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John Cage 10/15/10 6:55 AM

John Cage
Às vezes, eu mesmo me espanto com minha falta de conhecimento sobre a cultura pop
atual. Outro dia, uns amigos falavam sobre os horrores de um tal de Tigrão. Fui
obrigado a perguntar do que se tratava, e acabei aprendendo que era uma daquelas
bandas que fazem sucesso no Carnaval, e depois somem para só reaparecer 15 anos
depois no Napster, mais ou menos como o Kaoma.

No final, acabei ficando curioso para ouvir a música do Tigrão, apesar de advertido por
um amigo que provavelmente aquilo não era música. De fato, há quem diga que, para
ser música, uma seqüência de sons precisa de melodia, harmonia e ritmo, e, depois de
ouvir o Tigrão, pude verificar que dos três, ele só tinha ritmo.

Mas é claro que a música vai muito além desses três itens. Nos últimos anos houve
uma tendência entre os músicos em conseguir formular músicas que transcendessem
esses critérios, das maneiras mais curiosas possíveis. O Pierre Henry fazia isso usando
derrapadas de carro como instrumentos musicais, o Yellow Magic Orchestra usava
barulhos do videogame Atari para compor suas músicas, e assim por diante.

De todos esses experimentadores, provavelmente o mais inventivo foi o John Cage.


Inicialmente um compositor de música erudita, Cage logo se entediou com as
estruturas clássicas e passou a compor trabalhos mais curiosos.

O mais conhecido deles é uma peça para piano intitulada 4'33" (lê-se quatro minutos e
33 segundos). Músicas tradicionais possuem partituras que intercalam notas, de
diferentes durações, com pausas. Por outro lado, 4'33" é uma músicas que não possui
nenhuma nota, sendo composta inteiramente por pausas!

Na primeira apresentação pública dessa obra, o pianista convidado para interpretar a


peça entrou no palco, abriu a tampa do piano, e ficou parado; interrompendo o silêncio
ocasionalmente apenas para mudar a página da partitura (afinal, ele estava
acompanhando as pausas). Ocasionalmente, ele fechava e abria novamente a tampa
do piano, para indicar um novo movimento da música.

O público inicialmente ficou quieto tentar entender o que estava acontecendo. Após um
tempo começaram a surgir os cochichos, as conversas, e então os protestos, daqueles
que se sentiam lesados por terem pago para não ouvir nada!

O nome da música, 4'33", foi o tempo máximo que o público conseguiu ouvir o silêncio
sem reclamar.

Mais tarde, o autor explicaria que 4'33" não é uma música composta apenas de
silêncio. A música, na verdade, era formada pelos sons ambientes dentro do teatro. Ou
seja, 4'33" é uma música única, pois é diferente toda vez que é apresentada; e atinge o

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John Cage 10/15/10 6:55 AM

atual ideal de interatividade, onde o próprio público faz os barulhos de que ela é
formada.

Para testar os limites de sua criação, Cage ouviu sua criação dentro uma câmera
anecóica, que é uma sala construída de tal modo a cancelar todos os ruídos
ambientes. Ainda assim, Cage não ouviu o silêncio absoluto. Ele ainda conseguia ouvir
um barulho: o ruído do próprio coração. Ou seja, em sua forma mais pura, 4'33" é uma
música formada apenas por ritmo. Mais ou menos como o Tigrão.

Autor: Ricardo Bittencourt < Voltar para o blog do Ricbit


Data: 7/3/2001
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