Quanto à legitimidade da parte autora, uma vez que o problema não
revela nenhuma argüição de ilegitimidade ativa quanto à proposição da ação pelo menor, presume-se que tal alegação não foi levantada pelo réu, tão pouco tal preliminar foi deferida pelo competente juízo. Neste sentido, acredita-se não fazer-se necessária a fundamentação pela legitimidade do autor no feito em sede de Apelação, eis que, faltaria, inclusive, interesse recursal ao autor quanto à argüição da sua própria legitimidade. Entende o examinando, que a peça deve ser construída com base nos dados contidos no cabeçalho do problema, não lhe sendo facultado a criação de elementos não fornecidos pelos examinadores. Ademais, ao qualificar a parte in representando, o candidato demonstra conhecimento sobre a legitimidade da mesma, não cabendo tópico específico sobre tal quesito, por razão obvia. Fato pelo qual, requer lhe seja atribuída nota integral ao presente quesito. Quanto à representação do menor pela sua mãe, aqui entende-se despicienda a construção de qualquer tipo de fundamentação que corroborasse tal medida, isto porque, estando em sede de Apelação, significa dizer, que na inicial tal preceito já teria sido ventilado. Inclusive, o problema não traz qualquer menção quanto ao cabimento ou não da referida representação, o que leva a crer que não era imperativo fundamentar o cabimento da mesma, até porque a própria existência do processo em tese estaria condicionada à representação do menor pelo seu representante legal. Restando pertinente, apenas, a qualificação do menor e de sua representante legal, o que foi efetivamente feito pelo examinando. Ressalta-se, o examinando não pode presumir informações. Portanto, pugna-se pela atribuição da integralidade da nota referente a este item. No que se refere aos danos morais, pleiteia o examinando para que lhe se seja atribuída nota integral, isto porque, como se pode verificar nas ls. 131 e 132, o examinando mencionou o cabimento do referido dano moral, além do mais, efetuou a devida fundamentação e justificativa através da indicação do artigo 186 do CC. Ressalta-se aqui, que o examinando recebeu a totalidade da pontuação quanto aos danos materiais, sendo que estes receberam a mesma fundamentação que os danos morais, presente no artigo 186 do CC. Outrossim, pugna-se pela aferição dos elementos “correção gramatical” e “raciocínio jurídico”, no estrito cumprimento do Provimento 136/09, sendo atribuído aos mesmos a correspondente pontuação.
Questão 1
O examinador atribuiu pontuação à fundamentação com base no art. 6º, VIII,
CDC, referente à inversão do ônus da prova. Entretanto, tal fundamentação não pode ser considerada a mais correta, uma vez que para o caso em tela não há necessidade da inversão. Isto porque, segundo o art. 12, § 3º do CDC, o fabricante, nos casos de responsabilidade objetiva por defeito de produto, já possui a obrigação de provar que não concorreu para a ocorrência do dano. Ou seja, o ônus da prova já é do fabricante, desnecessário, portanto, a sua inversão, conforme bem coloca o examinando nas ls. 22 e 23. Pode-se dizer, inclusive, que neste caso a inversão do ônus da prova prejudicaria o próprio consumidor, uma vez que o fazendo, o ônus recairia sobre ele próprio, já que normalmente seria do fabricante. Neste sentido, o examinando requer lhe seja deferida a totalidade da nota do referido quesito. Todavia, no caso de compreenderem que a inversão do ônus da prova deveria ter sido argüida, o examinando pugna para que não seja descontada nota pela não argüição, uma vez que o examinando não pode presumir a necessidade da inversão do ônus da prova. Em que pese, no que tange à inversão do ônus da prova, o art. 6, VIII, CDC, impõe a possibilidade, a critério do juiz, quando verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente. Entretanto, a questão em comento não apresentava elementos suficientes ao candidato para aferir a existência ou não da condição de hipossuficiência, nem elementos da caracterização da verossimilhança, razão que não podia incumbir o candidato a presumir tais requisitos. Cabe, ainda, alegar que mesmo que prospere a necessidade de menção à inversão do ônus da prova, não pode vingar a atribuição de peso 0,5, ou seja, metade do valor da questão a um quesito que compreende a possibilidade de interpretação, que ainda correta, diverge do posicionamento da banca examinadora, podendo ter dois entendimentos, uma vez que não é obrigatório o pedido de inversão do ônus da prova por ser uma deliberalidade atribuída ao juiz, e mesmo não sendo requerida, deverá o juízo manifestar pela sua admissão. Outrossim, pugna-se pela aferição dos elementos “correção gramatical” e “raciocínio jurídico”, no estrito cumprimento do Provimento 136/09, sendo atribuído aos mesmos a correspondente pontuação.
Questão 4
O espelho da prova apresenta como resposta correta a indicação de que a
contestação ocorra na própria audiência, fazendo menção ao art. 68, I, IV, da Lei 8245/91; tendo ainda que ser mencionada a carência da ação pelo fato do contrato ter menos de 3 anos de celebração. Assim, o candidato fez referencia que a apresentação da contestação será em audiência, bem como aos 3 anos exigidos de vigência do contrato, estruturando sua resposta na Lei 8245/91, art. 68. Ocorre que não indicou os incisos mencionados no espelho de correção, quais sejam, I e IV. Neste contexto, é salutar frisar que ao responder com fulcro no art. 68, não restringiu a resposta aos dois incisos citados, porém, não pode incorrer em prejuízo o candidato, porque ao mencionar o art. 68, genericamente, contemplou os referidos incisos, bem como os demais. Se os incisos I e IV são essenciais à resposta, nota-se que foram estes atendidos pelo candidato, bem como os incisos II, III e V, o que não traz prejuízo ao gabarito. De outra banda, como poderia saber o candidato, que deveria fazer menção direta aos incisos I e IV, e não aos outros incisos? Veja-se, que pela leitura do problema é impossível fazer tal distinção. Pois bem, senão é incorreto fazer menção aos incisos II, III e V, o que de fato não é, os incisos I e IV apontados no espelho de correção estão compreendidos na resposta do candidato quando este fundamenta sua resposta no art. 68, da Lei 8245/91. A questão em comento determinava ao candidato apresentar “a medida cabível a fim de defender os interesses de Vera após a conciliação infrutífera, apontando o prazo legal para fazê-lo e os argumentos que serão invocados”, assim foi respondido na linha 4 e 5 que a medida seria a contestação, fazendo referencia à carência da ação e extinção do processo sem julgamento de mérito (linha 17 a 20), ao prazo dos 3 anos (linhas 13 e 14), e por fim, nas linhas 10 e 11 o candidato fundamenta com os argumentos do art. 68, da Lei 8245/91, contemplando em sua resposta os quesitos apontados no espelho, e exaurindo completamente a pergunta posta pela banca examinadora. Razão que deve prosperar as alegações aqui aduzidas, recebendo o candidato a totalidade da nota referente ao presente quesito. Outrossim, pugna-se pela aferição dos elementos “correção gramatical” e “raciocínio jurídico”, no estrito cumprimento do Provimento 136/09, sendo atribuído aos mesmos a correspondente pontuação.