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LUIZ LYRIO
Autor
Agosto de 2005
O AUTOR
APRESENTAÇÃO
PRÓLOGO
A LIBERTAÇÃO E A PAZ
A VIDA É BELA, MAS...
AGORA, VOU TE COMER, GOSTOSA!
ALICE NO PAÍS DAS ARMADILHAS
CORPO FECHADO
DE VOLTA AO PRESENTE
DIÁLOGO
FASE RUIM
MAL-ENTENDIDO
MATOU, BEBEU O SANGUE E DEPOIS COMEU
O FÍGADO!
NÃO ACREDITO EM DEMÔNIOS
NOS TEMPOS DA MADALENA
O LER, O SABER E O PODER
O VELHO E A MOÇA
QUEIXUMES DE UM "OUTRO" APAIXONADO
SEM DONO
AUTOR
22/07/2005
Mini-crônica para um mundo em chamas
A LIBERTAÇÃO E A PAZ
— Taquinho?
— Sim. Sou eu. É você, Saulo?
— Eu mesmo. Liguei pra conversar um pouco. Tô
na pior...
— Eu também, cara. Imagina que meu nome foi
pro SPC só porque não paguei três prestações do
carro...
— A Madalena me abandonou. Deixou um bilhete
dizendo que ia morar com o Otávio...
— Que absurdo, cara! Os caras te tomam o carro
e ainda mandam seu nome pro SPC...
— Ela escreveu no bilhete que estava farta de
todo dia eu chegar em casa cansado e não dar
assistência. E também que, se não fosse o Otávio
quebrar o galho dela...
— .O pior é que eu já tinha pago trinta e quatro
prestações! Só faltavam quatorze e a financeira não
quer devolver a grana que eu paguei. Querem que eu
pague de uma vez todas as prestações que faltam pra
me devolver...
— Imagina que a piranha já vinha me traindo há
um tempão. E ainda tem coragem de dizer no bilhete
que a culpa é minha e que eu devia...
— Veja só, Taquinho, se eu não dou conta nem
de pagar uma prestação com a merreca que eu ganho,
como vou pagar todas de uma vez? Esse pessoal é...
— Saulo, sinceramente, eu não nasci pra ser
corno. Dói, cara! E como dói! É foda a gente trabalhar
feito um cão, dar tudo do bom e do melhor para uma
mulher e depois...
— Toda vez que eu estou pendurado num
ônibus, minha cabeça até esquenta de tanto ódio que
eu fico daquela financeira! Pô, eu paguei trinta e
quatro prestações! Meu dinheiro não é água não! Eles
deviam pelo menos...
— Pior é o desgraçado do Otávio! O cara se dizia
meu amigo, freqüentava minha casa, tomava cerveja
comigo e depois apronta uma dessas! Quando penso
nele dá vontade de...
— Tanto corrupto e ladrão nesse país e logo eu
tenho que levar ferro! Não é justo! E fica tão difícil
trabalhar sem carro e ainda....
— Se eu fosse um cara estourado, violento,
matava os dois! Juro que matava! Onde já se viu um
cara que se diz amigo seu e uma mulher que se diz
honesta...
— Dá vontade de ir lá na financeira e roubar o
carro do gerente daquela merda, só pra ele ver como é
bom a gente ficar sem carro! Ah, mas eu vou contratar
um advogado! Eles estão fazendo isto comigo porque
estão achando que eu sou...
— Se eu não fosse tão honesto, eu poderia ter
arranjado uma amante também. Afinal, a Madalena
tava ficando cada vez mais acabadinha. Não sei o que
o crápula do Otávio viu nela que...
— Eu podia fazer como aqueles caras lá dos
Estados Unidos. Podia pegar umas três armas
carregadas e sair descarregando no pessoal daquela
financeira fudida. Mas eu não sou...
— Agora, os dois se merecem! O Otávio também
não é grandes coisas. Você já reparou no tamanho da
barriga dele? O cara parece mais um...
— Ô taquinho, agora eu vou ter que desligar.
Estão ligando da financeira pro meu celular e pode ser
que eles estejam querendo fazer alguma proposta de
negociação.
— Vou ter que desligar também. Estão batendo
lá no portão e pode ser a Madalena que se arrependeu
e resolveu voltar.
— Tá legal, cara. Foi muito bom conversar com
você. Estou mais aliviado.
— Eu também. É bom ter um amigo como você
para ouvir a gente nas horas difíceis. Um abraço.
Tchau!
— Tchau, amigo! Me liga mais tarde para a gente
se falar mais...
FASE RUIM