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Resumo
Este artigo apresenta uma análise da integração de toda a cadeia produtiva, sobre a
caracterização da Logística Reversa em cada uma das áreas de atuação da Logística, a saber –
Logística de Suprimentos (Inbound logistics), Logística Empresarias (Material handling),
Logística de Distribuição (Outbound logistics). A Logística Reversa trata dos bens
descartados no sistema logístico direto. Desta forma, com as crescentes inovações
tecnológicas, mudanças comportamentais dos consumidores, a escassez de recursos e dos
custos de suprimentos, houve um aumento considerável nos bens descartados e uma maior
busca em sua reutilização. Existem inúmeras estratégias para implantar a Logística Reversa
em cada uma das etapas da cadeia produtiva de tal forma que venha a ser integrada para que
possibilite uma melhor reutilização e reaproveitameto do material descartado ou
disponibilizado ao final de sua vida útil. Neste trabalho iremos enfocar a Logística Reversa e
sua integração nos vários níveis da cadeia logística e seus principais desafios, mostrando a
ligação entre os três estágios da cadeia produtiva e o quanto é importante desenvolvê-los de
forma a facilitar e/ou propiciar a atuação da Logística Reversa.
Abstract
1 - Introdução
2 – Conceitos iniciais
2.1 – Logística
Esta definição exprime a amplitude da logística desde sua visão estratégica focada no
atendimento ao cliente e no comprometimento com a extensão da cadeia de suprimentos, até o
nível mais operacional, pela preocupação com o controle das atividades (medição da
eficiência1 e eficácia2), que envolve os fluxos físicos e de informações. Destaca, também, a
1
Eficiência – é a palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou de maniera econômica
seus recursos. (MAXIMIANO, 2006)
3
Dornier et al. (2000, p. 39) colocam que a definição atual de logística deveria englobar
todas as formas de movimentos de produtos e informações. Essa colocação amplia o escopo
de atuação da área, passando a incluir não só fluxos diretos tradicionalmente considerados,
mas também os fluxos de retorno de peças a serem reparadas, de embalagens e seus
acessórios, de produtos vendidos e devolvidos e de produtos usados/consumidos a serem
reciclados.
Bowersox e Closs (2001, p. 51-52) apresentam, por sua vez, a idéia de “Apoio ao
Ciclo de Vida” como um dos objetivos operacionais da logística moderna referindo-se ao
prolongamento da logística para além do fluxo direto dos materiais considerando também os
fluxos reversos de produtos em geral.
Foi nos anos 1970 e 1980 a implementação de diversas técnicas em logística como
MRP, Kanban, JIT etc., mostrando a eficácia das práticas logísticas e a necessidade do
relacionamento entre Logística, Marketing, Produção e outras funções empresariais.
2
Eficácia – qualidade de propriedade de eficaz. Eficaz – que produs o efeito desejado (AURÉLIO, 1986)
4
Nos anos de 1990, a estabilização da economia a partir de 1994 com o plano Real e
foco na administração dos custos, com a evolução da microinformática e da Tecnologia de
Informação, com o desenvolvimento de software para o gerenciamento de armazéns como o
WMS - Warehouse Management System5, códigos de barras e sistemas para Roteirização de
Entregas, com a entrada de 06 novos operadores logísticos internacionais (Ryder, Danzas,
Penske, TNT, McLane, Exel) e desenvolvimento de mais de 50 empresas nacionais,
desenvolveu-se novos sistemas de gestão como ERP6 / ECR7 / EDI8, ocorrendo a privatização
de rodovias, portos, telecomunicações, ferrovias e terminais de contêineres, tivemos a
ascensão do e-commerce.
3
SKU – stock keepring unit – itens de produtos mantidos em estoque. (BOWERSOX, 2001, p.209)
4
Benchmarking – estudar ‘o desempenho de empresas de classe mundial’ e a adotar as ‘melhores práticas’.
(KOTLER, 2000)
5
WMS – Warehouse Management System – Sistema de Gerenciamento de Armazém. – este sistema fornece a
notação dirigida de estoques, diretivas e inteligentes de localização, consolidação automática para maximizar o
uso do espaço do armazém. O sistema também dirige e otimiza a disposição e utilização do armazém, baseado
em informações de tempo real sobre o status de uso de prateleiras. (BOWERSOX, 2006, p.173)
6
ERP – Enterprise Resource Planning – Planejamento dos Recursos Empresariais – são sistemas de
informações transacionais cuja função é armazenar, processar e organizar as informações geradas nos processos
organizacionais agregando e estabelecendo relações de informação entre todas as áreas de uma empresa.
(VOLLMANN, et al., 2006, P. 93)
7
ECR – Efficiente Consumer Response – Resposta Eficiente ao Cosumidor – Um modelo estratégico de negócio
no qual fornecedores e varejistas trabalham de forma integrada, visando melhorar a eficiência da cadeia logística,
de forma a entregar maior valor ao consumidor final. (PINHO, 2007)
8
EDI – Eletronic Data Interchange – Intercâmbio Eletrônico de Dados – é a troca de documentos padronizados
entre parceiros de uma cadeia de abastecimento. (PINHO, 2007)
5
Atualmente a logística está saindo da condição de centro de custo para uma área de
agregação de valor, pois com os conceitos modernos de manufatura e distribuição a logística
está modificando a área do conhecimento a qual irá trazer grande competitividade às
empresas. Conforme observado por GIULIANI (2005), com a integração dos vários processos
que permitem transformar matéria-prima em produtos e serviços, atendendo as necessidades
dos clientes, o conceito de logística evoluiu englobando, mais e mais, todos os processos
envolvidos na aquisição, transformação e distribuição. No início, considerava-se apenas o
armazenamento e a distribuição física do material. Atualmente, observa-se uma integração
total, do fornecedor até o cliente.
Conforme Ballou (1997), é uma visão operacional, destacando o negócio logístico, seu
relacionamento com a cadeia de suprimento, o inter-relacionamento entre as áreas
operacionais, o estabelecimento de uma missão e suas atividades típicas.
Fluxo de Materiais
Abastecimento Produção Distribuição
Log. Empresarial
Log. Industrial
Log. de Suprimentos Log. de Planta / Interna Log. de Distribuição
Fornecedores Suprimentos Suporte à Manufatura Log. de Saída Clientes
Inbound logistics Adm. de Materiais Outbound logistics
Material handling
Logística Reversa
Fluxo de Informações / R$
Logística Integrada
Na visão deste artigo, e conforme Aragão et. al (2004), são quatro os requisitos
críticos que refletem as dimensões-chave necessárias para o sucesso de uma SCM: integração
de processos de negócios, identificação dos membros-chaves da cadeia de suprimento,
compartilhamento de informação e adoção de medidas de desempenho apropriadas para a
Cadeia de Suprimento.
O conceito atual de logística aponta como uma função que cria valor competitivo pela
otimização dos custos operacionais e da produtividade, pela melhor capacidade de utilização
de recursos, pela redução de estoques ao longo do processo produtivo (cadeia de suprimentos)
e uma integração mais estreita com os fornecedores. Conforme Pires (2004), a logística, além
de reduzir custos, agrega valor intangível, que se traduz em serviço e atendimento. E ninguém
pode abrir mão disso.
9
Valor - refere-se ao que os clientes estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes oferece.(PORTER,
1999). Conteúdo inerente de um produto, segundo o julgamento do cliente, refletido em seu preço de venda e
demanda de mercado. (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2003, p. 87)
10
Abregaçào de Valor – qualquer atividade que o cliente julque de valor. (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2003,
p. 87)
11
Supply Chain – uma rede de organizações que estão envolvidas através das ligações a jusante e a montante nos
diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços liberados ao consumidor
final.
8
Benefícios Percebidos
Entrega em tempo
Tempos de espera menores
Resposta flexível
A função logística, em toda a sua extensão dos serviços ao longo de toda a sua cadeia
de suprimentos, implica na adequação de todos os fornecedores e canais de distribuição de
uma empresa. Essa condição é resposta às exigências cada vez maiores do mercado e pela
diversidade das atividades abarcadas e, ainda, pelos clientes finais.
9
Também é muito propícia a definição de Leite (2003) de LR, que consiste em:
Gostaria de considerar uma definição mais abrangente da LR, a qual acredito de maior
amplitude e compreensão deste estágio da logística:
A LR é dividida em duas áreas distintas, de acordo com Leite (2003): área de pós-
vendas e a área de pós-consumo, conforme mostrado na quadro 3:
12
Stakholders – São pessoas ou grupos de pessoas que possuem interesse na operação, e que podem ser
influenciadas por ou influenciar as atividade da operação produtiva. (SLACK, 2002, p.68).
10
13
Cadeia de Suprimentos – todas as atividades associadas com o movimento de bens, desde o estágio de matéria-
prima até o usuário final. Pires (2004).
11
Log. Suprimentos
Processo Industrial
Sucata de quais podem ser reutilizados.
Produção
Fornecedores
Produtos que foram rejeitados pela qualidade.
Produtos
Não conformes
Produção
Sucatas de Produção são materiais procedentes dos processos de produção tais como:
sólidos - cavacos metálicos, pedaços de madeira, resíduos químicos, materiais provenientes de
limpeza de final de processo etc; líquidos tais como – químicos, água de resfriamento ou
12
limpeza, óleos etc, provenientes dos processos industriais; gases – vapor de água de
resfriamento, resultado de queima ou processos. De uma forma geral, são materiais sub
produto do processo, geralmente não sendo reutilizados na própria empresa.
Cliente Final
Fornecedor
Destino
Origem
LS LE LD
A Sucata de
Log.Supr.
Produção
B Produtos
Não-conforme
C Sucata de
Log.Empr
Produção
LOGÍSTICA REVERSA
D Produtos
Não-conforme
E Garantia de
Qualidade
Pós-venda
F Substituição de
componente
G Comércio
H Reciclagem
Pós-consumo
I Desmanche
J Reuso
K Disposição Final
1 2 3 4 5 6 7 8
O sucesso das operações do CDR, está intimamente ligado às ações da empresa com
relação aos itens acima, isto é, se a empresa não desenvolver cada área acima (tecnologia,
marketing, informação, organização, finanças, LR e a Administração de Operações) de tal
forma a possibilitar condições do produto e/ou derivado (seus subprodutos) retornar ao CDR a
empresa são conseguirá sucesso. Desta forma, vamos avaliar como cada uma destas áreas
pode colaborar para que a empresa alcance seus objetivos, isto é, para que seus produtos possa
ser facilmente conduzidos por um CDR.
Tecnologia – ao projetar os seu produto a empresa deve também não apenas analisar o aspecto
do processo de produção e sua montagem até atingir o formato (produto) desejado. Mas a
empresa deverá possibilitar a fácil desmontagem, deve prever a adequada separação não
apenas dos conjuntos, módulos e partes, mas também das peças e de seus materiais
constituintes.
Marketing – com a valorização dos produtos reciclados e/ou fáceis de reciclar, o marketing
deve não apenas valorizar o produto sob este aspecto como também incentivar o cliente no
uso e no adequado encaminhamento do produto no final de sua vida util.
14
PRM – Product Recovery Management – Administração da Recuperação de Produtos
15
Informação – que o sistema de informação da empresa venha a ser estruturado para prover a
adequada utilização da reciclabilidade15 dos materiais a serem utilizados em todo o processo
de produção como também buscar no mercado informações da adequada utilização dos
materiais a serem reciclados.
Organização – distribuir as diversas tarefas operacionais aos vários membros de acordo com a
sua posição na cadeia de suprimento de tal forma que possibilite a facilidade de encaminhar
os produtos, módulos, partes e peças para a sua fácil incorporação na cadeia produtiva.
Diferentes empresas utilizam uma ou mais opções de PRM. Por conseguinte, seu
sistema de LR deverá ser desenhado de acordo com as opções de PRM utilizadas. O correto
planejamento e organização da LR é fundamental para o bom andamento do PRM.
3 – Metodologia
Com o objetivo de ilustrar os conceitos deste artigo, foi realizado através da pesquisa
exploratória, com caráter interpretativo e natureza qualitativa, pelo método de estudo de caso,
com a observação de um caso real de utilização do CDR, que agrega valor econômico à
empresa e também das exigências legais que impedem o descarte indiscriminado de resíduos
no meio-ambiente. A fundamentação teórica busca demonstrar as atuais bases bibliográficas
sobre o tema e também possibilita uma melhor análise do estudo de caso em questão.
15
Reciclabilidade – capacidade e/ou facilidade de reciclar determinado produto.
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4 – Estudo de Caso
Para a realização deste estudo, foi pesquisada uma empresa estabelecida há mais de 13
anos no Brasil, sendo a maior empresa no setor de linha branca da América Latina, onde ao
longo deste período a empresa lançou mais de 400 produtos e vendeu aproximadamente 44
milhões de eletrodomésticos no Brasil e no exterior. Em 2004, faturou R$ 3 milhões e
manteve sua liderança em vendas no Brasil, com participação de aproximadamente 40% no
mercado.
Para a realização deste estudo, foi pesquisada uma empresa estabelecida há mais de 20
anos no Brasil. Sendo uma das maiores empresas no segmento alimentício mundial, iremos
analisar apenas uma área específica que é sua indústria de biscoitos. A planta analisada
produz três qualidades de biscoito, popular, recheado e wafer (biscoitos delicados), produz
apenas para o mercado nacional, com participação de aproximadamente 12% no mercado de
biscoito.
recuperação, retorna ao
tecnologia de recuperação na Pós-Venda.
fornecedor; própria produção; - Ainda não existe Pós-Consumo
Possui normas e procedimentos Biscoito recheado e wafer, não para este segmento.
- Inclui estes procedimentos possui tecnologia de recuperação,
possui normas e procedimentos
para descarte.
- Inclui estes procedimentos
Diz respeito à criação de boas Diz respeito à criação de boas Diz respeito à criação de boas
Marketing
das mat. primas durante todo o produto durante todo o produto final.
processo. processo. - Cadeia estruturada apenas
- Inclui estes procedimentos - Inclui estes procedimentos para Pós-Venda.
Estabelece as tarefas Estabelece as tarefas Estabelece as tarefas
Organização
5 - Considerações finais
Nos casos da empresa analisada estão muito bem organizadas ao longo das etapas da
LS e LE, pois a empresa realiza um controle muito intenso em seus fornecedores e processos,
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pois isto influencia em seus custos operacionais e também são todos contabilizados. Os
procedimentos são parcialmente controlados na LD, pois nesta etapa as empresas apenas têm
controle na Pós-Venda, pois aí temos a garantia de qualidade, substituição de componentes
(avaria de transporte) e comercial, assim nestes itens a empresa exerce controle na
distribuição que são todas as atividades por ela também contabilizadas. Porém quando diz
respeito ao Pós-Consumo, isto é, reuso, desmanche, reciclagem e disposição final de seus
produtos, a empresa do 1o estudo de caso não tem controle e nem informação da disposição
e/ou destino de seus produtos. Já a empresa analisada do 2o estudo de caso, o Pós-Consumo
não se aplica.
Também é importante lembrar que uma boa estrutura de LR vem proteger o ambiente
de possíveis contaminações e propicia à empresa uma melhor eficiência na administração de
seus recursos de produção. Desta forma, muitas empresas acabam tendo uma visão da LR
como um centro de custo, quando na verdade uma LR bem planejada é um centro de
minimização de custo para a empresa, além de garantir perante os seus stakholder a sua boa
imagem.
Porém, a LR pode ser muito mais que um centro de custos. Também pode ser um
provedor de uma melhor rentabilidade para a empresa, através de seu potencial de agregar
valor ao produto, satisfazendo as necessidades e expectativas dos clientes. Além disso, tendo
um processo bem planejado e adequado à realidade da empresa, é possível dotar, através da
LR, um ótimo diferencial competitivo perante a concorrência.
Neste estudo, buscou-se apresentar algumas empresas que utilizam da LR como fator
competitivo para elas, auxiliando os gestores no processo de criação ou aprimoramento das
atividades de LR. Neste sentido, a LR deve atuar com o intuito de ter seu potencial
aproveitado em favor de um melhor serviço ao cliente, fazendo com que a empresa, além da
visão ecológica, tenha uma visão comercial, buscando rentabilidade e fortalecendo sua
posição no mercado de atuação.
Deve-se ressaltar que cada empresa deverá desenvolver as suas estratégias de LR, de
acordo com sua estrutura operacional, segmento de mercado que atua e características
próprias de seu mercado, além da quantidade de recursos que será utilizada, desde o
desenvolvimento até a implementação e controle final.
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Por fim, é importante comentar que o estudo procurou mostrar que há empresas que já
estão buscando a estruturação da LR em sua CS, e que a sua implantação traz ganhos
significativos para a empresa conforme mostrado.
Referências Bibliográficas
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