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O que permite caracterizar o Ilicito como Criminal é a aplicação de uma Sanção como
Pena, sendo previstas pelo Código Penal como Sanção específica.
As Penas podem ser de três tipos:
PENAS PRINCIPAIS: aquelas que estão expressamente previstas nos Tipos
Legais de Crime, preceitos que descrevem o Ilicito como Criminal. A sua aplicação não
depende da aplicação de qualquer outra. Estas Penas aplicam-se quando esteja em causa
a Responsabilidade de Pessoas Singulares, através da Prisão ou Multa, ou quando esteja
em causa a Responsabilidade de Pessoas Colectivas, através da Dissolução ou Multa
(Artigo 90º, alíneas a), b) e c) do Código Penal enumeram os diferentes tipos de Penas a
aplicar). O Artigo 11º do Código Penal refere quais os Crimes passiveis de punição às
Pessoas Colectivas
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Teoria da Lei Penal
Pode-se dar o exemplo da aplicação deste tipo de Pena à condução sob o efeito de
bebidas alcoólicas.
De entre as Sanções Penais, ao lado das Penas (enquanto Sanção aplicada a quem
pratica o Acto, também é aplicavel a quem pratica o Facto) existe uma figura que
rigorosamente não é uma Pena, mas sim uma Medida de Segurança. As Medidas de
Segurança são diferentes de Medidas de Coação, por funcionarem no momento prévio.
São dois os aspectos que diferenciam as Penas das Medidas de Segurança. Assim sendo:
2. Da Pena diz-se que: “um dos fundamentos da Pena assenta na Culpa e na forma
de retribuir por essa culpa”. O fundamento da Culpa reside no Facto Passado.
Na Medida de Segurança, não há uma aplicação em função do Facto Passado,
mas pela Perigosidade do Agente para a realização de Factos Futuros.
NOTA: António, premeditadamente ou não, decide matar Bruno. Aplicar Pena para
quê? Por ter feito ou por premeditar fazer? A Perigosidade é Futura, mas a Culpa
revelada no Facto é Passado.
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Teoria da Lei Penal
Se basta a definição Formal de Crime, fico sem o critério que me possa sindicar as
opções do Legislador, no que é um Crime.
Responder que sabe o que é que é de facto um comportamento com um grau de desvalor
muito intenso, que justifique que o Legislador reaja sob o ponto de vista dos Direitos
Fundamentais das Pessoas. Do ponto de vista Formal há Crime, mas a norma a aplicar
pode ser inconstitucional. O Legislador não pode elevar à categoria de Crime o que não
tem um Grau de gravidade exigido.
NOTA: Hoje existe acordo em que toda a gente, autores afirmam que, em primeiro
lugar, o que do ponto de vista Material caracteriza o comportamento como Crime: só é
legitimo a punição de comportamentos, na medida em que se demonstre que o
comportamento leza Bens Jurídicos Fundamentais e em segundo lugar, a
susceptibilidade de colocar em perigo ou causar dano no Bem Jurídico Fundamental.
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Teoria da Lei Penal
A ideia que se fez com o “Princípio da Ofensividade” é o de que o Direito Penal deverá
punir apenas em função do Bem Jurídico Fundamental. Em princípio só o
comportamento lesivo do Bem Jurídico Fundamental pode fazer aplicar o Direito Penal.
Acontece que ao lado destes Crimes de Dano, encontra-se também o Crime de Perigo, a
suficiente demostração de perigosidade contra o Bem Jurídico Fundamental, como por
exemplo, e novamente a condução sob o efeito de bebidas alcoólicas.
O Artigo 292º do Código Penal é uma excepção a esta regra.
A Doutrina vai entendendo que a típificação dos Crimes de Perigo não é incompativel
com a punição. Demonstrar que a conduta é perigosa e que é importante o Bem Jurídico
sobre o qual houve uma acção de Comportamento Perigoso.
A discussão da Legitimidade Criminal assenta na não garantia da inconstitucionalidade.
O modo como está típificada a ilícitude sobre o Alcool é feliz. Acontece que 0,5 g/l
constitui uma Contra-Ordenação e 1,2 g/l constitui Crime. E quem conduzir com taxas
entre os 0,5 e 1,2 g/l comete Crime? Aplicação do Artigo 291º do Código Penal, não
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Teoria da Lei Penal
apenas o Artigo 292º do Código Penal. Todo o que conduzir sob o efeito do alcool,
entre estes dois valores, pratica um Crime ao abrigo do Artigo 291º do Código Penal?
Verifica-se uma condição de “Crime de Perigo Abstracto” (Artigo 292º do Código
Penal), que diz que é suficiente a realização do Acto, independentemente do perigo.
A aplicação do Artigo 291º do Código Penal não é suficiente. Só é Crime quando por
efeito do alcool se acarrete perigosidade para o Bem Jurídico Fundamental. O efectivo
perigo depende do modo como está a ser feita a condução.
Não chega, não é suficiente para que seja legítima a intervenção do Direito Penal que se
identifique a capacidade lesiva para o Bem Jurídico Fundamental. Depende de um
critério que decorre da CRP, patente no nº2, do Artigo 18º da CRP: só é legitimo
restringir Direitos Fundamentais, se se demonstrar que a restrição é necessária à
salvaguarda de outros Direitos Fundamentais (aplicação ao Direito Penal do Princípio
da Necessidade da Pena, ou Princípio da Intervenção Minima do Direito Penal ou
Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal). Ideia de que o Direito Penal constitui o
último recurso de Política Legislativa que o Estado usa para sancionar comportamentos.
Para dissuadir, sancionar, como Direito meramente inferior ao Direito Penal, o Estado
está proibido de usar o Direito Penal. Só é legítimo quando outras medidas menos
gravosas não são suficientes para punir comportamentos.
Resumindo, aplica-se:
1. Ao comportamento que atente contra o Bem Jurídico;
2. Demonstre perigosidade longinqua, intensidade relevante e risco relevante
contra o Bem Jurídico;
3. Demonstre que o Estado não dispunha de forma alternativa menos gravosa para
dissuadir o comportamento.
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Teoria da Lei Penal
02/03/10
Pode alguém ser punido pela prática de um facto do ponto de vista formal e não seja do
ponto de vista material?
Não, porque se alguém praticar um crime que se encontra tipificado na lei, mas este
comportamento não atenta contra um bem juridicamente fundamental, não é necessário
o direito penal punir este facto, recorre-se a outros tipos de direito.
Não se condena este facto penalmente, alegando que a norma é anti-constitucional,
conforme o artigo 18º, n.º 2 C.P.
Materialmente, crime é todo o comportamento humano que lesa ou ameaça de lesão
(põe em perigo) bens jurídicos fundamentais. O Direito Penal ao intervir, só deve
emprestar a sua tutela, só está legitimada a intervir para tutelar determinados bens de
agressões humanas quando essa tutela não puder ser eficazmente dada através de outros
quadros sancionatórios existentes no ordenamento jurídico. Ou seja, quando do direito
civil, do direito administrativo, não forem suficientemente eficazes para acautelar esses
bens jurídicos que as normas de Direito Penal procurem acautelar.
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Teoria da Lei Penal
Pode alguém ser punido pela prática de um facto do ponto de vista material e não o seja
do ponto de vista formal.
Não, porque o facto não se encontra tipificado, ou seja, não se encontra tipificado
formalmente, existindo o principio da não retroactividade, quer isto dizer que mesmo
que venha a ser tipificada formalmente, a quando da prática do acto ainda não era
considerado ilícito. Estes factos são considerados lacunas da lei, pese embora o facto
seja materialmente um crime, ou seja, ouve um bem jurídico fundamental que foi
ofendido.
Para que uma acção seja considerada como ilícita, esta tem que se encontrar tipificada
em lei, quanto à forma, e também quanto ao ponto de vista material.
- É legitimo condenar alguém pela prática destes actos? Qual é o bem jurídico que se
defende?
Outro dos bens ofendidos, é o facto de as pessoas considerarem uma ofensa pessoal o
facto de se queimar a bandeira, por acreditarem nesse símbolo e aquilo que ele
representa para eles, sendo que mesmo assim não é punível, uma vez que a bandeira lhe
pertence e continuar a ter direito à liberdade de expressão.
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Teoria da Lei Penal
Este tipo de crime é chamado de crime de perigo abstracto, em contra posição aos
crimes de perigo concreto.
03/03/10
FINS DAS PENAS
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Teoria da Lei Penal
Teoria Positiv
Retributiv
Absoluta a
as
Fins s Preventiva
das Geral Negativ
Pena a
Teoria
s Preventiv
Relativa
as Positiv
s
a
Preventiva
Especial
Negativ
a
O que distingue no essencial uma teoria retributiva de uma teoria preventiva, ou seja,
porque é que das teorias retributivas se diz que são absolutas, enquanto das teorias
preventivas se diz que são relativas. Esta distinção deve-se ao facto de uma teoria que se
diz absoluta, quando ela justifica a pena exclusivamente apenas em função do facto
passado do crime, ou seja, para as teorias absolutas o simples facto de no passado ter
existido um crime, é justificação suficiente para que exista a pena. Quer isto dizer que a
razão da pena existir está apenas no facto passado, ou seja, prende-se porque existiu um
crime.
Teorias Absolutas: retributivas, são absolutas porque conseguem
justificar a aplicação da pena de prisão apenas em função daquilo que
aconteceu, de ter sido praticado culposamente um crime. Há uma
expressão que diz que a pena se justifica pela razão de ser em si mesma,
que é a prática do crime, encontram fundamento suficiente para a pena,
apenas naquilo que está para trás
Características da teoria absolutas ou da retribuição: a ideia de retribuição como fim da
pena é essencialmente pelo facto da pena se justificar, ou tem fundamentalmente uma
finalidade de castigar pela prática do crime, de retribuir pela prática do crime. A
finalidade da pena é castigar pelo facto passado.
Exemplo. Prende-se aquele que mata para lhe retribuir, através da sujeição à pena, pelo
mal praticado através da prática do crime.
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Teoria da Lei Penal
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Teoria da Lei Penal
em quanto pessoa, se vai construindo em função do carácter mais ou menos valioso das
nossas acções. Portanto ao praticar um acto particularmente desvalioso, que é o crime, à
um bem jurídico do próprio criminoso que é diminuído no seu valor, que a sua
qualidade em quanto pessoa.
Independentemente das qualidades preventivas que tenham os fins das penas, estas são
também um instrumento apto para reparar alguns destes danos, que o crime provocou
nestes bens jurídicos, quer isto dizer, se alguns destes bens jurídicos vir o seu valor
diminuído pela prática do crime, a pena pode ser capaz de repor algum do valor perdido
em cada um destes bens jurídicos pela prática do crime, isso em si é um bem. Por este
facto, a pena consegue repor algum do valor perdido pela prática destes crimes, repondo
algum do valor que a prática do crime lhe retirou.
O dano que o crime provoca na vítima pode ser ou não reparável, se A matar B, a pena
não consegue, num todo ou em parte, reparar a vítima. Mas à determinados tipos de
crimes, e determinados tipos de penas, que podem reparar os danos desses crimes.
A pena também repara sempre, em alguma medida, o dano social, isto porque a
confiança da generalidade das pessoas foi afectada pelo crime, também esta é reparada
em parte com a pena que foi aplicada ao criminoso.
A pena também consegue reparar o dano da culpa do criminoso. Isto acontece devido ao
facto de o pagamento através da do cumprimento da pena, não reparar em todo o dano
causado, mas vai ressarcir a sociedade em termos de valor, de no caso de cometer o
crime sem cumprir qualquer pena. O criminoso não fica com o valor que tinha antes de
cometer o crime, mas fica com mais valor daquele que teria se não cumprisse qualquer
pena.
Teoria Preventivas
Prevenção Geral Negativa
A pena serve para dissuadir genericamente as pessoas de cometerem crimes, ou seja,
pune-se aquele que comete um crime para que os outros não o pratiquem. Portanto, do
ponto de vista constitucional que justifica a pena, é porque através da aplicação da pena
consegue-se proteger bens jurídicos, através do efeito dissuasor generalizado sobre as
pessoas que a pena é capaz de ter. As pessoas não praticam um determinado crime por
as penas terem um efeito intimidatório, por saberem que está associado ao crime o facto
de serem condenados a cumprir pena, e saberem que este facto não é algo agradável.
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Teoria da Lei Penal
Uma das críticas que é apontada à prevenção geral, é que os crimes não deixam de
acontecer por haver penas, ou seja, a cada novo crime é uma prova que a pena não tem
uma eficácia preventiva geral. Esta critica não é correcta, uma vez que a eficácia
preventiva geral não se mede pela quantidade de crimes cometidos, mas sim por aqueles
que conseguiu dissuadir de serem praticados devido à pena.
04/03/2010
Teoria da Prevenção Especial:
Porque é que se pune, qual é a finalidade positiva que se tira da privação da
liberdade ao agente do crime?
- Aquilo que se alcança com a aplicação da pena de prisão, é o evitar da prática de
mais crimes por parte daquele a quem se está a aplicar a pena, ou seja, a pena é aplicada
para evitar a reincidência.
Mas de que forma é que através da pena de prisão, se consegue evitar que o
delinquente volte a cometer crimes no futuro?
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Teoria da Lei Penal
dominantes, mas podem ser Intimidáveis, ou seja, aqueles que não sejam recuperáveis
através da pena, serão intimidáveis por efeito da pena. Ao mostrar aquilo que
desagradável acontece, por efeito da prática do crime, acredita-se que alguns não
voltaram a repetir, com medo de sofrerem as mesmas consequências desagradáveis. Isto
é chamado de prevenção especial negativa ou de intimidação.
Mas, há depois aquelas que não são nem ressocializáveis, corrigíveis, nem são
intimidáveis. Em relação a estas, como é que se pode justificar ainda assim, a pena de
prisão? Subtraindo-os aos locais onde praticaram tal crime, subtrai-os do contacto com
os bens jurídicos que podiam lesar, ou seja, durante o tempo que estão presos, não têm
contacto com bens jurídicos, logo não os podem lesar.
2.ª Crítica: Esta teoria, não consegue por um limite à pena em relação aqueles que não
fossem nem reintegráveis, nem intimidáveis, deviam então ser subtraídos do contacto
com a sociedade, mas até quando? Não nos dá o limite.
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Teoria da Lei Penal
Hoje toda a gente mistura as diferentes finalidades, das diferentes teorias para ter
uma solução mais adequada ao fim das penas.
E importante ter presente, que na perspectiva da CRP, é condição de legitimidade
da pena que esta sirva de ressocialização ao agente.
Hoje em dias o que todos os autores fazem é construir uma teoria dos fins das penas
que combina as diferentes finalidades da pena.
Por este facto, nem todos os autores atribuem a mesma importância relativa a toas estas
finalidades. Existe uma diferença essencial de pensamento entre Roxin e o Prof.
Figueiredo Dias por um lado, e entre Figueiredo Dias e Sousa Brito por outro.
Para Roxin e Figueiredo Dias a pena tem exclusivamente finalidades preventivas,
prevenção geral e prevenção especial, para Sousa Brito, ao lado das partes preventivas,
a pena tem também uma finalidade retributiva.
Roxin
Teoria Unificadora Dialéctica de Roxin
Parte do pressuposto que o Estado, através do seu instrumento que é o direito penal,
se relaciona com o indivíduo, em três momentos diferentes:
1º Momento: o Estado como Legislador
E o momento da Cominação da Pena, da ameaça. Para dissuadir as pessoas de
praticar um facto, o momento da ameaça é aquele em que tem de se ter em conta as
considerações de prevenção geral positiva. O estado tem que decidir que
comportamentos vai tipificar como crime, e fundamentalmente, que pena é que vai
ameaçar quem os pratique. Neste momento e estado da especial importância a
considerações de prevenção geral, ou seja, deve pensar quais os tipos de
comportamentos que deve considerar lesivos da sociedade, e que penas aplicar a cada
um destes comportamentos.
2º Momento: o Estado como Juiz
E o momento da Aplicação da Pena. Saber qual é a concreta culpa revelada por
aquele agente na prática do facto (teoria retributiva), e qual é no caso concreto, a
medida da pena a aplicar, mais curta ou mais longa (prevenção especial), para que a
ressocialização seja possível.
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Teoria da Lei Penal
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Teoria da Lei Penal
pessoas não compreenderiam que abaixo de 18 anos não seria justo para os factos por
ele cometidos, porque abaixo daquela punição as pessoas ficariam a pensar que valeria a
pena cometer aquele crime. Portanto, o juiz chegou, dentro de moldura tipifica, a uma
nova moldura penal, entre 18 e 20 anos, apenas a partir de considerações de prevenção
geral. Dentro desta nova moldura, achada através de considerações de prevenção geral,
vai escolher a pena para o agente a partir de considerações de prevenção especial,
escolhendo qual a melhor pena aplicar para facilitar a recuperação, ressocialização,
reintegração do criminoso.
O que é importante para este autor é que os considerações de prevenção especial, pensar
na pena de forma de como é melhor para o criminoso, só é relevante dentro de uma
moldura previamente determinada em função de considerações de prevenção geral.
Princípio da Legalidade
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Teoria da Lei Penal
CC)
4. Não há crime, nem pena, sem lei prévia (Não há crime, nem pena sem
letra prévia = condiciona a aplicação da lei no tempo das leis penais.
Faz-se em termos substancialmente diferentes, dos do art.12° CC)
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Teoria da Lei Penal
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Teoria da Lei Penal
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Teoria da Lei Penal
que aumenta a gravidade do facto, e portanto a pena que o legislador lhe faz
corresponder, deve aumentar também a exigência sobre o legislador do ponto de
vista da descrição do comportamento. Por outro lado, quanto maior for o grau de
indeterminação da norma penal, quer isto dizer, quanto maior for a flexibilidade
que se concedeu ao estado no momento da determinação da norma, da elaboração
da norma, maior vão ser as exigências que se colocam a esse estado (juiz), no
momento da sua aplicação em termos de fundamentação da decisão. Quanto maior
for o grau de indeterminação da norma, maior deve ser a exigência que se coloca na
fundamentação da decisão judicial que pretende aplicar aquela norma.
17.03.2010
18.03.2010
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Teoria da Lei Penal
fazer ou os que não se podem fazer. O problema é que a norma penal não define o
facto que é susceptível de corresponder aquela pena.
O tribunal constitucional já se pronunciou sobre estas matérias, dizendo
fundamentalmente que à que distinguir dois tipos de normas penais em branco, as
normas absolutas ou totalmente em branco e as que são relativa ou parcialmente em
branco. Aquelas que forem de considerar absolutas ou totalmente em branco, são de
facto anticonstitucionais por violação destes dois sub-princípios do princípio da
legalidade. As que sejam relativas ou parcialmente em branco, ainda são
compatíveis com a constituição.
O que distingue uma das outras é, se a conduta punível consta da própria norma
penal, e aquilo para que a norma penal remete é apenas para a concretização técnica
de um conceito que a própria norma penal já utiliza, é compatível com a
constituição. Uma norma relativa ou parcialmente em branco, é uma norma que ela
própria define, nos seus aspectos essenciais o comportamento punível, só que
define esse comportamento punível através da utilização de um conceito com
algum grau de indeterminação.
A norma regulamentar não pode inovar, ou seja, não pode tipificar como crime um
facto diferente daquele que já está descrito na norma penal, não sendo este facto
admissível constitucionalmente.
Este sub-princípio tem a ver com os limites em matéria de aplicação e interpretação da lei penal.
Tem a ver com a admissibilidade da analogia e o problema dos limites à interpretação, e mais
concretamente da interpretação extensível.
A primeira distinção a fazer é saber se é possível, ou não é possível aplicar por analogia normas
penais, se é ou não possível integrar lacunas por analogia, está dependente disto, é permitida a
aplicação analógica favorável ao arguido, e é proibida a aplicação analógica de normas penais
desfavoráveis ao arguido (artigo 1º do C.P.).
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Teoria da Lei Penal
querendo dizer menos do que aquilo que queria dizer, portanto à que estender a letra da lei para
alcançar o pensamento legislativo.
Não existe qualquer dúvida que é permitida a interpretação extensiva favorável ao arguido, resta
saber se é permitida a interpretação extensível desfavorável ao arguido.
O Prof. Figueiredo Dias diz que é permitida a interpretação extensível em direito penal, ainda
que desfavorável ao arguido, sendo que apenas é proibida a interpretação analógica.
Todos os autores estão de acordo que a interpretação extensível desfavorável tem como limite
máximo, o limite do sentido possível das palavras, quando se excede o limite possível das
palavras já é analogia. A interpretação em que o pensamento legislativo ainda cabe no sentido
possível das palavras, é interpretação extensível.
O Prof. Galvão Teles diz que quando letra e espírito coincidem, se for adoptada na letra da lei,
um sentido mais amplo, mas é um sentido que as palavras que o legislador escolheu ainda
comportam, isto ainda não é interpretação extensível, é interpretação declarativa lata.
Independentemente daquilo que um ou outro autor lhe chama, seja interpretação extensiva ou
interpretação extensiva lata, o que se fixar, é que o limite à interpretação extensiva em direito
penal é dado pelo sentido possível das palavras, ou seja, pode-se aplicar a norma a uma situação
que ainda se contenha num dos sentidos possíveis da algumas das palavras do legislador. Já não
se pode aplicar essa norma a hipóteses que já não caibam ou estejam fora do sentido possível
das palavras ou dos conceitos que o legislador escolheu.
24.03.2010
A regra geral está enunciada no n.º 1 do artigo 2.º do C.P., onde é referido que os factos são
julgados à luz da lei que vigora quando são praticados.
Por vezes existem factos tipificados como crime, mas são complexos, onde é possível separar o
momento da acção do momento do resultado (bento da um tiro no António e este só morre cinco
anos depois), ficando sem se saber quando é que é o momento da prática dos factos. Esta dúvida
é respondida pelo artigo 3º do C.P, onde diz que quando existe uma divergência entre o
momento da prática da acção e o momento da verificação do resultado, o que é relevante para a
aplicação da lei no tempo é o momento da prática da acção e não o momento da prática do
resultado. O problema só existe quando uma lei penal posterior ao facto pode ou não ser
considerada em termos de aplicação ao arguido. O problema é resolvido pelo princípio de que
se a lei penal posterior ao facto for mais favorável para o arguido aplica-se retroactivamente, se
a lei penal posterior ao facto for mais desfavorável ao arguido, nunca se pode aplicar
retroactivamente (estes dois princípios, o da não retroactividade de lei desfavorável, e
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Teoria da Lei Penal
No n.º 4 do artigo 2º do C.P., estão aqueles casos em que o facto era crime á luz da lei da prática
dos factos e continua a ser crime á luz da lei posterior, mas com punível de uma forma
concretamente mais favorável, sendo que o concretamente é decisivo. O concretamente significa
que, para se saber se se aplica a lei nova ou a lei antiga, a que comparar não as molduras
abstractas previstas pela lei antiga e pela lei nova, mas as penas concretas a que se chegaria se
fosse julgado por uma e outra lei, aplicando-se aquela que fosse mais favorável. Mesmo que as
penas em abstracto sejam idênticas, o juiz tem que aplicar a pena nas duas leis, porque uma
pode ter critérios diferentes da outra, e com isso a medida da pena possa ser diferente,
continuando a aplicar a mais favorável.
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Teoria da Lei Penal
Nas hipóteses do n.4 do artigo 2º do C.P., a lei mais favorável não se aplica retroactivamente a
penas já transitadas em julgado, apenas tem o efeito de o agente não poder cumprir mais do que
aquilo que é o limite máximo do estabelecido na nova lei. Embora o artigo 371-A do C.P.P.
permita que haja um recurso extraordinário de revisão de sentença para que seja considerado a
entrada de uma nova lei penal mais favorável.
25.03.2010
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Teoria da Lei Penal
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Teoria da Lei Penal
acha que no momento do julgamento a pena aplicável é de 5 anos. Então deve-se aplicar
a lei intermédia devido ao princípio da igualdade, pois é a única forma de garantir que
todos são julgados à luz da mesma lei, sendo que esta tem que ser mais favorável.
Outro dos problemas que se coloca é relativamente a leis temporárias ou de emergência.
Este tipo de lei é para vigorar num determinado período de tempo, e tem a característica
de ser excepcional, e por isso o agente que praticou o facto nesse período vai ser julgado
por essa lei, embora à data do julgamento já não esteja em vigor, podendo até já não ser
crime e meramente contra-ordenacional (n.º 3 do artigo 2º do C.P.).
14/04/2010
LEI PENAL NO ESPAÇO
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Teoria da Lei Penal
A lei penal no espaço procura responder à pergunta de saber à luz de que critério ou de
que critérios é que se decide quando é que um facto se considera ou não considera
praticado em território português? Ou seja, o que é que tem que ter acontecido para que
o facto se considere praticado em Portugal. O artigo 7º responde a esta pergunta (eu
acho que não responde, apenas complica ainda mais).
Este artigo 7º consagra o princípio da ubiquidade, que significa que nos termos do
artigo 7º n.º 1, o facto considera-se praticado em território português, quando em
território português tenha acontecido uma de três coisas:
Formais – quando olhando para o preceito que tipifica esse facto como crime, conclui-
se que, naquele preceito se descreve um comportamento, e é suficiente a realização
desse comportamento, acção ou omissão, para que o tipo esteja completamente
consumado, não necessita do resultado.
Exemplo: A condução com excesso de álcool, que visa a protecção de bens jurídicos
como a vida e bens patrimoniais, não se encontrando expresso no artigo os bens
jurídicos que visa proteger, e basta para ser crime o facto de se conduzir com excesso de
álcool, não necessitando que se verifique uma ofensa a qualquer bem jurídico. O crime
é formal porque basta o comportamento descrito, não necessitando do resultado.
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Teoria da Lei Penal
15/04/2010
Para resolver problemas de aplicação da lei no espaço, a primeira coisa que à que
determinar é o lugar da prática do facto, e isso faz-se através da aplicação do princípio
da ubiquidade, artigo 7º, nas suas três diferentes partes, concluindo que se algumas
dessas coisas acontecer em Portugal, o facto pode ser julgado em Portugal, por força do
princípio da territorialidade.
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Teoria da Lei Penal
descritos nesta alínea, é necessário que, quer o autor do crime, quer a vítima do crime
sejam portugueses, e a última parte, apenas se refere ao autor do crime. Esta alínea
pretende evitar situações de fraude à lei, ou seja, pretende-se salvaguardar, quando o
autor e a vítima são portugueses, que estes fossem a um país estrangeiro, e á luz de lei
desse país que permitia o crime que eles queriam cometer, por exemplo bigamia, o
concretizassem, e ficassem impunes, voltando a Portugal impunemente.
3.ª Alínea c) – Portugal é também competente para julgar factos praticados fora de
Portugal quando constituam os crimes previstos nos artigos aqui constantes, até aqui
nada de novo, desde que o agente seja encontrado em Portugal, nada de novo na mesma,
e não possam ser extraditados ou entregues em resultado de execução de mandado
de detenção europeu ou de outro instrumento de cooperação internacional que
vincule o Estado Português. Esta última parte quer dizer que, Portugal só pode julgar
nestas hipóteses da alínea c), se o agente não puder, ao abrigo de um destes
mecanismos, extradição e mandado de detenção europeu, ser reencaminhado para o
local da prática dos factos para que seja julgado lá. As razões de fundo desta expressão,
é para que se o facto foi praticado fora de território português, toda a prova está no local
onde foram praticados os factos e logo será muito difícil julga-los em território
português, e só no caso em que não possam ser extraditados ou entregues em virtude de
um mandado de detenção europeu, é que são julgados em território português, para que
a prática do crime não fique impune (princípio da universalidade).
4.º Alínea d) – repete exactamente a estrutura da alínea c), mas mudam os crimes, aqui
são os crimes praticados contra menores (princípio da protecção de menores).
5.º Alínea e) – “por portugueses, ou por estrangeiros contra portugueses, sempre que:”.
Para se aplicar esta alínea é necessário que se verifiquem cinco requisitos
cumulativamente, embora pareçam que são três.
1.º É necessário que seja praticado por portugueses, ou por estrangeiros contra
portugueses, sendo que aqui se encontra uma diferença da alínea b), por ser
por português ou contra português, neste caso, o requisito apenas não fica
preenchido quando os factos cometidos entre estrangeiros. Aqui nesta alínea
basta que um dos intervenientes seja português.
2.º O agente tem que ser encontrado em Portugal.
3.º O facto pelo qual se pretende julgar o agente, também tem que ser crime à luz
da lei do lugar onde foi praticado, até aqui é pacífico, depois diz, salvo
quando nesse lugar não se exerça poder punitivo, ou seja, visa salvaguardar
29
Teoria da Lei Penal
que os factos serão punidos mesmo que praticados em lugar em que não
existe lei para os punir, em que nenhum estado reclama poder de soberania,
como por exemplo a bordo de uma jangada em alto mar.
4.º Constitua crime que não admita extradição…, ou seja, existe uma lei, 144/99
de 31 de Agosto, que no seu artigo 31º, que diz que, em regra os crimes que
admitem extradição, são aqueles que são puníveis em Portugal e no país onde
se praticaram os factos, com pena superior a um ano, mas que não possa a
extradição ser concedida. Um exemplo é o homicídio, em que é admitida a
extradição. Para que este requisito esteja preenchido apenas tem que se ver se
o crime em abstracto tem uma moldura penal superior a um ano, e a partir dai
o requisito está preenchido, pois pode ser extraditado, a razão pela qual não
pode ser extraditado é o ponto 5º.
5.º “…e esta não possa ser concedida ou seja decidida a não entrega do agente em
execução de mandado de detenção europeu ou outro instrumento de
cooperação internacional que vincule o estado Português”, ou seja, pode
haver razões de natureza substantiva ou processual que impeçam a extradição,
como por exemplo (razões de natureza substantiva), um país onde o facto foi
praticado e peça a extradição do agente, punir esse facto com pena de morte,
pena de prisão perpétua, penas desumanas ou degradantes. Ainda assim a
razão mais importante pelo qual pode não se extraditar um cidadão português,
é pelo facto de em princípio o estado português não extraditar cidadãos
portugueses (artigo 33º da CRP). Em princípio, porque se podem extraditar
portugueses, mas em hipóteses muito limitadas, como sendo para serem
julgados por crimes de participação em organização terrorista internacional,
genocídio, etc. Pode também ser entregue em virtude de mandado de
detenção europeu, como por exemplo para ser julgado pelo Tribunal
Internacional Penal, encontrando-se esta matéria regulada na lei 65/2003 23
de Agosto.
Alínea f) – Por estrangeiro que tenha sido encontrado em Portugal e cuja extradição
tenha sido requerida…, ou seja, um crime cometido por um estrangeiro fora do território
nacional só pode ser julgado em Portugal se, e voltam-se a aplicar apenas os dois
últimos requisitos da alínea anterior, sendo que agora não existe a razão de ele ser
português para não ser extraditado, apenas se aplica o facto de o crime admitir
extradição (mais de um ano), e que o país que solicita a extradição punir esse facto com
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Teoria da Lei Penal
pena de morte, pena de prisão perpétua, penas desumanas ou degradantes. O crime que
foi cometido por estrangeiro fora do território nacional e ele foi encontrado em
Portugal, e o país onde foi cometido o facto pede a sua extradição, Portugal só não o
extradita se, o crime não tiver em abstracto uma moldura penal superior a um ano, cá ou
no país onde foi cometido o facto, e não o entrega se tiver penas para esse crime como a
pena de morte, pena de prisão perpétua, penas desumanas ou degradantes, etc., fora
destes casos entrega sempre o animal.
28/04/2010
A teoria geral da infracção é uma técnica de análise ou método para a resolução de
casos práticos, independentemente do facto em causa, ou seja, quando o objectivo for
decidir se esse comportamento é ou não é susceptível de gerar responsabilidade criminal
para o seu autor, seja ele qual o crime que está em causa, passa necessariamente por
uma metodologia de análise.
O método de análise diz-nos que um crime é toda a acção típica, ilícita, culposa e seja
punível (pressupostos da responsabilidade criminal), ou seja, o crime é algo que é
susceptível de ser decomposto nestas cinco valorações, ou seja, só existe crime, seja ele
qual for, se estiver perante algo que possa dizer que é um comportamento humano, e
que seja típico, ilícito, culposo e seja punível.
Se um facto passar por estes cinco crivos, no final tem se do ponto de vista jurídico,
algo a que se pode chamar crime. Se algum destes cinco crivos não for preenchido não
se tem um crime, tem se outra coisa qualquer, mas crime não é.
O método a seguir para a resolução de um CASO PRÁTICO é seguir a grelha acima
descrita, acção humana, típica, ilícita, culposa e seja punível, se se quiser preencher um
destes quesitos antes de ter preenchido o outro, pode acontecer que nunca se consiga
chegar à conclusão correcta, é como contar uma história, tem de que haver um
encadeamento, uma acção leva a outra que por sua vez leva à conclusão.
Por outro lado, todas as pessoas são capazes de dizer que uma acção não é crime, por
isso é muito importante dizer porque é que não pode ser crime, ou seja, qual daqueles 5
elementos de crime não existe.
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Passado este primeiro momento, é importante fazer uma segunda distinção, porque pode
ser decisiva para aferir os termos da responsabilidade do agente, que é decidir se o
comportamento humano é activo ou omissivo, se age por acção ou por omissão.
Decidido que existe comportamento humano naquele facto, vai-se agora ver se age por
acção ou por omissão.
Características de um comportamento activo – está-se perante um
comportamento activo, quando esse comportamento do agente, aumentou a
situação de risco ou criou um novo, para o bem jurídico, face à situação de risco
em que a vítima se encontrava antes da intervenção do agente.
Hipótese: “A” passa numa estrada e verifica que existe um acidente de viação e “B”
está em risco de vida, “A” pára para ajudar e quando chega junto de “B”, verifica que é
uma pessoa de quem não gosta, sendo que por esse facto “A” coloca-se dentro do seu
carro e continua a viagem.
- “A” age por omissão, visto não ter aumentado o risco nem criou um novo, mas
também não o fez diminuir.
Hipótese: “A” passa numa estrada e verifica que existe um acidente de viação e “B”
está em risco de vida, “A” pára para ajudar e quando chega junto de “B”, verifica que é
uma pessoa de quem não gosta, entretanto pára uma viatura para ajudar e “C” sai. “A”
como não gosta de “B”, diz a “C” que não existe qualquer problema pelo que se pode ir
embora.
- “A” age por acção, visto não ter diminuído o risco que encontrou, mas aumenta
essa situação de risco, eliminando uma outra possibilidade de a vítima se salvar,
através da intervenção de “C”.
29/04/2010
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Teoria da Lei Penal
Que elementos objectivos e subjectivos que são susceptíveis de serem decomposta uma
previsão de uma norma da parte especial:
- Crimes Comuns: “Quem” - pode ser autor qualquer pessoa, o tipo não
exige uma especial qualidade de autor.
- Crimes Específicos: O tipo legal exige uma determinada especial
qualidade de autor (o médico que…; o solicitador que..). Estes ainda se
distinguem em:
- Crimes Específicos Próprios: da qualidade de autor depende a
própria tipicidade e ilicitude do comportamento, ou seja, aquele
comportamento que está descrito no tipo, quando praticado por quem
tem aquela qualidade de autor é crime, quando praticado por quem
não tem aquela qualidade de autor, é penalmente irrelevante, não
constitui ilícito penal.
- Crimes Específicos Impróprios: da qualidade de autor não depende
a tipicidade nem a ilicitude. Há sempre um crime comum, que prevê o
mesmo comportamento para quem não tem aquela qualidade de autor,
o que acontece é que se for praticado por quem tem essa qualidade, o
crime é agravado na pena.
Ex: Crime específico impróprio: art. 378° CP — crime de violação de
domicílio por funcionário, cuja pena pode ir até 3 anos (agravado).
Ex: Crime comum: art. 190º CP — crime de violação de domicílio,
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05/05/2010
Em direito penal trabalha-se esta matéria com três teorias ou com três critérios:
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Teoria da Lei Penal
E possível que de acordo com a teoria do risco teríamos que concluir que a morte
não poderia ser objectivamente imputada ao comportamento que o A tinha tido
sobre o B.
O art. 131° diz: “Quem matar outra pessoa...”
Quem é que matou aqui o B?
Aqui a morte já não é imputada ao A.
O risco que se materializou no resultado foi o risco que se concretizou com o
raio na cabeça.
Nunca se resolve o problema com a teoria da condição sine qua non, esta diz-lhe
que há uma relação de causalidade entre o resultado e a acção, mas nem todo o
comportamento que é causal em relação ao resultado é um comportamento que se
pode imputar um resultado em direito penal.
O art. 131° CP diz: aquele que matar. Então há que perguntar: qual foi de
facto a causa da morte?
A causa da morte aqui é o raio que lhe cai em cima da cabeça, ou é o agravamento
da situação provocada pelo acidente, ou é na sala de operações o médico que corta
o que não devia cortar.
O resultado deve ser imputado a quem tem a responsabilidade.
Por exemplo a morte deixa de ser imputada a quem deu o tiro e passa a ser
imputada à omissão do médico que estava embriagado e não tratou o doente.
Homicídio negligente por omissão.
A dá um tiro em B, acerta um centímetro mais em cima mata, acerta um
centímetro mais em baixo não mata. A sua intenção é exactamente a mesma, mas
vai ser punido de forma completamente diferente. E porquê? Porque há apenas a
acção não há o resultado, e no primeiro caso há o resultado e mais há o resultado
como o efeito da acção que ele praticou e não como efeito da negligência de uma
outra pessoa qualquer.
Se eu punisse aqui por homicídio o A, na hipótese de provar que se o médico,
como tem obrigação, realizasse a intervenção, não havia a morte do B, se eu
punisse ainda assim o A por homicídio, estaria a fazer recair sobre o A as
consequências da violação do dever de cuidar por parte do médico, que tendo
obrigação de evitar a morte, não o fez.
Agora se a morte acontece, tendo todas as outras pessoas feito o que poderiam ter
feito para evitar essa morte e não foi possível, então não se interrompe o processo
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Teoria da Lei Penal
Hipótese 1
A e B, sem saberem um do outro (sem estarem a actuar num contexto de
comparticipação criminosa) colocam veneno num copo que C vai tomar, que toma o
veneno e morre.
Sub-hipóteses:
1°: Nenhuma das doses era suficiente só por si para provocar a morte
2°: Nenhuma é suficiente para matar, mas quando o B coloca a 2ª dose já sabe que no
copo está a dose colocada pelo A
3°: Qualquer das doses é suficiente para matar.
4º: Ambas são suficientes para matar mas o veneno colocado pelo B é uma dose de um
veneno que actua mais rapidamente.
Hipótese II
A vai à Farmácia e pede um medicamento que é mortal em determinadas pessoas, os
farmacêuticos devem ter um especial cuidado porque há um risco para certas pessoas
que podem causar a morte. O farmacêutico está com pressa porque quer ir ver o futebol
e esqueceu-se. Vendeu o medicamento e negligentemente esqueceu-se de pedir a
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Teoria da Lei Penal
receita.
O A tomou o medicamento e morreu.
O problema é que depois constatou-se que o A tinha a receita no bolso.
Pergunto: a morte do A pode ser objectivamente imputada ao comportamento do
farmacêutico?
Hipótese 1
A e B, sem saberem um do outro (sem estarem a actuar num contexto de
comparticipação criminosa) colocam veneno num copo que C vai tomar, que toma o
veneno e morre.
Sub-hipóteses:
1°: Nenhuma das doses era suficiente só por si para provocar a morte
2°: Nenhuma é suficiente para matar, mas quando o B coloca a 2ª dose já sabe que no
copo está a dose colocada pelo A.
3°: Qualquer das doses é suficiente para matar.
4º: Ambas são suficientes para matar, mas o veneno colocado pelo B é uma dose de um
veneno que actua mais rapidamente.
1ª Sub-hipótese: Nenhuma das doses era suficiente só por si para provocar a morte
Teoria da Causalidade Adequada: Não se pode imputar a morte de C nem a A, nem a B,
porque neste caso concreto a intervenção do outro no processo causal, afasta essa
possibilidade, a intervenção de qualquer um no processo causal é um factor decisivo
para a morte de C, mas é imprevisível para o homem médio.
No processo causal em concreto, a intervenção de B obsta à imputação objectiva do
comportamento de A à morte do C.
Quando, entre a acção do agente e o resultado, intervém uma acção de um 3°, obsta-se à
imputação objectiva do resultado ao comportamento do agente.
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Teoria da Lei Penal
4ª Sub-hipótese: Ambas são suficientes para matar, mas o veneno colocado pelo B é
uma dose de um veneno que actua mais rapidamente.
Teoria do Risco: A cria de forma proibida perigo para a vida de C, mas a morte deste
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Teoria da Lei Penal
1º Grupo – Diminui o Risco: A está no meio da estrada e é surdo, não ouve o carro
que se prepara para o atropelar e B empurra-o para o desviar, provocando-lhe
uma ofensa corporal, partiu-lhe um braço.
Teoria da Causalidade Adequada: a ofensa corporal pode ser objectivamente
imputável a B.
Teoria do Risco: Não pode ser objectivamente imputável, porque diminui o risco,
logo, não há imputação objectiva, não cabe sequer no art. 143° CP.
Para a teoria do risco, o comportamento tem de criar, aumentar ou não diminuir o risco
proibido/ilícito e tem de se materializar no resultado, para haver imputação objectiva.
2º Grupo – Risco Permitido: A e B são irmãos e A sabe que B é doido por motas, que
mais dia, menos dia se estampa e morre. A quer herdar sozinho e oferece uma
mota a B.
B estampa-se e morre.
Teoria da Causalidade Adequada: a morte de B era previsível a partir do
comportamento de A, logo, haveria imputação objectiva.
Teoria do Risco: não pode ser imputada a A a morte do seu irmão B, porque é um risco
permitido, a ordem jurídica não nos proíbe de oferecermos motas, há comportamentos
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Teoria da Lei Penal
que criam factores de risco, mas que são permitidos, logo, não faz sentido imputar
resultados a comportamentos permitidos.
Se um sobrinho oferece um bilhete de avião a um tio, na esperança que seja morto em
Israel e o tio morrer, não é possível imputar nada, porque é um comportamento
permitido.
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Conclusão:
Em todos estes casos se imputa objectivamente pela Teoria da Causalidade Adequada.
Mas não há imputação pela Teoria do Risco nos caso em que:
- Há diminuição do risco
- Risco permitido
- Comportamento lícito alternativo
- Âmbito/ esfera de protecção da norma.
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