O membro superior é caracterizado por sua mobilidade e capacidade de segurar, golpear e realizar atividades motoras finas (manipulação).
Essas características são especialmente acentuadas na mão ao realizar
atividades manuais como abotoar uma camisa. Há interação sincronizada entre as articulações do membro superior para coordenar os segmentos interpostos e realizar movimento uniforme e eficiente na distância ou posição mais adequada para uma tarefa específica. A eficiência da função da mão é resultante principalmente da capacidade de colocá-la na posição apropriada por movimentos nas articulações escapulotorácica, glenoumeral do cotovelo, radiulnar e do punho.
A articulação escapulotorácica é uma "articulação" fisiológica, na qual
há movimento entre estruturas músculo-esqueléticas (entre a escápula e os músculos associados e a parede torácica), e não uma articulação anatômica, na qual há movimento entre elementos esqueléticos que se articulam diretamente. A articulação escapulotorácica é o local onde ocorrem os movimentos escapulares de elevação-depressão, protração-retração e rotação.
O membro superior possui quatro segmentos:
1. Ombro: segmento proximal do membro que se superpõe a partes do
tronco (tórax e dorso) e à região lateral inferior do pescoço. Inclui as regiões peitoral, escapular e supraclavilar lateral e é constituído sobre metade do cíngulo do membro superior. O cíngulo do membro superior é um anel ósseo, incompleto posteriormente, formado pelas escápulas e clavículas e completado anteriormente pelo manúbrio do esterno (parte do esquelo axial).
2. Braço: primeiro segmento do membro superior livre (parte mais móvel do
membro superior independente do tronco) e o segmento mais longo do membro. Estende-se entre o ombro e o cotovelo, unindo-os, e está situado em torno do úmero.
3. Antebraço: segundo segmento mais longo do membro. Estende-se entre o
cotovelo e o punho, unindo-os e contém a ulna e o rádio.
4. Mão: parte do membro superior distal ao antebraço, formada ao redor do
carpo, metacarpo e das falanges. É formada pelo punho, pela palma, pelo dorso da mão e pelos dedos (incluindo um polegar oponível), e é ricamente suprida por terminação sensitivas para tato, dor e temperatura.
5.1. Ossos do Membro Superior:
5.1.1. Clavícula:
A clavícula, com localização subcutânea, une o membro superior
(esqueleto apendicular superior) ao tronco (esqueleto axial). Serve como suporte móvel, semelhante a um guindaste, no qual a escápula e o membro livre estão suspensos a uma distância do tronco que permite a liberdade de movimento. Os choques sofridos pelo membro superior (principalmente o ombro) são transmitidos através da clavícula, resultando em uma fratura que é mais freqüente entre seus terços médio e lateral.
5.1.2. Escápula
A escápula forma a base móvel a partir da qual age o membro superior
livre. Esse osso plano triangular é curvo para se adaptar à parede torácica e oferece grandes áreas de superfície e margens para fixação dos músculos. Esses músculos movem a escápula sobre a parede torácica na articulação escapulotorácica fisiológica e estendem-se até a parte proximal do úmero, mantendo a integridade e produzindo movimento na articulação do ombro. Sua espinha e o acrômio servem como alavancas; o acrômio permite que a escápula e os músculos nela fixados sejam aplicados medialmente contra o tronco com as articulações acromioclavicular e do ombro, assim possiilitando movimento lateral ao tronco. Seu processo coracóide é o local de fixação do ligamento coracoclavicular que sustenta passivamente o membro superior e um local para fixação dos tendões musculares.
5.1.3. Úmero
O úmero é um suporte móvel usado para posicionar a mão a uma
altura (nível) e distância do tronco a fim de maximizar sua eficiência. Sua cabeça esférica permite uma grande amplitude de movimento sobre a base escapular móvel e a tróclea e o capítulo em sua extremidade distal facilitam os movimentos do tipo dobradiça do cotovelo e, ao mesmo tempo, a rotação do rádio. O longo corpo do úmero permite o alcance e o torna uma alavanca eficaz para aumentar a força do levantamento, além de proporcionar área de superfície para fixação de músculos que atuam principalmente no cotovelo. A área de superfície adicional para fixação de flexores e extensores do punho é oferecida pelos epicôndilos, as extensões medial e lateral do corpo.
5.1.4. Ossos do Antebraço
A ulna e o rádio juntos formam a segunda unidade de um suporte
articulado com duas unidades (sendo o úmero a primeira unidade), projetando-se de uma base móvel (ombro) que serve para posicionar a mão. Como a unidade do antebraço é formada por dois ossos paralelos, e o rádio pode girar em torno da ulna, é possível realizar supinação e pronação da mão durante a flexão do cotovelo. Na região proximal, a parte medial maior da ulna forma a articulação primária com o úmero, enquanto a região distal o rádio lateral mais curto forma a articulação primária com a mão através do punho. Como a ulna não chega ao punho, as forças recebidas pela mão são transmitidas do rádio para a ulna através da membrana intraóssea.
5.1.5. Ossos da Mão
Cada segmento do membro superior aumenta a funcionalidade
da unidade terminal, a mão. Localizada na extremidade livre de um suporte articulado com duas unidades (braço e antebraço) projetando- se de uma base móvel (ombro), a mão tem uma grande amplitude de posições em relação ao tronco. Sua conexão com o surporte flexível através dos múltiplos pequenos ossos carpais, associada à rotação do antebraço, aumenta muito sua capacidade de ser colocada em uma determinada posição, sendo possível fletir os dedos (para empurrar ou segurar) na direção necessária.
Os ossos carpais são organizados em duas fileiras de quatro
ossos cada uma e, como grupo, articulam-se com o rádio na região proximal e com os metacarpais na região distal. Os dedos alongados, altamente flexíveis, que se estendem de uma base semi-rígida (a palma), permitem apreender, manipular ou realizar tarefas complexas envolvendo movimentos individuais múltiplos e simultâneos.
5.2. Braço
O braço forma uma coluna com o úmero em seu centro. O
úmero, juntamente com septos intermusculares em seus dois terços distais, divide o braço no sentido longitudinal (ou, mais especificamente, o espaço dentro da fáscia braquial) em compartimentos anterior ou flexor e posterior ou extensor. O compartimento anterior contém três músculos flexores supridos pelo nervo musculocutâneo. O músculo coracobraquial atua (fracamente) no ombro, e os músculos bíceps e braquial atuam no cotovelo. O bíceps também é o supinador primário do antebraço (quando o cotovelo está fletido). O músculo braquial é o flexor primário do antebraço. O compartimento posterior contém um músculo extensor com três cabeças, o tríceps, que é suprido pelo nervo radial. Uma das cabeças (a cabeça longa) atua no ombro, mas na maioria das vezes as cabeças atuam juntas para estender o cotovelo. Os dois compartimentos são supridos pela artéria braquial, o compartimento posterior principalmente através de seu ramo principal, a artéria braquial profunda. O feixe neurovascular primário está localizado na face medial do membro; assim geralmente é protegido pelo membro que serve.