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Superman - O Retorno
Análise do filme
São Paulo – SP
2010
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VINICIUS GOMES CASTANHO VIEIRA
Superman - O Retorno
Análise do filme
São Paulo – SP
2010
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Parte I – Apresentação
1. Título da obra:
Ficha técnica
SUPERMAN o retorno. Direção: Bryan Singer. Intérpretes: Brandon Routh, Kate
Bosworth, Kevin Spacey. [S.I.]: Warner Bros Pictures, 2006. 1 DVD (154min), son.,
color.
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A produção originou três sequências: enquanto “Superman II – A Aventura
Continua” (1980) foi igualmente bem sucedida, “Superman III” (1983) e “Superman
IV – Em Busca da Paz” (1987) foram alvos de críticas desfavoráveis. Nos anos
seguintes ao último filme, o personagem ganhou novas adaptações nos quadrinhos,
desenhos animados e seriados de televisão.
Alguns projetos cinematográficos foram avaliados neste período pelo estúdio
Warner Bross Pictures e pela editora DC Comics (proprietária dos direitos autorais
do personagem), mas acabaram sem desenvolvimento. Até que em 2002, o diretor
Bryan Singer foi contratado para comandar a produção de “Superman - O Retorno”.
Decidiu-se então que os dois últimos filmes da franquia seriam
desconsiderados, fazendo com o “O Retorno” se apresentasse como uma nova
sequência de “Superman II”. A produção usou diversas referências aos dois filmes
originais da série e a elementos históricos do herói, aspectos ressaltados pela
campanha de divulgação antes de durante sua exibição, com ações intensas de
publicidade, jornalismo e licenciamento de produtos.
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Parte II – Aspectos Históricos
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Rahde defende que a linguagem dos quadrinhos desperta no leitor, de forma
inconsciente, “sensações de profunda significação cultural e social”, anteriores à
razão. Para que a mensagem seja compreendida, a autora acredita que o
desenhista da imagem necessita “interagir com o consumidor uma vez que o artista
estará evocando imagens armazenadas nas mentes de ambos: comunicador e
leitor”. Rahde evoca tais características reforçando as histórias em quadrinhos como
“literatura de comunicação visual da cultura de massa”, que acabam por “influenciar
os leitores em esferas psicológicas e sociais”.
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com um enorme “S” no peito, completado por capa, botas e uma espécie de “sunga”
em vermelho – inspirado pelo herói espacial dos quadrinhos Flash Gordon.
Superman ganhou origem alienígena e uma segunda identidade civil quando não
combatia o crime, a do jornalista Clark Kent (assim como as aventuras em
quadrinhos do herói mascarado Zorro).
Mesmo com as modificações, várias editoras se recusaram a publicar as
histórias do personagem durante seis anos, período em que dominavam os
quadrinhos norte-americanos heróis de ficção científica, espadachins, faroeste ou
detetives contra gângsteres. Em 1938, a DC Comics publicou as aventuras do
personagem na edição de lançamento da revista Action Comics#1, com grande
sucesso de públicos. Nos meses seguintes, estima-se que as tiras de jornal do herói
tinham 20 milhões de leitores, até que em 1939, obteve sua revista própria, cuja
primeira edição vendeu mais de um milhão de exemplares.
Para Coelho, as mudanças feitas por Siegel e Shuster, de certo modo,
mantiveram parte dos ideais propostos por Nietzsche. O Superman não tinha muitos
dos super-poderes atuais, mas era um homem com as capacidades humanas
evoluídas ao máximo (saltos, resistência à dor, força, velocidade, por exemplo). E
apesar de Siegel e Shuster serem judeus, o herói se aproximou dos ideais cristãos
abominados por Nietzsche, inclusive demonstrado em sua origem extraterrena.
Krypton era um planeta com onde as pessoas tinham o grau máximo da capacidade
intelectual, mas, movidos pela ambição, os próprios habitantes provocaram sua
destruição.
Entre as citações bíblicas mais recorrentes no Superman, estão as
comparações com Moisés, que quando criança foi enviado pelos pais para
atravessar um rio dentro de um cesto, com a missão de liderar a libertação dos
hebreus da dominação egípcia. Já o bebê Kal-El teve a vida salva por seu pai Jor-El
antes da destruição de Krypton, sendo colocado em uma nave com destino a Terra,
com a missão de inspirar e proteger o planeta. Ao pousar na cidade de Smallville,
acabou adotado pelo casal Martha e Jonathan Kent, responsáveis por ajudá-lo a
escolher cumprir seu destino.
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dificuldade”, sendo o marco inicial de uma nova era dos super-heróis nos
quadrinhos. Suas aventuras acabaram adaptadas para o rádio em 1940, programa
que em um ano atingiu 20 milhões de ouvinte e criou vários elementos incorporados
posteriormente às revistas, como a habilidade de voar, personagens importantes
(por exemplo, o fiel amigo Jimmy Olsen, fotógrafo do jornal Planeta Diário) e a
Kryptonita (mineral originário de Krypton e único elemento capaz de derrotá-lo, com
a retirada de seus poderes).
A partir daí, o Kryptoniano se tornou uma marca poderosa, com inúmeros
produtos destinados aos fãs. O documentário “Look – up in the sky!” aponta que o
único personagem capaz de rivalizar com ele na época em potencial de consumo
nos Estados Unidos era o camundongo Mickey Mouse, ícone maior da Walt Disney.
Nogueira (1998) interpreta os ícones e ídolos da cultura de massa como
detentores de “espaço e um poder simbólicos e alegóricos capazes de sintetizar
idéias e anseios”, com forte potencial de persuasão. Com isto a sociedade solidifica
valores éticos por meio de “seres completamente excluídos da ordem do humano,
meramente ficcionais, mas delineados em função dos valores morais e requisitos
narrativos mais diversos”.
O autor defende o alter-ego Clark Kent como “uma forma de aproximar o herói
do comum cidadão, dar-lhe uma credibilidade sem a qual seria difícil ao leitor ou ao
espectador vulgar fazer a ponte entre a realidade e a ficção, entre o reino da
aventura, das forças míticas e milagrosas e o quotidiano de fraquezas e incertezas.
Em razão destes atributos morais, Nogueira destaca o fato de o Superman te
passado por uma série de atualizações ao longo de 72 anos de existência,
consolidando um processo de mitificação.
As primeiras mudanças passaram a ser observadas com mais intensidade a
partir da década de 1940. A participação dos Estados Unidos na Segunda Guerra
Mundial levou transformou o personagem em instrumento de motivação às tropas
aliadas, como “símbolo de bondade e responsabilidade social”. Apesar de o
Superman ter enfrentado nos quadrinhos soldados do Eixo e, até mesmo, Adolph
Hitler e Joseph Stalin pessoalmente, o herói nunca derrotou os adversários em uma
batalha final – recurso para manter os combatentes estimulados a confiar nas
próprias forças, como afirma “Look – up in the sky!”.
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Com o término da guerra, a bipolaridade Capitalismo x Socialismo na
geopolítica mundial e a expansão dos bens culturais de consumo norte-americanos,
o Superman adquiriu características do “imigrante estadunidense por excelência”:
alguém capaz de encarar uma sociedade estranha à sua origem e aspirar à
grandeza.
Nesta década, os super-poderes do herói alcançaram proporções
gigantescas, como as habilidades de vôo (antigo sonho da humanidade, simbolizado
pelo mito greco de Ícaro), visão de raio-x, visão de calor, super-sopro e uma
infinidade de Kryptonitas além da verde, cada uma capaz de um efeito colateral
diferente. Neste período também foi criado seu arquiinimigo Lex Luthor, o
estereótipo do “cientista louco por dominar o mundo”. Nos anos 1980, Luthor passou
a ser descrito como um empresário multimilionário e inescrupuloso.
Ao longo das décadas, as diferentes adaptações continuaram nos quadrinhos
rádio, televisão e cinema, sendo o grande destaque a série de televisão norte-
americana “As aventuras do Superman”, estrelada pelo ator George Reeves, entre
1952 e 1959. A partir dos anos 1960 e 1970, o personagem viveu relativa
decadência e desinteresse do público, década em que os Estados Unidos sofreram
um impacto de grandes acontecimentos históricos, como o assassinato do
presidente John Kennedy, a Guerra do Vietnã, conflitos raciais e o escândalo
Wathergate envolvendo o presidente Richard Nixon.
A situação desfavorável, aparentemente permaneceria. Até que em 1974, os
produtores Alexander e Ilya Salkind adquirem os direitos de produção de um longa-
metragem sobre o Superman. Conforme mencionado na apresentação desta
análise, o projeto representou um marco definitivo na indústria cinematográfica.
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realista Norman Rockwell, consagrado por retratar os costumes dos Estados Unidos;
e Metrópolis, megalópole onde Clark Kent / Superman vive sua vida adulta e cenário
da maior parte da ação, tendo Nova Iorque como modelo.
O roteiro dos filmes é de autoria de Mário Puzo, roteirista do filme de grande
sucesso “O Poderoso Chefão”, com a colaboração de Tom Mankiewicks. A produção
contratou dois atores consagrados para papéis de destaque: enquanto Marlon
Brando interpretou Jor-El, Gene Hackman assumiu o posto do vilão Lex Luthor. A
escalação dos atores vem de encontro ao que diz Nogueira sobre o Star System,
onde um desejo mercantil ou cultural cria a necessidade por novos signos e
entidades, “no limiar entre a humanidade e o endeusamento”.
A direção do filme ficou a cargo de Richard Donner, considerado pela
indústria cinematográfica e crítica um profissional competente, especialmente depois
do sucesso “A Profecia”. Completaram a equipe técnica o maestro John Williams,
para compor a trilha sonora, John Barry para os efeitos especiais, Geofrey Unsworth
para a fotografia e o roteirista dos quadrinhos Elliot S! Maggin.
O principal argumento proferido por Donner durante as filmagens era
“verossimilhança”: o diretor exigia convencer o público que, apesar de ser ficcional, a
história do filme poderia perfeitamente ser real. Até mesmo o slogan usado na
divulgação do filme seguiu este sentido: “Você vai acreditar que o homem é capaz
de voar”.
Para interpretar o protagonista, o diretor optou em escalar um ator
desconhecido, para que “o intérprete não ofuscasse o personagem”. Após realizar
testes de elenco, optou por Christopher Reeve, papel que repetiu nas três produções
seguintes e consagrou sua carreira. Também escolhida por meio de testes, Margot
Kidder viveu a jornalista Lois Lane, par romântico do Superman desde a década de
1940.
Após atrasos nas filmagens, “Superman – O Filme” estreou em 15 de
dezembro de 1978, recebendo críticas positivas, arrecadando mais de US$ 120
milhões. Devido a problemas orçamentários, o primeiro filme foi lançado antes da
conclusão do segundo, filmado em cerca de 70% até então.
Os realizadores admitiram que investiram em um abordagem bíblica do
personagem. O planeta Krypton tinha visual futurista, onde os atores trajaram roupas
reflexivas e cenário com minúsculas bolas de vidro, mas falavam forma eloqüente e
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as falas de Jor-El eram recheadas de metáforas cristãs. Diante da eminente
destruição do planeta, “Pela capacidade dos homens para o bem”, Jor-El enviara
para a Terra seu único filho, “a luz que indicaria o caminho para que se tornassem
um grande povo”.
Após a nave de Kal-El ser encontrada em Smallville por Martha e Jonathan
Kent, cena em que o garoto demonstra sua super-força levantando o carro do casal,
a narrativa avança para a adolescência do protagonista. A participação dos pais
adotivos na criação de Clark é ressaltada, inclusive numa frase em que Jonathan
afirma que o filho estava na Terra “por algum motivo especial, que, definitivamente
não seria se exibir”. A morte de Jonathan marca o amadurecimento de Clark, que
parte em busca de seu destino.
A partir de um cristal que o acompanhara em sua nave, forma-se no Ártico a
Fortaleza da Solidão, local onde mantém contato com o espírito de Jor-El e aprende
sobre sua missão, de “inspirar a humanidade através de seus atos”. A exemplo da
história de Jesus Cristo relatada na Bíblia, há outra passagem de tempo, onde Clark
reaparece adulto, já trajando o tradicional uniforme do Superman.
Donner enfocou o filme no romance do Superman e Lois Lane e a dicotomia
entre o personagem-título com o alter ego Clark Kent. O site Omelete.com.br credita
à atuação de Christopher Reeve fator fundamental para o sucesso do projeto,
classificado como “proeza única”:
“No lado heróico, Reeve decidiu não exagerar, permitindo que a fantasia agisse por si
própria. Os tempos haviam mudado desde a interpretação de George Reeves na
série televisiva, portanto acreditava que um Super-Homem mais humilde seria ideal.
Para Clark Kent, inspirou-se no ator Cary Grant, compondo um tipo desajeitado e
inseguro. A química funcionou perfeitamente, conforme o modelo dos quadrinhos.
Lois ficava deslumbrada na presença do Super-Homem, e não se impressionava com
Clark. A cena em que o Super-Homem voa com Lois Lane e ouvimos seus
pensamentos é de uma beleza incomparável e encanta qualquer um.”
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um “gênio criminoso” que vive no subsolo de Metróplis e arquiteta um plano para
destruir a Califórnia, para enriquecer com a venda de terras recém-adquiridas.
Na conclusão do filme, Superman contraria orientação de Jor-El em não
interferir no curso da história. Depois de Lois Lane morrer vitimada por uma
avalanche provocada pelo plano de Luthor, o herói reverte um movimento de rotação
da Terra, para voltar o tempo e salvar a amada. O trecho é interpretado pela crítica
como importante para mostrar a humanidade do personagem, que venceu um
grande desafio motivado pelo amor.
Em razão de desentendimentos, Richard Donner foi afastado da direção de
“Superman II – A Aventura Continua”. O diretor Richard Lester concluiu os 30%
restantes às filmagens, acrescentou à história elementos de humor e modificou a
concepção de algumas cenas de ação, tornando-as mais dinâmicas. Com a saída do
diretor, Marlon Brando também deixou a produção, inutilizando seqüencias filmadas
por ele.
No segundo filme, além de Luthor, Superman enfrenta três vilões
kryptonianos liderados pelo General Zod, que pretendem dominar a Terra. Os
invasores haviam sido banidos de Krypton após serem julgados pelo conselho de
sábios do planeta, denunciados por Jor-El por traição, ficando presos em um portal
na Zona Fantasma, que por uma falha de segurança acaba enviado à Terra.
Superman acaba se culpando pelo episódio, pois enquanto ele se negou a
dominar o mundo, os vilões alienígenas colocam em prática sem dilemas morais ou
de consciência. O comportamento da tropa de Zod acaba por refletir os
pensamentos de Nietzsche citados por Coelho: por serem mais fortes, os
kryptonianos teriam todo o direito de comandar o planeta.
Quanto ao romance com Lois Lane, o filme abordou aspectos considerados
polêmicos pelos fãs, pois Clark Kent revela sua identidade secreta e abre mão dos
poderes para viver como “cidadão comum” ao lado de Lois. O casal chega a
promover um jantar romântico na Fortaleza da Solidão, inclusive com a sugestão de
uma relação sexual no interior do local. No decorrer do filme, Clark retoma os
poderes diante da destruição provocada por Zod e seus aliados. Em uma das
últimas cenas do filme, Clark dá um beijo em Lois, que depois demonstra ter se
esquecido do segredo que ele havia lhe revelado, fato que não fica absolutamente
claro para o público.
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A produção de “Superman – O Retorno” considerou o filme uma sequência de
“Superman II”, se inspirando em elementos dos dois longa metragens. Entretanto, os
pontos contestados do segundo filme foram desprezados pela equipe,
principalmente quanto à revelação da identidade secreta do herói.
4. Como repercutiu?
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no cinema. Mas, até o presente momento, nenhuma decisão a respeito foi
anunciada. A Warner deve iniciar um novo filme do Superman até 2011, sob o risco
de perder os direitos sobre o personagem, devido a processo movido pelas
herdeiras de Jerry Siegel e Joe Shuster.
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Parte III – Aspectos Lingüísticos e Tecnológicos
1. Linguagem dominante.
2. Suporte de divulgação.
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reprodução holográfica do rosto e da voz do ator na Fortaleza da Solidão ou
somente do áudio, nos pensamentos do protagonista.
Antes dos créditos iniciais, a abertura do filme explica em texto o surgimento e
desaparecimento do Superman, seguida da imagem da narração de Jor-El sobre a
imagem da Fortaleza da Solidão e uma representação da explosão de Krypton.
Enquanto o bebê Kal-El está sendo enviado à Terra, o pai afirma que sempre estará
lhe acompanhando, mesmo depois de sua morte, remetendo a princípios do
cristianismo: “Fará da minha força à sua e verá a minha vida através de seus olhos,
assim como será a sua vista através dos meus. O filho transforma-se no pai e o pai
transforma-se no filho”.
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Entre as cenas que mais remetem ao filme original, vale destacar o “vôo
romântico” de Superman e Lois sobre Metrópolis, que igualmente busca um apelo
emocional ao humanizar o herói junto à mulher amada, cena completada pela trilha
sonora envolvente. Outro aspecto de humanização é o sentimento de culpa de
Superman a si próprio, em razão dos conflitos ocorridos no mundo durante sua
ausência, principalmente, a absolvição de Lex Luthor pelo herói não estar presente
no julgamento do vilão, onde seria ouvido como testemunha.
Uma inovação proporcionada pelo filme, mas com menções ao passado do
personagem, é a revelação ao público que Jason é filho de Lois e do Superman,
mencionando implicitamente a relação sexual apenas sugerida entre o casal em
“Superman II”. Os poderes do garoto se manifestam quando era mantido juntamente
com Lois como refém por capangas de Lex Luthor, quando mesmo acometido por
crise de asma, mostra força descomunal ao empurrar um piano para proteger a mãe.
5. Tecnologia empregada.
Digitais.
7. Uso de metáforas.
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Mas desde que ouvi Marlon Brando pronunciar essas palavras, o personagem, fez de
uma forma de celebração, tinha uma qualidade adicional messiânica de que ele não
tem, necessariamente, quando eu estava assistindo a série de televisão 1950 (...)
‘Eles podem ser um grande povo, Kal-El, eles desejam ser. Só falta a luz para
mostrar o caminho. É por esta razão, acima de tudo, a sua capacidade para o bem,
que enviei-lhes meu filho único’ ”
8. Aspectos de conteúdo.
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Logo após sua primeira aparição pública, a população volta a se sentir
segura, em razão da presença do herói. O fator e a ficção ideal mencionados por
Nogueira, onde o super-herói é uma “súmula dos atributos mais elevados e dos
poderes mais intangíveis que o comum cidadão nunca irá possuir (...) de superar
obstáculos aparentemente inultrapassáveis ou perigos supostamente irremediáveis,
restituindo a ordem, exterminando medos e reorganizando o caos”.
Após a batalha com Lex Luthor, que utiliza Kryptonita para derrotar o herói de
forma humilhante, colocando sua vida em risco. Mesmo assim, Superman recebe
ajuda de Lois e Richard, supera a dor e os riscos pessoais e impede as
possibilidades de êxito do plano de Luthor, até entrar em estado de morte aparente,
em citação à série de quadrinhos “A Morte do Superman”, publicada em 1995,
seguida seis meses depois por outra série, com a saga da ressurreição, apesar do
enredo destas revistas não terem influenciado o filme diretamente.
Confirmada a notícia, imediatamente, os cidadãos comuns vêem a segurança
representada pelo herói ameaçada, provocando uma comoção popular pelo seu
restabelecimento, com uma multidão se colocando em frente ao Hospital de
Metrópolis, com cartazes, faixas, presentes e orações. Nogueira associa o trecho ao
fato dos super-heróis ocuparem no imaginário popular função de “objeto de
adoração, identificação e culto quase religioso, no interior das narrativas, mas,
também pelos leitores”.
Ainda no hospital, Superman é despertado do coma após a visita de Lois e
Jason, quando a jornalista lhe sussurra ao ouvido que é o pai do garoto, informação
que a criança termina o filme desconhecendo. A conclusão do filme remete à
humanização do herói: Superman visita Jason em seu quarto e, enquanto o menino
dorme, repete as palavras de influência cristã ditas a ele por Jor-El na primeira cena
do longametragem: “Fará da minha força à sua e verá a minha vida através de seus
olhos, assim como será a sua vista através dos meus. O filho transforma-se no pai e
o pai transforma-se no filho”.
Ao deixar a casa, tem sua presença notada por Lois e se despede da amada,
deixando entender que sempre estaria próximo a eles. O encerramento acontece
quando Superman voa fora da órbita da Terra e se despede do espectador, com um
movimento de cabeça para a esquerda, com um olhar e um sorriso confiantes ao fim
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da música tema, da mesma maneira que Christopher Reeve encerrou os filmes
anteriores.
4. Aspectos intertextuais.
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As características comportamentais e psicológicas de Luthor, neste contexto,
permitem compará-lo à figura bíblica de Lúcifer, inclusive pela completa calvície,
como em algumas representações do mito. A impiedade do vilão transmite à sua
batalha final com o herói semelhanças ao Calvário de Cristo, onde Superman é
espancado, agredido, humilhado e esfaqueado pelas costas, por uma lâmina de
Krypitonita. Ao cair na água depois da luta, ouve mentalmente Jor-El dizer que há
desafios maiores dos que aquele que está enfrentando.
No limiar de suas forças, Superman voa fora da órbita da terra para eliminar
os equipamentos de destruição de Luthor. Exausto depois da missão cumprida,
retorna ao planeta desacordado, em uma posição que lembra a representação
clássica da crucificação de Jesus, momento apontado por Singer como proposital,
“levado a ele pela própria narrativa”. A cena que revela sua saída do coma remete à
ressurreição de Cristo, pois a enfermeira encontra o leito hospitalar vazio e as
vestes como si tivessem sido recém usadas, assim como o Santo Sepulcro.
Conclusão
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Como define Nogueira, o filme se vale de arquétipos: “uma entidade com a
qual é possível uma identificação permanente, um ser de contornos mais ou menos
precisos, com um valor fundador”. Singer ainda defende que o Superman representa
para o grande público um lado altruísta, uma espécie de “luz no fim do túnel”.
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Bibliografia
LOOK, up in the sky! – the amazing story of superman. Bryan Singer, Kevin Burns.
EUA: Warner Bros Pictures, 2006. 1 DVD (110min), son., color.
SANTOS, Roberto Elísio dos. Leitura semiológica dos quadrinhos. In: Revista Imes
Comunicação: publicação do Centro Universitário Municipal de São Caetano do Sul,
são Caetano do Sul-SP, ano II, n.54, p.19-32, 2002. Disponível em
<http://www.uscs.edu.br/revistasacademicas/revista/com04.pdf>. Acesso em 18 abr.
2010.
25
SKELTON, Stephen. The Spiritual Side of Superman Returns. In:
Superherohype.com. Disponível em
<http://www.superherohype.com/news/featuresnews.php?id=4972> . Acesso em 12
abr. 2010.
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