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Hormônio natural
Edição 258 - Abr/07
Todos os dias, o produtor rural Donizete Ferreira, 50 anos, acorda cedo
para cuidar dos 250 pés de goiaba em sua propriedade em Iperó, no
interior de São Paulo. Pega a solução de urina de vaca com água e
pulveriza o solo e as folhas da goiabeira. Calma, leitor, não se assuste.
Ferreira não está louco.

Também não se trata de um ato de vingança contra os preços pagos aos


agricultores. Estamos falando de uma técnica recente desenvolvida pela
Pesagro - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de
Janeiro, recomendada pelo Itesp - Instituto de Terras de São Paulo, e
pela Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. "As
minhas goiabas são uma delícia. São frutas bem doces", diz Ferreira.

Segundo a pesquisadora Regina Célia, da Pesagro Rio, a urina de vaca


permite um aumento do grau brix - quantidade de açúcares presentes
na polpa -, devido à sua riqueza de nutrientes. Isso explica a doçura das goiabas de Ferreira.

É bom esclarecer, no entanto, que a urina não deixa


gosto tampouco cheiro nas plantas, informa Regina
Célia. "Ela é muito diluída; não há problemas em
relação a isso", afirma.

Até recentemente, Ferreira tinha muitos problemas


com a margem de lucro devido aos altos custos dos
insumos. Além disso, sua história na agricultura não
foi fácil. Em 1992, ele era operário na Mercedes-Benz
de Campinas, SP, mas sonhava em ser produtor
rural. Esse paranaense de Paranavaí não titubeou.
Largou o emprego e saiu de casa com a mulher e os
dois filhos pequenos, com destino a Iperó, SP.
Chegando lá, estabeleceu-se em um lote com cerca
de sete hectares, sem infra-estrutura nenhuma, e
passou a "ajeitar tudo com muito suor", diz. Pulverização é realizada com urina diluída
Há cerca de dois anos, Ferreira soube que um agricultor vizinho usava a
urina com sucesso e decidiu experimentar o produto em seu pomar de
goiaba, pulverizando o solo e a folhagem da copa com solução de um
litro de urina para 100 de água (confira tabela com concentrações para
cada cultura).

O resultado não demorou a aparecer. "As frutas se desenvolveram mais


depressa e ficaram mais saborosas", afirma. Segundo a pesquisadora
Regina Célia, isso ocorre porque a urina é extremamente rica em
nutrientes como, por exemplo, o ácido indolacético, também conhecido
como AIA, um hormônio natural de crescimento que propicia frutos
maiores e faz com que a planta se desenvolva mais rapidamente. Essa
substância também está presente na urina de outros animais, e
também na do homem, por exemplo, mas em quantidade menor.

O composto de urina também é muito rico em fenóis, substância que


aumenta a resistência contra as pragas, além do odor da mistura ser
repelente a muitos insetos. "Isso permitiu economizar um bom dinheiro
com inseticida", afirma Ferreira, que produz duas toneladas de goiaba por mês, as quais são
vendidas por 1,50 real o quilo.

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No início, os pesquisadores Ricardo Gadelha e Regina


Célia, da Pesagro, estavam avaliando a urina de vaca
apenas como componente de combate à fusariose,
doença que ataca o abacaxi, e uma das maiores
preocupações dos produtores dessa cultura. Segundo
Regina, a urina inibiu o desenvolvimento da moléstia
e ainda possibilitou a frutificação da planta doente.
Devido aos bons resultados, a dupla de
pesquisadores decidiu testar a substância em outros
tipos de cultivos, obtendo bons resultados.

A novidade acabou se tornando uma boa opção para


o agricultor, de acordo com Regina, porque ele só
precisa de urina de vaca e água, ou seja, insumos Ferreira usa a solução de urina de vaca diluída
que ele tem facilidade de encontrar. "O retorno é em água no seu pomar de goiaba. O produto
muito grande", afirma Regina. Além da urina, o também é utilizado no cultivo de abacaxi
produtor também tem mais duas receitas para
diminuir as perdas na produção: plantar amendoim forrageiro no solo, impedindo o crescimento de
ervas daninhas, e envolver os frutos, logo que começam a aparecer, em um saco de papel, para
protegê-los de pragas.

Apesar dos bons resultados, muitos agricultores ainda apresentam uma


certa resistência à utilização de urina de vaca. "Não há qualquer perigo
à saúde humana", afirma a pesquisadora Regina Célia. Segundo ela,
testes em laboratório mostraram que não existe qualquer risco de
contaminação.

Os resíduos presentes - como uréia, acido indolacético e compostos


fenólicos, por exemplo, estão em níveis dentro da tolerância, ou seja,
em pequenas quantidades. Mas é bom ressaltar que a recomendação da
Pesagro é de que os produtores não pulverizem a solução diretamente
nas frutas, mas, sim, no solo, tronco e folhagens. No caso das
hortaliças, deve-se pulverizar apenas o solo.

Além disso, deve-se sempre utilizar a concentração indicada para cada


cultura, pois a urina pura ou pouco diluída pode até matar algumas
plantações. João Gonçalves: produto
muito fácil de ser obtido
Segundo as recomendações da Pesagro, deve-se coletar a urina na hora
da ordenha. Em seguida, o material deve ser guardado por três dias antes de ser usado, para
permitir a maior formação dos fenóis, que aumentarão a resistência das plantas.

A urina precisa ser armazenada em recipientes fechados com tampa, em local fresco e arejado.
Nessas condições, o produto poderá ser guardado por até um ano. Depois desse período, ela
começa a perder sua ação de fertilizante e inseticida.

Outro produtor que adotou a tecnologia é vizinho de Ferreira. O cearense João Gonçalves, 52 anos,
saiu de Juazeiro do Norte, CE, com 19 anos de idade veio para o Sudeste, onde trabalhou como
mineiro e, posteriormente, como operário. "Mas meu negócio era roça mesmo." Por isso, há 14
anos estabeleceu-se em uma propriedade próxima à de Ferreira, em Iperó, SP.

Em seu lote de sete hectares, João pratica a agricultura de subsistência, plantando feijão e
hortaliças para consumo próprio. Recentemente, o agricultor viu no uso da urina de vaca uma
chance de iniciar um cultivo comercial de abacaxi. Afinal, é um tipo de produto fácil de ser
conseguido, sobretudo para aqueles como ele que estão no campo.

João também enfrentava problema com as chuvas que, por causa do terreno inclinado, levavam
boa parte dos abacaxis embora, pois eles demoram cerca de dois meses para criar raízes. O uso da
urina reduziu esse tempo para 30 dias, o que ajudou a aumentar a produção e a produtividade,
além de possibilitar o aumento da brotação de folhas e flores.

Fertilizante e inseticida
Saiba como usar corretamente a solução no campo
Concentração de
Cultura Periodicidade de aplicação
urina/água (em litros)
Quiabo 1/100 15 em 15 dias
Berinjela 1/100 15 em 15 dias
Tomate 0,5/100 1 vez por semana
Alface 0,5/100 1 vez por semana
Couve 0,5/100 1 vez por semana
Laranja 1/100 mensalmente
Café 1/100 mensalmente

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5 ml de urina de vaca em
Plantas Ornamentais 1 litro de água e aplicar 50 mensalmente
a 100 cc no solo

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