVALHO, E. (2008), Biomarcadores
em Medicina, Gazeta Médica da Bahia 2008;78
(Suplemento 1):47-51.
WHO (2009), World Health Statistics, World Health
Organization (2009) Library Cataloguing-in-Publication
Data.
WHO (2010), Evaluation of the National Health Plan of
Portugal (2004-2010), World Health Organization 2010
Gouveia, Luis Manuel Borges e Gaio, Sofia, “Sociedade da
Informação: balanço e oportunidades”, Edições
Universidade Fernando Pessoa, 2004.