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ABRIL 20XI Uma Publicação Movimento Resgate Arcadas

3 7
Abril 20XI
Panorama
2 Rerofma (da) Curtas
12 Plano

LARANJA
Política Cítricas Diretor

PARA ALÉM DO PRETO E BRANCO

Entrevista: Movimento Pró-Acervo 6e7

Cadê as
prestações,
Fórum?
Tesouraria,
Transparência e a
atual Gestão do XI
de Agosto
POR BRUNA MARENGONI [181]
E RAPHAEL LAEZ [180]

8e9
Pelo fim da Já achamos as
naturalidade bibliotecas. E
agora?
4e5
POR AMANDA MATTA [183.XI],
JÚLIA CRUZ [183.22]
E THALES COIMBRA [181]
10 E XI STÉPHANIE SAMAHA [182]
2 EDITORIAL Laranja Abril
Março20XI
20XI

Panorama
O
ambiente estudantil do Lar- da atual situação do que é considerado a está sendo feito pela Diretoria e pelo nos-
go de São Francisco passa por esquerda e a direita na política. so Centro Acadêmico? Qual a situação
um momento de mudança, A ordem do dia é a Campanha contra atual do acervo? Com uma entrevista ao
mudança que afeta diretamente a sua for- Homofobia e sobre ela não poderíamos movimento pró-acervo, o Laranja busca
ma de encarar a política acadêmica. Dá- deixar de nos manifestar. O jornal traz o esclarecer essas questões, e levar o aluno
-se importância aos fatos corriqueiros e apoio incondicional do Resgate ao com- à realidade do Plano Diretor.
que influenciam de fato no dia-a-dia dos bate à homofobia, além de crer acertada a Em âmbito nacional, ressurge um
alunos – sem que isso signifique esquecer sua criminalização. Plural que almejamos tema que de tão batido está quase virando
do lado de fora dos muros da Faculdade. ser, entretanto, reconhecemos que há, clichê: a reforma política. Se banalizado
Assim, essa edição foca-se em pautas co- mesmo entre os homossexuais, aqueles e exaustivamente discutido, por que mo-
tidianas e, em sua maioria, internas à São que não acreditam nessa medida como a tivos o tema permanece em alta? Por que
Francisco. melhor solução possível. Uma discussão a Reforma nunca saiu do papel? E, ainda
Buscando desenvolver o pensamen- anterior ao lançamento da campanha pelo mais, qual o papel da Reforma? É mudar
to crítico e estimular novas visões de XI que trouxesse os dois lados não se fa- a política para sempre? A grande questão
mundo, o Resgate considera o Laranja, ria prejudicial em nenhum sentido. não é se a reforma vai ser aprovada, mas
sem dúvida alguma, um importante meio Ainda muito sensível a um grande qual reforma vai ser aprovada.
de politizar as Arcadas do modo como número de franciscanos é a questão das Por fim, e entre outros, como não
acreditamos dever ser feito. Tentamos tra- bibliotecas. Vivenciamos, em 2010, um poderia faltar, o gostinho da fruta se faz
zer aos estudantes, assim, jornais símbo- momento histórico nas Arcadas, no qual ácido nas curtas cítricas.
los do que acreditamos ser o verdadeiro em um ato com mais de 1000 pessoas de-
pluralismo: defender as próprias opiniões, cidiu a Faculdade pela paralisação com- Queremos uma São Francisco crí-
sem incorrer em intolerância; apreciar pleta das aulas até que medidas fossem tica, atuante, interada. Queremos uma
opiniões diversas, sem cair na neutralida- tomadas. E medidas foram tomadas. Sem visão além do preto e branco. Queremos
de. Demonstramos nossos pontos de vista dúvida, uma grande vitória dos alunos. que os estudantes enxerguem colorido,
sem dicotomias, pré-determinações ou Passado um ano, porém, e já em 2011 não mesmo que esse colorido não seja o nos-
preconceitos, os quais andam nas bitolas se ouve mais falar das bibliotecas. O que so Laranja.

Críticas, sugestões, quer participar? resgate.sanfran@gmail.com Facebook Movimento Resgate Arcadas


Abril 20XI Laranja REFORMA POLÍTICA 3

A Reforma
A reforma política tem grandes
chances de ser aprovada. Afinal, políticos
e eleitores têm interesse na mudança de

(da) Política nosso sistema político. No entanto, cada


qual tem razões diferentes. A questão ade-
quada, portanto, não é se a reforma políti-
POR ANDRÉ TREDEZINI [183.XI], GUILHERME CARVALHO [182],
ca será aprovada, mas antes qual reforma
GUILHERME GERMANO [183.22] E JOSÉ PAULO NAVES [183.22]

A
política será aprovada. A pluralidade de
discussão sobre a reforma em lista – e pontuais – como a divisão propostas permite que os parlamentares
política não é nova. Há pelo do tempo na televisão. A variedade qua- simultaneamente atendam ao anseio da
menos quinze anos já se apon- se infinita de projetos dificulta o debate sociedade – aprovar uma reforma polí-
tavam graves deficiências de nosso sis- sobre o tema. Para evitar esse problema, tica – e criem um sistema que lhes seja
tema político-eleitoral. Em 1995, o (en- é importante, antes de discutir o mérito mais favorável. É aí que reside o perigo.
tão e agora) presidente do Senado, José de cada ideia, entender o sentido geral Como impedir que a reforma política seja
Sarney, constituiu uma Comissão para que a reforma toma. Afinal, a reforma transformada em pretexto para mudar as
estudar uma possível reforma político- política surge como resposta a uma sé- regras do jogo em favor de determinado
-partidária. As propostas chegaram a ser rie de deficiências de nosso sistema, e grupo político (ou até da classe política
votadas no Senado, mas nunca foram as soluções variarão, portanto, conforme como um todo)?
objeto de deliberação na Câmara. Em os diagnósticos. Caso essa perspectiva É aqui que está a importância da
2000, PT e PFL fizeram uma inusitada mais geral seja esquecida, corre-se o mobilização da sociedade brasileira em
aliança para elaborar medidas relativas à risco da aprovação de propostas incoe- torno dessa pauta. Se bem feita, a reforma
reforma. Não deu em nada. No primeiro rentes entre si. política produzirá grandes resultados para
ano do governo Lula, criou-se uma nova nosso país, talvez renovando as esperan-
comissão, desta vez na Câmara, para A questão adequada, ças de nossos cidadãos; por outro lado, se
condensar propostas relativas à reforma portanto, não é se a mal feita, o problema pode tornar-se ainda
que então tramitavam pelo Congresso reforma política será mais grave, aprofundando o abismo entre
Nacional. O PL 2679/03, entretanto, foi aprovada, mas antes políticos e sociedade. A aprovação da Lei
rejeitado. qual reforma políti- Ficha Limpa, em 2010, mostrou que a mo-
Nos últimos anos, porém, o tema ca será aprovada. bilização é possível. É fundamental, para
ganhou força inédita. Em 2009, o Pla- tanto, um amplo debate sobre o tema.
nalto encaminhou para o Congresso di- Apesar dos inúmeros problemas A responsabilidade dos estudantes
versas propostas que pretendiam alterar que podem ser apontados em nosso re- nesse contexto é imensa. Espera-se que
significativamente o sistema eleitoral gime político, alguns se destacam. O as Universidades sejam foco intenso de
brasileiro. Apesar dos projetos terem desconhecimento geral sobre o funcio- discussão em torno do tema. É impres-
se perdido nos corredores da Câmara, namento do sistema eleitoral provoca cindível que o maior número possível de
ao menos reacenderam a discussão. Em graves distorções nos resultados das estudantes envolva-se com a pauta, colo-
2010, durante a campanha presidencial, eleições. O grande número de candida- cando eventuais discordâncias e precon-
todos os candidatos afirmaram a neces- tos e partidos leva a uma indistinção de ceitos de lado em nome dessa causa tão
sidade de uma reforma política. Em fe- planos ideológicos e a um elevado custo cara. Quantas vezes não reclamamos de
vereiro deste ano, o Senado e a Câmara de campanha. Para cobrir este último, nossa política, quantas vezes não deseja-
instituíram Comissão Especial para es- os políticos rendem-se com frequência mos que ela fosse diferente! Ao contrário
tudar o assunto. aos grandes financiadores, vinculando- do que dizem muitos, isso não é impossí-
A discussão sobre a reforma po- -se aos seus interesses. Passadas as elei- vel. É tênue a linha entre o ceticismo e o
lítica é extensa e complexa. A questão ções, fazem-se malabarismos políticos conformismo. A oportunidade da mudan-
começa pela definição de quão profun- (e morais) em nome da governabilidade. ça está aí. Esperamos que nós, estudan-
das devem ser as mudanças. No rol das Uma reforma política eficiente deve, tes, saibamos reconhecer o papel que nos
possíveis alterações há propostas ambi- portanto, responder a todos esses defei- cabe nesse processo e não nos furtemos à
ciosas – como o voto distrital ou voto tos de maneira consistente. nossa responsabilidade.
4 BIBLIOTECAS Laranja Abril 20XI

Já encontramos a
na entrevista (pg. 6).
Em 2010, em meio a toda confusão
das bibliotecas, foi criada uma Comissão

Biblioteca. E agora?
Especial das Bibliotecas, presidida pelo
professor Luís Virgílio Afonso da Silva,
que contava com a presença de dois Re-
Tranferidas ano passado sem qualquer planejamento, as presentantes Discentes (um da graduação
e outro da pós graduação), além de de-
bibliotecas iniciam o ano abertas. Suas condições, no en-
mais professores e da própria diretora das
tanto, são precárias e muito aquém do padrão de quali- bibliotecas. Desde junho do ano passado,
dade ao qual deveria se ater a maior biblioteca jurídica da no entanto, não se ouviu mais falar dessa
América Latina. Não deveríamos nos movimentar? comissão. Seu presidente licenciou-se no
exterior e os trabalhos foram paralisados
POR STÉPHANIE SAMAHA [182]
até a sua volta. A comissão voltou a se
Biblioteca, temos a informação de que reunir? A comissão considerou satisfató-
a consulta ao acervo diminuiu vigorosa- ria a situação atual das bibliotecas e en-
mente depois da transferência. Essa di- cerrou suas atividades?
minuição já deveria ser esperada, já que E o Congresso Interno? Em setem-
o acervo está divido em dois prédios, o bro de 2010, organizamos, enquanto ges-
que dificulta muito o acesso – imagine- tão do XI e em parceria com a Represen-
-se a dificuldade que se teria numa pes- tação Discente, uma semana de debates
quisa interdisciplinar. Além disso, faltam sobre a Universidade. Seu resultado: um

A
salas de estudos adequadas – atualmente, documento, elaborado no último mês da
maior biblioteca jurídica da a Biblioteca conta apenas com um tímido gestão anterior, com premissas para que
América Latina enfrentou gran- esboço de sala de estudos no Prédio Ane- se discuta um Plano Diretor sério para
des dificuldades ao longo de xo IV (leia-se: apenas uma mesa com ca- nossa Faculdade; algumas delas bastante
2010. Depois de uma atabalhoada transfe- pacidade para 6 ou 8 pessoas estudarem). simples, com possibilidade imediata de
rência para um prédio sem a menor estru- Muitos livros foram extraviados desde a efetivação.
tura física, um vazamento que danificou transferência, o que faz com que os alu-
alguns livros e um grande ato no Pátio, nos tenham que recorrer a outras biblio- Nossas bibliotecas ca-
finalmente parte do acervo voltou ao pré- tecas ou até mesmo tenham que comprá- íram num silêncio en-
dio Histórico e as Bibliotecas reabriram. -los. Por fim, há uma grande dificuldade surdecedor, no maras-
É inegável que toda a movimenta- de consultar e encontrar livros, especial- mo e esquecimento.
ção de 2010 trouxe muitas conquistas e mente nas bibliotecas departamentais que
mudanças substanciais para as Bibliote- estão no Prédio Histórico, onde o espaço Infelizmente, ao que parece, tanto o
cas. Hoje aquele cenário caótico de livros é muito apertado e há uma clara desorga- Congresso Interno, quanto nossas biblio-
encaixotados expostos ao sol em um pré- nização das prateleiras. tecas caíram num silêncio ensurdecedor,
dio caindo aos pedaços não existe mais. E os problemas não param por aí. no marasmo e esquecimento. Talvez isso
O prédio Anexo IV já possui alvarás de Há uma grande dificuldade de acesso ao tenha acontecido pela aparente sensação
segurança, não existem mais livros nos Prédio Anexo IV, uma vez que não há ele- de “problema resolvido”, afinal, as biblio-
andares destruídos e todo o acervo já está vadores ou rampas. Mais que isso, nossa tecas já estão abertas. Outros consideram
em prateleiras e organizado nos departa- biblioteca não cumpre mais sua precípua o assunto “so last season”. E é nesse con-
mentos, disponíveis para os alunos. função de maior biblioteca jurídica públi- texto que não vemos uma postura ativa e
Para quem acompanhou o processo ca do país: o acesso ainda se mantém res- responsável de nosso Centro Acadêmico
de perto, chega a ser um alívio ver as coi- trito à comunidade USP, excluída a possi- XI de Agosto e da Representação Discen-
sas dessa maneira - ao mesmo tempo em bilidade de consulta por demais pessoas, te no sentido de trazer as discussões e os
que se percebe que claramente isso não estudiosos e profissionais, alheios à Uni- problemas da Biblioteca para os alunos.
é o suficiente. Ainda existem problemas versidade. O Movimento Pró Acervo das O esquecimento da gestão Fórum
muito graves e que precisam ser resolvi- Arcadas, que teve uma atuação relevante da Esquerda em relação a essa pauta tão
dos. Em conversa com funcionários da em 2010, discute essas e outras questões cara aos alunos é um tanto quanto inco-
Abril 20XI Laranja BIBLIOTECAS 5

erente. Afinal, quem não se lembra dos não se perguntar: se não há reforma, por já que todas as tentativas de fazer uma
adesivos “Cadê a Biblioteca?”, usados a que os cartazes? Será que eles são apenas discussão qualificada acerca do uso de
todo momento para relembrar os alunos uma forma de evitar que os alunos per- capital privado na Universidade Pública
da situação difícil que a Biblioteca estava cebam que os problemas não estão sendo sempre são boicotadas.
passando? Quem não se lembra de uma resolvidos? Daí surge a necessidade da São
carta programa recheada de iniciativas do Francisco retomar (mais) uma discussão
grupo, como reuniões abertas e comis- A Biblioteca e os interes- esquecida: o Plano Diretor, bem como os
sões permanentes, para tocar a pauta das debates do Congresso Interno de 2010.
ses dos alunos ainda pre-
Bibliotecas e do Plano Diretor, ao longo É fundamental que sejam definidas
cisam ser defendidos. Há
da gestão? Será que o próprio Fórum da algumas premissas e regras para a modifi-
muito ainda a ser feito.
Esquerda esqueceu que se elegeu sob a cação do nosso espaço físico, que seja feita
máxima “Vote em quem sempre defendeu uma discussão qualificada sobre o projeto
a Biblioteca com você”, presente em inú- Segundo o Diretor, o projeto final político-pedagógico que queremos para a
meros cartazes afixados nas Arcadas, nos para a Biblioteca ainda está sendo elabo- São Francisco, e que seja garantida a par-
dias de eleição para o XI? A Biblioteca e rado e as licitações para a reforma(como ticipação efetiva dos alunos nesse proces-
os interesses dos alunos ainda precisam as necessárias construção de elevadores e so (ver box na pg. 7). Ficou evidente, ao
ser defendidos. Há muito ainda a ser feito. melhoria da acessibilidade) serão realiza- longo de 2010, que há uma demanda por
E só o que vemos é uma postura passiva das pela Coordenadoria de Espaços Físi- parte dos estudantes de discutir em con-
da gestão Fórum da Esquerda diante dos cos da USP (COESF). Alguns engenhei- junto com a Diretoria um projeto para a
acontecimentos. ros da COESF já estiveram na Faculdade Biblioteca. Porém, essas questões já estão
para ver o Prédio Anexo IV e também em andamento, sem o conhecimento do
Mas que acontecimentos? tratar de outras obras necessárias. corpo discente – mais uma vez. É bastan-

Q
uem frequenta o prédio Anexo O que realmente será um problema te desolador que o atual grupo gestor do
IV certamente já se deparou com é que a Faculdade de Direito não possui XI, que tanto se orgulhou por considerar a
um banner com os seguintes di- recursos nem para iniciar a reforma, por si mesmo o grande defensor das reformas
zeres: “Este prédio está em reforma para isso terá que contar com a boa vontade na Faculdade na época das eleições, tenha
melhor atendê-lo”. Entre as melhorias da Universidade para obter tais recursos, feito tudo cair num esquecimento apático.
propostas está a construção de amplas sa- ... E alguém acredita que haverá alguma
las de leitura, reunião e palestras, espaço boa vontade de João Grandino Rodas em
Ficou evidente, ao longo de
para estudos individuais, sala multimídia, disponibilizar algum recurso para a São
2010, que há uma demanda
acessibilidade, oficina de restauração e Francisco? Daí, por exemplo, a impor-
por parte dos estudantes
conservação de obras, entre outros. De tância de uma postura mais pró-ativa de
de discutir em conjunto
fato parece um avanço. Mas alguém sabia nossos representantes.
com a Diretoria um pro-
que a Biblioteca estava em reforma? Os Tudo isso só mostra que a reforma
alunos, juntos com o XI, RD e Comissão
jeto para a Biblioteca.
é algo bem mais distante do que pensá-
de Bibliotecas não iriam participar da ela- vamos, afinal, não existem nem recursos
boração e discussão de um projeto de re- para a obra. Sempre existe a possibilidade É fundamental que todos voltem a
forma? Essa não seria uma das vertentes de recorrer ao capital privado, mas de- encarar a questão como um problema e
do tão falado Plano Diretor? pois da tentativa de nomeação das salas se mobilizem em torno dessa causa, que
Em conversa com o Diretor, Anto- Pinheiro Neto e Pedro Conde, grandes é muito maior do que uma mera promessa
nio Magalhães Gomes Filho, nos foram escritórios têm receio de patrocinar qual- eleitoral vazia e que está correndo o risco
esclarecidos alguns pontos. A Biblioteca quer reforma na São Francisco. Além de ser esquecida. Todos devem partici-
não está em reforma ainda. Na verdade, os disso, inexiste um claro posicionamento, par da elaboração de um projeto que seja
banners foram uma iniciativa da Diretora sequer dos alunos, acerca de qual deve ser mais do que um “tapa buraco”. Afinal,
da Biblioteca e de sua existência o pró- a relação entre a Universidade Pública e a a reforma deve ser encarada não apenas
prio Diretor da Faculdade desconhecia, iniciativa privada – e, até agora, salvo o como uma resposta à falta de espaço, mas
afinal, não existe nada em andamento. Congresso Interno de 2010, ninguém sus- como oportunidade de trazer às nossas bi-
Isso mostra um claro descompasso entre citou essa discussão, em momento algum. bliotecas as melhorias de infraestrutura e
a Diretoria da Faculdade e a Diretoria da E essa questão parece ser um tabu para tecnologia necessárias e condizentes com
Biblioteca. Nesse momento é inevitável alguns setores dos alunos da Faculdade, a melhor Faculdade de Direito do país.
6 BIBLIOTECAS Laranja Abril 20XI

Entrevista com o Movimento


Pró-Acervo das Arcadas
A íntegra da entrevista pode ser conferida no blog http://182-21.blogspot.com/

Resgate: Quais eram os objeti- Boa parte do acervo retornou funcionários das bibliotecas, com certe-
vos do Movimento Pró-Acervo? ao prédio histórico e hoje a Biblio- za a situação seria muito pior: houve a
Movimento Pró-Acervo: O gru- teca está dividida. Vocês acreditam instalação de mesas na BCI e na sala de
po não era ambicioso quanto aos seus queas bibliotecas estão em boas estudos do prédio na Senador Feijó, o
objetivos, uma vez que metas de longo condições? Quais são os grandes serviço de reserva de livros on-line tem
prazo exigiriam grupos com maior arti- desafios que deverão ser enfren- sido eficaz e a unificação e a moderni-
culação. Pareceu-nos mais eficaz tentar tados para que a Biblioteca volte a zação do sistema de empréstimo de li-
reunir os coletivos já existentes em torno ter condições adequadas, tanto de vros está funcionando.
de um objetivo comum, superando even- armazenamento dos livros quanto
tuais obstáculos ideológicos. Elegemos, de consulta? O que devemos cobrar O Movimento Pró-Acervo não
então, três metas, mesmo sob o risco de da Diretoria e da Comissão de Bi- é ligado a nenhum grupo político
sermos criticados: 1) a proteção de nos- bliotecas? da Faculdade. Qual é o papel dos
so acervo, afastando-o imediatamente Correndo o risco de incorrer em alunos nesse processo? Como fazer
de situação de risco e de danos irrever- inexatidões e simplificações, responde- as cobranças necessárias? Como
síveis; 2) a disponibilização do acervo, remos a estas questões tentando mirar incluir os calouros nessa discus-
preocupando-nos especialmente com os em sua essência. As medidas paliativas são, já que eles não participaram
pesquisadores e com os colegas que ela-
implementadas reduziram os riscos ir- das movimentações de maio?
boravam suas teses de láurea; 3) a livre
reparáveis e iminentes a que o Acervo Houve consenso de que o Pró-
manifestação de ideias e opiniões – afi-
se submetia. Por sua natureza provisó- -Acervo deveria buscar a neutralidade
nal, era isso que estávamos colocando
ria, decerto tais medidas não supriram para manter nossa agenda transparen-
em prática e percebemos algumas “ini-
as necessidades e falhas apontadas no te, evitando a natural polarização da
ciativas negativas”, que precisavam ser
início da mobilização e, consequente- política na Faculdade. Como alunos e
enfrentadas.
mente, subsiste a necessidade de res- cidadãos, cada um de nós tem suas con-
postas concretas da Instituição. São inú- vicções e simpatias políticas, exercidas
Vocês consideram que esses ob-
meros os problemas identificados, que livremente, sem prejuízo da persecução
jetivos foram cumpridos?
vão desde o cumprimento da legislação dos objetivos eleitos. Afinal, não seria o
Como Franciscanos, certamente não
relativa à segurança e ao acesso de pes- fato de utilizarmos camisetas de cores
estamos satisfeitos com os resultados. No
soas com deficiência, até a elaboração diferentes que nos afastaria de termos
entanto, é preciso reconhecer que aquele
de ampla discussão de um projeto que interesses em comum. Talvez o cami-
risco imediato cessou e, por essa limita-
vá além de um “remendo”. A mudan- nho para incluir os Novos Franciscanos
da perspectiva, seria possível dizer que o
ça para um novo edifício não deve ser nessa e noutras discussões relevantes
Pró-Acervo atingiu seus objetivos. Mas há
apenas uma resposta à falta de espaço para o nosso futuro seja identificar o
que se comemorar a histórica oportunida-
para salas de aula, mas a oportunidade que vem a ser o “verdadeiro espírito
de experimentada por toda uma geração
de Franciscanos, que se uniram em prol do de trazer às nossas bibliotecas as me- Franciscano”. Quem sabe seja possível
presente e do futuro da Academia, refor- lhorias de infraestrutura e tecnologia incluir na agenda novas formas de ini-
çando valores há muito construídos. São que as preparariam para o futuro. Por ciar os calouros no porquê de nos or-
momentos de união, como aqueles que vi- fim, é importante observar que se as gulharmos tanto de sermos parte desta
venciamos, que elevam o espírito do Fran- condições ainda não são as ideais, há de Academia, abraçando todas as ideolo-
ciscano para muito além da mediocridade. se ressaltar que, não fosse a ação dos gias, doutrinas e partidos.
Abril 20XI Laranja BIBLIOTECAS 7

Vocês pretendem continuar pações estão surgindo, não sabemos Contudo, resta reforçada a convicção de
atuando em 20XI? se há uma luz no fim do túnel ou se o que, quando são nobres e legítimos os
Como movimento ou coletivo, o que se aproxima nos derrubará. Preci- valores, unem-se as vozes e mais uma
Pró-Acervo esgotou-se em seus ob- samos reconhecer o trabalho de servi- vez se revelam os verdadeiros Francis-
jetivos. Nossas últimas visitas às bi- dores dedicados que se preocupam com canos – que imaginávamos pertencer ao
bliotecas mostraram-nos que houve o acervo, mas é igualmente necessário passado, mas que percebemos presentes
progressos, infelizmente muito aquém assinalar que lhes faltam meios, que em cada um de nós, participemos destes
do que desejávamos. Novas preocu- precisam ser providos pela Instituição. movimentos ou não.

PLANO DIRETOR Congresso Interno?


Realizamos, em conjunto com a RD, entre os dias 20 e 23 de se-
O que é? tembro de 2010. Foram discutidos temas como Ensino, Interdis-
Trata-se de uma proposta levada à Diretoria da Faculdade, ciplinariedade, Grade Curricular, Pesquisa, Avaliação Docente,
em 2010, pelas gestões de então do XI e da Representação Extensão, Internacionalização e intercâmbios, entre outros. Foi
Discente. Propunha-se, que fossem elaboradas diretrizes elaborado um documento final, que compilou os pontos discu-
vinculantes que especificassem as reformas, físicas e peda- tidos e elencou os pontos urgentes para reforma, algumas das
gógicas, de que a Faculdade tanto necessita: reestruturação quais poderiam ter sido feitas ainda no início de 20XI.
da grade curricular, remodelagem do sistema de ensino,
planejamento de reformas físicas.
Quais as conseqüências de o esquecermos?
A) Já perdemos o prazo para sugerir alterações pontuais em
Quais as propostas mais urgentes e de im- nossa grade curricular (expansão de créditos-extensão e cré-
plementação imediata? ditos-pesquisa; possibilidade de se atribuírem créditos a ativi-
•Excesso de aulas: temos uma quantidade excessiva de dades realizadas em outras Faculdades da USP), que expirou
aulas no currículo. Embora as medidas mais extremas de- no último dia 31 de março. Assim, essas primeiras, simples e
vam ser discutidas num segundo momento (alterações no imediatas propostas, sugeridas no último Congresso Interno, já
número de semestres ou currículo integral nos primeiros não poderão ser mais aplicadas no 2º semestre de 2011. Espe-
anos), algumas delas poderiam ter sido implementadas no ramos que não se perca também o prazo para alterações para o
início do ano. A principal delas seria expandir a possibili- próximo ano (30 de setembro).
dade de se cumprirem créditos em disciplinas e atividades B) Os quintoanistas, bem como os demais veteranos, sentiram
fora da sala de aula tradicional, através da extensão (DJ, na pele a verdadeira “missão impossível” que foi realizar a ma-
SAJU, Clínica), pesquisa(Iniciação Científica, PET) e es- trícula nesse semestre. Quantas matrículas infernais os alunos
tágio facultativo. Hoje, há um limitado número de créditos terão que ter para que o XI e a RD pressionem a contratação de
em que se permitem atividades extra-aula. um coordenador pedagógico que faça nosso curso funcionar?
•Desorganização (total, absoluta e irrestrita) da Gradua-
ção: qualquer veterano sabe a confusão que se tornou re- •Divulgação dos projetos de Pesquisa da Faculdade: infeliz-
alizar sua matrícula num semestre da Graduação. Grade mente, nem a Faculdade, nem o XI ou a RD cumprem essa
horária que nunca sai, disciplinas conflitantes, falta de sa- importante diretriz retirada no último Congresso Interno.
las de aula, desarticulação entre os 09 Departamentos da •Incentivos aos projetos de extensão por meio de bolsas-au-
Faculdade. Uma proposta simples, importante e igualmen- xílio: tema no qual o XI pode ter grande influência, mas que
te esquecida seria a contratação de um coordenador peda- infelizmente, a atual Gestão deixou de lado. Não tem nego-
gógico, com a criação de uma Comissão de Coordenação ciado com a Faculdade para, por exemplo, institucionalizar o
de Curso (COC). Já há muitos anos é patente a necessidade estágio e extensão no Juizado Especial Federal de nossa Fa-
de um profissional responsável única e exclusivamente em culdade. Além disso, a Clínica de Direitos Humanos contava
fazer o curso funcionar, resolver problemas e dúvidas dos com bolsas-auxílio da USP – a negociação pela renovação se
alunos, além de prestar uma orientação pedagógica, como estendeu por 2010 e, ao que parece, também foi esquecida pela
ocorre na POLI. Gestão do XI.
8 POLÍTICA ACADÊMICA Laranja Abril 20XI

Tesouraria, Transparência e a
atual Gestão do XI de Agosto
POR BRUNA MARENGONI [181.21] E RAPHAEL LAVEZ [180]
ANTIGOS TESOUREIROS DO CENTRO ACADÊMICO XI DE AGOSTO - GESTÃO 2010

J
á é quase repetitivo lembrar como e conveniente, já que o candidato a pre- propunham em outubro não era factível.
as eleições de 2010 trouxeram sidente adversário foi tesoureiro daquele Criticava-se a alocação dos inves-
uma verdadeira transformação ao ano. timentos entre renda fixa e variável. E
grupo Fórum da Esquerda: no melhor As críticas giravam em três eixos: o que foi feito? Mais uma vez a Gestão
estilo FHC e suas teses sociológicas so- i) ataques à estrutura do Fundo do XI, Fórum da Esquerda manteve rigorosa-
bre subdesenvolvimento e dependência, bem como denúncias de falta de trans- mente as regras e mecanismos desenvol-
“aquilo que em outros tempos defendi, parência; ii)exploração da mão-de-obra vidos nas gestões anteriores do Resgate.
não defendo mais”. E os exemplos não dos professores do Centro de Idiomas, Felizmente, o Fórum abandonou as críti-
são poucos. uma vez que não eram contratados sob cas eleitorais. O modelo do Fundo do XI,
O Fórum da Esquerda, depois do o regime da CLT, o que consideravam nosso maior patrimônio, que já hoje cor-
estardalhaço que fez na questão do con- os vermelhos uma ilegalidade, além de responde a R$ 7,5 milhões, foi delibera-
trato do Porão em 2010, assinou, em afronta aos direitos; e iii) falta de trans- do pelos alunos em Assembléia Geral e
plenas férias, um contrato de locação parência, deficiências nas prestações de implementado ao longo de 2009 e 2010.
no Campo do XI que vinculou 40% das contas, realização de apenas uma reu- E se revelou um modelo bastante satis-
receitas do XI e entidades pelas próxi- nião aberta de tesouraria. fatório! Até o final da Gestão anterior, o
mas 25 gestões, sem que qualquer aluno Fundo do XI apresentou um rendimen-
tivesse a mínima noção sobre o assun- Grupo nenhum faria uma to, ao longo de 2009 e 2010, superior a
to. Num genuíno “saem strippers, entra oposição mais contundente 35%, ou seja, por esses dois anos, o FIXI
Bonde do Tigrão”, a Gestão mostrou à atual Gestão do XI que bancou as entidades e, ainda, teve um
incoerente a velha crítica vermelha às o próprio Fórum da Es- expressivo aumento em seu capital.
“festas opressoras”. Abandonou sem querda do ano passado. O conceito do Fundo, qual seja, re-
qualquer cerimônia a promessa eleitoral tiradas mensais que permitam, também,
de um debate minimamente qualificado Após terem sido lançadas críticas às um acréscimo ao capital principal no
e plural. Engavetou as pautas das Biblio- vésperas das eleições, era de se esperar final do mês é justamente o mecanismo
tecas, justamente o grupo que “sempre que assistíssemos a profundas reformas que nos traz a segurança da manutenção
defendeu as bibliotecas com você!”. no mecanismo do Fundo do XI. No en- de todas nossas atividades – XI e entida-
Todos elementos evidentes de que, por tanto, as transformações anunciadas na des – por longuíssimo prazo.
coerência, grupo nenhum faria uma opo- campanha eleitoral não se concretiza- Quanto ao nosso Centro de Idio-
sição mais contundente à atual Gestão do ram. Não houve qualquer alteração no mas, desde sua criação, em 2008, o Fó-
XI que o próprio Fórum da Esquerda do regulamento do Fundo. Não houve qual- rum da Esquerda tem criticado o regime
ano passado. quer alteração das empresas que assesso- de contratação dos professores. Ora, se
No entanto, não foi só no âmbito da ram o XI de Agosto. Não houve qualquer os vermelhos criticavam as Gestões Res-
atuação política que o ex-presidente tu- alteração no tocante à transparência das gate por essa questão, por que não apro-
cano fez escola aos vermelhos. operações. Em verdade, nada se concre- veitaram a oportunidade que têm, sendo
A vitoriosa campanha dos verme- tizou justamente porque, de duas, uma: Gestão do XI, e não sanaram esse vício
lhos em 2010 teve um tom muito mar- ou Fórum da Esquerda se convenceu que que outrora consideraram inadmissível?
cante: severas e contundentes críticas à o modelo praticado pela gestão anterior De duas, uma: ou constataram que era
Tesouraria do XI daquela Gestão Resga- era o mais adequado, esvaziando sua uma crítica sem fundamento, que de fato
te – estratégia eleitoral bastante oportuna crítica eleitoral ou, simplesmente, o que estávamos certos quanto ao regime dos
Abril 20XI Laranja POLÍTICA ACADÊMICA 9

DIZIA O FÓRUM Transparência


“PORTAL DA TRANSPARÊNCIA – É uma ferramenta online que
DA ESQUERDA... tem por objetivo promover a transparência de gestão e estimular,
por meio do acompanhamento da execução financeira de programas
Fundo do XI e ações, a participação e o controle social. (…) Comprometido com
“Ademais, a atual gestão do Centro Acadêmico alterou uma gestão transparente e responsável, o Fórum da Esquerda apli-
a distribuição dos investimentos entre renda fixa e vari- cará esse bem-sucedido modelo também no Centro Acadêmico XI
ável estabelecida na Assembleia de 2008: havia sido de- de Agosto. O sistema contará com a Tesouraria Online, espaço onde
cidido que no mínimo 67% do capital seria investido em serão publicizadas as movimentações financeiras da gestão. Além dis-
renda fixa e o restante em renda variável [na verdade, so, disponibilizará as seguintes informações: balancetes pontualmente
foi decidido justamente o contrário!]; hoje, mais de 80% bimestrais do Centro Acadêmico, obrigação estatutária da Diretoria
do valor do Fundo encontra-se investido em renda vari- do XI, contendo gráficos e notas explicativas sobre as receitas e as
ável” (Fórum da Esquerda, Carta Programa 20XI, p. 8) despesas” (Fórum da Esquerda, Carta Programa 20XI, p. 9).

professores (e daí, falta a honestidade as proposta eleitorais não se concretiza- pante pois, justamente em matéria de Te-
política de prestar contas aos alunos que ram. Não tivemos nenhuma prestação souraria, nos traz uma grande inseguran-
neles votaram esperando a alteração); ou de contas até o momento. O Portal da ça: por que essa negligência? O que há
criticavam por criticar, num vazio políti- Transparência ninguém viu. A primeira na Tesouraria 20XI do XI que o Fórum
co que objetivava tão somente desgastar vez que a Gestão toca no assunto de Te- quer esconder? Se o site está fora do ar (e
seu adversário eleitoral. souraria e Transparência, pautas que lhe dessa forma está desde janeiro), por que
E, novamente, a nova Gestão do eram tão caras na campanha, é somente não transformar o Portal da Transparên-
XI manteve o modelo das Gestões an- no início de Abril, numa Reunião Aberta cia, num simples, modesto e bem mais
teriores, um modelo que foi vital para a que, além de tardia, não faz sentido, vez eficiente Mural da Transparência, afixan-
consolidação do nosso curso de idiomas. que não há nenhuma prestação de contas do-se os dados e prestações nas paredes
Importante lembrar que, ainda na Gestão publicada para que dúvidas possam ser da Faculdade? Uma Reunião Aberta de
anterior, obtivemos a autorização da Fa- sanadas. tesouraria marcadas só depois de quase
culdade para que as aulas do C.I. ocor- Como antigos tesoureiros, temos 5 meses de gestão, sem a publicação de
ressem no próprio prédio da Faculdade. em mente que pequenos atrasos nas pu- nenhuma prestação de conta, sequer a de
Além de trazer a economia nos aluguéis blicações de prestações são toleráveis – dezembro de 2010, está, no mínimo, bas-
do atual espaço, é uma importante con- ao contrário do que, aliás, fez o Fórum tante atrasada.
quista que garantiria uma grande expan- enquanto oposição. Entretanto, algumas Uma Tesouraria transparente é mais
são do oferecimento de vagas e cursos! questões são muito preocupantes. O perí- que uma questão meramente administra-
Quanto às prestações de contas e odo dezembro-janeiro é, de longe, aquele tiva ou burocrática. Tesouraria é política.
transparência, a situação se agrava. O de mais simples e pequenas movimenta- Abrir as contas do XI é permitir que os
Fórum da Esquerda, nas últimas eleições, ções. Assim, por que o atraso, já que são alunos possam conhecer a realidade de
foi contundente nessa questão. Acusava as mais simples prestações de todo o ano? seu Centro Acadêmico. Transparência
os membro do Resgate, a torto e a direi- Mais que isso, por que um grupo que se garante que os alunos possam compreen-
to, de falta de transparência. Nessa seara, mostrava tão caro, preocupado e diligen- der, debater, criticar e apresentar propos-
propunham a publicação de prestações de te com a questão negligenciou-a logo em tas quanto à viabilidade de todas as ativi-
contas rigorosamente pontuais, reuniões sua primeira oportunidade na Gestão? Já dades da Faculdade. Por que determinada
abertas periódicas de tesouraria e o lança- estamos há mais de 30 dias sem as de- entidade é deste ou daquele jeito?
mento de uma verdadeira maravilha tec- vidas prestações, ao menos do bimestre Mais que isso, comprometimento
nológica: o Portal da Transparência, espa- dezembro-janeiro. Os alunos sequer ima- e transparência é fundamental para que
ço virtual em que seriam publicadas todas ginam qual é o planejamento financeiro haja uma accountability em nosso XI.
as movimentações (leia-se, cada cheque do XI. O Portal da Transparência, até esta Seu orçamento é bastante significativo e é
emitido) da Tesouraria, além de presta- altura, na quase metade da Gestão, não imperativo que se garantam mecanismos
ções, infográficos, planilhas, entre outros. passou de mais uma promessa. que o mantenha incólume de operações
E o que aconteceu? Mais uma vez, Essa incoerência é bastante preocu- de moralidade bastante duvidosa.
10 HOMOFOBIA Laranja Abril 20XI

Pelo fim da
ta – conduta criminalizada e condenada
pela sociedade.
Para combater tal incoerência do

naturalidade
Estado, que condena certos tipos de
discriminação mas se cala quanto a ou-
tros, foi proposto o PLC 122. Ele altera
a lei número 7716/89 e o §3º do artigo
A homossexualidade ganha cada vez mais espaço na so-
140 do Código Penal para punir, além
ciedade – em media contrária à homofobia, que vem cada
do preconceito de raça, cor, etnia e re-
vez menos sendo tolerada. Notícias de grande repercussão
ligião, incluir o sde origem, condição
– como a agressão aos homossexuais na Paulista e a volta
de pessoa idosa ou com deficiência,
do Projeto de Lei 122 – puxaram a pauta, à qual o XI res- gênero, sexo, orientação sexual ou iden-
pondeu com o Ato contra a Homofobia. O Resgate não tidade de gênero. Embora polêmico,
poderia deixar de se manifestar. o projeto de lei é um passo necessário
POR AMANDA MATTA [183.XI], para a concretização da igualdade – não
JÚLIA CRUZ [183.22] apenas formal, mas também material e
E THALES COIMBRA [181] efetiva.
A igualdade, este valor tão caro à
“Não vou discutir promiscuida- nacional, já que em nota de esclareci- democracia, inexiste enquanto duas pes-
de com quem quer que seja. Não corro mento reforçou sua postura preconcei- soas ainda enfrentam diferentes graus
esse risco porque os meus filhos foram tuosa ao “esclarecer” que não estava se de obstáculos para o acesso aos mes-
muito bem educados e não viveram em referindo a negros, mas a homossexu- mos direitos. Ela é negada e continuará
ambientes como lamentavelmente é o ais. A atitude é sintomática, na medida sendo sumariamente violada enquanto a
teu.” A frase dirigida pelo deputado Jair em que demonstra como grupos igual- orientação sexual de uma pessoa servir
Bolsonaro à cantora Preta Gil fez com mente discriminados ainda são tratados como fato gerador de danos. Danos es-
que criticá-lo, nos últimos dias, tenha se como diferentes. A real preocupação do tes de natureza material, na medida em
tornado regra. Infelizmente, Bolsonaro deputado não é superar preconceitos, que são vedados os direitos a pensão e
parece não ter entendido a indignação mas negar ter proferido uma frase racis- previdência, por exemplo. Mas princi-

CAMPANHA CONTRA A HOMOFOBIA


Em 2009, o Resgate, enquanto 107ª diretoria do XI, criou um grupo de estudos sobre a diversidade sexual, o GEDS. O que
começou com encontros descolados em que se conversava sobre experiências sobre “ser gay” acabou ficando sério. Tanto
que em 2010 o GEDS passou a funcionar como grupo de extensão. As atividades envolviam um grupo de estudos, agra-
dáveis noites de conversa no Túmulo, uma parceria com o Centro de Combate à Homofobia da Prefeitura de São Paulo,
a exibição de filmes e a participação na matrícula dos calouros de 2010. O grupo refletia a sede dos alunos (de calouros a
veteranos) por um espaço de diversidade sexual institucionalizado, o que, ao que parece, mudou a cara da Faculdade. Já tem
gente, inclusive, que chame a Sanfran de gay friendly.

Mas, não devemos nos enganar. A formação sobre a sexualidade (de heteros ou não-heteros) ainda é precária – tanto que
há gente que ainda acredita na existência de uma “opção” sexual – assim como a abordagem em sala de aula – que quase
sempre cai num vazio legalismo. Por isso, o Resgate, de forma coerente com a sua atuação nos últimos anos, expressa
seu apoio à campanha do XI de Agosto contra a homofobia e se coloca à disposição para discutir a questão em pro-
fundidade junto com a Gestão e com os demais alunos. Acreditamos que as formas de atuação e os fins da campanha
devam ser discutidos amplamente com os alunos. Por isso, pedimos que a Gestão abra um espaço de discussão o mais rápido
possível, seja através de reuniões abertas ou uma comissão permanente.
M
Aarço
bril 20XI
20XI Laranja HOMOFOBIA XI

palmente danos imateriais: hostilização aos grupos LGBTT. É com esta propos- uma discussão sobre a eficácia da cri-
familiar, humilhação pública, pressão ta que dialoga o PL122, equiparando a minalização de determinadas condutas,
psicológica e tratamento diminutivo a homofobia a outras formas de discrimi- é incoerente que se trave tal discussão
uma minoria. São todas situações com nação (como a decorrente de raça ou re- apenas no tocante à homofobia. Não só
as quais um dito Estado Democrático de ligião). Embora muito o próprio PL 122, como
Embora seja ex-
Direito não pode ser conivente. A demo- tenha se dito quanto também a legislação bra-
tremamente válida
cracia, neste caso, não está em respeitar a um suposto cercea- sileira já positivada trata
uma discussão sobre
a opinião da maioria sobre o assunto, mento da liberdade de a eficácia da crimi- como crimes práticas dis-
mas em afirmar a garantia inviolável de expressão, o Projeto de nalização de deter- criminatórias – relativas
uma minoria à dignidade. Lei vem, na verdade, minadas condutas, a religião ou raça, por
É lamentável que seja necessário apenas para determinar é incoerente que se exemplo. Se a sociedade
ao legislador especificar cada minoria que também a discri- trave tal discussão se propõe a reavaliar esta
no corpo da lei, mas esta pormenorie- minação homofóbica é apenas no tocan- dimensão de nosso orde-
dade é um preço baixo a ser pago se a punível de acordo com te à homofobia. namento, há que fazê-lo
mudança tornar-se efetiva. O enraiza- a lei 7.716 e com o arti- de forma qualificada e
mento de comportamentos homofóbi- go 140 do Código Penal. Nos artigos da coesa, e não apenas relativamente a um
cos na sociedade torna naturais posturas primeira, fica explícito o tipo de discri- grupo. Isto apenas reforça a diminuição
discriminatórias. Diante deste cenário, minação a que se alude: a título exem- da minoria em questão.
para que a naturalidade seja rompida, plificativo, pode-se citar o art. 5º (“recu- Incoerências como esta demons-
faz-se necessário um baque, um cho- sar ou impedir acesso a estabelecimento tram que a possível aprovação do PL
que de realidade. Poderiam sê-lo, esse comercial, negando-se a servir, atender não é, de forma alguma, o fim da luta
baque, as falas do deputado. Mas elas ou receber cliente ou comprador”), mui- pelos direitos da população LGBTT.
não foram o suficiente. Os conhecidos to similar aos que o seguem. Embora Uma lei que criminaliza a homofo-
relatos de agressão não se possa negar que bia reforça a legitimação dos direitos
física não foram o O enraizamento de se trata de uma restrição desse grupo, mas não vai impedir, por
suficiente. Os vídeos comportamentos ho- da liberdade individual exemplo, que pais proíbam seus filhos
chocantes registrando mofóbicos na socie- do prestador de serviço, de irem brincar na casa de amiguinhos
lesões corporais não
dade torna naturais ela é até mesmo esperada possivelmente gays e nem vai conceder
posturas discrimina-
foram o suficiente. A frente ao princípio con- definitivamente aos homossexuais os
tórias. Diante deste
divulgação do nível de traposto: a dignidade hu- direitos à união civil. No entanto, ela é
cenário, para que
suicídios entre jovens mana. Da mesma forma, educativa por criar um ambiente hostil
a naturalidade seja
homossexuais não foi o art. 20, que criminaliza ao preconceito, em que o diferente não
rompida faz-se neces-
o suficiente. As mor- sário um baque, um a prática, indução ou in- é estigmatizado. Um meio tolerante per-
tes de ativistas ho- choque de realidade. citação da discriminação, mite que mais homossexuais se sintam
mossexuais não foram é um limite à liberdade à vontade para assumirem suas reais
o suficiente. Quanto de expressão plenamente condições – e o consequente convívio
mais precisa ser perdido para que a ho- justificável em nossa ordem jurídica, com o diferente estimula ainda mais tal
mofobia “cotidiana” passe a ser, de fato, visto que visa à garantia democrática de tolerância.
condenada? tutela dos direitos das minorias. Não se A consolidação de um ambiente re-
O Estado não pode continuar ne- vê, portanto, embasamento na defesa de ceptivo ao antes estigmatizado não é fá-
gligenciando tais fatos. Para mostrar à que o PL seria um ataque à liberdade de cil: são necessárias ainda mais mudanças
sociedade a necessidade de mudança, opinião, visto que sua redação enfoca as na legislação e a realização de políticas
talvez seja a lei o único caminho pos- práticas discriminatórias, e não valores públicas, principalmente educacionais. A
sível para se trazer à tona a pauta da individuais. aprovação da lei não é a solução, mas é,
discriminação e negação de direitos Embora seja extremamente válida sem dúvida, um começo.
12 CURTAS CÍTRICAS Laranja Abril 20XI

Curtas Cítricas
Transparência
Prestações de contas sempre
pontuais. Foi o que prometeu o
Fórum da Esquerda em sua Carta
Kassab Engraçadinho
Programa do ano passado, en-
Depois da inusitada criação de um novo partido (que alguns consideram nascido para mor- quanto injustamente acusava o
rer), nosso prefeito voltou a nos deliciar com suas pílulas de sabedoria. Logo após se au- Resgate de faltar com a trans-
todefinir como "um político sem ambição", essa semana, no Roda Viva (da TV Cultura), o parência. Completos 4 meses de
líder do PSD lançou: "São Paulo, embora tenha trânsito, é uma cidades maravilhosa, cheia gestão, no entanto, as prestações
de lugares lindos pra se visitar!" bimestrais ainda não saíram.

Jornal Rasgado Parcialidade


Vimos um membro da atual gestão do Centro Acadêmico rasgando um exem- Falta no último jornal do XI o texto do om-
plar de nosso primeiro Laranja. Mais uma vez, pedimos que respeitem nossas budsman, reafirmando mais uma vez, com
publicações. Justificava-se a pessoa dizendo que escrevíamos mentiras. O perdão da redundância, sua parcialidade.
gesto denota intolerância, pois, para o intolerante, só é verdade aquilo que Problemas na gestão a serem criticados não
ele próprio acredita, taxando de mentira todas as ideias a ele contrárias. O faltam e, ainda assim, ele abstém-se de apon-
fato só reafirma a importância da defesa de um ambiente plural nas Arcadas. tarem-nos.

Primário a isso, o jornal foi rodado com a cota livre de xérox do próprio XI.
O “livre”da expressão, entretanto, não significa ilimitado e irrestrito, muito Cartazes Depredados
menos desonerado. Tudo o que é rodado sai do patrimônio do Centro Acadê- Boa parte dos 50 cartazes do Resgate co-
mico. Rasgar nosso jornal é, portanto, e antes de tudo, desrespeitar o patri- lados na última semana pela Faculdade foi
mônio do XI de Agosto e, por conseguinte, dos alunos. rasgada, arrancada, amassada e depredada.
Sabemos que alguns deles foram retirados
Apoio à Campanha Contra a Homofobia por um funcionário da Faculdade junto com
todas as outras publicações nas paredes,
O Resgate apoia toda e qualquer manifestação de repúdio a todo e qualquer
mas esse, infelizmente, não foi o destino da
tipo de preconceito, inclusive à homofobia. O ensejo parece fácil e oportunis-
grande maioria deles. Pedimos a todos que
ta, mas realmente acreditamos ser louvável a iniciativa do Centro Acadêmico
respeitem nossos textos. Caso discordem de
de promover tal ato. Manifestamos, por meio desta nota, nosso apoio, com a
nossas ideias, publiquem vocês mesmo tex-
esperança de que bandeiras dessa magnitude e importância possam superar di-
tos de resposta e, se assim desejarem, colem-
ferenças ideológicas entre os partidos para ganharem, como merecem, o Largo
-nos pela Faculdade, tendo a certeza de que
de São Francisco por inteiro.
não arrancaremos nenhum.

Crítica à Campanha Contra a Homofobia


Para quê “Canhoto”...
Tendo manifestado nosso apoio incondicional à causa
LGBTT, temos, no entanto, críticas ao modo de condução ...se agora temos “O Onze de Agosto”? Esse parece ser
da campanha. Questionamos, por exemplo, a presença de o pensamento da atual gestão quanto ao jornal institu-
Marta Suplicy no ato de lançamento, quando em sua cam- cional do Centro Acadêmico. Durante nossa gestão do
panha insinuou-se uma suposta orientação sexual do então ano passado, estava em vias de consolidação um proje-
concorrente Kassab como sendo relevante para a disputa. to de jornal que previa a criação de um Conselho Edi-
Atentamos ainda à absoluta falta de discussão acerca da torial independente para a realização de publicações
criminalização da homofobia. Ainda que apoiemos a causa, verdadeiramente dos alunos. O Fórum, no entanto, re-
entendemos que mesmo dentre os homossexuais a pauta chaçou nossa proposta e descontinuou o projeto, acre-
não é consenso. Seria rico para o debate e respeitoso com ditando de maneira nada institucional que a verdadeira
as opiniões diversas que esse outro lado fosse trazido. vocação d’ “O Onze de Agosto” é servir de instrumento
do partido para transmissão de seus ideais.

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